Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ALTERAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DURANTE O CONGELAMENTO TC CG-06 Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos Estrutura •Introdução •Alterações durante o congelamento •Cristalização •Desnaturação protéica (textura e suculência) • Alterações durante a estocagem congelada •Alterações durante o descongelamento •Alterações da cor • Alterações da gordura (sabor e odor) •Rancificação oxidativa •Lipólise (Rancificação hidrolítica) •Determinação do tempo de estocagem congelada •Medida da alteração da qualidade •TTT •PPP Introdução • Natureza das alterações – físicas – químicas – microbiológicas ⇒ Ocorrem simultaneamente Cristalização durante o congelamento • Afeta diretamente a textura – Tamanho e localização dos cristais⇒CRA⇒drip (exsudado) no descongelamento – Desidratação das fibras + concentração dos solutos+alteração da conformação das proteínas miofibrilares⇒desnaturação protéica ⇒CRA • Insolubilização protéica (medida da desnaturação) • Desnaturação protéica – grau de desnaturação depende da velocidade de congelamento • miosina (cabeça) principalmente • clivagem das ligações actina-miosina e cauda da miosina só ocorrem a velocidades muito baixas de congelamento Alterações durante a estocagem congelada - textura • Estrutura do cristal ⇒ Desnaturação protéica • Grau depende do tempo de estocagem e da velocidade de congelamento • Recristalização + aumento de tamanho do cristal • Recristalização ocorre mesmo sem flutuação de temperatura mas é acelerada pelas variações de temperatura • Congelamento rápido X lento – 20% desnaturação ⇒60% (após15 semanas) X 40% ⇒20%(40 semanas) Alterações durante a estocagem congelada - Textura • Independente da forma de congelamento (rápida ou lenta) o processo de desnaturação é o mesmo para a miosina • Proteínas sarcoplasmáticas e actina não são afetadas durante a estocagem. • A desnaturação da miosina (cabeça) é um processo contínuo que predomina no congelamento (lento) e na estocagem (após congelamento rápido) Alterações durante a estocagem congelada - Textura • A desnaturação da cauda da miosina parece ocorrer após longos períodos em altas concentrações de solutos e resulta na formação de agregados insolúveis • As alterações na estocagem congelada são percebidas através do aumento do drip ao longo do tempo e a extensão dessas alterações depende da temperatura de estocagem Alterações durante o descongelamento Exsudação - Textura • A redução da CRA já foi determinada pela velocidade de congelamento e pela estocagem, embora a quantidade de exsudado após descongelamento dependa da velocidade de descongelamento. • O “drip” depende da capacidade de reabsorção de água pelas fibras Perda de peso após o congelamento e descongelamento de amostras de carne bovina (HONIKEL, K.O. & HAMM, R., 1985) 1 - amostra sem congelar 2- congelamento rápido (5ºC/min.) e descongelamento rápido (1ºC/min.) 3- congelamento lento (0,05ºC/min.) e descongelamento rápido (1ºC/min.) 4- congelamento rápido (5ºC/min.) e descongelamento lento (0,03ºC/min.) 5- congelamento lento (0,05ºC/min.) e descongelamento lento (0,03ºC/min.) Alterações da cor • Queimadura pelo frio (desidratação superficial) ⇒ manchas claras em carnes vermelhas – desidratação superficial ⇒ concentração dos pigmentos ⇒ formação de metamioglobina – visível após descongelamento ⇒ aparência, textura,suculência, propriedades funcionais – dependendo da intensidade pode desaparecer no descongelamento Alterações da cor • Aves congeladas apresentam coloração escura nos músculos junto ao osso após cozimento devido à formação de metahemoglobina a partir da hemoglobina da medula óssea – fenômeno não depende do tempo de estocagem a -18ºC – minimiza-se evitando-se elevações de temperatura e através da cocção sem descongelamento prévio • Alterações da gordura afetam a cor – lipólise ⇒ cor acinzentada da gordura – oxidação dos ác.graxos livres ⇒ gordura amarelada Alterações da gordura (sabor e odor) • Rancificação oxidativa • Rancificação hidrolítica (lipólise) – Estas alterações são devidas a fatores endógenos e exógenos Alterações da gordura (sabor e odor) • Hidrólise dos lipídios (rancificação hidrolítica) – nas carnes é menos importante que a rancificação oxidativa – ação das lipases endógenas ou exógenas – liberação de ácidos graxos dos triglicerídeos e fosfolipídeos – lipases microbianas: bactérias, fungos, leveduras • apresentam atividade a baixas temperaturas (-30ºC) • não provocam alteração de odor e sabor, somente de textura Alterações da gordura (sabor e odor) • Rancificação oxidativa – abaixamento da temperatura reduz a velocidade das reações mas a elevação da concentração de solutos na água livre acelera as reações de oxidação • oxidação praticamente não ocorre a -30ºC • > -20ºC prevalece a concentração viabilizando as reações • -2ºC a -4ºC máxima velocidade de oxidação – o grau de insaturação dos ácidos graxos nos tecidos determina a susceptibilidade à oxidação • bovino<coxa frango<peito frango – Controvérsias entre a importância dos fosfolipídios e triglicerídios • processo de dois estágios – fosfolipídios - primeiros 3 meses / ricos em acs. graxos insat – triglicerídios - 5 a 6 meses após estocagem Alterações da gordura (sabor e odor) • Rancificação oxidativa – Atinge produtos submetidos a longos períodos de estocagem • ataque preferencial às duplas ligações • formação de peróxidos instáveis • formação de aldeídos, cetonas, acs. Graxos livres e polimerizados e óxido de TMA (pescados) Alterações da gordura (sabor e odor) • Rancificação oxidativa • Catalisada por Grupos heme – inibida no congelamento e acelerada no descongelamento – afeta preferencialmente os lipídios de membrana (alto teor de acs. Graxos insaturados) – afeta mais as carnes cozidas(calor inativa algumas vitaminas antioxidantes) – afeta pouco as gorduras de depósito (exceção toucinho/escaldagem) – sais de cura minimizam a hemecatálise mas aceleram outros tipos de oxidação – Fosfatos (tripolifosfato) praticamente impedem a hemecatálise, inclusive em carne congelada (0,01%) – WOF (Warmed Over Flavor) • carne cozida (24h/4ºC) e pratos prontos Alterações de sabor • As fosfatases não são totalmente inibidas durante a estocagem congelada o que provoca diminuição do teor de nucleotídeos ácido solúveis (ácido inosínico), os quais são precursores do aroma cárneo. Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) • Análise sensorial deve ser utilizada – Método 1: Controle: -40ºC • primeiras alterações: tempo de estocagem com alto nível de qualidade- High Quality Life- (provadores treinados percebem alteração) – tempo menor que a aceitação por consumidores – -40ºC não conserva perfeitamente – Método 2:Controle: Não congelado (fresco) • avaliações feitas ao longo da estocagem congelada • escala de 11 pontos • queda de 1 ponto (estabilidade - alto nível de qualidade) • queda de 3 pontos (aceitação pelo consumidor) Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) • TTT- tolerância/tempo/temperatura –gráficos em escala semi logarítmica (curva TTT) –tipos de curva (perfil do produto durante a armazenagem) • estabilidade normal • estabilidade neutra • estabilidade inversa (comum em embutidos) • PPP - produto/processo/embalagem –os efeitos combinados destes fatores caracterizam o produto em uma curva TTT (Fig.6) Figura 6 Estabilidade normal A- polietileno B - vácuo Partesde frango Figura 7 Estabilidade neutra Bacon defumado no vácuo Figura 8 Estabilidade inversa (T>-30ºC) Bacon defumado em polietileno Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) • Cálculo prático da vida útil – leva em conta as diferentes situações (tempo/temperatura) ao longo da cadeia • Câmaras de estocagem no frigorífico • Transporte • Estocagem no varejo = etapa mais delicada (tempo longo, temperatura variaável, flutuações de temperatura – porcentagem de perda de estabilidade/aceitabilidade em cada etapa é cumulativa Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) – Na prática as variações são maiores • Câmaras de estocagem - variações de temperatura desprezíveis • Transporte - período curto • Armazenamento no varejo - etapa mais delicada – tempo longo – tipo de freezer – flutuações grandes – Estudo experimental serve para estimar a vida útil • Calcula-se a perda de aceitabilidade (<100 ) Tabela. Cálculo da % de perda de aceitabilidade de frango embalado em polietileno (Fig.6 B) Armazenamento Perda de estabilidade Local Tempo (dias) TºC % por dia (Fig. 6 B) % no período Frigorífico 200 -24ºC 100/900=0,11 0,11 X 200=22 Transporte 1 -15ºC 100/400=0,25 0,25 X 1=0,25 Varejo 60 -11ºC 100/200=0,5 0,5 X 60=30 52,25 Soma-se as perdas de qualidade em cada etapa através da curva TTT ( Fig.6 B) EXEMPLO • Qual seria a vida útil a -18ºC em um freezer doméstico após todas as situações anteriores (Tabela)? – O produto ainda tem 100 - 52,25 =47,75% – A perda de qualidade a -18ºC é 100/600=0,167 (ver Figura 6) – Então, 47,75 = 286 dias 0,167 Referências • GIRARD, J.P. Tecnología de la carne y de los productos cárnicos. Zaragoza: Acribia, 1991. 316p. • HONIKEL, K.O., HAMM, R. Enfriado, congelado y descongelado: aspectos coloidoquímicos de la calidad de la carne. • Fleischwirtsch., español, v.1, p.46-53, 1985. ALTERAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DURANTE O CONGELAMENTO�TC CG-06 Estrutura Introdução Cristalização durante o congelamento Alterações durante a estocagem congelada - textura Alterações durante a estocagem congelada - Textura Alterações durante a estocagem congelada - Textura Alterações durante o descongelamento�Exsudação - Textura Slide Number 9 Alterações da cor Alterações da cor Alterações da gordura (sabor e odor) Alterações da gordura (sabor e odor) Alterações da gordura (sabor e odor) Alterações da gordura (sabor e odor) Alterações da gordura (sabor e odor) Alterações de sabor �Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) Slide Number 19 �Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) Slide Number 21 �Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) �Determinação do tempo de estocagem congelada (Avaliação da qualidade) Tabela. Cálculo da % de perda de aceitabilidade de frango embalado em polietileno (Fig.6 B) EXEMPLO Referências
Compartilhar