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Lis Martins - 6º Período - Medicina LESÕES VESICOBOLHOSAS LESÕES ELEMENTARES Vesícula: Lesão de conteúdo líquido menor que 1 cm Bolha: Lesão de conteúdo liquido maior que 1 cm DOENÇAS BOLHOSAS AUTO-IMUNES Doenças vesicobolhosas intraepidérmicas Pênfigo folíaceo clássico Pênfigo folíaceo endêmico Pênfigo vulgar Pênfigo vegetante Pênfigo por IgA Pênfigo paraneoplásico Pênfigo induzido por medicamentos Doenças vesiculobolhosas subepidérmicas Penfigoide bolhoso Penfigoide das membranas mucosas Herpes gestacional Dermatose IgA linear Dermatose herpetiforme Epidermolise bolhosa adquirida Lúpus eritematoso bolhoso ANATOMIA DA EPIDERME Queratinócito: Desmossomo: Estrutura celular responsável pela adesão celular epitelial PÊNFIGOS Bolhas intraepidérmicas Acantólise - perda de adesão entre células epiteliais da camada de malphighi Nos pênfigos ocorre a produção de autoanticorpos dirigidos contra antígenos (Desmogleínas) do desmossomo. Os anticorpos presentes nessas doenças reagem com as desmogleínas, levando à acantólise, resultando em perda de adesão entre os queratinócitos, que provoca a formação das vesículas e bolhas. Lis Martins - 6º Período - Medicina Variantes clínicas principais: Pênfigo vulgar e foliáceo Etiologia desconhecida Sinal de Nikolsky está presente em todos os pênfigos. Caracteriza-se pelo deslizamento da pele aparentemente normal prómima a área comprometida, quando se faz uma fricção. Indica existência de acantólise. É um excelente recurso diagnóstico, mas não é patognomônico. PÊNFIGO FOLIÁCEO → Pênfigo foliáceo não endêmico ou pênfigo foliáceo de Cazenave: Ocorrência universal, pacientes na 4ª e 5ª década de vida, sem relato de casos familiares. → Pênfigo foliáceo endêmico ou fogo selvagem: Ocorrência familiar, adultos jovens e crianças, áreas rurais e em algumas tribos indígenas. Encontrado na América do Sul - Brasil (Goias, DF, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e casos recentes no Amazonas, Rondônia e Acre) Quadro clínico: Bolhas superficiais que se rompem com facilidade, deixando áreas erosadas. Com a ruptura das bolhas, formam-se erosões que confluem, na maioria das vezes, formando áreas eritematosas recobertas por crostas e escamas. Não ha acometimento de mucosas FOGO SELVAGEM Primeiro registro de Paes Leme em 1903 Doença desencadeada por agente ambiental Doença endêmica e autoimune Provocada por autoanticorpos patogênicos antiepiteliais do tipo IgG 4 Autoantígeno - desmogleina 1 - constituinte dos desmossomos ( Os autoanticorpos dos pênfigos reagem contra os domínios EC1 e EC2, que são domínios estracelulares da dsg 1) Forte associação com HLA DRB1 específicos - DRB1 0404, 1402, 1406, 1404 Simulídeos tem sido implicados como agentes precipitadores - Lutzomya longipalpis Picadas de insetos alados foram implicados como fator de risco Antígenos da saliva de insetos podem ter reação cruzada com Dsg1 epidêmico Quadro clínico: Formas localizadas de fogo selvagem: formas frustas - As lesões geralmente iniciam na face, no pescoço e na parte superior do tronco, permanecendo nessas localizações por meses ou anos. Pênfigo eritematoso ou Síndrome Senear Ucher: Lesões eritematosas descamativas e crostosas nas regiões malares - lembrando lúpus discoide. Formas generalizadas: Vesico-bolhosa (bolho invasiva), eritrodermica, queratolítica-rara e resistente a terapêutica, herpetiforme - também no PF e PV, fogo selvagem neonatal (condição transitória rara) - A maioria das vezes espalham-se pelo corpo rapidamente, com disseminação sentido cranio-caudal, de forma simétrica. Diagnóstico diferencial Formas localizadas: Dermatite seborreica Impetigo Lupus eritematoso cutâneo crônico Formas disseminadas: Dermatose pustular subcórnea Lupus bolhoso Lupus subagudo Para ocorrer a doença os anticorpos antidesmogleina precisam reconhecer os domínio EC1 e EC2, se reconhecerem outro domínio como EC5, isso não levará a acantólise, ou seja, não causará a doença. Lis Martins - 6º Período - Medicina Diagnóstico: Imunofluorescência direta pele perilesional (Exame padrão - ouro) - Depósitos de IgG e C3 na superfície dos ceratinócitos Histopatologia: Bolha intraepidérmica acantolitica alta na regiao subcórnea ou granulosa. Bolha contem soro, queratinócitos acantolíticos e ocasionalmente neutrófilos e eosinófilos Citologia ou teste de Tzank Imunoblotting Tratamento: Induzir completa remissão da doença Internação hospitalar Verificar administracao recente de fármacos Avaliar extensão corporal do comprometimento Solicitar exames de rotina Tratamento de prevenção para estrongiloidiase pelo menos duas vezes, mesmo com exame de fezes negativo Corticoide: Prednisona (Leve: 0,25 | Moderado: 0,5 | Grave: 1mg/kg/dia) Cuidados gerais: Banhos de permanganato de potássio 1:30.000 e uso de cremes e pomadas, eventualmente um com antibiótico como neomicina ou gentamicina PÊNFIGO VULGAR (PV) Doença bolhosa intraepidérmica que afeta pele e mucosas sendo potencialmente fatal ( Considerado a forma mais garve de pênfigo) Distribuição universal - Comum entre judeus Afeta igualmente ambos os sexos Ocorre principalmente entre a 4ª e 6ª década de vida - crianças e recém-nascidos de mães com pênfigo vulgar 90% tem envolvimento oral - 50 a 70% iniciam o quadro Possuem anticorpo IgG 4 patogênicos contra a desmogleina 3 (Dsg 3) Desmogleína 3 - Pênfigo vulgar mucoso Desmogleína 3 e 1 - Pênfigo vulgar mucocutâneo Divide-se em pênfigo vulgar mucoso e muco cutâneo Aspectos clínicos: Iniciam em mais de 50% dos casos com lesões exulceradas na mucosa oral, que lembra aftas, podendo permanecer na área por vários meses antes do aparecimento de lesões na pele Bolhas localizadas ou generalizadas Predileção pela face, axila e cavidade oral Predominam na mucosa jugal, patalo e gengivas Gengivite descamativa Pode acometer mucosas conjunctival, nasal, faríngea, esofagiana e labial Bolhas frágeis, áreas erodidas, úmidas, sangrantes, algumas recobertas por crostas hemáticas, confluentes, dolorosas e sem tendência à cicatrização Pênfigo vegetante - raro - 2% dos casos Diagnóstico laboratorial: Citologia de tzank - presença de células acantólicas Exame histopatológico - clivagem acantolítica baixa suprabasal Imunofluorescencia direta - área perilesional - autoanticorpos anti IgG e C3 nos espaços intercelulares nas camadas inferiores da epiderme Imunofluorescência indireta - Anticorpos circulantes IgG ELISA - Método sensível e específico para Dsg1 e Dsg3 Lis Martins - 6º Período - Medicina Tratamento: Corticoterapia sistêmica - Prednisona 1 a 2mg/kg/dia -Manter ate a completa cicatrização das lesões Azatioprina 2mg/kg/dia Micofenolato de mofetil 35 a 45mg/kg/dia Ciclofosfamida com metil prednisolona 1g/dia EV 3 dias consecultivos Pulsoterapia com ciclofosfamida EV 10mg/kg Imunoglobulina endovenosa IV 2g dividida em 5 dias consecultivos Sulfona 100mg/dia - quadros leves ou lesões mucosas resistentes Rituximabe - anti CD20 -375mg/m2/semana PÊNFIGO POR MEDICAMENTOS O pênfigo vulgar e o pênfigo folíaceo podem ser precipitados por medicamentos. Drogas tiol, incluindo penicilamina e captopril, são agentes incitadores mais comuns. Mecanismos potenciais: Efeitos sobre enzimas que medeiam a agregação de queratinócitos Interferência direta através da ligação a moléculas envolvidas na adesão celular Estimulação da formação de neoantígenos PÊNFIGO PARANEOPLÁSICO Também conhecido como síndrome multiorgânica autoimune para neoplásica Envolvimento mucoso grave e agudo com estomatite extensa e intratável As manifestações cutâneas incluem bolhas, erosões e lesões liquenoides que podem assemelhar-se a outras doenças bolhosas autoimunes, eritema multiforme, doença do enxerto versus hospedeiro ou líquen plano Bronquiolite obliterante também pode ser observado Associado a neoplasias linforeticulares ou distúrbios linfoproliferativos em 84% dos casos Linfoma não-Hodgkin é o distúrbio mais frequente, seguido pela leucemia linfocítica crônica edoença de Castleman EPIDEMIOLOGIA AUTOANTÍGENOS CARACTERÍSTICASCLÍNICAS HISTOPATOLOGIA IFD IFI ELISA VARIANTES PÊNFIGO VULGAR Principalmente em adultos de meia idade Desmogleína 1 e desmogleína 3, outros Erosões da mucosa; Bolhas flácidas e erosões na pele Acantólise suprabasal; Padrão de “fileira de lápides” de queratinócitos basais Deposição intercelular de IgG Deposição de IgG; Esôfago de macaco é o substrato preferido Dsg3 ou ambos os anticorpos dsg1 e dsg3 Pênfigo vegetante e pênfigo herpertiforme PÊNFIGO FOLIÁCEO Principalmente em adultos de meia idade; Forma endêmica mais comum em crianças e adultos jovens Dsg 1 Bolhas frágeis, erosoes rasas, manchas eritematosas, crostas; envolvimento de mucosa ausente Acantólise da camada subcórnea ou granular Deposição intercelular de IgG Deposição intercelular de lgG; pele humana normal ou esôfago de cobaia é o substrato preferido Anticorpos desmogleina 1 Pênfigo foliáceo endêmico (fogo sevalgem), pênfigo eritematoso e pênfigo Herpetiforme endêmico PÊNFIGO PARANEOPLÁSICO Principalmente adultos, mas pode ocorrer em qualquer idade Envoplaquina, periplaquina, outros Estomatite grave. achados cutáneos variáveis (por exemplo, bolhas. erosões. lesões liquenoides). Bronquiolite obliterante Achados variáveis: Acantólise suprabasal, necrose de queratinócitos e dermatite de interface liquenoide .. Deposição na zona da membrana intercelular e/ou basal de IgG e/ou C3 Deposição intercelular de IgG; Bexiga de rato é substrato preferido Autoanticorpos envoplaquina e periplaquina - PENFIGOIDE BOLHOSO Dermatose bolhosa autoimune subepidérmica Idosos acima de 80 anos - raro na infância Autoanticorpos da classe IgG contra antígenos hemidesmossomicos de 230 e 180kd -BP230 e BP180 (Colágeno tipo XVII) Pênfigo vegetante Ocorre em 1 a 2% dos casos Variante benigna Ocorre em doentes jovens Iniciam na mucosa oral Acometem grandes dobras flexurais e intertriginosas Áreas exulceradas envolvidas por vegetações - placas de aspecto verrucoso e hiperpigmentado Tratamento com doses de corticoide menores Infiltração local de corticoide e dapsona Lis Martins - 6º Período - Medicina Associação com doenças neurológicas | Principal: Esclerose múltipla Associações com medicamentos: Furosemida, ibuprofeno, AINEs, captopril, penicilinase e antibióticos Relatos de associação com neoplasia - dados conflitantes - neoplasias hematológicas Mortalidade de 31% após 6 meses de evolução - sepse e doença cardiovascular Risco aumentado de eventos tromboembólicos - Embolia pulmonar e AVC Formas clínicas: Penfigoide bolhoso clássico - idosos Penfigoide bolhoso sem bolhas - prurido, erupções urticadass, escoriações, pápulas e nódulos Bolhas grandes e tensas, de conteúdo claro ou hemorrágico, que aparecem sob pele normal ou eritematoedematosa As lesões tem predileção pela áres flexurais, particularmente face interna das coxas, virilha, axilas e parte inferior do abdome, podendo acometer todo o corpo Os lábios raramente são acometidos Eritrodermia exfoliativa Penfigoide bolhoso nos lactentes e crianças - dois picos de incidência - 4 meses e 8 anos Lactentes - face, palmas e plantas - relação com vacinas Infância -lesões localizadas - acometimento genital Diagnóstico Exame histopatológico - bolha subepidermica não acantolítica, epiderme intacta e infiltrado inflamatório composto de liinfócitos, histiócitos e eosinófilos IFD - Depósitos de IgG e C3 na zona de membrana basal IFI - Presença de IgG - sub classe IgG4 Tecnica de split skin - técnica de separação dermoepidérmica com NaCl -Fluorescência dominante no teto da bolha (Essa técnica permite diferenciar o penfigoide bolhoso da epidermólise bolhosa adquirida, pois no PB a fluorescência ocorre predominantemente no teto, e na EBA no assoalho) Tratamento: Prednisona 1mg/kg/dia ate controle das lesões DERMATITE HERPERTIFORME - DERMATITE DE DUHRING Dermatose bolhosa crônica associada a enteropatia sensível ao glúten (doença celíaca) clínica ou subclínica Existe susceptibilidade genética - HLADQ2 e HLADQ8 Afeta mais adultos de 30 a 40 anos Predomina no sexo masculino Evolui por surtos, não compromete o estado geral Melhora com dieta insenta de gluten 15 a 25% de incidência de dermatite herpetiforme nos doentes com doença celíaca Todos os portadores de DH apresentam sensibilidadde intestinal ao gluten, mas apenas uma pequena parte dos doentes irá apresentar sintomatologia sugestiva de DC O antígeno principal dos anticorpos da DC é a transglutaminase tecidual e na DH o antígeno é a TG epidérmica Rara em negros e asiáticos Aspectos clínicos: Lesões papulovesiculosas, pruriginosas, que evoluem para bolhas tensas, simétricas, de tamanhos variados, com tendência a agrupar-se, adquirindo o aspecto herpetiforme Predileção pelas superfícies externas dos cotovelos e joelhos, linha de implantação dos cabelos na fronte, dorso superior, região sacral e nádegas, regiões escapulares, mas podendo ocorrer em qualquer região do corpo Geralmente não ha acometimento mucoso Diagnóstico: Exame histopatológico -vesicobolha não acantólica subepidérmica com infiltrado inflamatório neutrofílico na derme papilar. Lis Martins - 6º Período - Medicina IFD - Depósitos de IgA de forma granular, fibrilar ou pontilhada nas papilas dérmicas e ao longo da membrana basal IFI é negativa Sorologia (ELISA) para detecção de autoanticorpos contra gliadina, endomisio e transglutaminase tecidual e .. Diagnóstico diferencial: Eritema polimorfo, escabiose, prurigo, escoriações neuróticas, penfigoide, herpes gestacional e dermatose IgA linear Tratamento: Restrição rigorosa de glúten da dieta - papel protetor contra desenvolvimento de linfomas Sulfona 100mg/dia Colchicina 1 a 2g/dia Sulfassalazina 2 a 4g/dia Prednisona e azatioprina com menor efetividade DERMATOSE IgA LINEAR Doença auto imune que acomete pele e mucosas Predomínio no sexo feminino Dois tipos: Infância (4 e 5 anos de idade ) Adulto (60 a 65 anos) Autoanticorpos IgA reagente contra ag da membrana basal 97kd e 120kd Clivagem subepidérmica Pode ser induzida por medicamentos: ATBs, AINEs, lítio, furosemida, captopril e especialmente a vancomicina Relação com neoplasia hematológicas e de órgãos sólidos Aspectos clínicos: Lesões bolhosas tensas de configuração anular Aspecto de rosetas Prurido variável Locais mais frequentes: Região perioral e períneo Inicio abrupto sem sintomas sistêmicos Mucosas bucal e conjuntival podem estar acometidas Diagnóstico: Histopatologia - clivagem subepidérmica, infiltrado rico em neutrófilos, eosinófilos e linfócitos IFD - Depósitos de IgA linear na membrana basal IFI - Autoanticorpos IgA circulantes Diagnóstico diferencial: Penfigoide bolhoso, epidermolise bolhosa adquirida, lupus bolhoso Tratamento: Sulfona - 100mg/dia em adultos e 2mg/kg/dia em crianças Prednisona - 1mg/kg/dia Colchicina, ciclosporina, nicotinamida + tetraciclina, micofenolato de mofetil, imunoglobulina endovenosa EPIDERMÓLISE BOLHOSA ADQUIRIDA Dermatose bolhosa cutânea e mucosa Autoimunidade contra colágeno tipo VII Perda de adesão dermoepidérmica Predileção pela superfície de extensão dos cotovelos, joelhos, tornozelos e nádegas Formas mecanobolhosas e inflamatórias Forma mecanobolhosa: Fragilidade cutânea e bolhas em áreas de trauma - regiões acrais - evoluem para cicatrizes e milia Forma inflamatória: Clinica semelhante ao penfigoide bolhoso - prurido com predileção a áreas de trauma Lis Martins - 6º Período - Medicina Associação com dooenças sistêmicas - Doença de Chron (30%) Diagnóstico: Histopatologia - Bolha subepidérmica com infiltrado inflamatório rico em neutrófilos IFD - Depósito linear de IgG e ou IgA e C3 na junção dermoepidérmica IFI - Anticorpos IgG circulantes contra a zona de membrana basal Técnica de salt-split skin -soro reage do lado dérmico da bolha Tratamento: Refratário a várias modalidades terapêuticas Corticoterapia sistêmica em altas doses ≥1mg/kg/dia Ciclosporina 2,5 a 5mg Micofelonato de mofetil 2-3 mg Metotrexate7,5mg/semana Ciclofosfaamida - pulsoterapia Dapsona - 25 a 100g Rituximabe - anticorpo monoclonal anti CD20 Imunoadsorção
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