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Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ANTIDEPRESSIVOS Farmacologia - Saúde Mental FISIOLOGIA DA DEPRESSÃO ● Diminuição dos neurotransmissores, das monoaminas, principalmente a serotonina, depois a dopamina e a noradrenalina. ● Teoria de que faltam os precursores das monoaminas (serotonina, noradrenalina e dopamina). ● Hipótese do fator neutrófilo derivado do encéfalo (BDNF): peptídeo que atua no tecido cerebral com importante contribuição para o crescimento, manutenção e sobrevida neuronal (envolvido com funções emocionais e cognitivas), desempenha funções no aprendizado, memória e neuroplasticidade. É produzido pelo tecido nervoso, tanto central como periférico, principalmente em áreas ligadas às emoções, humor e cognição, tais como córtex cerebral, hipocampo e amígdala. ● ⇒ É como se fosse um hormônio responsável por estímulos no SNC e neurogênese (novas conexões e sinapses químicas) a depressão pode estar relacionada a redução dos fatores de crescimento, principalmente o BDNF. ● Manutenção de neurônio, plasticidade, conexões químicas. 1 ● INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA ● São os mais utilizados na prática clínica. ● Membros da classe: Fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, fluvoxamina e escitalopram. ● ● Fármaco que aumenta a recaptação de serotonina, diferente da buspirona, mas ambos têm ação como ansiolítico. ● Usos: ansiedade, depressão, transtorno pós-traumático. ● Parece não agir tanto nos outros neurotransmissores, como dopamina e noradrenalina. O mecanismo principal e eficaz é inibir a recaptação da serotonina 2 para aumentar seu nível na fenda sináptica. ● O tempo de meia-vida de todos é muito alto, normalmente toma apenas 1 vez ao dia. A que tem o maior é a fluoxetina, é o que chega mais rápido ao efeito terapêutico. ● Esses fármacos precisam de um tempo até atingir a dose terapêutica e fazer efeito. ● A biodisponibilidade varia entre eles, sendo a sertralina o que tem a menor. ● De todos, o metabólito mais ativo é a fluoxetina. ● Soma o tempo de meia-vida da substância e do metabólito. ● Todos pertencem a portaria 344, na lista C1, causam dependência e tolerância, em menor quantidade porém também causam. Fluoxetina ● É o que tem o maior tempo de meia-vida. ● É metabolizada em ummetabólito ativo (o mais ativo), norfluoxetina, cujas concentrações plasmáticas podem ser maiores que a da fluoxetina. ● O metabólito demora para ser eliminado e, por isso, a fluoxetina tem o maior tempo de meia vida da classe. ● É necessário a suspensão em 4 semanas antes de iniciar o IMAO (classe restrita a pacientes de difícil tratamento, resistentes). ● Porque precisa esperar esse tempo? Com a fluoxetina aumentamos o nível de serotonina, além de que ela fica muito tempo no corpo do paciente, caso seja necessário mudar para o IMAO ele também vai elevar o nível de serotonina e é uma classe perigosa. Caso introduzissemos o IMAO um dia após o término da fluoxetina ainda vai haver fluoxetina no corpo, chance de causar síndrome serotoninérgica, que é o excesso de serotonina no corpo que causa efeito tóxico. ● Fluoxetina e paroxetina são potentes inibidores de CYP2D6. ● ⇒ Todos os fármacos da classe podem ser inibidores dessa enzima, porém esses dois são os que mais inibem. ● ⇒ Isoenzima do citocromo p450 responsável pelo metabolismo de diferentes fármacos, incluindo alguns que agem a nível do SNC, chance de ter interação medicamentosa. Nesse caso o outro fármaco não é metabolizado na frequência em que deveria e fica mais tempo no sangue fazendo sua ação, aumenta a biodisponibilidade. ● Causa elevação dos níveis plasmáticos dos tricíclicos, aumentando seu efeito, ocorre uma competição na qual a fluoxetina ganha aumentando a biodisponibilidade dos tricíclicos, além de inibir a CYP2D6 responsável pelo metabolismo dos tricíclicos. 3 ● Também compete com a varfarina. Mecanismo de ação ● Principal ação: inibição da recaptação pré-sináptica da serotonina. ● Atuam a nível de neurônios pré-sinápticos. ● Em pacientes depressivos a serotonina está reduzida em locais onde precisa estar aumentada, então precisamos elevar os níveis dela. ● Na buspirona tem 5HT1A que faz o feedback negativo da serotonina, para avisar que tem muita serotonina e parar de liberar, em locais onde ela causa ansiedade. ● O receptor responsável pela recaptação da serotonina em neurônios pré-sinápticos serotoninérgicos é o SERT. ● O sistema nervoso da serotonina é o SN-5HT. ● Liberamos a serotonina (5HT) na fenda sináptica, ela se liga onde tem de se ligar e é recaptada pelo receptor SERT de volta para dentro do neurônio pré-sináptico, diminuindo a concentração da 5HT na fenda sináptica. ● Esse receptor não faz controle da quantidade de 5HT, se tem muito ou pouco, ele só faz a recaptação. Então, em um paciente depressivo, que já tem pouca serotonina, o SERT diminui ainda mais na fenda sináptica. ● Os fármacos então agem inibindo o SERT, são antagonistas. ● Relembrando buspirona: quando a serotonina se junta ao 5HT1A ela manda feedback negativo para produzir e liberar menos serotonina. ● Cerca de 80% da serotonina não é recaptada mais. ● Inibem alostericamente o transportador por meio da ligação do receptor do SERT em um sítio diferente do sítio de ligação da serotonina. ● A ligação ao transportador de serotonina está associada a uma inibição tônica do sistema dopaminérgico. ● A sertralina e a paroxetina são as mais potentes inibidoras da recaptação. ● A paroxetina, além disso, ainda compete com a serotonina no seu transporte ativo, tem afinidade pelo mesmo sítio em que a serotonina se liga, podendo até mesmo deslocar a 5-HT do seu sítio. É mais potente juntamente com a sertralina. Por que essa classe é ansiolítica? ● O tratamento com ISRS provoca estimulação dos autorreceptores 5-HT1A e 5-HT7 nos corpos celulares no núcleo da rafe e dos autorreceptores 5-HTID nos terminais serotonérgicos; isso reduz a síntese e a liberação de 5-HT. ● Com tratamento repetido com ISRS, há uma infrarregulação e dessensibilização gradativas desses mecanismos autorreceptores. Além disso, a infrarregulação dos 4 receptores 5-HT2A pós-sinápticos pode contribuir diretamente para a eficácia do antidepressivo ou influenciar a função dos neurônios noradrenérgicos e de outros neurônios por meio de heterorreceptores serotonérgicos. ● Outros receptores pós-sinápticos 5-HT provavelmente continuam responsivos a concentrações sinápticas aumentadas de 5-HT e contribuem para os efeitos terapêuticos dos ISRS (pois esses receptores causam melhora no estado depressivo pois é onde o 5HT faz seu efeito). ● Resumindo: Quanto mais usamos os fármacos mais o receptor para de responder, principalmente os receptores que causariam a ansiedade sofrem infraregulação ou down regulation, reduz a sua expressão até que a quantidade de serotonina chega a níveis fisiológicos pois os receptores que a recapturam estão em menor quantidade. ● ⇒ Os receptores 5HT1A estão em alguns locos seletivos em que a serotonina causaria ansiedade, por exemplo no núcleo da rafe, a buspirona age nesse núcleo causando aumento do feedback negativo e diminuição da liberação da serotonina. O tratamento com os inibidores seletivos estimulam os autorreceptores 5HT1A (pós-sinápticos) nos corpos celulares do núcleo da rafe, causando feedback negativo reduzindo serotonina em regiões que ela causa ansiedade, fazendo a mesma ação da buspirona. ● Os receptores serotoninérgicos que causam ansiedade são infra regulados e os pós-sinápticos que melhoram a depressão e o estado ansioso continuam sendo estimulados, não sofrem infra regulação e nem upregulation. Efeitos adversos ● A maioria das reações são relacionadas ao aumento de serotonina central e periférica, ação no corpo inteiro. ● Algumas são transitórias. ● Gastrointestinais: efeitos anticolinérgicos (receptores muscarínicos, sistema parassimpático no TGI causa aumento motilidade e peristaltismo, a paroxetina é antagonista desses receptores e diminui motilidadeintestinal) paroxetina podem causar obstipação intestinal em detrimento de diarréia. ● ⇒ Maior incidência de diarréia com a sertralina do que com a fluoxetina e citalopram. O aumento da sertralina ocorre em todo o corpo, eleva a ação serotoninérgica no TGI, o que pode associar a sintomas de náusea, diarréia e desconforto (a estimulação dos receptores 5HT3 no SNC e na periferia contribui para esses efeitos) aumenta motilidade. ● Efeitos psiquiátricos: a fluoxetina parece estar relacionada a efeitos como 5 agitação, ansiedade, ciclagem para a mania e nervosismo. Entretanto, os outros ISRSs podem apresentar os mesmos efeitos com o emprego de doses mais elevadas. ● Alterações de peso: a sertralina causa discreta perda de peso no início, a fluoxetina é mais potente para inibir o apetite e causa perda de peso no início do tratamento, a paroxetina e citalopram causam ganho de peso. ● Disfunção sexual: O aumento do tônus serotoninérgico ao nível da medula espinal e acima, está associado a uma diminuição da função e do interesse sexual (excesso de atividade nos receptores de 5-HT2). Como todos os membros da classe, aumento de serotonina gera redução de libido. Nem sempre é transitório. ● ⇒ Causa retardo ejaculatório em homens e anorgasmia em mulheres. ● ⇒ A paroxetina está associada a maior incidência desses efeitos colaterais devido a sua potência na inibição da recaptação da serotonina e sua mínima atividade dopaminérgica. ● Distúrbio do sono: a paroxetina e fluvoxamina são sedativos, fluoxetina e sertralina são estimulantes. É importante saber pelo horário de administração. Os efeitos adversos dos ISRS em consequência da estimulação excessiva dos receptores de 5-HT2 no cérebro podem resultar em insônia, aumento da ansiedade, irritabilidade e diminuição da libido, agravando os sintomas depressivos proeminentes. 6
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