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Introdução Definição: Infarto Agudo do miocárdio – morte de miócitos de forma aguda com substituição por tecido cicatricial, sem capacidade de contração, promovendo consequências clínicas, que dependem do tamanho do infarto. Definição de IAM (livro) → é a necrose da célula miocárdica resultante da oferta inadequada de oxigênio pelo músculo cardíaco. ➔ Um dos grandes problemas do IAM é a perda muscular miocárdica ➔ Proporcionalidade entre a massa perdida e o impacto na morbimortalidade do paciente Além disso existem outras duas situações clínicas, além do tamanho da perda muscular que impactam na sobrevida do paciente: • Sistema de condução • Defeitos mecânicos O coração além da porção miocárdica possui também o sistema de condução e o sistema valvar (valva aórtica, mitral, tricúspide...). Se o infarto for de uma artéria que irrigue qualquer um dos componentes do sistema de condução pode promover a mortalidade do paciente, mesmo não prejudicando uma área cardíaca muito grande → paciente pode evoluir para uma bradi ou taquiaarritimia com risco de morte. As valvas têm seus constituintes como o anel aórtico, o folheto anterior, folheto posterior, as cordas tendíneos e os músculos papilares Se o infarto for de uma artéria que irrigue um desses constituintes, como um músculo papilar, o paciente pode ter uma insuficiência da valva (como uma insuficiência mitral aguda), evoluindo para um edema agudo de pulmão e vim a óbito. Flash card: Pacientes com IAM podem falecer por causa da massa de miocárdio perdida, por causa de taqui ou bradiarritmias ou por complicações mecânicas do infarto agudo do miocárdio. Aspectos epidemiológicos: • Fatores de risco cardíaco: ➔ Sexo masculino ➔ Uso de contraceptivo oral por mulheres com mais de 40 anos ➔ Períodos prolongados de tensão, frustação ou hostilidade ➔ falta de atividade física (sedentarismo) ➔ obesidade ➔ genética ➔ tabagismo ➔ níveis séricos elevados de colesterol e triglicerídeos ➔ diabetes ➔ idade da incidência aumenta depois dos 30 anos Fatores não modificáveis: genética e envelhecimento; Professor comentou que o principal fator de risco encontrado na maioria dos pacientes com síndrome coronariana aguda é a aterosclerose. Diagnóstico de infarto do miocárdio: Baseado: • história típica de dor precordial • alterações eletrocardiográficas • elevação enzimática Fisiopatologia do infarto agudo do miocárdio: Na doença arterial coronariana ocorre uma inflamação crônica de baixa intensidade e uma disfunção endotelial que permite com que certas substâncias como lipídeos e outras células entrem na camada íntima. Isso com o tempo acumula um ateroma na camada intima da artéria, esse ateroma com o tempo compromete a luz arterial desse vaso, levando a limitação de passagem do fluxo ou obstrução total desse fluxo. A obstrução total de uma artéria coronária promove após 20 minutos da obstrução uma morte inicial de miócitos ela se completa em torno de 12 horas. Tempo é músculo. (Se o médico da emergência não reestabeler o fluxo rapidamente toda a região irrigada por aquela artéria será comprometida) → obstruções proximais geram mais áreas necrosadas; obstruções mais distais geram áreas menores. Além da placa obstrução pela placa de ateroma, pode ocorrer também uma ruptura ou erosão de uma placa (ruptura da capa fibrosa) não obstrutiva e gerar um trombo oclusivo. → inclusive essa é a forma mais comum (2/3 dos pacientes) de síndrome coronariana aguda. Mecanismos determinantes da isquemia miocárdica nas síndromes coronarianas agudas: Isquemia - diminuição da oferta de oxigênio e nutrientes para a necessidade celular e a ausência de remoção de substâncias toxicas • trombo sobre placa aterosclerótica vulnerável • espasmo coronário ou vasoconstrição • progressão da placa aterosclerótica • desequilíbrio oferta/consumo de oxigênio A manifestação mais comum de isquemia é a dor torácica típica (dor em aperto retroesternal) Troponina + → IAM sem supra ST Troponina - → angina instável Classificação do tipo de infarto: Tipo 1: relaciona-se com ruptura, fissura, erosão ou dissecção de placa aterosclerótica resultando em formação de trombo Tipo 2: desequilíbrio entre oferta e consumo (Ex: espasmo coronariano, embolização, anemia, hipotensão e falência respiratória) Tipo 3: morte cardíaca possivelmente de origem isquêmica com alteração de ECG, mas sem resultado do marcador sérico disponível. Tipo 4a: relacionado com a ICP com aumento 5 vezes troponina associado a sintomas de isquemia, alteração ECG, redução da patencia do vaso, ou imagem revelando perda de massa cardíaca Tipo 4b: Associada a trombose de stent (angiografia ou necropsia) com elevação dos marcadores séricos Tipo 4c: associada com reestenose de ICP com elevação dos marcadores séricos Tipo 5: após cirurgia de revascularização do miocárdio associado aumento 10x da troponina, associado com alteração do ECG, redução da patencia do vaso ou imagem revelando perda de massa miocárdica. Diagnóstico de IAM: 1- Caracterização da dor: (pensar em IAM em toda dor localizada entre o epigástrio e a mandíbula) - Local da dor - Qual a intensidade? - Qual o seu caráter? - Qual a irradiação? - Fatores precipitantes - Fatores de melhora/ fatores de piora - Sintomas associados A dor torácica típica de SCA é em aperto, de forte intensidade, que irradia para o membro superior esquerdo podendo estar associada com náuseas e vômitos. Sintomas atípicos: mal-estar não caracterizado, sincope, lipotimia, náuseas e vômitos, dispneia... → pensar em IAM quando o paciente tem vários fatores de risco ou não existe outro diagnóstico alternativo. 2 – ECG – deve ser feito em até 10 minutos Paciente com dor torácica deve ser classificado como síndrome coronariana aguda, aí com o eletro podemos dividir em: • SCA com supra ST → artéria 100% ocluída (emergência médica) → ECG pode apresentar uma dessas variações: o Supra ST o BRE novo o BRD novo • SCA sem supra ST → trombose suboclusiva. o Eletro normal o Infra ST o Ondas T apiculadas e simétricas o Ondas T invertidas e simétricas 3 – Alterações enzimáticas Os Pacientes com SCA sem supra de ST, de acordo com os níveis dos marcadores séricos podem ser classificados em angina instável ou IAM sem supra ST; Classificar o paciente pelo Time risk score Para pacientes com supra ST: Médico da UPA observou que era um Supra ST, a primeira conduta é se fazer a seguinte pergunta: Eu consigo transferir esse paciente e em 2h ele está dentro da sala da hemodinâmica em um hospital terciário? Se a resposta para essa pergunta for sim: • Transferência → ICP primária. Se a resposta for não: Vamos optar pelo uso do fibrinolítico Ao fornecer o fibrinolítico temos que reavaliar o paciente e são possíveis dois cenários: O paciente não melhorou da dor e não houve diminuição do supra ST (em até 90 min) → transferir o mais rápido possível esse paciente para um hospital com hemodinâmica e realizar uma ICP de salvamento. O paciente melhorou da dor ou houve diminuição do supra ST ou apresentou arritmia de perfusão (em até 90 min) → o fibrinolítico funcionou, mas o paciente precisa entre 2-24 horas ser mandado para hemodinâmica para realizar a estratégia fármaco-invasiva. Marcadores séricos de necrose: • Troponina (é o melhor marcador, se disponível deve ser priorizado) o Troponina ultrassensível → deve ser coletado uma na admissão e outra entre 1-2h depois. o Troponina convencional → deve ser coletado na admissão e outra 3-6h depois. Se a troponina (primeira ou segunda coleta) for negativar o paciente não está infartado. • CKMB → usar somente quando a troponinanão estiver disponível “Todo paciente com suspeita de IAM deve ter uma troponina coletada na admissão” Atenção e isso é muito sério (não vamos matar nosso paciente): Os resultados de troponina em pacientes com supra ST não devem atrasar o fluxo de tratamento, ou seja, NÃO precisa esperar o resultado da troponina em pacientes com IAM COM SUPRA ST. A troponina nesse caso terá como função estimar prognóstico e tamanho do infarto, mas não é necessário para conduzir o tratamento. Para pacientes para SCA sem supra ST, a troponina é importante, pois define o IAM sem supra de ST, diferenciando da angina instável, então com o resultado da troponina positivo ele precisa ser internado e submetido ao cateterismo em até 24h. Paciente sem supra ST com troponina alterada → internação Paciente com dor torácica com troponina negativa → analisar TIMI RISK SCORE Risco moderado a alto → internar e fazer cateterismo em até 24h. Forma de decorar: TIMI FACIL (mnemônico) Tratamento para paciente com SCA: • Se hipóxia (sat < 90% ou PaO2 < 60 mmHg) → oxigênio • Sintomáticos → opioides ou benzodiazepínicos ou nitratos (nitril) Antiplaquetários: AAS + Inibidor da P2Y12 Para pacientes com SCA com SUPRA ST - AAS + Inibidor da P2Y12 (ticagrelor, como primeira escolha e clopidogrel como segunda escolha) ➔ AAS (300 mg MASTIGAR e DEGLUTIR) ➔ Inibidores P2Y12 o Prasugrel Mais potentes o Ticagrelor o Clopidogrel Obs – prasugrel e ticagrelor são mais potentes, na emergência não se faz prasugrel, mas sim ticagrelor, se o ticagrelor não for disponível optar pelo clopidogrel. Para pacientes com SCA sem supra ST – AAS (somente) Quando o paciente vai no laboratório de hemodinâmica o médico intervencionista devera decidir ao olhar a artéria se indica clopidogrel ou ticagrelor. Anticoagulação: • HNF 100 unidades por kg → recomendado para SCA com supra ST. • HBPM – Enoxaparina (*) → lembrando que: o Idade < 75 anos → bolus 30 mg em 15 min e manutenção 1 mg/kg a cada 12h o CL < 30 → 1 mg/kg dia o idade > 75 anos → dosagem 0,75 mg/kg sem bolus *Exceto se o paciente tiver supra ST. Fibrinólise: • Tenecteplase (TNK) o > 75 anos → usar metade da dose. Atenção: Se optar pelo fibrinolítico os Anti-agregantes deverão ser aspirina e clopidogrel (obrigatoriamente) e o anticoagulante de escolha é a enoxaparina Beta bloqueadores • Paciente com fração de ejeção < 40% ou ICC → deve ser feito. (evidencia classe I) • Pode ser feito em todos os pacientes (evidencia classe II) Na pratica médica é feito para todos os pacientes, exceto de existir alguma contraindicação Redutores de lipídeos – estatinas • Deve ser feito o mais cedo possível, mesmo se o paciente não tem dislipidemia → atorvastatina ou rosuvaltatina em altas doses. • Nos exames iniciais pedido na entrada deve constar o lipidograma. IECA/ BRA • IECA ou BRA → devem ser fornecidos para pacientes com IC, disfunção do VE, diabetes ou infarto de parede anterior (classe I) • Todos os outros devem ser feitos também (classe II) Espironolactona • Reservada para pacientes com FE < 40%, Diabetes e uso de IECA sem melhora.
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