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TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON A Doença de Parkinson faz parte de um grupo de doenças chamadas neurodegenerativas. Nas doenças neurodegenerativas ocorre a perda de neurônios em algumas regiões cerebrais Dependendo da doença em questão, poderemos possuir a perda de uma população de neurônios especifica em uma determinada região mais especifica do cérebro. - EX: Na Doença de Parkinson a degeneração e atrofia são de neurônios dopaminérgicos, principalmente na parte compacta da substância negra (ou substancia nigra) PORÉM a falta de dopamina NÃO ocorrerá na substancia nigra MAS sim no Estriado. Os neurônios partem da substância nigra, inervando o Estriado, liberando a dopamina nessa região - É por isso que a falta da dopamina será sentida na região do Estriado (localizado próximo aos núcleos da base). - EX: Na doença de Alzheimer a perda é de neurônios colinérgicos, com a falta de acetilcolina, principalmente no córtex pré-frontal e mesencéfalo. Uma característica das doenças neurodegenerativas é que a perca dos neurônios é progressiva e irreversível, ou seja, NÃO existe tratamento farmacológico ou métodos não farmacológicos, terapias ou cirurgias capazes de reverter a perda. Em alguns casos os tratamentos podem até minimizar a progressão MAS NÃO estaciona a doença - não conseguindo paralisar todos os aspectos patológicos a ponto de impedir a progressão NÃO paralisa a progressão da doença e NÃO revertem também. Lembrando que a incidência das doenças neurodegenerativas aumentam com a idade Então são mais frequentes em populações mais idosas, e a gravidade também aumenta com a progressão da doença que aumenta com a idade. DOENÇA DE PARKINSON (DP) A Doença de Parkinson é caracteriza pela perda progressiva e irreversível de neurônios dopaminérgicos localizados na parte compacta da substância negra e redução da dopamina estriatal. - A redução de dopamina será “sentida” na região estriatal - local onde a dopamina possui importante ação no controle dos movimentos voluntários, na realização de movimentos finos/delicados. Um dos grandes estudiosos dessa condição foi o Dr. James Parkinson. O início da doença se dá normalmente por volta dos 60 anos (MAS tem as suas exceções). - Vários são os mecanismos envolvidos na neurodegeração E esses mecanismos fisiopatológicos aumentam com a idade EX: Os mecanismos de proteção neuronal diminuem Aumenta a citotoxicidade pois o corpo diminui a capacidade de inativar alguns radicais livres que são potencialmente tóxicos para o neurônio Mecanismos de morte celular podem ter a sua frequência aumentada Liberação de glutamato se torna aumentada Processo inflamatório também contribui DOENÇA DE PARKINSON (DP) Em 1917 o dr. James Parkinson denominou essa condição como “Parilisia agitante OU Paralisia trêmula”. Esses termos falam das duas características principais da doença: - Paralisia: refere-se a rigidez muscular. - Trêmula ou agitante: refere-se ao tremor em repouso, principalmente nas extremidades. As principais características da Doença de Parkinson são: - Bradicinesia (movimentos lentos) - Rigidez muscular - Tremor em repouso - Desiquilíbrio postural (distúrbios de marcha e quedas). Essa rigidez muscular + diminuição dos movimentos se manifesta principalmente com a diminuição da oscilação dos braços durante a marcha. - Além disso, os passos são mais curtos com uma marcha embaralhada. - É comum o paciente apresentar o tronco levemente inclinado para frente. - Movimento de contar dinheiro com as mãos representando o tremor das extremidades. - Rigidez + tremor de pescoço/cabeça. - Rigidez e tremor de pernas. Tudo isso então causa o desequilíbrio postural, aumentando o risco de quedas. DOPAMINA Como uma das principais estratégias farmacológicas está associada a um aumento de produção de Dopamina - e saber como a Dopamina é formada nos ajuda a compreender tanto a ação do fármaco, como efeitos adversos e quando associar outros fármacos com a Levodopa, e porque não administrar a Levodopa sozinha. Atualmente, raramente a Levodopa é administrada sozinha Então nós possuímos associações de Levodopa. Se na DP ocorre a falta de dopamina, então iremos aumentar: Produção de dopamina Liberação de dopamina NÃO existe fármaco para tratar a doença de Parkinson que seja a dopamina, essa terapia é totalmente inviável - utilizamos a dopamina para outras funções: - Reanimação - Ressucitação MAS se a dopamina fosse administrada na forma de comprimido, ela seria quase totalmente degradada no TGI, se ela chegasse no sangue, ela seria totalmente degradada por enzimas plasmáticas e o que NÃO fosse degradado poderia ativar o sistema cardiovascular, causando arritmias + aumento da pressão arterial OU SEJA, exerceria uma ação sistêmica. Dessa forma, a dopamina precisa ser convertida em dopamina somente no local de ação Sendo este o SNC. - Por isso, fornecemos um PRECURSOR de dopamina, que é um pró-fármaco. Então nós temos que na síntese de dopamina que acontece dentro do neurônio do SNC ocorre a partir da TIROSINA. - A Tirosina é o aminoácido precursor da dopamina, e outras catecolaminas (noradrenalina e epinefrina). Formação da dopamina (ocorrendo dentro do neurônio dopaminégico): 1) A Tirosina será hidroxilada, pela enzima tirosina hidroxilase Será formado um intermediário. - Esse intermediário NÃO é a dopamina MAS é o intermediário imediatamente anterior a dopamina. - Esse intermediário é chamado de L- dopa ou Levodopa. - Esse compreende ao fármaco Levodopa. 2) A Levodopa para ser convertido em dopamina, sofrerá um processo de descarboxilação, pela enzima L- aminoácido aromático descarboxilase. - Ocorre a descarboxilase de um aminoácido aromático por meio da enzima que é capaz de remover grupos carboxila de aminoácidos aromáticos. - Esse processo dá origem a dopamina. - Essa descarboxilase irá realmente ocorrer no SNC Se isso ocorresse na periferia, iria gerar muitos efeitos adversos. Então para impedir que a Levodopa seja convertida em Dopamina perifericamente, administramos juntamente a ela, fármacos que irão inibir a enzima L-aminoácido aromático descarboxilase perifericamente Isso para garantir que a Levodopa chegará na forma de pró-fármaco no cérebro, e somente no SNC ela seja convertida, e não ocorra transformação de dopamina na periferia. PORTANTO esse inibidor da enzima NÃO pode atravessar a barreira hematoencefálica Porque se isso ocorrer, ele irá impedir a conversão de Levodopa em Dopamina no cérebro e NÃO irá tratar a doença do paciente SOMENTE a Levodopa pode atravessar a barreira hematoencefálica. Esse transportador de tirosina (na imagem) é o mesmo transportador do fármaco Levodopa. - A Levodopa entra no neurônio dopaminérgico, é convertido em dopamina, é armazenada e posteriormente é liberada. METABOLISMO DA DOPAMINA São existentes 2 maneiras de finalizar a ação da Dopamina: 1) Retirar a Dopamina da fenda sináptica Isso ocorre através do processo de recaptação. - Nesse processo, a dopamina sai do espaço sináptico e retorna ao neurônio que a liberou. Nós possuímos alguns fármacos que conseguem reduzir a recaptação da dopamina Aumentando a quantidade de dopamina na fenda sináptica. 2) Metabolizar a Dopamina São existentes 2 enzimas principais que metabolizam a dopamina: COMT- Catecol-O- Metiltransferase - Essa enzima irá metilar a Dopamina na região de Oxigênio. MAO - Monoamina Oxidase - Essa enzima degrada a dopamina em outros metabólitos. - São existentes 2 isoformas de MAO (A e B) A mais envolvida no metabolismo da dopamina é a MAO B. Tanto a MAO, quanto a COMT irá fazer um metabólito comum de dopamina Que é o Ácido Homovanilico. O Ácido Homovanílico será excretado na urina e ele serve como um marcador da atividade dopaminérgica Então podemos dosar ele pela urina. - Se tiver pouco Ácido Homovanílico na urina, isso indica uma baixa atividade de dopamina Isso indica POUCA dopamina. - Se tiver muito Ácido Homovanílico na urina, isso diz que a dopamina foi muito utilizada e muito degradada - ENTÃO se ela foi muito degradada, é porque tinha MUITA dopamina. Possuímos fármacos que impedem o metabolismo da dopamina: Inibidores da MAO Inibidores seletivos da MAO B (Seleginina). A enzima MAO é mais concentrada dentro do neurônio No próprio neurônio que sintetiza e libera dopamina, possui enzima que degrada, dentro do próprio neurônio (por isso que a dopamina é armazenada). A COMT é uma enzima presente no espaço sináptico, e também pode estar presente no plasma. VIAS DOPAMINÉRGICAS NO CÉREBRO - Nós iremos dar mais importância a via nigroestriatal, que é a mais envolvida na DP. - Conseguiu-se estudar funções da dopamina no cérebro - e foi conseguido deduzir de onde os neurônios saem e para a onde eles irão Então nós possuímos caminhos (rotas) de neurônios dopaminérgicos. A via nigroestriatal, irá partir da substancia negra e inervar a região do estriado, mais precisamente, próximo dos núcleos da base - local importante para o controle dos movimentos. - Se na doença de Parkinson, possuímos uma degeneração de neurônios na parte compacta da substancia negra Então teremos também uma diminuição na projeção e na liberação de dopamina desses neurônios na região do estriado Isso então gera uma redução de dopamina estriatal, causando os prejuízos no movimento. Na região do estriado, a dopamina MODULA 2 vias que permitem a realização do movimento. - Sem a dopamina possuímos movimentos lentificados e até estereotipados. É importante também citarmos a via mesolímbica porque alguns efeitos adversos dos antiparkinsoniamos, podem se manifestar na Via Mesolímbica. - A dopamina consegue ativar receptores de todas as vias, as classificações é somente para facilitar os estudos. - O mesmo receptor da Via nigroestriatal, é da Mesolimbica, é da tuberoinfundibular... - Então quando aumentamos a dopamina na região do estriado, nós tratamos a Doença de Parkinson MAS essa dopamina aumentada pode também ativar outras vias, causando manifestações adversas. EX: Se a via mesolímbica for ativada em excesso, ela pode produzir alteração na percepção da realidade - distorção grave da realidade, causando delírios e alucinações. Grande parte dos delírios e alucinações nas psicoses é devido a um aumento na atividade dopaminérgica mesolímbica E isso ocorre principalmente com os Agonistas da Dopamina. - A via mesolímbica também é responsável por motivação e recompensa Então quando uma atividade prazerosa é realizada, há a liberação de dopamina na via mesolímbica - Então como esses fármacos ativam a via mesolímbica, alguns podem causar dependência. NEUROTRANSMISSÃO DOPAMINÉRGICA Nessa imagem é mostrado a atividade da dopamina através da fluorescência - quantificado a atividade de dopamina. Em um individuo normal para essa condição, nós temos que a atividade de dopamina está de normal a alta. Em um indivíduo com a doença de Parkinson - A atividade de dopamina está baixa. FAMÍLIA DOS RECEPTORES DA DOPAMINA 2 principais receptores dopaminérgicos participam da modulação do controle dos movimentos: - Família do receptor D1 Excitatória. - Família do receptor D2 Inibitória. Ambos receptores estão presentes na região do estriado E todos eles são de distribuição no SNC. Família do D1 (Excitatório): - D1 Presente no estriado - D5 Família do D2 (Inibitório): - D2 Presente no estriado + Substancia Negra. - D3 - D4 D1 e D2 se ativam e permitem a realização dos movimentos, tanto através de ação direta quanto indireta: Receptor D1: A dopamina possui uma reação direta, que estimula ou permite a realização do movimento. - Nela a dopamina se liga a D1, o ativa, e no estriado há uma motivação e estimulação para que o movimento seja realizado. Receptor D2: Ele é inibitório, então quando a dopamina se liga o movimento é realizado de forma indireta. - São existentes vias inibitórias do movimento, localizados no SNC. - A dopamina quando ativa receptores D2, e esta inibe a via inibitória. - É existente uma via gabaérgica que impede à realização do movimento (lentificando os movimentos) · A dopamina vai nessa via, e por meio do receptor D2, inibe ela - Isso então gera uma tendenciosidade para que o movimento se realize. FISIOPATOLOGIA Na fisiopatologia da Doença de Parkinson, ocorre a perda de neurônios dopaminérgicos na substancia negra - e como consequência possuímos uma redução na liberação de Dopamina. Se a fisiopatologia é causada por uma redução de dopamina na região estriatal - para o tratamento farmacológico devemos contrapor essa situação, aumentando os níveis de dopamina nessa via. No estágio mais avançado da doença, cerca de 80% da dopamina estriatal foi reduzida.
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