Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1 – 08/08/2022 – Filosofia e Sociologia do Direito Etimologia: Direito = do latim = Dis(muito)rectum(reto, justo, certo). Conceito: É norma que regula as ações humanas em sociedade, estabelecida por uma organização soberana e imposta coletivamente a observância de todos. Nessa perspectiva, a filosofia e a sociologia analisam o Direito sob a ótica tridimensional de Miguel Reale: 1) Fato – Como sendo o acontecimento social decorrente das relações grupais onde emergem os conflitos (Sociologia) 2) Valor – A importância atribuída ao fato decorrente da conduta humana (objeto de estudo da filosofia). 3) Norma – É a regra social obrigatória que regula o fato social. Ex: Legislação que trata da Eutanásia, Aborto do Anencefálico (ADPF 54), Feminicídio. O pensamento filosófico de maneira geral utiliza-se: 1) Da lógica – Organização e Sistematização do pensamento com metodologia. 2) Da Especulação – Estabelecimento de hipóteses para os fatos 3) Da Prática – Práxis – Análise da conduta humana. Para o desenvolvimento do pensamento filosófico, o filósofo utiliza-se do SENSO COMUM e da ciência. Ex: O empregado realiza simulação de demissão com seu empregador (prática/premissa) afim de devolver o aviso prévio bem como a multa de 40%. Entretanto, consegue sacar o FGTS depositado na caixa econômica federal (especulação) Porque se pedir demissão, o valor do FGTS depositado em sua conta mantida junto a Caixa Econômica Federal ficará retido. (lógica) A partir dessa análise, o legislador percebeu tratar-se de um costume contra legem essa prática e resolveu alterar a norma jurídica introduzindo na legislação a dispensa por mútuo consentimento (Art. 484-A da CLT) possibilitando ao trabalhador dispensado o direito ao saque de parte do FGTS. Influências dos Filósofos na origem do Estado e evolução do Direito 1) Antiguidade Clássica 1.1) Platão – 427 A.C Para Platão a justiça não deveria prejudicar ninguém, e por conta disso, ela não poderia ser imperfeita. Para que a justiça fosse concretizada em sua plenitude, a cidade só poderia ser governada por pessoas de alta capacidade intelectual, necessitando os governantes, de educação rígida. 1.2) Aristóteles – 384 A.C Para ele, a justiça só ocorreria quando o homem deixasse de cometer excessos. Obs: Quando ocorre injustiças, normalmente ocorre excessos. Classsificação da justiça: 1.2.1 – Distributiva conforme o merecimento de cada indivíduo. 1.2.2 – Comutativa decorrendo das relações de troca 1.2.3 – Equitativa – Adequar a lei ao caso particular e concreto. A construção da política e da ética resultava das experiências práticas dos indivíduos. (Empirismo) 2) Idade Moderna – Idéia de Estado – Teorias Contratualistas Naquele contexto haviam três estamentos. Servo, clero e monarquia. Surgem as idéias contratualistas para a origem do Estado defendidas pelos seguintes filósofos: 2.1 – Thomas Hobbes – 1588 – Inglaterra Para ele, o homem vivia no estado da natureza, portanto, um selvagem onde a regra era o de “todos contra todos”. “O homem é lobo do próprio homem” O homem é mal por natureza e age apenas em prol de seus interesses individuais. Portanto, necessário a organização do Estado através de um contrato social. (Obra: O leviatã) Entende que é necessário a monarquia centralista. 2.2 – John Locke – 1632 – Inglaterra Segundo Locke o homem é bom por natureza, pois é um ser dócil e de boa índole. Explica que os conflitos sociais existem por conta da ausência de um juiz que fizesse e mediação usando a razão. Defende que Deus deu a todos o direito de se apropriar da terra por intermédio do trabalho. O contrato social marca a passagem do Estado de natureza para o civil onde seria garantido a liberdade e a propriedade privada. (pensamento liberalista) Contudo, em caso de conflito da vontade do grupo social e a vontade do Estado, aquele deveria prevalecer. O sistema de governo ideal segundo ele seria a monarquia parlamentar com a divisão do poderes em Executivo e Legislativo. 2.3 – Jean Jacques Rosseau – 1712 – Suiça Segundo a concepção, o homem é bom por natureza e que vivia em um mundo perfeito. Que os dilemas humanos ficariam piores com a propriedade privada, pois seria a corruptora de almas, alimentando os egoísmos e degradação da sociedade. Cabe ao Estado garantir os direitos naturais (vida, liberdade, propriedade), premissa básica de sua formação. A missão do Estado é garantir a vontades coletivas e adotar política em favor da comunidade. Política: Valorizar a educação dos homens em torno da ética, pois a sociedade estruturada através da sociedade privada estaria vulnerável a corrupção. Governo: Ideal seria o republicano que deveria combater as desigualdades e defender os interesses coletivos. 2.4 – Charles Montesquieu – 1869 - França Entende que a sabedoria das leis estaria na sua capacidade de adaptação às condições gerais de um país. Divisão dos poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário para acabar com os governos despóticos e monopólio do poder. (Livro: Espírito das Leis) Defende a monarquia parlamentar, não sendo adepto à república. 2.5 – Immanuel Kant – Prússia – 1.724 Buscou desenvolver uma moralidade universal através do uso da razão. O homem deve ser guiado pela própria razão sem deixar se influenciar por tradições, opiniões alheias ou recompensa. Nem precisa ser doutrinado ou tutelado. Uso político da razão para se tornar livre. Regras sociais: Só podem existir ou ter significado quando o ser humano tiver a possibilidade de escolhas, ou seja, quando homem não pode escolher o que é certo ou errado, bom ou mal, não se justifica a existência de regras. Segundo Kant, existe o mérito moral medido quando fazermos esforço para se submeter às máximas universais. (consigo domar o eu e não busco recompensa pelos meus atos). Direito e Moral são partes de um todo unitário, relacionado à exterioridade (as ações) e a interioridade (aquilo que consideramos certo ou errado) Entretanto, o Direito regula a conduta externa e Moral regula a conduta interna, portanto são institutos distintos. Direito pressupõe a coercitividade e Moral pressupõe a autonomia. Crítica da razão pura – Como a razão nos traz conhecimento Crítica da razão prática – Conduta ética. ________________________________________________________________________________ Explicação sistematizada: Kant revoga um antigo regime feudal repleto de amarras sociais, pautado no divino, na crendice ou na conveniência, portanto IRRACIONAL. Ele procurou desenvolver uma moral universal RACIONAL, isento de influência da religião, situação particular, crenças. (não admite tratamento desigual em razão de raça, cor, condição social) RAZÃO PURA = BUSCA PELO CONHECIMENTO RAZÃO PRÁTICA = AGIR NATUREZA= LEIS UNIVERSAIS E PREVISÍVEIS HOMEM TEM PRINCÍPIOS INTERIORIZADOS = MAS TAMBÉM TEM DIREITO DE ESCOLHA DOS PRINCÍPIOS QUE IRÃO REGER AS SUAS AÇÕES (AUTONOMIA DA VONTADE). Obs: A moralidade não deve ser determinada por leis, pois não somos robôs. VONTADE LIVRE = PODE RESULTAR EM AÇÕES MÁS OU BOAS – Obs: O homem é o seu próprio legislador. QUANDO UTILIZAMOS A RAZÃO = IMPERATIVO CATEGÓRICO (A AÇÃO É UM FIM EM SI MESMO) – OBEDEÇO A UM PURO DEVER. (MORAL UNIVERSAL RACIONAl) QUANDO UTILIZAMOS AS PAIXÕES = IMPERATIVO HIPOTÉTICO (BUSCA OUTRA COISA) Ex: Não vou roubar! Imperativo Categórico = porque sei que é o correto a se fazer, mantendo os outros com as suas posses. Também porque acho que é errado adotar essa conduta. É o meu dever enquanto indivíduo não roubar. Não gostaria que fizessem isso comigo. Imperativo Hipotético = porque ao não roubar eu vou para o céu, porque não quero ser preso e ficar na cadeia. Porque não é conveniente. Questão fundamental. Tenho dúvida do que devo fazer. Resposta: Age de modo que a sua ação possa se tornar uma lei universal. Se todos que estão na minha condição agirem dessa forma o resultado será bom. Ex: Marquei de estudar com meuamigo. Vou ou não vou? Se todos agirem da forma que eu decidi a coisa irá funcionar?
Compartilhar