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Copyright© 2018 by Literare Books International. Presidente: Mauricio Sita Capa: Riven Melito Andre Caliman Bruna Pirolo Assad Diagramação e Ebook: Nathalia Parente Revisão: Bárbara Cabral Parente Gerente de Projetos: Gleide Santos Diretora de Operações: Alessandra Ksenhuck Diretora Executiva: Julyana Rosa Relacionamento com o cliente: Claudia Pires Formatação e qualidade exclusivas do canal Ebooks Demais https://t.me/ebooksdemais Literare Books Rua Antônio Augusto Covello, 472 – Vila Mariana – São Paulo, SP. CEP 01550-060 Fone/fax: (0**11) 2659-0968 site: www.literarebooks.com.br e-mail: contato@literarebooks.com.br Agradecimentos Especiais Ao meu pai, Coronel Artigas, maior gigante que conheci; diante dele qualquer Everest se torna pequeno. A minha mãe, Vera Artigas, a expressão mais pura de força, coragem, garra e luta pela sobrevivência. Ao meu marido, Claudio Diogo, grande incentivador que, com seu amor incondicional, ensinou-me a ser mais paciente e a acreditar que os relacionamentos podem ser sólidos. As minhas filhas Thaís e Alice, o amor mais puro e sublime que pode existir. Aos meus amigos e mestres que, de coração, sabem a importância que eles têm na minha vida. A José Luiz Tejon, sou fã incondicional, mestre e amigo, que me ajudou a praticar a Inteligência Relacional e a quem com muito carinho e admiração escolhi para prefaciar este livro. Às equipes da Tekoare e TNB Studio. A todos os seres humanos, na plenitude da palavra, que compartilharam comigo seu amor, ensinaram-me a importância dos relacionamentos, dedico-lhes, de coração e alma, este livro. Sumário Prefácio Introdução Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Inteligência Interpessoal + Inteligência Intrapessoal Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Conclusões AVALIANDO SUAS HABILIDADES RELACIONAIS Apêndice A – Sistema Cerebral – Cérebro Social Relacional Referências bibliográficas Prefácio Uma obra de arte de Ana Artigas: Inteligência Relacional Ana registra numa passagem deste livro o que gostaria que fosse escrito na sua lápide, eu diria, o que ficaria eternizado com sua alma nesta jornada terrena: “aqui jaz uma mulher que deixou o seu legado e fez as pessoas acreditarem que podem se tornar seres humanos melhores, mais inteligentes e mais felizes, na forma como se relacionam, escolhendo melhor com quem dividir a sua existência”. Antes de comentar este livro sensacional, que ilustra pedagogicamente seus conceitos, um livro sério, profundo e ao mesmo tempo humano e comovente, preciso deixar aqui meu depoimento sobre essas respostas que Ana nos instiga a respeito de: “ como você quer atrair as pessoas e ser visto por elas?” e “qual é a imagem e o legado que você deseja deixar aos outros?” Ana alterou e mudou a minha vida. Além da competência da inteligência relacional, sou uma testemunha viva da força desse ato, e, claro, acrescento, para agirmos no tom ascensional da inteligência relacional, a capacidade de amar, e a generosidade de saber dar e doar é um ingrediente sine qua non. Estava eu, como diretor executivo de uma das empresas do Grupo do jornal O Estado de São Paulo, “O Estadão”. Conheci a Ana, quando ela já realizava um trabalho de vanguarda na área humana ao lado da Caliper, empresa americana sediada em Princeton, Estados Unidos. Certo dia, ela me liga e pede para que eu receba um dos pesquisadores dessa organização exemplar no mundo do comportamento humano, o escritor Patrick Sweeney. Ele, ao lado de Herb Greenberg, fundador e criador do sistema de avaliação Caliper, outro ser humano com uma historia incrível de vida e de superação. Eles estavam preparando o lançamento mundial, de um novo livro chamado: “Succeed on your own terms”, traduzido e lançado no Brasil como: “O Sucesso tem Fórmula?”. Esse encontro promovido pela Ana, teve o condão de transformar minha vida. Descobri, graças à Ana, angulações de mim mesmo que, se não fosse a sua presença cruzando a minha própria vida, eu não teria descoberto. Com isso pude também estabelecer uma linda amizade com o Maestro João Carlos Martins, da mesma forma entrevistado nessa obra, e isso estará para sempre registrado naquele livro de Patrick & Greenberg . Obrigado, Ana, o seu legado vive em mim. Mudanças e adaptações fazem parte da vida, diz Ana. A sua própria estória de vida desde a infância, registra muitas mudanças. Cidades, amizades, escolas novas. Neste livro Ana busca marcos históricos e fundamentos teóricos de alta relevância. Traz logo na abertura uma pesquisa fantástica e única, com pessoas ao longo de muitos anos, onde a busca era descobrir o que, depois de anos, os seres humanos atribuíam como o máximo e o melhor de uma vida. Aí partimos para o desenrolar de toda a contribuição deste livro. O que este estudo revela não aponta para a riqueza, nem para a fama, o sucesso termina sendo o que você vai ler neste livro, o que nos faz verdadeiramente felizes e saudáveis. Ao contrário de muitos livros superficiais, este livro me impressionou pela qualidade técnica. Abre portais sérios para ótimas imersões dos leitores. A reunião das distintas inteligências é exemplar: musical, linguística, lógica matemática, espacial, corporal, interpessoal, intrapessoal, naturalista, existencial e a inteligência espiritual. Ao ler cada uma delas fui compreendendo como seria importante, por exemplo, na educação de nossos filhos, cuidarmos do desenvolvimento de cada uma dessas inteligências, ou seja, a leitura deste livro não serve apenas para professores, estudantes, executivos, líderes, ou outros profissionais, mas serve para mães, pais e educadores, e lógico, para uma autopedagogia, uma autossuperação. Ao conhecer melhor cada uma dessas 10 inteligências identifiquei o quanto precisei sofrer para aprender, a muito custo, algumas delas. Sem dúvida, este livro será também de grande valia para todos os nossos jovens, adolescentes, que podem se preparar muito melhor para os desafios nas escolas, faculdades, e nos primeiros passos nos estágios e na iniciação corporativa. Ainda espetacular nesta obra são as noções da neurociência, como neurônio-espelho, e as substâncias químicas indutoras e seus efeitos no cérebro, como a dopamina, a testosterona e a serotonina. Esse saber é de singular importância na arte de liderar, por exemplo. E na área do autoconhecimento de forma inigualável. O livro apresenta guias práticos, muito simples de serem absorvidos. Por exemplo, quando Ana traça quadros relacionais entre pessoas com baixa inteligência relacional versus com alta inteligência relacional. Ao ler essa passagem, será impossível você não identificar amigos, pessoas, colegas, com notas distintas dentro desses quadros, acima disso, irá se enxergar ali também. A arte da vida será sempre a arte das escolhas, e precisamos gostar, amar o fundamento de aprender a aprender. Seres que vão ao futuro são aqueles que aprendem a aprender em altíssima velocidade. No meu último livro: “Guerreiros não nascem prontos”, trato intensamente desse fundamento, e nos meus estudos, amparado também por pensadores eternos como Victor Frankl, criador da logoterapia, aprendemos que nos transformamos na qualidade dos seres humanos, os quais, admiramos e que recebe a nossa autoridade para nos influenciar. Sem dúvida, ao estudarmos a vida de todas as pessoas as quais consideramos admiráveis, iremos ver ali um talento superante essencial: competência de saber ser amado, ser amável. Esse dom acessa poderosamente a arte das artes, a Inteligência Relacional. Ana, continua nesta obra, preocupada em oferecer meios pragmáticos para os leitores assimilarem esses saberes. Então criou seis passos para esta prática: CLASSE - Consciência, Liberdade, Atração, Segurança, Sabedoria e Empatia. Adorei a fórmula C.L.A.S.S.E, até porque a polidez costuma ser a primeira de todas as virtudes. Ana registra a expressão de “Coco Chanel: não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro é a educação. Não é a roupa é a classe”.De novo, nestes capítulos, dicas simples operacionais e essenciais estão à disposição do leitor, desde saber dizer bom dia, boa tarde, boa noite, muito obrigado e por favor; até aspectos evolutivos do auto conhecimento profundo de cada um de nós. Adorei quando Ana trata também dos vampiros emocionais. Se, sem dúvida, a arte relacional é segredo importantíssimo numa carreira e na vida, saber colocar os vampiros emocionais fora da possibilidade parasitária ou predadora da nossa vida, é, da mesma forma, excelente opção. No capítulo da empatia, Ana também nos ajuda na relação de casais e nos relembra a Gestalt terapia, a realidade do aqui e agora. A importância da individualidade, e de que relações saudáveis são complementares. Perguntaram-me sobre isso um dia, e criei uma figura de imagem assim: “um casal que se ama é como duas linhas paralelas, que se encontrarão um dia, no infinito”. Quero dizer, são indivíduos, paralelos, mas não se colam, destinos próprios, paralelos, mas cada um, cada um....e um dia, nos encontramos no infinito, assim como todas as linhas paralelas. Amor e sexo estão aqui também e nas conclusões à convergência de toda a proposta da autora Ana Artigas: “ bons relacionamentos nos mantêm felizes e saudáveis”. Os vampiros emocionais são comparados aos nossos anjos. As relações tóxicas versus as saudáveis, e, ao término, estamos abertos para continuar a exploração dessa inteligência relacional. “Cada um de nós faz o seu hoje, consequentemente o seu amanhã, e juntos fazemos os nossos – os amanhãs que queremos.” Assim: Ana encerra. E ao ter o privilégio de ter acesso a este livro, e ao prefaciá-lo, só posso acrescentar mais uma vez : Muito obrigado Ana, já incorporei novos saberes e procedimentos de imensa utilidade na minha vida com este livro. Afinal, aprender a aprender é tudo, e, escolher com quem devemos aprender a ignição positiva de todo esse processo. Escolho você Ana, pois um dia você me escolheu. Não somos mais os mesmos, eu sei, a lei de causa e efeito continua sendo uma lei da mais plena sabedoria. Sua obra, a inteligência relacional, agrega um valor evolutivo humano de inestimável valor. Seus leitores todos ganham agora um imenso presente. Este livro, neste presente, aqui e agora. Gratidão ao momento presente. Boa leitura. José Luiz Tejon Autor e coautor de 33 livros e o Último best seller – “Guerreiros não nascem prontos”. Mestre em Arte e Cultura pela Universidade Mackenzie, doutorando em Ciências da Educação com a tese: “A pedagogia da superação”. Professor de Pós-graduação na França e ESPM, palestrante Top of Mind – Prêmio Estadão RH. Introdução Como tudo na vida começa com uma estória, e somos exímios em contá-las por trazerem conteúdos originais, inesquecíveis e muitas vezes emocionantes, vou contar uma fase importante da minha infância para vocês. Sou filha de militar, e, como é natural nesta carreira, as mudanças de patente nas forças militares envolvem a troca de quartéis e cidades. Da quinta série à conclusão do ensino médio, passei por três grandes mudanças. A primeira delas certamente foi a mais traumática. Tinha estudado da pré-escola ao quinto ano no mesmo colégio de freiras, com a mesma turminha de meninas, já que nesta época os meninos eram “proibidos” de entrar na escola. Só nos assistiam do lado de fora do muro pelas brechas dos portões que davam vista ao grande pátio. Conhecia as meninas da sala desde muito pequenas, e consequentemente seus irmãos e pais, como se fôssemos todos uma única e grande família. Embora as freiras fossem bem duronas, também eram parte integrante da nossa vida e aprendemos a respeitá-las como ninguém. Irmã Giselda era a diretora, a mais temida e com quem precisávamos “conversar” sempre que aprontávamos alguma coisa. Não tenha dúvida de que eu era chamada semanalmente a sua sala. Com suas sobrancelhas grossas encrustadas em seu rosto fino e branquelo, ela dizia: “Dona Bijú (este era meu carinhoso apelido de infância), você por aqui de novo”? Nunca entendi como não fui expulsa; acho que minhas bagunças eram razoáveis, e tenho a impressão de que o fato da minha avó ter sido professora e minha mãe e tias terem estudado no mesmo colégio por anos, amenizava a repreensão. Assim cresci. Apesar das broncas, protegida e cercada de cuidados. Ainda na primeira série perdi minha irmã. Eu tinha seis anos, e ela quase oito, quando faleceu. Foram poucos meses da descoberta ao dia fatídico da sua morte, mas um sofrimento extremo para toda família, já que o câncer tomou conta de seu cérebro rapidamente. Logo depois que a perdemos, tia Sandra – naquela época era permitido chamar a professora de tia – ministrava algumas aulas comigo no colo, pois de uma hora para outra eu começava a chorar. Como sempre fui muito pequena, ela conseguia dar a aula e andar comigo no colo, pela sala. Imagine então a minha reação quando meus pais me contaram que nós iríamos mudar de cidade. Como assim? Aquele colégio era a minha vida. Tinha ali minhas melhores amigas, meu suporte, minhas tias queridas e as broncas da madre superiora! Como poderia viver sem aquilo? Além de tudo, eu era a bagunceira da escola. A representante de turma que inventava e contava longas estórias sobre o fantasma do bebê que morava no porão do teatro, já que lá tinha sido enterrado. Sobre a esfirra de carne que eu jurava que vinha com tatu de nariz. Quase quebrei a cantina, e a madre superiora quase me quebrou também. Ter que deixar tudo isso? Meu mundo caiu. De novo, eu chorava em desespero. Mais uma grande perda! Meus pais foram firmes. É assim e pronto. Esse era o trabalho do meu pai, o sustento da casa e não podíamos viver sem isso. Ele tinha que assumir o comando do corpo de bombeiros em uma cidade do interior. Então, lá fomos nós morar em Paranaguá, um município localizado no litoral do estado do Paraná. Quando pensava em reclamar, meu pai me dizia: “Ana, você tem certeza de que isso é realmente um problema? Você se lembra da doença da sua irmã e da perda que tivemos? Pois bem, essas pessoas vão continuar aqui e você vai poder vê-las de novo sempre que quiser. Então, isso não é um problema. Mudanças e adaptações fazem parte da vida.” No começo, tive bastante dificuldade para digerir a mudança. Para mim, era sim um problema e daqueles enormes, bem maior do que eu, a pequena Bijú, conseguia aguentar. Aliás, esse apelido fora dado pela minha professora da pré-escola porque eu era muito pequena, a menor da turma, então, ela me chamava de Bijuzinha, e o apelido pegou. Lá fomos nós. Cidade nova, casa nova, colégio novo, amigos novos. Sim, e dessa vez havia meninos na minha nova escola. Mil perguntas rondavam a minha cabeça. Como seria a nova escola? Será que as pessoas seriam legais? Com quem será que eu teria que conversar quando fosse mandada para a diretoria? Porque eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu certamente iria. Enfim, tive que enfrentar os primeiros desafios de como fazer novos relacionamentos e conquistar as pessoas. Eu já não lembrava como tinha feito os meus. Eles tinham crescido comigo. Eu tinha os amigos na escola e os que brincavam comigo na rua de casa, e eles eram o máximo! Na minha cabeça, isso não precisava mudar, eu sentia como se conhecesse o mundo todo, mas ele chegou. O primeiro dia de aula! Não conhecia absolutamente ninguém. Aquelas pessoas eram estranhas e tinham um sotaque diferente, falavam meio cantadinho, às vezes eu nem conseguia entender o que diziam. Os meninos faziam mais bagunça do que eu nos tempos áureos. Essa foi a parte mais divertida, e eles até que eram bem bonitinhos. Tive que começar a criar mecanismos para me aproximar, conhecer as pessoas e fazer amigos. Foi neste momento, com 11 anos de idade, que comecei a entender a importância dos relacionamentos e que não somos absolutamente nada sem eles. São a base da nossa sobrevivência em qualquer situação. Conhecer pessoas seria a minha felicidade ou o meu fracasso naquele novo lugar. Nos primeiros dias de aula, quando chamavam meu nome, mesmo que fosse pararesponder à chamada, eu ficava roxa de vergonha. Não conhecia ninguém e nunca tinha estudado com meninos. A duras penas, descobri que saber tratar bem as pessoas e fazer amigos são o maior dilema que um indivíduo precisa encarar, principalmente quando chega a um lugar completamente novo. Poucos meses depois já fazíamos festinhas de garagem todos os fins de semana. Os meninos levavam refrigerantes e, as meninas, doce ou salgado. Às vezes, um pacote de chips resolvia. Aquilo tudo começou a ficar bem divertido e conheci muita gente legal. Como na vida nem tudo são flores, meu pai recebeu uma promoção para assumir o comando em uma cidade maior. Promoção! Só na cabeça deles. Para mim, era uma completa desgraça. Para piorar um pouco mais, a mudança aconteceu no meio do ano. Os colégios tinham métodos de estudo e matérias diferentes. Como minhas notas já não estavam aquela maravilha, juntando com o desafio da mudança, fui para uma quase reprovação. Fiquei de recuperação em quase todas as matérias. Meu mundo caiu de novo. Cidade nova, colégio novo, outro método de ensino e muita gente me observando de canto de olho. Mudei no meio da oitava série, hoje seria o nono ano. Eu estava com 14 anos, no auge da adolescência. Além de todos os receios comuns dessa fase, na qual existe uma imensa necessidade de sermos aceitos, eu precisava ganhar meu espaço e os grupos já pareciam formados. Reconheço que foi preciso muito esforço, observação, esperteza, análise dos estilos de cada um, até que eu entendesse como deveria me aproximar das pessoas para conquistar novos amigos, fazer parte dos times e ser convidada para as festinhas nos fins de semana. Uma pena que naquela época não existisse um livro como este. Seria de um valor inestimável para mim, porque eu realmente tive que aprender sozinha, por ensaio e erro. A vida me ensinou muito com essas mudanças. Acabei me apaixonando por Londrina e foi maravilhoso curtir minha adolescência em uma cidade que, com o tempo, me acolheu de forma realmente calorosa. Tive certeza de que podemos nos dar muito bem ou muito mal dependendo de como fazemos nossas escolhas, com quem andamos e com quem nos relacionamos. Compreendi que precisava entender as pessoas e lidar com elas. Comecei a estudar melhor os conflitos com os quais me deparei e sempre me questionava: “Que erros cometi?” “O que fiz estava correto? Deveria ter agido de outra forma?” “Que lições posso tirar dessa experiência?” Foi aí que eu realmente comecei a entender a importância dos relacionamentos e o impacto que eles causam na vida das pessoas, porém, só mais tarde a eles batizei de Inteligência Relacional. Muitas coisas aconteceram depois dessa fase; voltei a morar em Curitiba para fazer faculdade, me formei em psicologia, casei e tive duas filhas. Depois, eu mesma cavei algumas grandes mudanças, quando as meninas estavam maiores, em que ficamos quase dois anos morando no exterior. Vou contar melhor essa história no decorrer do livro. Hoje sou alucinada por mudanças e desafios, e eles se tornaram absolutamente necessários para a minha vida. O que quero registrar aqui é que apesar dessas vivências e da bagagem de mais de 25 anos como psicóloga, coach e consultora de executivos, conversei e troquei experiências com muitas pessoas para conseguir escrever este livro. Aliás, este livro não foi escrito, ele cresceu como uma criança, através da observação e do relacionamento com milhares de pessoas. Demorei mais do que eu imaginava para escrevê-lo e continuo achando pesquisas, casos e histórias que ainda precisam ser contadas, mas se continuasse buscando-as jamais conseguiria editá-lo, porque os relacionamentos são dinâmicos, constantes e eternos. Passei muito tempo observando os modelos de relacionamento à minha volta e, sempre que tinha oportunidade, conversava com as pessoas sobre seus sucessos e conflitos. Fiz uma extensa pesquisa no Brasil e nos EUA. Perguntava e observava como as pessoas se relacionavam nas empresas, nos eventos, nos jantares com a família, nas confraternizações, nas longas conversas com amigos mais próximos, nos breves encontros nas poltronas de avião, no salão de beleza ou em qualquer situação que tivesse um pouco de abertura para perguntar e escutar as pessoas. Notei como elas têm necessidade e gostam de falar sobre suas relações pessoais. Essa experiência me deu a certeza de que todos nós precisamos de ajuda para compreendermos uns aos outros. Comecei a entender o que as pessoas buscam, o que valorizam em um relacionamento e a importância e o impacto que isso tem na vida de cada um de nós. É muito claro perceber que todas as pessoas têm relacionamentos fáceis e prazerosos em suas vidas e outros bem difíceis, e que algumas pessoas são transitórias em nossa vida, no trabalho ou na vida social e terão um contato superficial conosco. Certamente sofreremos menos influência delas, e fica mais fácil administrar as energias ruins ou até mesmo evitá-las. O problema é quando as pessoas têm um forte vínculo afetivo conosco e convivem com a gente diariamente. Essas realmente causam impacto na nossa vida, como filhos, pais, irmãos, amigos, pares/cônjuges, líderes, colegas de trabalho, clientes e fornecedores. Neste livro vou falar sobre como tomar alguns cuidados, fazer melhores escolhas, aprender a nos blindar de algumas armadilhas e principalmente nos voltarmos para nós mesmos e entendermos que, muitas vezes, inconscientemente, nós também sabotamos os nossos relacionamentos, ou pior, a nossa felicidade. Muitas vezes precisamos recuar um pouco para enxergar o nosso papel na relação. Também vou falar sobre o que geralmente funciona e o que não funciona em um relacionamento e o que as pessoas gostam de receber e como querem ser tratadas. Vou compartilhar histórias e experiências pessoais com vocês. Situações nas quais tive que me afastar de pessoas que amava para me reorganizar, me reconstruir e voltar melhor e mais fortalecida para as minhas relações. Navego para a segunda grande e motivadora história, também baseada em histórias reais. Trata-se da pesquisa mais longa já feita sobre a vida adulta. Imagine se pudéssemos assistir às pessoas desde sua adolescência até a velhice para ver o que realmente as mantêm felizes e saudáveis enquanto vivem. Pois é, fantasticamente alguns pesquisadores engajados fizeram isso. Desde 1938, acompanham a vida de dois grupos de homens. O primeiro pesquisador começou o estudo quando estava no segundo ano da Universidade de Harvard. Pesquisou um grupo de jovens que fez faculdade durante a Segunda Guerra Mundial, e a maioria serviu durante a guerra. O segundo grupo que foi acompanhado era de garotos dos bairros mais pobres de Boston, que foram escolhidos para o estudo especialmente porque eram as famílias mais problemáticas e desfavorecidas na Boston da década de 30. Robert Waldinger é hoje o diretor desse projeto, intitulado Harvard Study of Adult Development1. Ele é psiquiatra, psicanalista e sacerdote zen, além de ser o professor clínico de psiquiatria na Harvard Medical School. Durante 75 anos, os pesquisadores acompanham as vidas de 724 homens, ano após ano, perguntando sobre seus trabalhos, vida doméstica, saúde e agora seguem com os filhos, para entender como a experiência da infância pôde afetar a saúde e o bem-estar na meia-idade. Estudos assim são extremamente raros. Quase todos os projetos desse tipo se encerram dentro de uma década porque as pessoas os abandonam, ou o dinheiro para a pesquisa acaba, ou os pesquisadores morrem e ninguém mais dá continuidade. O estudo tem por princípio entender o que torna as pessoas realmente felizes até o final de suas vidas. Muitas pessoas acreditam que o dinheiro e a fama são os fatores mais importantes para termos uma vida boa. Como resultado, gastam seu tempo precioso priorizando coisas e ignorando seus relacionamentos. Isso prova que precisamos de uma melhor compreensão do que “vida boa” parece ser. Quase tudo que sabemos sobre a vida humana descobrimos ao perguntar para as pessoas do queelas se lembram do passado, mas as retrospectivas nem sempre são apuradas. Esquecemos a maior parte do que nos acontece na vida, e às vezes a memória é criativa, assim imaginamos uma parte do que pensamos que lembramos. Aproximadamente 60 dos 724 homens que participaram dos estudos ainda estão vivos, a maioria deles na casa dos 90 anos. Tornaram-se operários, advogados, pedreiros e médicos. Um deles tornou-se presidente dos Estados Unidos, alguns desenvolveram alcoolismo, uns poucos sofreram de esquizofrenia. Alguns ascenderam socialmente do fundo até o topo e outros fizeram a jornada na direção oposta. Os fundadores desse estudo, nem nos seus sonhos mais loucos imaginariam que depois de 75 anos ainda estaríamos aqui, contando que ele continua. A cada dois anos, a equipe dedicada contata seus voluntários para saber se podem enviar-lhes mais um bocado de perguntas sobre suas vidas. Além das perguntas, eles também os entrevistam em suas salas de estar. Pegam informações com seus médicos, tiram sangue, escaneiam seus cérebros, falam com seus filhos e filmam conversas com suas esposas sobre suas maiores preocupações. Afinal, o que aprenderam até agora? Quais são as lições extraídas das dezenas de milhares de páginas de informação geradas sobre essas vidas? As lições não são sobre riqueza, fama ou trabalho em excesso. A mensagem mais clara que tiramos desse estudo de 75 anos é esta: Bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e saudáveis. Ponto final. Aprendi três grandes lições sobre relacionamentos neste estudo e você poderá saber quais são no final deste livro. Quero agradecer desde já a todas as pessoas que convivem e conviveram comigo e que certamente me deram excelentes contribuições. Se você teve algum contato ou já conversou comigo em alguma situação, tenha certeza de que contribuiu para este livro existir. Suas histórias, com todo o cuidado ético e de privacidade, ajudaram a iluminar esta obra, e se está tendo um primeiro contato comigo, agora, tenha certeza de que suas estórias poderão ser retratadas nos próximos livros. Torna-se absolutamente necessário avaliarmos a relevância dos relacionamentos na nossa vida e a forma como aceitamos e influenciamos as pessoas. Vale lembrar que um dos maiores best-sellers no assunto, o livro de Dale Carnegie, intitulado Como fazer amigos e influenciar pessoas, foi escrito em 1930, e que o autor faleceu em 1955. Ele foi um mestre no assunto, mas não é possível que não tenha nada novo depois de todos esses anos, principalmente com a invenção da internet. Sabemos que a forma de se relacionar mudou completamente. Ele não tinha site, nem nunca navegou pelas mídias sociais. Hoje acontecem coisas que Dale Carnegie se contorceria no caixão caso soubesse. Não é à toa que as mídias e redes sociais como Twitter, Facebook, Linkedin, Periscope, Snapchat, WhatsApp, Viber e outras ferramentas conhecidas no mercado fazem tanto sucesso e tornam- se febre em tão pouco tempo. Porque ninguém vive sem informações sobre os outros. Temos necessidade de saber como as pessoas são, como vivem, como aprendem, como superam obstáculos e dificuldades. Além disso, nossa atual geração tem sede por informação. Feliz ou infelizmente, não sabemos mais viver sem isso, e acaba sendo confortador quando identificamos problemas parecidos com os nossos; é como se imediatamente nosso coração nos dissesse: “Calma, isso não acontece só com você!” Se de fato fomos programados a nos conectar, precisamos desenvolver e aprimorar a nossa INTELIGÊNCIA RELACIONAL. Nossos gestos e comportamentos podem ser melhorados a cada dia para que possamos desenvolver mais aptidão e talento na forma como tratamos as pessoas. Através desse conceito, você vai aprender a gerenciar seus relacionamentos e entender os caminhos que podem torná-lo uma pessoa mais inteligente no convívio social, entendendo melhor como lidar com as pessoas, respeitando as diferenças e levando-as a pensar como você, persuadindo-as de forma mais natural e positiva. Claro que alguns parecem ter mais facilidade e talento para se relacionar do que outros. Mas o que importa aqui é que essas aptidões podem desabrochar como botões de talentos, e quanto mais cedo iniciamos essa prática mais fácil e rápido será para obtermos sucesso nas nossas relações, pois o conhecimento e a inteligência são aprendidos e podemos treinar para nos tornarmos experts nessa área. A relação entre as pessoas, apesar de prazerosa, é complicada e um dos assuntos mais comentados no nosso dia a dia. Em qualquer lugar que frequentamos, as pessoas estão sempre falando bem ou mal umas das outras, seja nas empresas, nos clubes, nos cabeleireiros, nos condomínios ou em qualquer outro lugar que você tenha por hábito frequentar. Sabemos que as relações que temos com as pessoas nos impulsionam ou nos destroem. Elas podem nos dar energia e nos incentivar para o sucesso ou podem nos conduzir à derrota e à falência emocional, independentemente de ser através de uma análise de desempenho ou de um bate-papo informal. O que já sabemos há muito tempo é que 15% do sucesso das pessoas são devidos ao seu conhecimento profissional, os outros 85% são atribuídos à competência e habilidade de se relacionar. Isso explica por que precisamos nos relacionar bem com os outros. Importante lembrar que as nossas relações não se limitam a pares românticos, mas a chefe e subordinado, relações de trabalho, vizinhos, familiares, amigos, professor-aluno ou qualquer outro tipo de convivência envolvendo pessoas e grupos. Qual é o propósito dos relacionamentos? O que ganhamos se aprendermos a nos relacionar de forma inteligente? Por que algumas pessoas se “afinam” mais conosco do que outras? O que existe em cada um de nós que facilita ou dificulta o convívio? Envolver mais de um ser humano gera a possibilidade de grandes emoções. Isso que você verá neste livro, a razão pura dos relacionamentos. É preciso entender a forma como as pessoas agem, pensam, decidem, lideram ou se relacionam. Cada um traz consigo seu estilo, personalidade, perfil, cultura, vivências e valores próprios, e por isso é tão importante conviver, ou melhor, viver com outros, para aprendermos com essas diferenças e com as possíveis trocas que podem acontecer. Não tenho a intenção de ser a última palavra sobre o assunto, tampouco a pioneira, é apenas uma aspiração que deve contribuir de forma evolucionista nos resultados que cada um de vocês pode obter nos negócios, na forma de aprender e educar, na maneira como lideram, nas relações com a família, com as pessoas que convivem e trabalham, enfim, aprimorar as suas relações com as pessoas, com as suas coisas, com o mundo. No decorrer dessa história, você certamente se identificará com alguns exemplos e poderá entender melhor o que acontece em essência no coração das pessoas, mesmo aquelas que lhe parecem bizarras ou completamente diferentes de você. Espero que você se divirta e aprenda a tirar o melhor proveito das suas relações, de uma forma saudável e positiva. Você também verá que existem recursos dentro de si, que muitas vezes deixa de usar. Você pode ser mais otimista quando está interagindo com as pessoas, e assim vai atrair coisas boas para si e para os outros. A inteligência relacional, que também gosto de titular de educação social, é a habilidade de sabermos enfrentar as situações do nosso dia a dia, dos encontros e desencontros com as pessoas e com a vida. Divirta-se, mande e-mail, mensagem via site ou Facebook e faça suas sugestões, pois quero contar com você para o próximo livro. De uma forma ou de outra, quero agradecer por já fazer parte dos meus relacionamentos e da minha vida. Afinal, a chance de sermos realmente felizes vem do modo inteligente pelo qual podemos nos relacionar. Ana Artigas 1. Estudo dirigido atualmente por Robert Waldinger, intitulado Harvard Study of Adult Development na Harvard Medical School. Durante 75 anos, os pesquisadores acompanham as vidas de 724 homens. Fonte: https://goo.gl/dO0bbL Endereço do vídeo do TED: https://goo.gl/glPTXLCapítulo 1 O que é e de onde vem a inteligência? Você já parou para pensar na quantidade de informações que recebe todos os dias? Como será que a nossa mente processa essas informações para que não aconteça um congestionamento de pensamentos, mensagens, ideias e imagens? O cérebro precisa de muito vigor para registrar com o mesmo entusiasmo tanta informação. Mas temos a nosso favor a memória, e, para nos ajudar ainda mais, ela é seletiva e auxilia a nossa mente a filtrar o que mais nos interessa. O restante das informações a gente não descarta, mas joga em alguma “pasta” que fica guardada no fundo da nossa cabeça. A memória seletiva protege a nossa mente contra esse turbilhão de informações vindo da internet, do smartphone, da televisão, do rádio, do que lemos: seja em cartazes, livros, outdoors, além das informações que captamos com as pessoas com quem conversamos todos os dias e que nos ensinam muito. Na introdução deste livro você deve ter lido como as conversas que tive com as pessoas foram enriquecedoras para que essa obra existisse. Apesar do conhecimento, das pesquisas que realizei, dos livros que li e da base conceitual que construí no decorrer desses anos, os relacionamentos diários com as pessoas foram de uma contribuição inigualável. Aliás, gostar de conversar é uma característica comum nas pessoas relacionais e que gostam de estar entre outras. Inclusive atribuo a essa habilidade de fazer e manter relacionamentos, extraindo o melhor das pessoas, uma das principais ações para que eu pudesse escrever este livro. As nossas habilidades e inteligências são construídas de várias maneiras. São milhares de correlações e influências, que veremos adiante, mas antes de entendermos mais sobre Inteligência Relacional, precisamos entender o que é Inteligência e como fazemos para processar de forma adequada as informações que recebemos no nosso dia a dia. Durante quase 250 mil anos na Terra, o ser humano foi dominado pelo pensamento mitológico e suas lendas. Há 2.500 anos surgiram a Filosofia e a razão, que conduzem à indução ou dedução de algo e que tentam buscar essa resposta, abrindo caminho para algo além dos mitos e crenças. Há muitos anos – e por que não dizer séculos – diferentes autores e filósofos tentaram definir e conceituar Inteligência. Os primeiros filósofos da Grécia antiga procuraram respostas sobre questões como consciência, mente, corpo e como estruturar a sociedade, a política, as regras e o “viver bem”. De lá para cá, tivemos muitos avanços e vale entender um pouco dessa evolução. Vamos começar por Sócrates, conceituado filósofo. Ele acreditava que a inteligência estava ligada puramente ao raciocínio abstrato – linguagem e matemática. Considerava que as inteligências eram diferentes e inerentes a cada pessoa, que cada um nasce com habilidades inatas, ou seja, com uma predisposição para determinado aprendizado. Platão e Aristóteles entenderam a inteligência como uma habilidade voltada para a lógica, para a geometria e a argumentação. Os filósofos buscaram pessoas sábias e testaram seus conhecimentos com o objetivo de identificar a inteligência nestas pessoas, como se as outras não a tivessem. Descartes, em torno do ano de 1600 d.C., em suas reflexões, propôs a separação entre o corpo e a mente, dizendo que o corpo, sendo material, poderia ser estudado, enquanto a mente, por ter origem divina, somente poderia ser conhecida e tratada a partir do processo introspectivo2. Locke argumentou que não nascemos com conhecimentos, mas que os adquirimos por meio de nossas experiências com o mundo e por meio de nossa capacidade de refletir sobre o que nos acontece e sobre o que vivenciamos. Como materialista, ele afirmava que a mente poderia ser estudada também, mas, naquela época, por falta de recursos, não sabiam exatamente como fazê-lo. Lembre-se de que naquele período não havia exames capazes de “ler” o cérebro como: ultrassonografia, ressonância magnética, entre outros. Donders, Helmholtz e Broca foram grandes estudiosos da fisiologia cerebral, que descobrindo e aprimorando o estudo da transmissão neuronal, conexão entre os neurônios (lembrando que neurônios são as células do nosso cérebro). Estudaram a velocidade do impulso nervoso e algumas interessantes interligações dentro de suas capacidades de observação. Durante os tempos de guerra, estudaram as pessoas com graves sequelas e acidentes cerebrais e fizeram, a partir daí, belíssimas descobertas. Paul Broca, médico francês, revolucionou a ciência com a descoberta da localização do centro da fala no cérebro, intitulada e conhecida como área de Broca. No próximo capítulo, você verá ilustrações de onde fica essa área no cérebro humano. Renomados autores, filósofos, médicos, fisiologistas e neurologistas exploraram a natureza material do corpo e descobriram que havia relações entre os sentidos humanos e o sistema nervoso, ou seja, correlação entre o cérebro e as habilidades humanas. Vamos falar um pouco sobre essas descobertas. Em 1859, o cientista Charles Darwin causou um poderoso impacto sobre o estudo da inteligência com a sua Teoria da Evolução. Essa teoria fez surgir a estimulante possibilidade de a mente humana ter evoluído a partir de mentes mais primitivas. Darwin apresentou semelhanças no funcionamento mental dos homens e dos animais e fez cair por terra a separação entre animais e homens proposta dois séculos antes por Descartes. Com Darwin, o estudo do comportamento animal passou a ser considerado vital para a compreensão do comportamento humano. A teoria evolutiva provocou também uma mudança no objeto de estudo e no objetivo da psicologia. A obra de Darwin inspirou o debate que perdura até hoje: até que ponto a inteligência é advinda de herança genética ou poderia ser modificada pelas circunstâncias? A partir desses questionamentos temos a defesa e a discordância de filósofos, psicólogos, médicos, cientistas e estudiosos. Antes de debatermos de onde advém a inteligência, a pergunta é ainda mais básica: de onde viemos? Desde os tempos mais remotos indagamos sobre a origem dos seres vivos, incluindo a nós mesmos, e durante todo esse tempo sempre tivemos “respostas” na forma de fantasias, estórias fantásticas, mitológicas e recheadas de alegorias que foram transmitidas de geração em geração. Com o surgimento da filosofia e da razão tentou-se buscar respostas, mas essa “era de lucidez” racional foi por anos obscurecida pelas sombras da Idade Média e seus dogmas de fé baseados na antiga mitologia judaico-cristã. No Oriente Médio, boa parte dessa cultura racional sobreviveu disputando lugar com a crença na mitologia islâmica, e no Extremo Oriente, desde vinte e cinco séculos atrás, outro tipo de filosofia, mais mística, se espalhava, baseada no Hinduísmo, Taoísmo e Budismo. Só há pouco mais de duzentos e cinquenta anos outra área do potencial humano amadureceu e se consolidou: a ciência. A ciência nada mais é que a fusão da razão com a experimentação. Pensar, experimentar e alcançar o conhecimento prático de processos. É tão eficiente que seus resultados e materiais em menos de meio século foram muito mais marcantes do que as dezenas de milhares de anos de misticismo e magia. A ciência pode não ter algumas respostas para nossas indagações interiores, e com certeza não tem a chave da felicidade, mas ninguém pode negar que ela é muito eficaz em entender, explicar e controlar a natureza. A ciência também nos deu sua resposta para a grande pergunta sobre a origem da vida: a Teoria da Evolução. Não é de se admirar que essa explicação só tenha surgido há tão pouco tempo. Primeiro, porque não se mudam rapidamente centenas de milhares de anos de pensamento mitológico e, depois, porque essa questão realmente não é fácil de ser respondida, tanto por ter acontecido há muitos anos e por ninguém a ter presenciado. As primeiras descobertas trouxeram um forte quadro de resistência. O processo de elaboração de pensamento foi tomando corpo aos poucos, já que o evolucionismo apresenta uma resposta diferente daquelareferência que dominou toda a Idade Média, a Bíblia. A Ciência teve dificuldades para se estabelecer, enfrentando toda estrutura de repressão religiosa que até hoje não foi totalmente vencida. Afinal, como enfrentar o Mito da Criação? Algo do qual depende boa parte de toda a teologia cristã e suas diretrizes de comportamento. Até hoje é questionável, compreensível e complicado. Continua o trabalho árduo de vários pesquisadores, cientistas e filósofos, e encontramos respostas e evoluções na forma de se “pensar”, embora a teoria da evolução pareça ser a mais precisa explicação para a origem da vida. Enfim, o que são a Teoria da Evolução e o Evolucionismo3? O Evolucionismo não é produto de uma só pessoa, é o resultado inevitável de um processo de evolução científica. A Ciência lida com fatos explicáveis e controláveis, previsíveis e reproduzíveis. Só pode aceitar explicações que se baseiem em fenômenos comprovados e observáveis na natureza. Ninguém jamais viu algo surgir do nada, ou uma transformação tão radical quanto um organismo complexo como o humano surgir do barro. Isso não existe na natureza. Portanto, a explicação religiosa criacionista é inaceitável, no pensamento científico, mas completamente aceitável na crença e no coração dos fiéis e devotos a Cristo, o que precisa ser respeitado. A natureza e os seres humanos, lenta e progressivamente, nascem, crescem, e se desenvolvem até atingir a maturidade, e morrerem. Uma pequena semente se torna uma imensa árvore enquanto um aglomerado de células menores que a cabeça de um alfinete pode se tornar um grande animal. Sendo assim, a evolução está em tudo o que existe. É antes de tudo uma transformação, uma mudança lenta e gradual, desde o mundo físico até os processos sociais. Nada acontece sem ser resultado de estágios progressivos de evolução e é justamente aí que a Teoria da Evolução se torna base da Inteligência Relacional, já que o ser humano só se desenvolve através do contato com os outros. Isso veremos com mais detalhe nos próximos capítulos. Continuando no caminho da evolução, Darwin abriu campo para Galton, seu primo. Francis Galton, matemático, estatístico e antropólogo, defendia a herança da inteligência e seus aspectos eugênicos4. Galton acreditava que a raça humana poderia ser melhorada caso fossem evitados “cruzamentos indesejáveis”. O objetivo de Galton era incentivar o nascimento de indivíduos mais notáveis ou mais aptos para a sociedade e desencorajava o nascimento dos inaptos. Propôs o desenvolvimento de testes de inteligência para selecionar homens e mulheres brilhantes, destinados à reprodução seletiva. Os estudos e conclusões de Galton influenciaram fortemente a criação de métodos estatísticos. Foi ele quem deu origem ao conceito de testes de inteligência, elaborando a aplicação de testes em relação às habilidades motoras e à capacidade sensorial dos indivíduos. Estudou a diversidade e o tempo necessário para a produção de associações de ideias, complementações riquíssimas para a psicologia e para o processo de estudo das habilidades cognitivas (conhecimento). Dando continuidade a esse estudo, entre os séculos XIX e XX, um renomado estudioso francês teve grande impacto no desenvolvimento e avaliação das Inteligências: Jean Piaget (1896- 1980). Sua abordagem é construtivista, uma corrente teórica que procura explicar como a inteligência humana se desenvolve. Parte do pressuposto de que a inteligência é determinada pela ação mútua entre o indivíduo e o meio, ou seja, defende que o homem não nasce inteligente, mas também não fica passivo sob a influência do meio. Ele interage com o meio e por isso aprende e responde aos estímulos do meio ambiente e do meio social. Assim, constrói e organiza o seu próprio conhecimento através do contato com as pessoas com quem interage. Para isso, utiliza-se de um mecanismo autorregulatório que tem como base suas condições biológicas (inatas) ativadas pela interação do organismo com o meio ambiente. O estudo de Piaget foi o verdadeiro motor do desenvolvimento e do progresso intelectual humano. A partir dessa evolução histórica, acreditou-se durante boa parte do século XIX e XX que a Inteligência podia ser mensurada e comparada por meio de testes que estabeleciam numericamente o QI – Quociente de Inteligência. Isto é, media-se o grau de inteligência de uma pessoa a partir das suas competências numéricas, lógicas e racionais. Assim, deve-se destacar a imensa contribuição do psicólogo francês Alfred Binet e seus sucessores, que observaram e estudaram a inteligência com o objetivo de medi-la por meio de testes. Pouco depois, o alemão Wilhem Stern criou um sistema de pontuação padrão para medir o teste e lhe deu o nome de Intelligenz-Quotient, conhecidos como Avaliação do QI5. O fascínio de Binet pelo estudo da inteligência humana foi despertado com o desenvolvimento de suas filhas. Percebeu que a facilidade com que elas aprendiam e absorviam as informações variava de acordo com a quantidade de atenção que depositavam no assunto, o que reforça a seletividade da memória e como registramos as informações conforme o nosso nível de interesse em cada processo. Binet descobriu o teste de Francis Galton e resolveu realizar uma profunda pesquisa para avaliar as diferenças das habilidades em profissionais como matemáticos, escritores e artistas. Na sequência, aplicou testes e validou seus experimentos com mais de 50 crianças e tornou-se um pesquisador educacional. Passou a fazer parte da sociedade para o estudo da Psicologia Infantil e publicou vários artigos na época que ajudaram professores e profissionais de educação. Também contou com a colaboração de Theodore Simon e juntos criaram o que foi denominado Escala Binet-Simon. Essas escalas foram divididas por grau de dificuldade, o que facilitava a descoberta da “idade mental” da criança. De qualquer forma, a conclusão de Binet foi fantástica. Deixou claro que a inteligência atua num mundo de constante transformação e que cresce conforme a criança ou o ser humano se desenvolve, por isso não pode ser medida como comprimento ou volume, mas se pudesse ser acompanhada poderíamos ter uma noção mais completa da aptidão intelectual. Colaborou muito com a classificação das aptidões e permitiu, com a criação do teste de QI, alargar o conhecimento sobre a inteligência humana. Com o tempo, o teste de QI foi caindo em descrédito, pois de maneira notória, as pessoas mais inteligentes matematicamente, ou no estabelecimento de conexões numéricas e lógicas, nem sempre eram as mais bem-sucedidas ou as que alcançavam os melhores resultados no desempenho de seu trabalho ou na sua vida pessoal. A partir disso novas descobertas foram feitas. Lembre-se dos melhores alunos da sua sala de aula quando você era criança ou mesmo no ensino médio ou faculdade. Será que os mais estudiosos são hoje os mais bem-sucedidos, ou existem outras características que determinam o sucesso e os resultados? As pessoas que estudam bastante, ou que têm resultado alto em testes de QI, podem obter sucesso em várias áreas, principalmente as que exigem raciocínio lógico e estratégico, mas podem apresentar pouco conhecimento em áreas que exigem desembaraço, flexibilidade, facilidade de contato ou persuasão. Isso não é uma regra, há pessoas com alto QI que também são inteligentes emocionais e relacionais, mas o que vamos mostrar aqui é que as pessoas podem apresentar tendências, facilidades e dificuldades em áreas distintas. Da mesma forma que algumas pessoas com alta Inteligência Emocional (IE) ou alta Inteligência Relacional (IR) podem apresentar baixo potencial nas escalas de QI (quociente de inteligência). Dificilmente apresentamos potencial alto em todas as áreas ou competências. Além do mais, a tendência é que o ser humano desenvolva mais as inteligências e habilidades que são exigidas no seu dia a dia, no trabalho ou mesmo as que estão atreladas aos seus talentos naturais. É muito comum também desenvolverem as que gostam mais, como ler, escrever, fazer música, por exemplo,ou que utilizam com mais frequência. O que quero ressaltar aqui é que cada um tem suas próprias habilidades e dificuldades, e o desempenho delas vai favorecer ou dificultar os resultados em sua atuação profissional e na sua vida pessoal. Sabe-se que para ter sucesso em uma organização, por exemplo, ou para ser um alto potencial (high potencial), o profissional precisa ter um desempenho acima da média. Desempenhar significa fazer, mostrar, colocar em prática aquilo que a pessoa diz saber ou conhecer. Um profissional considerado um “alto potencial” faz algo de forma surpreendente, mais rápido ou superior às pessoas que parecem ter o mesmo conhecimento, mas não se destacam tão bem no mesmo cenário ou circunstância. O conceito de competências, que citamos acima, foi nomeado pelos RHs (áreas de recursos humanos) com uso do acróstico: CHA – que nada mais é do que a soma de: Conhecimento – o que aprendemos/informações, Habilidades – o que as pessoas mostram facilidade para fazer/talento. Atitudes – o que é colocado em prática/ação. Esses três pilares definem o conceito de competência e juntos mostram o desempenho de um profissional. De nada adianta termos habilidade e conhecimento se não temos atitude para colocar em prática e também de nada vale termos atitude sem conhecimento e habilidade. Vale lembrar que atitude sem conhecimento é risco e irresponsabilidade. As pessoas com muita atitude e pouco conhecimento tendem a sair por aí fazendo absurdos e agindo de forma inconsequente. Atitude é fundamental, mas deve sempre vir temperada com conhecimento e habilidade. Em função desses princípios, o conceito de sucesso vem mudando nos últimos anos. Psicólogos, estudiosos e pesquisadores perceberam que algumas pessoas podem obter resultados baixos nos testes de QI ou de raciocínio lógico, mas podem ter sucesso na conexão pessoal, emocional e relacional. Essas habilidades favorecem o desempenho e a forma como alcançam objetivos e resultados em suas vidas. Da mesma maneira, pessoas muito inteligentes, como doutores, pesquisadores, cientistas e professores universitários, nem sempre obtêm sucesso profissional ou pessoal, apesar de seu vasto conhecimento teórico sobre determinado tema ou assunto. Muitas vezes são reconhecidos no mundo acadêmico ou na região onde vivem, mas nem sempre conseguem se destacar ou ganhar dinheiro com seu conhecimento ou suas criações. Então, lanço algumas perguntas desafiadoras que me proponho a responder no decorrer deste livro: que características determinam o sucesso? Como podemos usar as nossas inteligências e habilidades para chegar aonde pretendemos? Como podemos nos tornar mais inteligentes nos nossos relacionamentos e com isso ter uma vida melhor e mais feliz? Venho estudando e descobrindo respostas para essas questões há mais de vinte anos. Avaliei mais de quatro mil perfis profissionais com a utilização de um dos mais renomados perfis de avaliação do mundo, o Perfil Caliper – instrumento de assessment (avaliação), que avalia a capacidade de raciocínio abstrato (conhecimento lógico-matemático), habilidades, atitudes e comportamentos voltados para o mundo do trabalho. Descobri, com isso, uma correlação entre traços de personalidade que podem favorecer ou comprometer a procura por sucesso e por resultados nos diversos âmbitos da vida pessoal e profissional. Além das habilidades pessoais, precisamos entender o que é considerado sucesso. Existem diferentes significados para a palavra sucesso, dependendo muito dos níveis de cobrança, exigência e desejos de cada um. O que é ser bem-sucedido para uma pessoa pode não ser para outra. Não devemos nos limitar às conquistas profissionais. A descoberta das nossas inteligências e habilidades traz muito sucesso na vida pessoal. É possível obter ganhos em muitas áreas, e veremos que esses ganhos podem ser aprimorados, favorecidos e desenvolvidos também através do contato com as pessoas com quem convivemos e nos relacionamos. Afinal, por que algumas pessoas que obtêm sucesso na vida e se mostram determinadas, disciplinadas ou incrivelmente persistentes foram consideradas pessoas “limitadas” pelos testes de QI? Compor uma sinfonia, recitar um poema, ministrar uma palestra encantadora, convencer uma plateia exigente ou ganhar uma partida de tênis utilizam o mesmo tipo de inteligência? Como e por que essas pessoas conseguem obter tanto sucesso em diferentes áreas? Que habilidades e inteligências são importantes, por exemplo, para mantermos bons relacionamentos interpessoais? A resposta começa a ser delineada quando estudamos os vários tipos de inteligência. Quando o ser humano vivencia experiências relacionadas a sua mais alta inteligência (inteligência pura ou talento), ele geralmente sofre uma forte reação emocional, capaz de transformar sua vida e levá-la ao alto desempenho. Você já deve ter visto crianças que, por exemplo, ao ouvir um violino ou uma orquestra sinfônica se emocionam. Ou que, de repente, mal aprendem a ler e entonam um texto com tal expressividade que surpreende a todos. Estamos falando de Inteligências naturais? 2. Introspecção - ato pelo qual o sujeito observa os conteúdos de seus estados mentais com consciência deles. Dentre eles destacam-se crenças, imagens mentais, memórias (visuais, auditivas, olfativas, sonoras, táteis), as intenções, as emoções e o conteúdo do pensamento em geral (conceitos, raciocínios, associações de ideias). https://goo.gl/yyU6dq 3. Teoria da evolução: https://goo.gl/z8sdY3 4. Eugenia - termo criado em 1883 por Francis Galton, significando “bem nascido”. Galton definiu eugenia como “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente”. O tema é bastante controverso, particularmente após o surgimento da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de “pureza racial”, a qual culminou no Holocausto. Fonte: https://goo.gl/yGRGgf 5. QI – Quociente de inteligência: medida padronizada obtida por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas, a inteligência de um sujeito. Expressão do nível de habilidade de um indivíduo num determinado momento em relação ao padrão (ou normas) comum à sua faixa etária. Capítulo 2 Quais as inteligências mais conhecidas e como podemos desenvolvê-las Certo dia, fui visitar uma amiga que tinha ganhado bebê. A criança era linda, mas o que me chamou mesmo a atenção foi seu filho de três anos que, enquanto conversávamos, imitava ser um maestro ao ouvir a música clássica que envolvia o ambiente. Ele interpretava aquela música com tanta emoção que seu corpo inteiro parecia flutuar, completamente envolto em uma atmosfera diferente daquela em que estávamos. Ele não estava ali. Sua mente parecia estar distante e sua expressão facial era suave, encantadora. Já havia estudado as diferentes inteligências nesta época e pela observação dessas situações, tive certeza de que nascemos mesmo com algumas predisposições para determinadas inteligências e que certamente não existe um único tipo ou forma de inteligência. No início da década de 1980, estudiosos da Universidade de Harvard, liderados pelo psicólogo Howard Gardner, apresentaram uma revolucionária pesquisa, denominada inteligências múltiplas. Esse estudo identifica e descreve didaticamente sete tipos de inteligências possíveis de serem encontradas nos seres humanos. Essa forma de demonstrar as inteligências revolucionou e obteve um eco gigantesco no campo da educação. Você vai conhecer quais são essas inteligências e vai poder identificar pessoas e personalidades conhecidas que possuem esses tipos de inteligência. Segundo Gardner, a inteligência “pura” aparece no primeiro ano de vida, mas nem sempre é fácil de ser percebida. Embora as crianças mostrem qual é a sua área de interesse desde pequenas, os prodígios e o aparecimento precoce das inteligências não são comuns. Podemos observar quando algumas crianças desde cedo gostam de música ou escrevem e desenhamantes ou melhor que outras. Algumas mostram uma capacidade espacial acima da média, montando blocos lógicos com facilidade, mas o desempenho maduro, geralmente, vem com o tempo. Apesar de as pessoas apresentarem mais facilidade para desempenhar algumas tarefas do que outras, a excelência vem com o treino e o desenvolvimento da habilidade que possuem de forma inata, ou seja, mesmo que alguém nasça com uma inteligência natural (voltada para a música, como exemplifiquei), se não desenvolver ou treinar, pode ser que nunca se torne um expert ou um excelente músico. Por isso a atenção às habilidades dos nossos filhos e das pessoas com quem convivemos, e a estimulação destas, são fundamentais. Nesse momento se inicia a nossa responsabilidade como pais, educadores, líderes ou facilitadores de um brilhante processo de aprendizado e desenvolvimento. É importante lembrar que o bom desempenho em uma área não implica da realização talentosa em outra, mas é bem comum apresentarmos e desenvolvermos mais de uma inteligência, no decorrer da vida, sendo elas complementares ou não. De forma interessante, vamos ver cada uma dessas inteligências estudadas pela equipe de Gardner e como podemos identificá-las e desenvolvê-las em nós mesmos, em nossos filhos e na nossa equipe de trabalho. 1. Inteligência Lógico-matemática – pessoas com esse perfil de inteligência geralmente apresentam uma alta capacidade estratégica, raciocínio abstrato, fácil memorização e um grande talento para lidar com cálculos numéricos, matemáticos e com a lógica de modo geral. Elas têm facilidade para encontrar solução para problemas complexos e capacidade para dividi-los em “subproblemas” a fim de resolvê-los até chegar à resposta final. Sentem-se motivadas pelo desafio de investigar soluções complexas e podem desenvolver fórmulas matemáticas ou resoluções diferentes para um problema. Essas pessoas geralmente organizam suas coisas por tamanho, cores ou procuram por alguma forma de classificação. Tendem também a manter a atenção e a disciplina em atividades que exigem concentração a detalhes. Essa inteligência é muitas vezes encontrada em engenheiros, líderes estratégicos, financistas, contadores, matemáticos, desenvolvedores de jogos e sistemas e outros profissionais que gostam desse tipo de desafio intelectual. Na década de 1980, acreditava-se que a inteligência lógico- matemática estava fortemente relacionada ao lado esquerdo do cérebro e que existia uma dominância cerebral para as inteligências. No entanto, as novas descobertas neurofisiológicas, ainda em franca evolução, estão trazendo inovações. Alguns autores já defendem que a atividade dos neurônios (nome que se dá à célula do sistema nervoso responsável pela transmissão de sinais químicos e elétricos no cérebro) é sempre probabilística, ou seja, pode mudar. Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro da Universidade Duke (EUA), defende que nem sempre os mesmos neurônios produzem a mesma ação. Sendo assim, a atividade cerebral flutua. Se essa observação se confirmar em outros estudos, o neurocientista diz que será preciso derrubar de vez a ideia de hemisférios especializados em determinada área, porque eles podem mudar ou refazer seus caminhos6. Cientistas da Universidade de Utah (EUA) estão desacreditando a teoria de que há diferenças entre as pessoas de acordo com o desenvolvimento dos lados do cérebro. Até há pouco tempo, acreditava-se que as pessoas lógicas, metodológicas e analíticas possuíam o lado esquerdo do cérebro dominante, enquanto os criativos e artísticos têm o lado direito mais desenvolvido. O problema é que a ciência nunca conseguiu comprovar essa noção. Esses novos cientistas estão desmistificando de vez essa ideia com uma análise de mais de 1.000 cérebros. Eles não encontraram nenhuma evidência de que as pessoas preferencialmente utilizam a parte esquerda ou direita do cérebro. Todos os participantes do estudo – e, sem dúvida, os cientistas – estavam usando todo o seu cérebro da mesma forma, durante todo o curso do experimento7. Alguns exemplos de pessoas famosas com essa habilidade foram: Albert Einstein, Pitágoras, Platão, Tales de Mileto, entre outros. No Brasil, destacamos Benjamin Constant, engenheiro militar e doutor em Matemática que construiu pontes, trincheiras e desenhou mapas que contribuíram para planejar estrategicamente ações militares. Também o matemático Oswald de Souza, que se tornou conhecido a partir da década de 70 quando calculava a probabilidade de acertos na loteria esportiva no programa Fantástico da Rede Globo. Existem profissionais magníficos nesta área, inclusive os que desenvolvem sistemas e aplicativos para smartphones e computadores. São exemplos de pessoas que apresentam rapidez de raciocínio na forma como perseguem a solução para seus problemas e lidam com muitas variáveis numéricas e lógicas ao mesmo tempo. Esses indivíduos parecem capazes de criar numerosas hipóteses que podem ser avaliadas e depois aceitas ou rejeitadas, mas fazem tentativas incríveis. Você já obteve resultados favoráveis usando esse tipo de inteligência ou conhece pessoas que são capazes de correlacionar e fazer diferentes e surpreendentes análises? Existem pessoas com essa habilidade próximas a você ou na sua equipe de trabalho? Fique atento, uma série de benefícios e resultados pode surgir no desenvolvimento de planos e soluções estratégicas e inovadoras, se você souber captar e fazer um bom uso dessa habilidade. Eis algumas formas lúdicas de desenvolver essa inteligência: jogos com graus de dificuldade variados, como xadrez, sudoku, jogos de computador ou videogames, em que você é desafiado a pensar e conquistar novas fases; materiais manipulativos (quebra- cabeças e brinquedos de montar), categorização de fatos e de informação, muito comuns em brinquedos com letras e números, associação de fatos e figuras, analogias, experiências laboratoriais, jogos de memória e o desdobramento de mapas. 2. Inteligência Linguística – caracteriza-se pelo domínio e gosto especial pelas palavras, sentenças, frases e pelo desejo de explorá-las. As pessoas que possuem este tipo de inteligência geralmente apresentam facilidade para se expressar e se comunicar, tanto verbalmente quanto na forma escrita. Muitas vezes apreciam aprender idiomas ou linguagens com símbolos. Mostram grande expressividade no momento de se comunicar e podem usar a linguagem para convencer, persuadir, agradar, estimular ou transmitir ideias de forma clara. Podem apresentar um alto grau de atenção e sensibilidade para entender pontos de vista alheios, o que demonstra empatia. É predominante em poetas, escritores, linguistas, jornalistas, professores e consultores. Gardner destaca também que a inteligência linguística é uma das inteligências mais comuns, porque usamos a escrita e a leitura com certa frequência, somos comunicadores e estimulamos essa área diariamente. No capítulo 1 falamos sobre Paul Broca, que descobriu onde fica localizado o centro da fala, por isso essa região foi batizada com seu nome, “centro de broca”, área do cérebro responsável pela produção de sentenças gramaticais, região especial no córtex pré- frontal que contém um circuito necessário para a formação da palavra. Esta área está localizada parcialmente no córtex pré-frontal postero-lateralmente e parcialmente na área pré-motora, mais predominante no lado direito do cérebro. É onde ocorre o planejamento dos padrões motores para a expressão de palavras individuais. Uma pessoa com lesão nesta área pode ser capaz de compreender palavras e frases simples, mas tem dificuldade de juntá-las e conectá-las, dificultando a formação de frases e de ideias mais complexas. O estudo dos prejuízos adquiridos da linguagem, as afasias, passou a se relacionar com a investigação do comportamento neurofisiológico natural da linguagem, por técnicas de imagem e do aprimoramento no estudo dos potenciais bioelétricos do tecido cerebral. Os estudos iniciais das afasias revelaram que os danos em duas áreas corticais estavam associados a prejuízosimportantes e nitidamente distintos da linguagem, nas áreas descobertas por Broca e Wernicke. A área de Wernicke é uma região do cérebro humano responsável pelo conhecimento, interpretação e associação das informações, mais especificamente a compreensão da linguagem. Graves danos na área de Wernicke podem fazer com que uma pessoa que escuta perfeitamente e reconhece bem as palavras seja incapaz de agrupar estas palavras para formar um pensamento coerente, caracterizando doença conhecida como afasia de Wernicke. A descoberta dessas áreas trouxe ganhos riquíssimos para o estudo das habilidades e das inteligências8. Enquanto a motricidade (ação da comunicação) acontece na área de Broca, na área de Wernicke acontece a compreensão do que os outros dizem e que dá ao indivíduo a possibilidade de organizar as palavras de forma sintaticamente correta, um papel muito importante na produção de discurso. Essa zona é onde convergem os lobos occipital, temporal e parietal (são as três áreas do cérebro, que se localizam na parte posterior, na lateral ou na parte superior do cérebro), chamada de Fascículo Arqueado ou Arcuato. Localização: porção posterior do Giro Temporal Superior do Córtex Cerebral. A área de Wernicke recebe o nome em homenagem a Karl Wernicke, um neurologista e psiquiatra alemão que descobriu e estudou essa área do cérebro. Alguns grandes e conhecidos profissionais que se destacam com a Inteligência Linguística são: Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, grandes intelectuais e escritores franceses que revolucionaram a filosofia contemporânea. Em especial, destaca-se a obra e vida de Simone de Beauvoir, precursora de seu tempo em sua gênese feminista. Revolucionou uma época e conquistou seu espaço no fechado mundo intelectual masculino, escrevendo de forma sublime e impecável sobre militância socialista e o mundo feminino. Destacam-se, ainda, alguns grandes escritores, compositores e poetas brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Luís Fernando Veríssimo, Mário Quintana, entre outros. Pessoas que, com suas habilidades específicas, contribuíram de forma memorável para a cultura linguística do nosso país e demonstraram uma inteligência linguística acima da média. Eis algumas formas lúdicas para desenvolver essa inteligência: invista em atividades como desenho, pintura, escrita, leitura, jogos e associações com palavras e letras, palavras cruzadas, caça- palavras etc. Se quiser saber mais sobre atividades dirigidas para crianças, pesquise sobre os melhores brinquedos para cada idade e fase, pois essas mesmas atividades podem variar entre mais fáceis ou mais complexas de acordo com cada idade. Como pai, estimule desde cedo que as crianças tenham seus próprios diários, cadernos de anotações ou agendas, onde possam vivenciar a melhor forma de relatar suas experiências. Quando maiores podem ter uma pasta ou arquivo em seu computador, tablet ou celular, onde podem contar tudo o que acontece com eles na escola, nas festas, nos intervalos de aula ou nos momentos de maior alegria ou tristeza. É costume em muitas culturas contar histórias para crianças e elas ajudam a desenvolver a inteligência linguística. Melhor ainda é quando as próprias crianças são capazes de contar suas histórias de forma original, muitas vezes com clareza e riqueza de detalhes, relatando suas experiências com graça e precisão. Aproveite quando a criança começa a descrever seu dia de forma rica, cronológica e detalhada, e, se você se enche de orgulho com a forma como seu filho ou outras crianças da família se comunicam, fique atento, essa pode ser sua inteligência mais relevante. É possível também estimular idosos, portadores de Alzheimer ou pessoas com outras debilidades que envolvam a perda neurológica da linguagem, para que se sintam estimulados a continuar exercitando partes do cérebro que não devem entrar em desuso e são importantes para manter a comunicação e a conexão com o mundo. 3. Inteligência Musical – essa inteligência é identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais, escutando e discernindo sons. Pessoas com este perfil de inteligência têm uma grande facilidade para, ao escutar uma música, identificar diferentes padrões, ritmos, timbres e notas musicais. São capazes de ouvir e processar sons com certa facilidade e podem, também, criar músicas e harmonias inéditas. Pessoas com este perfil parecem “enxergar” através dos sons. Muitas vezes mostram-se capazes de aprender a tocar instrumentos musicais sozinhas. Este é um tipo de inteligência fortemente relacionado à criatividade. Essa característica geralmente está associada a outras inteligências, como a linguística, espacial ou corporal-cinestésica. É predominante em músicos, compositores, maestros e críticos de música. É considerado um tipo mais raro de inteligência. Essa inteligência pode ser identificada logo cedo, e é importante ficar atento às crianças que tendem a cantar para si mesmas. Elas também se mantêm atentas a sons diferentes do ambiente. Podem aprender a tocar um instrumento musical com facilidade, inclusive sozinhas. Essa inteligência é uma das mais fortes para comprovar que parece mesmo existir uma influência biológica, genética ou hereditária no aprendizado, ou seja, podemos nascer com algumas predisposições a aprender. As pesquisas sobre esse tema continuam em franca expansão, algumas sérias experiências já comprovam que a música tem ajudado crianças autistas (o autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social). O comportamento autista é exteriorizado pela pobreza de contato visual e interação emocional com outras pessoas, prejuízo na fala, estereotipias, obsessão por rotinas e fascinação por determinados objetos (Gadia et. al., 2004). Essas crianças com graves comprometimentos emocionais e incapacidade de fazer vínculos, nem mesmo com a mãe, se mostram capazes de tocar instrumentos musicais de forma admirável. A musicoterapia (terapia que usa a música e seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – para a reabilitação física, mental e social) tem uma longa tradição no transtorno autista, e há muitos relatos na literatura sugerindo que pode ser usada para melhorar as habilidades de comunicação social, como iniciar e responder a atos comunicativos (Geretsegger et. al., 2012). Estímulos musicais têm sido responsáveis por ativar regiões do cérebro associadas ao processamento de emoções (Wan; Schlaug, 2010). Pesquisas em psicologia da música enfatizaram a natureza intensamente social das atividades musicais, que proporcionam interação com outras pessoas e participação em atividades que podem facilitar o convívio social e a aquisição de linguagem e de habilidades motoras. Por esse motivo, atividades musicais são constantemente usadas no tratamento de autistas, podendo assim justificar o potencial da música como instrumento terapêutico e educacional (Molnar- Szakacs et. al., 2009)9. Alguns estudiosos acreditam que a capacidade musical, ao contrário da linguística e matemática, concentra-se mais no hemisfério direito do cérebro, embora, como falamos, existam vários questionamentos em relação às áreas de dominância cerebral. Alguns grandes e conhecidos profissionais com esse tipo de Inteligência apresentam uma particularidade: começaram muito cedo a desenvolvê-la. Músicos e compositores como Mozart, Beethoven, Bach e Ravel iniciaram, respectivamente, suas vidas musicais aos 5, 6, 7 e 8 anos de idade. O mesmo acontece com grandes cantores e compositores brasileiros. Chico Buarque de Hollanda, aos cinco anos de idade, materializou seu primeiro interesse pela música, montando um álbum de recortes com fotos de cantores do rádio. Não parou nunca mais de compor e cantar. Roberto Carlos, ainda criança, aprendeu a tocar violão e piano, e assim foi com Djavan, Noel Rosa e outros grandes compositores e músicos que marcaram época e ainda emocionam com suas melodias e composições. Formaslúdicas de desenvolver essa inteligência: utilize todos os tipos de brinquedos musicais, desde chocalhos até minibaterias (os pais não gostam muito, mas as crianças adoram!), violão, guitarra, pianinho, etc. Escutar música na gravidez também é uma ótima opção. Estudiosos defendem que a mãe se acalma e consequentemente o bebê fica tranquilo também. As músicas clássicas ou mais tranquilas são as mais indicadas, mas outros estilos também podem estimular a inteligência musical. Lembre-se de que algumas músicas podem deixar tanto a mamãe como o bebê mais agitados, por isso não são indicadas. Leve as crianças desde pequenas a shows e concertos musicais que sejam permitidos e seguros para elas10. 4. Inteligência Espacial – pessoas com este perfil de inteligência têm uma enorme facilidade para criar, imaginar e desenhar imagens multidimensionais. Elas se expressam pela capacidade de compreender o mundo visual com precisão, permitindo transformar, modificar e recriar percepções e experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos, sem ter que olhar para desenhos, imagens ou objetos. Acredita-se que o hemisfério direito é o local mais crucial do processamento espacial. As pessoas com essa inteligência geralmente têm um enorme talento para as artes gráficas ou pensamentos que envolvam relações multidimensionais e abstratas. Apresentam como principais características a criatividade e a sensibilidade, sendo capazes de imaginar, criar e enxergar coisas que quem não tem esse tipo de inteligência sente muita dificuldade em executar. Essa inteligência é predominante em arquitetos, artistas, escultores, desenhistas, geógrafos, navegadores, cientistas e inventores. Um conhecido profissional com esse tipo de Inteligência no mundo é Roger L. Easton, cientista americano e o principal inventor do Sistema de Posicionamento Global (GPS – Global Positioning System). Um exímio inventor que, com esse perfil de inteligência, revolucionou a localização espacial e trouxe facilidade para a vida de milhões de pessoas no mundo todo. O sistema foi projetado para permitir o lançamento de mísseis americanos durante a Guerra Fria. O sistema deu tão certo que hoje é utilizado não apenas pelo exército, mas por vários meios de locomoção como navios, caminhões, ônibus e carros comuns. Hoje, inclusive, acoplado nos celulares/smartphones para orientação geográfica e de rota. A partir do GPS outros sistemas deverão ser lançados dentro dos próximos anos, por alguma outra pessoa que apresente forte inteligência espacial. Formas lúdicas de desenvolver essa inteligência: desenhar e pintar em papéis sem linha, sem espaço delimitado. Brincar de descobrir a forma dos objetos sem poder vê-los. Existe uma brincadeira de que as crianças gostam muito: com os olhos vendados, procurar, tatear procurando por objetos (dentro de alguma caixa ou sacola) e descrevê-los sem enxergá-los. Primeiro, descrevem o que estão percebendo, se o objeto é redondo, quadrado, frio, quente, etc. Devem enumerar o maior número possível de detalhes. Depois “arriscam” dizer qual é o objeto. Dentro do saco (ou caixa) pode ter uma variedade enorme de objetos, como chaves, fone de ouvido, bolinha de gude, caneta, carrinhos de brinquedo, panelinhas, etc. Brincadeiras como essas são divertidas e ajudam muito a desenvolver o cérebro e a inteligência espacial. Brincar de andar no escuro, ou de “gato mia” (procurar as pessoas no escuro, com os olhos vendados, sem poder enxergá-las) também ajudam o desenvolvimento dessa inteligência. 5. Inteligência Corporal- cenestésica ou motora – pessoas com este tipo de inteligência possuem um grande talento e facilidade para controlar o corpo e orquestrar atividades corporais. Conseguem fazer uso da expressão corporal e geralmente têm uma noção admirável de espaço, flexibilidade, distância e profundidade. Geralmente são capazes de realizar movimentos complexos e graciosos ou que exijam força, com enorme precisão e facilidade. A parte do cérebro relacionada a essa inteligência alcançaria o cerebelo, gânglios e o córtex pré-frontal motor, que integra os impulsos motores no tempo, permitindo a criação de movimentos habilidosos e voluntários do corpo. É um dos tipos de inteligência diretamente relacionada à coordenação e capacidade motoras. Ela está presente em esportistas olímpicos, bailarinos, ginastas, atletas de alta performance, artistas circenses e entre aqueles que praticam outros movimentos que exigem controle do corpo. Alguns grandes e conhecidos profissionais com esse tipo de inteligência, no mundo, são os bailarinos do Cirque du Soleil. É nítida a capacidade corporal que os atores apresentam. A facilidade que demonstram ao se locomover, pular grandes alturas e sua elasticidade é simplesmente fascinante aos olhos humanos. Claro que também é fruto de muito treinamento, mas para chegar àquela quase perfeição eles certamente apresentam alta inteligência cenestésica. Alguns grandes atletas brasileiros merecem destaque, como nossos craques de futebol Pelé, Ronaldo Gaúcho, Ronaldinho, Neymar, entre outros. Os irmãos Hypólito (Daniele e Diego) da ginástica olímpica e demais bailarinos e atletas olímpicos do Brasil e do mundo. Essa capacidade também pode ser vista em cirurgiões, médicos e dentistas, pois denota acuidade manual precisa. Eis algumas formas lúdicas de desenvolver essa inteligência: todas as atividades que estimulem o movimento corporal, inclusive jogos com bola, como caçador, futebol, handebol, basquete, tênis ou vôlei. Outras possibilidades incluem ainda polo aquático, dança, ginástica rítmica ou artística, balé, judô, natação ou qualquer outra atividade que exija atenção aos movimentos corporais, como mímica ou jogos como “Imagem & Ação” (onde os jogadores descobrem o nome de músicas através do uso da mímica) e jogos de diversão similares a este. 6. Inteligência Interpessoal – Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade para entender e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas. A inteligência interpessoal é expressa pela habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Por essa razão, é um tipo de inteligência ligada à capacidade natural de liderar, pois mostra a facilidade em entender o que as pessoas trabalham com outras, como pensam, sentem e desejam, e o que as motiva, ao que, hoje, chamamos de empatia. Pessoas com esse perfil de inteligência são extremamente ativas e, em geral, causam grande admiração nos outros. São líderes capazes de identificar as qualidades das pessoas e extrair o melhor delas, organizando equipes e coordenando trabalho em conjunto, além de reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Está mais desenvolvida em escritores, psicoterapeutas, coaches, conselheiros, padres, pastores, mentores, líderes natos, vendedores bem- sucedidos, políticos, religiosos, professores, etc. As pesquisas sobre as atividades cerebrais sugerem que os lobos frontais desempenham um papel importante na sabedoria interpessoal. Alguns estudos relatam que danos nesta área pode provocar profundas mudanças de comportamento no indivíduo lesionado. Um renomado profissional com esse tipo de Inteligência é Daniel Goleman, criador e autor de best-sellers mundiais, como Inteligência emocional. Trata-se de uma tese científica que apresenta uma visão admirável do conhecimento humano. O autor busca a ciência como guia da mente humana e, sem fórmulas mágicas, revela como conhecimentos científicos e as emoções podem efetivamente atuar na transformação do homem. Utilizaremos conceitos interessantes e consistentes desse autor, no decorrer do livro, pois sua teoria é uma grande fonte de inspiração e informação. Goleman demonstra como a incapacidade de lidar com as próprias emoções e a dos outros pode destruir vidas e acabar com carreiras promissoras. Apresenta uma forma de explicar como o controle da emoção pode trazer mais equilíbrio às pessoas. Formas lúdicas para desenvolver essa inteligência: uma forma interessante de desenvolvê-la é ater-se
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