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e-Book 1 SUSANA DA SILVA CAMPOS REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 NORMAS TÉCNICAS ABNT PARA DESENHO TÉCNICO ��������������������������������������� 5 Normas elementares relacionadas à desenho técnico e projeto ��������������������������������������������������������������������������������� 6 CALIGRAFIA TÉCNICA ���������������������������������13 Execução de legendas �������������������������������������������������������� 16 Execução de carimbos ������������������������������������������������������� 17 Execução de tabelas ����������������������������������������������������������� 17 CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS ������������������19 Construções Geométricas Básicas ���������������������������������� 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������38 3 INTRODUÇÃO Iniciaremos os estudos da disciplina Representa- ção Gráfica Bidimensional. Nela vamos conhecer teoria, métodos e técnicas necessários a este tipo de representação� O desenho como forma de expressão dos povos sempre foi utilizado como meio para descrever problemas e apontar soluções, funcionando também como registro histórico de pessoas e lugares� O termo “desenho” traz consigo um conteúdo se- mântico extraordinário. Este conteúdo equipara-se a um espelho onde se reflete todo o lidar com a arte e a técnica no correr da história� É o método da linguística; do “‘neo-humanismo’ filológico e plástico, que simplesmente se inicia, mas pode vir a ser uma das formas novas de reflexão moderna sobre as atividades superiores da sociedade”. Parte do texto da Aula Inaugural pronunciada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP por João Batista Vilanova Artigas, em 1 de março de 1967� Reedição da publicação do Centro de Estu- dos Brasileiros do Grêmio da FAU-USP, em 1975. O assunto a ser abordado nessa disciplina contem- pla técnicas e métodos utilizados na representação bidimensional de um objeto a ser descrito, podendo este ser um edifício, um produto, uma peça, uma 4 vestimenta e até mesmo retratando elementos e indivíduos presentes no ambiente que nos cerca. Iniciamos a disciplina com o estudo das normas técnicas ABNT aplicáveis ao Desenho, que definem padrões para execução destes, como, por exemplo, tipos de linha utilizadas para a representação de partes específicas do desenho, forma de apresenta- ção das cotas e espessuras de linha, entre outros� A caligrafia técnica é um complemento importante ao desenho, utilizada para nomear suas partes, executar indicações de detalhes e informar a que se refere o desenho� Estas e outras anotações em desenho auxiliam no seu entendimento e tornam claro o que se está querendo representar. O domínio sobre as aplicações possíveis de dese- nhos como ferramenta de descrição de elementos físicos requer aplicar técnicas e métodos para este fim, e isso se dá através da criação de construções geométricas elementares que são a base de todo desenho� 5 NORMAS TÉCNICAS ABNT PARA DESENHO TÉCNICO Normas técnicas são um conjunto de especifica- ções que regem um determinado assunto. Devem servir de referência e serem seguidas à risca para que não interfiram no exato entendimento de um projeto e sua respectiva aprovação junto aos ór- gãos competentes� As normas descritas a seguir formam o conjunto de especificações vigentes e devem ser utilizadas na correta execução de desenhos técnicos, não sendo passíveis de interpretações. O objetivo da execução de todo desenho técnico é ser exato, comunicar com precisão cada uma das partes de um projeto, não deixando de descrever nenhuma delas, em escala apropriada e contendo as informações necessárias para a correta execu- ção do edifício/objeto� Representação em desenho técnico é do que tratam as normas a seguir, que definem os elementos grá- ficos que constam em um desenho desta natureza e a forma correta de executá-los� Folhas de projeto e seu leiaute são o suporte para o desenho/projeto e tem suas dimensões e confi- guração definidas na norma. 6 Cotagem de desenho obedece a padrões específicos objetivando correta disposição de seus elementos e sua proporção� Apresentação da folha de projeto refere-se à dis- posição de cada elemento em seu espaço� Dobramento de cópia especifica como executá-lo em cada um dos formatos de folha� Hachuras são elementos que representam os materiais em corte e também em vistas com o objetivo de retratá-los. A representação de projetos de arquitetura é espe- cífica para esta disciplina e define a forma correta para descrever cada parte do projeto, visibilidade com relação ao ponto de vista etc., e diretrizes para execução de cada vista do projeto. Aplicação, tipos e larguras de linhas são próprias para cada parte do desenho e sua posição no todo� NORMAS ELEMENTARES RELACIONADAS À DESENHO TÉCNICO E PROJETO NBR 10067: Representação em Desenho Técnico Norma em destaque para execução de desenhos técnicos da ABNT. Ela define objetos de um projeto 7 e indica como as representações técnicas devem ser executadas na prática� Além dessa, temos as NBR 8402, NBR 8403 e NBR 12298, que a complementam. NBR 10068: Folha de Desenho – Leiaute e Dimensões Padroniza as configurações dimensionais das folhas de projeto em branco e das pré-impressas, devendo ser aplicadas a todos os desenhos técnicos� Detalha os seguintes itens: y Folha; y Margem; y Quadro; y Marcas de centro; y Marcas de corte; y Posição e dimensão de legendas e similares� NBR 10126: Cotagem de Desenho Técnico Se refere ao modo de representação gráfica das cotas no desenho, segundo os seguintes itens: y Símbolos; y Notas; y Valor numérico sob medida; y Linhas� y Elementos de uma cota; y Números que correspondem às dimensões; 8 y Linhas de cota – traços contínuos paralelos ao desenho que contêm as cotas; y Linhas de chamada – traços contínuos per- pendiculares às linhas de cotas; y Pontos ou traços – marcam o início e o fim da dimensão a ser cotada� NBR 10582: Apresentação da Folha para Desenho Norma referente à localização e disposição do espaço para desenho, texto e legenda na folha de projeto� Orienta o arquiteto, designer ou projetista a com- preender como os espaços numa folha devem ser preenchidos� NBR 13142: Dobramento de Cópia Especifica os seguintes itens com relação ao do- bramento de desenhos: y O formato final do dobramento de cópias de desenhos formatos A0, A1, A2 e A3 deve ser o formato A4; y As dimensões do formato A4 devem ser con- forme a NBR 10068; y Ao dobrar as cópias, as legendas devem estar visíveis; y A dobra deve ser feita exclusivamente a partir do lado direito em dobras verticais. 9 2.1.6 NBR 12298: Como Usar Hachuras Define o uso de efeitos de tons e sombras traba- lhando com linhas, na representação de desenhos de corte� NBR 6492/94: Representação dos Projetos de Arquitetura Trata dos padrões para representação gráfica dos projetos, sendo necessário também consultar a NBR 10068� A norma 6492 define os parâmetros necessários para a execução de desenhos e a leitura dos ele- mentos em uma planta� Por exemplo, ao executar uma linha tracejada para representar algo em projeção, esta linha pode ser exibida continuamente no desenho ou vir a repre- sentar outro elemento em vista ou cortado. NBR 8403: Aplicação, Tipos de linhas e Larguras das linhas Especifica os tipos e os escalonamentos de largu- ras de linhas para desenho técnico e documentos desta natureza. São considerados tipo, dimensão, escala e densi- dade de linhas no desenho� Algumas definições dessa NBR: 10 y Para largura das linhas, o escalonamento cor- responde à raiz de dois; y A relação entre a largura das linhas largas e estreitas precisa ser a partir de dois, ou seja, não deve ser menor que dois; y Espaçamento: menor que duas vezes a largura da linha mais larga e maior que 0,70 mm.Código de cores em canetas técnicas: y 0,13mm – lilás; y 0,18mm – vermelha; y 0,25 mm – branca; y 0,35 mm – amarela; y 0,50 mm – marrom; y 0,70 mm – azul; y 1,00 mm – laranja; y 1,40 mm – verde; y 2,00 mm – cinza. Tipos de linhas no desenho técnico: y Contínua larga; y Contínua estreita; y Contínua estreita a mão livre; y Contínua estreita em ziguezague; y Tracejada larga (contornos e arestas não visíveis); y Tracejada estreita (contornos e arestas não visíveis); y Traço e ponto estreito; 11 y Traço e ponto estreito, larga nas extremidades e na mudança de direção; y Traço e ponto largo; y Traço dois pontos estreita� Ordem de prioridades em linhas coincidentes: y Arestas e contornos visíveis; y Arestas e contornos não visíveis; y Superfícies de cortes e seções; y Linhas de centro; y Linhas de centro de gravidade; y Linhas de cota e auxiliar; y Terminação das linhas de chamadas; y Sem símbolo, se conduzem a uma linha de cota; y Pontuação final para o objeto representado; y Usa-se uma seta para conduzir ou contornar a aresta do objeto representado� O desenho técnico em Arquitetura, Engenharia e Design possui regras para representação correta de cada elemento que conste no projeto, objetivando sua correta interpretação pelos agentes envolvidos no processo, incluindo os próprios projetistas e a mão de obra que irá executar o edifício, construção, equipamento ou objeto. Plantas humanizadas e ilustrações em geral são utilizadas para facilitar o entendimento do público leigo, que muitas vezes é o perfil do cliente, da empresa ou do contratante� 12 Atenção aos detalhes é providência a ser tomada para que o desenho seja o mais completo possível, contemplando técnicas de execução� Não se pode propor algo que não seja passível de ser executado. Existem os projetos hipotéticos, conceituais e futurísticos que tem a função de comunicar uma ideia e não tem o compromisso de ser exequíveis. Observar a correta aplicação da norma garante correção no desenho e não implica em reprovação de projeto nos órgãos competentes, lembrando que isso não basta para tanto. Um projeto de arquite- tura ou engenharia deve seguir o que regulamenta a legislação para edificações e para a urbanística, possibilitando sua consequente aprovação. No site da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – você encontrará as normas aqui descritas na íntegra, além de outras que também são importan- tes para disciplinas técnicas. Acesse em: http://www. abnt�org�br/ SAIBA MAIS http://www.abnt.org.br/ http://www.abnt.org.br/ 13 CALIGRAFIA TÉCNICA A caligrafia técnica é parte importante de projetos pois auxilia na sua compreensão, uma vez que des- creve informações fundamentais como nomes de vistas, chamadas de detalhe, entre outros aspectos que não devem faltar em um projeto. Ela é utilizada para informar dados a respeito do projeto que não ficarão completamente elucida- dos apenas pelo desenho. Nome de vistas, legen- das, indicação de norte magnético entre outras informações� O resultado da escrita técnica deve ser harmonioso, fazendo parte do conjunto de documentos e dese- nhos que vão compor o projeto e comunicando a intenção do desenho ou projeto de forma eficiente. A norma que rege a execução de caligrafia téc- nica em projeto, a NBR 8402, se baseia em três elementos principais: y Legibilidade; y Uniformidade; y Reprodução de desenhos sem perda de qualidade. As proporções das letras na caligrafia técnica são assim definidas: y Largura; y Espaçamento entre caracteres, linhas e palavras; 14 y Espessura da linha� Tabela 1: Tabela de dimensões de caracteres que determi- na a proporção entre eles� NBR 16861� Características Relação Dimensões (mm) Altura das Letras Maiús- culas – h (10/10)h 2,5 3,5 5 7 10 14 20 Altura das Letras Minús- culas – c (7/10)h — 2,5 3,5 5 7 10 14 Distância Mínima entre Caracteres – a (2/10)h 0,5 0,7 1 1,4 2 2,8 4 Distância Mínima entre Linhas de Base – b (14/10)h 3,5 5 7 10 14 20 28 Distância Mínima entre Palavras – e (6/10)h 1,5 2,1 3 4,2 6 8,4 12 Largura da Linha – d (1/10)h 0,25 0,35 0,5 0,7 1 1,4 2 Fonte: ABNT� NBR 8402/94� A caligrafia técnica contribui para a correta inter- pretação do desenho e como foi mencionado nos três elementos da norma, deve ser legível, uniforme e permitir a correta reprodução dos desenhos� Deve-se escolher a altura adequada do caractere, o espaçamento adequado entre eles e a inclinação de 75º em relação à linha de texto. 15 O local de colocação do texto deve ser definido de forma a não conflitar com o próprio desenho e sim complementá-lo, reforçando a intenção de comunicar determinada informação com exatidão� A Altura do texto geral e dos números das cotas devem observar o que diz a norma, segundo seus requisitos básicos, e a escrita deve ser feita em uma pauta, observando as dimensões uniformes da letra em todo o texto, de forma que o topo e a base da letra toquem nos limites da pauta. O formato da letra pode ter como base figuras ge- ométricas como círculo e elipse. Deve-se manter o padrão em toda a escrita, o que a caracteriza esteticamente� Sempre se deve manter a inclinação adotada ao longo do texto e respectivas distância e alinha- mento� A letra pode ser alongada ou aumentada na largura, conferindo outro aspecto a ela� Praticar a escrita é de fundamental importância para que esta seja executada de forma mais precisa. O método para fazê-lo é traçando as letras sobre folha pautada, com espaçamento entre linhas su- ficiente para inserção das letras conforme tabela anterior, e as descrevendo na vertical ou com 16 inclinação de 15º na vertical, resultando no tipo itálico. Maiúsculas e minúsculas devem ter altura e distanciamento entre letras conforme tabela, re- sultando num todo legível, harmonioso e uniforme. EXECUÇÃO DE LEGENDAS Neste tópico, vamos estudar como inserir legenda no desenho, e serão destacados os principais as- pectos relacionados a este tipo de escrita técnica� É recomendável utilizar rascunho, uma vez que não se sabe o tamanho que o texto vai ocupar. Define-se seu posicionamento e efetua-se o esboço do espaço necessário para o texto que se deseja escrever contando palavras e seus caracteres. A legenda deve ser escrita alinhada à esquerda e com o texto em maiúscula, preferencialmente. A altura também deve ser calculada em função da altura da própria letra e número de linhas necessárias. Os itens da legenda são descritos de forma su- cinta, usando a nomenclatura disposta na norma para especificar cada item. Numerá-los e também os exibir em sequência lógica na ordem em que aparecem no desenho, seguindo a regra da leitura da esquerda para a direita e de cima para baixo. 17 EXECUÇÃO DE CARIMBOS Neste tópico apresentamos as diretrizes para execução de carimbos, que apresenta fundamen- talmente o que é o projeto. Com a sua leitura pode- mos entender a que este se refere e de qual parte específica está se tratando na folha de projeto. Há áreas específicas para designação ou título – a que se refere o projeto – para indicação dos executores – com dados do respectivo órgão de classe – e revisores, proprietário do projeto, escala, número de folha, versão do desenho e número de identificação. Na norma NBR 6492 podemos verificar como es- ses elementos devem ser dispostos e dimensão de cada área onde serão inseridos� EXECUÇÃO DE TABELAS Neste tópico iremos elencar os elementos que devem constar de tabelas inseridas na folha de projeto, necessários para sua correta compreensão� Tabelas em que constem elementos de projeto como esquadrias, por exemplo, devem preferen- cialmente estar localizadas acima do carimbo e legendas principais, à direita da folha. Identificadas 18 com título referente ao tipo destes elementos, relacionam cada um de forma sequencial e nu- merada na ordem em que aparecem no desenho, observando-se ordem de leitura. Esses elementos devem ser apresentadosde forma clara e sucinta, com as informações suficientes para sua compreensão� O tamanho de caracteres e de cada área da tabela estão descritos na norma NBR 13272� O texto realizado em desenho técnico é recurso elucidativo para informações que não podem ser explicitadas em desenho, trazendo informações que o complementem, como ao se executar uma tabela de dimensões de um determinado elemento em projeto, como esquadrias. É importante certificar-se de que todas as informa- ções necessárias foram incluídas num projeto de forma a possibilitar sua correta execução� 19 CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS Estudaremos neste tópico as construções geomé- tricas elementares que são base para execução de desenhos de natureza técnica. As construções geométricas surgiram na antiguidade e tiveram grande influência no desenvolvimento da Matemática. Há cerca de 2.000, se referia a número natural e não existiam números negativos, além das frações serem interpretadas como razões entre números. Em consequência disto, não se tinha ideia do que eram números reais. Nesta época, os gregos tiveram a ideia de representar qualquer grandeza como um segmento de reta. Na matemática, álgebra e geometria ganharam impulso com os estudos de Euclides, que nasceu por volta do século 3 a.C. Sua principal obra, Os elementos, constitui uma obra extensa (com cerca de 13 volumes) com tratados e postulados, prin- cipalmente voltados à área da geometria. Seus modelos geométricos são tão impressionantes que até o século 18 não houve outra categoria geométrica, até surgir os estudos de modelos geométricos não euclidianos� Essa separação ocorre porque a geometria euclidiana tem como princípio a imutabilidade� Isso pressuposto, Euclides constitui como concei- tos primitivos o ponto, a reta e o plano, e com isso, elabora diversos postulados, sendo alguns deles: 20 Uma reta possui infinitos pontos. Dois pontos são suficientes para determinar uma reta� Três pontos são ditos colineares quando por eles passa uma reta� Três pontos não colineares determinam um único plano. (CASTANHEIRA e LEITE, 2014). Algumas construções geométricas são básicas e delas derivam novas figuras geométricas. y Mediatriz; y Reta perpendicular; y Bissetriz; y Polígonos inscritos e circunscritos; y Tangente; Figura 1: Figuras geométricas simples bidimensionais� Fonte: Wikimedia Os instrumentos requeridos para executar estas e outras construções como linhas paralelas, in- https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Figuras_geom%C3%A9tricas_simples.jpg?uselang=pt-br 21 tersecções, círculos concêntricos entre outras são: régua T ou paralela, jogo de dois esquadros, régua ou escalímetro e compasso� Transferidores e outros instrumentos de precisão também podem ser utilizados, auxiliando a tarefa de desenhar com precisão� Figuras geométricas são agrupadas e modificadas de forma a retratar objetos, espaços, construções e inclusive elementos da natureza. A representação gráfica como forma de comuni- cação remonta ao início da civilização. Métodos e técnicas têm se desenvolvido desde então e ga- nhado contornos de ciência, uma vez que explica e descreve o mundo ao nosso redor dos pontos de vista físico e formal. Cada elemento geométrico e figuras resultantes dessas novas abordagens configura-se como parte de uma linguagem que é com frequência muito mais eficiente que as linguagens escrita e falada. A interseção entre arte e técnica se dá no campo do desenho, pois este é empregado tanto para uma como para a outra finalidade, servindo de instrumento comunicacional do que podemos nos apropriar com relativa facilidade. Conhecer métodos e técnicas para a representação gráfica bidimensional é de fundamental importância 22 uma vez que esta é o embasamento de qualquer desenvolvimento técnico nas áreas da Engenharia, da Arquitetura e do Design. CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS BÁSICAS Estão descritas a seguir a maneira de se executar construções geométricas elementares� Construção de bissetriz de retas e ângulos Para construir a bissetriz de um ângulo dado, traça- -se duas retas com um vértice de cada conectados, formando um ângulo� Em seguida, desenha-se uma reta no meio do ângulo, dividindo-o em duas partes iguais, logo, em dois ângulos de igual medida� Tra- ça-se um arco com compasso, com a ponta seca no vértice e marcando dois pontos equidistantes a ele nas duas semirretas que formam o ângulo. Posicionando o compasso em um destes pontos, traça-se um arco que passe pelo ponto na outra reta e vice-versa, de forma a encontrar o ponto onde estes dois arcos se cruzam. Desta forma, traça-se a bissetriz partindo do vértice entre as duas retas e passando por este ponto onde os arcos se cruzam. 23 Figura 2: Bissetriz. Fonte: Elaboração própria� Mediatriz É uma reta que divide uma reta dada AB em duas partes iguais� Coloca-se a ponta seca do compasso no ponto A e traça-se um círculo cujo raio vai ser a distância da reta AB. Em seguida, realiza-se o inverso posi- 24 cionado a ponta seca do compasso no ponto B� Isso vai fazer com que as circunferências criadas se cruzem em dois pontos. Traça-se uma reta passando pelos dois pontos onde os círculos se cruzam, resultando na mediatriz, que será ao mesmo tempo perpendicular à reta AB e dividirá a reta em dois� Figura 3: Mediatriz. Fonte: Elaboração própria� Reta perpendicular através de um ponto na reta Marca-se um ponto qualquer sobre a reta colocan- do a ponta seca do compasso sobre esse mesmo ponto. Traça-se um arco com raio qualquer que passe pela reta. Após isso, coloque a ponta seca do compasso na extremidade do raio da primeira 25 circunferência que toca a reta e trace outro arco de forma a passar pelo primeiro ponto dado (centro da primeira circunferência). O cruzamento destes dois arcos nos dois lados da reta (acima e abaixo) são os pontos por onde passa a reta perpendicular à anterior, formando um ângulo de 90º – Note que essa mesma reta também será a mediatriz das duas circunferências utilizadas. Figura 4: Reta perpendicular� Fonte: Elaboração própria� Quadrado inscrito em uma circunferência O desenho será um quadrado cujos vértices tocam na circunferência internamente� Primeiramente, traça-se uma reta definindo o diâmetro da circun- ferência, desenhando essa circunferência� Em 26 seguida, com a ponta seca do compasso apoiado em uma das extremidades do diâmetro dessa pri- meira circunferência, traça-se uma circunferência de raio maior, fazendo com que o centro se torne essa primeira extremidade� Na outra extremidade, realiza-se o mesmo processo, considerando a mes- ma abertura do compasso. A consequência disso é que os pontos que as circunferências maiores vão se tocar geram a mediatriz da primeira. Com a mediatriz e o diâmetro da primeira circunferência, temos os quatro pontos que serão os vértices do quadrado. Agora, basta unir os quatro pontos re- sultantes com uma régua sobre a circunferência, formando o quadrado circunscrito. 27 Figura 5: Quadrado inscrito a uma circunferência� Fonte: Elaboração própria� Triângulo equilátero inscrito em uma circunferência Trace uma circunferência de raio qualquer com um compasso� A partir disso, desenhe uma segunda circunferência de mesmo raio de modo que o cen- tro dessa segunda fique na borda da primeira (e, consequentemente, a borda da segunda irá tocar o centro da primeira). Em seguida, trace uma reta que vá do centro da primeira circunferência ao centro da segunda, definindo seu raio. Agora desenhe outra reta do centro da primeira circunferência a 28 um dos pontos onde a segunda circunferência a tocou� Faça o mesmo processo com o centro da outra unindo os segmentos de partiram do centro de cada uma e tocam o ponto de interseção delas� O resultado disso será um triângulo, e, como pos- suem lados de tamanhos iguais, será equilátero, concluindo que os ângulos internos desse triângulo criado é de 60º. Após isso, realiza-se o mesmoprocesso entre os centros das duas circunferências e o outro ponto de interseção delas, resultando em um triângulo que será o espelho do primeiro, ou seja, na posi- ção invertida. Se traçarmos uma reta ligando as extremidades verticais dos dois triângulos (ou seja, dividir os dois triângulos em dois), descreveremos um ângulo de 120º, ou seja, um terço da circunfe- rência que será um dos lados do triângulo inscrito. Em seguida traça-se uma terceira circunferência de mesmo raio que sua borda toca o centro da primeira e uma das extremidades desta última reta que construímos. Desenha-se uma reta do ponto que a reta final toca essa terceira circunferência até o outro ponto onde a nova circunferência tocou a primeira, criando o segundo lado do triângulo equi- látero circunscrito. Realiza-se essa mesma etapa da extremidade da segunda reta criada e o centro da primeira circunferência, resultando na terceira e última reta do triângulo equilátero circunscrito. 29 Figura 6: processo de constru- ção do triângulo equilátero circunscrito. Fonte: Elaboração própria� Hexágono regular inscrito em uma circunferência Desenhe uma circunferência de raio qualquer com um compasso� Em seguida, trace uma reta passando pelo centro da circunferência e que seja maior do que o diâmetro. Agora, trace uma circunferência de raio igual ao da primeira com seu centro em um dos pontos onde a reta maior cruza a primeira circunferência. Perceba que o processo está bem próximo da criação do primeiro triângulo equilátero no tópico anterior, e é mesmo, pois vamos considerar novamente que todos os lados do triângulo têm o mesmo tamanho do raio da primeira circunferência� A próxima etapa também é idêntica: espelha-se o triângulo equilá- tero. A diferença aqui é que não iremos desenhar a linha vertical que corta esses dois triângulos, mas sim repetir o processo na outra metade da 30 esfera original. Ao fim do processo, nota-se que os vértices do hexágono estarão definidos, bastando criar as retas ligando os seis vértices, que se for- marão nas bordas da circunferência original e nos pontos de interseção da reta maior, o diâmetro e essa mesma circunferência� Figura 7: Hexágono inscrito� Fonte: Elaboração própria� Circunscrição de um triângulo em uma circunferência O triângulo circunscrito significa que o círculo estará interno ao triângulo, tocando seus vértices. 31 O centro deste círculo deve estar no cruzamento de todas as bissetrizes do triângulo. Ao encontrar o ponto de interseção das bissetrizes do triângulo, traça-se o círculo com o centro no ponto dado e tocando os lados do triângulo� Figura 8: Triangulo circunscrito� Fonte: Elaboração própria� Tangente a uma circunferência Para a construção precisa, é necessário que a reta tangente seja perpendicular a uma reta que começa no centro da circunferência e passa por um ponto qualquer P, externo a ela. Em seguida, procura-se a mediatriz da reta do centro da circunferência e o ponto P� 32 Após isso, traça-se uma segunda circunferência com o centro sendo a mediatriz da reta encontrada e o raio indo até o centro da primeira circunferência� Em seguida, trace as retas do ponto P até os pon- tos que as duas circunferências se intersecionam, gerando as tangentes de uma circunferência� Figura 9: Reta tangente� Fonte: Elaboração própria� Arco de circunferência de raio dado tangente a duas linhas em ângulo reto Realize os processos para a criação de retas em um ângulo reto. Chamaremos o vértice que liga as duas retas de A� Após isso, trace um arco de raio R com o centro no vértice A. Este arco deve cortar as linhas AB (sendo B a extremidade de uma das retas) e AC (sendo C a extremidade da 33 outra reta) cada uma em um ponto. Com o centro nestes pontos encontrados, traça-se dois arcos de mesmo raio que o primeiro. O ponto de encontro destes dois arcos será o centro do arco desejado� Figura 10: Arco tangente� Fonte: Elaboração própria� Tangente a duas circunferências Utilize dois esquadros e a régua T de forma que o lado de um dos esquadros tangencie as circunferên- cias. Com o lado menor do esquadro, alinhando-o com o centro das circunferências, trace uma reta que vai até a extremidade das duas circunferências, encontrando os pontos de tangência� Agora basta unir estes dois pontos com a linha tangente� 34 Figura 11: Tangente a duas circunferências� Fonte: Elaboração própria� Curva reversa A partir de duas retas paralelas AB e CD, traçadas com distância X na horizontal entre elas, é neces- sário unir os pontos B e C com uma reta� Traçar duas perpendiculares, uma passando por B e outra por C. Construir arcos tangentes a AB e a CD com centro nestas perpendiculares. Definir um ponto qualquer E sobre a reta BC, por onde passará a curva. Traçar uma linha passando pelo ponto E, ligando as perpendiculares que passam por B e C, unindo-as� Os pontos encontrados serão os centros dos arcos que formarão a curva. 35 Figura 12: Curva reversa. Fonte: Elaboração própria� As descrições das construções geométricas acima podem ter te deixado um pouco confuso, mas para compreender um pouco melhor o passo a passo para a construção de algumas, há ótimos vídeos da Khan Academy demonstrando a construção de algumas delas: Bissetriz: https://www.youtube.com/watch?v=Q7Q6bY7j3Wk Mediatriz: https://www.youtube.com/watch?v=bRKYUetnKEc Reta perpendicular a partir de um ponto de reta: https://www.youtube.com/watch?v=xkq3qcnx_3k Quadrado inscrito em uma circunferência: https://www. youtube.com/watch?v=0-noHoe_plM SAIBA MAIS https://www.youtube.com/watch?v=Q7Q6bY7j3Wk https://www.youtube.com/watch?v=bRKYUetnKEc https://www.youtube.com/watch?v=xkq3qcnx_3k https://www.youtube.com/watch?v=0-noHoe_plM https://www.youtube.com/watch?v=0-noHoe_plM 36 Uso do instrumental técnico Neste tópico abordaremos os itens que constam do instrumental técnico para desenho e projeto objetivando conhecê-los e aprender como utilizá-los. A régua T, ou paralela, deve estar formando um ângulo de 90º com a lateral da prancheta. Os esquadros são utilizados apoiados sobre a pran- cheta e deslizando, sem perder o contato com ela. Um esquadro apoiado sobre o outro descreverá diferentes ângulos e garantirá a exatidão do de- senho. Linhas paralelas são traçadas utilizando a régua T ou paralela com distância determinada por escalímetro e traçando-a passando por este ponto. Compasso, transferidor e outros como curva francesa complementam o instrumental� Podem ser utilizados também gabaritos, que são placas com formatos de círculos de diferentes diâmetros� O desenho pode ser executado em grafite ou nanquim, com canetas de diferentes espessuras. Cores também podem ser empregadas desde que dentro do que especificam as normas. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos neste e-book os fundamentos que orientam a produção de desenhos técnicos� Após uma introdução ao tema, apresentamos as Nor- mas Técnicas, descrevendo o que são, o que consta em cada uma e como utilizá-las. Normas são balizadores das disciplinas técnicas de desenho e projeto e de apli- cação obrigatória� O tópico seguinte tratou da Caligrafia Técnica, também baseada em norma e como executar textos claros, le- gíveis e uniformes. Importante na complementação ao desenho, traz as informações não gráficas essenciais para a exata compreensão de um desenho ou projeto� O último tópico discorreu sobre Construções Geométri- cas, no seu sentido elementar, que tem seu emprego em qualquer desenho técnico que irá se executar. Métodos de desenho são detalhados de forma a resultar na obtenção de figuras geométricas que são a base de um desenho preciso, correto e claro� Dentro deste tópico tivemos contato com os itens do instrumental técnico básico para o desenho técnico, inserindo-o na nossa rotina de trabalho e estudo� Estes assuntos estão relacionados uma vez que permi- tem a correta representação bidimensional de qualquer objeto. Mantenha seus estudos e pratiqueos conceitos apresentados até aqui. Referências Bibliográficas & Consultadas CASTANHEIRA, N. P.; LEITE, A. E. Geometria plana e trigonometria. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2014� [Biblioteca Virtual]� CRUZ, M. D. da; MORIOKA, C. A. Desenho técnico: medidas e representação gráfica. São Paulo: Érica, 2014. [Minha biblioteca]. CURTIS, B. Desenho de observação� 2� ed� Porto Alegre: AMGH, 2015. [Minha Biblioteca]. FERNANDO, P. H. L. et al. Desenho de perspectiva. Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Minha Biblioteca]� FRENCH, T� E� Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica. São Paulo: Editora Globo, 1989. LOBO, R� N� Técnicas de representação bidimensional e tridimensional: fundamentos, medidas e modelagem. São Paulo: Érica, 2014. [Minha Biblioteca]� MONTEIRO, S. E.; TIBURRI, R. A. B.; SOUZA, J. P� de� Representação gráfica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. [Minha Biblioteca]. OLIVEIRA, P. D. de. Representação bidimensional. Porto Alegre: SAGAH, 2019. [Minha Biblioteca] RIBEIRO, A� C� Desenho técnico e AutoCAD. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. [Biblioteca Virtual]� SANTOS, J. C. C. dos; OGAVA, C. de C. das D.; OLIVEIRA, P. D. de. Representação bidimensional. Porto Alegre: SAGAH, 2019. [Minha Biblioteca]� SILVA, A. Desenho Técnico Moderno. Rio de Janeiro, 2010: LTC. WAGNER, J� et al� Projetos bidimensionais auxiliados por computador. Porto Alegre: SAGAH, 2018. [Minha biblioteca]. Introdução Normas técnicas ABNT para Desenho Técnico Normas elementares relacionadas à desenho técnico e projeto Caligrafia técnica Execução de legendas Execução de carimbos Execução de tabelas Construções Geométricas Construções Geométricas Básicas Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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