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Licensed to Aline Dorneles - alinedornelless@gmail.com - HP14616421675467
Sobre os autores 
 
Matheus Crippa Silvestre é nutricionista formado pela 
universidade federal de Santa Catarina e pós-graduado em 
nutrição esportiva pela UNINTER. Já atuou como professor 
de graduação da universidade UNIAVAN e atualmente é 
professor de pós-graduação na instituição UNIGUAÇU. 
Além da docência, realiza atendimentos nutricionais 
voltados para a área esportiva e estética na cidade de 
Balneário Camboriú. Tem experiência com atletas de 
diversas modalidades, desde o fisiculturismo até esportes de 
endurance. Possui cursos online próprios voltados para área 
de dieta, suplementação e esportes. 
 
 
 Felipe Almeida possui graduação em nutrição pela 
faculdade metropolitanas unidades, pós-graduação em 
bioquímica e fisiologia da nutrição pela faculdade Estácio de 
Sá, pós-graduação em neurociência e comportamento pela 
pontifícia universidade católica do rio grande do sul. Ele 
presta atendimento em clínica própria voltado para nutrição 
clínica e esportiva, além de fazer criação de conteúdo para 
palestras, cursos e redes sociais. Atualmente é também 
professor de pós-graduação de temas relacionados com 
dietas aplicadas à nutrição esportiva, clínica, bioquímica, 
fisiologia do exercício, emagrecimento e suplementação. É 
ainda dono da plataforma científica: Science-tv e sócio da plataforma científica 
Nutriflix e autor de 8 cursos online sobre ciência, bioquímica, fisiologia e nutrição. 
 
 
 
 
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Sumário 
1. Dieta cetogênica .................................................................................................................... 5 
1.1. Introdução ......................................................................................................................... 5 
1.2. Entendendo mais sobre a dieta ........................................................................................ 6 
1.3. Possíveis riscos da dieta cetogênica para o nosso organismo ........................................ 24 
1.4. Diferenças entre dieta cetogênica e dieta metabólica ................................................... 28 
1.5. Elaborando uma dieta cetogênica .................................................................................. 33 
1.6. Referências ...................................................................................................................... 37 
2. Ciclo de carboidratos ........................................................................................................... 41 
2.1. Introdução ....................................................................................................................... 41 
2.2. Maneiras de se realizar o ciclo de carboidratos .............................................................. 44 
2.3. Ciclo de carboidratos na prática ...................................................................................... 48 
2.4. Referências ...................................................................................................................... 54 
3. Carb backloading (cbl) ......................................................................................................... 57 
3.1. Introdução ....................................................................................................................... 57 
3.2. Cbl na prática ................................................................................................................... 60 
3.3. Referências ...................................................................................................................... 61 
4. Dieta low carb ..................................................................................................................... 64 
4.1. Mecanismos glicose-insulina ........................................................................................... 66 
4.2. Resistencia a insulina: causas e consequências .............................................................. 68 
4.3. O que causa resistência à insulina ................................................................................... 72 
4.4. Quantidade e qualidade dos carboidratos ...................................................................... 73 
4.5. Índice glicêmico e carga glicêmica .................................................................................. 74 
4.6. Aplicabilidade da dieta low carb ..................................................................................... 76 
4.7. Em quem a low carb parece funcionar? .......................................................................... 79 
4.8. Low carb, comportamento e adesão .............................................................................. 82 
4.9. Em quem a low carb pode não funcionar? ..................................................................... 84 
4.10. Mitos da dieta low carb ............................................................................................... 86 
4.11. Referências .................................................................................................................. 92 
5. Jejum intermitente .............................................................................................................. 94 
5.1. Mecanismos do jejum intermitente ................................................................................ 94 
5.2. Estudos jejum intermitente x restrição calórica contínua .............................................. 95 
5.3. Jejum e longevidade ........................................................................................................ 98 
5.4. Jejum e insulina e jejum metabólico ............................................................................... 99 
5.5. Segurança do jejum intermitente ................................................................................. 100 
5.6. Jejum e crononutrição ................................................................................................... 101 
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5.7. Jejum, adesão e treinamento ........................................................................................ 103 
5.8. Riscos do jejum intermitente ........................................................................................ 104 
5.9. Exemplos de dietas com jejum intermitente ................................................................ 105 
5.10. Referências ................................................................................................................ 107 
6. Dietas vegetarianas e veganas .......................................................................................... 109 
6.1. Nutrientes importantes: b12 ......................................................................................... 109 
6.2. Nutrientes importantes: ferro ....................................................................................... 110 
6.3. Nutrientes importantes: zinco ...................................................................................... 112 
6.4. Nutrientes importantes: ômega 3 ................................................................................. 112 
6.5. Nutrientes importantes: cálcio...................................................................................... 113 
6.6. Nutrientes importantes: proteína ................................................................................. 114 
6.7. Mitos sobre a dieta vegetariana ................................................................................... 118 
6.8. Exemplos de dietas veganas e vegetarianas ................................................................. 121 
6.9. Referências ....................................................................................................................126 
7. Dietas para manutenção de peso ..................................................................................... 128 
7.1. Termogênese adaptativa ............................................................................................... 131 
7.2. Perda lenta x perda rápida de peso .............................................................................. 132 
7.3. Ciclagem de calorias ...................................................................................................... 133 
7.4. 11 dicas para manter o peso após o emagrecimento: .................................................. 135 
7.5. Exemplos de dieta para manutenção do peso .............................................................. 136 
7.6. Referências .................................................................................................................... 141 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Dieta cetogênica 
1.1. Introdução 
Dentre as dietas que ganharam mais popularidade nos últimos anos com 
certeza a dieta cetogênica se destaca. Ela é muito divulgada por influenciadores 
digitais e até mesmo por alguns profissionais da área da saúde como sendo a 
melhor estratégia dietética quando o objetivo é perda de peso. 
Os defensores assíduos de tal estratégia usam como argumento principal a 
questão da insulina. Pelo fato da dieta cetogênica ser uma dieta com praticamente 
nada de carboidratos, ela causaria uma maior queda nos níveis de insulina e por 
conta disso promoveria uma maior perda de peso e uma redução da inflamação no 
organismo, já que, segundo seus defensores, a insulina seria o hormônio 
responsável pelo ganho de gordura e inflamação no nosso corpo. 
 Como sabemos, a insulina na verdade não é essa vilã que os extremistas 
low carb gostam de afirmar que é, sendo assim, justificar que a dieta cetogênica 
seria uma dieta superior para perda de peso por conta de uma maior queda nos 
níveis de insulina acaba não tendo bom embasamento científico. Além disso, não 
podemos nem afirmar que a dieta cetogênica realmente é a melhor estratégia para 
melhora da sensibilidade a insulina, já que, a depender da composição das 
gorduras presentes na dieta, tal estratégia pode até piorar o perfil glicêmico e 
inflamatório, já que as gorduras saturadas, que muitas vezes são consumidas em 
excesso na dieta cetogênica, acabam aumentando inflamação e piorando a 
sensibilidade a insulina. 
Ainda, a literatura já nos mostra que qualquer dieta com restrição calórica, 
seja ela baixa em carboidratos ou em gorduras, já promove uma melhora na 
sensibilidade a insulina. Sendo assim, apesar da dieta cetogênica ser uma 
estratégia válida quando pensando em perda de peso e melhora do perfil 
glicêmico, com certeza ela não é a única e nem necessariamente a melhor 
estratégia para tais situações, sendo na verdade apenas mais uma das várias opções 
que o nutricionista tem para usar no dia a dia do consultório com seus pacientes. 
Apesar de ter ficado mais conhecida pela população em geral nos últimos 
anos por conta da grande divulgação nas redes sociais, a dieta cetogênica é uma 
dieta bem antiga, com muitos estudos publicados a seu respeito e com uma boa 
aplicabilidade quando pensando em pacientes com epilepsia refretaria, ou seja, 
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aqueles que não reagem bem a medicação. Essa na verdade é a maior 
comprovação científica que nós temos sobre a dieta cetogênica, o seu uso em 
pacientes com epilepsia refrataria, em especial em crianças. 
1.2. Entendendo mais sobre a dieta 
Mesmo tendo ganhado muita visibilidade nos últimos anos, a grande maioria 
das pessoas, e inclusive vários profissionais da área da saúde, não sabem ao certo 
quais são os reais efeitos da dieta cetogênica no nosso organismo e nem como 
realizar a dieta de maneira correta. Para muitos a dieta cetogênica é apenas uma 
dieta sem carboidratos e nada mais. É extremamente comum nos depararmos com 
pessoas comendo apenas proteína o dia inteiro, sem nada de carboidratos e com a 
gordura bem baixa, relatando que estão fazendo a dieta cetogênica, já que na 
crença popular ela é pura e simplesmente uma dieta sem carboidratos e nada além 
disso. Contudo, a divisão de macronutrientes na dieta cetogênica vai muito além 
de apenas não consumir carboidratos. 
É importante deixar claro que existem diferentes variações da dieta 
cetogênica, a figura abaixo mostra as principais divisões que temos nesse tipo de 
dieta. 
 
A mais utilizada nos estudos científicos relacionados a epilepsia é a dieta 
cetogênica clássica, que possui entre 80-90% de gorduras, 6-10% de proteínas e 
4-5% de carboidratos. Porém, devido ao seu baixíssimo nível de palatabilidade, 
haja visto o consumo extremamente elevado de gorduras e muito baixo de 
proteínas e carboidratos, esse tipo de divisão acaba não sendo algo comum de 
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realizarmos na prática clínica, tendo um uso muito maior a nível hospitalar em 
pacientes, principalmente crianças, com epilepsia refrataria. 
As outras variações são estratégias voltadas para tentar tomar a dieta mais 
palatável, reduzindo a gordura e aumentando o aporte de carboidratos e/ou 
proteínas. Dentre essas variações, a dieta cetogênica com adição de triglicerídeos 
de cadeia média pode ter uma boa aplicabilidade como vamos ver a seguir. 
Falando mais com relação a parte voltada para perda de peso em si e o uso da 
dieta cetogênica no consultório, a divisão mais comum de ser feita é com 70-75% 
de gorduras, 20-25% de proteínas e 5% de carboidratos, sendo uma dieta que ainda 
vai permitir a entrada no estado de cetose e com um nível de palatabilidade muito 
maior. 
Sendo assim, conforme vimos acima, fica muito claro que a dieta cetogênica 
não é apenas uma dieta sem carboidratos, mas sim uma dieta com um aporte muito 
elevado de gorduras, um aporte controlado de proteínas e um baixíssimo consumo 
de carboidratos, muito diferente daquilo que a grande maioria faz que é apenas 
aumentar a proteína e retirar o carboidrato. 
Essa divisão precisa de macronutrientes na dieta cetogênica é algo 
fundamental para que o paciente entre no estado de cetose nutricional, que é 
justamente o objetivo da dieta cetogênica. Sempre que fazemos uma dieta 
cetogênica o objetivo principal é entrar em um estado chamado de cetose 
nutricional, que basicamente é um estado aonde o nosso corpo aumenta de forma 
significativa a produção de corpos cetônicos, sendo eles o beta-hidroxibutirato, o 
acetoacetato e a acetona. 
Para que esse aumento na produção de corpos cetônicos ocorra de maneira 
significativa é preciso que o consumo de gorduras da dieta seja elevado. Há então 
a importância de consumir muita gordura na dieta cetogênica e que o consumo de 
proteínas seja moderado frente a gordura. A dieta cetogênica é geralmente uma 
dieta hiperproteica, mas com os valores de proteína na faixa de 1.8-2 g/kg e não 
com 3-4 g/kg como muitas pessoas fazem. O excesso de proteína na dieta 
cetogênica pode influenciar na produção de corpos cetônicos de maneira negativa, 
por isso é importante manter esse consumo entre 20-25% ou na faixa de 1.8-2 
g/kg, e que o consumo de carboidratos seja bem baixo, na casa de 5% do valor 
energético total e geralmente não sendo mais do que 50 gramas por dia. 
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Essa divisão precisa de macronutrientes é que permite que o corpo produza 
em quantidades mais significativas os três corpos cetônicos mencionados acima, 
fazendo com que o paciente entre no estado de cetose nutricional. Para você 
entender um pouco melhor, esses corpos cetônicos são produzidos a partir da 
molécula de acetil-CoA, conforme mostra a figura abaixo. 
 
Para que esse acetil-CoAseja mais desviado para a síntese de corpos cetônicos 
é necessário que tenha um “excesso” de acetil-CoA no organismo, causando uma 
desproporção com os níveis de oxalacetato e desviando mais o acetil-CoA para 
formação de corpo cetônicos. Contextualizando um pouco melhor, uma das vias 
que o acetil-CoA pode tomar no nosso organismo é se unir com a molécula de 
oxalacetato e através da enzima citrato sintase produzir a molécula citrato, que por 
sua vez pode fazer rodar o ciclo de Krebs e auxiliar na produção energética 
conforme mostra a figura abaixo. 
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Contudo, quando pensamos na formação de corpos cetônicos é preciso que 
esse acetil-CoA tome outro rumo e seja desviado para síntese de acetoacetato, um 
dos três corpos cetônicos existentes. Para que esse desvio para a síntese de corpos 
cetônicos ocorra de maneira mais significativa é necessário um cenário com 
“muito” acetil-CoA e proporcionalmente “pouco” oxalacetato, fazendo assim com 
que “sobre” acetil-CoA, e é justamente esse acetil-CoA que “sobra” que tomará a 
rota para uma produção maior de corpos cetônicos. 
Por conta disso que a divisão de macronutrientes na dieta cetogênica, muita 
gordura, proteína moderada e pouco carboidrato, é crucial para que esse cenário 
ocorra. O “excesso” de acetil-Coa vem justamente através do aumento 
significativo que temos da oxidação de gorduras na dieta cetogênica por conta 
desse consumo elevado de gorduras. Aqui é importante deixar claro que a dieta 
cetogênica aumenta de maneira significativa a oxidação de gorduras, porém, que 
esse aumento é principalmente das gorduras exógenas que estão sendo 
consumidas em quantidades muito altas nessa dieta. 
Sendo assim, aqueles que falam que a dieta cetogênica é superior para perda 
de peso pelo fato de aumentar a oxidação de gorduras acabam esquecendo um 
ponto muito importante que é justamente o fato de que na dieta cetogênica o 
consumo de gorduras é muito alto, as vezes o triplo ou mais do que o consumo de 
gorduras numa dieta habitual, e que esse aumento significativo na oxidação de 
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gorduras se deve principalmente pelo paciente estar consumindo mais gordura na 
dieta. 
Nesse contexto, de muita gordura sendo consumida, a oxidação de gorduras 
aumenta, causando um aumento na quantidade de acetil-CoA no nosso corpo, que 
é o produto do processo de beta-oxidação. A figura abaixo mostra o processo de 
beta-oxidação, que estará elevado na dieta cetogênica, e a formação de acetil-CoA, 
que será utilizado em parte para a formação de corpos cetônicos. 
 
Contudo, é importante lembrarmos que esse acetil-CoA também pode tomar 
outros rumos no nosso corpo, sendo um deles a união com o oxalacetato para 
formação de citrato conforme vimos anteriormente. Dessa forma, para 
garantirmos que teremos uma maior formação de corpos cetônicos pelo nosso 
organismo, além desse “excesso” de acetil-CoA é importante também ter um certo 
controle nos níveis de oxalacetato. 
Os principais precursores de oxalacetato no nosso corpo são os carboidratos e 
as próprias proteínas. Como na dieta cetogênica o consumo de carboidratos será 
muito restrito, a formação de oxalacetato a partir dos carboidratos acaba ficando 
prejudicada, sendo esse um dos motivos importantes pelos quais o carboidrato na 
dieta cetogênica precisa ser mais restrito. Já o aporte de proteínas na dieta 
cetogênica não será restrito assim, tendo em vista que ela se enquadra como uma 
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dieta hiperproteica na maioria das vezes, com o consumo de proteína ficando na 
casa de 1.8-2 g/kg, e fazendo com que o nosso corpo possa produzir oxalacetato 
de maneira mais significativa a partir dos aminoácidos consumidos. 
Contudo, temos que lembrar que na dieta cetogênica, como o aporte de 
carboidratos será muito baixo, uma parte desses aminoácidos terá que ser desviada 
também para formação de glicose pelo processo de gliconeogênese, já que o 
sistema nervoso central é muito dependente de glicose e as hemácias tem uso 
exclusivo de glicose, ou seja, mesmo que o consumo de carboidratos pela dieta 
seja quase zero, o nosso corpo precisa continuar produzindo glicose 
endogenamente, e uma das maneiras de fazer isso é a partir dos aminoácidos. 
Sendo assim, também haverá proporcionalmente uma menor disponibilidade 
de oxalacetato a partir das proteínas no contexto da dieta cetogênica, gerando 
justamente aquele cenário onde teremos “muito” acetil-CoA para “pouco” 
oxalacetato, fazendo com que esse acetil-CoA seja mais desviado para formação 
de corpos cetônicos. 
Até por isso também que, apesar da dieta cetogênica poder ser uma dieta 
hiperproteica, é importante evitar o excesso de proteína na dieta, principalmente 
evitando uma desproporção de macronutrientes, com muita proteína e menos 
gordura, pois esse excesso proteico (3-4 g/kg) poderia vir a prejudicar a entrada 
no estado de cetose nutricional. 
Tendo em vista todos os motivos e mecanismos citados acima, fica muito claro 
de entender que a elaboração da dieta cetogênica acaba sendo muito mais 
complexa do que aquilo que aparenta, exigindo um ótimo nível de conhecimento 
por parte do nutricionista para conseguir equilibrar corretamente a proporção de 
gorduras, proteínas e carboidratos. 
Com a dieta feita de maneira correta o paciente entrará no estado de cetose 
nutricional, que é o objetivo principal da dieta, possuindo então uma maior 
concentração de beta-hidroxibutirato, acetoacetato e acetona no organismo. A 
figura abaixo mostra a estrutura molecular dos três corpos cetônicos existentes. 
 
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Além de toda essa divisão bem específica de macronutrientes que nós vimos 
acima, para saber se o seu paciente está realmente fazendo a dieta cetogênica de 
maneira correta e está em cetose nutricional, é preciso aferir a quantidade de 
corpos cetônicos no seu organismo, sendo possível fazer essa medição através da 
respiração, da urina e do sangue por aparelhos específicos. 
A medição de cetose nutricional através da respiração ainda não é muito 
comum no Brasil e não é a maneira mais precisa que nós temos para isso. Nesse 
tipo de teste, o paciente respira em um aparelho específico que vai medir a 
concentração de acetona expirada através da respiração. O corpo cetônico acetona, 
devido ao seu pequeno tamanho, difunde-se nos espaços aéreos do pulmão e 
aparece na respiração exalada, sendo possível medir a sua concentração com 
determinados aparelhos. 
Vem daí aquele famoso hálito cetônico que muitos experimentam ao fazer a 
dieta cetogênica e que não costuma ser muito agradável. Como a acetona consegue 
ser eliminada através da respiração ela acaba dando um odor diferente a mesma, 
muitas pessoas inclusive começam a associar que estão entrando em cetose 
nutricional quando o hálito tem mudanças significativas. 
A nível de curiosidade, quando a quantidade de acetona está mais alta, ela 
pode ser reduzida de maneira mais significativa para um álcool secundário 
chamado de isopropanol, Este álcool secundário foi inclusive identificado no 
sangue de pacientes com hiperglicemia e diabetes mal controlado. O isopropanol 
não é distinguido do etanol no famoso teste do bafômetro realizado no mundo 
inteiro. Sendo assim, existem alguns relatos de caso de falso-positivo no 
bafômetro por conta da dieta cetogênica, mas é importante deixar claro que isso 
não é algo comum de ocorrer. Abaixo a imagem da conversão da acetona em 
isopropanol. 
 
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As maneiras mais eficazes existentes para saber se o paciente está ou não em 
cetose nutricional é a medição de acetoacetato na urina e principalmente do beta-
hidroxibutiratona corrente sanguínea. Para fazer a medição do acetoacetato na 
urina existem tiras específicas vendidas em farmácias que são capazes de 
determinar a sua concentração. Essas tiras já vêm com uma referência de 
coloração indicando a quantidade de acetoacetato presente na urina em mmol/L 
conforme ilustrado na imagem abaixo. 
 
De forma geral, os estudos consideram que valores urinários de acetoacetato 
acima de 1.5-2 mmol/L já podem ser indicativos de que o paciente está em cetose 
nutricional. Os melhores horários para se aferir a concentração de acetoacetato na 
urina de acordo com os estudos são na urina de manhã cedo e algumas horas após 
o jantar. Apesar de ser um método valido para estipular a cetose nutricional do 
paciente, a melhor maneira ainda é através do teste sanguíneo. 
No teste sanguíneo é aferida a concentração de beta-hidroxibutirato. Para fazer 
tal medição é utilizado um glicosímetro, aparelho muito usado por diabéticos para 
controlar a glicemia, que contenha também a função de medicação de corpo 
cetônicos. Essa função acaba sendo importante para pacientes com diabetes 
descompensada já que eles podem entrar no quadro de cetoacidose diabética, uma 
condição clínica bastante perigosa que pode botar em risco a vida do paciente (em 
breve falaremos mais sobre as diferenças entre cetose nutricional e cetoacidose 
diabética). 
No caso da aferição de beta-hidroxibutirato os melhores horários também 
tender a ser pela manhã cedo e algumas horas após o jantar e os valores alvos são 
acima de 0.5-1 mmol/l. É importante deixar claro que em pacientes com epilepsia 
refrataria, em especial crianças, que fazem a dieta cetogênica clássica (80-90% de 
gorduras) esses valores de beta-hidroxibutirato podem atingir facilmente níveis de 
4-8 mmol/l. Porém, na dieta cetogênica com menos gordura e em pacientes adultos 
tais valores não costumam ficar acima de 4 mmol/l. 
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Dessa forma, para fazer a dieta cetogênica de maneira correta, além de ser 
necessário manter a dieta dentro de todas as recomendações específicas de 
macronutrientes que vimos acima, é crucial também que o paciente faça aferições 
frequentes da concentração de corpos cetônicos para saber se está mesmo em 
cetose nutricional. 
É muito comum que os pacientes que saem muito da dieta e não respeitam 
corretamente a divisão de macronutrientes não atinjam valores significativos de 
corpos cetônicos nos testes, servindo de alerta para o nutricionista de que a adesão 
a dieta não está boa ou então que a sua prescrição não foi feita de maneira precisa. 
O tempo necessário para atingir o estado de cetose nutricional vai variar muito 
de acordo com cada paciente e com a estratégia específica de dieta cetogênica 
escolhida. A literatura já nos mostra de maneira consistente que crianças possuem 
uma maior capacidade para formação de corpos cetônicos e por conta disso entram 
em cetose mais rapidamente. 
Nos adultos o tempo para entrar em cetose acaba sendo mais variado, mas de 
forma geral, a literatura nos mostra uma média de 2 até 10 dias para que a 
concentração de corpos cetônicos aumente de maneira significativa em resposta a 
dieta cetogênica menos agressiva (70-75% de gorduras). Sendo assim, se o 
paciente já está há uma semana ou mais fazendo uma dieta cetogênica e ao aferir 
os valores de corpos cetônicos no sangue ou na urina os números encontrados 
foram muito baixos, isso é indicativo de que a adesão a dieta não está boa ou então 
que a sua prescrição não foi feita de maneira precisa. 
Existem algumas estratégias que podem ajudar a acelerar a entrada no estado 
de cetose nutricional, sendo o jejum e a utilização de triglicerídeos de cadeia 
média as duas mais eficazes com base nos artigos científicos. 
Falando primeiro com relação ao jejum, sempre que permanecemos um 
período maior em jejum o nosso organismo aumenta a produção de corpos 
cetônicos já que estes servem de substrato energético alternativo para tecidos 
extra-hepáticos, como por exemplo para a musculatura esquelética e para o 
sistema nervoso central. Ou seja, o aumento da produção de corpos cetônicos 
durante o período de jejum é algo fisiológico que tem como objetivo fornecer 
energia para o nosso corpo. Alguns estudos em humanos, principalmente feitos 
em crianças, mostram que períodos mais prolongados em jejum resultam em 
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aumento significativo na produção de corpos cetônicos, podendo assim acelerar a 
entrada no estado de cetose. 
Além do jejum, outra estratégia com boa comprovação científica que pode ser 
utilizada para aumentar de forma mais significativa a produção de corpos 
cetônicos é a utilização de triglicerídeos de cadeia média na dieta. Os 
triglicerídeos de cadeia média são mais rapidamente absorvidos e oxidados, pois 
não necessitam de transporte através dos quilomícrons, sendo transportados 
diretamente pela albumina e conduzidos pelo sistema porta-hepático diretamente 
para o fígado onde são facilmente oxidados por não necessitarem do sistema 
enzimático carnitina-palmitoil transferase. Essa absorção e oxidação mais rápida 
seriam dois dos motivos responsáveis pela maior capacidade que os triglicerídeos 
de cadeia média tem para formação de corpos cetônicos. 
A figura abaixo retirada do artigo publicado por M Krotkiewski (2001) mostra 
a diferença na produção de corpos cetônicos entre uma dieta feita com mais 
triglicerídeos de cadeia média (grupo em branco) e uma dieta feita com mais 
triglicerídeos de cadeia longa (grupo em preto). 
 
Conforme fica claro pela figura acima, o grupo que consumiu mais 
triglicerídeos de cadeia média teve uma produção muito mais significativa de 
corpos cetônicos quando comparado ao grupo que consumiu mais triglicerídeos 
de cadeia longa, chegando a valores de quase 3 mmol/L de beta-hidroxibutirato 
seis dias após o início da dieta. Vale a pena citar que no estudo em questão ambos 
os grupos tinham uma dieta a base 580 kcals, ou seja, uma restrição calórica bem 
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severa, fato esse que pode ter contribuído para esse valor mais elevado de beta-
hidroxibutirato encontrado. 
Resumindo, se você quiser acelerar a entrada no estado de cetose nutricional 
no início da dieta pode ser interessante associar a dieta cetogênica com alguma 
estratégia de jejum ou então incluir triglicerídeos de cadeia média na dieta. 
Falando especificamente deste último, é importante ficar atento que o consumo de 
triglicerídeos de cadeia média em quantidades mais elevadas pode causar 
desconfortos gastrointestinais bastante significativos. Sendo assim, uma dica 
importante é tentar não utilizar mais do que 20-30 gramas de triglicerídeos de 
cadeia média de uma única vez, pois doses acima destas tendem a causar mais 
desconfortos. 
 
Apesar de termos visto desde o início que o principal objetivo a se fazer uma 
dieta cetogênica é entrar no estado de cetose nutricional, uma pergunta que muitos 
ainda fazem é se há algum tipo de benefício em entrar em estado de cetose, se essa 
produção mais elevada de corpos cetônicos poderia auxiliar em algo para a saúde 
ou até mesmo na composição corporal. 
Nesse caso temos que dividir em partes. Quando falamos do uso clínico da 
dieta cetogênica em pacientes com epilepsia refrataria, ter um aumento 
significativo de corpos cetônicos pode ter um papel crucial, já que os artigos 
associam alguns efeitos anticonvulsivantes da dieta cetogênica com uma ação 
direta dos próprios corpos cetônicos, em especial o beta-hidroxibutirato. 
Em contrapartida, quando estamos lidando com uso da dieta cetogênica no 
consultório, pensando em efeitos na composição corporal e na performance, a 
importância dos corpos cetônicos é menos evidente. Uma possível vantagem de 
entrar no estado de cetosenutricional seria o fato dos corpos cetônicos poderem 
exercer um efeito poupador de proteínas, contribuindo assim para a preservação 
da massa muscular em dietas hipocalóricas. 
A explicação por detrás desse efeito poupador de proteínas é relativamente 
simples. Como os corpos cetônicos podem ser utilizados como substrato 
energético pelo sistema nervoso central, um aumento na quantidade deles poderia 
diminuir a necessidade do uso de aminoácidos para geração de glicose a partir do 
processo de gliconeogênese e com isso reduzir o catabolismo proteico, exercendo 
assim um efeito poupador de proteínas. 
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Apesar dos estudos clínicos em humanos realmente observarem que o 
aumento de corpos cetônicos causa uma diminuição na excreção de nitrogênio e 
da oxidação de aminoácidos, o real impacto anticatabólico dessas moléculas é 
incerto. Sendo assim, uma pessoa que fala que a dieta cetogênica é superior a outra 
estratégia dietética pelo fato de os corpos cetônicos exercerem um efeito poupador 
de proteínas, não fala isso com base na ciência, pois cientificamente falando não 
podemos afirmar que a cetose nutricional reduziria a perda de massa muscular em 
dietas hipocalóricas, apesar do mecanismo existir. Ainda, vale a pena lembrar que 
os carboidratos também exercem um efeito poupador de proteínas bastante 
significativo. 
Outra possível vantagem de entrar em cetose nutricional seria o potencial 
efeito anabólico dos corpos cetônicos. Tal efeito anabólico tem como base alguns 
estudos em animais e em humanos que demonstraram que o aumento da 
concentração de corpos cetônicos ocasionava um maior estímulo da via do mTOR 
e da síntese proteica muscular. Porém, novamente, a relevância clínica desse 
mecanismo é bem incerta. Apesar do mecanismo existir e ser visto em alguns 
estudos em humanos, os artigos científicos que analisam o efeito da dieta 
cetogênica na composição corporal não mostram bons resultados quando falamos 
de aumento de massa muscular. Neste quesito as dietas com maior teor de 
carboidrato acabam sendo superiores. 
Temos que ter em mente que os carboidratos exercem um efeito poupador de 
proteínas, auxiliam no processo de síntese proteica e ajudam muito na 
performance esportiva, todos esses fatores cruciais quando falamos de hipertrofia 
muscular. Sendo assim, apesar de ser possível você ganhar massa muscular em 
uma dieta cetogênica, com certeza esse não é o melhor cenário para isso ocorrer, 
e a inclusão de carboidratos na dieta trará efeitos positivos bastante significativos. 
Além do efeito anticatabólico e anabólico, os corpos cetônicos poderiam 
também auxiliar na performance esportiva, já que eles servem de substrato 
energético para a musculatura esquelética, podendo assim ajudar na produção de 
energia e consequentemente na melhoria de desempenho. Porém, quando vamos 
analisar os artigos científicos feitos com dieta cetogênica e performance esportiva 
os resultados não são muito animadores. 
Apesar de alguns estudos feitos com praticantes de musculação, crossfit, 
atletas de endurance e até mesmo ginastas não observarem prejuízo na 
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performance com a realização de uma dieta cetogênica, a grande maioria dos 
dados disponíveis observa queda de performance esportiva em resposta a dieta 
cetogênica. Nesse sentido temos que nos lembrar que como a dieta cetogênica é 
uma dieta com um consumo extremamente baixo de carboidratos, ela irá causar 
uma redução significativa nos estoques de glicogênio, estoques estes que são 
altamente utilizados para geração de energia durante o exercício. 
Começar o exercício com níveis menores de glicogênio tende a impactar de 
forma negativa a performance tanto em esportes de endurance como em esportes 
mais curtos e explosivos, como lutas, musculação, crossfit, dentre outros. Isso 
explica o fato da maioria dos pacientes relatem queda de desempenho esportivo 
ao realizarem a dieta cetogênica. Como os estoques de glicogênio estarão menores 
é esperado que a performance esportiva reduza de maneira mais significativa. 
Sendo assim, ao lidarmos com atletas de alto nível temos que ter muito cuidado 
com a prescrição da dieta cetogênica, pois a chance desses atletas terem prejuízo 
na performance é extremamente elevada, ao menos nas primeiras semanas. 
Alguns defensores mais assíduos da dieta cetogênica argumentam que seria 
necessário um período maior na dieta para que ela não prejudicasse o desempenho 
esportivo, tempo esse necessário para que ocorresse o processo de ceto-adaptação. 
Para aqueles que não estão familiarizados com o termo, ceto-adaptação, como o 
próprio nome indica, seria justamente uma adaptação do nosso organismo a dieta 
cetogênica, diminuindo assim os colaterais associados a dieta e potencializando 
os seus benefícios. 
Indo por partes, o paciente ceto-adaptado teria uma maior capacidade na 
produção, transporte e oxidação de corpos cetônicos, um aumento significativo 
das enzimas relacionadas a oxidação de gorduras e de corpos cetônicos e uma 
maior biogênese mitocondrial. Todos esses fatores unidos fariam que o paciente 
ceto-adaptado conseguisse usar mais gordura/corpos cetônicos como substrato 
energético, diminuindo assim os prejuízos relacionados a ausência de carboidratos 
na dieta. 
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A imagem acima mostra um pouco sobre os processos de oxidação de 
gorduras, formação de corpos cetônicos, transporte dos corpos cetônicos para 
tecidos extra-hepáticos e uso dos corpos cetônicos como substrato energético. 
Todos esses processos estariam aprimorados no paciente ceto-adaptado. 
O período necessário para que ocorra o processo de ceto-adaptação de maneira 
significativa ainda não é unânime nos artigos. Alguns estudos citam que períodos 
acima de 4 semanas em dieta cetogênica poderiam ocasionar tal adaptação, ao 
passo que outros artigos falam de períodos de pelo menos 2-3 meses. 
Coincidentemente ou não, a maioria dos estudos feitos com dieta cetogênica 
que não mostram prejuízo na performance são estudos mais longos, geralmente 
acima 6-8 semanas de duração. Contudo, novamente pela falta de unanimidade na 
literatura e escassez de dados, não podemos afirmar o real impacto do processo de 
ceto-adaptação na performance esportiva e na resposta a dieta cetogênica e o 
tempo mínimo necessário para que isso ocorra. Porém, uma coisa já é clara com 
base nos estudos: dieta cetogênica feita por períodos mais curtos de tempo, 2-4 
semanas, tende a causar prejuízos mais significativos na performance. 
Sendo assim, com base nos dados disponíveis que temos atualmente na 
literatura científica, a dieta cetogênica, no contexto geral, não é a melhor opção 
de dieta quando o objetivo é performance esportiva. Mesmo com os corpos 
cetônicos sendo utilizados como substrato energético pela musculatura, a 
contribuição e importância dos carboidratos no desempenho ainda é algo 
praticamente inquestionável. 
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Continuando a falar sobre as possíveis vantagens em entrar no estado de cetose 
nutricional, um outro ponto muito mencionado é com relação a questão cognitiva 
e aos colaterais que a redução severa de carboidratos pode causar. Como 
mencionado anteriormente, o sistema nervoso central utiliza muita glicose como 
substrato energético, logo, qualquer redução da disponibilidade desse nutriente 
poderia causar colaterais mais expressivos, como dificuldade de concentração e 
dores de cabeça. 
Apesar do nosso corpo ter a capacidade de produzir glicose a partir do 
processo de gliconeogênese, é muito comum que os pacientes tenham colaterais 
relacionados a dificuldade de concentração e principalmente dores de cabeça no 
início da dieta cetogênica.Uma possível explicação para isso seria uma redução 
transitória da disponibilidade de glicose como substrato energético no início da 
dieta, levando a tais colaterais. Sendo assim, aumentar de forma mais significativa 
a quantidade de corpos cetônicos no organismo seria uma maneira de atenuar tais 
efeitos, já que os corpos cetônicos também são utilizados como substrato 
energético pelo sistema nervoso central. 
Contudo, entramos em um impasse outra vez, já que, apesar da teoria existir e 
os defensores assíduos da dieta cetogênica associarem tal estratégia com melhora 
na capacidade de concentração, foco e aprendizagem, não existem estudos bem 
conduzidos em humanos que façam tal associação. O único fato realmente que 
tende a ocorrer com o passar do tempo na dieta cetogênica é a redução das dores 
de cabeça que são frequentes no início da dieta. 
Outra questão comumente citada é sobre o impacto do estado de cetose 
nutricional na perda de peso, isto é, se o aumento na concentração de corpos 
cetônicos poderia causar qualquer tipo de benefício adicional pensando no 
aumento do metabolismo e na perda de gordura. Nesse caso em específico não 
temos nenhum mecanismo direto associado com um possível efeito termogênico 
promovido pelos corpos cetônicos. 
Falando de forma mecanicista, não existem vias bioquímicas que relacionem 
um aumento no metabolismo promovido pelos corpos cetônicos em si. O que 
existe são apenas alguns estudos bem limitados mostrando um aumento na 
saciedade com a suplementação exógena de beta-hidroxibutirato. Entretanto, 
devido aos poucos dados na literatura e baixa qualidade dos estudos, não podemos 
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afirmar que esse efeito é realmente significativo a ponto de promover uma redução 
no consumo alimentar. 
Os estudos em humanos com dieta cetogênica voltados para perda de peso 
mostram que ela é uma estratégia eficaz para esse objetivo, porém, não é uma 
estratégia superior quando comparada a uma dieta low fat com a mesma 
quantidade calórica. O que a dieta cetogênica pode sim ocasionar é uma maior 
perda de peso inicial por conta de uma redução mais significativa de água, já que 
ela causa uma redução nos níveis de glicogênio e uma diminuição aguda de 
insulina por conta da restrição de carboidrato. 
Sendo assim, como o glicogênio está associado com moléculas de água e a 
insulina é um hormônio que aumenta a retenção de sódio e de água, a perda de 
peso (água) no início da dieta cetogênica tende a ser maior do que em uma dieta 
low fat. Contudo, é importante citar que esse peso perdido a mais no início será 
justamente por essa maior redução de água e não por uma maior perda de gordura. 
Além disso, os estudos feitos a longo prazo mostram que essa perda de peso maior 
no início da dieta não reflete em maior perda de peso de forma crônica, já que os 
estudos com 6 meses ou mais de duração não observam maior perda de peso com 
dietas restritas em carboidratos quando comparadas a dietas restritas em gorduras. 
Entretanto, mesmo que não seja uma estratégia superior para perda de peso, a 
dieta cetogênica é uma alternativa bastante válida para tal objetivo, principalmente 
em pacientes com maior resistência a insulina. Apesar dos artigos serem mais 
limitados e os resultados não serem unânimes, alguns dados científicos mostram 
que pacientes com maior resistência a insulina podem, pelo menos de forma mais 
aguda, ter uma melhor resposta metabólica quando submetidos a dietas com 
menor consumo de carboidratos, como uma dieta low carb e a própria cetogênica. 
Nesse sentido muitos profissionais têm dúvidas se a dieta cetogênica poderia 
promover algum efeito benéfico adicional quando comparada a uma dieta low 
carb comum. Porém, não temos respaldo científico para falar que a dieta 
cetogênica seria superior nesse sentido e com base na literatura atual ambas são 
igualmente eficazes. 
Com base em tudo aquilo que foi exposto acima, fica claro de que a entrada 
no estado de cetose nutricional e a dieta cetogênica em si não promovem efeitos 
benéficos adicionais pensando em perda de peso, aumento de massa muscular, 
performance esportiva e melhora da saúde. 
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Vale citar também que a suplementação com corpos cetônicos exógenos, feita 
geralmente com o sal ou éster de beta-hidroxibutirato, não possui boa 
comprovação científica pensando em melhora da performance esportiva e 
cognitiva e da composição corporal. Apesar de existirem alguns poucos estudos 
mostrando melhora da performance esportiva e aumento da via do mTOR com tal 
suplementação, é importante deixar claro que esses dados são muito limitados, 
que as doses utilizadas nesses estudos são muito elevadas e que a forma de beta-
hidroxibutirato utilizada é em éster. 
Contextualizando, no Brasil a suplementação com beta-hidroxibutirato é feita 
na forma de sal de beta-hidroxibutirato e em sachês de 3 ou 6 gramas geralmente. 
Já as doses utilizadas nos estudos científicos que mostram benefícios com a 
suplementação desse corpo cetônico costumam ficar na casa de 10-30 gramas em 
média e a suplementação geralmente é feita na forma de éster de beta-
hidroxibutirato, que é mais eficaz do que o sal desse corpo cetônico. 
Com tudo isso dito, fica nítido que a comprovação científica da suplementação 
de corpos cetônicos é ainda extremamente limitada, sendo necessário mais estudos 
científicos bem controlados e mostrando efeitos positivos para justificar sua 
prescrição. 
No âmbito clínico, além da aplicabilidade da dieta cetogênica em pacientes 
com epilepsia refratária, também é muito difundido o uso de tal estratégia em 
pacientes com câncer e doenças neurodegenerativas, com algumas pessoas 
inclusive utilizando a dieta cetogênica como tratamento principal contra o câncer. 
Em primeiro lugar é importante entender de onde veio a ideia de que a dieta 
cetogênica poderia auxiliar pacientes com câncer. Alguns profissionais da área da 
saúde costumam divulgar que as células cancerígenas utilizariam apenas glicose 
para geração de energia por conta do efeito Warburg que é altamente presente 
nessas células. 
Sendo assim, retirando os carboidratos (glicose) da dieta o câncer “morreria 
de fome”, o que levaria a uma interrupção na sua multiplicação e a uma morte 
celular, diminuindo o tumor e com o passar do tempo podendo ocasionar uma 
remissão total. 
Apesar da célula cancerígena realmente utilizar muita glicose pare geração de 
energia e do efeito Warburg estar presente em tais células, os estudos científicos 
já nos mostram que tais células também usam outros substratos energéticos para 
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multiplicação, sendo alguns deles a própria gordura e o corpos cetônicos. Dessa 
maneira, apesar de tal teoria poder encantar os mais leigos e fazer muitos 
acreditarem que para curar o câncer basta retirar o carboidrato da dieta, os estudos 
científicos em humanos não corroboram com tal pensamento. 
Os artigos científicos em humanos realizando dieta cetogênica em pacientes 
com câncer geralmente costumam utilizar essa estratégia em pacientes com 
gliomas e glioblastomas e mostram que, apesar da dieta cetogênica não causar 
nenhum tipo de malefício específico nos pacientes, ela também não traz nenhum 
efeito benéfico adicional quando comparada a outras dietas. 
Dessa forma, pense duas vezes antes de prescrever dieta cetogênica para 
algum paciente com câncer, pois os estudos atuais não mostram nenhum efeito 
positivo da dieta para esses pacientes. Além disso, a dieta cetogênica (conforme 
vamos ver a seguir) acaba sendo uma estratégia de difícil adesão por conta da 
restrição severa do consumo de carboidratos, e por conta disso pode acabar 
ocasionando prejuízos para pacientes com câncer que já acabam tendo uma menor 
ingestãocalórica devido aos enjoos e outros colaterais promovidos pelas 
medicações utilizadas no tratamento. A figura abaixo mostra um pouco mais do 
metabolismo de lipídeos nas células tumorais 
 
 
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1.3. Possíveis riscos da dieta cetogênica para o nosso organismo 
Conforme vimos de maneira bem extensa no item anterior, sempre que 
falamos na realização de uma dieta cetogênica o objetivo é adequar corretamente 
os macronutrientes para que o paciente possa entrar no estado de cetose 
nutricional. 
 Quando se fala em cetose nutricional muitos ainda acabam tendo dúvidas e 
confundindo a cetose nutricional com a cetoacidose diabética, uma condição 
patológica que pode ocorrer em pacientes diabéticos insulinodependentes com a 
glicemia descompensada. 
Para aqueles que não conhecem muito bem essa condição, na cetoacidose 
diabética o paciente tem um aumento muito significativo na produção de corpos 
cetônicos em decorrência da ausência de insulina. Nesse caso, esse aumento é tão 
significativo que levar a uma alteração do pH além de outras complicações bem 
graves, podendo inclusive levar a morte do paciente. 
Na cetoacidose diabética a quantidade de corpos cetônicos no organismo é 
muito maior do que aquela causada pelo estado de cetose nutricional induzido pela 
dieta cetogênica, e é justamente esse excesso de corpos cetônicos que causa 
prejuízos para a saúde. Nas imagens abaixo temos algumas diferenças entre a 
cetoacidose diabética a o estado de cetose nutricional, destacando-se 
principalmente a concentração de corpos cetônicos e os valores de pH. 
 
 
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Apesar de nós encontrarmos na literatura científica alguns poucos relatos de 
caso de ocorrência de cetoacidose diabética em pacientes não diabéticos, isso é 
uma situação extremamente rara de ocorrer e os relatos de caso disponíveis são 
bastante questionáveis também. Sendo assim, podemos falar que não há motivos 
para se preocupar com cetoacidose diabética em pacientes que realizam dieta 
cetogênica prescrita corretamente. 
Apesar da cetoacidose diabética não ser uma preocupação relevante em 
pessoas saudáveis que realizam dieta cetogênica, existem outros colaterais 
associados a dieta que são relativamente comuns, sendo um dos principais a 
constipação. 
Pelo fato da dieta cetogênica ter um consumo de carboidratos extremamente 
restrito, é comum que muitos pacientes acabem tendo um baixo consumo de fibras 
ao realizar essa estratégia e consequentemente apresentem dificuldade na 
evacuação. Porém, esse é um problema relativamente fácil de arrumar. 
A melhor estratégia para reduzir a chance de constipação ao realizar uma dieta 
cetogênica é ter um aporte elevado de vegetais. Os poucos carboidratos permitidos 
na dieta, em torno de 50 gramas por dia, devem ser oriundos principalmente do 
consumo de vegetais. Dessa maneira, o paciente conseguirá obter uma boa 
ingestão de fibras e garantir uma maior saúde intestinal. Em algumas situações é 
viável também fazer a suplementação isolada de fibra na dieta, adicionando 
psyllium e outras opções no dia a dia. 
Essa suplementação com fibras acaba sendo muito prática e de forma geral 
tende a resolver os problemas relacionados a constipação. Porém, como 
mencionado anteriormente, se o paciente tiver um bom consumo de vegetais na 
dieta dificilmente terá problemas relacionados a questão intestinal. 
A grande preocupação relacionada a isso é naqueles pacientes que ficam 
apenas consumindo alimentos fontes de gordura e proteína e esquecem da 
importância dos vegetais para a saúde. Um grande problema em pacientes que 
fazem dieta cetogênica por conta própria é que a dieta muitas vezes acaba sendo 
nada saudável, já que eles pensam que o que importa é apenas consumir gordura 
e proteína, não dando relevância aos vegetais. 
Nesses casos a dieta costuma ser repleta de alimentos embutidos, carnes 
vermelhas mais gordas e praticamente ausente de vegetais. Em situações como 
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essa, além do problema relacionado ao intestino, outra preocupação muito grande 
é com o perfil lipídico do paciente. 
Por ser uma dieta com um teor mais elevado de gorduras, a maioria dos estudos 
relata que a cetogênica causa aumento de HDL e aumento de LDL, geralmente 
impactando pouco e até reduzindo os níveis de triglicerídeos. O fator mais 
importante para tais alterações é o tipo de gordura consumido na dieta. 
Os estudos já mostram que uma dieta cetogênica feita a base de gorduras 
poliinsaturadas é muito mais positiva para o perfil lipídico quando comparada a 
uma dieta cetogênica feita a base de gorduras saturadas. As gorduras saturadas 
aumentam de forma mais significativa o LDL e possuem um efeito mais pró-
inflamatório mediado pela ativação do receptor do tipo Toll 4. 
Dessa maneira, fazer uma dieta cetogênica não é sinônimo de ficar se 
entupindo de bacon, picanha, presunto, manteiga, dentre outros alimentos 
parecidos fontes de gordura saturada. Na dieta cetogênica devem ser consumidas 
principalmente gorduras poli e monoinsaturadas e o aporte de gorduras saturadas 
deve ser limitado. Ainda, o consumo de vegetais deve ser o mais alto possível 
dentro da quantidade de carboidratos permitida pela dieta. Para ficar ainda mais 
ilustrativo, abaixo temos dois pratos que poderiam ser consumidos em uma dieta 
cetogênica. O primeiro mostrando aquilo que não deve ser feito na dieta 
cetogênica e o segundo sendo muito mais saudável e o ideal para a dieta. 
 
Dieta cetogênica a base de gordura 
animal/saturada e sem aporte de 
vegetais. 
 
 
 
 Dieta cetogênica rica em vegetais e 
com maior consumo de gorduras poli e 
monoinsaturadas. 
 
 
 
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Outro fator que pode ocorrer na dieta cetogênica, ao menos no início, é uma 
maior incidência de câimbras musculares. Isso se deve ao fato que ao começar 
uma dieta cetogênica é esperado de que os níveis de insulina caiam de maneira 
mais significativa de forma aguda. Como a insulina é um hormônio que aumenta 
a retenção de sódio, uma queda mais significativa da mesma poderia reduzir os 
níveis de sódio de forma mais expressiva, explicando o fato de algumas pessoas 
relatarem câimbras no início da dieta. 
Apesar de algumas profissionais recomendarem que os pacientes consumam 
mais sódio ao realizarem a dieta cetogênica, cientificamente falando não temos 
base para tal recomendação. Sendo assim, o aporte de sódio na dieta cetogênica 
deve ser o mesmo de uma dieta tradicional. As câimbras, caso ocorram, tendem a 
desaparecer depois de uns dias de dieta, não sendo algo que gere muita 
preocupação. 
Para finalizar sobre os possíveis riscos associados a dieta cetogênica, outro 
fator mencionado é sobre os hormônios tireoidianos. Conforme já sabemos, a 
conversão de T4 em T3 é realizada pelas enzimas deiodinases I, II e III. Os artigos 
mostram que alguns micronutrientes são essenciais para o bom funcionamento de 
tais enzimas e que o aporte calórico e o próprio consumo de carboidratos também 
são extremamente importantes. 
Dietas com maior restrição calórica e com consumo muito restrito de 
carboidratos poderiam, ao menos em teoria, causar prejuízos com relação aos 
hormônios tireoidianos. Por conta disso muitos indagam se a dieta cetogênica não 
poderia impactar de forma mais significativa tais hormônios, com alguns 
profissionais inclusive afirmando que a dieta cetogênica poderia levar a um 
quadro de hipotireoidismo. 
Apesar dos mecanismos existirem e os estudos em humanos mostrarem que a 
restrição de calorias e carboidratos pode impactar a tireoide, geralmente causando 
redução nos níveis de t3, t4 e aumento de TSH, os estudos feitos com dieta 
cetogênica a longo prazo, principalmenteem crianças com epilepsia refratária, 
não são unânimes em relatar alterações significativas na função tireoidiana, com 
alguns dados mostrando prejuízo e outros mostrando efeito nulo. 
É importante citar que a maioria desses estudos são feitos a longo prazo, 
geralmente acima de 6 meses de duração. Sendo assim, não é de se esperar que 
um paciente que se submeta a um período mais curto de dieta cetogênica tenha 
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qualquer alteração realmente significativas nos hormônios tireoidianos. Contudo, 
caso esse paciente mantenha-se na dieta por períodos mais prolongados, 6-12 
meses ou mais, em especial se a dieta estiver com restrição calórica, é importante 
que o profissional acompanhe os valores de TSH e T4livre nos exames para 
garantir que eles não sofram alterações muito significativas. Vale mencionar 
também que quaisquer alterações que possam vir a ocorrer nos hormônios 
tireoidianos em decorrência da dieta são totalmente reversíveis. 
A figura abaixo retirada do artigo publicado por Lee et al. (2017) mostra que 
os níveis de TSH e t4 livre não foram influenciados de maneira significativa em 
resposta a uma dieta cetogênica feita por um período médio de 1 ano e 9 meses. 
Entretanto, nas crianças que tiverem o início das crises e iniciaram a dieta 
cetogênica em idade mais precoce, foi relatado uma diminuição significativa de 
t4 livre e um aumento nos níveis de TSH durante a dieta cetogênica. 
 
Com tudo isso dito, fica claro que não podemos afirmar que a dieta cetogênica, 
principalmente quando feita por um período mais curto de tempo (<6 meses), irá 
causar qualquer tipo de alteração significativa nos hormônios tireoidianos. Porém, 
temos que ficar atentos e monitorar os exames tireoidianos de pacientes que se 
submetem a dieta cetogênica por um período mais prolongado, principalmente se 
a dieta estiver com restrição calórica. 
1.4. Diferenças entre dieta cetogênica e dieta metabólica 
A dieta metabólica é uma dieta criada pelo doutor Mauro di Pasquale na 
década de 90 que se assemelha em alguns pontos com a dieta cetogênica, fazendo 
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assim com que muitas pessoas confundam esses dois tipos de dieta, achando que 
elas possuem o mesmo objetivo e forma de realização. Na verdade, conforme 
vamos ver a seguir, apesar de algumas leves semelhanças, dieta cetogênica e dieta 
metabólica não tem praticamente nada a ver uma com a outra quando paramos 
para analisar de maneira mais minuciosa. 
Na dieta metabólica a divisão de macronutrientes se assemelha com a dieta 
cetogênica, sendo majoritariamente uma dieta a base de gorduras e com um 
consumo de carboidratos bem restrito. Na dieta metabólica é recomendado que 
durante a semana o paciente mantenha um consumo de gorduras na faixa de 40-
60% do valor energético total, proteínas entre 40-50% do valor energético total e 
carboidratos na faixa de 30-50 gramas por dia. 
Analisando assim até parece com a divisão de macronutrientes da dieta 
cetogênica, haja visto que a restrição de carboidratos é bem severa e o consumo 
de gorduras é bem maior do que o habitual em dietas mais tradicionais. Porém, 
fazendo uma análise mais minuciosa fica clara algumas diferenças bem 
significativas. 
Como vimos anteriormente, a dieta cetogênica é uma dieta hiperproteica de 
forma geral, com um consumo de proteínas entre 20-30% do valor energético total 
ou então na faixa de 1.8-2 g/kg em média. Já na dieta metabólica esse consumo 
proteico é relativamente maior, com a contribuição de proteínas podendo chegar 
a 50% do valor energético total. Colocando em números, um paciente de 90 quilos 
com uma dieta de 3000 kcals poderia consumir até 1500 kcals por dia oriundas 
das proteínas, dando um total de 375 gramas de proteína por dia, equivalendo a 
4.16 g/kg, ou seja, um aporte proteico muito mais elevado do que o recomendado 
na dieta cetogênica. 
Conforme mostrado, um excesso de proteínas na dieta cetogênica pode vir a 
prejudicar a entrada no estado de cetose nutricional, principalmente quando causar 
uma desproporção muito grande com o consumo de gorduras. Sendo assim, o 
consumo proteico já é uma diferença bastante significativa entre a dieta cetogênica 
e a dieta metabólica. 
Outro ponto que temos que falar é com relação as gorduras. Na dieta 
metabólica o consumo de gorduras fica na casa de 40-60% do valor energético 
total, sendo classificada como uma dieta alta em gorduras. Já na dieta cetogênica 
essa ingestão deve ser bem maior, com um consumo mínimo de gorduras ficando 
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geralmente na casa de 70% do valor energético total e com algumas versões mais 
severas da dieta chegando a ter 80-90% do valor energético total oriundo de 
gorduras. 
Sendo assim, apesar da dieta metabólica ser uma dieta com um consumo mais 
alto de gorduras quando comparada a uma dieta tradicional, esse consumo é ainda 
relativamente bem inferior do que aquele feito numa dieta cetogênica. Colocando 
em número novamente, em uma dieta com 3000 kcals o consumo de gorduras na 
dieta metabólica pode ser de 1200 kcals por dia, 40% do valor energético total. 
Na dieta cetogênica o recomendado seria um consumo de pelo menos 2100 kcals 
oriundos de gorduras, representando 70% do valor energético total. Novamente 
vemos que, ao analisar de maneira mais minuciosa, as diferenças nas 
recomendações de macronutrientes entre a dieta cetogênica e a dieta metabólica 
são bastante significativas. 
Para contribuir para uma diferença ainda maior entre as duas dietas, apesar do 
consumo de carboidratos na dieta metabólica ser restrito a uma casa de 30-50 
gramas por dia durante a semana, valor praticamente idêntico aquele proposto pela 
dieta cetogênica, aos finais de semana a ingestão de carboidratos na dieta 
metabólica é muito mais elevada, podendo representar até 60% do valor 
energético total. 
Explicando um pouco melhor, Mauro di Pasquile recomenda que nos 
primeiros 12 dias de dieta metabólica o paciente mantenha a proporção de 
gorduras entre 40-60% do valor energético total, proteínas entre 40-50% do valor 
energético total e carboidratos na faixa de 30-50 gramas por dia de maneira 
constante. Porém, após esses 12 dias iniciais o consumo de carboidrato na dieta 
metabólica aos finais de semana pode chegar até 60% do valor energético da dieta, 
configurando uma espécie de recarga de carboidratos ao final de semana durante 
um período mínimo de 12 horas e máximo de 48 horas. A figura abaixo relata 
como seria essa divisão de macronutrientes na dieta metabólica após os 12 dias 
iniciais. 
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Conforme podemos observar, depois dos primeiros 12 dias de dieta, a dieta 
metabólica permite que o paciente consuma até 60% do valor energético total da 
dieta a partir de carboidratos no sábado e domingo. Como disse acima, isso seria 
uma espécie de recarga de carboidratos feitas ao final de semana, que segundo o 
autor da dieta teria como objetivo auxiliar no metabolismo, desempenho no treino 
e na questão muscular. 
Já na dieta cetogênica o consumo de carboidratos deve ficar restrito a 50 
gramas por dia, em torno de 5-10% do valor energético total, a semana inteira. 
Não existe recarga de carboidratos em uma dieta cetogênica. Aquele paciente que 
está fazendo uma dieta cetogênica e aos finais de semana consome alimentos ricos 
em carboidratos como massas, pães, batatas, dentre outros, está saindo da dieta, 
pois na cetogênica o consumo de carboidratos é baixo de segunda a segunda. 
Aqui temos talvez a principal diferença entre as dietas cetogênica e 
metabólica, a dieta metabólica permite o consumo de carboidratos em quantidades 
mais elevadas aos finais de semana, já a dieta cetogênica não. Essa recarga de 
carboidratosfeita na dieta metabólica também é uma das responsáveis por outra 
diferença crucial entra as duas dietas, a entrada no estado de cetose nutricional. 
Conforme foi visto, toda aquela especificidade e cuidado na divisão de 
macronutrientes na dieta cetogênica tinha como objetivo fazer com que o paciente 
aumentasse de forma significativa a produção de corpos cetônicos para poder 
entrar em cetose, que é um dos principais objetivos da dieta. 
Já na dieta metabólica, apesar de durante a semana, em especial nos primeiros 
12 dias de dieta, o paciente até poder ter um aumento na produção de corpos 
cetônicos, esses valores não chegam perto daqueles vistos na dieta cetogênica. O 
fato do consumo proteico na dieta metabólica poder chegar a 50% e o consumo 
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de gorduras poder ficar em 40% já é um motivo para diminuir a produção de 
corpos cetônicos quando comparada com a cetogênica. 
Além disso, a recarga de carboidratos feita ao final de semana vai reduzir de 
maneira extremamente significativa a quantidade de corpos cetônicos no 
organismo, fazendo com que o paciente saia totalmente do estado de cetose 
nutricional, considerando que ele estava realmente em cetose. Como vimos antes, 
pode levar 2-3 até 7 dias para que o corpo consiga aumentar de maneira mais 
significativa a concentração de corpos cetônicos em resposta a dieta cetogênica. 
Dessa forma, o paciente que sai totalmente da cetose nutricional por conta da 
recarga de carboidratos do final de semana, poderá retornar a cetose 
provavelmente entre quarta e sexta-feira, considerando que a divisão de 
macronutrientes seja aquela recomenda pela dieta cetogênica, talvez fazendo com 
que na divisão da dieta metabólica esse processo se torne ainda mais demorado. 
Considerando que no próximo final de semana ele irá novamente fazer a 
recarga de carboidratos, podemos dizer que o paciente que realiza uma dieta 
metabólica provavelmente não entrará em cetose nutricional ou se entrar será por 
um período muito curto de tempo. Apesar da cetose não trazer benefícios 
específicos no que diz respeito a performance e a composição corporal, ela é um 
dos requisitos básicos da dieta cetogênica. Essa na verdade é a principal diferença 
entre a dieta cetogênica e a dieta metabólica. Na dieta metabólica o paciente não 
entra, ou entra por um período muito curto de tempo, no estado de cetose 
nutricional. Já na dieta cetogênica o paciente vai permanecer em cetose de forma 
constante se a dieta for prescrita de maneira correta e a sua adesão for boa. 
Após analisarmos todos os fatores mencionados acima, mesmo que as dietas 
cetogênica e metabólica compartilhem de alguns traços em comum, como uma 
maior ingestão de gorduras e uma restrição maior de carboidratos, pelo menos 
durante a semana no caso da dieta metabólica, as diferenças entre elas são muito 
significativas e um bom profissional não pode jamais considerar que dieta 
metabólica é uma dieta cetogênica. Observando bem, a dieta metabólica nada mais 
é do que uma espécie de ciclo de carboidratos padronizado pelo Mauro di 
Pasquele, com os pacientes consumindo mais gorduras e proteínas e menos 
carboidratos durante a semana, e ingerindo mais carboidratos e menos gorduras e 
proteínas aos finais de semana, semelhante ao que ocorre em um ciclo de 
carboidratos. Obviamente que existem várias outras especificidades relacionadas 
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a dieta metabólica que não foram ditas aqui por não terem relevância nessa questão 
de comparação com a dieta cetogênica. Para aqueles que querem conhecer de 
maneira mais aprofundada as ideias do doutor Mauro di Pasquele ao elaborar a 
dieta metabólica vale a pena fazer a leitura dos seus livros dieta metabólica e 
solução anabólica, onde ele fala de maneira bem minuciosa sobre tais estratégias. 
Levem em consideração que os livros foram feitos pelo autor da dieta, então é 
preciso um ótimo senso crítico para analisar melhor o que realmente tem 
comprovação e embasamento científico e o que não tem. 
 
Abaixo segue um exemplo de como seria a realização da dieta metabólica 
tradicional de forma prática, levando em consideração uma dieta de 2500 kcals 
para um paciente de 80 kg. 
 
 Carboidratos Proteínas Gorduras 
Dias de semana 50 gramas 
200 kcal 
8% do VET 
 0.62 g/kg 
280 gramas 
1120 kcal 
44.8% do VET 
3.5 g/kg 
131 gramas 
1180 kcal 
47.2% do VET 
1.63 kg/kg 
Finais de semana 320 gramas 
1280 kcal 
51.2% do VET 
4 g/kg 
160 gramas 
640 kcal 
25.6% do VET 
2 g/kg 
64 gramas 
580 kcal 
23.2% do VET 
0.8 g/kg 
 
1.5. Elaborando uma dieta cetogênica 
Depois de termos visto tudo a respeito dos efeitos fisiológicos, colaterais, 
divisão de macronutrientes e demais especificidades relacionadas a dieta 
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cetogênica, para finalizar esse capítulo vamos dar um exemplo prático de como 
seria a elaboração da dieta cetogênica em uma situação hipotética. 
Vamos usar como exemplo um paciente de 80 kg fazendo uma dieta 
cetogênica de 2200 kcals com objetivo de perder gordura, ou seja, uma dieta com 
restrição calórica. 
Iniciando com a parte de cálculos, resolvemos utilizar para esse paciente uma 
proporção de 70% de gorduras, 26% de proteínas (1.8 g/kg) e 4% de carboidratos. 
Observem nas tabelas abaixo como ficaria tal divisão, considerando 4 refeições 
iguais contendo em média 42 gramas de gordura, 36 gramas de proteína e 5 gramas 
de carboidrato. 
Dieta de 2200 
kcal 
Gorduras Proteínas Carboidratos 
% 70% 26% 4% 
Kcal 1540 kcal 576 kcal 84 kcal 
Gramas 171 gramas 144 gramas 21 gramas 
g/kg 2.13 g/kg 1.8 g/kg 0.26 g/kg 
 
Café da manhã # 5 ovos inteiros 
# 30 gramas de bacon 
Almoço # 120 gramas de peito de frango 
# 3 colheres de sopa de azeite de oliva 
# Vegetais 
Lanche da tarde # 2 ovos inteiros 
# 30 gramas de whey 
# 20 gramas de oleaginosas 
# 40 gramas de farinha de amêndoas 
Jantar # 110 gramas de picanha 
# 2 colheres e meia de óleo de canola 
# Vegetais 
Obviamente que esse é apenas um exemplo para tornar mais visual e didático 
a elaboração da dieta cetogênica, existem várias outras opções de alimentos que 
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podem ser incluídas no cardápio para diversificar mais a dieta e com isso aumentar 
ainda mais a adesão. 
Vale a pena citar alguns pontos importantes. Apesar de ter sido mencionado 
anteriormente que a base de gorduras da dieta cetogênica precisa ser de gorduras 
poli e monoinsaturadas, isso não significa que o paciente não poderá consumir 
gordura saturada na dieta. 
No exemplo acima fica claro como a ingestão de gorduras na dieta cetogênica 
é proporcionalmente muito mais alta que a de carboidratos e proteínas. Dessa 
maneira, na dieta cetogênica costumamos ter que utilizar “gorduras de adição”, 
que nada mais são do que alimentos compostos quase que exclusivamente a base 
de gordura para poder manter a dieta dentro das kcals e da divisão de 
macronutrientes proposta. 
Na dieta elucidada acima as gorduras de adição utilizadas foram o azeite de 
oliva e o óleo de canola, duas excelentes fontes de gorduras mono e 
poliinsaturadas, com ótimos efeitos para o perfil lipídico e para a saúde de uma 
maneira geral. Essas gorduras podem ser adicionadas para temperar os vegetais, 
para fazer algum molho ou até mesmo para o preparo dos alimentos em si. As 
oleaginosas também são bons exemplos de alimentos constituídos 
majoritariamente por gorduras que podem ser utilizados como “gordura de 
adição”, apesar destas possuírem mais carboidratos e gorduras quando 
comparadas aos óleos vegetais. O que vale aqui é o profissional ter essa noção de 
que ao elaborar a dieta cetogênica ele geralmente precisará utilizar alimentos 
compostos basicamente por gordurapara conseguir adequar os macronutrientes e 
as kcals. 
Na dieta acima temos a presença também de dois alimentos que não são muito 
saudáveis de uma forma geral, o bacon, principalmente pelo fato de ser um 
embutido e por conter uma maior quantidade de gordura saturada, e a picanha, que 
apesar de não entrar na classe dos embutidos também é constituída 
majoritariamente por gordura saturada, e como vimos antes, a gordura saturada 
não é uma gordura considerada saudável. 
Contudo, ao analisarmos a dieta como um todo fica bem claro que a maior 
parte da gordura presente nela é oriunda de gorduras poli e monoinsaturadas, e é 
isso que importa. Obviamente que não é interessante que o paciente coma bacon 
todos os dias, porém, temos que nos lembrar que o principal fator para que uma 
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dieta tenha sucesso é justamente o fato do paciente conseguir ter uma adesão a 
ela. Sendo assim, se deixarmos o paciente fazer uma dieta cetogênica apenas a 
base de peito de frango, azeite de oliva, abacate e vegetais todos os dias, 
dificilmente ele conseguirá ficar 2-3 meses nessa dieta. 
Sendo assim, o que importa aqui é sempre o bom senso. Você pode liberar 
alimentos não tão saudáveis como bacon, torresmo, picanha etc., desde que esse 
consumo seja feito de forma moderada, com o intuito de tornar a adesão maior e 
que a base da dieta seja a partir de alimentos saudáveis. 
Um dos principais empecilhos da prescrição da dieta cetogênica no consultório 
é justamente a limitação de alimentos que ela possui por conta da restrição muito 
severa de carboidratos. São poucos os pacientes que realmente vão se adaptar com 
esse estilo de dieta e conseguir manter por um período maior, de pelo menos 2-3 
meses. Para que isso ocorra você precisa tornar a dieta o mais atrativa possível. 
Atualmente existem vários sites com receitas cetogênicas doces e salgadas que 
você pode incluir na dieta do seu paciente para que ele possa variar os alimentos 
e preparos e não enjoe tão fácil assim da dieta. 
Outra dica muito importante pensando em aumentar a adesão do paciente é ir 
fazendo reduções gradativas no aporte de carboidrato para que o paciente vá se 
acostumando aos poucos com esse estilo de dieta. Com certeza se você prescrever 
de um dia para o outro a dieta cetogênica para um paciente acostumado há um 
bom tempo a consumir 50-60% do valor energético total da dieta a partir de 
carboidratos ele não conseguirá manter a dieta por conta dos colaterais 
relacionados a retirada abrupta do carboidrato e por conta da mudança no estilo 
alimentar de forma muito radical. 
A dieta cetogênica tem mais aplicabilidade para aqueles pacientes que já estão 
acostumados a fazer uma dieta low carb e que gostariam de tentar algo diferente 
para ver como o organismo vai reagir e como uma forma de motivação para 
continuar na dieta, haja visto que alguns pacientes acabam reduzindo a adesão a 
dieta quando permanecem por muito tempo com a mesma base alimentar, 
relatando muitas vezes que gostariam de tentar algo novo para diversificar a dieta. 
Nesses casos prescrever a dieta cetogênica pode ser bastante interessante. 
Contudo, se o seu paciente não se encaixa nesse perfil, não há necessidade 
alguma de “forçá-lo” a fazer uma dieta cetogênica, pois conforme vimos acima, 
apesar de ela ser uma estratégia válida e eficaz para perda de peso e melhora de 
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alguns quadros metabólicos, ela não é superior a uma dieta low carb tradicional 
ou a uma dieta low fat quando o aporte calórico é semelhante, ela é apenas mais 
uma estratégia que o nutricionista pode utilizar com os seus pacientes quando 
achar válido. 
1.6. Referências 
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