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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
A Pátria 
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! 
Criança! não verás nenhum país como este! 
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! 
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, 
É um seio de mãe a transbordar carinhos. 
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, 
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! 
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! 
Vê que grande extensão de matas, onde impera 
Fecunda e luminosa, a eterna primavera! 
Boa terra! jamais negou a quem trabalha 
o pão que mata a fome, o teto que agasalha... 
Quem com o seu suor a fecunda e umedece, 
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! 
Criança! não verás país nenhum como este: 
Imita na grandeza a terra em que nasceste! 
(BILAC, Olavo. Poesias infantis. Rio de Janeiro, Minas, São Paulo: Francisco Alves & Cia,1904, p. 114-115.)
 
1. O poema “A Pátria”, de Olavo Bilac, está inserido no livro Poesias infantis, publicado em 1904. No prefácio daquela publicação, consta o seguinte trecho: 
O autor deste livro destinado às escolas primárias do Brasil não quis fazer uma obra de arte: quis dar às crianças alguns versos simples e naturais, sem dificuldade de linguagem e métrica, mas, ao mesmo tempo, sem a exagerada futilidade com que costumam ser feitos os livros do mesmo gênero /.../ 
O que o autor deseja é que se reconheça neste pequeno volume, não o trabalho de um artista, mas a boa vontade com que um brasileiro quis contribuir para a educação moral das crianças do seu país. 
Considerando esse trecho do prefácio e o poema “A Pátria”, assinale a alternativa correta. 
a) A estruturação do poema com a presença de versos livres confirma o que se diz no prefácio sobre “versos simples e naturais, sem dificuldade de linguagem e métrica”. 
b) A interlocução entre o eu lírico e uma criança, somada à mensagem ufanista do poema, é coerente com o objetivo pedagógico proposto no prefácio. 
c) Ao abordar o objetivo de “contribuir para a educação moral das crianças”, o autor faz uma crítica à imoralidade dominante na vida cotidiana do início do século. 
d) Ao destinar o livro às escolas primárias, o autor deixa claro que a obra não é adequada para a leitura do público adulto. 
 
2. Assinale a alternativa correta referente ao poema “A Pátria”, de Olavo Bilac: 
a) Os pontos de exclamação ajudam a reforçar o tom imperativo do poema, marcado pelo uso dos verbos amar, olhar, ver e imitar. 
b) Em “A Natureza (...) / É um seio de mãe a transbordar carinhos”, o eu lírico vale-se da ironia para mostrar que a Pátria é mãe carinhosa só para certos filhos. 
c) O poema exalta a Pátria, mas mantém o senso crítico ao abordar, na primeira estrofe, o problema dos insetos perigosos para a agricultura. 
d) Fecundar a terra com o suor do rosto (penúltima estrofe) é um modo literal de dizer que o trabalho é importante para quem quer se enriquecer no Brasil. 
 
3. Leia o fragmento de texto do livro História concisa da Literatura Brasileira, de Alfredo Bosi:
Desnudam-se as mazelas da vida pública e os contrastes da vida íntima; e busca-se para ambas causas naturais (raça, clima, temperamento) ou culturais (meio, educação) que lhes reduzem de muito a área de liberdade. O escritor realista tomará a sério as suas personagens e se sentirá no dever de descobrir-lhes a verdade, no sentindo positivista de dissecar os móveis do seu comportamento.
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3. ed. São Paulo, Cultrix, 1997. p. 178.)
Marque a alternativa que contém uma afirmação correta em relação ao Realismo brasileiro: 
a) Movimento literário e artístico que se utiliza do exagero, do paradoxo, da antítese, da religiosidade e de elementos clássicos para compor suas produções. 
b) Algumas das características desse movimento literário são a crítica da vida nas cidades, a valorização da vida no campo e o uso de uma linguagem mais simples. 
c) Movimento literário que se empenhou na retomada de alguns aspectos do Romantismo, como o uso da subjetividade e os traços pessimistas, porém com aspectos metafísicos e mais filosóficos. 
d) Insere-se em um momento histórico permeado por uma série de mudanças sociais, econômicas e políticas, como a Abolição da Escravatura (1888), o declínio da economia açucareira e a Proclamação da República (1889). 
 
4. Leia o fragmento do texto “O Parnasianismo”, retirado da obra De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira - I, de José Guilherme Merquior:
Das Sinfonias (1882) de Raimundo Correia às Poesias (1888) de Olavo Bilac, firma-se entre nós a disciplina parnasiana. Com ela se deu a invasão do alexandrino francês, o abandono do verso branco, o recuo dos metros ímpares, o banimento do hiato, a obrigatoriedade da rima rica (rima entre palavras de categoria gramatical diferente) e o império das formas de estrofação rígidas; o parnasianismo institui o reinado do soneto. Hipnotizados pela ginástica versificatória, seduzidos por uma concepção escultural do poema, os nossos parnasianos cuidaram menos de atingir a “impassibilidade” recomendada por Paris do que de assegurar livre curso à tendência, bem ibérica, para o exibicionismo verbal – a mesma a que se entregava, pela mesma época, o mais influente dos poetas em castelhano, o nicaraguense europeizado Rubén Darío (1867-1916).
(MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979. p. 121-122. Adaptado.)
A respeito do Parnasianismo, analise as afirmativas a seguir:
I. Os poetas desse movimento literário optavam pelo uso de uma linguagem mais elaborada e objetiva.
II. Algumas das características da poesia produzida por esse movimento eram a preocupação com a forma, gosto pela descrição, uso de vocabulário culto e formal, e referências à mitologia grega e romana.
III. Em muitas obras literárias, evidencia-se a tendência pela exposição de temas que ilustram a tragicidade decorrente do conflito entre razão e fé.
IV. Uso frequente da tônica de subjetividade por parte de alguns autores, evidenciada pela expressão de emoção, sentimentalismo e lirismo.
Em relação às proposições analisadas, assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos: 
a) I e IV apenas. 
b) I, II e III apenas. 
c) II, III e IV apenas. 
d) I e II apenas. 
 
5. Texto 1
ROSA NEGRA
Nervosa Flor, carnívora, suprema,
Flor dos sonhos da Morte, Flor sombria,
Nos labirintos da tu’alma fria
Deixa que eu sofra, me debata e gema.
Do Dante o atroz, o tenebroso lema
Do inferno a porta em trágica ironia,
Eu vejo, com terrível agonia,
Sobre o teu coração, torvo problema.
Flor do delírio, flor do sangue estuoso
Que explode, porejando caudaloso,
Das volúpias da carne nos gemidos.
Rosa negra da treva, Flor do nada,
Dá-me essa boca acídula, rasgada,
Que vale mais que os corações proibidos!
SOUSA, Cruz e. Rosa negra. In: NUNES, Zilma Guesser (org.). Negro: Cruz e Sousa. Florianópolis: Caminho de Dentro, 2019. p. 27
Texto 2 
Com base no texto 1, no texto 2, na leitura integral de Negro: Cruz e Sousa, coletânea de textos do poeta, organizada por Zilma Guesser Nunes em 2019, no contexto sócio-histórico e literário dos textos e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que: 
01) no texto 1, Cruz e Sousa faz referência à sua amante, Gavita Rosa Gonçalves, a Rosa Negra, com quem viveu uma tórrida história de amor antes do casamento. 
02) parte da crítica literária brasileira acusou Cruz e Sousa de menosprezar sua condição de negro e de supervalorizar a cor branca, um equívoco que a coletânea Negro: Cruz e Sousa acaba por ignorar. 
04) no texto 2, o painel pintado na lateral de um prédio da capital catarinense resultou em um dos apelidos mais conhecidos de Cruz e Sousa, o de ‘poeta emparedado’. 
08) a valorização de elementos místicos e religiosos recorrentes na estética simbolista é neutralizada pelo ateísmo de Cruz e Sousa. 
16) Cruz e Sousa foi um homem culto,poliglota e com um variado repertório de leituras, como evidencia sua produção em poesia, prosa e mesmo sua correspondência. 
32) em “tu’alma” (linha 03), temos o uso do apóstrofo marcando a supressão de um fonema, recurso comum na estética do poeta simbolista para explorar a sonoridade. 
 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: 
Leia o soneto “O caminho do morro”, do poeta parnasiano Alberto de Oliveira.
Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,
Até lhe ir esbarrar com as orlas do terreiro;
Dava-lhe o doce ingá1, rachado ao sol, o cheiro,
E um rumor de maré o cafezal vizinho.
Quanta vez o subi, buscando a um guaxe2 o ninho,
Ou, saltando, o desci com o regato ligeiro,
Para voar num balanço, embaixo, o dia inteiro,
E ver girar, zonzando, as asas de um moinho!
De setembro até março uma colcha de flores
Tapetava-o. Reluz-lhe em poças de água o céu;
Das folhas sobre o saibro os orvalhos escorrem...
Mas morreram na casa, em cima, os moradores,
Morreu, caindo, a casa, o moinho morreu,
O caminho morreu... Até os caminhos morrem!
(Sânzio de Azevedo (org.). Parnasianismo, 2006.)
1ingá: uma fruta.
2guaxe: uma espécie de ave. 
6. No soneto, o eu lírico mostra-se 
a) ambíguo e contraditório. 
b) arrependido e desolado. 
c) aborrecido e inconformado. 
d) dissimulado e irônico. 
e) nostálgico e melancólico. 
 
7. No soneto, está empregado em sentido figurado o seguinte verbo: 
a) “Reluz” (3ª estrofe). 
b) “escorrem” (3ª estrofe). 
c) “Tapetava” (3ª estrofe). 
d) “desci” (2ª estrofe). 
e) “girar” (2ª estrofe). 
 
8. O núcleo do sujeito do verbo sublinhado na primeira estrofe é 
a) “terreiro”. 
b) “caminho”. 
c) “ingá”. 
d) “morro”. 
e) “cheiro”. 
 
9. O __________ era a apoteose do sentimento; o __________ é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.
(Eça de Queirós apud Domício Proença Filho. Estilos de época na literatura, 1978. Adaptado.)
As lacunas no texto devem ser preenchidas, respectivamente, por 
a) Romantismo e Realismo. 
b) Arcadismo e Romantismo. 
c) Naturalismo e Realismo. 
d) Arcadismo e Simbolismo. 
e) Romantismo e Parnasianismo. 
 
10. No ano seguinte, o Ateneu revelou-se-me noutro aspecto. Conhecera-o interessante, com as seduções do que é novo, com as projeções obscuras de perspectiva, desafiando curiosidade e receio; conhecera-o insípido e banal como os mistérios resolvidos, caiado de tédio; conhecia-o agora intolerável como um cárcere, murado de desejos e privações.
(Raul Pompeia, O Ateneu. 7ª. ed. São Paulo: Ática, 1980, p. 98.)
Com base no excerto que inicia o capítulo VIII do romance de Raul Pompéia e no seu subtítulo – crônica de saudades –, é correto afirmar que a obra é 
a) um relato, em primeira pessoa, de experiências coletivas e íntimas, no qual o protagonista mostra aspectos da realidade social, valorizando o sistema escolar e prisional. 
b) um romance de formação, no qual o protagonista revela condutas e intrigas no ambiente escolar, com elogios à pedagogia corretiva e aos valores morais da burguesia. 
c) uma narrativa memorialista de experiências vividas num internato, na qual o protagonista revela aspectos do sistema educacional da época, com críticas à hipocrisia burguesa. 
d) um relato saudosista de experiências vividas no internato, no qual o protagonista mostra o poder de sedução e corrupção das amizades, com críticas à falsidade da burguesia. 
 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: 
Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902.
	Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa patifaria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os patifes vão rejubilando.
	O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido1 passava o seu vulto na treva, tão sutilmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sentir a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3...
	Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia.
	Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de bentinhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os sitiantes7 empunhavam”.
	Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do noticiarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
1esbatido: de tom pálido.
2a desoras: muito tarde.
3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4folha: periódico diário, jornal.
5bentinho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7sitiante: policial. 
11. Em relação à reportagem sobre a diligência policial (4º e 5º parágrafos), o cronista destaca seu caráter 
a) objetivo. 
b) enigmático. 
c) enfadonho. 
d) fantasioso. 
e) macabro. 
 
12. Em “o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia” (3º parágrafo), o trecho sublinhado constitui um exemplo de 
a) sinestesia. 
b) paradoxo. 
c) pleonasmo. 
d) hipérbole. 
e) eufemismo. 
 
13. Em “Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos” (5ºparágrafo), o termo sublinhado está empregado na mesma acepção do termo sublinhado em 
a) “ela correu um risco desnecessário”. 
b) “a notícia corria por toda a cidade”. 
c) “a manhã corria especialmente tranquila”. 
d) “segundo corria, ela seria facilmente eleita”. 
e) “um arrepio correu-lhe pela espinha”. 
 
14. Tal movimento deriva quase todos os seus critérios de probabilidade do empirismo das ciências naturais. Baseia seu conceito de verdade psicológica no princípio de causalidade, o desenvolvimento apropriado da trama na eliminação do acaso e dos milagres, sua descrição do ambiente na ideia de que todo e qualquer fenômeno natural tem lugar numa interminável cadeia de condições e motivos, sua utilização de detalhes característicos no método de observação científica – que não despreza circunstância alguma, por mais insignificante e trivial que seja.
(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1994. Adaptado.)
O texto refere-se ao movimento 
a) árcade. 
b) simbolista. 
c) realista. 
d) romântico. 
e) modernista. 
 
15. Texto 1
Alma solitária
Ó alma doce e triste e palpitante!
Que cítaras soluçam solitárias
Pelas Regiões longínquas, visionárias
Do teu Sonho secreto e fascinante!
Quantas zonas de luz purificante,
Quantos silêncios, quantas sombras várias
De esferas imortais imaginárias
Falam contigo, ó Alma cativante!
Que chama acende os teus faróis noturnos
E veste os teus mistérios taciturnos
Dos esplendores do arco de aliança?
Por que és assim, melancolicamente,
Como um arcanjo infante, adolescente,
Esquecido nos vales da Esperança?!
SOUZA, João da Cruz e. Últimos Sonetos. Rio de Janeiro: Editora da UFSC / Fundação Casa de Rui Barbosa / FCC, 1984. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000077.pdf. Acesso em: 15 jul. 2021.
Texto 2
Profissão de fé
[...]
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor. 
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
[...]
BILAC, Olavo. Profissão de fé. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000179pdf Acesso em: 16 jul. 2021.
Com base na leitura dos Textos 1 e 2, e considerando as características do Simbolismo e do Parnasianismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA. 
a) A metalinguagem é um recurso utilizado pelos poetas parnasianos, como se nota no Texto 2, no qual o eu lírico apresenta a construção do poema como tarefa simples, fruto de inspiração e impulsão lírica na escrita poética comprometida com o Simbolismo e as imagens sensoriais. 
b) O poema “Alma Solitária” (Texto 1) ilustra traços característicos da estética literária simbolista, com referência ao transcendental e à utilização de símbolos na representação realista e objetiva do mundo material. 
c) O trabalho cuidadoso com a linguagem é um dos traços característicos prioritários do Simbolismo no Brasil. O Texto 1 explora musicalidade, sinestesia e metáforas na construção do soneto metalinguístico que revela o conflito do eu lírico entre a dimensão onírica e o mundo material. 
d) O Texto 1 é típico do Simbolismo, com sua irreverência na construção de imagens poéticas pautadas em reflexões filosóficas e na crítica social, enquanto o Texto 2 é característico do Parnasianismo, devido à ênfase na “arte pela arte”. 
e) Os padrões estéticos da poesia parnasiana quanto à busca da perfeição formal são evidentes no poema “Profissão de fé” (Texto 2), no qual o eu lírico revela que a poesia deve ser trabalhada como o ourives trabalha uma joia, considerando o culto à forma perfeita. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho inicial de uma crônica de Machado de Assis, publicada originalmente em 17.07.1892.
	Um dia desta semana, farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de ver como se descompõem os homens, acionistas e diretores, importadores e industriais, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio sem quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse comigo:
	– Eia, passemos em revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados, pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar, amas de leite, cobradores, coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...
	E o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do alto, mergulhou por uma coluna abaixo. Quando voltou à tona, trazia entre os dedos esta pérola:
	“Uma viúva interessante, distinta, de boa família e independente de meios, deseja encontrar por esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, e também com meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só; resposta por carta ao escritório desta folha, com as iniciais M.R...., anunciando, a fim de ser procurada essa carta.”
	Gentil viúva, eu não sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato, porque tu não és qualquer pessoa, tu vales alguma coisa mais que o comum das mulheres. Ai de quem está só! dizem as sagradas letras, mas não foi a religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico. Positivo também não, porque o positivismo é infenso às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, longa e aborrecida experiência? Não queres amar; estás cansada de viver só.
	E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos os sonhadores, os que amem o mistério e procurem justamente esta ocasião de comprar um bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de salvação, pois que exiges que também possua. E há de ser instruído, para encher com as coisas do espírito as longas noites do coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de Constantinopla.
	Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero. Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do tédio que sentia, e explicava-se por figura: “Não é a tempestade que me aflige, é o enjoo do mar”. Viúva minha, o que tu queres realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjoo. Vês que a travessia ainda é longa – porque a tua idade está entre trinta e dois e trinta e oito anos –, o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te contentas com o remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, “a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego”. Tu já provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que uma companhia.
(Machado de Assis. Crônicas escolhidas, 2013.)
 
16. Para o cronista, a viúva 
a) ainda não se mostra preparada para um novo relacionamento amoroso. 
b) revela, sobretudo, receio de se mostrar uma mulher vulnerável. 
c) revela, sobretudo, receio de passar o restante da vida sozinha. 
d) procura um novo companheiro que a faça perder o medo de amar. 
e) ainda não encontrou, ao longo da vida, um amor verdadeiro. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o poema “Vaso chinês”, de Alberto de Oliveira.
		Vaso chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador1 sobre o mármor2 luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentioEm rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim3
De olhos cortados à feição de amêndoa.
				(www.academia.org.br)
1contador: armário, penteadeira.
2mármor: mármore.
3chim: chinês. 
17. São características do poema que o identificam com o Parnasianismo: 
a) o misticismo e o elogio idealizado às sociedades orientais. 
b) o predomínio do tom descritivo e o desinteresse por questões políticas. 
c) a narrativa de grandes feitos do passado e a expressão intensa dos sentimentos. 
d) o culto à forma poética perfeita e a defesa de uma arte comprometida com as questões sociais. 
e) a transgressão formal e a tematização do sofrimento do artista. 
 
18. Leia o soneto abaixo, de Florbela Espanca.
		Fumo*
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos...
* Fumo: fumaça, vapor.
Assinale a alternativa correta sobre “Fumo”. 
a) Invocação do ser amado, que desaparece no último terceto, onde o padrão das rimas do soneto é abandonado enquanto o fumo foge no ar. 
b) Reflexão sobre velhice abandonada que, no entanto, pode ser acariciada e acolhida pelas mãos gentis do interlocutor outonal e apaixonado. 
c) Invocação do ser amado, que abre os olhos da poeta e permite que os sonhos não se percam como fumo nas noites invernosas. 
d) Reflexão sobre Outonos tristes e crisântemos, com imagens românticas e crepusculares que não aparecem em outros poemas da autora. 
e) Invocação do ser amado, que se revela, entre outros recursos, no uso da segunda pessoa gramatical e no vocativo do terceto final. 
 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: 
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
BILAC, Olavo. In BARBOSA, Frederico. Clássicos da poesia brasileira. Rio de Janeiro: O Globo/Klick Editora, 1997, p.155-6. 
19. Dois aspectos presentes no poema de Olavo Bilac são 
a) sentimentalismo e bucolismo 
b) rigor formal e busca de objetividade 
c) valorização da cultura clássica e cientificismo 
d) exuberância e platonismo amoroso 
 
20. Pode-se afirmar que o poema pertence ao período literário conhecido como 
a) Parnasianismo 
b) Arcadismo 
c) Romantismo 
d) Barroco

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