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Pediatria – Amanda Longo Louzada 1 MENINGITES BACTERIANAS NA PEDIATRIA DEFINIÇÃO: Inflamação das meninges Pode ser aguda (horas ou dias) ou crônica (com duração de mais de 4 semanas) FISIOPATOLOGIA: Recobrindo o encéfalo tem a meninge, quando tem um uma inflamação dessa meninge, tem: Leucocitose no LCR Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos, parasitas ou asséptica MENINGITES BACTERIANAS: Para ocorre depende da colonização do trato respiratório, gastrointestinal ou genitourinário por determinadas bactérias Essas bactérias vão invadir a corrente sanguínea e fazer um processo de evasão do sistema imune Com isso consegue sobreviver na corrente sanguínea e invadir o espaço aracnoide Essa invasão vai gerar um aumento da liberação IL-1, IL-6, TNF-alfa ETIOLOGIAS: INFECCIOSAS: Bacteriana: a distribuição varia de acordo com a faixa etária Neisseria meningitidis Strepococcus pneumoniae Streptococcus do grupo B (GBS) Listeria monocytogenes Haemophilus influenzae do tipo B (Hib) 0 a 3 meses: são bactérias presentes no canal de parto Escherichia coli Streptococcus do grupo B Listeria monocytogenes Lactente jovem a 5 anos: Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Neisseria meningitidis (meningococo) Adolescentes: Neisseria meningitidis (meningococo) Viral Fúngica Parasitária Micobacteriana NÃO INFECCIOSAS: Drogas (AINES, IVIG, Bactrim) Automunidades Neoplasias Assépticas CARACTERÍSTICAS DAS MENINGITES DE ACORDO COM OS AGENTES ETIOLÓGICOS: NEISSERIA MENINGITIDIS: Bactéria gram negativa, encapsulada Possui 12 sorogrupos Os tipos mais prevalentes no Brasil, são o C e o B Período de Incubação: 1 a 10 dias, com média de 4 dias Gera sepse em 35 a 40% dos casos Corresponde a 50% dos casos de meningite O quadro tem instalação abrupta com presença de púrpuras fúlminans Possui uma letalitade de 15 a 20% e deixa sequelas em 19% dos casos Fatores de Risco: Asplenia funcional ou anatômica Deficiência do complemento Deve ter atenção com adolescentes STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE: Bactéria gram positiva, encapsulada que possui mais de 90 sorotipos Pode gerar quadros leves de vias aéreas superiores, doença invasiva, sepse, pneumonia e meningite A meningite causada por esse agente é de alta morbi-mortalidade Fatores de Risco: Asplenia funcional ou anatômica Deficiência do complemento EPIDEMIOLOGIA: A inclusão das vacinas contra os agentes etiológicos causadores de meningite no programa nacional de imunização, diminuiu os números de meningites causadas por bactérias Pediatria – Amanda Longo Louzada 2 MENINGITES BACTERIANAS NA PEDIATRIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: RECÉM-NASCIDO E LACTENTES JOVENS: Sintomas inespecíficos Febre (ocorre em 60% dos casos) Baixa aceitação oral Irritabilidade Letargia Sonolência Ausência de rigidez nucal Convulsões (ocorre em 20 a 50% dos casos) Abaulamento de fontanela Ausência de rigidez nucal não exclui o diagnóstico de meningite CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Sintomas mais clássicos Febre, cefaleia, mais rigidez nucal Letargia Irritabilidade Vômitos, náuseas, fotofobia e confusão Convulsões (é menos comum, ocorre em 20 a 25% dos casos) Com ou sem sinais de choque Ausência de rigidez nucal não exclui o diagnóstico de meningite FATORES DE RISCO: PERÍODO NEONATAL: Prematuridade Baixo peso (peso menor que 2500g) Corioamnionite Endometrite Colonização materna pelo GBS Monitorização intrauterina de duração prolongada Ruptura de membranas por tempo prolongado Parto traumático Hipóxia fetal Galactosemia Anormalidade do trato genitourinário CRIANÇAS: Asplenia anatômico ou funcional Imunodeficiências primarias Anemia falciforme Implante coclear Fístula com comunicação ou vazamento de LCR IVAS Frequentar creche Ausência ou falta de aleitamento materno Exposição a caso de meningite meningocócica ou causada pelo Hib Traumatismo cranioencafálico penetrante Viagem a área endêmica de doença meningocócica Ausência ou falta de imunização CASO SUSPEITO: A meningite é doença de notificação compulsória CRIANÇAS ACIMA DE 9 MESES: Febre Cefaleia Vômitos Rigidez de nuca Sinais de irritação meníngea (Kerning e Brudzinski) Convulsões Sufusões hemorrágica (petéquias) Torpor CRIANÇAS ABAIXO DE 9 MESES: Irritabilidade (choro persistente) Abaulamento de fontanela EXAMES COMPLEMENTARES: Exame séricos gerais: Hemograma Provas inflamatórias Eletrólitos Glicemia Coagulograma Hemocultura Análise do LCR: Glicose: menor que a metade do valor sérico Proteínas: 1 – 1,5g\L Leuco: > 1000, com predomínio de neutrófilos Pesquisa direta e cultura Testes moleculares Contraindicações a Coleta do LCR: Coagulopatia Instabilidade hemodinâmica ou respiratória Infecção cutânea próxima à inserção TC de crânio pode ser feita para a triagem Quando fazer antes da coleta do LCR: Sinais focais Papiledema Imunodeficiência prévia ou alteração conhecida prévia de SNC TRATAMENTO: CUIDADOS CLÍNICOS: Monitorar Oxigênio Pediatria – Amanda Longo Louzada 3 MENINGITES BACTERIANAS NA PEDIATRIA Acesso venoso periférico Avaliação sistêmica e conduta em sala de emergência (PALS) Estabilização clínica Assistência respiratória ANTIBIOTICOTERAPIA: Se possível deve ser feito após a coleta do LCR, em caso graves já deve iniciar antes da coleta Neonatal: cefalosporina de 3ª geração (de preferência cefotaxima + ampicilina) Comunidade não neonatal: cefalosporina de 3ª geração com ou sem vancomicina Hospitalar ou pós-operatória: vancomicina + betalactâmico (antipseudomonas) A duração do tratamento varia de acordo com o agente: Não RN: Meningococo: por 7 dias HIB: por 7 a 10 dias Pneumococo: por 10 a 14 dias Listeria: por 14 a 21 dias Gram negativos: por mais de 3 semanas Neonatal: GBS: por 14 dias Pneumococo: por 14 dias Listeria: por 14 dias QUIMIOPROFILAXIA: Meningococo: Rifampicina, Ciprofloxacino, Ceftriaxone ou azitromicina HIB: Rifampicina Pneumococo: não está indicada a profilaxia