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Engenharia econômica Autor João Carlos Barreto Apresentação A necessidade por melhores resultados tem feito as empresas, cada vez mais, buscarem alternativas para a redução de custo ou o aumento de receita. Para isso, são analisados os processos de produção, logística e vendas, entre tantas outras atividades. Contudo, apenas a questão operacional pode não ser suficiente para se alcançar o objetivo proposto, o que torna fundamental outro aspecto muitas vezes esquecido por boa parte das empresas: o uso adequado dos recursos financeiros. A aplicação do dinheiro, seja em uma fábrica ou em qualquer outro ambiente dentro da empresa, passa por uma análise financeira a fim de se identificar a melhor decisão em fluxo de caixa e investimento, entre outras opções disponíveis. Sob o ponto de vista de uma fábrica, é nesse momento que se apresenta a importância da engenharia econômica nos negócios, sendo capaz de definir a abertura ou o fechamento de uma fábrica, o investimento em uma nova máquina ou a ampliação de uma linha de produção etc. Assim, se é possível afirmar que as empresas são grupos de trabalho (áreas) interligados por um objetivo comum, é possível também afirmar que a engenharia de produção, a administração e qualquer outra área estão associadas à matemática financeira, fazendo com o que os gestores tenham ainda mais necessidade de conhecer as diversas opções para se analisar cenários operacionais e também financeiros. O entendimento sobre risco e retorno1 Com a decadência da economia inglesa, até então a mais importante do mundo, os Estados Unidos da América apresentaram forte crescimento da última década do século XIX até o final dos anos 1920, quando o país adquiriu o status de maior economia do mundo. Não à toa, a moeda americana passou a ser a mais utilizada anos depois, sendo a referência do mercado internacional até os dias atuais. O rápido crescimento do produto nacional americano, aliado à sua extensão territorial, gerou a necessidade de uma eficiente infraestrutura de transporte no país. Aproveitou-se, logicamente, a experiência em transporte ferroviário desenvolvida na antiga metrópole. Com isso, houve a necessidade de análise de investimento mais adequada para os diversos projetos e objetivos que se apresentavam. Assim, os primeiros trabalhos sobre engenharia econômica foram elaborados nos Estados Unidos no final do século XIX, voltados para a análise de viabilidade econômica de projetos ferroviários. Desde então, os projetos de investimento realizados tanto por pessoas jurídicas como por pessoas físicas passaram a utilizar os conceitos fundamentais de engenharia econômica. Segundo Nakano (1967), a engenharia econômica procura conciliar a eficiência tecnológica – objeto de estudo da engenharia – com a eficiência econômica, objeto de estudo da economia. Resumidamente, de acordo com a teoria econômica, investir é abrir mão de um consumo no presente por um consumo maior no futuro. Esse conceito envolve a utilização de recursos em épocas diferentes. Pode haver, ainda, séries com recebimentos parciais ou pagamentos parcelados, resultando na consideração de recursos em várias datas. Os conceitos de engenharia econômica são importantes na decisão de viabilidade de projetos de investimento. Para tanto, são utilizadas técnicas de matemática financeira, que usam taxas de juros, de desconto e fatores de capitalização, necessários para comparar o valor do dinheiro aplicado e/ou recebido em uma determinada data com os recebimentos e os pagamentos observados em diversos períodos. A engenharia fornece o instrumental matemático básico para trabalhar, enquanto a economia proporciona o ferramental necessário para tratar do futuro da forma menos arriscada. Assim, conseguimos avaliar os projetos de investimento da maneira mais eficiente possível. Introdução Um sistema monetário sempre remete à moeda, a qual traduz a riqueza (acumulação) de uma pessoa ou de uma empresa. É resultado das políticas impostas pelo governo que rege cada país e da volatilidade do mercado. Assim, para a acumulação das riquezas, há uma série de investimentos acompanhados das incertezas e dos riscos envolvidos. Considerando a diversidade de opções e a variabilidade de cada investimento, é fundamental uma série de definições para o próprio risco e o retorno pretendido, sendo necessários o entendimento das teorias existentes e a sua aplicação. Diante de um cenário em constante mudança, arriscar é inerente às atividades das empresas e das pessoas, causando impacto positivo ou negativo ao longo do tempo. Então, não basta saber os métodos disponíveis, é necessário saber aplicá-los no momento oportuno, e isso passa pela interpretação adequada dos cenários apresentados. Videoaula - Risco e retorno Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/661239302] . Em 1808, houve no Brasil o denominado Acordo dos Portos, um tratado envolvendo Portugal e Inglaterra, o que permitiu ao Brasil ter relações comerciais com outros países, saindo da tradicional exclusividade portuguesa, talvez o passo fundamental para o desenvolvimento econômico brasileiro. Nessa época, o país também virou comprador e começou a adquirir itens como produtos têxteis e maquinários. Essa compra e venda envolvia um sistema monetário, que evoluiu ao longo dos anos, mas pode ser separado em três fases: https://player.vimeo.com/video/661239302 Fase 1: as relações comerciais eram realizadas pelos recursos naturais de cada país. Nesse momento, o escambo era algo comum na tratativa de compra e venda de mercadorias entre os países. Fase 2: as relações comerciais se expandem e há uma compra e venda das necessidades de cada país, não apenas de recursos naturais. Pode ou não haver um sistema monetário (moeda) envolvido. Fase 3: as relações comerciais consideram fatores como imperfeição do mercado local, oportunidade de negócio, atuação governamental etc., gerando para as empresas multinacionais novas parcerias e aquisições. Há um sistema monetário internacional definido. Assim, o ouro e as moedas passaram, ao longo do tempo, a ser um investimento adotado por empresas e pessoas que buscam maior rendimento ao seu patrimônio. Com o tempo, outros investimentos surgiram e, com eles, o risco inerente. As relações comerciais eram realizadas pelos recursos naturais de cada país. Nesse momento, o escambo era algo comum na tratativa de compra e venda de mercadorias entre os países. Fase 1 As relações comerciais se expandem e há uma compra e venda das necessidades de cada país, não apenas de recursos naturais. Pode ou não haver um sistema monetário (moeda) envolvido. Fase 2 As relações comerciais consideram fatores como imperfeição do mercado local, oportunidade de negócio, atuação governamental etc., gerando para as empresas multinacionais novas parcerias e aquisições. Há um sistema monetário internacional definido. Fase 3 - Gerenciar riscos é iterativo e auxilia as organizações no estabelecimento de estratégias, no alcance de objetivos e na tomada de decisões fundamentadas. - Gerenciar riscos é parte da governança e liderança, e é fundamental para a maneira como a organização é gerenciada em todos os níveis. Isto contribui para a melhoria dos sistemas de gestão. - Gerenciar riscos é parte de todas as atividades associadas com uma organização e inclui interação com as partes interessadas. - Gerenciar riscos considera os contextos externo e interno da organização, incluindo o comportamento humano e os fatores culturais (ABNT, 2018, p. 5). Segundo a norma, gerenciar riscos trata de um conjunto de ações baseadas em princípios que podem ou não estar dentro das empresas, mas que colaboram para o aumento da eficiência e eficácia, demonstrando como o risco é inerente à atividade de uma empresa e como ele pode contribuir em ganho ou perda ao longo do tempo. Figura 1 – Análise de risco e retorno. Fonte: elaborado pelo autor (2021).Esse cenário apresenta a correlação positiva entre o aumento do risco e o aumento da necessidade de análise de retorno. No ambiente financeiro, é comum isso acontecer com os investimentos mais agressivos, que podem gerar maiores rendimentos ao patrimônio. Diante do contexto apresentado, as grandes e médias empresas costumam praticar a gerência de riscos, o que pode proporcionar, ao longo do tempo, maior proteção ao investimento, reduzindo ou até eliminando incertezas que as demais empresas (MPEs) podem não perceber. No sistema financeiro, os bancos atuam como intermediadores financeiros, portanto, realizam operações de empréstimos e depósitos. Quando emprestam dinheiro, os bancos correm o risco de não receberem o retorno da outra parte envolvida. Sendo assim, para que o prejuízo não seja de grande escala, eles definem taxas de juros. Ao atrelar a taxa de juros ao empréstimo, o banco passa a viver segundo a afirmação de que quanto maior o risco, maior o ganho (ARAI, 2015, p. 58). Matemática financeira e sua importância1.1 A matemática financeira é um conjunto de técnicas destinadas a estudar o valor do dinheiro no tempo. Podemos observar facilmente que, com R$ 100,00 que temos hoje, compramos menos bens do que comprávamos um ano atrás, e é bem provável que a mesma situação aconteça daqui a um ano. Portanto, não é possível comparar o dinheiro de hoje com o do ano anterior, nem com o do ano seguinte. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/01.png Figura 2 – Matemática financeira. Fonte: sesame / istock.com Essa observação é importante tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, no sentido de organizar a vida financeira e descobrir que é possível liberar recursos para investir. Esse processo é chamado de planejamento financeiro e ajuda a responder às seguintes perguntas: De onde vem e para onde vai o dinheiro? Por que investir? Deve-se manter as aplicações ou pagar dívidas assumidas no passado? Como selecionar os objetivos? Quais são as opções de investimentos? Cabe lembrar que investimentos são aplicações de recursos que geram renda ou retorno ao detentor deles. Por exemplo, a compra de um imóvel que será utilizado como moradia não deve ser considerada um investimento, uma vez que não gera renda. Pelo contrário, é um bem que gera gastos, como manutenção, impostos, limpeza etc. Investimento é aquele imóvel adquirido para ser alugado, pois, nesse caso, está cobrindo os custos de manutenção e agregando renda ao aplicador dos recursos. Da mesma forma, um automóvel não é um investimento e sim um produto de consumo, uma vez que seu valor se deprecia e envolve a necessidade de gastos futuros de manutenção, não gerando retorno financeiro ao comprador. Vamos imaginar uma situação bastante simples, relacionada ao nosso cotidiano: um amigo pede um empréstimo de R$ 1.000,00 para você hoje, prometendo devolver igual quantia daqui a um ano. O que você acha? Algumas dúvidas podem surgir, como: Será que ele vai pagar? O poder de compra dos R$ 1.000,00 daqui a um ano será o mesmo? Se eu aplicar os R$ 1.000,00 hoje na caderneta de poupança, qual seria o rendimento? https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/02.png Cabe observar, nessa situação, três fatores que influenciam o valor do dinheiro no tempo: a. Risco de crédito – relacionado à capacidade de pagamento desse empréstimo daqui a um ano pelo seu amigo. b. Inflação – aumento generalizado e persistente dos preços dos bens e dos serviços na economia, alterando o poder de compra do dinheiro. c. Taxa real de juros – em função dos fatores anteriores, é normal que você cobre um valor adicional para se precaver do risco de crédito e da inflação. Esse valor é chamado de juro, que deve incluir a reposição do poder de compra do dinheiro e mais um prêmio pelo risco de crédito. A taxa real de juros é justamente um percentual equivalente a esse prêmio que deve ser acrescentado à recomposição do valor perdido pela inflação. No nosso exemplo, a recomposição poderá ser obtida pelo rendimento da caderneta de poupança ou pela variação de índices de inflação (IPCA). Diante desse cenário, o empréstimo pode ou não ser realizado, dependendo do tipo de análise e de outras variáveis que não existem em uma operação formal, mas que podem acontecer quando há um relacionamento interpessoal. Independentemente da decisão, trata-se de uma operação financeira. Toda operação financeira envolve um fluxo de recursos no tempo, denominado fluxo de caixa. Essa operação financeira pode ser uma aplicação de recursos com a finalidade de se obter um rendimento futuro ou uma captação de recursos que deverão ser devolvidos (recursos de terceiros: empréstimos, fornecedores etc.) ou remunerados adequadamente (recursos próprios) no futuro. Assim, os objetivos da matemática financeira são: transformar fluxos de caixa em diversos períodos em outro equivalente, com aplicação das taxas de juros de cada período, considerando o valor do dinheiro no tempo; e possibilitar a análise e a comparação de diversas alternativas de fluxos de caixa para uma mesma operação. Será que ele vai pagar? O poder de compra dos R$ 1.000,00 daqui a um ano será o mesmo? Se eu aplicar os R$ 1.000,00 hoje na caderneta de poupança, qual seria o rendimento? Fluxo de caixa1.2 Fluxo de caixa é a movimentação de recursos originada de uma operação financeira, ou seja, as entradas e saídas de recursos do caixa de uma pessoa física ou jurídica, ao longo do seu prazo de duração. Toda operação financeira pode ser representada pelo seu fluxo de caixa. Figura 3 – Fluxo de caixa Fonte: elaborado pelo autor 0 = momento do início do projeto. Nesse caso, uma entrada em caixa (empréstimo bancário – recursos de terceiros – ou aporte de capital dos acionistas – recursos próprios). No caso de uma saída de caixa, estaria representado por uma seta para baixo (um investimento ou uma aplicação de recursos). ↑ = entradas (sinal +): receitas. ↓ = saídas (sinal -): despesas. + e - = os sinais indicam movimentos opostos, importantes na utilização da calculadora financeira HP 12C ou do Excel, que deverá reconhecer um fluxo de caixa, isto é, uma movimentação de recursos que envolve entradas e saídas de dinheiro. A calculadora financeira HP 12C acumula informações na função financeira que, a partir de certa quantidade, atrapalham os cálculos. Nesse caso, após a utilização de uma série de cálculos, recomendamos sempre a utilização da função limpeza da memória financeira, como segue: Pressionar a função amarela f. Pressionar a tecla FIN (função branca x><y). Dessa forma, limpamos os dados dos registros financeiros. A calculadora financeira HP 12C realiza cálculos com duas até nove casas decimais. Para efeito de maior precisão, recomendamos a utilização de nove decimais. Para o estabelecimento desse número, procedemos da seguinte maneira: Pressionar a função amarela f. Escolher o número de casas desejado no teclado numérico. Assim, o número de casas decimais aparecerá no visor, após a vírgula. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/03.png A calculadora financeira HP 12C é adaptada às convenções norte-americanas e, portanto, o ponto separa os números inteiros das casas decimais. A vírgula é utilizada para separar os milhares nos números inteiros. Para inverter essas funções (ponto e vírgula) e adaptá-las às convenções brasileiras, realizamos a seguinte operação: Com a máquina desligada, pressionamos a tecla ponto. Em seguida, ligamos a máquina na tecla ON e soltamos a tecla ponto. Aparecerá no visor 0,0000..., e as funções (ponto e vírgula) foram invertidas, de acordo com as convenções brasileiras. n = períodos de tempo: ano, semestres, trimestres, meses e dias. No mercado financeiro, é utilizado o ano comercial com 360 dias e não o ano-calendário com 365 dias. Assim, um ano comercial é composto por 2 semestres de 180 dias, 4 trimestres de 90 dias e 12 meses de 30 dias cada. Posição END – Na calculadora HP 12C, essa posição é acionadamediante o seguinte procedimento: Função azul – tecla g. Tecla END – correspondente à tecla branca de número 8. Note que a palavra END está escrita em azul na parte inferior da tecla. Os valores que ocorrem ao longo dos intervalos dos períodos são representados nos finais dos respectivos períodos. São, portanto, séries denominadas postecipadas. Graficamente, essa posição pode ser assim demonstrada: Figura 4 – Demonstração das funções financeiras – exemplo 1. Fonte: Assaf Neto (2012). Apresenta as funções financeiras. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/04.png Posição BEGIN – Na calculadora HP 12C, essa posição é acionada mediante o seguinte procedimento: Função azul – tecla g. Tecla BEG – correspondente à tecla branca de número 7. Note que a palavra BEG está escrita em azul na parte inferior da tecla. Os valores que ocorrem ao longo do intervalo dos períodos podem ser representados nos inícios dos respectivos períodos. Nesse caso, as séries são denominadas antecipadas. PV: present value: valor presente – principal – capital – investimento inicial. FV: future value: valor futuro – montante – valor de resgate. PMT: prestações, pagamentos ou parcelas intermediárias de valores iguais. i: taxa de juros, sempre utilizada nas fórmulas sob a forma de número decimal. Capitalização dos valores = quando o PV é levado ao futuro com uma determinada taxa de juros para ser comparado com o FV. Nesse caso, o valor presente está sendo capitalizado. Desconto de valores = quando o FV é trazido ao presente com uma determinada taxa de juros para ser comparado com o PV. Nesse caso, o valor futuro está sendo descontado. Videoaula - Os juros Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/661240459] . Juro1.3 O juro (J) é a diferença entre o dinheiro emprestado ou aplicado no presente e o cobrado ou obtido no futuro. Portanto: J = FV – PV A taxa de juros (i) refere-se ao percentual ou aos “centos” do capital, ou seja, o valor dos juros para cada centésima parte do capital. Portanto: J = PV × i É importante observar que a taxa de juros (i) e o número de períodos do fluxo de caixa (n) devem estar sempre na mesma base, ou seja, taxa mensal para períodos mensais, taxa anual para períodos anuais etc. São utilizados dois regimes de juros em matemática financeira: a) Juros simples Juros do período calculados sobre o capital inicial aplicado (principal). Esse regime é pouco utilizado no mercado financeiro brasileiro, sendo atualmente considerado apenas em operações de desconto de duplicatas. https://player.vimeo.com/video/661240459 Os juros acumulados ao longo dos períodos não rendem, apesar de ficarem retidos pela instituição financeira. O crescimento do dinheiro, ao longo do tempo, é linear, ou seja, comporta- se de acordo com uma progressão aritmética. No conceito de juros simples, a taxa de juros é calculada sempre sobre o capital inicial, ou o principal, ou ainda o valor presente (PV), durante todo o período de capitalização da operação financeira, mediante a utilização da seguinte fórmula: J = PV × i × n Em que PV: valor presente (principal); J: juros acumulados até o final de n períodos de capitalização; i: taxa de juros empregada por período de capitalização; e n: número de períodos capitalizados. O valor obtido após o término do período de capitalização é chamado de montante, ou valor futuro (FV), calculado da seguinte forma: FV = PV + J Combinando as duas fórmulas anteriores, temos a equação geral dos juros simples: FV = PV × (1 + i × n) Exemplo: qual o montante equivalente a R$ 1.000,00, capitalizados a 8% ao ano, durante quatro anos? Solução 1: extrai-se do enunciado diretamente que: PV = 1.000; i = 8% ao ano ou 0,08; e n = 4 anos. Note-se que a taxa de juros (i) e o período de capitalização (n) estão na mesma base, isto é, em anos. Logo, podemos iniciar os cálculos usando as duas primeiras fórmulas e, assim, teremos: J = PV × i × n J = 1.000 × 0,08 × 4 = 320 e FV = PV + J FV = 1.000 + 320 = 1.320 Resposta 1: o montante é de R$ 1.320,00. Solução 2: usando, agora, a equação geral, temos: FV = PV × (1+ i × n) FV = 1.000 × (1+ 0,08 × 4) FV = 1.000 × (1,32) FV = 1.320 Resposta 2: o montante é de R$ 1.320,00. Solução alternativa: os exercícios de juros simples podem ser resolvidos com o auxílio da calculadora financeira HP 12C. Contudo, não recomendamos o uso dela nesses casos, uma vez que são necessárias mais etapas do que as realizadas pela solução matemática normal, mediante o uso das fórmulas. Vejamos o exercício anterior resolvido com o auxílio da HP 12C: 1.000 CHS PV – muda o valor atual para negativo e armazena em PV. 8 – devemos entrar com a taxa em percentual ao ano. Pressionamos i. 4 ENTER – devemos entrar com o tempo em dias. 360 × - (4 × 360). Pressionamos n. f INT – f é a função amarela, e INT está grafado em amarelo acima da tecla i (função branca). Com esse comando, a calculadora apresentará, no visor, o valor dos juros: 320. Para obtermos a resposta da questão, lembramos que: FV = PV + J FV = 1.000 + 320 = 1.320 Resposta: o montante é de R$ 1.320,00. Para melhor entendimento, mostramos a forma de cálculo dos juros simples considerando algumas informações preestabelecidas. Observe que o juro (J), destacado na terceira coluna, é sempre calculado sobre o capital inicial em todos os períodos considerados. Tabela 1 – Cálculo de juros simples (em R$). Ano Saldo inicial Juros do ano Saldo final 0 1.000,00 1 1.000,00 80,00 1.080,00 2 1.000,00 80,00 1.160,00 3 1.000,00 80,00 1.240,00 4 1.000,00 80,00 1.320,00 Fonte: Assaf Neto (2012). Apresenta o comportamento do juro simples. O pagamento dos juros pode ocorrer anualmente ou, como é mais comum, no final do prazo de capitalização. Nesse caso, o fluxo de caixa é o seguinte: Figura 5 – Exemplo de fluxo de caixa. Fonte: Assaf Neto (2012). Apresenta um fluxo de caixa. Graficamente, podemos observar que o juro calculado pelo sistema de juros simples apresenta um comportamento linear, conforme demonstrado a seguir: https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/05.png Figura 6 – Juros simples – comportamento linear. Fonte: Assaf Neto (2012). Apresenta o comportamento do juro simples. É preciso ainda destacar as taxas proporcionais, assim denominadas porque os valores formam uma proporção direta ao tempo e são reduzidos à mesma unidade, ou seja, proporcionalidade. Sendo i a taxa de juro relativa a um período e i a taxa proporcional que queremos determinar, relativa à fração 1/k do período, temos: k Exemplo: supondo que um problema envolva o cálculo de uma taxa (i) anual para um período (n) mensal, calcule a taxa mensal proporcional a 30% ao ano. Solução: lembrando que, no cálculo, deve ser considerado o ano comercial com 12 meses de 30 dias cada, temos: i = 30% a.a. k = 12 meses = fração do ano. Portanto, aplicando diretamente a fórmula, temos: i = ��⁄�� i = 2,5% mês mês Resposta: a taxa proporcional a 30% ao ano é de 2,5% a. m. Exercício resolvido https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/06.png Uma fábrica tomou um empréstimo de R$ 4.200,00 junto a uma instituição financeira no modelo regime de juros simples, calculados com base no ano comercial e 28% a. a. Se a fábrica se mantiver durante 16 dias com o valor, quais os juros cobrados? Esse exercício pode ser resolvido de duas formas: Solução 1: extraindo-se os dados a seguir do enunciado, temos: PV = 4.200. i = 28% ao ano. n = 16 dias. Note que a taxa de juros está em ano e o período de capitalização está em dias. Devemos, então, transformar a taxa de juros de anual em diária, utilizando a relação das taxas proporcionais, da seguinte forma: Ou seja, lembrando que o problema se refere ao ano comercial: i = 0,07778% ao dia.k Agora sim podemos usar a fórmula do cálculo dos juros simples: J = PV × i × n Substituindo os valores numéricos na equação e lembrandoque a taxa de juros deve ser considerada em números decimais, ou seja, 0,07778% dividido por 100 é igual a 0,0007778, temos: J = 4.200 × 0,0007778 × 16 J = 4.200 × 0,0124448 J = 52,27 Resposta: os juros cobrados pelo banco foram de R$ 52,27. Solução 2: usando as informações do enunciado, temos: PV = 4.200; i = 28% ao ano = 0,07778% ao dia; e n = 16 dias. Considerando a fórmula: FV = PV × (1 + i × n), vamos substituir os dados do problema: FV = 4.200 × (1 + 0,0007778 × 16) FV = 4.200 × (1 + 0,0124448) FV = 4.200 × 1,0124448 FV = 4.252,27 Como FV = PV + J, temos que: J = FV – PV. Portanto: J = 4.252,27 – 4.200,00 = 52,27. Resposta: os juros cobrados pelo banco foram de R$ 52,27. b) Juros compostos São os juros do período calculados sobre o saldo existente no início do respectivo período. Com exceção do desconto bancário, todas as demais operações financeiras no mercado nacional utilizam esse regime. Os juros acumulados ao longo dos períodos, quando retidos pela instituição financeira, são capitalizados e também rendem juros. O crescimento do dinheiro, ao longo do tempo, é exponencial, ou seja, comporta-se de acordo com uma progressão geométrica. No conceito de juros compostos, o juro é calculado no final de cada período e é incorporado ao principal ou capital, passando assim a também render juros no próximo período. A partir da fórmula de juros simples, podemos deduzir a seguinte fórmula para os compostos: FV = PV × (1 + i) Note que, para o primeiro período, o juro simples é igual ao juro composto. n Exemplo: qual o montante equivalente a R$ 1.000,00, capitalizados a 8% ao ano, agora no conceito de juros compostos, durante quatro anos? Solução: considerando que: V = 1.000; i = 8% ao ano ou 0,08; e n = 4 anos. Substituímos os valores na fórmula: FV = PV × (1 + i)n Temos: FV = 1.000 × (1 + 0,08) FV = 1.000 × (1,3605) FV = 1.360,50 4 Resposta: o montante é igual a R$ 1.360,50. O valor destacado, de 1,3605, é denominado fator de capitalização. Observe que o montante calculado sob o regime de juros compostos é superior ao calculado sob o regime de juros simples, uma vez que o juro de cada período é adicionado ao principal anterior e capitalizado para compor o próximo principal. Resolvemos a questão usando a solução matemática mediante a utilização da fórmula. Poderíamos contar com o auxílio da calculadora financeira HP 12C e, por intermédio do acionamento das teclas com função branca, localizadas na sua parte superior esquerda, obteríamos a resposta de forma mais rápida. Tabela 2 – Cálculo de juros compostos. Ano Saldo inicial Juros do ano Saldo final 0 R$ 1.000,00 1 R$ 1.000,00 R$ 80,00 R$ 1.080,00 2 R$ 1.080,00 R$ 86,40 R$ 1.166,40 3 R$ 1.166,40 R$ 93,31 R$ 1.259,71 4 R$ 1.259,71 R$ 100,78 R$ 1.360,49 Fonte: Assaf Neto (2012). Apresenta o comportamento do juro composto. Note que os juros, em cada período, equivalem a 8% do saldo devedor no início do mesmo período. Dessa forma, o gráfico dos juros compostos apresenta um crescimento exponencial e não linear como o comportamento dos juros simples. Fórmulas de juros compostos Da fórmula geral dos juros compostos, podemos extrair outras para o cálculo de cada uma das variáveis consideradas: Figura 7 – Fórmula – juros compostos. Fonte: Assaf Neto (2012). Apresenta a fórmula do juro composto. É importante notar que, de acordo com as propriedades da potenciação, a raiz n de um número qualquer é igual a esse número elevado a 1/n. Essa operação, junto com os cálculos envolvendo logaritmos, é facilmente executada na calculadora financeira HP 12C e no Excel. Além disso, a calculadora HP 12C permite o cálculo de maneira ainda mais simples, utilizando a parte superior esquerda de seu teclado, conforme mostrado a seguir. Vamos usar, neste tópico, apenas as funções brancas. Observe que existem funções amarelas e azuis, que usaremos mais adiante. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/07.png Figura 8 – Funções HP 12C. Fonte: elaborado pelo autor (2021). Apresenta a calculadora HP 12C. Assim, o exemplo utilizado anteriormente pode ser resolvido de maneira mais simples: Qual o montante equivalente a R$ 1.000,00, capitalizados a 8% ao ano, agora no conceito de juros compostos, durante quatro anos? Solução: considerando que: PV = 1.000; i = 8% ao ano ou 0,08; e n = 4 anos. Imputamos os dados na calculadora na seguinte ordem: 4 armazenamos na tecla n; 8 na tecla i; 1.000 – antes devemos trocar seu sinal apertando a tecla CHS; e depois armazenamos na tecla PV; e em seguida, acionamos a tecla FV para obter o resultado direto no visor: https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/08.png N i PV FV CHS 4 8 – 1.000 1.360,49 O resultado aparece positivo, uma vez que trocamos o sinal do PV e, assim, a calculadora reconhece que se trata de um fluxo de caixa (entrada e saída). Resposta: o montante é igual a R$ 1.360,50. Exemplos das demais fórmulas: a) Determinar o principal necessário para produzir um montante de R$ 1.000,00 no final de dois anos, a uma taxa de 1,25% a. m., no regime de juros compostos. Solução: o enunciado pede a determinação do PV (principal), sabendo que: FV = 1.000; i = 1,25% ao mês; e n = 2 anos = 24 meses (mesma base da taxa i). Portanto, usando a fórmula do PV, temos: Logo: Com o auxílio da calculadora HP 12C, armazenamos os dados na seguinte ordem sugerida: 1.000 CHS FV (não se esquecer de trocar o sinal). 1,25 i. 24 n. Acionamos a tecla PV = 742,20 (aparece no visor). Note que a ordem de armazenamento não é relevante. n i PV FV 24 1,25 742,20 – 1.000,00 Resposta: o valor do principal solicitado na questão é de R$ 742,20. b) Qual a taxa de juros mensal que faz um principal de R$ 1.000,00 se transformar num montante de R$ 1.150,00, ao final de 10 meses, no regime de juros compostos? Solução: nessa questão, é solicitada a taxa de juros i em termos mensais, sabendo que: PV = 1.000; FV = 1.150; e n = 10 meses. Portanto, utilizando a fórmula da taxa de juros i: i = (FV/PV) – 1 Temos: i = (1.150/1000) – 1 i = (1.15) – 1 i = 1,014074 – 1 i = 0,014074 1/n 1/10 0,1 Transformando o resultado em percentual: i = 0,014074 × 100 i = 1,4074% ao mês Na calculadora HP 12C, sugere-se o armazenamento na seguinte ordem: 1.150 CHS FV. 1.000 PV. 10 n. Mudamos o sinal do FV, mas poderíamos mudar o do PV. O importante é que um dos dois valores seja negativo para a calculadora identificar um fluxo de caixa. Em seguida, acionamos a tecla i, e o seguinte valor aparece no visor: 1,4074. Novamente, salientamos que a ordem de entrada dos dados na calculadora não é relevante, como segue: n I PV FV 10 1,4074% ao mês 1.000,00 -1.150,00 Resposta: a taxa de juros solicitada é de 1,4074% ao mês. c) Se efetuarmos uma aplicação no mercado financeiro, em quantos anos o capital dobra se conseguirmos uma taxa de 6% ao ano, no regime de juros compostos? Solução: o objetivo, agora, é descobrir o número de períodos n necessários para dobrar um capital qualquer a uma taxa de 6% ao ano. Assim, devemos estabelecer um capital inicial hipotético de R$ 100,00, fácil de trabalhar, e determinamos que: PV = 100; FV = 200; e i = 6% ao ano. Dessa forma, podemos usar a fórmula do número de períodos n, como segue: Logo: O logaritmo, tanto do numerador quanto do denominador, deve estar na mesma base. Se usarmos o logaritmo na base 10, teremos os seguintes valores: A calculadora HP 12C utiliza logaritmo neperiano, isto é, na base “e”, em que o número irracional “e” é igual a aproximadamente 2,718.... Portanto, os valores são: Nos dois casos, o número de períodos n é igual a praticamente 12 anos. Ao utilizar diretamente a calculadora HP 12C, sugerimos a seguinte ordem de entrada para armazenamento dos dados: 100 CHS PV. 200 FV. 6 i. Ao acionar a tecla n, aparecerá no visor o número de períodos n = 12 anos, que é justamente o tempo em que um capital inicial dobra a uma taxa de 6% ao ano. É importanteratificar que a ordem de entrada dos dados para armazenamento na calculadora HP 12C é irrelevante: n i PV FV 12 anos 6,00 100,00 -200,00 Resposta: o número de períodos n que dobra qualquer volume de recursos aplicados a taxa de 6% ao ano é de 12 anos. No regime de juros compostos, o número de períodos n deve estar na mesma base da taxa de juros i. Portanto, surgem as taxas equivalentes, aquelas que, aplicadas ao mesmo capital nos mesmos períodos, devem produzir o mesmo montante. Logo, a taxa composta anual é igual à taxa semestral elevada ao quadrado, igual à taxa quadrimestral elevada à quarta potência e assim por diante, conforme mostramos a seguir: (1 + i ) = ( 1 + i ) = (1 + i ) = (1 + i ) = (1 + i ) Da mesma forma, quando temos a taxa equivalente para um período maior e queremos a de um período menor, extraímos a raiz quadrada, a raiz quarta e assim por diante. a s 2 t 4 m 12 d 360 Exemplo 1: em uma determinada questão que considera o regime de juros compostos, pode surgir o seguinte problema: qual a taxa anual equivalente à de 1% ao mês? Solução: temos a taxa para um período menor e queremos a taxa equivalente para um período maior, no sistema de juros compostos. Assim, resolvemos da seguinte maneira: (1 + i ) = (1 + i )a m 12 Logo: (1 + i ) = (1 + 0,01) i = (1,01) – 1 i = 1,126825 – 1 i = 0,126825 a 12 a 12 a a Transformando o valor encontrado em porcentagem, temos: i = 0,126825 × 100 i = 12,6825% ao ano a a Resposta: a taxa mensal de 1% equivale, em termos de juros compostos, a 12,6825% ao ano. Exemplo 2: em outra questão na qual é utilizado o sistema de juros compostos, pode agora surgir a seguinte dúvida: qual a taxa mensal equivalente à de 10% a. a.? Solução: nesse caso, temos a taxa para um período maior e queremos a taxa equivalente, pelo sistema de juros compostos, àquela para um período menor. Devemos usar a operação matemática inversa à potenciação, como segue: (1 + i ) = (1 + i ) Lembrando que, pela propriedade da radiciação, a raiz 12 de um número, ou uma expressão, como é o caso, é igual a essa expressão elevada a 1/12. m a 1/12 Logo: (1 + i ) = (1 + 0,10) (1 + i ) = (1,10) (1 + i ) = 1,007974 i = 1,007974 – 1 i = 0,007974 Transformado em porcentagem: i = 0,007974 × 100 i = 0,7974% ao mês m 0,083333 m 0,083333 m m m m m Resposta: a taxa mensal equivalente a 10% ao ano, no sistema de juros compostos, é de 0,7974% ao mês. Exercício resolvido Um investidor possui R$ 300.000,00 para aplicar no mercado financeiro. O gerente do banco dele propõe a aquisição de um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que rende, por 24 meses, a taxa de 42% ao ano. Determine os juros e o montante dessa aplicação. Solução: as informações contidas no enunciado são as seguintes: PV = 300.000; n = 24 meses; e i = 42% ao ano. A primeira operação a ser feita é colocar o período de capitalização n (em meses) na mesma base da taxa de juros i (ao ano). Nesse caso, podemos agir da seguinte forma: a) transformamos o período de capitalização n em anos: n = 24 meses = 2 anos (maneira mais fácil); e b) transformamos a taxa de juros i em taxa mensal, extraindo sua raiz 12, como segue: (1 + i ) = (1 + i ) (1 + i ) = (1 + 0,42) (1 + i ) = (1 ,42) (1 + i ) = 1,02965254 i = 1,02965254 – 1 i = 0,02965254 m a 1/12 m 0,083333 m 0,083333 m m m O resultado em porcentagem é igual a: i = 0,02965254 × 100 i = 2,965254% ao mês Substituindo, agora, os dados na fórmula: FV = PV × (1 + i) m m n Temos: a) FV = 300.000 × (1 + 0,42) FV = 300.000 × (1,42) FV = 300.000 × 2,0164 FV = 604.920 2 2 b) FV = 300.000 × (1 + 0,02965254) FV = 300.000 × (1 ,02965254) FV = 300.000 × 2,0164 FV = 604.920 24 24 Para o cálculo dos juros, lembramos que: J = FV – PV Portanto: J = 604.920 – 300.000 J = 304.920 Resposta: o juro dessa operação financeira é de R$ 304.920,00, e o montante a ser recebido pelo investidor no final do prazo é de R$ 604.920,00. Outras taxas1.4 O mercado financeiro utiliza várias denominações de taxas, a saber: Figura 9 – Mercado financeiro. Fonte: primeimages / istock.com a) Taxa efetiva – quando a unidade de tempo da taxa coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Exemplo: taxa de 10% ao ano, capitalizada anualmente. Ou ainda, taxa de 8% ao semestre, capitalizada semestralmente. Nesse caso, é comum, no mercado financeiro, dizer apenas que a taxa efetiva da operação é de 10% ao ano ou de 8% ao semestre. b) Taxa nominal – quando a unidade de tempo é anual e não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Nesse caso, a taxa nominal tem uma taxa efetiva implícita, obtida por meio de taxas proporcionais (juros simples). Exemplo: a antiga caderneta de poupança rende no Brasil a taxa nominal de 6% ao ano, capitalizados mensalmente. Para determinar a taxa efetiva da caderneta de poupança, devemos fazer o seguinte cálculo (taxas proporcionais – juros simples): i = 6 / 12 = 0,5% ao mêsmês Colocando a taxa mensal no formato de juros compostos, temos: i = (1 + 0,005) = 1,0617 Diminuindo 1 e multiplicando por 100 para retornar ao percentual, temos: efetiva 12 https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/09.jpg i = 6,17% ao anoefetiva Portanto, a taxa efetiva implícita da caderneta de poupança é de 6,17% ao ano. c) Taxa real – é a taxa de juros descontada a inflação do período a que se refere. Exemplo: vamos supor que a taxa de juros (média) da economia em 2020 foi de 11% ao ano. Essa é a taxa aparente, uma vez que em 2020 a inflação média foi de 6,5%. Deve-se, então, descontar a inflação da taxa aparente para se obter a taxa real, no formato de juros compostos, assim: (1 + i ) = (1 + i ) / (1 + i )real aparente inflação Assim, temos: (1 + i ) = (1 + 0,11) / (1 + 0,065) = 1,11 / 1,065 = 1,0423 O resultado, recolocado sob a forma percentual (diminuindo 1 e multiplicando por 100), dá a taxa real de juros da economia em 2020, que foi de 4,23%. real d) Taxa líquida de juros – é a taxa bruta de juros descontada do Imposto de Renda (IR) incidente sobre a operação financeira, calculada da seguinte forma: Exemplo: um banco está negociando seu CDB (Certificado de Depósito Bancário) à taxa prefixada bruta de 2,1% a.m. O Imposto de Renda (IR) é de 20% calculado sobre o rendimento nominal da operação financeira e pago pelo cliente no resgate. Qual a taxa líquida de juros praticada por esse banco? Solução: temos que: i = 2,1% ao mês IR = 20% = 0,20 Portanto: bruta i = 2,1 × (1 – 0,20) = 2,1 × 0,80 i = 1,68% ao mêslíquida líquida Resposta: a taxa líquida de juros oferecida por esse banco para a aplicação em seu CDB é de 1,68% ao mês. É normal que uma quantia em dinheiro devida em uma data futura seja representada por um título de crédito (comprovante da dívida) emitido pelo devedor em favor do credor. O título de crédito, portanto, tem uma data de vencimento, mas o devedor pode resgatá-lo antecipadamente, obtendo com isso um abatimento denominado desconto. O desconto é uma das mais comuns aplicações da regra de juro. Os títulos de crédito mais utilizados em operações financeiras são a nota promissória, a duplicata e a letra de câmbio. O título que será descontado possui as seguintes características: Valor nominal (VN) –valor futuro, valor de face ou valor de resgate – é o valor indicado no título a ser pago no dia do vencimento. Valor atual (VA) – valor presente – é o valor líquido pago (ou recebido) antes do vencimento, já considerado o desconto, ou seja: VA = VN – desconto Tempo (n) – prazo – é o número de dias compreendido entre o dia em que se negocia o título e o de seu vencimento. d = VN – VA Assim, desconto (d) é a quantia a ser abatida do valor nominal, isto é, a diferença entre o valor nominal e o valor atual: d = VN – VA Para a prática de desconto de títulos, existem dois tipos de operações: Desconto1.5 a) Desconto comercial – considera como capital o valornominal. Também chamado de desconto bancário ou calculado por fora, é o desconto equivalente aos juros simples produzidos pelo valor nominal do título no período de tempo correspondente e a uma determinada taxa fixada. Considerando: d = valor do desconto comercial; VN = valor nominal do título; VA = valor atual comercial; n = tempo que falta para o vencimento; e i = taxa de desconto. O desconto comercial é dado pela seguinte fórmula: d = VN × i × n O valor atual bancário é dado por: VA = VN × (1 – i × n) Exemplo: um título de R$ 60.000,00 vai ser descontado à taxa de 2,1% ao mês. Faltando 45 dias para o vencimento, determine: o valor do desconto comercial; e o valor atual comercial. Solução: o enunciado da questão fornece os seguintes dados: VN = 60.000,00; i = 2,1% a. m.; e n = 45 dias. Usando a fórmula do desconto comercial: d = VN × i × n Temos: d = 60.000 × 0,021 × 1,5 (um mês e meio) d = 1.890 Portanto, o desconto comercial é de R$ 1.890,00. Note que a taxa i e o número de períodos n devem estar na mesma base. No nosso exemplo, transformamos n, que estava em dias, para mês, mesma base da taxa i. No ano comercial, cada mês tem 30 dias, daí a transformação para um mês e meio. Poderíamos, também, manter n = 45 dias e transformar a taxa i ao mês em taxa por dia. Como no desconto comercial é considerado o sistema de juros simples, temos: E chegamos ao mesmo resultado: d = VN × i × n d = 60.000 × 0,0007 × 45 d = 1.890 Lembrando que a fórmula do valor atual comercial é: VA = VN – d Temos: VA = 60.000 – 1.890 VA = 58.110 Resposta: o valor do desconto comercial do título é de R$ 1.890,00, e o valor atual do título é de R$ 58.110,00. b) Desconto racional – considera como capital o valor atual. Também chamado de desconto calculado por dentro, é o desconto equivalente aos juros simples produzidos pelo valor atual do título durante o tempo correspondente e a uma determinada taxa fixada. O desconto racional (d) é igual: d = VN – VA Exemplo: considerando as mesmas características do título no exemplo citado, para desconto comercial, ou seja, valor nominal de R$ 60.000,00, a ser descontado à taxa de 2,1% ao mês, faltando 45 dias para o vencimento do título, determine: o valor atual racional; e o valor do desconto racional. Solução: vamos aos dados: VN = R$ 60.000,00; i = 2,1% a. m. = 0,021 a.m.; e n = 45 dias = 1,5 mês. Considerando a fórmula do valor atual racional: Temos: Portanto, o valor atual racional do título é de R$ 58.167,72. Para o cálculo do desconto racional, usamos: d = VN – VA Assim, temos: d = 60.000 – 58.167,72 d = 1.832,28 Resposta: o valor atual racional é de R$ 58.167,72, e o valor do desconto racional é de R$ 1.832,28. Observe que o valor atual racional é superior ao valor atual comercial e, em consequência, o desconto racional é menor, favorecendo o cliente detentor do título que deseja descontá-lo. Algumas instituições, quando querem fidelizar grandes clientes, adotam o desconto racional, menos vantajoso para elas. Recapitulando a unidade 1 Um dos aspectos mais importantes e percebidos pelas empresas e pela população em geral é a taxa de juro. Entretanto, muitas vezes, por desconhecimento, as pessoas não se atentam aos juros compostos, ou seja, juros sobre juros, o que pode aumentar consideravelmente o montante devido. Essa análise faz parte do risco associado às operações financeiras, caracterizadas pela correlação entre maior risco e maior retorno. Por isso, ao analisar os diversos cenários de investimentos, as empresas fazem uso da matemática financeira, entendendo as taxas e os possíveis descontos com o objetivo de melhorar a gestão do seu fluxo de caixa. Videoaula - O coeficiente do financiamento Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/661241446] . https://player.vimeo.com/video/661241446 Coeficiente de financiamento2 O que não se mede não se controla. O que não se controla não tem relevância ou é pouco importante. Se não é importante, é irrelevante sua participação em prazo, recurso e custo. Quando é efetuada uma compra à prestação ou qualquer tipo de operação de financiamento, é utilizado um fator financeiro constante, denominado coeficiente, que ao ser multiplicado pelo valor presente do financiamento, fornece o valor das prestações. Portanto: Valor do financiamento × coeficiente financeiro = valor das prestações O coeficiente financeiro é o inverso do fator de valor presente (financiamento) e é muito utilizado nas operações de CDC (crédito direto ao consumidor), de arrendamento mercantil (leasing), de financiamento de veículos e de eletrodomésticos. A construção das tabelas de coeficientes de financiamento é realizada mediante a utilização da calculadora financeira HP 12C, a partir da fixação de um valor mínimo de financiamento (R$ 1,00), de uma determinada taxa de juros e de um prazo definido da operação. Assim, supondo que desejamos cobrar uma taxa de juros de 4% ao mês para uma operação de 10 meses, o coeficiente financeiro que poderá ser aplicado a qualquer valor financiado será de: 1 CHS PV – trocamos o sinal da unidade e armazenamos na tecla PV. 4 i – armazenamos a taxa de juros na tecla i. 10 n – armazenamos o prazo da operação na tecla n. Pressionamos a tecla PMT = 0,123291 (o coeficiente aparece no visor). Geralmente, os coeficientes de financiamento são calculados com seis casas decimais. Logo, se um cliente solicitar R$ 15.000,00 por 10 meses, à taxa de 4% ao mês, o valor da prestação será de: PMT = 15.000 × 0,123291 = R$ 1.849,36 Se outro cliente solicitar R$ 40.000,00 por mesmo prazo e mesma taxa, teremos: PMT = 40.000 × 0,123291 = R$ 4.931,64 Note que, em ambos os casos, os clientes estão pagando 4% ao mês. Além disso, essa tabela pode ser montada para vários períodos (n), e poderá ser prevista uma taxa de juros diferente de um período para outro. Exercício resolvido O número que, multiplicado pelo valor financiado, resulta no valor da prestação chama-se fator ou coeficiente de financiamento. Construa uma tabela de coeficientes para o período de três meses, considerando uma taxa de 5% ao mês e prestações postecipadas. Solução: vamos utilizar a calculadora financeira HP 12C. Como as prestações são postecipadas, manteremos a tecla END (função azul – g) acionada. Assim, no primeiro mês, temos o cálculo: 1 CHS PV. 1 n. 5 i. Pressionamos PMT = 1,05. Segundo mês – cálculo: 1 CHS PV. 2 n. 5 i. Pressionamos PMT = 0,537805. Terceiro mês – cálculo: 1 CHS PV. 3 n. 5 i. Pressionamos PMT = 0,367209. Resposta: com os valores calculados anteriormente, podemos construir a tabela de coeficientes de financiamentos que podem ser utilizados em valores a serem cobrados em até três prestações, com uma taxa de 5% ao mês, como segue: Tabela 3 – Coeficientes de financiamentos Período (n) Coeficiente 1 1,05 2 0,537805 3 0,367209 Perpetuidades3 Existem algumas situações no mercado financeiro em que se apresentam séries perpétuas de recebimentos ou pagamentos. São séries ou anuidades infinitas, ou seja, os fluxos de caixa são perpétuos. Por exemplo: a) Aquisição de uma empresa – o comprador de uma empresa não pretende vendê-la em um prazo determinado. Pelo contrário, como empreendedor, sua disposição é mantê-la por toda a vida e deixá-la para seus sucessores. b) Formação de poupança previdenciária – o aplicador forma uma poupança para manter seu padrão financeiro após a aposentadoria. Pretende, com isso, receber um fluxo de rendimento por toda sua vida. Essas séries são chamadas de perpetuidades, e a fórmula de cálculo é a seguinte: Exemplo: suponha que a empresa Leão do Norte S. A. precisa emitir ações preferenciais a um preço de R$ 100,00 por ação, objetivando completar o montante de recursos necessários à implantação do seu programa de investimentos. Uma emissão de ações preferenciais, já realizada por outra empresa do setor muito semelhante, obteve o preçode R$ 40,00 por ação, mediante uma oferta de dividendos trimestrais de R$ 1,00 por ação. Qual é o dividendo que a Leão do Norte deveria oferecer se suas ações preferenciais fossem emitidas nesse momento? Solução: a emissão que já ocorreu possui um valor presente de R$ 40,00 e um fluxo de caixa trimestral (pagamento de dividendos) de R$ 1,00 para sempre. Como é uma perpetuidade, temos a taxa de juros dessa operação financeira de: Colocando o resultado obtido em porcentagem, temos: i = 0,025 × 100 i = 2,5% a.t. Para ser competitiva, a nova emissão da Leão do Norte também deverá oferecer um rendimento trimestral de 2,5%. Portanto, para que o valor presente seja R$ 100,00, os dividendos precisam ser iguais a: Resposta: a Leão do Norte deverá oferecer um dividendo equivalente a R$ 2,50 por trimestre. No exemplo, assumimos a hipótese de que os dividendos a serem distribuídos pelas empresas serão constantes perpetuamente. Na prática, observamos que eles tendem a acompanhar o crescimento dos lucros das companhias. Portanto, devem apresentar uma determinada taxa de crescimento no longo prazo. Assim, a fórmula a ser utilizada passa a ser a seguinte: Em que k é a taxa de crescimento constante esperada para os dividendos a serem distribuídos no futuro. A fórmula é válida e pode ser utilizada desde que a taxa de desconto dos pagamentos seja superior à taxa de crescimento esperada dos pagamentos, isto é: i > k No exemplo da empresa Leão do Norte, se for previsto um crescimento trimestral de 0,5% no dividendo a ser distribuído no futuro, o valor a ser pago passaria a ser de: Resposta: se ocorrer um crescimento trimestral de 0,5% no dividendo, a Leão do Norte deverá oferecer um valor equivalente a R$ 2,00 por trimestre aos novos acionistas. Videoaula - SAC e Price Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/661242421] . Existem três tipos especiais de sistemas de financiamento destinados a incentivar a aquisição de determinados bens, especialmente aqueles de valor unitário muito elevado e que, de outra forma, só poderiam ser adquiridos por uma pequena parcela da população. Esses sistemas são conhecidos como: a) Sistema de amortização americano Sistemas de financiamento3.1 Figura 10 – Gestão de financiamentos. Fonte: wutwhanfoto / istock.com Principais tipos de sistemas de financiamento3.1.1 https://player.vimeo.com/video/661242421 https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/10.jpg Por esse sistema, o devedor de um empréstimo paga os juros periodicamente, e o valor do principal emprestado é resgatado apenas no final do prazo estipulado para a operação. Chamando de PV o valor emprestado à taxa i, os juros pagos em cada período (J) são iguais e calculados como: J = PV × i Terminado o prazo, no último pagamento, o devedor, além dos juros, paga o capital emprestado (PV). Exemplo: uma empresa realizou o empréstimo de R$ 100.000,00, à taxa de 10% a. m., pelo prazo de quatro meses. Qual será o desembolso mensal que o devedor terá, caso tenha efetuado o empréstimo pelo sistema americano, com juros pagos mensalmente? Solução: o desembolso mensal que o devedor terá será equivalente aos juros de cada período, calculado pela seguinte fórmula: J = PV × i Assim: J = 100.000 × 0,10 = R$ 10.000,00 Resposta: a quantia de R$ 10.000,00 será paga nos primeiros três meses e, no quarto mês, o desembolso será de R$ 110.000,00, sendo R$ 10.000,00 referentes aos juros e R$ 100.000,00 para saldar o principal da dívida. b) Sistema de amortização francês ou tabela Price (TP) Por esse sistema, o devedor paga o total do empréstimo em prestações iguais e sucessivas, incluindo, em cada uma, uma parcela de amortização parcial do principal devido e uma referente aos juros sobre o saldo devedor. Esse sistema foi muito empregado no Brasil, especialmente até a década de 1990, para a aquisição de imóveis pelo Sistema Financeiro da Habitação. O número de prestações varia em cada contrato. Supondo o empréstimo PV, à taxa i, para ser pago em n prestações, as características principais do sistema Price são: pagamento em parcelas constantes; e cálculo da parcela pela expressão da série anual uniforme a seguir: Ou com a utilização da calculadora HP 12C. Exemplo: uma fábrica, precisando renovar seu parque fabril, pegou um empréstimo no valor de R$ 200.000,00 com uma taxa de 10% a. m., com o sistema Price como o escolhido. Assim, como ficariam estabelecidos o pagamento mensal e o demonstrativo da dívida? Solução: o pagamento mensal pode ser calculado mais facilmente na HP 12C, da seguinte forma: 200.000 CHS PV. 10 i. 4 n. Pressionando PMT = 63.094,16 (aparece no visor). Resposta: sabendo do valor dos pagamentos, sempre iguais, é possível montar o demonstrativo da dívida, envolvendo os montantes pagos de juros e de amortização do principal, além do saldo devedor por período: Tabela 4 – Demonstrativo da dívida a ser paga e do saldo devedor (em reais) N Pagamentos Juros Amortização Saldo devedor 0 - - - 200.000,00 1 63.094,16 20.000,00 43.094,16 156.905,84 2 63.094,16 15.690,58 47.403,58 109.502,26 N Pagamentos Juros Amortização Saldo devedor 3 63.094,16 10.905,23 52.143,93 57.358,33 4 63.094,16 5.735,83 57.358,33 - Observe que há uma correlação entre a redução dos juros e o aumento da amortização, pois há um cálculo baseado no saldo devedor, que diminui ao longo do tempo e, consequentemente, ao somar as amortizações e os juros, totaliza os pagamentos. c) Sistema de amortização constante (SAC) Pelo fato de a amortização do empréstimo (PV) ser constante, a série de pagamentos não é uniforme e, portanto, o procedimento adotado é o seguinte: a. Calculam-se inicialmente as amortizações, por intermédio da seguinte fórmula: b. Calcula-se o saldo devedor em todos os anos, mediante a expressão: SD = PV - Amort c. Por último, os juros são calculados sobre o saldo devedor, como segue: J = PV × i Exemplo: considerando, mais uma vez, o empréstimo de R$ 200.000,00, à taxa de 10% a. m. por quatro meses, agora devendo ser pago no sistema SAC, é necessário fazer um demonstrativo do estado da dívida nesse período. Solução: iniciando pelo cálculo da amortização, que é constante, temos: Resposta: sabendo o valor a ser amortizado mensalmente, montamos o demonstrativo da dívida a ser paga, envolvendo o valor de cada parcela, os juros e o saldo devedor por período: Tabela 5 – Demonstrativo da dívida a ser paga e do salvo devedor (em reais) N Pagamento Juros Amortização Saldo devedorN Pagamento Juros Amortização Saldo devedor 0 - - 200.000,00 1 70.000,00 20.000,00 50.000,00 150.000,00 2 65.000,00 15.000,00 50.000,00 100.000,00 3 60.000,00 10.000,00 50.000,00 50.000,00 4 55.000,00 5.000,00 50.000,00 - Nesse sistema, há uma correlação entre juros menores e pagamentos menores ao longo do tempo, mesmo com a amortização fixa, uma vez que o cálculo está baseado no saldo devedor, este sendo reduzido a cada período. Ao compararmos Price e SAC, é possível perceber que os pagamentos ficaram assim: Price – Pagamento total: R$ 252.376,64; e SAC – Pagamento total: R$ 250.000,00. A diferença entre os dois é o juro no período. A instalação de indústrias de grande porte, especialmente na área de infraestrutura, além de exigir um elevado montante de recursos financeiros, apresenta um retorno lento, de longo prazo. Dessa forma, algumas instituições financeiras possuem linhas de financiamento destinadas a incentivar essas modalidades de projetos de investimentos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Além de taxas de juros diferenciadas, essas instituições fornecem recursos para os projetos com carência. Carência é o acordo entre o tomador do empréstimo e o financiador, estipulando que, durante determinado período de tempo, apenas os juros sejam cobrados, sem pagamento de amortização. Quando se atinge o fim da carência, o empréstimo é quitado por meiode algum método predeterminado. Há dois tipos de carência utilizados: 1. pagamento de juros sobre o valor principal; e 2. não há pagamento durante o período. Sistemas de amortização com carência3.1.2 Exemplo: utilizando o sistema de amortização francês – tabela Price para os casos 1 e 2, vamos supor o financiamento do valor de um investimento de R$ 10.000,00, pelo prazo total de 10 anos, com dois anos de carência, a juros de 10% a. a. Elabore um demonstrativo da situação da dívida nos dois casos, para o período de 10 anos. Solução caso 1: considerando os dados obtidos no enunciado, como segue: PV = 10.000; n = 10; Carência = 2; e i = 10% ao ano. Nos dois primeiros anos, há apenas pagamento de juros do principal, como segue: J = PV× i J = 10.000× 0,10 J = R$ 1.000,00 Os juros de R$ 1.000,00 comporão também o valor da parcela a ser paga no terceiro ano (primeiro período com amortização do principal). Pelo sistema Price, o valor de cada parcela é fixo e calculado da seguinte maneira: 10.000 CHS PV. 10 i. 8 n. Note que o prazo do empréstimo é de 10 anos, mas, nos dois primeiros, haverá apenas o pagamento dos juros. Assim, calculamos as parcelas a partir do terceiro ano e, portanto, para oito anos: Pressionamos PMT = 1.874,44 (aparece no visor). Resposta caso 1: com o valor do juro a ser pago nos dois anos de carência e as prestações iguais a serem pagas no restante do período, montamos a tabela 6 com o demonstrativo da dívida: Tabela 6 – Demonstrativo da dívida – caso 1. Tabela Price (em $000) (A) Parcela (B) Pagto. (C) Juros (D) Amortização (E) Acumulado (F) Saldo Tabela Price (em $000) (A) Parcela (B) Pagto. (C) Juros (D) Amortização (E) Acumulado (F) Saldo 1 R$1.000,00 R$1.000,00 R$0,00 R$0,00 R$10.000,00 2 R$1.000,00 R$1.000,00 R$0,00 R$0,00 R$10.000,00 3 R$1.874,44 R$1.000,00 R$874,44 R$874,44 R$9.125,56 4 R$1.874,44 R$912,56 R$961,88 R$1.836,32 R$8.163,68 5 R$1.874,44 R$816,37 R$1.058,07 R$2.894,40 R$7.105,60 6 R$1.874,44 R$710,56 R$1.163,88 R$4.058,28 R$5.941,72 7 R$1.874,44 R$594,17 R$1.1280,27 R$5.338,54 R$4.661,46 8 R$1.874,44 R$466,15 R$1.408,29 R$6.746,84 R$3.253,16 9 R$1.874,44 R$325,32 R$1.549,12 R$8.295,96 R$1.704,04 10 R$1.874,44 R$170,40 R$1.704,04 R$10.000,00 R$0,00 Totais R$16.995,52 R$6.995,52 R$10.000,00 Fonte: Assaf Neto (2012). Note que a empresa começa a amortizar o principal do empréstimo somente a partir do terceiro ano, de forma crescente, à medida que o projeto de investimento for apresentando retorno cada vez maior. Solução caso 2: como há ausência de pagamentos de juros nos dois primeiros anos, esses valores são incorporados ao principal, da seguinte maneira: V = PV × (1 + i) FV = 10.000 × (1 + 0,10) 2 2 FV = 10.000 × 1,21 FV = R$ 12.100,00 Esse valor passa a ser o saldo devedor inicial da operação no terceiro ano. Portanto, o cálculo referente à prestação prevista pelo sistema Price é efetuado a partir do terceiro ano, como segue: 12.100 CHS PV. 8 n. 10 i. Pressionando a tecla PMT = 2.268,07 (aparece no visor). Resposta caso 2: sabendo o valor dos pagamentos, que serão sempre iguais a partir do terceiro ano, podemos montar uma tabela com o demonstrativo da dívida, envolvendo os montantes pagos de juros e de amortização do principal, além do saldo devedor por período, como segue: Tabela 7 – Demonstrativo da dívida – caso 2. Tabela Price (em $000) (A) Parcela (B) Pagto. (C) Juros (D) Amortização (E) Acumulado (F) Saldo 1 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$11.000,00 2 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00 R$12.100,00 3 R$2.268,07 R$1.210,00 R$1.058,07 R$1.058,07 R$11.041,93 4 R$2.268,07 R$1.104,19 R$1.163,88 R$2.221,95 R$9.878,05 5 R$2.268,07 R$987,80 R$1.280,27 R$3.502,22 R$8.597,78 6 R$2.268,07 R$859,78 R$1.408,29 R$4.910,51 R$7.189,49 7 R$2.268,07 R$718,95 R$1.549,12 R$6.459,64 R$5.640,36 8 R$2.268,07 R$564,04 R$1.704,04 R$8.163,68 R$3.936,32 9 R$2.268,07 R$393,63 R$1.874,44 R$10.038,12 R$2.061,88 10 R$2.268,07 R$206,19 R$2.061,88 R$12.100,00 R$0,00 Tabela Price (em $000) (A) Parcela (B) Pagto. (C) Juros (D) Amortização (E) Acumulado (F) Saldo Totais R$18.144,58 R$6.044,58 R$12.100,00 Fonte: Assaf Neto (2012). Nesse caso, o benefício inicial é ainda maior, permitindo a melhor maturação dos investimentos realizados. Vimos anteriormente o conceito de fluxo de caixa como a representação de uma série de pagamentos ou de recebimentos que devem ocorrer em determinado período de tempo. Essa movimentação financeira, contudo, acontece das mais diversas formas e tipos, como: a) Quanto ao número de prestações: finitas: quando ocorrem durante um período predeterminado de tempo; e infinitas: chamadas perpetuidades. b) Quanto à periodicidade dos pagamentos: periódicas: quando os pagamentos ocorrem em intervalos constantes; e não periódicas: quando os pagamentos ou recebimentos acontecem em intervalos irregulares de tempo. c) Quanto ao valor das prestações: uniformes: quando as prestações ou anuidades são iguais; e não uniformes: quando os pagamentos ou recebimentos apresentam valores distintos. d) Quanto ao prazo de pagamentos: postecipadas: quando as anuidades se iniciam após o final do primeiro período; e antecipadas: quando o primeiro pagamento ocorre na entrada, no início da série. e) Quanto ao primeiro pagamento: diferidas: ou com carência, quando houver um prazo maior que um período entre a data do recebimento do financiamento e a de pagamento da primeira prestação; e Série de pagamentos: fluxo de caixa3.2 não diferidas: quando não existir prazo superior a um período entre o início da operação e o primeiro pagamento ou recebimento. A calculadora HP 12C também facilita os cálculos envolvidos nessa situação. Contudo, quando nos deparamos com séries uniformes, podemos obter a solução utilizando também algumas fórmulas destinadas a facilitar o manuseio de calculadoras normais e científicas. Assim, podemos usar fórmulas para: a. PMT = pagamento periódico igual: b. FV = valor futuro: c. Séries com carência: Em que: m: carência em número de períodos. A análise de vários fluxos de caixa é comum nas tomadas de decisões financeiras para definir o melhor plano de empréstimo, as linhas de financiamentos mais atraentes, as propostas de refinanciamento e reescalonamento de dívidas etc. Definição de equivalência: dois ou mais fluxos de caixa são equivalentes quando produzem idênticos valores presentes (PV) em uma mesma data, a uma determinada taxa de juros. Na prática, a maioria dos investimentos de pessoas físicas e jurídicas envolve muitos fluxos de caixa ao longo do tempo, ou seja, uma série de fluxos de caixa ou fluxos de caixa múltiplos. Equivalência financeira de fluxos de caixa3.2.1 Exemplo: suponha que você deseja comprar um computador em dois anos, depositando hoje, numa aplicação que paga 8% a. a. de juros compostos, o valor de R$ 1.200,00, mais R$ 1.400,00 daqui a um ano. Quanto você deverá gastar no computador no final do segundo ano? Solução: essa questão deve ser respondida em duas etapas: Primeira etapa: considerando a fórmula dos juros compostos: FV = PV × (1 + i) Dados: PV = 1.200. n = 2 anos. i = 8% a. a. Temos: FV = 1.200 × (1 + 0,08) FV = 1.200 × 1,1664 FV = 1.399,68 n 1 1 2 1 1 Segunda etapa: Dados: PV = 1.400. n = 1 ano. i = 8% a.a. Temos: FV = 1.400 × (1 + 0,08) FV = 1.512,00 Portanto, o total a ser gasto no final do segundo ano é igual à soma dos dois montantes calculados: FV + FV = 1.399,68 + 1.512,00 = 2.911,68 2 2 2 1 2 Resposta: o valor a ser gasto com a compra do computador daqui a dois anos será de R$ 2.911,68. Exercício resolvido Uma empresa tem uma dívida de R$ 60.000,00 a ser paga daqui a 7 meses e outra de R$ 80.000,00 para daqui a 15 meses. Quanto deverá aplicar hoje, à taxa de juros compostos de 10% a. a., para fazer frente a elas? Solução: a questão será respondida em duas etapas: Primeira etapa – considerando a fórmula dos juros compostos: FV= PV × (1 + i) Como a pergunta refere-se ao valor aplicado hoje, portanto, o capital inicial ou, ainda, o valor presente da aplicação, podemos isolar o PV na equação anterior, a saber: n As informações do enunciado sobre a primeira etapa são as seguintes: FV = 60.000; n = 7 meses; e i = 10 % ao ano. Como os dois períodos considerados estão em meses, vamos transformar a taxa de juros de ano em meses, para poder trabalhar na mesma base. 1 Assim: (1 + i ) = (1 + i ) (1 + i ) = (1 + 0,10) (1 + i ) = (1,10) (1 + i ) = 1,00797414 i = 1,00797414 – 1 i = 0,00797414 Resultado que, transformado em porcentagem, é: m a 1/12 m 0,08333 m 0,08333 m m m i = 0,00797414 × 100 i = 0,797414% ao mêsm m Agora, podemos substituir as informações do problema na fórmula do PV, como segue: Segunda etapa – as informações do enunciado para essa etapa são: FV = 80.000; n = 15 meses; e i = 0,797414% ao mês. 2 Da mesma forma, substituindo as informações da etapa na fórmula do PV, teremos: Portanto, o valor a ser aplicado pela empresa com o objetivo de fazer frente ao pagamento de suas dívidas é de: PV + PV = 56.755,17 + 71.014,83 PV + PV = 127.7701 2 1 2 Resposta: a quantia total de recursos que a empresa deverá aplicar hoje para fazer frente ao pagamento de suas dívidas é de R$ 127.770,00. Recapitulando a unidade 2 Um dos processos mais comuns em parcelas de financiamento está no coeficiente, muito utilizado nos mais variados segmentos de negócios. Esse número gerado é baseado em uma tabela previamente definida considerando o juro e o prazo predeterminado, fazendo com que os valores da prestação sejam calculados. Por outro lado, muitas vezes se faz necessário gerar um desconto, processo esse ocasionado por um pagamento antecipado, mais uma vez considerando o valor do dinheiro no tempo. Por fim, é importante conhecer os principais sistemas de financiamento utilizados, como o Price e o SAC, métodos com características diferentes, mas que possuem na amortização da dívida e nos juros pagos os pilares do cálculo, tornando a dívida zerada ao fim do período estabelecido. A necessidade de se conhecer esses métodos está diretamente relacionada à gestão do fluxo de caixa de uma empresa, pois há pagamentos e recebimentos acontecendo o tempo todo e, com isso, é preciso tomar decisões baseadas em análise dos resultados. Videoaula - Análise e métodos de investimento Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/661243357] . https://player.vimeo.com/video/661243357 Entendendo a análise de investimento4 O processo de identificação, análise e seleção de alternativas de investimento de recursos é chamado de orçamento de capital, envolvendo um conjunto de projetos que deverão apresentar um retorno econômico compatível com as metas fixadas pela administração no longo prazo. O objetivo da administração de uma companhia é criar valor para a empresa e, dessa forma, aumentar a riqueza de seus acionistas. É importante ratificar que os projetos de investimentos envolvem uma movimentação financeira de entradas e saídas de recursos do caixa, durante períodos futuros. Assim, ao montar um projeto desse tipo, estamos trabalhando com recursos em épocas diferentes, o que denominamos de valor do dinheiro no tempo (saída de recursos no presente e a estimativa de recebimentos líquidos (receitas – despesas) no futuro). Devemos, então, trazer os valores do futuro a uma determinada taxa de desconto, a fim de poder comparar esses valores com o investimento realizado hoje. Somente procedendo dessa forma podemos saber se vale a pena ou não realizar o projeto, isto é, se ele possui viabilidade econômica. As etapas necessárias à elaboração de um projeto de investimento são as seguintes: Figura 11 – Gestão de investimentos. Fonte: Olivier Le Moal / istock.com a) Projeção dos fluxos de caixa A característica fundamental dessa etapa é determinar a capacidade de geração de fluxos de caixa no futuro e não apenas apresentar lucro no conceito estritamente contábil. O cuidado nas projeções é primordial. É fundamental considerar as informações históricas oficiais e os dados contábeis auditados para utilizar premissas futuras confiáveis e estimar com segurança as receitas e os gastos (custos e despesas) provenientes do projeto. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/11.jpg Quanto mais próximos da realidade estiverem os dados históricos, mais consistentes serão os valores estimados. O último exercício, isto é, o mais próximo das projeções tende a ser aquele que mais contribui com o processo de estimativa, uma vez que tende a ser o mais provável de se repetir nos próximos anos. b) Avaliação dos fluxos de caixa O ambiente macroeconômico e as informações microeconômicas que envolvem os negócios da empresa devem ser minuciosamente avaliados, com o objetivo de se evitar surpresas durante a implantação do projeto. São considerados componentes do fluxo de caixa livre, que representa a geração da caixa da empresa que estará disponível para os acionistas. O fluxo de caixa livre é igual ao lucro líquido da empresa ajustado pelas receitas que não representam entrada de caixa, por exemplo, aquelas provenientes de vendas a prazo que serão recebidas após a apuração do lucro, e pelas despesas que não representam saídas de caixa, como a depreciação e a amortização dos ativos imobilizados de uma companhia. Os investimentos necessários à manutenção do negócio da empresa ao longo do tempo também devem ser considerados no fluxo de caixa livre. c) Cálculo da taxa de desconto Uma tarefa delicada é a determinação de uma taxa de desconto adequada para trazer os valores esperados no futuro e compará-los com o investimento total realizado. As formas mais comuns de determinação da taxa de desconto são: considerar o custo de oportunidade, que é a melhor remuneração que seria obtida no uso alternativo dos recursos; determinar uma taxa mínima de atratividade (TMA), que pode ser a taxa Selic, a taxa CDI, a variação da inflação medida pelo IGP-M ou outro índice oficial de inflação, o ROE (return on equity – retorno sobre o patrimônio líquido) da companhia etc.; Vale lembrar que o ROE estabelece a eficiência com que a administração trabalha com os recursos colocados pelos acionistas na empresa e é dado pela seguinte fórmula: Quanto à análise de sensibilidade, a projeção e a análise do fluxo de caixa do investimento são elaboradas a partir da estimativa de valores mais prováveis. Contudo, quando se trabalha com o futuro, com o maior cuidado possível, a incerteza sempre estará presente. Além disso, temos em finanças, como regra geral, que uma rentabilidade mais alta implica, logicamente, assumir riscos maiores. Esses fatores de incerteza são denominados de riscos do projeto e podem ser agrupados em algumas modalidades: 1. Risco econômico – dimensionamento de oferta e de demanda, variações de preços dos produtos e das matérias-primas, investimentos imprevistos, crescimento da renda nacional etc. 2. Risco financeiro – falta de capacidade de pagamento, insuficiência de capital, variações bruscas da taxa de juros e/ou da taxa cambial, grau de inadimplência, nível de endividamento, grau de financiamento a clientes e de fornecedores, qualidade e concentração das vendas etc. 3. Risco operacional ou risco do negócio – adequação do processo produtivo, qualidade da matéria-prima, tecnologia utilizada, capacidade de gerenciamento, potencial de crescimento do setor de atuação da empresa, market share, processo de distribuição dos produtos etc. 4. Risco político – fatores políticos e institucionais adversos, mudança de legislação, política econômica, política monetária (taxas de juros) e política cambial (taxa de câmbio e restrições às importações), alterações de alíquotas de impostos, taxas etc. calcular o custo médio ponderado de capital (CMPC) (WACC – weighted average cost of capital), que é uma médiado custo do capital de terceiros e do custo do capital próprio, ponderada pelo grau de utilização de cada uma dessas fontes de recursos na companhia; e escolher a melhor alternativa de investimento mediante o uso de técnicas de orçamento de capital, que são o payback, o payback descontado, o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR). O mais simples de todos é o método do payback, razão pela qual é o mais utilizado em todo o mundo, especialmente pelas pequenas e médias empresas. Os demais métodos trabalham com o fluxo de caixa do projeto descontado a uma determinada taxa e são recomendados para investimentos de maior porte. Para grandes projetos, o VPL é o mais recomendado, pois é o mais defensável academicamente. Já os profissionais da área financeira preferem trabalhar com o da TIR, que envolve a taxa de retorno e não a quantidade de recursos que excede o investimento. Dimensionamento de oferta e de demanda, variações de preços dos produtos e das matérias- primas, investimentos imprevistos, crescimento da renda nacional etc. Risco econômico Existem várias técnicas para se avaliar investimentos em condições de risco, e algumas delas possibilitam a obtenção de distribuição de probabilidades das variáveis envolvidas nas projeções. Todavia, para se avaliar investimentos em condições de incerteza, o método mais utilizado, e mais simples, é a análise de sensibilidade. O objetivo desse instrumento de análise é observar o quão sensíveis são os resultados obtidos pela aplicação das técnicas de orçamento de capital à variação de parâmetros de entrada, como vida útil de equipamentos, custos, receitas, quantidade vendida, preços, investimentos, taxa de desconto etc. Dessa forma, são estabelecidas hipóteses para esses parâmetros de entrada, dentro dos intervalos: provável, otimista e pessimista. A elaboração de gráficos que demonstrem o comportamento desses parâmetros melhora a qualidade da análise e ajuda a estabelecer níveis mínimos e máximos de oscilação deles, como: menor preço do produto para que o projeto seja viável; quantidade mínima que deve ser produzida para que o investimento ainda seja rentável; e custo máximo da matéria-prima para viabilizar a receita etc. Assim, a análise de sensibilidade é um instrumento muito valioso no sentido de dimensionar dentro de parâmetros eficientes as principais variáveis de risco e, além disso, ajustar o projeto e Falta de capacidade de pagamento, insuficiência de capital, variações bruscas da taxa de juros e/ou da taxa cambial, grau de inadimplência, nível de endividamento, grau de financiamento a clientes e de fornecedores, qualidade e concentração das vendas etc. Risco financeiro Adequação do processo produtivo, qualidade da matéria-prima, tecnologia utilizada, capacidade de gerenciamento, potencial de crescimento do setor de atuação da empresa, market share, processo de distribuição dos produtos etc. Risco operacional ou risco do negócio Fatores políticos e institucionais adversos, mudança de legislação, política econômica, política monetária (taxas de juros) e política cambial (taxa de câmbio e restrições às importações), alterações de alíquotas de impostos, taxas etc. Risco político corrigir seu rumo, à medida que o tempo vai decorrendo. Uma série de opções está disponível para se avaliar um investimento, desde os métodos mais simples até os mais complexos, muitas vezes aplicados apenas em mercado financeiro, mas que são possíveis em outros segmentos de mercado. Assim, conhecer as alternativas pode significar retorno aos acionistas, ou seja, ganho à empresa. Para melhor estudar os métodos de análise e avaliação de investimentos, devemos partir inicialmente da existência de um ou mais projetos de investimentos. Em seguida, deverá ser realizado um trabalho de projeção do fluxo de caixa gerado por esse projeto, decorrente da obtenção de receitas e das necessidades de gastos (custos e despesas) para sua implementação. Vamos supor o seguinte caso: a Metalúrgica Santista S. A. está avaliando a possibilidade de realizar um investimento, que consiste na aquisição de uma nova máquina, com as seguintes características: preço de aquisição: R$ 145.000,00; custo de instalação: R$ 5.000,00; economias anuais com mão de obra: R$ 80.000,00; depreciação da nova máquina: 10 anos; e taxa de desconto – custo de capital: 18% a. a. Métodos de análise de investimentos4.1 Projeto de investimento e projeções4.1.1 Preço de aquisição: R$ 145.000,00; Custo de instalação: R$ 5.000,00; Economias anuais com mão de obra: R$ 80.000,00; Depreciação da nova máquina: 10 anos; e Taxa de desconto – custo de capital: 18% a. a. Com esses dados em mãos, o gerente financeiro da empresa preparou o fluxo de caixa livre do projeto, considerando ainda que o lucro da empresa está sujeito à incidência de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social (CS) no total de 34%. Tabela 8 – Fluxo de caixa livre (R$). Discriminação Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Economia de caixa 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 80.000,00 (-) Depreciação 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 Lucro antes dos impostos 65.000,00 65.000,00 65.000,00 65.000,00 65.000,00 (-) IR e CS 22.100,00 22.100,00 22.100,00 22.100,00 22.100,00 Lucro líquido 42.900,00 42.900,00 42.900,00 42.900,00 42.900,00 (+) Depreciação 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 15.000,00 Investimento 150.000,00 Fluxo de caixa livre -150.000,00 57.900,00 57.900,00 57.900,00 57.900,00 57.900,00 Fonte: Assaf Neto (2012). Observe que o investimento da companhia é igual ao preço da máquina mais o seu custo de instalação, totalizando R$ 150.000,00. Segundo o gerente financeiro da empresa, esse investimento produzirá um fluxo de caixa (recebimentos – pagamentos) constante de R$ 57.900,00, nos próximos cinco anos. É importante destacar que a depreciação é uma despesa para efeito de apuração do lucro tributável, uma vez que é um benefício fiscal, mas não representa saída de caixa. Essa é a razão pela qual ela reduz o lucro antes dos impostos e retorna ao caixa, aumentando o fluxo de caixa livre. Assim, vamos utilizar as diversas técnicas de avaliação de investimentos para determinar se o projeto da Metalúrgica Santista S.A. é viável economicamente ou não. Pelo método de análise de investimentos denominado de payback, é calculado o prazo de retorno do investimento, em número de períodos considerados no fluxo de caixa, mediante a fórmula: Payback4.1.2 A fórmula somente pode ser utilizada quando consideramos o fluxo de caixa como série uniforme. Caso contrário, é necessário diminuir o benefício obtido pelo projeto em cada período do valor total do investimento para determinar em quanto tempo deverá ocorrer seu retorno. Essa técnica é muito utilizada no meio empresarial local e internacional, uma vez que o cálculo é muito simples e rápido. Exemplo: qual o prazo de retorno do investimento em análise pelo método do payback? O projeto de investimento deve ser aceito ou rejeitado pela companhia? Solução: lembrando que: investimento inicial = R$ 150.000,00 (preço e custo de instalação da máquina); e fluxo de caixa = R$ 57.900,00 (projetado para os próximos cinco anos). Substituímos os valores na fórmula do payback: Temos o seguinte resultado: Isto é, o retorno do investimento realizado ocorrerá em 2,59 anos. O custo de capital da empresa é de 18% ao ano. Portanto, o prazo de retorno esperado pela companhia em seus projetos é o inverso da taxa de desconto (custo de capital), calculado da seguinte forma: Ou seja: Resposta: o período de retorno do projeto, medido pelo payback, é de 2,59 anos. Como o projeto possui um prazo inferior ao prazo de retorno médio esperado pela empresa, que é de 5,56 anos, a implementação do projeto é viável e deve ser aceita. Vídeo Práticas Profissionais - A qualidade necessária em qualquer empresa Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/661247193]