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Endocrinologia Clínica (Lúcio Vilar) - 6 Edição_Parte471

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fita simples, que não codificam RNA verdadeiros, mas que podem se ligar a diversos genes, modulando sua expressão pós-
transcricional. Tem-se observado uma diminuição na expressão de miR 26a, 256b, 138 e aumento na expressão de miR 17-92,
106, 221 e 222. Além disso, inibidores antisense de miRNA conseguiram inibir o crescimento celular.41 Os microRNA, embora
representem um recente campo de pesquisa, parecem ser promissores para o desenvolvimento de novos medicamentos no
tratamento do CAT.42
Considerando o grau de indiferenciação do CAT, é fácil supor que outros processos celulares, como proliferação, adesão e
apoptose, estejam alterados, facilitando a progressão do tumor. De fato, várias outras mutações e fenômenos epigenéticos que
modulam tais processos vêm sendo descritos no CAT. Entretanto, ainda não foi possível afirmar se um desses processos tem um
papel causal no desenvolvimento do CAT, nem se a sua inibição poderia conter o avanço da doença. Outras possibilidades
terapêuticas têm sido apontadas em estudos in vitro. Inibidores da deacetilação de histonas (depsipeptide, SAHA ou tricostatina
A) e medicamentos demetilantes (azacitidina, decitabina e butirato de sódio), associados ou não ao ácido retinoico, diminuíram
o crescimento celular de linhas de carcinoma anaplásico, embora os resultados quanto à reindução da captação de 131I tenham
sido conflitantes.43–47
Apesar dos esforços realizados para encontrarmos substâncias ou associações de substâncias que contenham a evolução do
CAT,48 ele continua levando inexoravelmente os nossos pacientes a óbito. Melhores resultados são alcançados – taxas mais
altas de respostas parciais ou estabilização da doença – quando inseridos em estudos clínicos.49 Assim, os protocolos de
pesquisa devem ser incentivados, e os pacientes, triados para protocolos realmente promissores. Além disso, as últimas
diretrizes da ATA reforçam a necessidade de que a equipe que assiste esse tipo de paciente seja multidisciplinar e enfoque, além
do tratamento, os cuidados paliativos. Lembrando que, no caso de metástases ósseas, o manejo da dor deve ser realizado.
Ademais, o uso de bifosfonatos ou inibidores do RANK e a radioterapia também devem ser considerados.17
Considerações finais
Apesar de o CAT ser a forma mais agressiva de tumor tireoidiano, e de as terapias atuais serem incapazes de aumentar
consideravelmente as taxas de sobrevida, cada paciente deve ser cuidadosamente avaliado, e todas as opções terapêuticas e/ou
paliativas devem ser oferecidas. Embora o aumento nas taxas de sobrevida atualmente seja discreto, o manejo adequado dos
casos de CAT pode desacelerar a progressão da doença e, mais importante, proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente e
a sua família.
Resumo
O carcinoma anaplásico de tireoide (CAT) é um dos tumores malignos mais agressivos. Apesar de diferentes
esquemas terapêuticos, ele cresce rapidamente, invade tecidos adjacentes, e a maioria dos pacientes morre por
invasão tumoral não controlada e insuficiência respiratória. Melhores desfechos são obtidos com o diagnóstico precoce
e a ressecção completa, o que somente acontece na minoria dos casos da lesão. A sobrevida varia de 2,3 a 60 meses
(mediana < 4 meses). O tratamento do CAT representa, pois, um grande desafio para o endocrinologista. Cirurgia,
quimioterapia e radioterapia isoladamente se mostram, em geral, pouco eficazes. Uma resposta mais favorável é
observada com a combinação dessas terapias. Os resultados dos estudos clínicos com inibidores de tirosinoquinases
não têm sido animadores. Novas substâncias, como fosbretabulina e inibidores das aurora-quinases, vêm sendo
testadas.
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