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COM002 UA03 Visão geral da noção de texto - Dissertação - Apostila

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Prévia do material em texto

gestão empresarial
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: dissertação
3
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de estru-
turar e redigir dissertações com coerência e clareza de 
apresentação de ideias.
COmpetênCias 
Capacidade de definir, ordenar e discutir com precisão 
informações e ideias, valendo-se dos recursos apropria-
dos à construção de textos dissertativos informativos ou 
polêmicos.
Habilidades 
Dar expressão a informações e ideias na modalidade 
textual estudada, em linguagem adequada à situação de 
produção do texto.
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: dissertação
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá a estruturar e redigir uma 
dissertação, partindo do reconhecimento da organização 
e da natureza essencialmente argumentativa desse tipo 
de texto. Aprenderá também a expor e relacionar ideias 
em cada uma das partes da dissertação; dominando es-
sas informações, você poderá realizar tarefas de com-
posição textual exigidas nos ambientes profissional e 
acadêmico.
pArA ComeçAr
Veja o link desta tirinha da página Geekcats.com.
Na situação representada nesses quadrinhos, o gato 
preto e o malhado reagem com estranheza à fala do 
branco, certamente por que a linguagem deste é abstra-
ta, com jeito de especulação filosófica... Ele fala como se 
dissertasse acerca de um tema cuja complexidade con-
trasta visivelmente com os temas singelos comentados 
pelos outros dois.
Por certo você já deparou com a necessidade de re-
digir um texto de dissertação. Enganam-se aqueles que 
pensam que ela pode ser improvisada; esse tipo de texto 
tem uma organização muito precisa, para que seja real-
mente eficaz. Ao longo desta aula, você poderá perceber 
que se trata de um gênero discursivo de extrema impor-
tância, que merece sua atenção, de modo especial.
Trataremos de questões que devem facilitar a reda-
ção de textos dissertativos, presentes em atividades de 
caráter acadêmico (artigos, monografias) e das organiza-
ções empresariais (relatórios, pareceres).
Vamos lá?
https://scontent.fgig1-3.fna.fbcdn.net/v/t31.0-8/337457_413535108696303_1604715079_o.jpg?oh=6e513ac9653477e73bb033f952c2d735&oe=58EACF67
Geekcats.com
Mah e Van
Realce
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 4
FundAmentos
Essa modalidade de texto é temática e toma por objeto teses em torno 
das quais se instala uma polêmica, com a exposição de pontos de vista e 
argumentos que lhe dão suporte; as partes componentes do texto disser-
tativo são lógicas, havendo diversas formas de ordenamento das sequên-
cias textuais responsáveis pela significação do todo.
A rigor, o texto dissertativo desprende-se de situações concretas e pro-
põe-se como análise destas, ultrapassando o particular, o único, e esten-
dendo-se a muitos casos, pessoas e situações.
A construção do raciocínio do enunciador do texto para defender e 
combater teses dá-se pela seleção de um léxico no qual predominam vo-
cábulos abstratos (daí o principal elemento de que decorre a natureza 
temática desse tipo de texto). Isso não significa que não se encontrarão na 
dissertação termos concretos; eles estarão presentes nela, mas somente 
para dar suporte à abstração.
As teses do enunciador e os argumentos de que se vale para prová-
-las são fundadas na realidade histórica, política e humana na qual ele se 
insere; seu repertório (valores, leituras, estudos, experiências de vida) 
fornece-lhe os elementos de que necessita para desenvolver seu texto; 
seu objetivo sempre será conseguir a adesão do outro às ideias que de-
fende; seu fazer é, pois, um fazer crer no que diz. Esse aspecto da disser-
tação confere particular relevância às relações que se estabelecem entre 
o enunciador do texto e aquele a quem o texto se dirige, os enunciatários. 
O enunciador assume a responsabilidade sobre a afirmação / negação 
dos valores inscritos no texto e empreende a busca da adesão do enun-
ciatário. O sucesso daquele será tanto maior quanto maior for a crença 
que este depositar tanto no discurso do enunciador quanto no objeto 
desse discurso. O reconhecimento da inscrição das estruturas de realida-
de e dos valores de cultura no texto é fundamental para que as teses apa-
reçam alicerçadas e, portanto, passíveis de passar por testes de validade.
Nesse quadro, as relações que se estabelecem entre as partes do texto 
serão lógicas – e não cronológicas; caberá, por conseguinte, ordenação 
textual por restrição, paralelismo, inclusão, alternância, causa-efeito, con-
tradição, enumeração, entre outras formas de ordenação. Além disso, a 
referência a tempo e espaço no texto dissertativo tem função de deflagrar 
o comentário que dele se abstrai.
As mudanças, as transformações presentes no texto dissertativo não 
são apenas relatadas; são interpretadas.
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 5
estrUtUra da dissertaÇÃO
É lugar-comum apresentar a estrutura da dissertação como sendo cons-
tituída de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Esses títulos são ge-
néricos, aplicando-se, de resto, não somente à dissertação, mas a todo 
gênero de texto que pretenda objetividade, unidade de apresentação e 
coerência. Para que essa estrutura ganhe significação, é preciso saber que 
elementos caracterizam cada uma de suas partes e como desenvolvê-las.
1. Limitando o assunto e encontrando o tema
Antes mesmo de pensar na Introdução, será preciso definir o recorte do 
assunto e o ângulo do qual será abordado – será necessário acertar o 
foco, fixar-se num aspecto do assunto, pois o mais das vezes ele apresen-
ta uma generalidade tal, uma multiplicidade de opções de enfoque, que 
há risco de o redator perder-se no genérico e tratar o assunto superficial-
mente, deixando escapar aspectos de real importância para uma polêmi-
ca frutífera e criativa.
Pensemos em uma sugestão de assunto como “problemas urbanos”, 
apresentado objetivamente como proposta de redação ou abstraído da 
leitura de outros textos. Esse assunto inicialmente se apresenta de for-
ma bastante vaga para o redator, sendo, portanto, necessário limitar sua 
abrangência, definir seus contornos, selecionando, entre vários, o aspecto 
que será desenvolvido. Para abordá-lo, abrem-se várias possibilidades, 
tais como:
 → Objeto a ser considerado: metrópoles; qualquer cidade; os dois tipos 
de cidade, comparativamente;
 → Problemas: de infraestrutura (moradia, transportes, abastecimento 
etc.); socioculturais (educação, violência, lazer etc.).
Feita a escolha, terá sido especificado, delimitado o tema e a dissertação 
se desenvolverá com contornos nítidos, expondo a real capacidade de 
análise e de crítica do redator. Este, por sua vez, terá muito maior segu-
rança e possibilidade de mostrar domínio do tema, lastro para tratá-lo, 
habilidade para expor ideias e construir argumentos.
Segue-se, daí, que o primeiro passo para começar a estruturar uma 
dissertação é fazer o recorte do assunto, delimitar seus contornos, definir 
o tema. Isso é condição para que se passe à introdução, já que esta apre-
sentará o tema ao leitor e, desde logo, apontará o ponto de vista adotado 
no tratamento desse tema.
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 6
2. PreParando a introdução
É comum que se diga que a introdução explicita a hipótese que o texto 
quer provar; de fato, é nas primeiras linhas do texto que se configuram 
o tema e o enfoque escolhidos pelo autor. Esse enfoque fica mais bem 
definido se o redator traça um objetivo claro; por exemplo, se o tema da 
dissertação for “a crise econômica no Brasil”, o objetivo do texto pode ser 
definido como “mostrar de que maneira a crise econômica mundial afeta 
os brasileiros”.
Observe os três exemplos a seguir:
Exemplo 1
Entender como Tolstoi constrói sua narração não é fácil. Aquilo que tantos narradores 
mantêm à mostra – esquemas simétricos, vigas mestras, contrapesos, dobradiças – 
nele permanece oculto. Oculto não significa inexistente: a impressão que Tolstoi dá de 
levar tal e qual para a página escrita “a vida” (esta misteriosa entidade que para ser 
definida nos obriga a partir da página escrita) não passa de um produto da arte, isto 
é, de um artifício mais complexo que tantos outros.
— CALVINO, I. ‘Dois Hussardos’. In: Por que ler os clássicos. São Paulo: Cia. das Letras, 
1993. p. 162.
Nota-se que a hipótese que deverá ser provada no texto de Calvino está 
explicitada na primeira linha do texto: não é fácil entender como Tolstoi 
constrói sua narração; em seus textos, os recursos construtivos não estão 
evidentes.
Exemplo 2
Os modelos educacionais implantados no País e institucionalizados pelas políticas go-
vernamentais em um sistema nacional de Educação demonstram uma clara desvincu-
lação do trabalho produtivo.
— M.NETO, P. E. Universidade: ação e reflexão. Fortaleza: UF do Ceará, 1983. p. 32.
Nesse texto, a hipótese é a de que no Brasil não há vínculo entre os mo-
delos educacionais e o trabalho produtivo; em outras palavras, que a edu-
cação não se põe a serviço do trabalho.
Exemplo 3
A constatação é geral e pode ser percebida por qualquer professor (ao menos, por 
qualquer professor de Letras): o nível intelectual dos alunos que ingressam nas 
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 7
faculdades vem baixando a cada ano. Vez por outra, mas não com suficiente clareza 
e jamais com a energia que seria de esperar, fala-se na incapacidade dos alunos, em 
especial na sua incapacidade de redigir. Como solução, tem-se sugerido redação nos 
vestibulares e cursos de composição nas faculdades. Isto é tangenciar o problema e 
abordá-lo apenas de um lado. Não é só o aluno que está em causa; o professor tam-
bém, como adiante veremos.
— LINS, O. Reflexões sob um Quadro-Negro. In: Do ideal e da glória: problemas in-
culturais brasileiros. São Paulo: Summus, 1977. p. 79.
O que o texto se propõe demonstrar é que se deve considerar também o 
trabalho do professor para avaliar o problema das dificuldades em redigir 
apresentadas pelos alunos.
Tratemos um pouco da importância da introdução de um texto disser-
tativo para estabelecer o vínculo com o leitor. Reportemo-nos a nossas 
próprias experiências com leituras iniciadas e logo abandonadas e pode-
remos encontrar, entre os vários e insondáveis motivos que nos levaram 
a deixar de lado um texto de revista, jornal ou livro, a falta de entusiasmo 
ocasionada pela natureza “morna” do texto, pelo início pouco atraente, 
que deixou de cooptar-nos, deixou de instigar nosso intelecto.
Uma introdução pouco (ou nada) desafiadora, que não desperte o exer-
cício intelectual do leitor pode condenar um texto que teria boa sequência 
a ser desprezado antes de a sequência ser conhecida.
3. redigindo a introdução
Ao introduzir um assunto, podemos / devemos empregar recursos para 
atrair a atenção do leitor. Entre os muitos recursos disponíveis, lembra-
mos os seguintes: Interrogação, citação, asserção polêmica, frase de 
efeito, definição, afirmação categórica, aforismo, generalização, referên-
cia histórica.
Vamos examinar alguns deles. Por sua natureza, podemos dizer que 
a referência histórica, a citação, o aforismo e a generalização constituem 
formas de introduzir o tema assentadas no conhecimento de algo que 
se supõe seja partilhado com o leitor, podendo, por isso, fazer nascer o 
interesse pela argumentação em que se sustentará a hipótese suposta-
mente partilhada.
Reportemo-nos à frase introdutória do parágrafo, já citado, de Osman Lins:
A constatação é geral e pode ser percebida por qualquer professor (ao menos, por 
qualquer professor de Letras)...
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 8
Trata-se de uma frase contendo uma generalização que abrange o pró-
prio leitor, que está incluído na asserção do autor (a constatação é geral). 
Com esse recurso, o autor laça o leitor, que é desafiado a conferir como 
será desenvolvido o argumento de que ele próprio seria enunciador.
Vamos observar, a seguir, o efeito de sentido da afirmação categórica, 
que se combina com um desafio à experiência do leitor, na introdução de 
texto dissertativo de Angélica de Moraes, publicado no Caderno 2/Cultura, 
de O Estado de S. Paulo de 14/5/2000, p. 10:
Nada melhor para entender a extensão de um desastre do que seu avesso, ou seja, 
o sucesso que ocorre quando as coisas são feitas como podem e devem ser feitas. 
Experimente sair de alguma das áreas de maior abuso cenográfico da Bienal do Re-
descobrimento para outras onde houve o fundamental respeito às qualidades das 
obras expostas.
O que se pode concluir é que a afirmação categórica pressupõe um co-
nhecimento quase inquestionável, dado ao qual se soma o chamamento 
à experiência do leitor, para que faça constatações.
Um outro exemplo:
Claro que a história não se repete. Mas o reprimido sempre volta em nova roupagem, 
enquanto não é elevado à consciência e superado junto com suas condições. Europa, a 
mãe da modernidade capitalista, também deu à luz o fascismo e, com a versão alemã 
do nacional-socialismo, inaugurou o crime contra a humanidade.
— KURZ, R. K. A síndrome neofascista da Fortaleza Europa. In: Mais! Folha de S. 
Paulo, 14/5/2000. p. 14.
Efeito análogo provoca o aforismo, por remeter a um conhecimento anô-
nimo, assentado na ciência popular:
“Lobo velho perde o pelo, mas não perde a manha”, ensina velho ditado que aprendi 
na Argentina. Serve à perfeição para o Sr X, ou ao menos para o artigo que publicou 
ontem nesta Folha.
Nele, esse senhor entoa um hino de amor à democracia e posa de campeão da luta 
pela liberdade no Brasil. Falso como nota de R$ 7,50.
— ROSSI, C. As digitais de Maluf. In: Folha de S. Paulo, 20/8/ 1996. Texto adaptado.
Observe, ainda, o efeito de sentido da citação na introdução do texto 
dissertativo:
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 9
O pensamento tornou-se mais imortal que nunca; ficou volátil, intangível, indestrutível. 
Mistura-se ao ar... Ele se transforma, agora, em revoada de pássaros, dispersa-se aos 
quatro ventos e escapa de uma só vez todos os pontos do ar e do espaço.
Quem fala assim não é um apologista da Internet, e sim um entusiasta do livro. É 
Victor Hugo, que num capítulo de “Notre Dame de Paris” intitulado “Ceci Tuera Cela”, 
“isto matará aquilo”, afirma que a imprensa, levando a razão a todos os recantos 
da terra, expulsará os últimos resíduos da tirania e da superstição. Em seu conteúdo 
descritivo, as palavras de Hugo aplicam-se perfeitamente à nova era da comunicação 
digital.Mais do que nunca, o pensamento se desmaterializa, faz-se ar, voa, dispersa-
-se, anula o tempo e o espaço. Mas Hugo não estava elogiando uma nova tecnologia. 
Estava tomando posição num debate político.
— ROUANET, S. P. Da pólis digital à democracia cosmopolita, in Mais! Folha de S. 
Paulo, 21/5/2000, p. 15.
A citação faz referência a uma personalidade consagrada pela cultura 
como especialista num determinado assunto e, com isso, a hipótese lan-
çada pode conduzir o leitor a partilhar o reconhecimento do argumento.
Os trechos a seguir exemplificam a introdução utilizando frase de efei-
to, chocando a opinião do leitor, pelo conteúdo às vezes agressivo e sem-
pre polêmico:
O bazar de sandices culturais que Ziraldo Alves Pinto, presidente da Funarte, enviou 
ao ministro da Cultura, Aluísio Pimenta, contém seis equívocos básicos – além dos que 
deles derivam –, a saber: (...)
— SUZUKI Jr., M. Um ideário confuso. In: 20 textos que fizeram história. São Paulo: 
Folha de S. Paulo. p. 183.
Na barbárie se está atolado até o pescoço. Ninguém põe em dúvida a brutalidade 
do cotidiano, vivendo como está as agruras da cidade e a opacidade das relações 
humanas.
— GIANOTTI, J. A. A universidade em ritmo de barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1986. 
p. 9.
É interessante observar que a polêmica frase introdutória de Gianotti vem 
precedida dos seguintes comentários, feitos nas “Preliminares” de seu li-
vro: Escrevi este texto como um panfleto, fazendo das ideias armas de com-
bate. Dessa forma, bem apropriado a tal objetivo é o emprego de uma fra-
se de efeito para introduzir as ideias polêmicas sobre as quais discorrerá.
A interrogação é outra maneira de introduzir texto que lança ganchos 
sobre o leitor: havendo uma pergunta, espera-se uma resposta; e posta 
aquela, cria-se a simulação de um diálogo no texto, cujo efeito de sentido 
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 10
será uma interação de saberes – o texto se mostrará como o espaço de 
construção do conhecimento.
Uma amostra:
Que busca o escritor? O verdadeiro escritor, isto é: o que faz da palavra escrita sua 
razão de viver.
— LINS, O. L. Op. cit., p. 43.
4. o desenvoLvimento do texto
Com o desenvolvimento começa mais especificamente o trabalho de ar-
gumentação em torno da hipótese lançada na introdução. Essa fase pode 
resumir-se a um único parágrafo, de uma dissertação breve, ou estender-
-se por páginas e páginas de texto. Num e noutro caso, não importa a 
extensão, no texto haverá uma ordem lógica presidindo as sequências de 
ideias. E, se adentramos o terreno da lógica, devemos atentar para as de-
clarações com as quais argumentamos, pois nossos argumentos podem 
estar baseados em fatos, em julgamentos ou em inferências.
Caso argumentemos com base em inferências, teremos como resul-
tado apenas certezas relativas ou presunções. Quanto aos julgamentos, 
guardam muito de subjetivismo, são meras declarações de aprovação ou 
desaprovação e, por isso mesmo, tendem a levar a declarações vagas e 
lugares-comuns que compõem o repertório popular. Finalmente, vêm os 
fatos, que são acontecimentos verificáveis e, portanto, dispensados de 
questionamento.
Vejamos como uma declaração tem maior ou menor peso argumenta-
tivo dependendo do suporte que a ela se dá:
Fulano é um homem de sólida formação cultural
a. Porque há muitos livros nas estantes de sua casa.
ou
b. Porque pertence a uma geração mais bem preparada.
ou
c. Porque estudou e diplomou-se na Universidade “X”.
Na construção (a), a declaração se apoiou numa inferência, sendo, pois, 
baixa a probabilidade de a asserção ser verdadeira e, por consequência, 
menor o peso argumentativo. Em (b), a base do que se declara é um jul-
gamento, uma opinião, bastante improvável, sendo também baixo o peso 
do argumento. Em (c), referem-se fatos para sustentar a declaração, o que 
garante a probabilidade e confere maior peso ao argumento apresentado.
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Como já afirmamos, a construção das sequências de ideias obedece à 
lógica de concatenação de argumentos, e essa concatenação pode eviden-
ciar, entre outras, as seguintes relações de sentido:
Oposição, restrição, ressalva
Com persistência rara, para o Brasil, 68 ainda povoa o nosso imaginário coletivo, mas 
não como objeto de reflexão. É uma vaga lembrança que se apresenta, ora como to-
tem, ora como tabu: ou é a mitológica viagem de uma geração de heróis, ou a proeza 
irresponsável de um “bando de porralocas”, como se dizia então.
Na verdade, a aventura dessa geração não é um folhetim de capa e espada, mas 
um romance sem ficção. O melhor do seu legado não está no gesto – muitas vezes de-
sesperado; outras, autoritário –, mas na paixão com que foi à luta, dando a impressão 
de que estava disposta a entregar a vida para não morrer de tédio. Poucas – certamen-
te uma depois dela – lutaram tão radicalmente por seu projeto, ou por sua utopia. Ela 
experimentou os limites de todos os horizontes: políticos, sexuais, comportamentais, 
existenciais, sonhando em aproximá-los todos.
— VENTURA, Z. 1968 – o ano que não terminou. Texto com adaptações.
Enumeração
O problema é que medidas como essas causam espécie, primeiro, pelos excessivos 
prazos de carência para que entrem em vigor, e que são quase sempre prorrogados. 
Essa nova resolução do Conama só valerá a partir de janeiro de 2013, para os veículos 
a diesel, e a partir de janeiro de 2014, para os movidos a gasolina e álcool. Não serve 
de consolo o “antes tarde do que nunca”, porque o “tarde” quase sempre vira “nunca”. 
Em segundo lugar, desanima saber que mesmo daqui a três ou quatro anos, quando 
a poluição veicular no Brasil – nos carros novos apenas – será mais de um terço me-
nor, ainda assim estará muito acima da que é tolerada, hoje, na Europa e nos Estados 
Unidos...
— Tolerância com envenenamento. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/
estadaodehoje/20090908/not_imp430947,0.php>. Acesso em: maio de 2010.
Interrogação
Uma das características fundamentais do conhecimento contemporâneo é o seu uti-
litarismo.
Em que sentido o conhecimento utilitário das economias globalizadas na sociedade 
do conhecimento difere da utilidade ética constitutiva de todo conhecimento?
Procurar responder a essa questão é também procurar entender, na lógica de 
funcionamento das tecnociências, como as grandes transformações tecnológicas 
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090908/not_imp430947,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090908/not_imp430947,0.php
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influenciam a ciência e como a ciência, ela própria, propicia novas tecnologias e ino-
vações que dinamizam os mercados e ativam o consumo das novidades dos produtos 
delas decorrentes.
— VOGT, C. Ética e conhecimento. Com Ciência- Revista Eletrônica de Jornalismo Cien-
tífico – SBPC. Disponível em: <http://www.comciencia.br>. Acesso em: junho de 2007.
Paralelismo
O debate sobre a utilidade econômica e social da pesquisa está longe de ter-se encer-
rado. Alguns pretendem que as descobertas científicas são a fonte essencial da tecno-
logia edo progresso econômico e social que dela decorre. Em suma, os pesquisadores 
revelariam as leis da natureza, publicariam artigos, e os engenheiros e as empresas 
os transformariam, em seguida, em objetos ou equipamentos úteis. Daí resulta que a 
sociedade em geral, e os governos em particular, devem financiar a pesquisa funda-
mental, fator insubstituível de progresso econômico e social.
No outro extremo, alguns pensam que os resultados da pesquisa fundamental, no 
pior dos casos, são quase inúteis e, no melhor, tendo em vista o fato de que sua publi-
cação é um “bem gratuito”, estão disponíveis a quem quer que os deseje utilizar. Con-
sequentemente, os governos deveriam financiar a pesquisa fundamental nas mesmas 
bases que a arte, o esporte ou as outras formas da atividade cultural.
— PAVITT, K. Tem a pesquisa uma utilidade econômica? In: WITKOWSKI, Nicolas 
(coord.). Ciência e Tecnologia Hoje. São Paulo: Ensaio, 1995, p. 85-6.
Por fim, vejamos um exemplar de desenvolvimento por contraste:
Ética e política não convergem com muita frequência na história do Brasil e do mundo. 
Esse enigma moral do processo histórico leva a indagar: pode a política ser conforme 
à época? A essa pergunta o realismo político, tal como formulado, por exemplo, por 
Maquiavel, no capítulo 15 de “O Príncipe”, responde pela negativa. A esta mesma e 
sempre recorrente pergunta André Franco Montoro deu uma clara resposta afirmativa, 
no percurso de sua fecunda e bem-sucedida vida pública. São precisamente as razões 
do seu sim à convergência entre ética e política o que me proponho discutir neste texto, 
que é uma homenagem à sua memória e uma celebração da importância de sua lição.
— LAFER, Celso. Ética e política em Franco Montoro. Mais! Folha de S. Paulo, 
14/5/2000. p. 17.
Note-se a riqueza de recursos presentes na introdução desse trecho de 
Celso Lafer: há uma declaração inicial que remete à história, há interroga-
ção, há citação (argumento de autoridade), todos esses elementos refor-
çando, dando destaque ao contraste que se evidencia no desenvolvimen-
to, a partir da frase: A essa pergunta...
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 13
5. a concLusão do texto
Também chamada desfecho, a conclusão do texto dissertativo deve re-
presentar, de modo lógico, o tratamento dado ao tema na fase de de-
senvolvimento do texto. Será lógica a conclusão que, em decorrência dos 
argumentos apresentados, expressar a opinião do redator sobre o tema 
em discussão. Da mesma forma, será lógica a conclusão que resgatar os 
argumentos distribuídos no texto, apresentando uma súmula deles, com 
destaque para a informação central visada pelo autor.
Seja de uma ou de outra espécie a conclusão escolhida, devem-se evi-
tar certas soluções consideradas clichês ou fórmulas, quais sejam, os fi-
nais forçadamente éticos, dos quais se extrai uma “moral”, um preceito, 
uma “lição de vida” a seguir; também os encerramentos que incitem o 
leitor a tomar posição, assumir compromissos, levantar e/ou portar ban-
deiras ideológicas... Essas são todas soluções que, quase invariavelmente, 
caem no lugar-comum e, pior, ultrapassam os limites do tema, projetando 
conteúdos não incluídos na proposta textual escolhida.
Evitem-se, pois, as referências a soluções mágicas, que se evocam para 
neutralizar ou anular o problema discutido (por exemplo, a classe políti-
ca, as leis, o governo...); evitem-se, finalmente, os apelos à consciência, 
ao humanitarismo, à solidariedade, à adoção de medidas, à mudança de 
atitudes... são clichês que roubam ao texto toda originalidade de que ele 
tenha se revestido nas etapas anteriores.
Conclua, como foi dito, com uma referência-síntese do conteúdo do de-
senvolvimento, ressaltando os principais argumentos expostos. Isso será 
lógico e revestirá de naturalidade o encerramento do texto.
Mah e Van
Realce
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antena 
pArAbóliCA
Nas atividades de estudo, assim como nas profissionais 
e sociais, deparamos com a necessidade de lançar hi-
póteses, expor teses e sustentar nossos pontos de vista 
com argumentos. Nos estudos, o suporte bibliográfico 
das disciplinas demanda o contato com textos de ciência 
e/ou tecnologia elaborados segundo a matriz da disser-
tação. Como se pode notar, trata-se de um gênero dis-
cursivo muito presente nas várias atividades de nosso 
dia a dia. Portanto, dominar as condições de produção e 
recepção desse gênero é de grande importância para o 
sucesso de várias de nossas ações.
e AgorA, José?
Bem, agora você já desenvolveu a habilidade de plane-
jar e executar atividades de produção de textos disser-
tativos, sejam eles opinativos ou informativos. Você já 
aprendeu as etapas de planejamento do texto e conta 
com recursos para compor o desenvolvimento adequa-
do ao tema sobre o qual discorrerá, bem como para 
concluir coerentemente o texto. Esses elementos serão 
extremamente úteis para outras atividades de produção 
textual, especialmente para a elaboração de textos per-
tinentes à área administrativa, tais como Propostas, Pro-
jetos, Pareceres e Relatórios empresariais, assuntos de 
que trataremos em aulas posteriores.
Coloque em prática seus novos conhecimentos, com-
petências e habilidades!
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 15
glossário
Afirmação categórica: declaração de caráter 
assertivo, geralmente indiscutível.
Aforismo: ditado popular; frase, reflexão ou má-
xima que sintetiza um princípio ou uma regra 
de caráter prático, moral ou costumeiro.
Citação: referência a ideia ou manifestação, es-
crita ou oral, de outrem.
Asserção: proposição de intenção declarativa 
de sentido completo, que pode ser afirmati-
va ou negativa, verdadeira ou falsa.
Generalização: operação intelectual que con-
siste em reunir um conjunto de fatos, 
fenômenos ou seres semelhantes em uma 
classe, termo ou proposição geral.
Inferência : Processo pelo qual se chega a uma 
proposição, afirmada na base de uma ou ou-
tras mais proposições aceitas como ponto de 
partida do processo. (COPI, Irving. Introdu-
ção à lógica. São Paulo: Mestre Jou, 1977). 
Operação intelectual por meio da qual se 
afirma a verdade de uma proposição em de-
corrência de sua ligação com outras já reco-
nhecidas como verdadeiras. (Dicionário Ele-
trônico Houaiss da língua portuguesa 1.0.7).
reFerênCiAs bibliográFiCAs
ABREU, A. S. �Curso de redação. São Paulo: Áti-
ca, 2004.
BECHARA, E. �Moderna gramática língua por-
tuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
BELLINE, A. H. C. DISSERtAção. 4A ED. São PAU-
Lo: ÁtICA, 1999.
EMEDIAto, W. �A fórmula do texto. Redação, 
argumentação e leitura. São Paulo: Geração, 
2008.
FARACo, C. A.; tEZZA, C. �Prática de texto para 
estudantes universitários. 17a ed. Petró-
polis: Vozes, 2008.
GARCIA, o. M. �Comunicação em prosa moder-
na. 18a ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
GIANottI, J. A. �A universidade em ritmo de 
barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 9.

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