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Aula 4 - Geografia Econômica Mundial

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GEOGRAFIA ECONÔMICA 
MUNDIAL 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alceli Ribeiro Alves 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, o objetivo consiste em trabalhar no sentido de desenvolver 
competências não apenas conceituais, mas também técnicas, competências 
essas que envolvem a coleta (extração), tratamento e análise de dados 
estatísticos relacionados às atividades econômicas, à indústria e ao comércio 
internacional. 
Você irá perceber que, ao trabalhar com diferentes tipos de bancos de 
dados e variáveis que dizem respeito a comercialização de mercadorias, 
poderá abordar questões metodológicas e estabelecer relações entre teoria e 
prática, considerando diversas perspectivas analíticas, como a globalização, 
supply chains, value chains e networks e seus desdobramentos (exemplo: 
inovação, upgrading, upgrading industrial). Por último, após explorar todo esse 
conhecimento, você poderá fazer conexões entre a metodologia utilizada, as 
teorias consideradas e o empirismo e a prática encontrados na realidade. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Conforme já afirmamos anteriormente, a Globalização impõe desafios e 
oportunidades aos países. Quanto mais e mais países se inserem nas cadeias 
globais de valor e aumentam a sua participação na produção e comercialização 
mundial de produtos, torna-se cada vez mais necessário que os países e suas 
respectivas indústrias melhorem a capacidade de inovar, produzir produtos 
com melhor qualidade e maior valor adicionado caso queiram permanecer 
competitivos na economia mundial. 
Por sua vez, o profissional da área de Comex precisa desenvolver 
determinadas competências e habilidades para ser capaz de identificar 
mercados consumidores, bem como os principais produtos contidos nas pautas 
de importação e exportação de países e empresas que atuam em 
determinados segmentos do comércio internacional. Veremos, nesta aula, que 
a Geografia Econômica é uma disciplina que pode contribuir exatamente neste 
processo de aprendizagem e desenvolvimento de competências. 
Com essas considerações em mente, esta aula abordará temas como 
Supply Chains e Global Value Chains. Tratará de analisar algumas estatísticas, 
variáveis e bancos de dados de comércio internacional. Ainda, iremos explorar 
2 
3 
o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias e
conhecer alguns dos principais indicadores de competitividade e upgrading.
TEMA 1 – UN-COMTRADE: ACESSO, LAYOUT E PRÉ-VISUALIZAÇÃO DE 
DADOS E VARIÁVEIS 
Um dos bancos de dados mais utilizados para a visualização ou coleta/ 
extração de dados de comércio internacional é o Banco de Dados Comtrade 
das Nações Unidas. Na versão em inglês, chama-se Un-Comtrade e pode ser 
acessado no seguinte link: <https://comtrade.un.org/>. (Acesso em: 29 ago. 
2019). O bando de dados do Un-Comtrade permite o exame de uma variedade 
de mercadorias que podem ser rastreadas pelo Sistema Harmonizado – SH – 
de designação e codificação. 
O site segue o estilo user-friendly, ou seja, o ambiente é de fácil 
navegação e interface intuitiva. Até o fim do ano de 2018, o layout do site Un-
Comtrade apresentado na rede mundial de computadores corresponde ao 
demonstrado na Figura 1. É importante ressaltar, porém, que periodicamente o 
site sofre mudanças, sempre na perspectiva de implementar melhorias e 
oferecer novos itens e recursos de dados. Por isso, é possível que em versões 
mais atuais existam algumas diferenças no layout ou em elementos e 
características do site. 
Figura 1 – Página inicial do banco de dados Un-Comtrade 
 Fonte: Nações Unidas, 2014-2017. Disponível em: <https://comtrade.un.org/>. Acesso em: 29 
ago. 2019. 
 
 
4 
Vamos explorar o site e realizar a extração de dados considerando o 
exemplo das transações econômicas envolvendo três categorias de produtos 
distintos, quais sejam: a soja, os minérios de ferro e os produtos automotivos. A 
escolha desses produtos não é aleatória, haja vista que eles figuram na pauta 
das principais exportações brasileiras para o mundo há alguns anos. Contudo, 
o leitor, com base em seus interesses de pesquisa poderá selecionar os dados 
referentes aos produtos que deseja extrair e analisar. 
 O Quadro 1, a seguir, mostra uma síntese das mercadorias 
selecionadas para os propósitos desta análise, considerando as exportações 
realizadas no ano de 2015. 
Quadro 1 – Categorias de produtos ou mercadorias selecionadas para a 
análise de comércio internacional envolvendo o Brasil e o mundo 
N. Produtos Exportações 
Brasileiras 
(valor em US$) 
Importações 
Brasileiras 
(valor em US$) 
Balança 
comercial 
(valor em US$) 
1 Soja 20.983.574.666 109.492.281 20.874.082.385 
2 Minérios de ferro 14.076.103.623 8.147 14.076.095.476 
3 Produtos automotivos 9.604.506.662 13.569.065.530 -3.964.558.868 
4 Ferro fundido, ferro e aço 8.927.017.787 2.475.948.255 6.451.069.532 
5 Açúcar 7.781.309.858 89.409.821 7.691.900.037 
6 Café 5.565.582.151 67.072.938 5.498.509.213 
7 Aeronaves, aparelhos espaciais e suas partes 4.503.206.490 2.329.589.971 2.173.616.519 
8 Plásticos 3.483.326.673 7.121.047.074 -3.637.720.401 
9 Madeira 2.271.394.949 116.233.803 2.155.161.146 
10 Papel e cartão 2.020.962.692 957.814.879 1.063.147.813 
11 Embarcações e estruturas flutuantes 1.985.489.920 1.527.620.989 457.868.931 
12 Ferro fundido, ferro e aço 1.739.885.792 3.186.165.973 -1.446.280.181 
13 Borracha 1.643.623.919 2.975.235.107 -1.331.611.188 
14 Calçados 1.114.315.814 538.544.827 575.770..987 
15 Alumínio 1.053.474.314 1.735.644.803 -682.170.489 
16 Bebidas 1.024.161.528 814.182.039 209.979.489 
17 Produtos da indústria de moagem 87.191.653 574.598.354 -487.406.701 
18 Vestuário (de malha) 74.629.494 1.048.631.410 -974.001.916 
19 Tecidos de malha 62.386.168 366.892.925 -304.506.757 
20 Vestuário (exceto de malha) 52.926.489 1.326.062.725 -1.273.136.236 
21 Farinha de trigo 187.985 96.445.737 -96.257.752 
 Total 88.055.258.627 41.025.707.588 47.029.551.039 
Fonte: Alves et al., 2018, p. 119 
 
 
5 
Antes de passarmos a extração dos dados considerando esses três 
produtos em particular, vamos entender como se procede na seleção dos 
dados a serem inseridos no sistema para posterior extração. Considerando a 
Figura 1 apresentada anteriormente, o usuário do sistema deverá selecionar a 
opção Get Data. Após o clique nesta opção, o sistema irá mostrar uma tela 
onde todos os campos já aparecem pré-selecionados. 
Figura 2 — Layout do Un-Comtrade mostrando dados pré-selecionados 
 
Fonte: Un-Comtrade. 
TEMA 2 – SELEÇÃO DE DADOS E VARIÁVEIS NO UN-COMTRADE 
Agora, se optamos por extrair dados distintos e analisar, por exemplo, 
o valor nominal das exportações de todos as mercadorias exportadas do Brasil 
para o mundo em 2017, considerando o Sistema Harmonizado, então devemos 
alterar ou substituir os dados que estão pré-selecionados. 
Perceba que no campo 1 o usuário seleciona o tipo de produto e a 
frequência. O sistema permite escolher entre produtos e serviços e a 
frequência anual ou mensal. Aqui, optamos pelas exportações de produtos e 
frequência anual. No campo 2, selecionamos HS (as reported), que são as 
iniciais em inglês do Sistema Harmonizado – Harmonized System –, seguido 
da opção conforme reportado. 
O campo 3 é o que contém o maior número de dados a serem 
selecionados. Nós iremos selecionar para análise o ano de 2017. Reporter se 
 
 
6 
refere ao país que está reportando ou declarando a transação comercial. Neste 
caso, selecionamos Brazil. Importante, o sistema admite a seleção de Brasil 
apenas na língua inglesa, daí o porquê da letra z, em vez de s. 
Ainda no campo 3, em Partner (parceiro comercial) selecionamos 
World (mundo) e o fluxo de comércio (Trade flows) que se deseja analisar, no 
caso as exportações (export) brasileiras para o mundo. Por último, 
selecionamos TOTAL – Total of all HS Commodities, que corresponde a todas 
as mercadorias exportadas segundoo Sistema Harmonizado – SH – de 
designação e codificação de mercadorias. 
Antes de clicar em qualquer uma das opções do campo 4 (See the 
results), a tela irá mostrar as informações contidas na Figura 3. Ao clicar em 
preview, é possível obter uma pré-visualização dos resultados, já a opção 
Download CSV gera um arquivo de texto que pode ser manipulado em 
planilhas eletrônicas. O resultado dessa seleção de dados e variáveis 
considerando a opção preview é apresentado na Figura 4. 
Figura 3 – Seleção de dados e variáveis considerando o total das exportações 
brasileiras para o mundo em 2017 
 
 Fonte: Un-Comtrade. 
 
 
 
7 
Figura 4 – Exportações brasileiras para o mundo em 2017 (US$, valores 
nominais) 
 
 Fonte: Un-Comtrade. 
Saiba mais 
Para facilitar a identificação e escolha dos códigos de mercadorias 
utilizando o SH, sugerimos que o leitor utilize um tradutor ou mesmo se baseie 
nas publicações brasileiras sobre o Sistema Harmonizado. Consulte, por 
exemplo, as Notas Explicativas publicadas no site do Ministério da Fazenda, 
sobre o Sistema Harmonizado – SH – de designação e codificação de 
mercadorias. Disponível em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal-de-
mercadorias/nesh-in-1788-2018.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018. 
TEMA 3 – EXTRAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS REFERENTES À SOJA NO UN-
COMTRADE 
Com base nessas considerações, vamos proceder agora com a 
extração de dados referentes à soja e, em particular, as exportações brasileiras 
de soja para o resto do mundo em 2017. Perceba que, uma vez pré-
selecionados os dados de tipo de produto (campo 1) e classificação (campo 2), 
devemos apenas alterar alguns dados nos campos 3 (selecione o dado 
desejado) e 4 (código da mercadoria segundo o SH). 
O Quadro 2 mostra como os campos devem ser preenchidos e 
selecionados com os dados e variáveis para se extrair e examinar as 
exportações brasileiras de soja para o mundo em 2017. Após a inserção dos 
dados, a Figura 5 mostra o layout da tela com todos os dados e variáveis 
selecionados e a Figura 6 apresenta a pré-visualização dos resultados. 
 
 
 
8 
Quadro 2 – Seleção de dados e variáveis envolvendo a exportação de soja do 
Brasil para o mundo em 2017, utilizando-se do banco de dados UN-Comtrade 
Campo 1: Tipo de Produto Goods 
Campo 2: Classificação HS (as reported) 
Campo 3: Selecione o dado desejado 
Periods (year) Reporter Partner Trade Flows HS (as reported) 
commodity codes 
2007 Brazil World Export 1201 
Soya beans, whether or 
not broken 
Campo 4: Veja os resultados (preview) 
Fonte: baseado na estrutura do Un-Comtrade. 
Nota: Soya beans, whether or not broken pode ser traduzido como soja, mesmo triturada. 
Figura 5 – Layout da tela com todos os dados e variáveis selecionados em 
relação às exportações brasileiras de soja para o mundo em 2017 
 
Fonte: Un-Comtrade. 
Figura 6 – Exportações brasileiras de soja para o mundo em 2017 (US$, 
valores nominais) 
 
 Fonte: Un-Comtrade. 
 
 
9 
Conforme constatamos com os dados da Figura 6, as exportações de 
soja para o mundo em 2017 superaram a marca de 68 milhões de toneladas, 
ultrapassando o patamar de 25 bilhões de dólares. Segundo os dados da 
Embrapa relativos à safra 2017-2018, no período o Brasil foi o segundo maior 
produtor de soja, com uma produção de 116,996 milhões de toneladas, 
superado apenas pelos EUA, que, por sua vez, produziu 119,518 milhões 
(Embrapa, 2018). 
Agora que já pudemos conhecer e utilizar a técnica desenvolvida para a 
extração e análise de dados de comércio internacional e tratamos de questões 
metodológicas envolvendo o banco de dados do Un-Comtrade, vamos tentar 
entender como os resultados obtidos podem ser relacionados a algumas das 
principais teorias e conceitos na perspectiva da Proximidade, das Redes, e das 
Cadeias Globais de Valor e, em particular, do Upgrading e Upgrading Industrial. 
Essa será a tarefa a ser contemplada nos temas 4 e 5 a seguir. 
TEMA 4– HORIZONTALIDADES E VERTICALIDADES 
4.1. Horizontalidades e verticalidades 
Santos (1999, p. 225) distingue esses dois conceitos considerando 
que, 
de um lado, há extensões formadas de pontos que se agregam sem 
descontinuidade, como na definição tradicional de região. São as 
horizontalidades. De outro lado, há pontos no espaço que, separados 
uns dos outros, asseguram o funcionamento global da sociedade e da 
economia. São as verticalidades. O espaço se compõe de uns e de 
outros desses recortes, inseparavelmente. 
Em análise semelhante, Moreira (2007, p. 60) considera que “cada 
ponto local da superfície terrestre será o resultado desse encontro 
entrecruzado de horizontalidade e de verticalidade. E é isso o lugar. O 
pressuposto é a rede global”. Horizontalidades e verticalidades estão presentes 
nas relações entre empresas, indústrias e firmas de todo o mundo. 
4.2. Horizontalidades 
O conceito de horizontalidade atribui maior relevância às relações que 
ocorrem com a vizinhança, com o entorno, e, consequentemente, a 
proximidade é uma variável importante nesse contexto. Uma das aplicações 
 
 
10 
desta perspectiva pode ser observada nas relações de comércio internacional 
considerando diversos setores da atividade econômica. 
Por exemplo, a Tabela 1 nos mostra que, no setor automobilístico, o 
Brasil se relaciona mais com as regiões mais próximas do que com as regiões 
mais distantes. A Argentina é, sem dúvida, o principal parceiro comercial do 
Brasil quando consideramos as relações de comércio envolvendo os 
automóveis. Aqui, portanto, a proximidade geográfica não determina, mas 
certamente é um fator que contribui para esse tipo de relação. 
Tabela 1 — Exportações de automóveis do Brasil para o Mundo em 2017 
 
Fonte: Baseado em dados do Un-Comtrade 
Nota: Sinal convencional utilizado: 
*valores abaixo do limiar mínimo estabelecido em 1% do valor total das exportações. 
Automóveis do código 8703 do SH. Essa categoria compreende os automóveis de passageiros 
e outros veículos automotores principalmente concebidos para o transporte de pessoas (exceto 
os da posição 8702), incluindo os veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de 
corrida. 
4.3. Verticalidades 
Já as verticalidades são um conceito que se refere diretamente às 
relações em rede. As interações com lugares mais distantes são uma 
N. País Valor (US$) Volume (Kg) % 
1 Argentina 4.770.489.877 510.631.899 71,5 
2 México 487.685.010 63.637.563 7,3 
3 Chile 262.250.473 31.238.573 3,9 
4 Uruguai 198.452.545 25.087.588 3,0 
5 EUA 184.018.117 8.316.653 2,8 
6 Colômbia 183.533.382 21.527.977 2,8 
7 Arábia Saudita 177.078.975 905.275 2,7 
8 Peru 145.208.032 16.622.544 2,2 
9 Catar 98.252.839 726.334 1,5 
10 Paraguai 75.979.331 7.452.096 1,1 
11 Bolívia 24.854.409 2.924.312 * 
12 Costa Rica 18.135.235 1.875.987 * 
13 Equador 17.675.787 1.493.532 * 
14 Panamá 7.968.687 836.119 * 
15 Bélgica 2.578.620 214.256 * 
 Outros 15.645.682 1.400.370 * 
Total 6.669.807.001 694.891.078 100,0 
 
 
11 
característica predominante deste tipo de relação, embora as relações com o 
entorno não possam ser ignoradas. Observe novamente o exemplo das 
commodities agrícolas e, em particular, o da soja. 
Tabela 2 deixa evidente que a China é o principal destino para as 
exportações brasileiras de soja. A relação que predomina aqui é a vertical, na 
qual a proximidade não é o fator mais importante nas transações comerciais, 
mas sim a conexão entre redes de produção e comercialização. 
Tabela 2 – Principais destinos para as exportações brasileiras de soja em 2015 
N. País Valor (US$) % 
1 China 15.787.785.730 75.2 
2 Espanha 909.472.450 4,3 
3 Tailândia 672.557.837 3,2 
4 Holanda 580.865.886 2,8 
5 Outra Ásia, nes* 376.106.269 1,8 
6 Coreia do Sul 277.741.325 1,3 
7 Vietnã 260.530.336 1,2 
8 Rússia 231.534.581 1,1 
9 Irã 211.101.228 1,0 
10 Egito 209.459.243 1,0 
Exportações para a América Latina 1.362.0850,01 
Exportações para o mundo 20.983.574.666 100,0 
Fonte: Alves et al., 2018, p. 121 
NOTA: *“nes” se refere ao termo inglês not elsewhere specified. “Outra Ásia” se refere a um 
grupo de países asiáticos que reportam suas exportações de forma distinta dentro do grupo, ou 
seja, variando muito na forma como fornecem detalhes sobre países ou empresas parceiras, 
ano de exportação, mercadorias e/ou categoria de produtos exportados. 
TEMA 5 – CADEIAS GLOBAIS DE VALOR, REDES GLOBAIS DE PRODUÇÃO, 
UPGRADING E UPGRADING INDUSTRIAL 
5.1. Cadeias Globais de Valor e Redes Globais de Produção 
Cadeias Globais de Valor e Redes Globais de Produção são 
perspectivas que emergiram dos debates em torno da fragmentação da 
 
 
12 
produção e da integração dos países por meio do comércio internacional, ou 
seja, em torno do amplo contexto da Globalização. 
Em particular, a Globalização econômica se tornou um tema que 
permitiu que diversas áreas estabelecessem diálogos interdisciplinares, 
envolvendo a economia, a sociologia econômica, a geografia econômica, o 
comércio exterior e a área de administração, negócios e empreendedorismo de 
modo geral. 
As origens dos modelos Cadeias Globais de Valor (Figura 7) e Redes 
Globais de Produção têm forte relação com a Teoria do Sistema Mundial, 
desenvolvida pelo sociólogo Immanuel Wallerstein, na década de 1970. 
Contudo, apenas recentemente, incentivado pelos debates acadêmicos 
dedicados à análise dos processos de globalização econômica, seus 
repertórios teórico-conceituais e metodológicos foram estabelecidos e 
tornaram-se amplamente “adotados para o estudo da organização internacional 
das indústrias, tanto por parte de estudiosos das ciências sociais como pelas 
agências internacionais e organizações elaboradoras de políticas públicas e 
industriais”. (Starosta, 2010, p. 544) 
Figura 7 – Quatro links em uma simples Cadeia Global de Valor 
 
 Fonte: Kaplinsky; Morris, 2001, p. 4 
Segundo Alves (2016, p. 33), 
 
a perspectiva das Cadeias Globais de Valor (CGV) ou Global Value 
Chains (GVCs) tem origem nas análises realizadas segundo a 
perspectiva das cadeias de commodities e cadeias globais de 
commodities (CGCs) ... Cadeia Global de Valor (CGV) é um termo 
também cunhado pelo sociólogo economista Gary Gereffi (e seus 
colaboradores). Gereffi desenvolveu as CGV a partir do refinamento 
do modelo da Global Commodity Chains (GCCs), criado também por 
ele na década de 1990. O modelo das CGV possui aplicabilidade e 
 
 
13 
poder explanatório realmente notáveis e seus conceitos e 
metodologias são comumente aplicados em análises sistêmicas. 
 Outra perspectiva ou modelo interessante nessa perspectiva é o da 
Redes Globais de Produção – RGP –, apresentado na Figura 8. As RGP é um 
modelo ou estrutura analítica alternativa para “a análise da integração 
econômica e sua relação com as assimetrias do desenvolvimento econômico e 
social” (Henderson et al., 2002, p. 436). As análises de Alves e Antunes (2019), 
Smith e Alves (2012) e Alves (2016) trazem uma discussão mais aprofundada 
acerca das diferentes perspectivas de Global Commodity Chains, Global Value 
Chains e Global Production Networks. 
Figura 8 – Estrutura analítica para a análise de redes globais de produção 
 
Fonte: Henderson et al., 2002, p. 448 
 Associada a essas duas perspectivas sistêmicas está também a 
chamada Supply Chain Management – SCM –, que, de certa forma, já 
abordamos anteriormente. A SCM, segundo Campos (2012, p. 10), pode ser 
entendida como “a correta gestão da cadeia de suprimentos”. Para este autor, 
“em um mercado em que a competição não é mais entre duas ou mais 
empresas, e sim entre cadeias de suprimentos, (...) as empresas mais 
proativas tentam afastar a mentalidade de simples redução (pessoas, 
investimentos, despesas gerais) direcionando seu foco principal ao 
crescimento”. Essas três perspectivas apresentam vários pontos de interseção 
e interesses em comum. Podemos destacar aqui a forte relação com a logística 
e a articulação de atividades e operações envolvendo lugares distintos. 
 
 
14 
 Além disso, apesar de cada uma dessas perspectivas ter seu olhar 
específico sobre a competitividade, a relação insumo-produto inserida numa 
dinâmica socioespacial e a ampliação do valor num contexto de upgrading e 
melhorias, o objetivo sempre consiste, em menor ou maior grau, em buscar 
encontrar as melhores soluções para que empresas e regiões se insiram e 
participem efetivamente do processo de globalização, aproveitando os 
benefícios que este processo pode oferecer. 
5.2. Upgrading e upgrading industrial com base na ampliação do valor 
Para Alves (2016, p. 39), “upgrading industrial tem sido compreendido 
e conceitualizado de diversas maneiras, e suas abordagens analíticas e 
metodológicas podem variar de acordo com a área de conhecimento em 
discussão e segundo a capacidade dos pesquisadores de sistematizar 
upgrading industrial”. 
A noção de upgrading utilizada aqui se refere de maneira bastante 
abrangente ao upgrading como um processo de ampliação de valor, conforme 
propõem Henderson et al. (2002), ou como um “processo no qual as nações, 
firmas e trabalhadores mudam de atividades com baixo valor para atividades 
com alto valor em redes globais de produção” (Gereffi; 2005, p. 171). 
Contudo, aqui iremos focar apenas em uma perspectiva de upgrading, 
a de ampliação do valor nominal das exportações, na qual o valor nominal dos 
produtos comercializados é utilizado como uma medida de substituição da 
variável valor. A análise de Gereffi (1999) fornece um exemplo típico desse tipo 
de upgrading analisando a indústria têxtil e de vestuário em países asiáticos 
(Tabela 3). O upgrading é analisado considerando o desempenho das 
indústrias no mercado americano, um dos principais importadores de produtos 
no setor de vestuário e têxtil. 
Tabela 3 – Tendências nas importações de vestuário dos EUA por região e 
país (Valor, US$, milhões) 
Origem do País 
Valor 
1983 % 
Valor 
1986 % 
Valor 
1990 % 
Valor 
1997 % 
Nordeste da Ásia 
China 759 1661 3439 7450 
Hong Kong 2249 3392 3977 4028 
Outros 3617 5.430 6247 4761 
Total 6.625 68 10.483 60 13.663 54 16.239 33 
 
 
15 
Fonte: Adaptado de Gereffi, 1999, p. 50 
Segundo os dados da Tabela 3, o valor nominal das exportações é 
ampliado ao longo do período analisado, indicando upgrading de firmas e 
indústrias na Ásia e na América Central e Caribe. Além disso, regiões como o 
Sudeste Asiático, o Sul da Ásia, e a América Central e Caribe conseguiram 
conquistar mercado, pois aumentaram sua participação no mercado americano, 
logo, experimentaram um processo de upgrading. 
Por outro lado, países localizados no Nordeste da Ásia, como China e 
Hong Kong, perderam mercado, apesar de terem conseguido ampliar o valor 
nominal de suas exportações para os EUA. Isso demonstra o quão complexo é 
mensurar upgrading, haja vista que múltiplas variáveis precisam ser 
consideradas para se obter uma avaliação mais precisa acerca das trajetórias 
de upgrading e downgrading de firmas e indústrias em determinados tipos de 
produtos e mercados consumidores. 
Saiba mais 
A análise do desempenho das indústrias no comércio internacional 
pode ser considerada por meio das noções de upgrading e downgrading em 
determinadas categorias de produtos e mercados. Além da alta aplicabilidade 
em estudos realizados por analistas, técnicos e especialistas ligados à indústria 
e ao comércio internacional, tal perspectiva permite ao estudante ou 
Sudeste Asiático 
Indonésia 75 269 645 1789 
Filipinas 319 473 1083 1650 
Outros 412 856 1708 3001 
Total 806 8 1.598 9 3436 13 6440 13 
Sul da Ásia 
Índia 220 344 636 1508 
Bangladesh 7 154 422 1442 
Sri Lanka 126 257 426 1242 
Paquistão 32 92 232 705 
Total 385 4 847 5 1716 7 4897 10 
América Central e 
CaribeRepública Dominicana 139 287 723 2234 
Honduras 20 32 113 1688 
Outros 159 478 1149 3743 
Total 389 4 797 5 1985 8 7665 16 
México 199 2 331 2 709 3 5350 11 
Todos os outros países 1328 14 3283 19 4009 16 7664 16 
Total do setor 9731 
100 17.341 
100 
25.51
8 
100 48.49
2 
100 
 
 
16 
interessado desenvolver diversas competências técnicas nessas áreas do 
conhecimento. 
Para que você possa ampliar seus conhecimentos sobre esse assunto 
sugerimos a leitura do seguinte texto: 
Alves, A. R. A indústria automobilística nos países do MERCOSUL: territórios, 
fluxos e upgrading industrial. Curitiba, 2016. 208f. Tese (Doutorado em 
Geografia). Setor de ciências da terra, Programa de pós-graduação em 
Geografia, Universidade Federal do Paraná. 
TROCANDO IDEIAS 
Analisando as pautas de importação e exportação brasileiras e 
considerando seus conhecimentos acerca dos temas aqui abordados, como 
você define a participação brasileira nos mercados internacionais? O Brasil é 
um país que poderia ser considerado competitivo nos setores que envolvem 
elevada tecnologia e produtos com alto valor agregado? Ou, é um país que 
predominantemente exporta commodities e importa máquinas, equipamentos e 
tecnologias? 
NA PRÁTICA 
Consultando as Notas Explicativas publicadas no site do Ministério da 
Fazenda, sobre o Sistema Harmonizado – SH – de designação e codificação 
de mercadorias, e fazendo uso do banco de dados do Un-Comtrade, identifique 
quais foram os 10 principais destinos das exportações brasileiras de “veículos 
automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres, suas partes e 
acessórios” (código 87-SH) no ano de 2017. 
Recursos a serem utilizados nesta prática: 
BRASIL. Notas Explicativas. 6. ed. Receita, 2018. Disponível em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal-de-
mercadorias/nesh-in-1788-2018.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2019. 
Banco de dados Un-Comtrade. Comtrade, S.d. Disponível em: 
<https://comtrade.un.org/>. Acesso em: 29 ago. 2019. 
 
 
 
17 
FINALIZANDO 
Nesta aula, aprendemos a identificar mercados e a realizar seleções de 
dados e variáveis utilizando o banco de dados das Nações Unidas para o 
Comércio Internacional, o Un-Comtrade. Aprendemos também sobre o Sistema 
Harmonizado – SH – de designação e codificação de mercadorias e a distinção 
entre diversas categorias de produtos segundo o SH. 
Analisamos ainda os conceitos de horizontalidades e verticalidades 
aplicando-os ao estudo das relações de comércio entre países e em 
determinadas categorias de produtos e mercados consumidores. Por último, 
apresentamos as perspectivas da Global Value Chains e Production Networks 
e discutimos acerca de algumas variáveis que podem ser utilizadas para se 
mensurar a competitividade e o desempenho de países e indústrias na 
economia mundial. 
Posteriormente, esses conceitos e conhecimentos serão de alguma 
forma revisitados, por isso consideramos importante que você compreenda 
bem os temas aqui abordados e, sobretudo, desenvolva as competências 
apresentadas e exploradas. Tais competências e habilidades podem ser muito 
úteis no exercício de sua atividade profissional e que certamente servirão para 
se obter uma melhor compreensão dos sistemas e bancos de dados utilizados 
em análises industriais e de comércio exterior. 
 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
ALVES, A. R. Geografia econômica e geografia política. Curitiba: 
InterSaberes, 2015. 
_____. A indústria automobilística nos países do Mercosul: territórios, fluxos e 
upgrading industrial. Tese (Doutorado em Geografia) - Setor de ciências da 
terra, Programa de pós-graduação em Geografia, Universidade Federal do 
Paraná. Curitiba, 2016. 208 f. 
_____. Geografia econômica da América Latina. In: ALVES, A. R. et al. 
Perspectivas e abordagens geográficas contemporâneas. Curitiba: 
InterSaberes, 2018. 
_____.; ANTUNES, E. M. Geografia industrial. Curitiba: InterSaberes, 2019. 
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/ Logística 
Empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 
BRASIL. Sistema Harmonizado De Designação E De Codificação De 
Mercadorias. 2017. 6. ed. Disponível em: 
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/classificacao-fiscal-de-
mercadorias/nesh-in-1788-2018.pdf>. 
CAMPOS, Luiz F. R. Supply Chain: uma visão gerencial. Curitiba: 
InterSaberes, 2012. 
FRIEDMAN, Thomas L. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. 
GEREFFI, Gary. International trade and industrial upgrading in the apparel 
commodity chain. Journal of International Economics, v. 48, n. 1, p. 37-70, 
1999. 
GEREFFI, G., HUMPHREY, J.; STURGEON, T. The governance of global 
value chains. Review of International Political Economy, v. 12, n.1, p. 78-
104, 2005. 
HENDERSON, J.; et al. YEUNG ‘Global Production Networks and the analysis 
of economic development’, Review of International Political Economy, v. 9, 
n. 3, 436–464, 2002. 
 
 
19 
JOHNSTON, R. J.; GREGORY, D.; PRATT, G. e WATTS, M. The Dictionary 
of Human Geography. 4. ed. Oxford: Blackwell, 2000. 
KAPLINSKY, R. Globalization, poverty and inequality: between a rock and a 
hard place. Cambridge: Polity Press, 2005. 
KAPLINSKY, R.; MORRIS, M. A handbook for value chain research. Institute 
of Development Studies, University of Sussex, 2001. Disponível em: 
<http://www.fao.org/fileadmin/user_upload/fisheries/docs/Value_Chain_Handbo
ol.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2019. 
LEYSHON, A., LEE, R., McDOWELL, L. e SUNLEY, P. (eds.). The SAGE 
Handbook of Economic Geography. London: SAGE Publications. 2011. 
SCOTT, A. J. Geography and economy. Oxford: Oxford University Press, 
2006. 
SOJA EM NÚMEROS (safra 2017/2018). EMBRAPA – Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária –. 2018. Disponível em: 
<https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos> Acesso em: 
29 ago. 2019. 
STAROSTA, G. The outsourcing of manufacturing and the rise of giant global 
contractors: a Marxian approach to some recent transformations of Global value 
Chains. New Political Economy, v. 15, n. 4, p. 543-563. 2010. 
UN Comtrade Database, S.d. Disponível em: <https://comtrade.un.org/>. 
Acesso em: 29 ago. 2019. 
 
 
 
 
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	Trocando ideias
	Na prática
	FINALIZANDO
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