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FUNDAMENTOS E PRECEITOS DA TÉCNICA DIETÉTICA Conteúdo: Inez Helena Santos © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016 Colaboraram nesta edição: Coordenador técnico: Pablo Rojas Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH Imagem da capa: Shutterstock Editoração: Kaka Silocchi Reservados todos os direitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa. INEZ HELENA SANTOS 2016 FUNDAMENTOS E PRECEITOS DAS TÉCNICAS DIETÉTICAS SUMÁRIO FUNDAMENTOS E PRECEITOS DA TÉCNICA DIETÉTICA......................................................................................07 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 09 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................ 09 OBJETIVOS DA TÉCNICA DIETÉTICA .....................................09 CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS.........................................12 ALIMENTOS NATURAIS .............................................................................................. 12 ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS ........................................................................... 12 PREPARAÇÕES ............................................................................................................. 13 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DOS ALIMENTOS .........................................................................13 REFERÊNCIAS ..............................................................................15 FUNDAMENTOS E PRECEITOS DA TÉCNICA DIETÉTICA 8 INTRODUÇÃO O alimento é o principal instrumento para a prevenção de doenças e a manutenção da saúde, buscando sempre a qualidade de vida. Todas as etapas que envolvem a preparação de alimentos compõem um processo minucioso, cujo resultado final é a qualidade dos produtos e processos. Você já deve ter percebido que a preparação dos alimentos costuma ser feita de forma empírica, obedecendo a normas tradicionais, com a principal finalidade de agradar o indivíduo que vai consumir o alimento. No entanto, a cozinha dietética aplica os conhecimentos científicos de física, química, biologia, economia e outras áreas do saber, adotando métodos mais exatos, seguros e econômicos, os quais se baseiam em rigorosa experimentação, procurando sempre preservar e aproveitar os nutrientes dos alimentos. A dietética estuda e aplica os princípios e processos básicos da ciência da nutrição no organismo humano, permitindo o planejamento, a execução e a avaliação de dietas adequadas às características biológicas, socioeconômicas, culturais e psicológicas dos indivíduos. A técnica dietética estuda as operações às quais os alimentos são submetidos depois que são feitas a seleção e as modificações que estes sofrem durante os processos culinários e de preparação para o consumo. Esta área se propõe a mostrar de forma prática e aplicada a melhor maneira de selecionar, preparar e apresentar os alimentos para o consumo humano. A técnica dietética sistematiza o estudo dos procedimentos para tornar possível a utilização dos alimentos visando à preservação do valor nutritivo e à obtenção das características sensoriais desejadas. Para compreender os fundamentos e preceitos da técnica dietética, é importante que você saiba os objetivos dessa técnica, a classificação dos alimentos e suas características, além dos fatores que os modificam. 9 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Reconhecer os objetivos da técnica dietética; • Classificar os tipos de alimentos; • Diferenciar as características dos alimentos OBJETIVOS DA TÉCNICA DIETÉTICA • Objetivo dietético – Forma adequada do preparo dos alimentos da dieta ou do cardápio oferecido à clientela, levando em consideração as necessidades fisiológicas e/ou patológicas do indivíduos ou da população atendida, • Objetivo digestivo – A digestibilidade dos alimentos dependerá das condições do aparelho digestivo, que pode ser imaturo – como o infantil –, lesado (como o dos enfermos) ou desgastado, como o dos idosos. Sendo assim, é necessário utilizar técnicas que facilitem e antecipem processos digestivos no momento do preparo. Alguns alimentos que podem ser consumidos crus não precisam passar por processamento (o leite, por exemplo). Outros alimentos necessitam passar por subdivisão em partes menores para facilitar a mastigação (frutas em pedaços, carne moída). Há, também, os alimentos que precisam passar pela cocção para facilitar a ação dos sucos digestivos (como o feijão). Em algumas situações, as condições fisiológicas do indivíduo estão comprometidas, como o processo de mastigação ou digestão. Por isso, é necessário fazer uso de técnicas culinárias que facilitem a mastigação e a digestão (por exemplo, fazer mingau, sopa ou purê). • Objetivo nutricional – Você sabia que cada alimento é uma fonte em potencial de certos nutrientes? É importante selecionar os métodos de preparo de alimentos para otimização e conservação máxima do seu valor nutritivo. A preservação dos nutrientes deve ser observada em todas as etapas, passando pela seleção, aquisição e pelo armazenamento, chegando ao consumo. É importante também que você conheça o funcionamento 10 do organismo nas diferentes etapas da vida e as condições fisiológicas do indivíduo para oferecer quantidades adequadas de alimentos de acordo com as necessidades nutricionais, para que otimize-se a absorção, metabolização e excreção de nutrientes. • Objetivo higiênico – Os alimentos, ao serem adquiridos, apresentam riscos de contaminação ou de condições higiênicas favoráveis a doenças ou lesões ao indivíduo, no momento do consumo imediato ou no cosumo frequente. Deve-se garantir que os alimentos sejam adquiridos de fonte segura de produção e que apresentem boas condições higiênicas no momento da escolha. Essa conduta objetiva também a prevenção para a ação de fatores externos (microrganismos patogênicos) sobre a qualidade nutricional dos alimentos, evitando que estes sejam veículos de agentes contaminantes. É importante aplicar adequadas técnicas de seleção, manuseio, preparo, distribuição e armazenamento, contribuindo na preservação dos alimentos. Isso faz com que alimentos perecíveis – carnes, frutas, verduras e legumes – tenham maiores cuidados do que os demais produtos não perecíveis. A prevenção contra a ação de fatores externos que prejudicam a qualidade dos alimentos contribui para prolongar sua vida útil. • Objetivo sensorial – Cada alimento tem características sensoriais próprias em relação a aspecto, aroma, cor, sabor, textura e consitência, assim como a repercussão fisiológica da ingestão. Os cuidados iniciam na seleção e passam pelo armazenamento, processamento e pela distribuição, a fim de manter as características. Quando os alimentos são utilizados ao natural, ficam preservadas suas propriedades, desde que sejam inicialmente boas. Os alimentos devem ser apresentados de forma a despertar todos os sentidos do consumidor, não apenas o paladar, mas também as demais características sensoriais, que podem ser preservadas, ressaltadas ou modificadas por meio de aplicação de técnicas culinárias. O sabor dos alimentos pode ser ativado pelo acréscimo de açúcar, sal e/ou óleo. Muitos recursos culinários podem ser utilizados para tornar os alimentos mais atraentes, como cortes variados, formas de cocção, molhos diversos, acompanhamentos diferentes, combinações de cores e sabores, entre outras técnicas, sendo possíveis criações de novas receitas e adaptação das já existentes, sem que haja prejuízos nutricionais.11 • Objetivo operacional – Buscam-se a organização e as adequações de espaços físicos, materiais, equipamentos, utensílios e matérias-primas para a elaboração de um cardápio. Além disso, há também a capacitação e a liderança do pessoal para executar a produção e a distribuição adequada dos alimentos. • Objetivo econômico – O aspecto econômico envolve planejamento técnico dos cardápios e das compras racionais para a produção das refeições, devendo- se considerar a safra dos alimentos e a disponibilidade no mercado, além de realizar avaliação constante das quantidades per capita e o armazenamento correto. No planejamento e na produção das refeições, é importante você saber que devem ser utilizadas técnicas de pré-preparo e preparo dos alimentos sem desperdício, e também a aplicação de técnicas culinárias que preservem o valor nutritivo e melhorem a aceitabilidade do alimento. Devem ser levados em consideração os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis. O custo do alimento é o que ele representa depois de pronto, incluindo gastos de preparação e considerando o resultado obtido. • Objetivo ambiental – A produção das refeições deve ocorrer de forma eficiente, buscando-se o aproveitamento racional dos recursos hídricos e energéticos, com menor geração de resíduos, visando à proteção ao ambiente e à natureza. A utilização de alimentos produzidos pela agricultura familiar, que respeite as áreas de proteção permanente, o uso racional de insumos, a redução do uso de pesticidas – buscando a menor contaminação química dos alimentos e do meio ambiente – são atitudes favoráveis à natureza. Outras condutas são a redução dos resíduos com planejamento adequado de cardápio, a correta seleção de alimentos e de técnicas de produção e o aproveitamento integral de alimentos, resultando em menor consumo de água e energia elétrica. • Objetivo cultural – O planejamento de cardápios ou dietas deve respeitar as características culturais dos indivíduos ou da clientela. A alimentação, além de atender às necessidades fisiológicas, deve respeitar as diversidades culturais, alimentares, sociais e religiosas da população. Deve-se, sempre que possível, respeitar e manter hábitos e tradições alimentares da população para que permaneçam arraigadas no meio em questão (por exemplo, comidas típicas no mês de junho e natalinas em dezembro). 12 CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS Alimento, de forma geral, é toda substância ou mistura de substâncias destinada a fornecer ao organismo nutrientes necessários à sua formação, ao seu desenvolvimento e sua manutenção. Além disso, os alimentos cumprem ainda um importante papel social, cívico, religioso e familiar. Podem ser classificados em três grandes grupos, de acordo com a forma como se apresentam para o consumidor. Você verá, a seguir, os grupos naturais, industrializados e preparações. Alimentos naturais Os alimentos naturais são os in natura, de origem animal ou vegetal, cujo consumo exige apenas a remoção da parte não comestível (cascas e sementes, quando necessário) e a higienização para conservação ou cozimento (por exemplo, feijão e carnes). Esses alimentos são classificados e estudados na técnica dietética conforme os grupos: - cereais (arroz, trigo, milho, aveia); - raízes e tubérculos (cenoura, inhame, cebola); - nozes e sementes oleaginosas (reunindo grande quantidade de óleo na composição); - oleaginosas, hortaliças (couve, tomate, abóbora); - frutas (laranja, abacaxi, banana); - leite e seus derivados; - açúcares e mel; - leguminosas (grão-de-bico, fava, ervilha); - carnes, ave e pescados, além de ovos, óleos e gorduras; e - temperos e condimentos naturais. Alimentos industrializados Os alimentos industrializados têm origem vegetal ou animal. Para o consumo final, foram submetidos a processos industriais, como técnicas de cocção, pasteurização e branqueamento, além de adição de outras substâncias que tornam o produto tecnologicamente modificado, antes do consumo. 13 Os processos industriais são formas de conservação e melhorias de características dos alimentos (por exemplo, produtos congelados, embutidos, enlatados, laticínios, doces, adoçantes, bebidas, molhos, condimentos, fast food e alimentos infantis). Preparações São alimentos que passaram pelas etapas de pré-preparo e preparo e combinam diferentes ingredientes em receitas comuns ou em receitas não usuais ou exóticas. Podem resultar também de experimentos com novos alimentos ou formas não usuais de consumo. Geralmente, a composição da receita conta com mais de um ingrediente. A receitas podem ser preparadas a partir de ingredientes naturais, industrializados ou com a combinação entre eles. São divididos em prato principal, entrada, acompanhamento, guarnição, aperitivo, sobremesa, lanches e bebidas. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DOS ALIMENTOS Todo alimento apresenta características próprias, as quais você deve conhecer para entender as modificações que podem ocorrer nos produtos e como devem ser transformados. A principal característica dos alimentos é a função que exercem na manutenção orgânica do indivíduo, em todas as fases e os períodos etários da vida humana. Do ponto de vista de consumo, é importante avaliar as qualidades do alimento, utilizando-o para a alimentação regular, ou para suprir carências nutricionais. As modificações que podem ser aplicadas no alimento dependerão de suas características, as quais podem ser: Características físicas: características organolépticas dos alimentos – aspecto, sabor, cor, aroma, consistência e estrutura. Estado físico: consistência – emulsão, suspensão, solução, estado líquido, sólido ou viscoso. Estado físico: temperatura – natural, quente e frio. 14 Características biológicas: modificações que ocorrem por ação de fermentos, enzimas ou bactérias, adquirindo características novas de sabor, aroma, digestibilidade e valor nutritivo. Composição química: reações entre os nutrientes que integram os alimentos como resultado dos métodos de processamento dos produtos empregados durante a produção, podendo alterar fundamentalmente o alimento. Características físico-químicas: solubilidade, hidratação, gelatinização, coagulação, hidrólise por ação de cocção, enzimas, bactérias ou ácidos, propriedades relacionadas aos condimentos, poder edulcorante dos açúcares, intensidade de sabor picante e/ou cor, além de outros fatores que estimulam ou inibem a mucosa digestiva.
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