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Livro-Texto - Unidade I farmacoterapia

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Mariane Fonseca Petroni
Colaboradores: Prof. Juliano Rodrigo Guerreiro
 Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Farmacoterapia
Professora conteudista: Mariane Fonseca Petroni
Formou-se em Física pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1987) e em Farmácia e Bioquímica pela 
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) (1999). É mestre em Tecnologia 
Nuclear: Aplicações na área de Radiofarmácia pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da USP (Ipen/USP) 
desde 2003. É professora adjunta na UNIP desde 2004. Possui experiência na área de farmácia hospitalar e farmácia 
clínica, tendo atuado no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (ICr/HCFM-USP) 
e no Hospital Universitário da USP (HU/USP).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 P497f Petroni, Mariane Fonseca.
Farmacoterapia / Mariane Fonseca Petroni. – São Paulo: Editora 
Sol, 2022.
140 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Farmacoterapia. 2. Farmacocinética. 3. Farmacovigilância. I. 
Título.
CDU 615.03
U514.56 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Leonardo do Carmo
 Jaci Albuquerque de Paula
Sumário
Farmacoterapia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 FARMACOLOGIA CLÍNICA E FARMACOTERAPIA .....................................................................................9
1.1 Farmacocinética clínica ..................................................................................................................... 11
1.1.1 Farmacocinética .......................................................................................................................................11
1.1.2 Modelos compartimentais e modelagem farmacocinética ................................................... 14
1.1.3 Esquemas de administração de fármacos .................................................................................... 18
1.1.4 Esquema posológico .............................................................................................................................. 22
1.1.5 Monitoração plasmática de fármacos ............................................................................................ 22
2 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ............................................................................................................. 24
2.1 Conceito de interação medicamentosa....................................................................................... 24
2.2 Classificação das interações medicamentosas ......................................................................... 26
2.2.1 Interações farmacocinéticas .............................................................................................................. 28
2.2.2 Interações farmacodinâmicas ............................................................................................................ 31
3 FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................................................................... 32
3.1 Métodos em farmacovigilância ...................................................................................................... 33
3.1.1 Vigilância passiva .................................................................................................................................... 34
3.1.2 Vigilância intensiva ................................................................................................................................ 34
3.1.3 Estudos epidemiológicos ..................................................................................................................... 35
3.2 A pesquisa clínica ................................................................................................................................. 35
3.3 Reações adversas a medicamentos ............................................................................................... 38
3.3.1 Classificação das reações adversas .................................................................................................. 38
3.4 Prevenção de reações adversas oriundas de interações medicamentosas ................... 41
4 FARMACOTERAPIA EM GRUPOS-ALVOS ................................................................................................ 43
4.1 Farmacoterapia em idosos ................................................................................................................ 43
4.1.1 O envelhecimento ................................................................................................................................... 43
4.1.2 Alterações fisiológicas no idoso ........................................................................................................ 46
4.1.3 Idosos — prescrição de medicamentos .......................................................................................... 51
4.2 Farmacoterapia em pediatria .......................................................................................................... 53
4.2.1 Principais diferenças em termos de parâmetros cinéticos nas crianças .......................... 55
4.2.2 Cálculo de doses em pediatria ........................................................................................................... 56
4.3 Gestantes e saúde da mulher .......................................................................................................... 57
4.3.1 Farmacoterapia na gravidez ............................................................................................................... 58
4.3.2 Contraceptivos orais .............................................................................................................................. 60
4.3.3 Terapia de reposição hormonal (TRH) ............................................................................................. 64
Unidade II
5 PROFILAXIA E TRATAMENTO DE DOENÇAS TROPICAIS .................................................................... 75
5.1 Doenças tropicais negligenciadas.................................................................................................. 75
5.1.1 Doenças parasitárias e seus antiparasitários ............................................................................... 76
5.1.2 Outras doenças tropicais de interesse ............................................................................................ 82
6 DOENÇA RENAL E DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS.................................................................................. 90
6.1 Doença renal .......................................................................................................................................... 90
6.1.1 Nefrite ......................................................................................................................................................... 91
6.1.2 Infecção urinária ..................................................................................................................................... 91
6.1.3 Cálculo renal ............................................................................................................................................. 92
6.1.4 Doença renal crônica ............................................................................................................................ 93
6.2 Distúrbios eletrolíticos........................................................................................................................ 94
6.2.1 Sódio (Na+) ................................................................................................................................................. 95
6.2.2 Potássio (K+) .............................................................................................................................................. 96
7 FARMACOTERAPIA DAS DOENÇAS OCULARES E OSTEOARTICULARES ..................................... 97
7.1 Doenças oculares .................................................................................................................................. 97
7.1.1 Principais doenças oculares ................................................................................................................ 98
7.2 Doenças osteoarticulares ................................................................................................................108
7.2.1 Osteoporose ............................................................................................................................................108
7.2.2 Osteoartrite ..............................................................................................................................................111
7.2.3 Artrite reumatoide ................................................................................................................................ 112
8 ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIOTICOTERAPIA – RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS 
E ÀS AFECÇÕES BUCODENTÁRIAS ..............................................................................................................115
8.1 Resistência bacteriana......................................................................................................................115
8.2 Afecções bucodentárias ...................................................................................................................119
8.2.1 Gengivite ................................................................................................................................................. 120
8.2.2 Periodontite ............................................................................................................................................ 120
7
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Farmacoterapia tem como principal objetivo oferecer conceitos, ferramentas 
e uma visão sobre o uso racional dos medicamentos na prática clínica, abordando certas condições 
fisiopatológicas de interesse.
A farmacoterapia permite estabelecer um elo entre os conhecimentos de farmacologia e fisiopatologia, 
dando destaque aos esquemas posológicos preconizados na atualidade.
Assim, o objetivo é oferecer ao aluno um caminho para a obtenção de conhecimentos que 
permitam a orientação adequada ao paciente, o acompanhamento e seguimento farmacoterapêutico 
racional e seguro, e também maior integração à equipe multidisciplinar, tanto no momento de uma 
intervenção farmacêutica como no momento da escolha do fármaco, da forma farmacêutica e do 
esquema posológico.
É importante ressaltar que a prescrição racional e o acompanhamento farmacoterapêutico são 
fundamentais para a terapêutica racional.
INTRODUÇÃO
Este livro-texto se inicia com uma discussão sobre a farmacologia clínica, apresentando conceitos 
fundamentais de farmacoterapia. Isso é fundamental para que possamos nos familiarizar com a 
linguagem, conceitos e ferramentas empregadas na prática clínica do acompanhamento e seguimento 
farmacoterapêutico, visando a terapêutica racional e segura.
A partir disso, abordaremos as interações medicamentosas, tópico que leva em consideração as 
possíveis interferências farmacocinéticas e farmacodinâmicas ao se utilizar concomitantemente dois ou 
mais medicamentos. Também serão observadas possíveis interações entre fármacos e outras substâncias, 
como nutrientes, tabaco etc.
Conheceremos aspectos relacionados à farmacocinética clínica, importante ferramenta empregada 
na busca da posologia mais adequada ao paciente, e que também permite compreender variações de 
resposta individual.
Além disso, não poderíamos deixar de comentar a farmacovigilância, cujo principal objetivo é a 
identificação, avaliação e prevenção de efeitos adversos e/ou outros problemas relacionados ao uso de 
medicamentos.
Trataremos de aspectos da farmacoterapia em grupos-alvos, como idosos, crianças e gestantes, cujas 
características específicas exigem especial atenção e conhecimento dos profissionais de saúde. Aspectos 
relacionados à saúde da mulher também serão abordados.
8
De posse desses conceitos, discutiremos sobre doenças e distúrbios importantes à prática clínica, 
como a resistência aos antibióticos e a situação atual do uso de antibacterianos frente à resistência 
bacteriana, doenças tropicais negligenciadas, parasitárias, distúrbios renais e hidroeletrolíticos, doenças 
oculares, osteoarticulares e afecções bucodentárias.
Bom estudo!
9
FARMACOTERAPIA
Unidade I
1 FARMACOLOGIA CLÍNICA E FARMACOTERAPIA
Há muito a humanidade busca recursos eficazes para o alívio de diversas condições que afetam 
o organismo, manifestando-se como doenças. Estas não só comprometem a qualidade de vida e a 
produtividade, mas podem levar à morte e, inevitavelmente, impactam os sistemas de saúde. Para tanto, 
medidas farmacológicas e não farmacológicas têm sido empregadas durante um longo período de forma 
empírica. Com o passar do tempo, a ciência e a tecnologia evoluíram e passaram a oferecer tratamentos 
e procedimentos mais eficazes, mas também conhecimento e recursos para avaliar e acompanhar os 
resultados das terapêuticas empregadas.
A saúde já foi definida de diversas maneiras. Ausência da doença, falta ou perturbação da saúde. Mas 
a definição atualmente aceita é muito mais ampla e não separa o indivíduo do meio em que vive. Desde 
1948, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como o completo estado de bem-estar 
físico, mental e social (SOUZA E SILVA; SCHRAIBER; MOTA, 2019).
Tendo em mente que a doença pode ser considerada um desequilíbrio entre o ser humano e o 
ambiente, a qualidade de vida tem um papel extremamente importante no que se refere à saúde, pois 
depende de condições socioambientais adequadas.
Entretanto, como já discutimos, a doença sempre esteve presente e faz parte da história da 
humanidade. Inclusive, grandes eventos epidemiológicos e doenças de alto impacto têm impulsionado 
o conhecimento humano em busca de melhor qualidade e expectativa de vida.
Desse modo, podemos observar períodos que caracterizam a evolução de uma doença e que 
justificam o emprego de tratamentos. Lembrando que diversas condições se resolvem espontaneamente, 
sem o emprego de qualquer tipo de manejo.
Entretanto uma parcela significativa das condições fisiopatológicas exige algum tipo de tratamento. 
Assim, conhecer a história natural da doença permite entender sua evolução e qual conduta deve ser 
adotada em cada fase, considerando tanto condições agudas como crônicas.
As doenças,em geral, apresentam dois períodos característicos: o período pré-patogênico e o 
período patogênico. Normalmente, os sinais e sintomas aparecem no período patogênico. É nessa fase 
que costumamos empregar os tratamentos farmacológicos, e o desfecho do tratamento dependerá de 
uma série de fatores.
A farmacologia clínica é uma área da farmacologia que atua como uma interface fundamental com 
a terapêutica na prática clínica.
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TatianaG
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10
Unidade I
Observe a figura 1, ela mostra detalhadamente a atual estrutura preconizada da farmacologia, suas 
correlações e disciplinas afins.
Terapêutica na 
clínica médica
Farmacologia 
clínica
Farmacogenética
Genética
Farmacogenômica
Genômica
Farmacoepidemiologia
Epidemiologia clínica
Farmacoeconomia
Economia da saúde
Psicologia
Psicofarmacologia
Farmacocinética/
metabolismo dos 
fármacos
Farmacologia 
bioquímica
QuimioterapiaFarmacologia molecular
Farmacologia de 
sistemas
Medicina 
veterinária
Farmacologia 
veterinária
Farmácia
Ciências 
farmacêuticas
Patologia
Toxicologia
Química
Química 
médica
Biotecnologia
Biofármacos
Neurofarmacologia Farmacologia cardiovascular
Farmacologia 
gastrointestinal
Farmacologia 
respiratóriaImunofarmacologia
Farmacologia
Figura 1 – A farmacologia e suas subdivisões
Adaptada de: Rang et al. (2007, p. 6).
A farmacologia é responsável por estudar as substâncias farmacologicamente ativas em termos 
de estrutura e relação com os alvos biológicos, ou seja, o mecanismo de ação e como o fármaco se 
comportará no organismo desde o momento de sua administração até sua eliminação completa.
Avaliar, analisar as propriedades físico-químicas, interações com outras substâncias, reações 
adversas, farmacocinética, farmacodinâmica e, finalmente, o emprego terapêutico compõem o universo 
da farmacologia clínica.
A farmacologia clínica, graças ao amplo espectro de informações, pode avaliar, analisar e 
acompanhar todos os aspectos relacionados à farmacoterapia, relacionando as informações e parâmetros 
referentes ao fármaco com a condição fisiopatológica do paciente, visando o uso racional e seguro 
dos medicamentos.
Levando em consideração aspectos técnicos e econômicos relativos aos medicamentos, permite a 
tomada de decisão no que se refere à escolha mais eficaz e segura em termos de terapia racional.
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11
FARMACOTERAPIA
1.1 Farmacocinética clínica
Atualmente, é fundamental conhecer não apenas o mecanismo de ação de um fármaco, mas 
também seu comportamento cinético, levando em consideração tanto suas próprias características 
e comportamento no ambiente biológico como as particularidades genéticas do indivíduo. Estas 
podem proporcionar respostas diferentes em maior ou menor grau à exposição ao fármaco — é a 
chamada farmacogenômica.
Do mesmo modo, é fundamental a escolha da forma farmacêutica mais adequada às condições 
do paciente e ao objetivo farmacoterapêutico. Outro ponto fundamental a ser levado em conta é a 
qualidade do medicamento utilizado.
Posto isso, é possível perceber que durante muito tempo falhas terapêuticas, ajustes posológicos 
e outros aspectos relacionados à resposta farmacoterapêutica não foram devidamente tratados por 
falta de opção.
Atualmente, na farmacoterapêutica racional, consideramos a importância de conhecer não apenas 
o sítio de ação do fármaco, mas também seus parâmetros farmacocinéticos do sistema Adme (absorção, 
distribuição, metabolização e excreção).
 Lembrete
Fármacos administrados por via endovenosa não passam pela fase 
de absorção.
Portanto a farmacocinética clínica pode prever a utilização desses parâmetros (possibilitando o ajuste 
de dose quando necessário) e, de modo mais racional, os aspectos particulares da farmacoterapêutica, 
principalmente em pacientes crônicos. A farmacocinética clínica permite maior segurança e eficácia, e 
diminui os riscos inerentes ao processo farmacoterapêutico, sobretudo em tratamentos prolongados.
Assim, estudaremos os principais modelos e as principais equações matemáticas que são utilizadas em 
diversos esquemas posológicos diante de processos farmacocinéticos. Tais conhecimentos e ferramentas 
propiciam a escolha apropriada de esquemas posológicos adequados.
1.1.1 Farmacocinética
Didaticamente, as duas principais abordagens da farmacologia são: a farmacocinética e a 
farmacodinâmica.
A farmacocinética tem como objetivo estudar todos os aspectos relacionados ao “caminho” 
do fármaco no organismo, sendo responsável pelo estudo e a compreensão das fases de absorção, 
distribuição, metabolização e excreção de um fármaco.
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12
Unidade I
Já a farmacodinâmica estuda e descreve o local e o mecanismo de ação — e, por consequência, os 
efeitos farmacológicos das substâncias farmacologicamente ativas.
Todavia, há uma correlação entre a dose que foi administrada, as concentrações plasmáticas e o sítio 
de ação do fármaco.
Para que possamos ter a terapia farmacológica adequada, devemos considerar não só a farmacocinética 
e a farmacodinâmica do fármaco, mas também a fase farmacotécnica ou biofarmacêutica, conforme 
demonstra a figura 2.
Fármaco disponível 
para absorção
Fármaco disponível 
para ação
EfeitoDose
I – Fase 
farmacêutica
II – Fase 
farmacocinética
III – Fase 
farmacodinâmica
Disponibilidade 
farmacêutica
Disponibilidade 
biológica
Desintegração da 
forma farmacêutica 
Dissolução da 
substância ativa
Absorção
Distribuição
Metabolismo
Excreção
Interação 
fármaco-receptor no 
tecido-alvo
Figura 2 – Fases de ação dos fármacos
Adaptada de: Korolkovas e Burckhalter (1988, p. 8).
Para que o fármaco atinja concentrações plasmáticas adequadas, antes ele precisa alcançar a 
corrente sanguínea.
A fase farmacêutica ou biofarmacêutica avalia e acompanha a liberação do fármaco de seu 
“aprisionamento”, ou seja, a liberação da forma farmacêutica. Essa fase é de suma importância quando 
tratamos de formas farmacêuticas sólidas, pois pode sofrer interferência de diversos fatores relacionados 
às características da forma farmacêutica e aos aspectos físico-químicos do ambiente no qual deve 
ocorrer a absorção, bem como de fatores relacionados à fisiologia e à fisiopatologia do paciente.
Dependendo da interferência, pode haver comprometimento importante nas fases subsequentes e, 
com isso, alterações na resposta farmacológica.
Considerando um esquema posológico adequado e a adesão apropriada por parte do paciente, a 
correlação entre os fenômenos farmacocinéticos e farmacodinâmicos permite que a meta farmacoterapêutica 
seja alcançada.
Assim, qualquer comportamento ou resposta não esperada podem ser compreendidos por meio desse 
conhecimento, permitindo, quando necessário, o ajuste do esquema posológico do paciente.
É sabido que o efeito farmacológico proporcionado por um fármaco tem relação direta com sua 
concentração no sítio de ação. Entretanto, devido à distribuição e localização dos alvos farmacológicos, 
não podemos chegar diretamente a esses pontos para verificar a concentração do fármaco no local de 
ação, por serem inacessíveis. Por exemplo, pensemos num fármaco cujo alvo molecular localiza-se no 
TatianaG
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13
FARMACOTERAPIA
coração: não é possível coletar amostras do músculo cardíaco para verificação das concentrações dessa 
substância no sítio de interesse.
É possível determinar a concentração do fármaco no plasma e, a partir desse dado, prever sua 
presença no sítio de ação, em concentrações adequadas para que o efeito terapêutico seja observado. 
Dessa maneira, qualquer alteração nas concentrações plasmáticas do fármaco leva a alterações nas 
concentrações dessa substância nos diversos tecidos e órgãos, incluindo no sítio receptor.
Contudo, é preciso destacar que a distribuição dos fármacos nos diversos territórios tem relação com 
características físico-químicas do ambiente biológico e do fármaco, e a necessidadeou não de o fármaco 
atravessar barreiras. Mas, em linhas gerais, é possível considerar que, ao aumentar a concentração 
plasmática de um fármaco, aumentaremos sua concentração nos tecidos. O mesmo raciocínio é aplicado 
ao se observar a diminuição em suas concentrações.
A figura 3 apresenta essa correlação. Nela, é possível observar a relação entre a concentração do 
fármaco no compartimento principal (sangue/plasma) e nos tecidos, incluindo-se os alvos moleculares 
nos tecidos.
Concentração do fármaco nos tecidos
Co
nc
en
tr
aç
ão
 d
o 
fá
rm
ac
o 
no
 p
la
sm
a
Figura 3 – Correlação entre as concentrações do fármaco no sangue e nos tecidos
Adaptada de: Storpirtis et al. (2008, p. 281).
Dessa forma, parâmetros importantes, como concentração plasmática terapêutica e tóxica, 
são estabelecidos a partir desse raciocínio. Prevendo a correlação direta entre dose, concentração 
plasmática do fármaco e resposta/efeito terapêutico, é possível também determinar a concentração (C) 
de um fármaco em função do tempo (T) em diversos fluidos biológicos, como sangue, urina e saliva, após 
a administração de uma dose.
A figura 4 apresenta a curva de concentração versus tempo (C × T), mostrando basicamente a 
variação na concentração de um fármaco em função do tempo após a administração deste. Essa curva 
é a chamada “curva de decaimento”.
TatianaG
Realce
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Realce
TatianaG
Realce
14
Unidade I
0
0
25
50
75
100
(%) C (mg/L)
8
Tempo (unidade arbitrária)
Fármaco no tecido
EV = via endovenosa
VO = via oral
Fármaco excretado
Metabólito excretado
Co
nc
en
tr
aç
ão
Po
rc
en
ta
ge
m
 d
a 
do
se
 a
dm
in
ist
ra
da
Fármaco no sangue (VO)
Fármaco no sangue (EV)
4 12 16
Figura 4 – Curva de decaimento de um fármaco
Adaptada de: Storpirtis et al. (2008, p. 281).
Um ponto importante que deve ser levado em consideração é a via de administração do fármaco. No 
caso de fármacos administrados por via oral, é possível notar que a velocidade de absorção será maior 
que a velocidade de eliminação. Assim, a concentração plasmática do fármaco aumentará em função 
do tempo. Tem-se, então, um valor de concentração máxima no plasma (Cmáx) e o tempo necessário para 
atingir a concentração máxima (Tmáx). Após essa fase, os valores relacionados às taxas de eliminação são 
predominantes até a eliminação completa do fármaco.
Levando-se em conta as propriedades de homogeneidade cinética, é possível observar que a curva 
cinética do fármaco no sangue será semelhante à curva cinética do fármaco no tecido.
1.1.2 Modelos compartimentais e modelagem farmacocinética
Existem modelos matemáticos capazes de descrever os parâmetros cinéticos, nos quais o 
organismo é representado por um sistema compartimentalizado que leva em consideração suas 
características intrínsecas.
É claro que esse sistema é uma representação simplificada que permite a compreensão e o estudo do 
comportamento cinético dos fármacos, uma vez que o sistema biológico vivo é extremamente complexo.
Dessa forma, o modelo de compartimentos oferece uma aproximação da realidade, mas trata-se de 
uma importante ferramenta em termos de estudos farmacocinéticos.
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Realce
TatianaG
Realce
15
FARMACOTERAPIA
O modelo monocompartimental (um compartimento) considera o organismo de forma única e 
com características homogêneas. Nesse modelo, considera-se que ao se administrar um determinado 
fármaco, este é imediatamente distribuído pelos mais diversos territórios orgânicos, não considerando 
condições físico-químicas, anatômicas ou travessia de barreiras. A finalização do processo se dá por 
eliminação/excreção. Observe a figura 5, ela apresenta uma representação esquemática do modelo de 
um compartimento.
Administração do 
fármaco
Distribuição 
(compartimento) Eliminação/excreção
Figura 5 – Representação esquemática do modelo monocompartimental
No modelo de dois compartimentos (bicompartimental) é possível observar a divisão do organismo 
em central e periférico. O compartimento central é representado pelo sangue (plasma) e territórios 
nos quais se observa elevada perfusão, como cérebro, coração, rins, pulmões, fígado e as glândulas 
endócrinas. Nestes, são observadas altas concentrações do fármaco logo após sua administração.
O segundo compartimento é representado pelo tecido adiposo, a pele e a musculatura estriada. 
Nesses territórios, observa-se que o fármaco chega mais lentamente.
A figura 6 traz uma representação esquemática do modelo bicompartimental.
Administração do 
fármaco
Compartimento 
central (plasma)
Compartimento 
periféricoEliminação/excreção
Figura 6 – Modelo bicompartimental
TatianaG
Realce
TatianaG
Realce
TatianaG
Realce
16
Unidade I
Nesse modelo é possível avaliar a distribuição do fármaco do sangue para os tecidos e também seu 
retorno para o compartimento central (principal), o sangue.
Um ponto interessante desse modelo é a possibilidade de se observar a diferença entre tecidos com 
mais perfusão sanguínea e tecidos com menos.
Observe a figura 7, nela é possível conferir uma representação gráfica do comportamento cinético 
de um fármaco após administração em dose única em bolus.
 Observação
“Em bolus” é uma expressão muito utilizada na prática clínica. Trata-se 
de uma forma de administração endovenosa de um medicamento injetável de 
modo rápido, aumentando sua concentração rapidamente no sangue.
Fase alfa (distribuição)
Concentração inicial (pico)
Fase beta (eliminação)
C0
Tempo após a administração
Co
nc
en
tr
aç
ão
 p
la
sm
át
ic
a
Figura 7 – Representação esquemática da concentração plasmática de um fármaco administrado por 
via endovenosa, em dose única (modelo bicompartimental)
Fonte: Fuchs e Wannmacher (2017, p. 77).
Nesse gráfico é possível observar que, no início, tem-se alta concentração do fármaco no 
compartimento principal (sangue). Em dado momento observa-se o declínio rápido devido à distribuição 
do fármaco no compartimento periférico. Por definição, esse período é designado como “fase alfa” 
(distribuição). A duração da fase de distribuição está diretamente relacionada à meia-vida (T1/2) 
de distribuição. Assim que se estabelece o equilíbrio entre os compartimentos central e periférico, 
a queda da concentração plasmática do fármaco estará ligada à eliminação/excreção da substância.
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17
FARMACOTERAPIA
Temos então a chamada “fase beta” (eliminação). Nesse caso, ela é medida pela meia-vida (T1/2) 
de eliminação.
É possível observar que, em geral, as concentrações plasmáticas do fármaco caem abaixo do nível 
considerado terapêutico justamente nessa fase, pois trata-se de uma fase mais lenta se comparada à 
distribuição (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
Dessa forma, a partir da curva de concentração plasmática (figura 7), podemos calcular 
matematicamente os volumes de distribuição, também denominado volume de distribuição aparente, 
nos diversos compartimentos utilizando expressões matemáticas. O volume de distribuição (Vd) estabelece 
uma relação entre a quantidade de fármaco no organismo e sua concentração (C) no sangue. O volume 
de distribuição pode ser calculado por meio da seguinte expressão:
d
Quantidade de fármaco no organismo
V
C
=
Também é possível calcular o volume de distribuição nos compartimentos. Assim, temos o volume de 
distribuição no compartimento central (Vc). Este pode ser calculado por meio da fórmula:
Volume de distribuição central = 
Dose
Concentração inicial
Após a fase de distribuição entre os compartimentos central e periférico, temos o volume de 
distribuição no equilíbrio (Ve). Esse parâmetro é calculado por meio da fórmula:
Volume de distribuição de equilíbrio = 
0
Dose
C
Onde: C0 = concentração plasmática do fármaco. 
Essa é considerada uma concentração hipotética, por refletir uma distribuição imediata do fármaco. 
Na realidade, temos o processo de eliminação ocorrendo concomitantemente com o processo de 
distribuição do fármaco. Entretanto esse raciocíniopermite “compensar” a perda na concentração do 
fármaco durante esse processo.
Assim, o volume de distribuição no equilíbrio equivale ao volume de distribuição aparente.
Observamos que, após a fase de equilíbrio, a queda da concentração do fármaco está 
relacionada com as taxas de eliminação, ou seja, com a depuração (eliminação) plasmática ou 
clearance. Existe uma expressão matemática que permite o cálculo da depuração de um fármaco 
por um determinado compartimento. Tal expressão leva em conta o fluxo plasmático do órgão e a 
capacidade de extração.
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Unidade I
Depuração = Q . E
Onde: Q = fluxo plasmático do órgão 
 E = capacidade de extração
Para fármacos cuja velocidade de metabolização é diretamente proporcional à concentração do 
fármaco livre, a capacidade de extração de um determinado órgão expressa a capacidade desse órgão 
de extrair todo o fármaco presente na corrente sanguínea. Os rins e o fígado são os órgãos com maiores 
taxas de extração, contribuindo de forma importante na depuração dos fármacos. A depuração renal é 
a mais fácil de ser determinada. Ela pode ser feita por meio da análise da concentração plasmática do 
fármaco presente no plasma ou na urina.
A meia-vida de eliminação, que expressa o tempo necessário para reduzir pela metade a quantidade 
do fármaco no organismo durante o processo de eliminação, apresenta relação direta e proporcional 
com o volume de distribuição de equilíbrio, sendo inversamente proporcional à depuração do fármaco. 
Ela pode ser calculada a partir da seguinte expressão:
( )1 eliminação 2
0,693 . Vd
T 
depuração
=
Onde: Vd = volume de distribuição
Essas expressões matemáticas permitem os cálculos necessários para o planejamento racional de 
diversos esquemas posológicos, como dose única, infusão contínua e múltiplas doses.
1.1.3 Esquemas de administração de fármacos
Dose única
Dependendo do objetivo terapêutico estabelecido, o tratamento consiste na administração do 
fármaco em esquema de dose única.
Eventualmente, se faz necessária a repetição da dose devido à situação clínica em questão. Entretanto, 
diante da necessidade de repetição, é preciso fazer uma estimativa de quanto da dose inicial ainda 
permanece no organismo. Para tanto, deve-se considerar que a cada T1/2 (meia-vida), a concentração do 
fármaco reduz em 50%.
Portanto, se considerarmos de 4 a 5 meias-vidas após a administração da dose, é possível considerar 
que o fármaco foi eliminado.
Para o cálculo de dose única, utiliza-se a seguinte fórmula:
Dose única = concentração eficaz . VAD
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19
FARMACOTERAPIA
Onde: VAD = volume aparente de distribuição
Essa expressão é utilizada considerando a administração por via endovenosa, na qual o fármaco não 
passa por absorção. No caso do emprego de outra via, como a oral e outras pelas quais o fármaco passa 
pela fase de absorção, devemos levar em consideração a sua biodisponibilidade. A biodisponibilidade 
é um termo empregado para expressar a fração do fármaco administrado que alcança a circulação 
sistêmica na sua forma inalterada. Nesse caso, utiliza-se a seguinte expressão matemática para o 
cálculo da dose:
Dose única = ADConcentração eficaz . V
f
Onde: f = biodisponibilidade 
 VAD = volume aparente de distribuição
A administração do fármaco por vias nas quais ocorre absorção exigem, normalmente, doses mais 
elevadas, uma vez que o fármaco tem que atravessar barreiras até atingir o compartimento principal.
Cabe destacar que o emprego de fármacos em esquema de dose única deve ser cuidadoso no caso de 
fármacos de baixo índice terapêutico, em função do risco de ocorrência de reações adversas e toxicidade.
O índice terapêutico (IT) estabelece uma relação entre a dose letal de um fármaco para 50% dos 
indivíduos (DL 50%) e a dose eficaz de um fármaco para 50% dos indivíduos (DE 50%). Observe a 
expressão a seguir que apresenta a forma de calcular o IT:
Índice terapêutico (IT) = 
DL 50%
DE 50%
Assim, o índice terapêutico indica a margem de segurança no emprego de um fármaco por estabelecer 
uma relação entre a dose eficaz e a dose tóxica.
Desse modo, para esses fármacos é interessante optar por outra forma de administração parenteral, 
como a infusão lenta ou contínua. Diferentemente da administração em bolus, as infusões lenta e 
contínua atenuam o pico plasmático do fármaco, minimizando o risco de toxicidade e reações adversas.
Na figura 8, é possível observar o comportamento da concentração plasmática de um fármaco após 
ter sido administrado por via endovenosa em esquema de dose única.
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20
Unidade I
Injeção lenta
Injeção em bolo
Com absorção
Tempo
Co
nc
en
tr
aç
ão
 p
la
sm
át
ic
a
Figura 8 – Perfil da concentração plasmática de um fármaco administrado em dose única de três 
maneiras: em bolus (bolo), endovenosa lenta e uma via com absorção
Fonte: Fuchs e Wannmacher (2015, p. 100).
Múltiplas doses
De modo geral, o esquema de administração em múltiplas doses é o mais empregado na prática clínica.
Nesse esquema, observa-se o acúmulo do fármaco de tal maneira que seja alcançado o chamado 
“estado de equilíbrio”. No estado de equilíbrio, a quantidade do fármaco que “entra” no organismo é 
igual à quantidade de fármaco que “sai”, ou seja, quantidade metabolizada e eliminada.
O estado de equilíbrio depende do cumprimento adequado do esquema posológico — ou seja, que 
as doses e o intervalo entre as doses sejam respeitados. Caso contrário, flutuações importantes nas 
concentrações do fármaco impedem o estabelecimento do equilíbrio cinético.
A concentração que reflete o estado de equilíbrio depende da dose, do intervalo estabelecido entre 
as doses e das taxas de eliminação.
A principal fórmula que permite o cálculo estimado da concentração de equilíbrio é:
E
f . D
C
T . Cl
=
Onde: f = biodisponibilidade 
 D = dose 
 T = intervalo entre as doses 
 Cl = clearance (depuração)
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21
FARMACOTERAPIA
Uma vez que o clearance (depuração) está envolvido no cálculo, é possível fazer ajustes de doses 
adequados caso haja alguma alteração na eliminação do fármaco.
Levando-se em consideração o estado de equilíbrio do fármaco, ao aumentar o intervalo de tempo 
entre as doses, se faz necessário aumentar a dose para que sejam mantidas as concentrações de equilíbrio.
A figura 9 mostra uma representação gráfica das relações farmacocinéticas fundamentais para a 
administração de múltiplas doses de um fármaco.
Estado de equilíbrio
• Atingido depois de cerca de quatro meias-vidas
• O tempo decorrido até o estado de equilíbrio não 
depende da dose
Concentrações no estado de equilíbrio
• Proporcionais à dose/intervalo entre as doses
• Proporcionais à F/CL
Flutuações
• Proporcionais ao intervalo entre as doses/meia-vida
• Atenuadas pela absorção lenta
0
0
1
2
2 41 3
Tempo (múltiplos da meia-vida de eliminação)
Co
nc
en
tr
aç
ão
5 6
CSS
CL: clearance; Css: concentração média; F: biodisponibilidade
Figura 9 – Relações farmacocinéticas fundamentais para a 
administração de múltiplas doses de um fármaco
Fonte: Hilal-Dandan e Brunton (2015, p. 62).
Infusão contínua
Essa modalidade de infusão é empregada na administração de fármacos que apresentam meia-vida 
curta, ultracurta ou com índice terapêutico estreito. Dessa maneira, evita-se as altas concentrações de 
pico características de administrações repetidas.
Alguns fármacos são administrados necessariamente por infusão contínua; podemos citar 
norepinefrina, epinefrina, dopamina, dobutamina, dentre outros. Esquemas de analgesia e sedação com 
midazolam e fentanila também são administrados dessa maneira, para garantir o efeito contínuo de 
depressão do sistema nervoso central de forma eficaz e segura.
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22
Unidade I
Dose de ataque
Em algumas circunstâncias, se faz necessárioatingir rapidamente altas concentrações plasmáticas 
do fármaco; geralmente, são empregadas antes dos esquemas de múltiplas doses ou infusão contínua. 
Assim, a dose de ataque consiste na administração de uma dose inicial mais elevada em relação às 
demais doses, com o intuito de alcançar mais rapidamente as concentrações plasmáticas do fármaco 
dentro da faixa terapêutica desejada.
1.1.4 Esquema posológico
O esquema posológico é a expressão usada para descrever como um fármaco será administrado, 
levando em conta a dose e a duração do tratamento. Este esquema deve considerar também a meta 
farmacoterapêutica.
1.1.5 Monitoração plasmática de fármacos
Observamos que os níveis séricos dos fármacos permitem estimar as concentrações deles no sítio de 
ação. Isso permite estabelecer e/ou acompanhar a resposta farmacoterapêutica.
A monitoração plasmática torna-se extremamente útil nos casos em que há suspeita de falha terapêutica 
em função de subdosagem, bem como nos casos suspeitos ou confirmados de sobredosagem, ou seja, 
doses potencialmente tóxicas. Eventualmente, a monitoração plasmática permite o acompanhamento 
das concentrações plasmáticas com o intuito de garantir que as concentrações do fármaco estejam 
dentro da faixa terapêutica adequada e segura. Pode ser útil também, no ajuste posológico. 
Principalmente no ajuste de doses de fármacos de índice terapêutico estreito, ou seja, que apresentam 
baixa margem de segurança.
Essa medida garante que o ajuste de dose não levará as concentrações plasmáticas a níveis tóxicos 
ou a níveis subótimos.
A figura 10 mostra as faixas de concentração plasmática de um fármaco e o efeito esperado.
Considerando a concentração plasmática do fármaco em função do tempo, é possível calcular a 
área sob a curva (ASC), também conhecida por curva AUC, do inglês area under the curve. Essa medida 
aponta a extensão da absorção de um fármaco.
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FARMACOTERAPIA
Potencialmente tóxico
Tóxico
Terapêutico
Subótimo
Tempo
PO
IV
Co
nc
en
tr
aç
ão
 p
la
sm
át
ic
a
IV: intravenosa; PO: por boca, equivale à via oral (VO)
Figura 10 – Relação entre concentração plasmática do fármaco e efeitos terapêuticos e tóxicos
Fonte: Silva (2010, p. 64).
No caso de fármacos administrados por via oral, a biodisponibilidade é a relação da ASC após a 
administração oral e a ASC após administração endovenosa, conforme se observa na figura 11.
Fármaco 
administrado 
por via IV
Fármaco 
administrado 
por via oral
ASC 
(injetada)
ASC 
(oral)
Tempo
Fármaco 
administrado
Biodisponibilidade = ASC oral
ASC injetada
 x 100
Co
nc
en
tr
aç
ão
 p
la
sm
át
ic
a 
do
 fá
rm
ac
o
ASC: área sob a curva; IV: intravenosa (o mesmo que endovenosa)
Figura 11 – Determinação da biodisponibilidade de um fármaco
Fonte: Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 8).
24
Unidade I
Não se deve levar em consideração apenas as informações obtidas a partir da monitoração 
plasmática, uma vez que essas informações serão, provavelmente, utilizadas para ajuste do esquema 
posológico. Portanto, devem ser contextualizadas levando em consideração aspectos relacionados ao 
processo fisiopatológico, características do paciente e sinais e sintomas referidos e/ou manifestados 
pelo paciente.
A meta farmacoterapêutica deve ser bem estabelecida, de modo que a monitoração plasmática seja 
uma ferramenta útil no acompanhamento e seguimento farmacoterapêutico.
O quadro 1 apresenta alguns critérios que podem justificar a monitoração dos níveis séricos dos 
fármacos, segundo Fuchs e Wannmacher (2017).
Quadro 1 
Critérios que justificam a determinação de níveis plasmáticos de fármacos
1 Concentrações mínima eficaz e tóxica muito próximas
2 Necessidade de estabelecimento de concentrações de equilíbrio em tratamentos com doses repetidas
3 Efeito farmacológico proporcional à concentração plasmática
4 Efeito farmacológico de difícil mensuração (uso profilático)
5 Existência de significativas diferenças individuais em absorção, distribuição ou eliminação
6 Existência de conhecimentos farmacocinéticos padrão
7 Disponibilidade de método de dosagem confiável
Fonte: Fuchs e Wannmacher (2017, p. 80).
2 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Como já discutido, o conhecimento das propriedades de um fármaco e sua ação farmacológica são 
fundamentais para a farmacoterapêutica racional. Para isso, é preciso considerar a complexidade do 
organismo em termos estruturais, físico-químicos e bioquímicos.
Nesse contexto, cabe evidenciar que inúmeras substâncias endógenas e exógenas se relacionam no 
ambiente biológico. Portanto, é necessário conhecer todos os aspectos referentes aos fármacos para 
se alcançar o sucesso farmacoterapêutico, prever e/ou evitar interações que possam comprometer o 
resultado da terapêutica empregada e diminuir riscos potenciais à integridade física do paciente.
2.1 Conceito de interação medicamentosa
O conhecimento das propriedades básicas dos fármacos e de sua ação farmacológica é de fundamental 
importância para a realização de uma terapêutica adequada, considerando que o corpo humano é 
um sistema complexo formado por uma infinidade de substâncias que, inevitavelmente, entrarão em 
contato com os fármacos ingeridos no ambiente biológico.
 
25
FARMACOTERAPIA
Além disso, é preciso estar ciente da farmacodinâmica dos fármacos envolvidos na terapêutica 
para se evitar interações prejudiciais e possíveis efeitos adversos dos fármacos que aumentem os riscos 
ao paciente.
Interação medicamentosa pode ser definida como a influência recíproca de um medicamento 
sobre outra substância. Ou seja, quando um medicamento é administrado isoladamente, produz um 
determinado efeito. Porém, quando este é associado a outro medicamento, a alimentos ou a outras 
substâncias (como tabaco, drogas de abuso ou substâncias diversas com que o paciente possa entrar em 
contato, como inseticidas, produtos de limpeza, cosméticos etc.), ocorre um efeito diferente do esperado, 
o que caracteriza uma interação — e pode apresentar efeitos nocivos, diminuindo ou eliminando a ação 
dos medicamentos.
De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 140, de 29 de maio de 2003, da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), temos a seguinte definição de interação medicamentosa:
 
Interação medicamentosa: é uma resposta farmacológica ou clínica, 
causada pela combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois 
medicamentos dados individualmente. O resultado final pode aumentar ou 
diminuir os efeitos desejados e, ou, os eventos adversos. Podem ocorrer entre 
medicamento-medicamento, medicamento-alimentos, medicamento-exames 
laboratoriais e medicamento-substâncias químicas. A confiabilidade dos 
resultados dos exames laboratoriais pode ser afetada por sua interação com 
medicamentos (BRASIL, 2003b).
Quando há uma interação farmacológica entre dois ou mais fármacos, pode ocorrer a interferência 
de um dos fármacos sobre os outros, alterando o efeito esperado, qualitativa ou quantitativamente. 
Assim, pode-se obter um sinergismo de ação ou um antagonismo (parcial ou total) desses efeitos.
Muitos pacientes utilizam dois ou mais medicamentos diariamente. Portanto a possibilidade de 
interação medicamentosa tende a ser mais frequente, favorecendo o aparecimento de problemas 
relacionados aos medicamentos (PRM) (RIBEIRO NETO; COSTA JUNIOR; CROZARA, 2017). Cabe destacar 
que a polifarmácia — caracterizada pelo uso de quatro ou mais medicamentos — aumenta o risco de 
reações adversas e interações medicamentosas.
Estudos apontam que pacientes que recebem dois medicamentos apresentam risco de 13% de ter 
interações medicamentosas. Em pacientes que recebem quatro medicamentos, esse número passa a 
ser de 28%, e em pacientes que recebem sete medicamentos ou mais, o número eleva-se para 82% 
(GALLAGHER, 2007 apud RIBEIRO NETO; COSTA JUNIOR; CROZARA, 2017). Tais dados permitem a 
percepção do impacto das interações medicamentosas na farmacoterapia.
Entretanto as interações medicamentosaspodem apresentar efeitos benéficos para o organismo, e até 
mesmo ser utilizadas para aumentar os efeitos terapêuticos ou reduzir a toxicidade de um determinado 
fármaco, em função da dose necessária para atingir a resposta terapêutica adequada. Temos, então, a 
adição ou a somação dos efeitos.
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26
Unidade I
Na adição, a resposta farmacológica é obtida como resultado dos efeitos combinados de cada 
fármaco. Nesse caso, os fármacos apresentam o mesmo mecanismo de ação. Por exemplo, podemos 
citar a associação de dois anti-inflamatórios não esteroidais (Aines), como o ácido acetilsalicílico e a 
dipirona, que apresentam o mesmo mecanismo de ação — ambos são inibidores da ciclo-oxigenase.
No caso da somação, temos a associação de dois fármacos com mecanismos de ação diferentes, mas 
que levam ao mesmo efeito farmacológico. Por exemplo, podemos citar a associação de codeína com 
paracetamol. A codeína, um opioide, apresenta ação central, enquanto o paracetamol, um inibidor da 
ciclo-oxigenase, tem ação predominantemente periférica. Observe que nos dois casos há a combinação 
dos efeitos analgésicos dos fármacos associados.
2.2 Classificação das interações medicamentosas
As interações medicamentosas são classificadas, quanto à origem, em dois tipos: interações 
farmacêuticas e interações terapêuticas.
• Interações farmacêuticas:
— São interações físico-químicas que ocorrem “fora” do paciente, pois entre fármacos diferentes 
podem ocorrer numerosas incompatibilidades, que levam a reações quando estas são misturadas 
em infusão intravenosa, frascos ou seringas, podendo ocasionar a inativação dos fármacos em 
questão. Um exemplo é a precipitação da anfotericina B coloidal quando colocada em solução 
fisiológica.
• Interações terapêuticas:
— As interações terapêuticas ocorrem no ambiente biológico, após a administração do 
medicamento, e podem ser farmacocinéticas ou farmacodinâmicas.
– As interações farmacocinéticas ocorrem durante os processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção dos fármacos. Por exemplo, a cimetidina (anti-histamínico 
H2), que inibe a biotransformação do paracetamol.
– As interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos fármacos, envolvendo os 
mecanismos pelos quais os efeitos farmacológicos se processam. Esse processo pode ser de 
dois tipos: interações farmacodinâmicas sinérgicas (como ocorre com a ação analgésica do 
paracetamol e da codeína) ou antagônicas (antitussígeno com um xarope expectorante).
Outra classificação importante das interações medicamentosas leva em consideração a gravidade 
das interações. O quadro 2 apresenta de forma sucinta essa classificação.
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FARMACOTERAPIA
Quadro 2 – Classificação das interações medicamentosas 
segundo a gravidade
Gravidade alta A interação pode oferecer ameaça à vida, sendo necessário tratamento ou intervenção médica para minimizar ou prevenir os efeitos adversos graves
Gravidade moderada A interação pode piorar o quadro clínico do paciente, sendo necessária a alteração da terapia
Gravidade baixa
A interação pode comprometer os efeitos clínicos esperados. As manifestações 
podem aumentar a frequência ou a gravidade dos efeitos adversos, mas 
geralmente não é necessária a modificação na terapia
Adaptado de: Ribeiro Neto, Costa Junior e Crozara (2017).
A combinação das formas de classificar e observar as interações possíveis ou em andamento nos 
permite condutas mais apropriadas em termos de acompanhamento e seguimento farmacoterapêutico e 
de estabelecimento de relações de causa e efeito. A prescrição racional também se beneficia bastante 
dessa conduta.
Segundo Pivatto Junior, Bernardi e Barros (2010), há outras maneiras de classificar as interações 
medicamentosas. São elas:
• Conforme o início:
— Rápido: até 24 horas após a administração do fármaco.
— Tardio: mais de 24 horas após a administração do fármaco.
• Conhecimento sobre a interação medicamentosa:
— Excelente: estudos fornecem dados confiáveis e estabelecem adequadamente a interação.
— Bom: os dados disponíveis sugerem fortemente a existência da interação. Entretanto são 
necessários estudos controlados mais apropriados.
— Razoável: poucos dados, mas as informações farmacológicas apontam para a suspeita de 
existência da interação.
— Pobre: a documentação é pobre e limitada, levando em consideração apenas relatos de casos, 
entretanto, pode ser possível.
— Improvável: documentação é pobre e carece de mais estudos com embasamento farmacológico.
As interações medicamentosas também podem ser classificadas conforme o mecanismo que as 
originaram. O quadro 3 contém essa classificação.
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Unidade I
Quadro 3 – Exemplos de interações maiores, moderadas ou menores
Interações
Maiores
Ácido acetilsalicílico + heparina Pode resultar em um aumento do risco de sangramento
Captopril + cloreto de potássio Pode resultar em hipercalemia
Codeína + morfina Pode resultar em depressão respiratória aditiva
Moderadas
Ácido acetilsalicílico + insulina Pode resultar em hipoglicemia (depressão do sistema nervoso central, convulsões)
Carbamazepina + sinvastatina
Pode resultar em redução da concentração 
sérica da sinvastatina, pela indução enzimática 
provocada pela carbamazepina
Digoxina + furosemida Pode resultar em toxicidade digitálica (náuseas, vômitos, arritmias)
Menores
Ciprofloxacino + propranolol Pode resultar em bradicardia, hipotensão
Furosemida + hidralazina Pode resultar em aumento da resposta à furosemida
Omeprazol + vitamina B12 
Pode resultar em diminuição da absorção da 
vitamina B12
Adaptado de: Pivatto, Bernardi e Barros (2010, p. 105).
2.2.1 Interações farmacocinéticas
Como pudemos observar, as interações farmacocinéticas ocorrem num ponto do processo cinético 
do fármaco no ambiente biológico — ou seja, na absorção, distribuição, metabolização ou excreção.
Durante o processo de absorção de um fármaco administrado por via oral, é possível que ocorra 
alteração na velocidade de absorção e, consequentemente, na concentração plasmática de um fármaco 
na presença de outros.
A absorção de um fármaco está diretamente ligada a características físico-químicas intrínsecas desse 
fármaco, do ambiente físico-químico e da porção do trato gastrintestinal no qual o fármaco é absorvido.
Dessa maneira, alterações no pH do digestório podem influenciar os processos de dispersão da forma 
farmacêutica e a dissolução do fármaco no ambiente estomacal ou intestinal. Cabe destacar que, de 
acordo com os parâmetros cinéticos do fármaco — como pKa, lipossolubilidade e o pH do ambiente 
gastrintestinal —, ele estará predominantemente em sua forma ionizada ou na forma não ionizada 
(neutra). Para ser absorvido adequadamente, ele precisa estar na forma não ionizada, de modo que seja 
possível a travessia das barreiras de natureza lipofílica.
Assim, substâncias que alterem as condições físico-químicas do sítio de absorção podem comprometer 
a absorção de outros fármacos, quando associados.
Como exemplo, podemos citar o uso de antiácidos, inibidores da bomba de prótons ou bloqueadores 
H2, que podem interferir na absorção de fármacos de caráter ácido, que são, preferencialmente, 
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FARMACOTERAPIA
absorvidos no estômago. É o caso do cetoconazol, cuja absorção será reduzida quando associado à 
cimetidina, pois o aumento do pH gástrico leva a uma diminuição da absorção do cetoconazol. Outro 
exemplo é o hidróxido de magnésio, que reduz a absorção estomacal do pentobarbital, que apresenta 
caráter ácido.
Além das condições físico-químicas, temos que considerar a motilidade do trato gastrintestinal. 
Assim, o tempo do trânsito pode interferir na absorção dos fármacos. Dependendo da substância 
utilizada, podemos ter aumento ou diminuição da motilidade, e o resultado dessa interação dependerá 
de quais substâncias estãoassociadas. Como exemplos, podemos citar a associação de metoclopramida 
e paracetamol numa terapêutica combinada. A metoclopramida aumenta a velocidade de esvaziamento 
gástrico e, por consequência, aumenta a absorção do paracetamol, que é absorvido predominantemente 
no intestino. Outro caso que pode ser observado é o uso de metoclopramida e digoxina, em que o 
aumento da velocidade do processo de esvaziamento gástrico leva à redução da absorção da digoxina.
Outro mecanismo digno de nota é a formação de complexos insolúveis. Esse fenômeno não 
tem relação com a ação farmacológica dos fármacos envolvidos, mas sim com as características 
químicas das substâncias. Nesse caso, dois fármacos interagem um com o outro de tal forma que 
ocorre comprometimento e, até mesmo, inibição da absorção dessas substâncias. É o clássico caso da 
administração de tetraciclina com leite. Na presença de metais bivalentes — no caso, o cálcio (Ca2+) —, 
ocorre a formação de um complexo insolúvel que diminui a absorção de ambos. Outro exemplo é a 
ciprofloxacina na presença de cálcio ou ferro, também ocorre a formação de um complexo insolúvel que 
reduz a absorção do fármaco e dos metais.
Isso explica por que muitos medicamentos precisam ser administrados em horários distantes das 
refeições — por exemplo, uma hora antes ou duas horas depois —, ou esquemas que determinam 
intervalos de tempo específicos entre a administração de duas ou mais substâncias.
Em relação à distribuição, há a preocupação no que se refere à ligação com as proteínas plasmáticas, 
principalmente a albumina. Para que o fármaco proporcione a resposta farmacológica, este deverá estar 
na sua forma livre para que possa atravessar barreiras e também interagir com seu alvo molecular.
Entretanto é fundamental que as proporções entre fármaco livre e fármaco ligado às proteínas 
plasmáticas devem ser adequadas para que não haja aumento ou diminuição da fração livre do fármaco, 
alterando o efeito farmacológico desejado ou aumentando sua toxicidade.
Podemos observar que fármacos distintos podem competir pelas proteínas plasmáticas e, dependendo 
da maior ou menor afinidade pelas proteínas, alterar as proporções individuais de fármaco livre e 
fármaco ligado à proteína plasmática.
Observe o equilíbrio cinético entre as concentrações de fármaco livre (Flivre), proteína plasmática 
(Pplasmática) e fármaco ligado à proteína plasmática (FP).
[ FP ] ↔ [Flivre] + [Pplasmática]
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30
Unidade I
Nota-se que fármacos que se ligam extensamente e apresentam baixo volume de distribuição podem 
levar ao deslocamento da ligação às proteínas. É o caso, por exemplo, da varfarina ou da fenitoína. A 
varfarina, quando utilizada com a fenilbutasona, sofre deslocamento e, por consequência, tem sua 
fração livre aumentada; o resultado é o aumento do risco de hemorragia.
Quando associadas ao metotrexato num esquema terapêutico, as sulfonamidas deslocam o 
metotrexato; nesse caso, pode ocorrer aumento da toxicidade atribuída ao metotrexato.
Ao se estudar o metabolismo, é possível observar uma parcela importante das interações 
medicamentosas, uma vez que a maioria dos fármacos são metabolizados no fígado. Um fármaco pode 
interferir na metabolização de outro, aumentando ou diminuindo sua taxa de metabolização. Isso 
pode acontecer por indução enzimática ou inibição enzimática.
No caso da indução enzimática, observa-se aumento da atividade do citocromo P-450. O 
citocromo P-450 ou CYP-450, localizado no retículo endoplasmático do hepatócito, caracteriza-se por 
uma superfamília de enzimas envolvidas no metabolismo de uma grande variedade de substâncias, 
inclusive fármacos. Dessa forma, o aumento da atividade enzimática pode levar à metabolização 
mais rápida e comprometer as concentrações adequadas do fármaco que permitem a resposta 
farmacoterapêutica apropriada.
Como indutores enzimáticos, podemos citar os barbitúricos, carbamazepina ou rifampicina. Como 
exemplos de interações podemos citar o fenobarbital, que por indução enzimática leva à diminuição das 
concentrações séricas da varfarina, ou o caso da carbamazepina e da fenitoína, que reduzem os níveis 
séricos de corticoides, também por indução enzimática.
A rifampicina, também um indutor enzimático, diminui os níveis séricos dos contraceptivos orais.
Em contrapartida, temos a inibição enzimática. Nesse processo, observa-se a redução da metabolização 
de um ou mais fármacos e, como resultado, o aumento do tempo de meia-vida plasmática do(s) 
fármaco(s) cuja biotransformação foi inibida.
A cimetidina e a eritromicina são inibidores enzimáticos, assim como cloranfenicol, corticoides, 
fluconazol, cetoconazol, ciprofloxacina, inibidores da monoaminaoxidase (MAO), entre outros. O cetoconazol, 
por exemplo, por inibição enzimática, aumenta os níveis plasmáticos de bloqueadores de canis de cálcio, 
carbamazepina e ciclosporina.
Interações também podem ocorrer no processo de excreção. Nesse caso, a interação se dá 
predominantemente nos rins, principal órgão de eliminação.
Observa-se que a competição pela secreção tubular representa o principal mecanismo em termos de 
alterações por interação na eliminação de fármacos.
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FARMACOTERAPIA
O verapamil inibe a secreção tubular da digoxina; como consequência, ocorre aumento das 
concentrações séricas da digoxina, podendo aumentar sua toxicidade. No caso do lítio, sua excreção 
estará aumentada na presença de diuréticos osmóticos; já na presença de inibidores da enzima conversora 
de angiotensina (ECA) ocorre aumento na reabsorção tubular, com aumento das concentrações 
séricas do lítio.
2.2.2 Interações farmacodinâmicas
As interações farmacodinâmicas caracterizam-se por modificação na resposta farmacológica 
do fármaco.
Podem ser consideradas diretas (a interação ocorre no alvo molecular, ou seja, no sítio receptor) e 
indiretas (a interação ocorre entre fármacos que apresentam mecanismos de ação distintos). Em geral, 
a maioria das interações farmacodinâmicas se dão de maneira indireta.
Nas interações farmacodinâmicas diretas, os fármacos envolvidos estão competindo por determinados 
receptores. Um exemplo é a interação entre salbutamol (agonista β2) e os β-bloqueadores não seletivos, 
como o propranolol ou timolol.
Cabe considerar, então, que a administração de fármacos com mecanismo de ação e efeitos 
farmacológicos semelhantes pode resultar em diversos tipos de respostas. Isso pode ser útil ou deletério 
em termos farmacoterapêuticos.
A resposta farmacológica será considerada aditiva quando o efeito da combinação dos fármacos 
for igual à soma dos efeitos proporcionados por cada substância, quando comparada com as respostas 
proporcionadas pelos fármacos empregados isoladamente, podendo ser terapêutica ou tóxica.
Nas interações farmacodinâmicas em que se observa uma resposta farmacológica potencializada, 
temos um efeito final maior que a somatória dos efeitos farmacológicos esperados das substâncias 
envolvidas. Como exemplo podemos citar a interação do álcool com benzodiazepínicos. Nesse caso, 
pode-se observar maior efeito depressivo sobre o sistema nervoso central, se comparado ao efeito 
esperado das substâncias utilizadas isoladamente.
A potencialização pode ser interessante no planejamento racional de um esquema farmacoterapêutico 
combinado, pois permite que a dose do fármaco considerado mais tóxico seja reduzida sem que haja 
comprometimento no resultado terapêutico do paciente.
Em contrapartida, alguns fármacos, ao serem empregados em combinação, podem comprometer de 
forma negativa a resposta farmacológica deles próprios e de outros fármacos.
Destaca-se o caso do uso concomitante de fármacos hipoglicemiantes e glicocorticoides. Observa-se, 
nesse caso, o bloqueio dos efeitos hipoglicemiantes. Ou, então,a diminuição dos efeitos opioides 
do tramadol.
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Unidade I
Desse modo, os profissionais de saúde precisam conhecer e ter acesso às informações sobre 
interações medicamentosas, pois isso permite acompanhar e planejar adequadamente a terapêutica 
medicamentosa.
Também é fundamental informar o prescritor sobre o uso concomitante de fármacos que possam 
causar problemas clínicos ou ser potencialmente perigosos. O paciente também deve participar 
de maneira ativa, relatando todo e qualquer sinal e sintoma que aponte para uma reação adversa. 
Outro ponto fundamental é o acompanhamento e seguimento farmacoterapêutico, que propicia uma 
intervenção de tal forma que medidas de contenção e controle sejam instituídas com a maior brevidade, 
minimizando danos e riscos ao paciente. Mas o planejamento racional permite antever as possíveis 
interações, o que proporciona uma farmacoterapia mais segura.
 Saiba mais
Leia este interessante artigo sobre o uso de fitoterápicos e os potenciais 
riscos de interações medicamentosas:
DIAS, E. C. M. et al. Uso de fitoterápicos e potenciais riscos de interações 
medicamentosas: reflexões para prática segura. Revista Baiana de Saúde 
Pública, Salvador, v. 41, n. 2, p. 297-307, abr./jun. 2017. Disponível em: 
https://cutt.ly/RUHWNYU. Acesso em: 7 dez. 2021.
3 FARMACOVIGILÂNCIA
Segundo a OMS (WHO, 2002), a farmacovigilância tem por objetivo atividades ligadas a detecção, 
avaliação, compreensão e prevenção de reações adversas ou outros problemas relacionados ao uso 
de medicamentos.
O Terceiro Consenso de Granada define problemas relacionados a medicamentos (PRM) como 
situações nas quais o uso de medicamentos pode provocar resultados deletérios durante seu uso, 
interferindo de diversas formas no resultado farmacoterapêutico esperado (FORO, 2006 apud COMITÊ DE 
CONSENSO, 2007). O mesmo Consenso propõe uma classificação dos PRM que leva em consideração os 
principais requisitos para a utilização racional dos medicamentos, como: ser necessário, efetivo e seguro.
Atualmente, o campo de atuação da farmacovigilância é mais amplo e inclui também fitoterápicos, 
vacinas, produtos para a saúde, produtos biológicos, hemoterápicos, medicamentos tradicionais e 
complementares.
Dessa maneira, a farmacovigilância visa melhorar os cuidados destinados aos pacientes em relação 
ao uso de medicamentos, mas também procedimentos médicos e outros aspectos relacionados aos 
cuidados à saúde.
33
FARMACOTERAPIA
As informações geradas pelos programas de farmacovigilância permitem não apenas monitorar a 
ocorrência de problemas relacionados aos medicamentos, mas, principalmente, melhorar a saúde pública 
e a segurança sobre o uso de medicamentos, avaliar o equilíbrio risco/benefício, risco/efetividade dos 
medicamentos, promover educação, treinamento sobre o tema e proporcionar efetiva comunicação 
com a população.
Mas, para que a farmacovigilância seja efetiva, é fundamental a participação dos profissionais de 
saúde. O envolvimento contínuo e ativo desses profissionais, por meio dos mecanismos de notificação 
voluntária de suspeita e/ou sinais de reações adversas, garante a dinâmica apropriada dos sistemas 
de farmacovigilância. Entretanto, para que seja possível o cumprimento dessa tarefa, é necessário um 
sistema de notificações bem estruturado e que permita a análise criteriosas dessas informações.
No Brasil, o VigiMed é o sistema nacional em vigor para notificações de eventos adversos 
relacionados ao uso de medicamentos e vacinas. Foi instituído em 2018 pela Anvisa em parceria com 
o Uppsala Monitoring Centre (UMC). Esse centro é responsável mundialmente por todos os aspectos 
tecno-operacionais do Programa Internacional de Monitoramento de Medicamentos (PIMM) da OMS. 
Também auxilia a implantação e desenvolvimento de programas de farmacovigilância nos países que 
fazem parte desse programa.
O Brasil faz parte do PIMM desde 2001, e é representado pelo Centro Nacional de Monitorização de 
Medicamentos com sede na Anvisa.
O VigiMed conta com três versões de ferramentas para notificação destinadas a cada tipo de usuário. 
Uma versão é dedicada a cidadãos e profissionais liberais de saúde, ou seja, sem vínculo com uma 
instituição. Uma segunda versão é voltada a serviços de saúde e a órgãos de vigilância sanitária locais. 
A terceira é destinada a detentores de registro dos medicamentos.
 Saiba mais
Para que você entenda melhor o Programa Internacional de 
Monitoramento de Medicamentos da OMS, recomendamos que consulte:
UPPSALA MONITORING CENTRE. The WHO Programme for International 
Drug Monitoring. [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/5UHEqjE. Acesso em: 
8 dez. 2021.
3.1 Métodos em farmacovigilância
De acordo com a literatura, as práticas em farmacovigilância podem ser realizadas por meio de três 
métodos: vigilância passiva, vigilância ativa e estudos epidemiológicos.
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Unidade I
3.1.1 Vigilância passiva
Esse método consiste, basicamente, nos relatos de casos a partir de notificações espontâneas de 
eventos adversos a medicamentos realizadas por profissionais de saúde.
A OMS preconiza esse método por ser de baixo custo, fácil acesso aos sistemas de notificação e os 
profissionais notificadores estarem próximos ao evento.
Entretanto o método passivo de farmacovigilância apresenta uma limitação que pode comprometer 
o real impacto relacionado às reações adversas — trata-se da subnotificação. Diversos são os motivos que 
podem levar à subnotificação, entre eles, podemos destacar: o desinteresse ou a falta de conhecimento 
sobre processos de notificação e sobre a importância da notificação, além de dúvidas pessoais quanto à 
necessidade ou não de notificar, diante da incerteza sobre a relação de causa e efeito. O profissional 
pode sentir-se responsável por prescrever, dispensar ou administrar o medicamento que causou a 
reação adversa.
Para minimizar esse problema, educação, treinamento e conscientização dos profissionais de 
saúde são fundamentais. É muito importante que esses profissionais tenham sempre em mente suas 
responsabilidades em relação ao paciente e ao sistema de saúde.
As notificações espontâneas funcionam como um “termômetro” em termos de problemas 
relacionados aos medicamentos. A percepção desses problemas pelas agências reguladoras é essencial 
para acompanhar as necessidades de intervenção e tomada de decisão.
Outro problema relacionado às notificações espontâneas e que pode comprometer as informações 
tem relação com erros no preenchimento da notificação e falta de dados. Desse modo, a qualidade da 
notificação também é muito importante para que os dados relevantes não sejam perdidos.
3.1.2 Vigilância intensiva
Esse método compreende três técnicas: busca sistemática ou ativa, rastreadores de reações adversas 
e sistema de mineração de dados.
Busca sistemática ou ativa
Consiste na investigação e no monitoramento de pacientes internados em unidades hospitalares. 
O objetivo é identificar reações adversas nesses pacientes provenientes da farmacoterapêutica 
empregada durante o tratamento hospitalar. A busca se dá por meio da avaliação de prontuários e a 
análise de prescrições e exames realizados. São observados também relatos da própria equipe de saúde 
e conversas com o paciente.
Esse método é considerado um pouco mais custoso em função da necessidade de contratação de 
profissionais treinados e qualificados, ou de proporcionar o treinamento adequado à equipe.
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FARMACOTERAPIA
Rastreadores de reações adversas (trigger tools)
Essa técnica consiste em utilizar indicadores de eventos-sentinela (eventos graves indesejáveis que 
ocorrem em ambientes hospitalares selados e exigem investigação criteriosa).
 Observação
A expressão hospital selado refere-se ao selo do Compromisso com a 
Qualidade Hospitalar (CQH). O modelo degestão do CQH tem como objetivo 
contribuir para a melhoria da qualidade das instituições hospitalares.
Sistema de mineração de dados (data mining)
Nesse sistema, são aplicados algoritmos capazes de identificar padrões não detectados em bases de 
dados e estabelecer correlações entre os parâmetros ou variáveis que estão sendo analisadas.
A OMS dispõe da maior base de dados de relatos de reações adversas a medicamentos, e emprega 
essa técnica para poder detectar novos sinais em termos de farmacovigilância.
3.1.3 Estudos epidemiológicos
Trata-se de um método observacional para detecção de eventos adversos a medicamentos. Nesse 
método, um grupo de pacientes é exposto a um certo fármaco e é acompanhado durante determinado 
período, a fim de se verificar a ocorrência de reações adversas. Esses pacientes são divididos em dois 
grupos: o grupo daqueles que manifestam uma reação adversa e o grupo sem manifestações. Nesse tipo 
de estudo, não há interferência do pesquisador.
É importante destacar que a amostra para esses estudos deve ser estatisticamente significativa, de 
modo que seja possível extrapolar os resultados para a população geral.
Para que esse método seja bem-sucedido, é necessário estabelecer protocolos clínicos adequados e 
criteriosos para acompanhar os pacientes e uma equipe clínica qualificada e capacitada para trabalhar 
com essa metodologia.
Embora o método permita estudar apenas um evento adverso, variados fatores de risco podem ser 
identificados e avaliados.
3.2 A pesquisa clínica
Sabemos que, atualmente, antes de um medicamento ser efetivamente disponibilizado ao mercado, 
este é submetido a um processo de pesquisa e desenvolvimento envolvendo etapas in vitro e in vivo.
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Unidade I
Nas etapas in vivo são utilizados modelos animais e humanos. A partir das informações previamente 
obtidas dos estudos in vitro e in vivo (ainda com modelos animais), e comprovando-se a eficácia e a 
segurança, iniciam-se as pesquisas em seres humanos: é a chamada pesquisa clínica. Essa pesquisa é 
realizada em algumas fases, conforme expõe a figura 12.
Voluntários 
sadios/estáveis
Tolerabilidade
Segurança
Farmacocinética
Eficácia
Fase I
Fase II
Fase III
Fase IV
População-alvo Estudos 
randomizados, 
multicêntricos
Novas indicações
Farmacovigilância
Estudos de vida real
Figura 12 – Fases da pesquisa clínica
Disponível em: https://cutt.ly/pUHEybE. Acesso em: 15 dez. 2021.
De acordo com a Resolução n. 251, de 7 de agosto de 1997, do Conselho Nacional de Saúde 
(BRASIL, 1997), e a Resolução n. 129/1996 do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL, 1996), essas fases 
se organizam da seguinte maneira:
Fase I
Nessa fase, observamos os primeiros estudos em seres humanos, geralmente realizados em um 
número pequeno de voluntários sadios (eventualmente, indivíduos portadores de determinadas 
patologias). Esses estudos têm por objetivo estabelecer, preliminarmente, a segurança do fármaco, seu 
perfil farmacocinético e, quando for possível, o perfil farmacodinâmico.
Fase II (estudo terapêutico piloto)
Os estudos dessa fase têm por objetivo demonstrar a atividade e a segurança do fármaco em curto 
prazo. Participam dessa fase um pequeno número de indivíduos voluntários, portadores de determinada 
37
FARMACOTERAPIA
patologia ou processo fisiopatológico. São definidos os intervalos de doses e busca-se estabelecer a 
relação dose-resposta.
Fase III (estudo terapêutico ampliado)
Os estudos de fase III são realizados em um grupo maior e variado de pacientes voluntários, 
portadores da patologia para a qual o medicamento foi desenvolvido. Nessa fase, o objetivo é determinar 
o risco/benefício em curto e longo prazo do medicamento e, de forma geral, o valor terapêutico relativo. 
Também são avaliadas as reações adversas mais frequentes e características específicas do medicamento 
e/ou especialidade farmacêutica (como interações importantes), fatores que podem interferir no efeito 
(como idade) etc.
Fase IV (pesquisa pós-comercialização)
Os estudos realizados nessa fase ocorrem após o medicamento ter sido aprovado, registrado e já 
estar sendo comercializado no mercado. Todo e qualquer estudo nessa fase deve seguir os mesmos 
preceitos éticos e científicos adotados nas fases anteriores.
Nessa fase temos os estudos de vigilância pós-comercialização, objetivando estabelecer o 
valor terapêutico, detectar e compreender novas reações adversas, confirmar as reações adversas já 
conhecidas em relação a frequência de ocorrência e estratégias terapêuticas. Incluem-se aqui estudos 
de farmacoepidemiologia, farmacovigilância e bioequivalência.
Cabe destacar que, após a comercialização de um medicamento, todos os estudos com o objetivo 
de estabelecer novas indicações, formas de administração etc. são considerados como estudos de um 
novo medicamento.
Assim, sendo o medicamento aprovado nas fases I, II e III da pesquisa clínica, é possível 
observar evidências de que o medicamento traz benefícios à população-alvo. Ou seja, as vantagens 
farmacoterapêuticas superam os riscos como reações adversas. Assim, o produto recebe o registro do 
órgão regulador — que, no Brasil, é a Anvisa — e passa a ser comercializado.
Contudo, por mais bem estruturada e conduzida que seja a pesquisa clínica (estudos clínicos), não é 
possível elucidar todos os pontos relacionados a eficácia e segurança.
Devemos lembrar que as fases da pesquisa clínica são conduzidas com um número específico de 
sujeitos de pesquisa e com características específicas — ou seja, são grupos controlados. Dessa maneira, 
apresentam baixo grau de variabilidade estatística.
Infelizmente, os ensaios de pesquisa clínica não permitem detectar, identificar e compreender todas 
as possíveis reações adversas, devido a certas limitações do método, encaradas como desvantagens. Por 
exemplo, o período de condução dos ensaios e a exclusão de determinados grupos (como gestantes, 
crianças e idosos) que apresentam características fisiológicas particulares e podem interferir em 
parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos. Tal exclusão leva em conta a exposição não justificada 
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Unidade I
desses grupos a riscos ainda não conhecidos do medicamento. Outro ponto que deve ser considerado 
é a polifarmácia (ou polimedicação), que, durante os ensaios clínicos, é extremamente controlada para 
minimizar o risco de mascaramento de resultados farmacoterapêuticos ou reações adversas.
Uma vez que o medicamento passa a ser comercializado em escala global, observamos a exposição 
do medicamento aos mais diversos grupos humanos e nas mais diversas condições. Passamos, então, a 
levar em consideração variabilidade genética, hábitos alimentares, estilos de vida, perfil de prescrição, 
condições fisiopatológicas, entre outros fatores. Portanto passamos a atentar também à variabilidade 
estatística, devido ao aumento substancial no número de indivíduos expostos ao medicamento.
Dessa maneira, fica evidente a importância da monitoração contínua dos medicamentos 
disponibilizados no mercado, em especial os medicamentos novos. Isso faz da fase IV (pós-comercialização) 
uma etapa extremamente importante, por ser caracterizada pela farmacovigilância.
3.3 Reações adversas a medicamentos
É possível afirmar que os principais problemas observados em farmacovigilância são:
• reações adversas a medicamentos;
• inefetividade terapêutica (falha terapêutica);
• desvios de qualidade de medicamentos;
• erros de medicação.
De acordo com a OMS, as reações adversas aos medicamentos podem ser definidas como 
qualquer evento nocivo e não intencional que ocorreu na vigência do uso de medicamentos em 
doses normalmente usadas em humanos com finalidade terapêutica, profilática ou diagnóstica (WHO, 1969). 
Elas também são conhecidas como efeito indesejável ou doença iatrogênica (iatrogenia). Sobredose 
(overdose) e abuso de drogas ilícitas não fazem parte desse conceito, assim como reações indesejáveis 
determinadas por falha terapêutica, erros de administração e não adesão ao

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