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Prática Forense Penal Carta Testemunhável


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Prática Forense Penal
PROF.: CRISTIANO B. MOTTA
PRÁTICA FORENSE PENAL
CARTA TESTEMUNHÁVEL
Arts. 639 a 645, CPP
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Origem Histórica
▪ Império – Tinha objetivo evitar o ocultamento 
de recursos por parte dos juízes evitando a 
reforma de suas decisões.
▪ O interessado comparecia com duas 
testemunhas perante o escrivão alegando a 
vontade de recorrer, e se não fosse processado 
o recurso, o prejudicado levaria o fato ao 
Tribunal, com o apoio daquelas testemunhas, 
surgindo a nomenclatura de CARTA 
TESTEMUNHÁVEL. 
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CONCEITO
“Instrumento pelo qual a parte, a quem se 
denegue a interposição ou seguimento de 
algum recurso, leva a questão ao 
conhecimento do juízo ad quem, para que este 
mande admitir ou subir o mesmo recurso, ou 
dele conheça imediatamente, julgando-o de 
meritis” (Costa Manso);
“Recurso que tem por finalidade exclusiva 
promover a subida de outro recurso à segunda 
instância” (Fernando Capez).
Art. 639, CPP. 
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Natureza Jurídica
▪ Simples instrumento destinado a promover o 
conhecimento do recurso.
▪ Recurso cuja finalidade é permitir a 
apreciação de outro recurso pelo tribunal.
▪ Somente é cabível quando inexistir outra via 
recursal (recurso residual)
 
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Cabimento – Art. 639
▪ Da decisão que denegar o recurso cuja 
competência seja de órgão imediatamente 
superior ao juízo recorrido;
▪ Da decisão que, admitindo embora o 
recurso, obstar a sua expedição e 
seguimento para o juízo ad quem.
◦ Ex. Da decisão que não receber a apelação 
cabe Recurso em sentido Estrito (art. 581, XV do 
CPP), assim não cabe CARTA TESTEMUNHÁVEL, 
mas, é possível o recurso da decisão que não 
receber esse recurso.
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Cabimento – Art. 639
▪ Atualmente, com exceção da apelação cujo 
não recebimento é atacada pelo Recurso em 
sentido estrito – a carta testemunhável deve ser 
interposta da inadmissão do Recurso em Sentido 
Estrito e do Agravo em Execução.
OBS: Não cabe Carta Testemunhável em:
• Correição Parcial – Não tem, em essência natureza 
jurídica de Recurso.
• Apelação – Existe recurso específico
• Recurso Especial ou Extraordinário – Comportam 
agravo nos próprios autos.
• Embargos Declaratórios – É dirigido e julgado pelo 
próprio Juiz prolator da decisão.
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Interposição
▪ Através de petição (Art. 640, CPP)
▪ É endereçada ao escrivão ou Diretor de 
Secretaria, ou no Tribunal ao Secretário do 
Tribunal.
Obs: Contra as decisões monocráticas dos 
membros do Tribunal a carta Testemunhável 
perdeu o sentido porquanto cabível agravo 
regimental.
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Prazo
▪ 48h (Art. 640, CPP)
▪ Dependendo, se as intimações são feitas pela 
imprensa, deve se aplicar o disposto no art. 798, 
§ 1º, CPP - dois dias - início no dia seguinte a 
publicação e final na última hora do expediente 
forense no segundo dia.
▪ Caso seja feita por oficial de justiça, então, 
serão contadas em horas mesmo.
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Efeitos
Não possui efeito suspensivo (art. 646). É dotada ainda do 
efeito regressivo, possibilitando Juízo de retratação 
(regressivo amplo ou regressivo restrito). 
Ex. Caso a Carta testemunhável seja manejada contra 
decisão que inadmita RESE contra decisão que 
pronuncie o acusado.
1) Ou não apenas se retratar para receber o recurso 
trancado, mas exercer o juízo de retratação para 
impronunciar o acusado
2) Pode o Juiz exercer o Juízo de retratação apenas para 
processar o recurso inadmitido submetendo a segunda 
instância.
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Processamento
▪ O escrivão que se negar a dar recibo ou deixar de 
entregar será suspenso por 30 dias (642)
▪ Na instância superior o recurso seguirá o rito do recurso 
denegado.
▪ Recebida a petição pelo escrivão, se estiver 
desacompanhada das razões será dada vista a parte 
recorrente para arrazoá-la em dois dias, e em igual prazo 
a parte contrária deve contrarrazoar o recurso.
▪ O Juiz exerce em 02 dias o juízo de retratação.
Extrai-se a Carta (com documentos conferidos e 
autenticados) e entrega-se a à parte interessada 
(testemunhante), certificando-se nos autos, e remetendo-
se os autos ao Tribunal.
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Processamento
▪ Distribuição a um relator que se não denegar 
liminarmente dará vistas ao MP em 5 dias e pede 
em seguida inclusão em pauta para julgamento. 
Obs – Não há revisor (somente nos casos de 
apelação rito ordinário)
Providências do Juízo ad quem (644), não havendo 
julgamento de plano pelo relator.
a) não conhecer do recurso pela intempestividade 
ou ilegitimidade da parte;
b) Conhecer e dar provimento – determinando a 
subida do recurso obstado;
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Processamento
c) Conhecê-la e ao invés de simplesmente lhe dar 
provimento, julgar desde logo o mérito do recurso 
obstado caso existam peças e argumentos suficientes no 
instrumento para esta avaliação;
d) Conhecer do recurso e negar-lhe provimento – 
quando o Juiz corretamente houver negado o 
seguimento do recurso.
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Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, 
dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os 
limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa 
decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava 
abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida 
manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta 
luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da 
ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em 
alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da 
via. Não obstante a presteza no socorro que veio após o 
chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, 
Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das 
investigações, o Ministério Público decide oferecer 
denúncia contraJerusa, imputando-lhe a prática do delito 
de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual 
(Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
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Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de 
Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não 
ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além 
de não atentar para o trânsito em sentido contrário. A 
denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos 
processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. 
Finda a instrução probatória, o juiz competente, em 
decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar 
Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória.
O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 
2 de agosto de 2013 (sexta-feira). Contra essa decisão, a 
defesa interpôs, no dia 9 de agosto de 2013, recurso em 
sentido estrito. Ao proceder o juízo de admissibilidade, o 
Magistrado não recebeu o recurso, sob o fundamento de 
que foi interposto de forma intempestiva, já que, 
considerando o dia de início 2 de agosto de 2013, o prazo 
venceu no dia 6 de agosto de 2013.
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas 
os elementos fornecidos, elabore o recurso cabível, 
instruindo-o com a cópia integral do processo.
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