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Prática Forense Penal PROF.: CRISTIANO B. MOTTA PRÁTICA FORENSE PENAL CARTA TESTEMUNHÁVEL Arts. 639 a 645, CPP D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 Origem Histórica ▪ Império – Tinha objetivo evitar o ocultamento de recursos por parte dos juízes evitando a reforma de suas decisões. ▪ O interessado comparecia com duas testemunhas perante o escrivão alegando a vontade de recorrer, e se não fosse processado o recurso, o prejudicado levaria o fato ao Tribunal, com o apoio daquelas testemunhas, surgindo a nomenclatura de CARTA TESTEMUNHÁVEL. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL CONCEITO “Instrumento pelo qual a parte, a quem se denegue a interposição ou seguimento de algum recurso, leva a questão ao conhecimento do juízo ad quem, para que este mande admitir ou subir o mesmo recurso, ou dele conheça imediatamente, julgando-o de meritis” (Costa Manso); “Recurso que tem por finalidade exclusiva promover a subida de outro recurso à segunda instância” (Fernando Capez). Art. 639, CPP. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Natureza Jurídica ▪ Simples instrumento destinado a promover o conhecimento do recurso. ▪ Recurso cuja finalidade é permitir a apreciação de outro recurso pelo tribunal. ▪ Somente é cabível quando inexistir outra via recursal (recurso residual) D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Cabimento – Art. 639 ▪ Da decisão que denegar o recurso cuja competência seja de órgão imediatamente superior ao juízo recorrido; ▪ Da decisão que, admitindo embora o recurso, obstar a sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. ◦ Ex. Da decisão que não receber a apelação cabe Recurso em sentido Estrito (art. 581, XV do CPP), assim não cabe CARTA TESTEMUNHÁVEL, mas, é possível o recurso da decisão que não receber esse recurso. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Cabimento – Art. 639 ▪ Atualmente, com exceção da apelação cujo não recebimento é atacada pelo Recurso em sentido estrito – a carta testemunhável deve ser interposta da inadmissão do Recurso em Sentido Estrito e do Agravo em Execução. OBS: Não cabe Carta Testemunhável em: • Correição Parcial – Não tem, em essência natureza jurídica de Recurso. • Apelação – Existe recurso específico • Recurso Especial ou Extraordinário – Comportam agravo nos próprios autos. • Embargos Declaratórios – É dirigido e julgado pelo próprio Juiz prolator da decisão. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Interposição ▪ Através de petição (Art. 640, CPP) ▪ É endereçada ao escrivão ou Diretor de Secretaria, ou no Tribunal ao Secretário do Tribunal. Obs: Contra as decisões monocráticas dos membros do Tribunal a carta Testemunhável perdeu o sentido porquanto cabível agravo regimental. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Prazo ▪ 48h (Art. 640, CPP) ▪ Dependendo, se as intimações são feitas pela imprensa, deve se aplicar o disposto no art. 798, § 1º, CPP - dois dias - início no dia seguinte a publicação e final na última hora do expediente forense no segundo dia. ▪ Caso seja feita por oficial de justiça, então, serão contadas em horas mesmo. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Efeitos Não possui efeito suspensivo (art. 646). É dotada ainda do efeito regressivo, possibilitando Juízo de retratação (regressivo amplo ou regressivo restrito). Ex. Caso a Carta testemunhável seja manejada contra decisão que inadmita RESE contra decisão que pronuncie o acusado. 1) Ou não apenas se retratar para receber o recurso trancado, mas exercer o juízo de retratação para impronunciar o acusado 2) Pode o Juiz exercer o Juízo de retratação apenas para processar o recurso inadmitido submetendo a segunda instância. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Processamento ▪ O escrivão que se negar a dar recibo ou deixar de entregar será suspenso por 30 dias (642) ▪ Na instância superior o recurso seguirá o rito do recurso denegado. ▪ Recebida a petição pelo escrivão, se estiver desacompanhada das razões será dada vista a parte recorrente para arrazoá-la em dois dias, e em igual prazo a parte contrária deve contrarrazoar o recurso. ▪ O Juiz exerce em 02 dias o juízo de retratação. Extrai-se a Carta (com documentos conferidos e autenticados) e entrega-se a à parte interessada (testemunhante), certificando-se nos autos, e remetendo- se os autos ao Tribunal. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Processamento ▪ Distribuição a um relator que se não denegar liminarmente dará vistas ao MP em 5 dias e pede em seguida inclusão em pauta para julgamento. Obs – Não há revisor (somente nos casos de apelação rito ordinário) Providências do Juízo ad quem (644), não havendo julgamento de plano pelo relator. a) não conhecer do recurso pela intempestividade ou ilegitimidade da parte; b) Conhecer e dar provimento – determinando a subida do recurso obstado; D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Processamento c) Conhecê-la e ao invés de simplesmente lhe dar provimento, julgar desde logo o mérito do recurso obstado caso existam peças e argumentos suficientes no instrumento para esta avaliação; d) Conhecer do recurso e negar-lhe provimento – quando o Juiz corretamente houver negado o seguimento do recurso. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 PRÁTICA FORENSE PENAL Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contraJerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 2 de agosto de 2013 (sexta-feira). Contra essa decisão, a defesa interpôs, no dia 9 de agosto de 2013, recurso em sentido estrito. Ao proceder o juízo de admissibilidade, o Magistrado não recebeu o recurso, sob o fundamento de que foi interposto de forma intempestiva, já que, considerando o dia de início 2 de agosto de 2013, o prazo venceu no dia 6 de agosto de 2013. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recurso cabível, instruindo-o com a cópia integral do processo. D ir ei to P ro ce ss u al P en al II I – D ir ei to U N A M A – P ro f. C ri st ia n o M o tt a – M at . 0 4 0 7 00 07 9 – 2 0 2 0 .2 Slide 1: Prática Forense Penal Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15