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É uma especialidade que estuda, diagnostica e trata as doenças do tecido musculoesquelético e conjuntivo encontrado nos órgãos e estruturas do nosso corpo (ossos, articulações, tendões, músculos, coração, rins). Obs: REUMATISMO é um termo antigo que deve ser evitado. Na Grécia antiga queria dizer que a doença seria originada pelo desequilíbrio de fluidos, se caracterizando por “catarro”. Os termos "reumatismo" ou "doença reumática", na realidade, nada significam, pois não são diagnósticos. -> Doenças reumáticas não podem ser associadas exclusivamente a um único sistema do corpo, pois são, multissistêmicas. Importância Socioeconômica Os “reumáticos” constituem a 3° causa principal de afastamento do trabalho no Brasil e a terceira causa de aposentadoria por invalidez. Classificação Poderemos classificar as doenças reumáticas, de acordo com os mecanismos de lesão ou localização preferencial da doença em: 1. Doenças difusas do tecido conjuntivo Inflamação do tecido conjuntivo e que estão relacionadas aos distúrbios do sistema imunológico, que passam a reagir contra uma célula, tecido ou outro antígeno do próprio organismo. Ex: lúpus, artrite reumatóide, esclerose sistêmica… 2. Vasculites Sistêmicas Inflamação dos vasos sanguíneos. Ex: arterite de Takayasu/Temporal, granulomatose de Wegener; doença de Behçet. 3. Espondiloartropatias Doença inflamatória da coluna vertebral podendo ou não causar artrite em articulações periféricas e inflamação em outros órgãos como o olho. Ex: espondilite anquilosante, espondiloartropatias… 4. Doenças osteometabólicas Doença que afeta principalmente os ossos. Ex: osteoporose, osteomalácia, hiperparatireoidismo… 5. Doenças Articulares Degenerativas Doenças degenerativas que afetam as articulações. a) Osteoartrose Primária; b) Osteoartrose Secundária (secundária a acromegalia, fraturas, má formação da articulação e ossos, etc.); 6. Artropatias Microcristalinas Doenças articulares causadas por microcristais. Ex: gota, condrocalcinose, artrite por microcristais… 7.Artropatias Reativas Doenças reumáticas associadas a processos infecciosos. Ex: osteomielite, febre reumática… 8. Reumatismos Extra articulares Doenças que acometem estruturas próximas às articulações, mas não afetam a articulação propriamente dita. Ex: fibromialgia, tendinite, bursite, fascite, esporão, epicondilite. 9. Artropatias secundárias a outras doenças não reumáticas Queixas osteo-articulares que podem ocorrer na evolução de outras doenças. Ex: diabetes, hipotireoidismo (ou hiper), tumores… -> O profissional de saúde deve procurar identificar qual doença que cada paciente tem. Quando alguém diz que tem artrite significa apenas que tem inflamação da articulação, que pode ser evidenciado por dor, edema e calor. Mas, artrite não é um diagnóstico. -> O diagnóstico precoce é de suma importância para uma boa evolução da doença, evitando complicações que podem incapacitar o paciente de forma definitiva. Por isso, a busca do especialista é essencial. -> As doenças reumáticas acometem todas as faixas etárias, 30 a 40% da população tem sintomas musculoesqueléticos em algum momento da vida. Diagnóstico: - Interação direta entre o profissional e o paciente; - História clínica detalhada; - Exame físico completo. Metas que devem ser tentadas no manejo do paciente reumático: 1. Aliviar a dor e o sofrimento; 2. Preservar a mobilidade; 3. Promover melhor qualidade de vida. • Na abordagem do paciente com queixas musculoesqueléticas, é muito importante se estabelecer: 1. se a queixa é local/regional; 2. se há queixa é difusa; 3. com ou sem limitações funcionais; 4. tempo de evolução dos sintomas. -> Além disso, analisar se há alguma manifestação sistêmica inespecífica, como: febre, emagrecimento (ou ganho de peso), cansaço/fadiga intensa, constipação, náusea, enjoo, manchas na pele… Avaliação geral Silva e Woolf ● P.A. ● Examinar pele; ● Mucosas; ● Procura de linfadenopatias; ● Tireoide; ● Ausculta torácica; ● Avaliação abdominal; ● Avaliação musculoesquelética. Disponível em: Guia de Exame GALS OSCE | Marcha, Braços, Pernas, Coluna | Médicos Geeky (geekymedics.com) https://geekymedics.com/gals-assessment/ https://geekymedics.com/gals-assessment/ https://geekymedics.com/gals-assessment/ A dor é o sintoma dominante nas doenças reumáticas, podendo ser: ● Aguda (< 1 mês de duração) ● Subaguda (de 1-3 meses de duração) ● Crônica (persistente por mais de 3 meses) ● Localizada ● Difusa ● Migratória ● Intermitente ● Contínua ● Em repouso ● Ao movimento Obs: a dor pode ser influenciada por fatores psicológicos! Obs: a dor pode influenciar a postura e a marcha. As doenças reumatológicas autoimunes sistêmicas (DRAIs), não são prevalentes na população, podendo manifestar-se inicialmente por emagrecimento, febre, fadiga intensa etc. A pele é acometida em muitos pacientes, variando de lesões localizadas a difusas, fotossensíveis, fixas ou temporárias, profundas ou superficiais, pode haver variações de cor e espessamentos (endurecimentos) de pele. Obs: Síndrome de Raynaud -> constrição das pequenas artérias fazendo com que os dedos (das mãos ou dos pés) fiquem pálidos ou azulados, dormentes…normalmente decorrente do frio. -> Contraindicação para crioterapia! Características das doenças reumáticas mais frequentes ARTRITE REUMATÓIDE: tem caráter aditivo (vai acometendo mais articulações) com rigidez matinal >30 min. Além disso, é comum fadiga, emagrecimento, febre, PAIs (provas de atividades inflamatórias) elevadas, anemia e FR+ (fator reumatóide positivo). ESPONDILITE ANQUILOSANTE: doença inflamatória crônica que afeta o esqueleto axial, com rigidez matinal >30 min, assimetria no comprometimento articular, oligoarticular (poucas articulações acometidas). Além disso, é comum a fadiga, emagrecimento, olhos vermelhos (uveíte = inflamação do revestimento interno do olho), PAIs elevados, anemia e FR-. ARTRITE PSORIÁSICA: tem padrão aditivo, com rigidez matinal >30 min, comprometimento assimétrico, dedos edemaciados, número de articulações acometidas variáveis. Além disso, é comum a fadiga, emagrecimento, psoríase (doença dermatológica com manchas vermelhas e ressecadas), uveíte, PAIs elevadas, anemia e FR-. GOTA: tem períodos de irritação, ocorre de forma assimétrica e a principal articulação afetada é a 1° MTF, tornozelo, tarso e joelho -> ocorre somente em uma articulação (aguda), mas quando crônica pode acometer + de uma. 30% de casos apresenta pedras nos rins (nefrolitíase) e síndrome metabólica associada. Além de PAIs elevadas e hiperuricemia intercrítica (excesso de ácido úrico no sangue). OSTEOARTRITE (ARTROSE): carácter aditivo, com rigidez articular <30 min de forma assimétrica. As principais articulações interfalangeanas distais, 1° CMC, joelhos e quadris. O número de articulações é variável. Não apresenta sintomas sistêmicos e tem pouca inflamação. REUMATISMOS DE PARTES MOLES: acomete estruturas periarticulares, com rigidez articular <30 min e está associada a bursites/tendinite. FIBROMIALGIA: apresenta dor no corpo todo, com ou sem rigidez matinal, além de fadiga. ARTRITE INFECCIOSA: é a agudização da artrite com rigidez contínua acomete principalmente joelhos; pode apresentar febre, calafrios, exantemas (rash cutâneo = manchas vermelhas na pele) e uretrites (infecção urinária -> inflamação dos uretra). LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES): de caráter aditivo com rigidez matinal >30 min, acometimento poliarticular e sintomas como: fadiga, emagrecimento, febre, serosites (inflamação dos tecidos serosos), edemas, cefaleias, linfoadenomegalias (aumento dos gânglios linfáticos) e hipertensão. Os tratamentos reumatológicos são variados, mas o mais indicado é a terapia física. Há pouca evidência e muita controvérsia para o tratamento medicamentoso, ao qual se deve recorrer apenas para analgesia e na dificuldade do controle dos sintomas, principalmente anti-inflamatórios. Nas artropatias inflamatórias e doenças reumáticas autoimunes sistêmicas, os tratamentos são mais estabelecidos, comas melhores evidências e em contínua evolução. Além do uso de anti-inflamatórios e corticoides, os imunossupressores também podem e devem ser recomendados. Avaliação das Patologias Reumáticas • Compreensão dos problemas e da história do paciente e da base física dos sintomas . Dados pessoais -> História -> Av. Fisioterapêutica -> Exames complementares -> Diagnóstico Fisioterapêutico -> Objetivos -> Plano de tratamento. Muitas doenças reumáticas são acompanhadas por sinais e sintomas característicos que podem ser diagnosticados facilmente. No entanto, algumas dessas doenças são menos comuns e o diagnóstico muitas vezes se torna um desafio para o médico e para o fisioterapeuta. O primeiro contato entre o fisioterapeuta e o paciente, na maioria das vezes, ocorre durante a avaliação. Por isso, é natural que o paciente esteja pouco à vontade. É imprescindível que o fisioterapeuta o avalie de modo que não o constranja e que transmita segurança, observando a linguagem não-verbal voluntária e involuntária do paciente, como: movimentos corporais, fala, atitudes com relação à doença… Muitas pessoas com doenças reumáticas expressam um sentimento de perda do controle e ciclos de desânimo. A depressão e a ansiedade tornam-se parte da experiência da doença, podendo afetar todos os aspectos da vida, como relacionamentos interpessoais, trabalho e lazer. Anamnese Queixa principal e história da moléstia atual. - Motivo da consulta (livre relato) Interrogatório dirigido Definir as características da dor: intensidade, localização, irradiação, quando e como começou, fator precipitante e agravante, quando a dor melhora, características inflamatórias ou mecânicas, dor referida, queixas articulares (rigidez, edema, fraqueza, dificuldade para se movimentar etc), tempo das manifestações dos sinais e sintomas. Queixas gerais: fadiga, febre, intercorrência infecciosa, perda de peso… Antecedentes pessoais e familiares - História médica recente e remota podem ser a chave diagnóstica da doença. Ex: Faringites de Repetição = febre reumática Doenças Venéreas = artrite sifilítica e gonocócica Alterações Emocionais = artrite reumat. e fibromialgia Meniscectomia = aparecimento de gonartrose Atividades da Vida Diária e História Socioeconômica. - Qualidade de Vida. - Impacto psicológico e econômico. - Hábitos de vida: fumante/etilista/usuário de drogas, atividade física e tipo /frequência , alimentação, higiene Medicamentos e tratamentos anteriores - Seguiu corretamente o tratamento, medicação; apresentou efeitos colaterais, tratamento fisioterapêutico, atividade física e repouso. Anamnese Especial - Inflamação articular + sintomas e sinais sistêmicos = refletem o envolvimento multissistêmico das doenças reumáticas. Abordar individualmente cada sistema orgânico - Alterações cutâneas e mucosas. • Lesões de pele (LES, artrite psoriásica etc). • Nódulos subcutâneos (artrite reumatóide) • Nódulos subcutâneos duros e indolores (febre reumática). - Alterações cardiorrespiratórias • Dor torácica • Dispneia e tosse • Envolvimento do pericárdio - Alterações digestivas • Queixas gastrintestinais, envolvimento visceral da doença (LES e esclerose sistêmica) • Glândulas parótidas , “boca seca” ( Sd. de Sjögren) • Estomatite (lúpus e Sd. de Reiter). • Alterações da motilidade do esôfago, disfagia - Alterações renais e urinárias •Rins (LES, esclerodermia) •Uretrite (artrite gonocócica) •Cálculos renais (gota crônica) - Alterações musculares e neurológicas • fadiga • fraqueza muscular • letargia • perda de coordenação • parestesias. - Alterações oculares • úlcera corneana: (artrite reumatóide, lúpus, espondilite anquilosante, artrite psoriásica) • Uveíte (camada média ou uveal): espondiloartropatias soronegativas e artrite reumatóide juvenil. Apresenta dor ocular, vermelhidão e fotofobia Vocabulário da Reumato🥴 -Iatrogenia: Danos causados por tratamentos, exames ou procedimentos inadequados; -Poliarticular: Quando há 5 ou mais articulações afetadas; -Entenses: Ponto de junção de um tecido mole com o periósteo de um osso; -Oligoarticular: Entre 2 e 4 articulações afetadas; -Monoarticular: Uma única articulação afetada; -Vesículas: Manchas elevadas na pele; -Leucopenia: diminuição do número de leucócitos no sangue; -Leucocitose: Aumento do número de leucócitos no sangue; -Linfopenia: Diminuição do número de linfócitos; -Anemia: Diminuição no número de hemácias; -Nefrolitíase: Cálculos renais. -Anquilose: perda da elasticidade e movimento do tecidos Exame físico: • Sinais vitais • Peso • Altura • Inspeção • Palpação • Avaliação da amplitude de movimento (ADM) • Força muscular • Perimetria -> observar presença de edema/trofismo muscular. • Equilíbrio e marcha • Avaliação postural • Avaliação respiratória • Avaliação funcional • Qualidade de vida • Exames laboratoriais/complementares • Laudo fisioterapêutico ou laudo cinesiológico funcional ⭐ Precauções⭐ Luxação ou fratura local não consolidada, imediatamente após cirurgias, lesões musculares, processos infecciosos ou inflamatórios, osteoporose, dor, uso de medicações analgésicas/relaxantes musculares, hipermobilidade ou subluxação. Sequência do atendimento Posição do paciente: ORTOSTATISMO - inspeção geral, constituição, estado nutricional, postura e marcha. Posição do paciente: SENTADO NO LEITO - tofos e nódulos, mobilidade da coluna cervical, palpação da ATM, esternoclaviculares, ombros, cotovelos, punhos, MCF, IF, exame dos pulmões/neurológico . Posição do paciente: DECÚBITO DORSAL - aferição da PA, ausculta cardíaca, palpação abdominal, articulações sacroilíacas, quadril, joelhos, tibiotársicas, antepé, MTF, IF, teste de Laségue e Babinski, sensibilidade cutânea alterada. Posição do paciente: DECÚBITO VENTRAL - completa o exame das articulações sacroilíacas, fossas poplíteas, panturrilha, tendão calcanear, palpação dos processos espinhosos e mm. paravertebrais, nodulações, espasmos e pontos dolorosos da fibromialgia. Obs: A inspeção articular deve comparar bilateralmente a forma, o volume, o alinhamento, a ADM, etc. Sinais Articulares Inflamação • Tumefação • Rubor • Derrame intraarticular • Calor • Monoartrite, oligoartrite (até quatro) ou poliartrite. Deformidades • congênitas • do desenvolvimento • podem ocorrer no curso da enfermidade. Ruídos • estalos • crepitações Limitações de movimento • alterações articulares ou periarticulares • miotáticas ou neurológicas • ósseas, de bainhas e tendões, retrações da pele. Os exames laboratoriais são grandes auxiliares para o diagnóstico e tratamento das doenças reumáticas. HEMOGRAMA O hemograma é o exame de sangue que avalia as células que compõem o sangue. Quando alterado, pode ser indicativo de anemia, inflamações, infecções e doenças como linfoma ou leucemia, por exemplo. Os testes que compõem um hemograma são: Contagem de leucócitos (CL); Contagem diferencial de leucócitos (Dif); Contagem de hemácias (CH); Hematócrito (Ht); Hemoglobina (Hb); Índices de hemácias ; Volume corpuscular médio (VCM); Hemoglobina corpuscular média (HCM); Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM); Exame de hemácias coradas; Contagem de plaqueta. Contagem de Leucócitos (CL) A contagem de leucócitos serve como um guia útil da intensidade do processo patológico. Podem ser esperados padrões específicos de resposta leucocitária em diferentes tipos de doenças (um processo inflamatório local exerce um efeito químico definido sobre a mobilização dos leucócitos). Contagem diferencial de Leucócitos (CL) A contagem diferencial identifica pessoas com maior suscetibilidade a uma determinada infecção. Têm pequeno valor como auxílio ao diagnóstico, exceto se os resultados estiverem relacionados à condição clínica do paciente. Distúrbios dos leucócitos Leucocitose = n° de leucócitos aumentados +10.000 leucócitos/mm3 - Útil para auxiliar a resposta do corpo a qualquer uma das seguintes condições: grávidas, infecções bacterianas, apendicites, leucemia, úlceras ou nos recém-nascidos com doença hemolítica, gota, hemorragias, pneumoniaetc. - Os sinais e sintomas usualmente associados são os sintomas de infecção. Geralmente o aumento é de apenas um tipo de leucócito (Ex: leucocitose neutrofílica ou neutrofilia) e em determinadas doenças (sarampo, coqueluche e sepses) o aumento dos leucócitos é tão grande que o quadro hematológico sugere leucemia. - A leucocitose de natureza temporária (reação leucemóide) deve ser distinguida da leucemia. Na leucemia, a leucocitose é permanente e progressiva. Leucopenia = n° de leucócitos diminuídos -5.000 leucócitos/microlitro - Encontrado em doenças virais, hepatite infecciosa, artrite reumatóide, cirrose hepática, lúpus eritematoso , após o tratamento com radiação ou quimioterapia. - O ponto mais baixo que a contagem de células brancas alcança, normalmente ocorre entre 7 a 14 dias depois da quimioterapia ou da terapia de radiação. Neste período, o cliente fica extremamente suscetível a infecções oportunistas e complicações severas. - Os sinais e sintomas clínicos que geralmente acompanham esta condição são: dor de garganta, tosse, febre alta, calafrios, suor, ulcerações das membranas mucosas (boca, reto, vagina), urina frequente ou dolorosa, infecções persistentes. Obs: É importante que o fisioterapeuta esteja ciente da mais recente contagem de células sanguíneas brancas do cliente antes e durante o curso da fisioterapia. A infecção será um grande problema se o cliente tiver imunossupressão, por isso, cuidados redobrados com higiene e desinfecção devem ser tomados para evitar infecção cruzada. Diferenciação entre os tipos de leucócitos Neutrófilos segmentados/bastões - comum em infecções piogênicas (causadas por vírus/bactérias). • A neutrofilia é o aumento do número absoluto de neutrófilos maior que 8.000/mm3 em resposta a microorganismos invasores e células tumorais. • A neutropenia é a diminuição do número absoluto de neutrófilos, ocorre quando há problema na produção na medula, armazenamento ou na solicitação para uso. Obs -> Neutrófilos segmentados Desvio degenerativo para a esquerda: em algumas infecções graves há um aumento das formas em bastão, sem leucocitose (prognóstico sombrio). Desvio degenerativo para a esquerda: aumento das formas em bastão com leucocitose (prognóstico bom) em infecções bacterianas. Desvio para a direita: poucas células em bastão, com aumento dos neutrófilos segmentados (hepatopatia, anemia megaloblástica, drogas, câncer e alergias) Hipersegmentação de neutrófilos sem células em bastão, encontrada em anemias perniciosas e vício crônico em morfina. Eosinófilos- Relacionado a infecções alérgicas. A eosinofilia é o aumento dos eosinófilos circulantes maior que 5% ou maior que 500/mm3. A eosinopenia é a diminuição da quantidade de eosinófilos circulantes devido ao aumento da produção de esteróides suprarrenais, que acompanha a maioria das condições de estresse orgânico. Basófilos - Relacionado às reações alérgicas. Há uma correlação positiva entre números elevados de basófilos e altas concentrações de histaminas sanguíneas. • Os basófilos teciduais são também denominados, mastócitos; semelhantes aos basófilos sanguíneos, eles armazenam e produzem heparina, histamina, e serotonina. Monócitos Monocitose é o aumento de monócitos em mais de 800/ mm3. • Monócitos fagocíticos, macrófagos, podem ser encontrados em pequeno número no sangue em várias condições, como infecções graves, lupus, anemias, etc. Diminuição do número de monócitos: tratamento com prednisona, leucemia, artrite reumatóide, HIV. Linfócitos Linfocitose - é a contagem de linfócitos. No adulto é maior que 4000/mm3, em crianças 7200 e em lactentes, 9000. Linfopenia - contagem menor que 1000/mm3 em adultos, 2500 em crianças. • Uma diminuição do número de linfócitos <500/ mm3 significa que o paciente está perigosamente suscetível a infecção, principalmente infecções virais. Contagem de hemácias/eritrócitos A hemácia (eritrócitos) tem o formato semelhante a um disco bicôncavo, o que proporciona maior área de superfície para a hemoglobina que combina-se ao oxigênio. Sua contagem é importante para a determinação da anemia ou policitemia. Anemia = redução do número de hemácias circulantes. Na prática da fisioterapia, os distúrbios relacionados à anemia usualmente ocorrem em uma dentre 4 categorias: • deficiência de ferro associada com perda de sangue gastrintestinal crônica, secundária ao uso de drogas anti-inflamatórias não esteroides; • doenças crônicas ou inflamatórias, tais como artrite reumatóide ou lúpus eritematoso sistêmico; • Condições neurológicas (anemia perniciosa); • Doenças infecciosas, tais como tuberculose ou AIDS, e doença neoplásica (insuficiência da medula óssea). A anemia resulta em distúrbios na função de muitos órgãos e tecidos, com desenvolvimento lento em pessoas jovens é bem tolerado, e pode não haver sintomas até que a concentração de hemoglobina e o hematócrito caiam abaixo da metade. Entretanto, o início rápido pode resultar em sintomas de dispneia, fraqueza, fadiga e palpitações, refletindo a falta do transporte de oxigênio aos pulmões e tecidos. As alterações nas mãos e nos leitos das unhas podem ser observadas através da inspeção/observação durante a avaliação fisioterápica. O fisioterapeuta deve pesquisar palmas pálidas, com rugas. Conforme a anemia se torna mais severa, a tolerância ao exercício reduz-se progressivamente até que a dispnéia, a taquicardia e as palpitações ocorram em repouso. Os exercícios para qualquer cliente anêmico devem ser primeiramente aprovados por avaliação detalhada do paciente. Sinais e sintomas: • Palidez da pele (palmas, leitos das unhas) ou pele de cor amarelada (mucosa, conjuntiva) • Fadiga • Apatia • Dispneia de esforço • Manifestações do SNC (anemia perniciosa): dor de cabeça, sonolência, tontura, síncope, processos mentais vagarosos, depressão, polineuropatia. A anemia falciforme é um termo genérico para um grupo de distúrbios autossômicos hereditários recessivos. Caracterizados pela presença de uma forma anormal de hemoglobina. que leva à obstrução do fluxo sanguíneo para os tecidos e da destruição precoce das células . O estresse proveniente da infecção viral ou bacteriana, a hipóxia, a desidratação, o distúrbio emocional, as temperaturas extremas, a febre, o esforço físico intenso ou a fadiga podem precipitar uma crise de anemia falciforme. Os episódios dolorosos podem durar 5 ou 6 dias e podem se manifestar de muitas formas diferentes, dependendo da localização do coágulo sanguíneo A policitemia (eritrocitose) é o aumento de células sanguíneas vermelhas e da concentração de hemoglobina. Nesse caso, as pessoas com politemia têm a viscosidade e o volume sanguíneo aumentados. A produção aumentada de eritrócitos resulta neste espessamento do sangue e em uma tendência aumentada de coagulação. A viscosidade do sangue limita sua capacidade para fluir facilmente, reduzindo o suprimento de sangue ao cérebro e a outros tecidos vitais. O aumento de plaquetas, em combinação com aumento da viscosidade, pode contribuir para a formação de trombos intravasculares. • Policitemia primária (policitemia Vera) - uma doença neoplásica da medula óssea de etiologia desconhecida, relativamente incomum. • Policitemia secundária - condição fisiológica resultante de uma redução do suprimento de oxigênio aos tecidos. Associado com altitudes altas, tabagismo elevado e distúrbios crônicos do coração e dos pulmões, especialmente defeitos cardíacos congênitos. Os sintomas desta doença são frequentemente insidiosos, com queixas indefinidas no início. O indivíduo afetado pode ser diagnosticado somente secundariamente a uma complicação repentina (por exemplo, acidente vascular cerebral ou trombose). A coloração aumentada da pele e a pressão sanguínea elevada podem se desenvolver como resultado do aumento da concentração de eritrócitos e da viscosidade sanguínea. Obs: A gota é algumas vezes uma complicação da policitemia primária, e um ataque típico de gota aguda pode ser o primeiro sintoma de policitemia. • Desenvolvimento da cianosee baqueteamento. • Gangrena (morte tecidual); • Dor de cabeça, tontura, irritabilidade, sensação de pressão na cabeça; • Visão embaçada; • Desmaio; • Distúrbios de sensibilidade nas mãos e pés; •Mal-estar geral e fadiga; • Perda de peso. Hematócrito É o teste que determina amassa de hemácias, os resultados são expressos como a porcentagem de hemácias contida em um volume de sangue total. (é uma medida importante na determinação de anemia ou Policitemia). • Um hematócrito de 30 ou menos significa que o paciente está moderado ou intensamente anêmico. • Hematócrito < 20% pode levar à insuficiência cardíaca e morte. • Hematócrito > 60% está associado a coagulação espontânea do sangue. A hemoglobina é a principal componente das hemácias, serve como transporte de oxigênio e dióxido de carbono e um poderoso tampão no meio extracelular. Índices de hemácias - definem o tamanho e o conteúdo de hemoglobina da hemácia. ● Volume corpuscular médio (VCM): Expressa o volume ocupado por uma única hemácia, podendo ser normal (normocítica), menor (microcítica) ou maior (macrocítica). microcíticas < [87 - 103] > macrocíticas ● Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): Mede a concentração média de hemoglobina nas hemácias. Valores normais: 31-37 g/dl > esferocitose ● Hemoglobina corpuscular média (HCM): é uma medida do peso médio de hemoglobina por hemácia. anemia microcítica < [26-34 picogramas (pg)/célula] > anemia macrocítica. ● Exames de hemácias coradas: determina variações e anormalidades do tamanho, formato, estrutura, conteúdo de hemoglobina e propriedades de coloração da hemácia. Valores normais: Tamanho: normocítico (7-9 μm) Cor: normocrômica (normal) Formato: normócito (disco bicôncavo) Estrutura: Normócito ● Contagem de plaquetas: trombocitopenia < 20.000/mm3 > trombocitemia/ trombocitose Velocidade de hemossedimentação (VHS): mede a extensão de queda das hemácias em uma coluna num dado intervalo de tempo. • É um método indireto para medir proteínas de fase aguda, como o fibrinogênio, proteína C reativa, e outros reagentes. As principais alterações que podem levar a um aumento significativo da VHS (=100 mm na primeira hora) são processos infecciosos, doenças do tecido conjuntivo, neoplasias e doenças renais. O valor de referência varia com sexo, idade, e provavelmente com a massa corporal, considerado normal 1 a 20 mm na primeira hora. • Atualmente a principal utilização da VHS é no diagnóstico e monitorização da atividade e resposta terapêutica na arterite temporal e polimialgia reumática. Proteína C reativa (PCR) - imunomodulador - ativa complemento, neutrófilos e monócitos/macrófagos. A PCR eleva-se no soro muito mais precocemente , de 4 a 6 horas após o início do processo inflamatório. • Está positiva na maioria dos casos de artrite reumatóide, na gota aguda e na poliarterite nodosa ativa. Sistema complemento: Composto por várias proteínas séricas que são capazes de causar a lise de bactérias. • Níveis de complemento normais ou elevados são encontrados na artrite reumatoide, pseudogota, gota, síndrome de Reiter e artrite gonocócica. Crioglobulina: Proteínas do sangue que precipitam em baixas temperaturas (precipitado a 4º C e dissolvido a 37 º C). • Presentes em leucemias, lúpus, sd. de Sjögren primaria e doenças hepáticas. Auto Anticorpos: São imunoglobulinas que fazem parte do repertório do sistema imune de pessoas saudáveis. Obs: Existe uma margem de erro inerente do exame, que depende da sensibilidade, especificidade do teste e prevalência da doença na população estudada. Fator Reumatóide (FR): Auto Anticorpo encontrado principalmente em pacientes com artrite reumatoide. Pode ser medido no líquido sinovial. Cerca de 5% de indivíduos sadios apresentam FR em seu soro, cerca de 40% dos indivíduos maiores de 70 anos têm FR positivo. É comum o seu aparecimento na gravidez e o FR está presente também em outras doenças. A presença de fator reumatóide é apenas um dos critérios do Colégio Americano de Reumatologia para o diagnóstico da AR, podendo não estar presente em alguns casos de artrite reumatóide. Anticorpos antinucleares (AAN): Podem ser observados em pacientes com doenças reumáticas, infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e após o uso de medicamentos. Anticorpos anti-DNA nativo: São encontrados em cerca de 40 a 70% dos pacientes com lúpus ativo. Sua presença está relacionada com maior probabilidade de acometimento renal. • Baixos títulos podem ocorrer na artrite reumatóide, hepatite crônica, síndrome de Sjögren, doença mista do tecido conjuntivo e infecções. Enzimas Musculares: Estão elevadas nas miopatias inflamatórias (dermatopolimiosites). HLA (Human Leucocyte Antigen): está envolvido com o reconhecimento do que é próprio do corpo e o que não é. Esse antígeno está relacionado com o risco relativo de um indivíduo em portar ou não uma doença. Obs: pacientes com lúpus apresentam HLA-DR2 e DR3 aumentados. Exame de Urina Utilizado para diagnóstico e acompanhamento da doença. Por exemplo, a hiperuricemia é indicativo precoce de Gota. Osteoartrite – artrose – osteoartrose – doença articular degenerativa – artrite hipertrófica – artrite degenerativa “Doença degenerativa osteoarticular, crônica e progressiva, de etiologia multifatorial que manifesta-se por artralgia, rigidez e limitação da função articular”. “Grupo heterogêneo de condições que induzem sinais e sintomas articulares dolorosos associados a defeitos na integridade da cartilagem articular em associação a alterações relacionadas ao tecido ósseo situado na margem articular”. 🚩Doença reumática mais frequente no mundo. Epidemiologia No Brasil, atinge cerca de 16, 2% da população, sendo a maioria mulheres, nas mãos e joelhos. Nos homens, o mais comum é no quadril. ● Na osteoartrose ocorre a perda progressiva e reparação inadequada da cartilagem articular e remodelagem óssea subcondral. Ainda não tem cura e tampouco certeza de etiologia. Alguns fatores de risco são: avanço da idade, predisposição genética*, estresse mecânico e inatividade/sedentarismo. Obs: o fator genético é mais forte que o fator externo, pois, estudos demonstraram que por exemplo, gêmeos, um com serviço pesado e outro não tem a mesma predisposição à osteoartrose. A osteoartrose pode ser primária/idiopática (sem nenhum antecedente) ou secundária (decorrente de alguma outra doença. Pode ter origem na cartilagem, no osso subcondral ou sinovial. Lesões anatômicas - Degeneração cartilaginosa - Eburnificação do osso subcondral (osso duro mas sem a viscosidade, ou seja, perda de colágeno e consequente ocorrência de microlesões) - Remodelagem óssea. Patologia – Cartilagem articular: ocorre a erosão da cartilagem, as fibras colágenas se rompem e lascas de cartilagem podem ficar impactadas entre as superfícies articulares. – Osso: eburificação, microfraturas, osteófitos na margem das superfícies articulares, alterações da forma óssea. – Membrana sinovial: ocorre a hipertrofia, fica edemaciada, ocorre a redução da secreção de líquido sinovial. – Cápsula e ligamentos: degeneração e alterações inflamatórias. – Músculos: atrofia que podem progredir para atrofia fibrosa; espasmos, além da inibição artrogênica (acontece de forma reflexa quando se tem uma lesão muscular -> Ex: pós cirurgias). O estresse pode levar a alteração da rede colágena-condrócitos e a liberação de proteases, resultando na degeneração da cartilagem. Quadro Clínico Nem sempre as manifestações radiológicas refletem uma sintomatologia proporcional, as queixas são mais relevantes que os exames. Geralmente ocorre mono ou oligoarticulares e não apresenta manifestações sistêmicas. OSTEOARTRITES PERIFÉRICAS Joelho/Gonartrose É a mais comum, com predomínio entre os 50 a 60 anos mais frequentemente em mulheres. Joelho varo ou valgo são frequentemente responsáveis pelas formas secundárias da OA, além da obesidade e profissões que exijam flexão prolongada e/ou repetida. Os principais sintomas são: • Dor • Dor à palpação da interlinha e mobilização dapatela • Aumento do volume articular • Atrofia de quadríceps • Crepitação palpável à flexo-extensão • Limitação da ADM • Calor e derrame • Espasmos musculares A limitação da extensão do joelho e a bilateralidade são causas significativas de incapacidade. Classificação conforme o grau de degeneração: I (mínima alteração com 10% de diminuição da cartilagem); II (diminuição de espaço maior, começo de rupturas na cartilagem); III (redução importante do espaço e presença de fissuras); IV (casos severos com presença de osteófitos). No exame radiológico o principal achado é a esclerose, ou seja, esse aspecto esbranquiçado no joelhos. Mãos/Osteoartrose Nodal - Nódulos de Heberden = interfalangeanas distais; - Nódulos de Bouchard = interfalangeanas proximais; - Osteoartrite rizomélica ou rizartrose = articulação trapézio-metacarpiana Caracterizam-se por hipertrofia óssea, principalmente do 2° e do 5° dedos e geralmente de forma simétrica. Preferem as mulheres (10:1) e surgem principalmente a partir dos 50. A associação de dois nódulos pode gerar dificuldades funcionais. A evolução é de forma lenta, podendo estar presente sinais inflamatórios. Quadril/Coxartrose Comumente relacionada a defeitos congênitos ou adquiridos, está frequentemente associada com nódulos de Herbeden. Geralmente sintomática (mas há casos assintomáticos) com dor na região abdutora que pode irradiar para região anterior da coxa e joelho, ou região posterior simulando ciática. Além disso, dor ao caminhar, subir e descer escadas, terrenos irregulares, espasmo muscular nos adutores, flexores e rotadores laterais. Obs: presença de marcha claudicante devido a deformidade em flexão, adução e rotação lateral. Os principais sintomas são fraqueza muscular, principalmente dos extensores e abdutores, passos menos amplos, bloqueios bruscos durante a marcha, marcha de Trendelenburg, hiperlordose compensatória, limitação da ADM e dificuldades funcionais. OSTEOARTROSES CENTRAIS Acomete disco e/ou articulações apofisárias por volta dos 40-60 anos com predomínio masculino. A dor é moderada e localizada mas pode exacerbar-se com o movimento. OA Cervical Principalmente de C5 a C7 causa dor espontânea ou provocada pelo movimento. Os sintomas de origem radicular são cefaléia, nucalgias, torcicolos, algias cervicais e dos MMSS e os sintomas de origem vascular (Síndrome da Insuficiência Vertebrobasilar) são vertigem (tontura), confusão mental, perda da consciência, disfagia (dificuldade de engolir), disartria (dificuldade de mover a língua), cefaléias, quedas bruscas sobre os joelhos, zumbido, perturbações vegetativas, nistagmo (mov. inv. dos olhos). OA Lombar Ocorre a degeneração discal e das articulações apofisárias causando espasmos e lombociatalgia ou lombalgia. OA Coluna Dorsal Segmento mais precocemente atingido, mas que raramente produz sintomas. O diagnóstico é a partir da amplitude dolorosa de movimento, rigidez matinal inferior a 30 minutos, crepitação e proliferação óssea (clínicos), presença de osteófitos, esclerose ou presença de cistos, diminuição do espaço articular, incongruência e desmineralização óssea (radiológicos). Tratamento - Medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios, corticosteroides, viscossuplementação com ácido hialurônico) - Atividade física - Cirurgia (quando o tratamento conservador é ineficaz)
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