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Curso On Line Renato Saraiva - Processo do Trabalho - Élisson Miessa Fase de Liquidação e Processo de Execução 1) Sentença Uma teoria clássica divide a sentença em 3 espécies (classificação trinária), quais sejam: ● Declaratória: é sentença que basta por si só. A declaração já atinge o bem jurídico pleiteado na ação. ● Constitutiva: é também sentença que basta por si mesma. Busca a criação, extinção ou a modificação de uma relação jurídica. ● Condenatória: por si só são incapazes de produzir efeitos materiais. Há a necessidade de uma fase posterior, chamada execução. Há uma classificação quinária, segundo a qual, além das 3 acima, entrariam também a executiva lato sensu e a mandamental (subespécies da sentença condenatória, precisando, da mesma forma, da fase de execução para produzir efeitos). Para darmos início à fase de execução, precisamos de um título, que pode ser judicial (quando decorre de uma sentença ou de um acordo judicial) ou extrajudicial. O título executivo precisa de 3 requisitos, quais sejam: ● Certeza (existência) ● Exigibilidade (inadimplemento) ● Liquidez (individualização) 1.1) Liquidação de sentença É fase intermediária (entre a fase de conhecimento e a de execução) que busca definir o valor devido. Só existe liquidação em sentença condenatória ilíquida. Qual é a natureza jurídica da liquidação? R: a doutrina diverge, havendo duas teses. 1ª tese (majoritária): declaratória. Essa fase tem tão somente o objetivo de declarar o montante devido 2ª tese (Nelson Nery Jr.): constitutiva-integrativa, ou seja, serve para integrar e complementar o título executivo, dando-lhe liquidez. 1.1.1) Espécies de liquidação ● Cálculos: basta a definição de valores; ● Arbitramento: há necessidade de nomeação de perito; ● Artigos: há necessidade de se provar fatos novos. a) Liquidação por cálculos (cálculos aritméticos) Busca tão somente uma análise aritmética, para definir qual o montante devido. Por ser mera fase procedimental, a iniciativa, pode ser ex officio ou a requerimento. Procedimentos: são 2: 1ª Hipótese (não se utiliza do art. 879 da CLT) Apresentados os cálculos, o juiz homologa e a discussão é feita através da impugnação ou embargos (após penhora). 2ª Hipótese (utiliza-se o art. 879 da CLT) Apresentados os cálculos, o juiz tem a faculdade de intimar as partes para manifestação (no prazo sucessivo de 10 dias). Se não houve manifestação, ocorre a preclusão, não podendo a parte manifestar em sede de impugnação ou embargos. Após, há a homologação dos cálculos (gerando a preclusão quanto aos itens e valores discutidos). A União é obrigatoriamente intimada para impugná-lo no prazo 10 dias, ou seja, 1 para se manifestar sobre as contribuições previdenciárias. O Ministro de Estado da Fazenda pode dispensar a manifestação da União. A liquidação de sentença jamais pode modificar ou inovar a sentença, nem discutir matéria pertinente à causa principal. Há algumas hipóteses em que pode haver essa modificação; é o chamado Princípio da Extrapetição. i) Contribuições previdenciárias (Súmula n. 401 do TST): deve constar obrigatoriamente na sentença; ii) Juros e correção (Súmula n. 211 do TST): também devem constar na sentença, mesmo que a parte não tenha formulado pedido nesse sentido. Os juros correm desde os ajuizamento da ação; incidem sobre o valor já corrigido (Súmula n. 200 do TST). A correção monetária corre desde o momento em que não houve o pagamento. Liquidação complexa: “Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade” (Art. 879, § 6°, da CLT). b) Liquidação por Arbitramento Há necessidade de nomeação de perito para buscar um valor devido. Ex: definir salário in natura. Hipóteses: sentença determinar; acordo entre as partes; ou se a natureza do objeto exigir. A liquidação por arbitramento pode ser iniciada a requerimento ou ex officio pelo juiz. c) Liquidação por artigos Ocorre quando há necessidade de alegar e provar fato novo. Obrigatoriamente, a iniciativa desta modalidade de liquidação é a requerimento da parte. Exemplo: ação civil coletiva. O juiz proferirá uma “Sentença” de liquidação. Qual é a natureza da decisão que finaliza a fase de liquidação? Há doutrina que entende tratar-se de sentença, mas prevalece entendimento no sentido de ser uma decisão interlocutória. Da homologação dos cálculos de liquidação (independente da modalidade) não cabe recurso. Após a penhora, há possibilidade de apresentação dos Embargos à execução pelo executado, ou da impugnação pelo exequente, no prazo de 5 dias. Da decisão que julga os embargos e/ou a impugnação cabe agravo de petição. O TST admite o cabimento da ação rescisória da “sentença” de liquidação quando ela decide controvérsia (Súmula n. 399 do C. TST). 2) Execução Trabalhista Ocorre quando o devedor não paga voluntariamente, o Estado interfere no patrimônio do devedor, retira-lhe bens para pagar o credor. Forma estatal de satisfazer o credor (meios coativos). O Estado se utiliza desses meios para que se afaste a autotutela. Base legal: CLT (arts. 876-892); supletivamente, primeiro é a Lei de Execuções Fiscais (CLT, art. 889) e, depois, o CPC. Se a própria CLT remeter direto ao CPC, não há que se passar primeiro pela LEF; é o que ocorre, por exemplo, com a ordem da penhora (art. 655 do CPC). Qual é a natureza jurídica da execução trabalhista: é uma fase ou um processo propriamente dito? Com o advento da Lei n. 11.232/05, veio o sincretismo processual, com o estabelecimento do cumprimento de sentença. O processo é único com as fases de conhecimento e de cumprimento de sentença, sendo que esta última nada mais é do que a execução. Embora haja citação na execução trabalhista, não se trata de um processo 2 propriamente dito, tanto que a execução pode ser iniciada de ofício. Se fosse processo, ela não poderia ser iniciada de ofício, tendo em vista o princípio da inércia. Assim, a doutrina majoritária entende que, seja no Processo Civil seja no Processo do Trabalho, o que há hoje é tão somente uma fase de execução e não necessariamente um processo de execução. No entanto, há ainda dois casos em que a execução é um processo judicial, quais sejam: execução de título extrajudicial e execução contra a Fazenda Pública. 2.1) Títulos extrajudiciais (art. 876 da CLT) ● Termo de ajustamento de conduta (TAC); ● Termos celebrado na Comissão de Conciliação Prévia (CCP); ● Certidão de Dívida Ativa (multas da fiscalização). 2.2) Títulos judiciais (art. 876 da CLT) ● decisões (condenatórias) transitadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; ● acordos judiciais não cumpridos; ● créditos previdenciários decorrentes de sentença. 2.3) Competência: é verificada de acordo como título ● Títulos judiciais: juiz ou tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio (art. 877 da CLT); ● Títulos extrajudiciais: juiz que teria competência para o processo de conhecimento (art. 877-A da CLT). Aplicação do art. 475-P do CPC Por esse artigo, o exequente pode optar por entrar com a execução no local onde se encontram os bens sujeitos à expropriação ou no atual domicílio do executado. Tese minoritária vem aceitando a aplicação desse dispositivo. Predomina entendimento de que ele é inaplicável no Processo do Trabalho, conforme Informativo n. 1 do TST. 2.4) Legitimidade i) Ativa Ex officio (art. 878 da CLT,) Credor (regra) Devedor: há divergência com relação a sua legitimidade ativa (para iniciar a execução). Tese minoritária (Carlos Henrique Bezerra Leite) entende que é possível sim considerar o devedor legitimado ativo, como na hipótese em que o devedor paga as contribuições sociais antes mesmo do valor devido ao reclamante. O MPT também tem legitimidade ativa, especialmente quando é autor da ação. É, ainda, legitimado no caso de competência originária do TRT (art. 878, p.único, da CLT). Pela LC 75/93, no entanto, esse legitimidade é restrita às ações coletivas. Aplica-se de forma subsidiária o CPC (art. 567): Art. 567, I, do CPC: os sucessores serão aqueles inscritos na Previdência Social (INSS), conforme Lei n. 6858/80. Art. 567, II, do CPC: é possível a cessão de créditos trabalhistas? A Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, no seu art. 100, não admite, pois entende que a cessão tira a natureza trabalhista do crédito; passa a ser credor uma pessoa que não é integrante da relação de trabalho/emprego. A Lei n. 11.101/05 (art. 83, § 4º) admite a cessão, passando o crédito trabalhista a ser crédito quirografário. Art. 567, III, do CPC: também entende-se que é de difícil ocorrência, pois a sub-rogação descaracteriza a natureza trabalhista do crédito, deixando de ser possível a sua execução na Justiça do Trabalho. 3 ii) Passiva (art. 568 do CPC) I- o devedor; II- o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III- o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; IV- o fiador judicial; V- o responsável tributário. Há uma diferença entre obrigação e responsabilidade. A obrigação é pessoal, mas a responsabilidade passa a ser patrimonial. Em princípio, a responsabilidade é de quem está no título executivo; é do devedor (responsabilidade primária). Há também a responsabilidade secundária, ou seja, responsabilidade de quem não está inicialmente no título executivo, mas que também responde com o seu patrimônio por aquela dívida. Essa responsabilidade secundária pode ser subsidiária ou solidária. Casos especiais de responsabilidade patrimonial (art. 592 do CPC): 1) Responsável subsidiário: não havendo patrimônio do devedor principal, passa-se a análise do secundário. Tem aplicação grande quando se fala em terceirização. Aquele que tem a responsabilidade subsidiária deve constar no título, conforme Súmula n. 331 do C. TST). Julio Cesar Bebber entende que é possível sim a inclusão do responsável subsidiário em fase de execução, momento em que lhe será oportunizado o contraditório. 2) Grupo econômico: como cancelamento da Súmula n. 205 do C. TST, passou-se a entender que não há necessidade de inclusão dos demais membros do grupo econômico na fase de conhecimento, pois a obrigação é solidária e, portanto, é única e de todos. Aquele que já está no processo de conhecimento já está representando todas as demais empresas. Assim, é possível a inclusão das demais, mesmo que elas não figurem no título executivo. 3) Sucessão: o sucessor vai ser integrante do polo passivo da execução, pois ele passa a ser o responsável por aquela dívida (art. 568, II, do CPC). Cláusula contratual afastando responsabilidade da sucessora não é válida no direito do Trabalho, pois, conforme art. 10 da CLT, qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não pode atingir os direitos dos trabalhadores. 4) Sócios Sabe-se que é a empresa a responsável pelos créditos trabalhistas, mas, a partir do momento em que ela passa a não ter condições de cumprir tal obrigação, admite-se a desconsideração da personalidade jurídica. A desconsideração é diferente da despersonalização. Esta é retirar a personalidade da pessoa jurídica (acabar com a pessoa jurídica) e aquela consiste em levantar o véu da empresa e entrar no patrimônio dos sócios. No Processo do Trabalho, aplica-se o art. 28 do CDC e não o art. 50 do CC/02, o qual exige a comprovação da fraude. Os sócios passam a integrar o polo passivo, podendo opor embargos do devedor. Um ponto mais delicado é quando há ex-sócios. O art. 1003, p. único, do CC/02 impõe uma responsabilidade de até 2 anos após a sua saída da empresa. Esse artigo é aplicável? Há correntes: 1ª tese: inaplicável; o sócio responde com seu patrimônio pessoal, mesmo que já tenha saído da empresa, pois ele se valeu da mão de obra do reclamante. Tal dispositivo afasta as garantias do crédito trabalhista. 2ª tese: vem ganhando força, que entende aplicável tal dispositivo, pois há que se dar uma segurança jurídica ao devedor. Os dois anos são contados desde a averbação da saída até ajuizamento da reclamação trabalhista. 2.5) Fraude à execução (art. 593 do CPC) 2.5.1) Conceito: ocorre quando o devedor onera ou grava bens, diante de 4 processo pendente, sem ficar com patrimônio suficiente para quitar a dívida. No processo do Trabalho, aplica-se apenas o inciso II do art. 593 do CPC. 2.5.2) Caracterização Demanda pendente: já há um processo em andamento e, nesse período, há dilapidação do patrimônio. Parte da doutrina entende que só há formação (triangulação) do processo a partir da citação do réu. Outra parte entende que o processo já se forma entre o autor e o juiz, tanto que, se a petição inicial não tiver seus requisitos, haverá extinção do processo sem resolução do mérito (art. 267 do CPC). No Processo do Trabalho, como a citação/notificação do réu ocorre por simples ato da Secretaria, o ajuizamento da reclamação trabalhista já é capaz de gera uma demanda pendente. A fraude à execução também está presente na hipótese de venda de bens após o ajuizamento de cautelar (ex: arresto) e antes do ajuizamento da reclamação trabalhista. A venda dos bens tem que gerar a redução à insolvência. É desnecessária a má-fé (consilium fraudis). Há uma exceção, que é no caso de bens imóveis, ou seja, é necessário demonstrar que o terceiro não agiu de boa-fé. Comprovada a ausência de boa-fé, o ato de compra e venda do bem imóvel é tido por inexistente e considera-se que o bem continua no patrimônio do devedor, sendo utilizado para pagamento da execução. A fraude à execução é ato ineficaz em relação ao processo, sendo declarado nos próprios autos. Constitui ato atentatório à dignidade da justiça, ensejando a aplicação de multa. A fraude à execução difere da fraude contra credores, para cuja verificação é necessário o ajuizamento da ação pauliana (e não dentro dos próprios autos). Há, ainda, a necessidade de se provar a má-fé (consilium fraudis). E mais, na fraude contra credores, deve haver a anterioridade do débito, ou seja, o bem tem que ser vendido ou alienado após a constituição do débito. 2.6) Execução Judicial Há duas modalidades, quais sejam: execução definitiva e provisória. A execução definitiva ocorre com o transito em julgado da decisão. A execução provisória ocorre com a sentença impugnada mediante recurso sem efeito suspensivo Pela OJ n. 56 da SDI-II do C. TST, se há Recurso Extraordinário, a execução será provisória. Importante é a análise do art. 899 da CLT, segundo o qual é "...permitida a execução provisória até a penhora". 1ª tese: a execução para na penhora (que é a individualização de determinados bens para serem utilizados no pagamento da execução) 2ª tese: a execução vai até apreciação/julgamento de todos incidentes da penhora. 3ª tese: entende que a norma da CLT está ultrapassada no tempo; logo, aplica-se o CPC (art. 475-O). Assim, não permite atos de expropriação, exceto se tiver caução. Exige-se caução, pois a execução provisória corre com responsabilidade do credor. Há hipóteses de dispensa de caução, quais sejam: i) créditos de natureza alimentar ou decorrente de atos ilícitos, até o limite de 60 vezes o valor do salário-mínimo e exequente demonstrar situação de necessidade (art. 475-O, § 2º, I, CPC). Diz a doutrina que, no Processo do Trabalho, a demonstração do estado de necessidade é presumida. ii) agravo de instrumento no STF, STJ (TST), exceto risco de grave dano, de difícil ou grave reparação. 5 Pelo art. 620 do CPC, a execução deve ser da forma menos onerosa ao devedor. Assim, não é permitida penhora de dinheiro do executado, em execução provisória, quando nomeados outros bens a penhora (Súmula n. 417, III, do C. TST). 2.7) Modalidades de execução São modalidades de execução em sentença condenatória (já que, como vimos, as sentenças declaratórias e constitutivas bastam em si mesmas): ● obrigação de fazer (arts. 461 do CPC); ● obrigação denão fazer (arts. 461 do CPC); ● obrigação de entrega de coisa (art. 461-A do CPC); Nesses 3 modalidades, não haverá busca de bens do devedor para satisfazer a obrigação, uma vez que tratam-se de obrigações ligadas à própria pessoa do devedor. Caso o devedor não faça algo a que foi obrigado pela decisão judicial, o juiz poderá determinar que terceiro realize tal conduta às custas do devedor. ● obrigação de pagar quantia certa. 2.7.1) Fases depois da condenação (quantia certa de devedor solvente) Há 3 grandes momentos, quais sejam: i. Quantificação (liquidação), no caso de decisão ilíquida; ii. Constrição: a) citação para pagamento (48 horas) e para nomear bens a penhora (garantia da execução). Se não pagar, entra a atuação estatal (penhora). Há discussão se, com o advento da Lei n. 11.232/05 (processo sincrético), ainda há citação ou seria o caso de mera intimação. A doutrina entende que, como a execução trabalhista pode ser iniciada de ofício, não se trata de um processo de execução, logo haverá uma intimação para pagamento. A citação/notificação no processo de conhecimento é feita por carta (e presume-se recebida em 48 horas). Na fase de execução, no entanto, ela é feita por oficial de justiça. Se o Oficial de Justiça não encontrar, a citação será por edital. A citação por edital ocorre quando o devedor é procurado por 2 vezes em 48 horas, mas não é encontrado (art. 880, §3º da CLT). a.1) Observação: a multa do art. 475-J do CPC (10%) é aplicável no Processo do Trabalho? Não há uma regra própria na CLT sobre cumprimento voluntário da sentença condenatória. A aplicação de tal dispositivo gera dúvida com relação a qual prazo (para pagamento) aplicar: 15 dias do CPC ou 48 horas da CLT? O professor entende que deve esperar os 15 dias para pagamento voluntário, findo o qual sem pagamento haverá a citação para pagar o valor devido, acrescido da multa de 10%, em 48 horas. Só depois desse segundo prazo é que se entraria na fase de execução, antes (durante os 15 dias), estar-se-ia numa fase de cumprimento voluntário. Ocorre que o TST, conforme Informativo 3, não vem aceitando a aplicação do art. 475-J do CPC, pois há procedimento próprio na CLT. b) penhora: é ato de sub-rogação da vontade do devedor; é ato de império do Estado. Faz a apreensão e depósito de bens, para a satisfação do crédito do exequente. Finalidade: individualização de determinados bens para a satisfação dos créditos do exequente. b.1) Efeitos da penhora: ● Individualizar bens; ● Garantir o juízo; ● Gerar preferência ao credor: há preferência para aquele credor que fez a 6 primeira penhora; ● Privar o devedor da posse direta dos bens; Exceção: havendo concordância do exequente ou os bens de difícil remoção, admite-se que o devedor fique com a posse direta (fique com o próprio bem) ● Tornar ineficaz a alienação dos bens constritos em relação ao processo: se houver a alienação dos bens durante o processo, haverá fraude à execução b.2) Ordem de indicação de bens a penhora (art. 882, CLT c/c art. 655, CPC): Inciso I: dinheiro, assim entendido também a aplicação em instituição financeira. Diz o TST que a carta fiança bancária equivale a dinheiro (OJ n. 59 SDI-II). Não fere direito líquido e certo penhora em dinheiro na execução definitiva. Por outro lado, fere quando se trata de execução provisória e existem outros bens (Súmula n. 414 do TST). Inciso VII: percentual do faturamento de empresa devedora. Diz o TST, na OJ n. 93 da SDI-II, que esse percentual é limitado, de modo que não comprometa o desenvolvimento da empresa. b.3) Bens impenhoráveis (arts. 649 e 650 do CPC): há bens que não podem ser penhorados (não podem garantir a execução), dentre os quais destaca-se: -Inciso IV c/c §3º: o TST entende que o crédito trabalhista não se enquadra no conceito de 'credito de natureza alimentar' contido no §3º. Assim, entende que, em nenhuma hipótese, pode-se penhorar o salário do devedor. Diz ainda o TST, na OJ n. 153 da SDI-II, que fere direito líquido e certo penhora de salário, ainda que percentual ou valores revertidos a fundo de aplicação ou poupança. Há um conflito entre dois bens: de um lado, o crédito do trabalhador, de natureza alimentar, conforme art. 100, §3º da CR/88, e, de outro, o salário do devedor, em tese impenhorável, conforme art. 649, ,IV, do CPC. A doutrina mais abalizada entende que a penhora de parte do salário pode ser de até 30% do salário do executado, pois é um percentual disponível, servindo inclusive como limite máximo para empréstimos consignados. -Inciso V: são impenhoráveis apenas as máquinas utilizadas por profissional liberal. Quando a máquina é usada em empresa, é possível a penhora. -Inciso X: não se admite a penhora de quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos. A doutrina majoritária entende que esses dispositivo não se coaduna com os direitos trabalhistas b.4) Impenhorabilidade do bem de família (Lei 8009/90) O que vem a ser a moradia que se torna impenhorável? A residência do casal e de entidade familiar abrange imóvel de pessoas solteiras, separadas e viúvas (Súmula n. 364 do STJ). Exceção: a impenhorabilidade do bem de família não se aplica aos trabalhadores da própria residência (empregada doméstica). c) avaliação dos bens: no processo do Trabalho, é feita pelo próprio Oficial de Justiça (art. 721 da CLT), exceto se a avaliação for complexa que, neste caso, pode ser nomeado um avaliador. Feita a avaliação, para efetivar a penhora, é necessário o depósito, surgindo a figura do depositário. Com o depósito, retira-se do devedor a posse direta 7 do bem. Diz o TST que não é algo imposto; exige-se concordância do depositário (ele tem que aceitar o encargo), uma vez que há diversas obrigações. c.1) Depositário infiel: é aquele que foi nomeado como depositário, mas não conservou os bens. Sabe-se que há dois casos de prisão civil na CR/88: decorrente de inadimplemento de pensão alimentícia e depositário infiel. Com o advento da EC n. 45/04, passou-se a admitir que, havendo a prisão do depositário infiel, a Justiça do Trabalho julgue habeas corpus. Observação: O STF passou a discutir a aplicação do Pacto de San Jose da Costa Rica, o qual só admite a prisão civil na hipótese de inadimplemento de pensão alimentícia, no direito brasileiro, especialmente após o art. 5º, §3º, da CR/88. Diz o STF que tal pacto é norma supralegal e, por isso, produz efeito paralisante para a norma infraconstitucional. Assim, embora a CR/88 prevê a hipótese de prisão civil do depositário infiel, quem regulamenta é a lei; só que essa lei não vai poder regulamentar pois existe uma norma supralegal que produz efeito paralisante na lei infraconstitucional. Dessa forma, nos dias atuais, não se admite mais prisão civil do depositário infiel. Feita a penhora e a avaliação do bem, abre-se a possibilidade da oposição dos embargos à execução. d) Embargos à execução A natureza jurídica é de ação. d.1) A competência é do juízo onde processa a execução. Na hipótese de execução por carta precatória, o art. 20 da LEF, diz que ele é interposto no juízo deprecado que encaminha para o juízo deprecante, sendo o julgamento feito pelo juízo deprecante. Exceção: o julgamento será feito pelo juízo deprecado se houver vícios da penhora, avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado. d.2) O requisito essencial para o ajuizamento dos embargos à execução é a garantia do juízo, exceto na execução contra a Fazenda Pública, já que os bens desta são impenhoráveis e inalienáveis. d.3) O prazo para a interposição é de 5 dias, contados da intimação da penhora. Para Fazenda Pública o prazo é de 30 dias. d.4) As matérias alegáveis (art. 884, CLT) são restritas ao cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida. Diz a doutrina (tese majoritária) que esse dispositivo é exemplificativo, aplicando-se o art. 475-L (alegações dos títulos judiciais) e art. 745 (para os títulos extrajudiciais), ambos do CPC. Art. 475-L, I, CPC: o vício de citação deve ser alegada no RO.Já a inexistência, por ser mais grave, entende a doutrina que ela pode ser alegada a qualquer tempo, ou seja, nos embargos e, até mesmo, na chamada querela nullitatis. Art. 475-L, VI, CPC: a compensação só pode ser alegada na contestação (art. 767 da CLT) e só pode ser de verba de natureza trabalhista (Súmula n. 18 do TST). A compensação superveniente é de difícil aplicação. Registre-se que o embargante não pode arguir compensação e retenção anteriores à sentença. Interpostos os embargos, o exequente será intimado para impugnar no prazo 5 dias. É possível a instrução, inclusive com testemunhas. d.5) Da decisão dos embargos cabe agravo de petição para o TRT (não sendo cabível o RO), com delimitação do objeto e dos valores a serem discutidos. Para a oposição dos embargos, a garantia do juízo deve ser total, embora 8 haja posicionamento na doutrina aceitando a garantia parcial. e) Exceção de pré-executividade Não há necessidade de se garantir a execução. Finalidade: permitir a impugnação do título sem a constrição de bens. e.1) Em quais hipóteses pode-se usar tal instituto? 1ª tese: matérias de ordem pública, podendo o juiz conhecê-las de ofício. Para esta tese, o nome correto seria objeção de pré-executividade 2ª tese: tanto matérias de ordem pública como aquelas que possuem provas pré-constituídas. Independente da tese adotada, a exceção de pré-executividade não suspende a execução. e.2) Da decisão cabe recurso? depende do que ficou decidido. -Se a decisão rejeita ou acolhe parcialmente, ela é uma decisão interlocutória da qual não cabe recurso; pode-se arguir a matéria novamente nos embargos -Se a decisão acolhe e extingue a execução, ela é uma sentença da qual cabe agravo de petição. f) Embargos de terceiros É cabível quando terceiros, que não possuem relação jurídica, respondem com seus bens. Havendo penhora de bens de terceiro, o mecanismo que ele possui para se defender, diante da ausência de previsão na CLT, são os embargos de terceiro (art. 1.046 do CPC - "não sendo parte no processo"). f.1) Objetivo: proteger posse ou a propriedade de bens de terceiros, ou seja, busca desconstituir a constrição, a própria penhora. f.2) Legitimidade dos sócios na desconsideração da personalidade jurídica: integrado no polo passivo da execução, o sócio pode ajuizar os embargos do devedor. Se ainda não foi citado, admite-se a interposição dos embargos de terceiro. f.3) Na hipótese de penhora de bens do cônjuge do sócio, se esse bens for parte da sua meação (ser bem só do cônjuge), ele será considerado terceiro; por outro lado, se não for parte da meação, o cônjuge pode ajuizar embargos do devedor. f.4) Momento de interposição Na fase de conhecimento, pode ajuizar a qualquer tempo antes do trânsito em julgado. Ex: quando há arresto na fase de conhecimento. Na fase de execução, até 5 dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas antes da assinatura da respectiva carta. Interpostos os embargos de terceiro, há a intimação do embargado para contestar no prazo de 10 dias. f.5) A competência é do juízo que ordenou a apreensão. Na execução por carta precatória, a interposição dos embargos de terceiro deve observar a Súmula n. 419 do TST. A interposição pode se dar tanto no juízo deprecante como no juízo deprecado (ao contrário do que ocorre com os embargos à execução que, como vimos, são interpostos/oferecidos no juízo deprecado que os encaminha para o juízo deprecante). O julgamento, em regra, é feito pelo juízo deprecante, mas excepcionalmente (quando houver vícios ligados à penhora, avaliação ou alienação dos bens) pode ser julgado pelo juízo deprecado 9 f.6) Da decisão cabe qual recurso? Se os embargos forem interpostos na fase de conhecimento, cabe RO. Se foi na fase de execução, contra a decisão cabe agravo de petição. iii. Expropriação Conceito: é ato de império do Estado que transfere os bens do devedor a terceiros ou ao credor, para pagamento da dívida. O momento, agora, é de venda dos bens. Modalidades de expropriação: arrematação (alienação por hasta pública); adjudicação (entrega o bem ao próprio credor); alienação por iniciativa particular; usufruto do bem móvel ou imóvel. a) Arrematação a.1) Conceito: é uma venda do patrimônio do devedor pelo Estado em hasta pública. a.2) Tem como finalidade a conversão dos bens penhorados em dinheiro para pagar o credor. a.3) Quem tem legitimidade para fazer a arrematação? Como a CLT é omissa, aplica-se o CPC. Pode fazer a arrematação todos aqueles que estiverem na livre administração de seus bens (arts. 690 e 690-A, CPC). Pode haver arrematação pelo próprio credor? Há discussão. 1ª tese: não admite a arrematação pelo próprio credor, porque o credor trabalhista tem preferência na adjudicação (art. 888, § 1º, da CLT). 2ª tese: sim; a CLT não impede a arrematação pelo próprio credor. O CPC é compatível. Na segunda hasta é possível a arrematação por valor inferior ao da avaliação. Na adjudicação tem que ser o valor da avaliação. a.4) Modalidades de arrematação Hasta pública é gênero, da qual são espécies: ● praça: bens imóveis (realizada no átrio do fórum) ● leilão: bens móveis (ocorre no lugar em que estiverem os bens) A CLT não faz essa diferenciação; ela fala em leilão para os dois casos (bens móveis ou imóveis) a.5) Procedimento Há que respeitar o princípio da publicidade, ou seja, o edital é publicado sempre na sede do juízo e, se houve, também no jornal local, com antecedência mínima de 20 dias (art. 888, caput, da CLT) Deve, ainda, haver a intimação da hasta pública. Quem deve ser intimado? ● devedor: essa intimação é obrigatória; ● credor: também deve ser intimado, com base no princípio da igualdade e considerando a hipótese que a ele é dado o direito de arrematação; ● credores com garantia real: obrigatória, pois tais credores têm preferência sobre o bem, sob pena de não produzir efeitos quanto a eles. Uma vez levado a hasta pública, como se define o valor que vai ser pago ao bem? a.6) Lance No Processo do Trabalho, o bem deve ser vendido no maior lance. Esse maior lance é qualquer valor? Há uma tese na doutrina que entende que pode ser sim qualquer valor. A 2ª tese (predominante), no entanto, entende 10 que deve ser analisado se o maior lance não prejudica o executado (dignidade do executado; execução menos onerosa), ou seja, deve ser observado o preço vil, que nada mais é do que o valor muito abaixo do preço da avaliação. Como é feito o pagamento pelo arrematante? Paga-se 20%, salvo se credor, no ato e o restante até 24 horas (art. 888, §§ 2º e 4º) Se o valor não for depositando, ele perde o valor para a execução. No caso de bens imóveis, pode-se pagar 30% à vista e parcelar o (art. 690, §§ 1º a 4º, do CPC) Quando se trata de arrematação feita pelo credor, se o valor do bem for maior que o da execução, ele tem o prazo de 3 dias para pagar a diferença, sob pena de desfazer a arrematação b) Adjudicação b.1) Conceito: é o ato processual que transfere, de forma coerciva/coativa, a propriedade do bem ao patrimônio do credor A adjudicação tem preferência à arrematação. b.2) Legitimidade: quem pode adjudicar? 1ª tese: o credor; 2ª tese: diante de uma lacuna ontológica (a norma da CLT não tem os efeitos sociais buscados em seu início), deve ser aplicado o CPC. Assim, pode adjudicar não só o credor como também (art. 685-A, § 2º do CPC): - credor com garantia real; - credores concorrente que tenham penhorado o mesmo bem; - cônjuge, ascendente e descendente (antiga remição de bens). b.3) A adjudicação tem como base o valor da avaliação, o que diferencia da arrematação, a qual é feita com base no maior lance (observado o lance mínimo, para que não ocorra o preço vil). Se o bem tiver valor inferior ao da execução, prossegue execução. Caso o bem tenha valor superior, devolve parte remanescente para devedor. b.4) Prazo para adjudicar: há discussão na doutrina. 1ª tese: ATÉ antes da assinatura do auto de arrematação (CPC); 2ª tese (minoritária): art. 24 da Lei n. 6.830/80 – até 30 dias depois da hasta. Uma vez feito o auto de adjudicação,há uma decisão homologatória. b.5) A impugnação da decisão homologatória de adjudicação é feita por embargos à adjudicação no prazo de 5 dias contados da adjudicação. Não cabe ação rescisória de decisão que homologa adjudicação e arrematação (Súmula n. 399 do C. TST) Se tiver alguma nulidade, ela poderá ser arguida só através da ação anulatória. c) Alienação por iniciativa particular Já existia de certo modo na CLT. Como o CPC trouxe recentemente um regramento próprio, aplica-o supletivamente. c.1) Conceito: é a alienação de modo particular, ou seja, por iniciativa do exequente ou por intermédio de corretor credenciado. Foge da ideia de hasta pública. c.2) Momento 1ª tese: pelo CPC, a alienação por iniciativa particular pode ocorrer até antes 11 da hasta pública; 2ª tese: a alienação por iniciativa particular no Processo do Trabalho só pode ocorrer depois da hasta pública, com fundamento no art. 888, § 3º, da CLT. c.3) Regras importantes Prazo e publicidade: o juiz irá fixar, de acordo com a razoabilidade. O devedor deve ser intimado para exercer o direito de remir a execução (para pagamento da dívida). Assim como na adjudicação, o preço mínimo é o da avaliação. 2.8) Remição da execução x Remição de bens A remição da execução é pagamento pelo executado/devedor (art. 13 da Lei n. 5.584/70 e art. 651 do CPC). Momento: esse pagamento pode ser feito até a assinatura do auto de arrematação ou de adjudicação. A remição de bens é o beneficio concedido aos membros da família, ou seja, pagamento da dívida por integrante da família. Hoje, não existe mais remição de bens, pois não há na CLT e na LEF e a Lei n. 11.282/06 revogou os arts. 787 a 790 do CPC. Entrou agora no CPC a adjudicação feita pelos parentes do devedor (art. 685-A, § 3º, CPC) Vimos que a adjudicação tem preferência à arrematação. Parte da doutrina entende que o credor tem preferência na adjudicação em relação aos parentes do devedor. Outra parte (minoritária) entende que quem tem essa preferência são os familiares. 2.9) Execuções diferenciadas 2.9.1) Execução das contribuições previdenciárias Colocando a Justiça do Trabalho como órgão arrecadador de contribuições sociais, acabou-se por completo com a possibilidade de extinção da Justiça Especializada. A competência da Justiça do Trabalho é limitada às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado (Súmula 368, I, TST). A Justiça do Trabalho só tem competência para cobrar contribuições sociais de parcelas que ela condenou. Ex: se o trabalhador, com salário de R$1.000,00, laborou todo o contrato sem que houvesse o recolhimento do INSS pelo empregador, mas, com o ajuizamento de reclamação trabalhista, houve o pedido apenas à condenação no pagamento R$ 200,00 de horas extras, e assim o juiz decidiu, a Justiça do Trabalho não é competente para arrecadar as contribuições sociais incidentes sobre todo o salário, mas apenas sobre a parcela condenatória das horas extras. A Justiça do Trabalho só pode executar o que ela cria como título judicial e esse título, no exemplo acima, é só referente às horas extras. Mesmo com o advento do art. 876, p. único, da CLT, que admite a execução do INSS incidente sobre todo o período contratual reconhecido, o STF não entende dessa forma e sedimentou entendimento no sentido de que não pode executar contribuições sociais que não decorrem da condenação da Justiça do Trabalho. Em suma, a Justiça do Trabalho só tem competência para aquilo que ela condena (quando ela tem um título executivo judicial), sob pena de iniciar uma execução sem título. O empregador, além da contribuição social, tem também que arcar com o pagamento do SAT, cujo valor varia a depender do risco da atividade da empresa. A Justiça do Trabalho também é competente para a contribuição do SAT (OJ n. 414 da SDI-I do TST). As contribuições de terceiros (do Sistema S) não são de competência da Justiça do Trabalho. 12 Toda sentença ou acordo judicial deve prever as contribuições previdenciárias, independente de pedido na inicial (Princípio da Extrapetição). A execução das contribuições previdenciárias é feita ex officio. Quando é feito um acordo judicial, deve haver discriminação das parcelas sujeitas à incidência das contribuições previdenciárias. Se não houver a discriminação da contribuição previdenciária, a incidência é sobre valor total, conforme OJ n. 368 da SDI-I do TST). Quando o acordo for sem reconhecimento do vínculo, diz o TST que há incidência da contribuição previdenciária de 20% para o tomador e de 11% para o prestador de serviço, sobre o valor total (OJ n. 398 da SDI-I do C. TST). Quando o acordo ocorre após o trânsito em julgado, há incidência sobre o valor do acordo, devendo ser respeitada a proporcionalidade das verbas indenizatórias e salariais descritas na condenação (OJ n. 376 da SDI-I do C. TST) Procedimento Feito o acordo ou a sentença, deve ser intimada a União, a qual pode recorrer. O Ministério da Fazenda poderá dispensar a exigência de manifestação. Ver Súmula n. 368 do C. TST. 2.9.2) Execução da massa falida e das empresas submetidas ao procedimento de recuperação judicial (Lei n. 11.101/05) Quando se fala em execução contra a massa falida, é importante ter em mente que o devedor tem mais dívidas do que bens. Deve a execução ser feita de forma coletiva para que os credores recebam parcelas iguais de bens; daí o nome concurso geral de credores. a) Uma vez declarada a recuperação judicial ou a falência, até onde vai a competência da Justiça do Trabalho? A Justiça do trabalho é competente até a fixação do montante (até o julgamento da liquidação). Após, uma vez definido o montante, o juiz trabalhista encaminha ao juízo falimentar ou para inclusão na recuperação (art. 6º, § 2º, da Lei n. 11.101/05). Se já tiver sido efetivada a penhora, entende a doutrina que será feita a venda do bem e o produto da alienação vai para o juízo falimentar. Se já tiver pago o credor antes da notícia da falência ou recuperação judicial, não há problema; eventual remanescente é que será encaminhado ao juízo falimentar. b) Preferência na falência ● créditos trabalhistas até 150 salários mínimos. Acima deste valor são considerados créditos quirografários; ● créditos decorrentes de acidente de trabalho. c) Sucessão trabalhista No caso de uma empresa comprar todo o estabelecimento de outra empresa, contratando novos empregados ou mantendo os já existentes, há sucessão trabalhista? No caso de falência, não há sucessão na aquisição dos bens do falido (art. 141, II, da Lei 11.101/05). A empresa compradora não responde pelos créditos passados da empresa vendida. Na recuperação judicial, há divergência, mas predomina entendimento no sentido de que há sim sucessão trabalhista (o art. 60, §1º, da Lei 11.101/05 não fala em créditos trabalhistas) c) Liquidação Extrajudicial A liquidação extrajudicial é diferente da recuperação judicial. Esta consiste num plano de reestruturação da empresa, vendendo alguns bens, parcelando algumas dívidas, como forma de reerguer-se. Já a liquidação extrajudicial, ela só se aplica às entidades financeiras e às cooperativas de créditos; é um concurso geral de credores feito pelo Banco Central. 13 Nessa hipótese, diz a OJ n. 143 da SDI-I do C. TST que Justiça do Trabalho é competente mesmo depois da decretação. 2.9.3) Execução contra a Fazenda Pública (art. 100 da CR/88) Vimos que as sentenças declaratória e constitutiva bastam em si mesmas, não havendo uma segunda fase. As sentenças condenatórias dividem-se em: obrigação de fazer, não fazer, entrega de coisa (essas são disciplinadas pelos arts. 461 e 461-A do CPC) e pagar quantia certa. Não há diferença quando a execução é em obrigação de fazer, não fazer ou entrega de coisa. A execução é feita igual ocorre com o particular. Há regime diferenciado somente na execução de quantia certa, pois a citação não é para pagar, mas para apresentar embargos. E mais, não há constrição (penhora) ou expropriação de bens, os quais são inalienáveis e impenhoráveis.A forma de pagamento se dá pelo regime do precatório ou por RPV (requisição de pequeno valor). Assim, não há fase de constrição nem de expropriação. O mesmo ocorre com a execução contra a Fazenda Pública de título executivo extrajudicial (Súmula n. 279 do STJ). Há que se observar o regime próprio de pagamento (precatório ou RPV). Exceção: ocorrendo a sucessão pelo ente público de pessoa jurídica de direito privado, já com penhora, diz a OJ n. 343 da SDI-I do C. TST que não há execução diferenciada, ou seja, realiza a expropriação do bem, não observando o regime do precatório ou do RPV. O que é Fazenda Pública? Abrangência: é a União, Estados, DF, Municípios, autarquias, fundações públicas e agências reguladoras. Não se aplica esse regime às EP e SEM. Exceção com relação às EP, qual seja: os Correios (ECT) por se tratar de serviço público essencial entendeu o STF (RE 220.906 DF) que se submete ao regime de precatório. A citação da Fazenda Pública é diferente (na execução de quantia certa), pois ela não é citada para pagar, mas sim para apresentar embargos. Qual é o prazo para a apresentação dos Embargos à execução? houve uma modificação no CPC e na CLT ampliando o prazo para 30 dias (art. 884 da CLT) somente Fazenda Pública. Houve discussão após essa mudança entendendo alguns que tal prazo não se aplica ao Processo do Trabalho, de cunho mais célere. Porém, o STF, na ADC n. 11, determinou a suspensão de todos os processos em que se discutia a inconstitucionalidade do art. 1º-B da MP 2.180-35/2001. Qual é a natureza jurídica da decisão proferida nos embargos à execução? R: temos um sentença, da qual cabe agravo de petição. Se a decisão foi desfavorável ao ente público, não cabe reexame necessário. A aplicação dos Juros é diferenciada para a Fazenda Pública, conforme OJ n 7 do Tribunal Pleno do TST, qual seja: ● 1% (um por cento) ao mês, até setembro de 2001; ● 0,5% (meio por cento) ao mês, de setembro de 2001 a junho de 2009; ● a partir de julho de 2009, atualizam-se os débitos trabalhistas da Fazenda Pública, mediante a incidência dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Esse benefício de juros diferenciado não se estende à Fazenda Pública quando ela possui responsabilidade subsidiária (OJ 382 SDI-I do TST), ou seja, a incidência dos juros é a mesma aplicada aos particulares. Transitada em julgada a sentença dos embargos ou vencido o prazo para apresentação deles passa-se ao procedimento específico do precatório e do RPV (requisição de pequeno valor). Formas de Pagamento 14 São formas de pagamento diferenciadas feitas pela Fazenda Pública: i) Precatório Juiz elabora o precatório e encaminha ao presidente do Tribunal competente para repassá-lo ao ente devedor que deverá incluí-lo o orçamento. A inclusão no orçamento do ente devedor deve obedecer a ordem cronológica de apresentação do precatório. Precatórios encaminhados até 1º de julho (ex: 2012) entram no orçamento do ano seguinte (ex: 2013). Se incluídos depois de 2 de julho (ex: 2012), entram no orçamento só do ano posterior (ex: 2014). Dentro desse regime há um benefício no pagamento dos precatórios de créditos de natureza alimentícia (art. 100, § 1º, CF); é assegurado o direito de preferência a tais créditos. Quais são esses créditos? R: salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez. Dentro dos créditos de natureza alimentícia há ainda uma preferência entre esse créditos; seria um crédito superprivilegiado destinado a titulares do direito, os quais tenham 60 anos de idade (ou mais) ou sejam portadores de doença grave e cujo valor seja até o triplo da RPV. Nessa hipótese de crédito 'superprivilegiado', admite-se o fracionamento, o que não significa uma renúncia do crédito excedente (art. 100, § 2º, CR/88). Esse excedente será pago observando a ordem de preferência para os demais créditos de natureza alimentar, ou seja, ainda ficarão na frente dos créditos comuns. Assim, a ordem de preferência no pagamento dos precatórios é: 1) créditos de natureza alimentícia até 3x o valor da RPV para titular com 60 anos (ou mais) ou portador de doença grave 2) demais créditos de natureza alimentícia 3) créditos comuns Instrumentos na hipótese de não adimplemento Em caso de não pagamento pela Fazenda Pública, são cabíveis os seguintes instrumentos: a) Sequestro Hipóteses de cabimento ● Preterição: não houve o pagamento na ordem cronológica de apresentação dos precatórios. A legitimidade para requerer o sequestro é daquele que está em primeiro lugar na lista (OJ n. 13 Tribunal Pleno). ● Não há inclusão no orçamento: antigamente não era considerada preterição, não se admitindo o sequestro, mas com o advento da EC n. 62, que trouxe o art. 100, § 6º, CR/88, tornou possível tal possibilidade. Assim, a OJ n. 3 do Pleno deve ser cancelada. O sequestro depende de requerimento, não podendo ser feito de ofício. Com o requerimento de sequestro, o próprio Presidente do Tribunal cumpre a medida, inclusive com a realização de BACENJUD. Da decisão que determina o sequestro, é cabível o mandado de segurança (OJ .n 10 do Pleno). Não cabe dessa decisão reexame necessário (OJ n. 8 do Pleno), por ser decisão meramente administrativa. Não cabe também recurso extraordinário (Súmula n. 733 STF) b) Intervenção (art. 34, V, a, CF) Ocorre quando não há pagamento demais casos. ii) Requisição de pequeno valor (RPV) ou requisição de pagamento autônomo (RPA) 15 Os valores são menores e a forma de pagamento é bem diferente. Transitado em julgado o juiz requisita o pagamento diretamente para o ente público, sendo feito o pagamento na CEF ou BB. Não há, portanto, um regime de ordem cronológica, o pagamento é feito direto. O prazo é 60 dias para pagamento, contados da entrega da requisição. O que é crédito de pequeno valor? São as condenações até: ● União: 60 salário mínimos (art. 17, § 3º, da Lei n. 10.259/01); ● Estados e DF: 40 salários mínimos (ADCT, art. 87); ● Municípios: 30 salários mínimos (ADCT, art. 87). Podem ser estabelecidos outros valores maiores ou menores em lei superveniente (federal, estadual ou municipal). Porém, o limite mínimo deve ser igual ao valor do maior benefício do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). É proibido o fracionamento do crédito (ao contrário, como vimos, do que ocorre com o crédito superprivilegiado). O que é permitido é a renúncia quanto ao valor que extrapolar. Em caso de reclamação plúrima, considera-se o crédito de cada trabalhador, conforme OJ n. 9 do Pleno. Em caso de não pagamento, o sequestro independe de requerimento ou de conduta pelo Presidente do TRT; é feito bloqueio on line diretamente pelo juiz da Vara. 16
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