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APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 1 @emilly.lorenaa APG 8 – Dores ao vento 1) DEFINIR A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (SINAIS DE ALARME), DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS A cefaleia é um dos sintomas mais comuns avaliados por neurologista, que apresenta um vasto diagnóstico diferencial. O manejo bem-sucedido das cefaleias tanto primárias quanto secundárias exige um conhecimento da neuroanatomia pertinente e da fisiologia subjacente. Tipicamente, ocorre dor quando os nociceptores periféricos são estimulados em resposta a determinados fatores, como lesão tecidual ou distensão visceral. Nesse contexto, a percepção da dor constitui uma resposta fisiológica normal mediada por um sistema nervoso sadio, no entanto, a dor também pode ocorrer em consequência de dano ou ativação inapropriada das vias produtoras de dor do SN central ou periférico = a cefaleia pode resultar de um desses mecanismos ou de ambos! Poucas estruturas cranianas geram dor, as quais incluem o couro cabeludo, a foice do cérebro, os seios da dura-máter e segmentos proximais das grandes artérias da pia-máter. Acredita-se que a maior parte do parênquima cerebral, o epêndima ventricular, o plexo corióideo e as veias da pia- máter não sejam capazes de produzir dor. As estruturas fundamentais envolvidas na cefaleia primária parecem ser as seguintes: Os grandes vasos intracranianos, a dura-máter e os terminais periféricos do nervo trigêmeo que inervam essas estruturas A porção caudal do núcleo trigeminal, que se estende nos cornos dorsais da medula cervical superior e recebe impulsos da primeira e segunda raízes nervosas cervicais (o complexo trigeminocervical) As regiões rostrais de processamento da dor, como tálamo ventroposteromedial e o córtex Sistemas moduladores da dor no cérebro, que modulam impulsos dos nociceptores trigeminais em todos os níveis das vias de processamento da dor e que influenciam funções vegetativas, como o hipotálamo e estruturas do tronco encefálico. A cefaleia pode ser provocada por diversas condições. Algumas delas representam transtornos primários (+ comum) e outras se manifestam secundárias (+ raro) a condições patológicas em que a cefaleia é um sintoma. As síndromes de cefaleias primárias são distúrbios em que a cefaleia e características associadas ocorrem na ausência de uma etiologia exógena. Os tipos mais comuns de cefaleia primária ou crônica são cefaleia do tipo enxaqueca (migrânea), cefaleia tensional, cefaleia em salvas, cefaleias autonômicas do trigêmeo (CAT) e cefaleia crônica diária (CCD). As cefaleias primárias é um transtorno de neurotransmissores, a nível molecular (comunicação entre neurônios), em que não há uma alteração estrutural (neuroimagem) e não há sinal neurológico focal = benignas! MIGRÂNEA (ENXAQUECA) A migrânea (enxaqueca) constitui a 2ª causa mais comum de cefaleia e está entre as 20 principais causas de incapacidade no mundo inteiro de acordo com a OMS. Atinge cerca de 12% da população anualmente (15% das mulheres 6% dos homens ao longo de um período de 1 ano). O cérebro na migrânea é particularmente sensível a estímulos ambientais e sensoriais, os pacientes com propensão à migrânea não se habituam facilmente a estímulos sensoriais. A cefaleia pode ser iniciada ou amplificada por vários deflagradores, incluindo luzes brilhantes, sons, odores ou outra estimulação aferente, fome, estresse ou o desligamento do estresse, esforço físico, condições meteorológicas de tempestade, altitude ou mudanças de pressão barométrica, flutuações hormonais durante a menstruação (níveis de estrogênio) falta ou excesso de sono e álcool ou outras substâncias químicas, como nitratos. Aditivos de alimentos, como glutamato monossódico, queijo curado e chocolate, também podem precipitar uma crise de enxaqueca. Os verdadeiros gatilhos da enxaqueca são os produtos químicos nos alimentos, e não alergênios. Os casos de enxaqueca tendem a ocorrer dentro de uma mesma família e acredita-se que são herdados como traço autossômico dominante com penetrância incompleta. A enxaqueca pode se manifestar em crianças e adultos, sendo que antes da puberdade, ela tem distribuição igual entre os sexos. FISIOPATOLOGIA Embora existam muitas teorias alternativas sobre os mecanismos fisiopatológicos da enxaqueca, sabe-se que o nervo trigêmeo se torna ativado. O mecanismo envolvido no desenvolvimento da enxaqueca é extremamente complexo, envolvendo ativação hipotalâmica, trigeminal, mediação por neurotransmissores como glutamato, além de ter componente genético. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 2 @emilly.lorenaa A sensibilidade sensorial que é característica da migrânea provavelmente resulta de uma disfunção dos sistemas de controle sensoriais monoaminérgicos localizados no tronco encefálico e no diencéfalo. A estimulação das fibras sensoriais do trigêmeo pode levar à liberação de neuropeptídios vasoativos, particularmente o peptídio relacionado com o gene da calcitonina (CGRP), causando inflamação neurogênica dolorosa na vasculatura das meninges. Outro possível mecanismo implica a vasodilatação neurogênica dos vasos sanguíneos das meninges como componente fundamental dos processos inflamatórios que ocorrem durante uma crise enxaqueca. Os dados também sustentam o papel da dopamina na fisiopatologia da migrânea. Os sintomas da migrânea podem ser induzidos, em sua maioria, por estimulação dopaminérgica. Além disso, existe uma hipersensibilidade do receptor dopaminérgico nos indivíduos que sofrem de migrânea, conforme demonstrado pela indução de bocejos, náuseas, vômitos, hipotensão e outros sintomas de crise de migrânea por agonistas dopaminérgicos, em doses que afetam os indivíduos que não sofrem de migrânea. Os agonistas dos receptores dopaminérgicos são agentes terapêuticos efetivos na migrânea, particularmente quando administrados por via parenteral ou concomitantemente com outros agentes antimigrânea. Foram identificados genes de migrânea em estudos de famílias com migrânea hemiplégica familiar (MHF), que revelam a participação dos canais iônicos, sugerindo que alterações na excitabilidade das membranas podem predispor à migrânea. Atualmente, sabe-se que mutações envolvendo o gene CACNA1A do canal de cálcio regulado por voltagem do tipo Cav2.1 (P/Q) causam MHF-1, essa mutação é responsável por cerca de 50% dos casos de MHF. As mutações no gene ATP1A2 da Na+-K+ ATPase, designadas como MHF-2, são responsáveis por cerca de 20% dos casos de MHF. As mutações no gene SCN1A do canal de sódio regulado por voltagem neuronal causam MHF-3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A enxaqueca é classificada em subtipos: ENXAQUECA SEM AURA: é uma cefaleia pulsátil, latejante e unilateral, que normalmente tem duração de 1-2 dias e é agravada por atividade física rotineira. A cefaleia é acompanhada por náuseas e vômitos, o que muitas vezes é incapacitante; Há sensibilidade a luz e som = fotofobia e fonofobia; São muito comuns distúrbios visuais, que consistem em alucinações visuais, como estrelas, faíscas e flashes de luz. Muitas pessoas sem aura apresentam sintomas prodrômicos, como fadiga e irritabilidade, que precedem o surto e se mantêm por horas ou mesmo dias. ENXAQUECA COM AURA: é caracterizada, principalmente, pelos sintomas neurológicos focais transitórios que geralmente precedem ou frequentemente acompanham a cefaleia. Ttem sintomas semelhantes à anterior, mas com adição de: Sintomas visuais reversíveis, que incluem características positivas (luzes piscando, manchas ou linhas) ou característicasnegativas (perda de visão); Sintomas sensoriais totalmente reversíveis, que incluem características positivas (sensação de alfinetadas) ou características negativas (dormência); Distúrbios da fala ou sintomas neurológicos totalmente reversíveis que precedem a cefaleia. A aura geralmente se desenvolve por um período de 5- 20 min, com duração entre 5 min-1 hora e depois vem a cefaleia. MIGRÂNEA EPISÓDICA; MIGRÂNEA CRÔNICA: Os pacientes com episódios de migrânea que ocorrem em 15 dias ou mais por 1 mês no intervalo de 3 meses ou mais são considerados portadores de migrânea crônica. A enxaqueca também pode se apresentar como cefaleia mista, incluindo sintomas normalmente associados a cefaleia tensional, cefaleia sinusal ou CCD. Essas condições são denominadas enxaqueca transformada e é difícil estabelecer uma classificação. DIAGNÓSTICO Os critérios de diagnóstico são clínicos e estão descritos na tabela: APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 3 @emilly.lorenaa Então, são 2 critérios + 1 critério! Em crianças, o critério de diagnóstico essencial é a cefaleia recorrente, separada por períodos de dor. O diagnóstico geralmente se baseia no fato de a criança apresentar três das seguintes características: dor abdominal, náuseas ou vômitos, cefaleia latejante, localização unilateral da dor, aura associada, alívio durante o sono e histórico familiar positivo. Os sintomas variam muito entre pacientes pediátricos, desde crianças que precisam interromper as atividades para buscar alívio em um ambiente escuro até casos em que a enxaqueca é detectável apenas pelo questionamento direto. Uma característica comum da enxaqueca em crianças são náuseas e vômito intensos. TRATAMENTO É importante que o paciente entenda que a migrânea é uma vulnerabilidade herdada à dor da cefaleia e associada a sintomas neurológicos e que, embora o distúrbio não possa ser “curado”, a migrânea pode ser modificada e controlada por meio de mudanças no estilo de vida e uso de medicamentos. Além disso, é preciso tranquilizar os pacientes quanto ao fato de que, em geral, a migrânea não está associada a doenças graves ou que comportam risco à vida. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: com frequência, a migrânea pode ser controlada, pelo menos em parte, por uma variedade de abordagens não farmacológicas. Muitos pacientes se beneficiam com a identificação dos fatores deflagradores específicos da cefaleia, evitando- os. É importante um estilo de vida regular = dieta saudável, exercícios, padrões rotineiros de sono, evitar o consumo excessivo de cafeína e de álcool e reduzir ao máximo alterações agudas nos níveis de estresse. Se essas medidas não conseguirem evitar uma crise, há necessidade, então, de medidas farmacológicas abortivas. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: A escolha do esquema ideal para cada paciente depende de vários fatores, dos quais o mais importante é a gravidade da crise. Em geral, deve-se utilizar uma dose adequada do medicamento selecionado o mais cedo possível após o início de uma crise. O tratamento da migrânea deve ser individualizado; não é possível seguir uma abordagem padronizada para todos os pacientes. ANALGÉSICOS SIMPLES: dipirona e paracetamol; AINEs: podem reduzir significamente a gravidade e a duração de uma crise de migrânea e são mais efetivos quando tomados no início da crise; No entanto, esses fármacos isoladamente podem não abortar por completo uma crise de migrânea moderada ou grave. AGONISTAS DOS RECEPTORES DE 5- HIDROXITRIPTAMINA1B/1D (TRIPTANAS/ANTI- MIGRANOSOS): a estimulação dos receptores de 5- HT1B/1D pode abortar uma crise de migrânea aguda. A ergotamina e a di-hidroergotamina são agonistas não seletivos dos receptores, enquanto as triptanas são agonistas seletivos dos receptores de 5- HT1B/1D. Atualmente, dispõe-se de uma variedade de triptanas, agonistas dos receptores de 5-HT1B/1D = sumatriptana, almotriptana, eletriptana, frovatriptana, naratriptana, rizatriptana e zolmitriptana para o tratamento agudo da migrânea. Cada fármaco pertencente à classe das triptanas possui propriedades farmacológicas semelhantes, porém varia ligeiramente na sua eficácia clínica. São efetivos no início da crise em dose única. Infelizmente, a monoterapia com triptanas orais não produz alívio rápido, consistente e completo da migrânea em todos os pacientes. As triptanas podem não ser efetivas na migrânea com aura, a não ser que administradas até o término da aura e o início da cefaleia; a recidiva da cefaleia constitui outra limitação para o uso das triptanas. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS: por via oral ou parenteral podem ser considerados como tratamento auxiliar da migrânea aguda. A absorção desses fármacos é afetada durante a migrânea, devido à redução da motilidade gastrintestinal (mesmo na ausência de náuseas) e SINAIS DE ALARME Dor nova ou diferente (mudança de padrão); Súbita (tempo da intensidade máxima) ou pior da vida; Sinal neurológico focal; Alteração do nível de consciência; Febre/sinais de meningismo; Edema de papila; Imunossupressão; Anticoagulante. Presente sinal de alarme = cefaleia secundária! Exames complementares: TC, RM, AngioTC/RNM, líquor e VHS MNEMÔNICO SNOOP = Systemic, neurologic, older, onset, pattern APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 4 @emilly.lorenaa está relacionada com a gravidade da crise, mais do que com a sua duração. Por conseguinte, quando os AINE e/ou as triptanas por via oral fracassam, deve-se considerar a adição de um antagonista dos receptores dopaminérgicos (como metoclopramida 10 mg) para aumentar a absorção gástrica, bem como para diminuir as náuseas/vômitos. OUTROS MEDICAMENTOS PARA A MIGRÂNEA AGUDA: Os opioides são modestamente efetivos no tratamento agudo da migrânea e costumam ser administrados no serviço de emergência = não devem ser usados na rotina! Esses fármacos podem “ajudar”, no sentido de que a dor da migrânea é eliminada ou reduzida. Entretanto, esse esquema é subótimo para pacientes com cefaleia recorrente. Os opioides não tratam a fisiopatologia subjacente da cefaleia, na verdade, atuam no sentido de alterar a sensação da dor, e há evidências de que possam tornar outros medicamentos para a migrânea (como as triptanas) menos efetivos. Além disso, o uso frequente de opioides pode resultar em cefaleia por uso excessivo de medicação, levando à dependência física ou adicção, a fissura e/ou abstinência de opioides podem, por sua vez, agravar a migrânea. Por conseguinte, recomenda-se que o uso de opioides na migrânea seja restrito a pacientes com cefaleias intensas, porém infrequentes, que não respondem a outras abordagens farmacológicas ou que apresentam contraindicações para outros tratamentos = último recurso!!! Pode ser necessário um tratamento farmacológico preventivo se a enxaqueca se tornar incapacitante, caso se manifeste >3x/mês, se o tratamento abortivo estiver sendo administrado mais de 2 vezes/semana, ou se a pessoa tiver enxaqueca hemiplégica, enxaqueca com aura prolongada, ou infarto por enxaqueca. A profilaxia medicamentosa pode ser realizada com anti- hipertensivos (propranolol, verapamil), antidepressivos (amitriptilina, venlafaxina) ou anticonvulsionantes (topiramato ou valproato). CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL (CTT) O tipo mais comum de cefaleia é o tensional. Ela não é suficientemente grave a ponto de inferir nas atividades diárias do indivíduo diferente da enxaqueca e da cefaleia em salvas. É a cefaleia que se tem ao comer inadequadamente, dormir pouco ou se expor a intenso estresseemocional. Há indivíduos que apresentam essa cefaleia mais frequentemente e por vezes necessitam de atenção médica. FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da CTT não está totalmente elucidada, mas é provável que seja causada por um distúrbio primário de modulação da dor do SNC isoladamente, ao contrário da migrânea, que envolve um distúrbio mais generalizado da modulação sensorial. O nome cefaleia do tipo tensional implica que a dor é um produto da tensão nervosa, entretanto, não há evidências claras de tensão como etiologia. A contração muscular tem sido considerada como uma característica que diferencia a CTT da migrânea, porém não parece haver nenhuma diferença na contração entre os dois tipos de cefaleia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A CTT caracteriza-se por um desconforto da cabeça bilateral, em aperto e semelhante a uma faixa, de intensidade leve a moderada. Em geral, a dor progride lentamente, flutua na sua intensidade e pode persistir de modo mais ou menos contínuo durante muitos dias. A cefaleia pode ser episódica (minutos) ou crônica (presente em 15 dias ou mais por mês). Diferentemente da migrânea, a CTT é, nos demais aspectos, indefinida e carece de manifestações associadas, como náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia, osmofobia, caráter latejante e agravamento com o movimento. TRATAMENTO Muitas vezes, os casos de cefaleia tensional se mostram mais sensíveis às técnicas não farmacológicas, como biofeedback, acupuntura, massagem, relaxamento, terapia de imagens mentais e fisioterapia, que outros tipos de cefaleia. A dor na CTT responde habitualmente a analgésico simples, como paracetamol, ácido acetilsalicílico ou outros AINE. Na fase aguda, os AINEs (ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, cetorolaco) e os analgésicos simples (dipirona, paracetamol) são os agentes de escolha. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 5 @emilly.lorenaa CEFALEIA EM SALVAS É a cefaleia trigêmino-autonômica mais frequente, acometendo 1 em cada 1.000 indivíduos. A cefaleia em salvas é um tipo relativamente incomum de dor de cabeça que se manifesta com mais frequência em pacientes do sexo masculino e, tipicamente, se inicia na 3ª década de vida. Esse tipo de cefaleia tende a ocorrer em grupos, ou salvas, por períodos de semanas ou meses, seguido por um período de remissão longo, sem dores de cabeça. FISIOPATOLOGIA Os mecanismos fisiopatológicos subjacentes à cefaleia em salvas não são completamente conhecidos, embora recentemente tenha sido observado que a hereditariedade, por meio de um gene autossômico dominante, tenha algum papel na patogênese da cefaleia em salvas. Além disso, envolve alteração no sistema nervoso central e no periférico, com ativação dos sistemas trigeminovascular e parassimpático que podem explicar a dor e os sintomas autônomos. Acredita-se também que o hipotálamo desempenhe um papel fundamental. O possível papel dos centros de regulação do hipotálamo anterior está implicado pela observação de alterações biológicas circadianas e distúrbios neuroendócrinos (alterações no cortisol, na prolactina e na testosterona) tanto nos períodos ativos quanto durante a remissão clínica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A dor é profunda, habitualmente retro-orbital, frequentemente de intensidade excruciante, não flutuante e de qualidade explosiva. Tem manifestação súbita e aumenta de intensidade até alcançar o pico em um intervalo de aproximadamente 10 a 15 min, com duração de 15 a 180 min. Uma característica central da cefaleia em salvas é a sua periodicidade. Ocorre pelo menos uma das crises diárias de dor aproximadamente na mesma hora todos os dias para a duração de um surto de cefaleia em salvas. Frequentemente, a cefaleia está relacionada com um ou mais sintomas, como inquietação ou agitação, vermelhidão na conjuntiva, lacrimejamento, especificamente unilateral, congestão nasal, rinorreia, sudorese na testa e na face, miose, ptose e edema palpebral. Quando presentes, a fotofobia e a fonofobia têm muito mais tendência a ser unilaterais e do mesmo lado da dor, em lugar de bilaterais, conforme observado na migrânea. TRATAMENTO O tratamento da cefaleia em salvas também visa ao controle das crises agudas ou à profilaxia. TRATAMENTO ABORTIVO: As crises de cefaleia em salvas rapidamente alcançam um pico, de modo que é necessário um tratamento de início rápido. O tratamento das crises agudas pode ser realizado com inalação de O2 com máscara facial 100% (10 a 15 litros/min), o que alivia a dor em 5 a 15 minutos em até 70% dos casos. Em caso de persistência da sintomatologia, são recomendados ergotamínicos (diidroergotamina parenteral ou nasal) e triptanos (sumatriptano SC ou spray nasal, zolmitriptano spray nasal). O tratamento profilático consiste no uso de vários medicamentos: verapamil (1ª linha para pacientes com cefaleia em salvas crônica ou episódios prolongados), carbonato de lítio, ácido valproico, topiramato, melatonina, gabapentina e indometacina. CEFALEIA PRIMÁRIA DA TOSSE A cefaleia primária da tosse consiste em cefaleia generalizada de início súbito, duração de vários minutos, algumas vezes de até algumas horas, que é precipitada pela tosse, ou ainda desencadeada por outras manobras de Valsalva, mas não pelo exercício físico prolongado, na ausência de qualquer lesão intracraniana. É, geralmente, bilateral e de localização posterior e afeta predominantemente doentes com idade superior a 40 anos. É passível de prevenção evitando a tosse ou outros eventos desencadeantes, que podem incluir espirros, esforço ao urinar ou defecar, riso ou curvar o corpo. Em todos os pacientes com essa síndrome, é preciso descartar a possibilidade de etiologias graves antes que se possa estabelecer um diagnóstico de cefaleia primária da tosse “benigna”. O tratamento de escolha consiste em indometacina (AINE), 25 a 50 mg 2 a 3 vezes/dia. CEFALEIA PRIMÁRIA DO ESFORÇO FÍSICO A cefaleia primária do esforço físico (CPEF) possui características que se assemelham tanto à cefaleia primária da tosse quanto à migrânea. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 6 @emilly.lorenaa Pode ser desencadeada por qualquer forma de exercício e, com frequência, tem o caráter pulsátil da migrânea. A dor, cuja duração pode ser de 5 min a 24 h, é bilateral e pulsátil no início, pode-se observar o desenvolvimento de características migranosas em pacientes suscetíveis à migrânea. Quando ocorre, tende a ser de duração mais curta em adolescentes. É possível prevenir a CPEF evitando esforços excessivos, particularmente em climas quentes ou em grandes altitudes. O mecanismo não está bem esclarecido, mas a distensão venosa aguda pode ser responsável pelo início agudo de cefaleia com esforço na micção ou defecação e interrupção da respiração. O tratamento da CPEF benigna consiste em indometacina (25 a 150 mg/dia) e modificação do esquema de exercícios do indivíduo. O propranolol também pode proporcionar um benefício profilático REFERÊNCIAS LOUIS, Elan D.; MAYER, Stephan A.; ROWLAND, Lewis P. Merritt - Tratado de Neurologia, 13ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. SPECIALI, José Geraldo et al. Protocolo nacional para diagnóstico e manejo das cefaleias nas unidades de urgência do brasil-2018. Academia Brasileira de Neurologia– Departamento Científico de Cefaleia Sociedade Brasileira de Cefaleia. Disponível em: https://sbcefaleia. com. br/images/file, v. 205, 2018.
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