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ABORTAMENTO Sangramentos de primeiro trimestre: - 25 a 30% das gestações apresentam sangramentos no 1º trimestre - É comum, mas não é normal Origem: · Vaginal, uterina, anal ou urinária · Implantação da gestação no útero – sinal de Hartman · Gravidez ectópica · Doenças do colo uterino, da vagina ou do útero (lesões por trauma, inflamação, infecção, pólipos) - O colo do útero fica friável, pode sangrar (eversão do epitélio colunar) Abortamento espontâneo: · Interrupção da gestação com feto com idade gestacional inferior a 20- 22 semanas ou pesando menos que 500g · Abortamento: processo · Aborto: produto eliminado · Precoce: até 12 semanas e 6 dias · Tardio: após a 12ª semana · Habitual ou aborto de repetição: duas ou mais perdas consecutivas · Após o diagnóstico da gestação: 10-24% - maioria até 12 semanas · Subclínico: quando ocorre antes da próxima falha menstrual · Clínico: ocorre após gravidez confirmada por hCG ou USG · Causas: Cromossomopatias – causa mais comum. Principalmente aneuploidias (trissomias) Disfunções anatômicas – incompetência istomocervical, miomas, malformações uterinas, sinequias uterinas (síndrome de Asherman) Doenças endócrinas Doenças imunológicas Infecções Apresentações clínicas: · Ameaça de abortamento: gravidez complicada por sangramento antes das 22 semanas - Ainda não ocorreu e pode não ocorrer - Sangramento vaginal de pequena intensidade associado a cólicas leves ou ausentes - Colo persiste fechado e o tamanho uterino é compatível com a idade gestacional - Valores de bCHG normais. - Sem alterações ao USG - Diagnóstico diferencial com ectópica: quando não encontramos saco gestacional no US, devemos fazer dosagem do HCG e US seriadas · Abortamento inevitável: colo dilatado, mas o produto ainda não foi eliminado - Presença de sangramento vaginal, dor em cólica em baixo ventre e região lombar - O volume uterino pode ser incompatível com o período gestacional - O bhCG normalmente encontra-se positivo, porém diminuído e decrescente - USG: sinais de descolamento decidual com formação de hematoma retrocorial, saco gestacional irregular, com presença ou não de batimentos fetais - Evolui para abortamento completo ou incompleto - Em 80% dos casos que ocorrem até 8 semanas, a resolução é espontânea no prazo máximo de 72h - Conduta conservadora: aguardar a possibilidade de expulsão completa - Esvaziamento uterino: em gestações mais avançadas · Abortamento completo: - Expulsão espontânea e total do feto e dos anexos sem necessidade de intervenção médica ou cirúrgica - Clinicamente, caracteriza-se pela parada ou diminuição súbita do sangramento e das cólicas - Útero ao toque encontra-se contraído, pequeno para a idade gestacional, e com o colo fechado - USG: imagens compatíveis com coágulos // Eco endometrial central - Espessura endometrial <15mm - Diagnóstico diferencial com ectópica · Abortamento incompleto: alguma parte do produto foi eliminada, mas não sua totalidade, podem estar retidos feto, placenta ou membranas - Pode estar com o colo fechado ou aberto - Colo aberto: sangramento moderado e cólicas moderadas, presença de material ovular ao toque. Paciente chega ao atendimento eliminando o material, porém ainda não o fez por completo – abortamento em curso - Em alguns casos, ocorre a eliminação quase total dos produtos, as cólicas e o sangramento regridem, e o diagnóstico é realizado pelo encontro de restos ovulares no USG - O útero é menor que o esperado pra idade gestacional - A conduta é o esvaziamento uterino - A dosagem de BHCG normalmente é negativa - No USG, visualizam-se ecos endometriais heterogêneos e mal definidos · Abortamento infectado: - Complicação do abortamento incompleto - Endometrite, peritonite, choque séptico, insuficiência renal, coagulopatia, síndrome da angústia respiratória e morte materna - Geralmente são infecções polimicrobianas a partir da ascensão de germes da flora do trato genital inferior (anaeróbios, E.coli, clostridium perfingrens, bacterioides) - O quadro clínico varia de acordo com a extensão da infecção - Infecção limitada à cavidade uterina e miométrio: febre baixa, bom estado geral, dores discretas e contínuas com cólicas. Sem sinais de abdômen agudo. Sangramento escasso. - Infecção abrange o miométrio, anexos e peritônio: sangramento associado a um líquido de odor fétido, devido à presença de anaeróbios. Febre alta (>39°C), taquicardia, desidratação, paresia intestinal, anemia, dores constantes e espontâneas com defesa à palpação pélvica. - Infecção generalizada geralmente ocorre por gram-negativos - Prognóstico ruim quando a infecção é por clostridium - USG: restos ovulares e/ou coleções purulentas no fundo de saco de douglas / abscesso pélvico - Tratamento: internação hospitalar, monitoração dos sinais vitais, correção da volemia. ATB empírico de amplo espectro (gentamicina ou amicacina + clindamicina ou metronidazol) - Após o ATB, deve-se esvaziar o útero, com administração de citocina antes e durante o procedimento · Abortamento retido: - Interrupção da gravidez com retenção do ovo morto por dias ou semanas - Pode ocorrer sangramento vaginal, o colo está fechado, paciente em geral assintomática - Regressão dos sintomas da gravidez - Diagnóstico pelo US de rotina no pré-natal, que identifica irregularidade do saco gestacional e ausência de atividade cardíaca // CNN >5mm sem atividade cardíaca - Caso a idade gestacional seja <7 semanas, deve-se repetir o exame em 15 dias · Insuficiência cervical / incompetência istmocervical: - Cérvice não consegue segurar o peso (cérvice curta, por exemplo) - Causa de abortamento tardio · Ovo anembrionado: SG > 20mm sem embrião – pedir HCG seriado, e repetir o USG em 7 dias · ECO endometrial central: sem nada no útero – gestação ectópica, abortamento completo ou gravidez <4 semanas Cromossomopatias: - 50 a 80% dos abortos espontâneos - Aneuploidias: - Trissomias (aproximadamente 80% das trissomias 21 terminam em aborto) - Síndrome de Turner (45,X0) Disfunções anatômicas: - IIC – incompetência istmo-cervical (até 20% dos abortos de repetição) – próximo ao quinto mês geralmente Cerclagem: técnica de McDonald – fita cardíaca ou Ethibond: remover ao final da gravidez – 36 semanas Não realizar quando o colo >4cm, bolsa rota, contrações, >24 semanas, infecção - Miomas - Mal formações uterinas (úteros bicornos, unicornos, didelfo ou septado) - Síndrome de Asherman Doenças endócrinas: - Insuficiência do corpo lúteo (até 8 semanas) – Corpo lúteo produz progesterona antes da placenta, por isso se administra progesterona em mulheres com risco de abortamento até 12 semanas - Hipotireodismo - Diabetes - SOP Doenças imunológicas: - SAF (síndrome do anticorpo antigosfolípide): trombofilia autoimune Causa autoimune de abortamento de repetição, presente em 15-20% das mulheres com abortamento habitual Presença no plasma materno de três variedades de autoanticorpos que conferem maior risco de trombose: anticoagulante lúpico, anticardiolipina e antibeta-2-glicoproteína I Abortamentos espontâneos de repetição – principalmente no 1º trimestre Tromboses venosas e arteriais Trombose microvascular Vegetações cardíacas O diagnóstico da síndrome é baseado em critérios clínicos e laboratoriais, sendo necessário pelo menos um critério clínico e um laboratorial - Profilaxia para aborto: AAS e Heparina (enoxaparina 1mg/kg de 12-12) Risco para novo aborto varia de 30 a 45% Infecções: - Rubéola - CMV - Herpes - Infecção do trato urinário (ITUs) - Vaginoses, clamídia, gonorreia, sífilis - Toxoplasmose - Estreptococos do grupo B FATORES DE RISCO: - Idade materna avançada (20% com 35 anos e 40% com 40 anos) - Alcoolismo - Doença celíaca, DM descompensada, hiperprolactinemia - Tabagismo materno e paterno - Uso de drogas ilícitas - Gestações com intervalos <3m - DIU: diu de cobre sozinho não aumenta o risco de aborto – ele impede a própria fecundação - Medicações (medicações teratogênicas não são vendidas sem receita) - Efeitos externos (radiação, intoxicação) - IMC<18,5 e >25 AMEAÇA DE ABORTAMENTO: - Repouso relativo - Interrupção do coito, principalmente se houver hematoma subcoriônico - Tranquilizar a gestante e conscientizá-la - Antiespasmódico e analgésico em pacientes com cólica - Uso de progesterona é controverso ABORTAMENTO INFECTADO: - Internação - E.coli e Clostridium perfingrens - Profilaxia antitetânica - Gentamicina (1,5mg/kg 8-8h) ou amicacina (15mg/kg/dia 8-8h) + Clindamicina (600 a 900mg a cada 6 a 8h) ou metronidazol (500 a 1g 6/6h) - Esvaziamento uterino (curetagem) sem melhora após 48h: histerectomia ABORTAMENTO INEVITÁVEL: - <8 semanas a maioria resolve-se sozinha ABORTAMENTO RETIDO: - Embrião >5mm sem BCF: óbito embrionário - Repetir US para confirmação com intervalo de até 15 dias - Risco de coagulação intravascular disseminada (CIVD) quando superior a 4 semanas Gestação anembrionária: saco gestacional >20mm sem eco embrionário ABORTAMENTO HABITUAL/RECORRENTE - Tratamento depende da causa base - Cromossomopatias: planejamento familiar com geneticista - Malformações: intervenção cirúrgica - Insuficiência do corpo lúteo: uso de progesterona exógena - Doenças crônicas: compensar - Doença imune: anticoagulante se SAF ou tratamento direcionado à doença (ex: LUPUS) ESVAZIAMENTO UTERINO: <12 semanas: - AMIU: aspiração manual intrauterina / pouco risco de complicação - CURETAGEM UTERINA: uso de misoprostol 200mcg 4/4 para preparo do colo quando necessário Misoprostol: análogo sintético da prostraglandina E1 – estimula contrações uterinas >12 semanas: - CURETAGEM UTERINA: uso de misoprostol associado à ocitocina quando gestação maior para expulsão do feto ISOIMUNIZAÇÃO ANTI-D - Antígeno D presente na superfície eritrocitária em RH+ - Administração de imunoglobulina anti-D antes das 12 semanas é contraditório - Abortamentos instrumentalizados – risco de sensibilização é maior - A admnistração de imunoglobulina anti-D em gestantes RH negativas não sensibilizadas na 28ª semana ou 28ª e 34ª semanas de gestação reduz o risco para ocorrência de aloimunização RH18 (A) - mãe positiva e filho negativo – ok - mãe negativa e filho positivo – sangue se encontra no parto – imunidade contra o fator RH - Tira o sangue do cordão – se for RH positivo, precisa imunizar a mãe (o problema é a próxima gestação)
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