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GLOMERULOPATIAS DOENÇA RENAL DO DIABETES DEFINIÇÃO: entidade clínica que se caracteriza por albuminúria > 300 mg/24h em pacientes diabéticos, sem que haja infecção urinária, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial ou outras doenças renais; Acomete em torno de 35% dos diabéticos, é a principal causa de insuficiência renal crônica em países desenvolvidos, aumenta em até 100 vezes a mortalidade dos portadores de DM 1; FATORES DE RISCO: Maior tempo de duração do DM História familiar Controle glicêmico inadequado Obesidade e síndrome metabólica Fatores hemodinâmicos Hipertensão arterial; PATOGÊNESE: Fatores genéticos: 83% dos diabéticos com história familiar de nefropatia diabética em parentes de 1º grau desenvolvem a doença, e apenas 17% dos que não têm história familiar desenvolvem a doença renal do diabetes; Fatores ambientais: ingestão aumentada de frutose, que aumenta o ácido úrico; Fatores hemodinâmicos: a hiperglicemia leva ao aumento da taxa de filtração glomerular, que induz vasodilatação da arteríola aferente e liberação de mediadores vasoativos, resultando em hipertrofia renal e expansão da matriz mesangial; Fatores metabólicos: A hiperglicemia leva à formação de produtos intermediários da glicação avançada (HbA1c), que se transformam em produtos finais da glicação avançada (irreversíveis caso não haja controle da glicemia), os quais acumulam nas células e no endotélio, contribuindo para expansão da matriz mesangial; A metabolização da glicose pela aldose redutase forma sorbitol, que também sofre acúmulo tecidual. Sistema renina-angiotensina-aldosterona: a hiperglicemia e os produtos avançados da glicação estimulam a produção de angiotensinogênio, causando vasoconstrição da arteríola eferente, proliferação celular, inflamação e fibrose. DIAGNÓSTICO: Exames para diagnóstico: medição da albumina urinária em amostra isolada, avaliação da função renal (creatinina sérica), medição da PA, fundoscopia; CRITÉRIOS: DM de longa duração (> 10 anos); Valores anormais de albumina urinária; Retinopatia diabética; Hipertensão arterial; Redução da taxa de filtração glomerular. TRATAMENTO: Prevenção primária: na nefropatia incipiente, fazer controle dos níveis glicêmicos (HbA1c < 7%), redução da pressão arterial (< 140/90 ou 130/80), correção da dislipidemia e da obesidade; Prevenção secundária: havendo macroalbuminúria, controlar fatores agravantes e iniciar terapia medicamentosa (IECA, BRA, inibidores da renina); Prevenção terciária: além das medidas anteriores, estabelecer dieta hipoproteica hipossódica. Drogas nefroprotetoras: IECA, BRA, antagonistas do receptor mineralocorticoide, e SGLT2-i; Fatores que sugerem nefropatia não diabética em pacientes diabéticos: Proteinúria na ausência de retinopatia DM1 com duração inferior a 5 anos Rápida perda de função renal sem proteinúria Início abrupto de síndrome nefrótica Hematúria macroscópica. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA NEFROPATIA LÚPICA Doença autoimune sistêmica que leva à produção e à deposição de autoanticorpos e imunocomplexos em vários órgãos, desencadeando resposta inflamatória; Testes imunológicos: FAN (90%), anticorpo anti-DNA dupla hélice (75%), anti-Ro (25-44%), anti-Sm (20-30%), anti- C1q (40-97%), C3 e C4; Manifestações renais: Proteinúria > 500 mg (100%) Síndrome nefrótica (45-65%) Síndrome nefrítica (80%) GNRP (10-20%) Hipertensão arterial (15-50%) GLOMERULOPATIAS CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DA NEFROPATIA LÚPICA: Classe I (NL mesangial mínima): À microscopia óptica, sem alterações glomerulares e, à imunofluorescência, depósitos mesangiais de imunoglobulinas; Classe II (glomerulonefrite proliferativa mesangial): À microscopia óptica, hipercelularidade mesangial e, à imunofluorescência, depósitos mesangiais de imunoglobulinas; Pressão arterial normal, proteinúria leve, hematúria discreta e função renal normal. Classe III (glomerulonefrite proliferativa focal): Glomerulonefrite em até 50% dos glomérulos, com deposição imune endocapilar e extracapilar, síndrome nefrítica e perda leve da função renal; Classe IV (glomerulonefrite proliferativa difusa): Glomerulonefrite em mais de 50% dos glomérulos, com deposição imune endocapilar e extracapilar, síndrome nefrítica e perda acentuada da função renal; Classe V (glomerulonefrite membranosa): À microscopia óptica, espessamento da membrana basal e, à imunofluorescência, depósitos subepiteliais de imunoglobulinas, apresentando-se com síndrome nefrótica e função renal normal; Classe VI (NL esclerosante avançada): Esclerose em mais de 90% dos glomérulos; Particularidade do LES na biópsia renal: o achado patognomônico é denominado full house e corresponde à presença de três imunoglobulinas (IgG, IgA e IgM), associada a duas moléculas do complemento (C1q e C3), com predomínio de IgG; Tratamento: Indução de remissão: pulsoterapia com metilprednisolona (1g, EV, 3 dias) + prednisona (1 mg/kg), seguidos de ciclofosfamida EV (0,5-1 g/m2, 6 meses) ou ciclofosfamida (0,5 g/m2, 15/15 dias, 3 meses) ou micofenolato mofetil (2-3 g/dia, 6 meses); Manutenção: prednisona 0,5 mg/kg ou ciclofosfamida (0,5-1 g/m2, 3/3 meses, por 12 meses), ou azatioprina (1-2 mg/kg, por 12 meses), micofenolato mofetil (1-2 g/dia, 12 meses). Resposta ao tratamento: Remissão completa: proteinúria < 500 mg/24h, ausência de hematúria, normalização da taxa de filtração glomerular; Recidivas: proteinúria duplicada ou > 1 g/24h, aumento da creatinina > 30%, sedimento urinário ativo; Preditores de novo surto: diminuição do C4, aumento dos títulos de anticorpo anti-DNA. Doenças inflamatórias dos pequenos vasos renais, geralmente relacionadas a doenças sistêmicas, manifestando-se com síndrome nefrítica ou glomerulonefrite rapidamente progressiva; VASCULITES DE PEQUENOS VASOS: ANCA-negativas: púrpura de Henoch-Schönlein, LES, crioglobulinemia, artrite reumatoide; ANCA-positivas: granulomatose com poliangeíte, granulomatose eosinofílica, poliangeíte microscópica. PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN Vasculite necrosante sistêmica não trombocitopênica, comum em crianças entre 3-8 anos de idade, geralmente após quadro de infecção das vias aéreas superiores; QUADRO CLÍNICO: Lesões purpúricas na pele: MMII, nádegas, superfície extensora dos braços; Manifestações gastrointestinais: dor abdominal, vômitos, melena; Manifestações articulares: artrite ou artralgia de grandes articulações; Manifestações renais: hematúria isolada, síndrome nefrítica. Quadro histológico: glomerulonefrite proliferativa mesangial com predomínio de depósitos de IgA; Tratamento: doença autolimitada. CRIOGLOBULINEMIAS Doença que se caracterizada pela presença de imunoglobulinas séricas que se precipitam ao frio e se dissolver ao aquecimento; CLASSIFICAÇÃO: Tipo I (5-25%): composto por imunoglobulina monoclonal (IgG ou IgM) - mieloma múltiplo, macroglobulinemia de Waldenstrom; Tipo II (40-65%): composto por IgG policlonal e IgM monoclonal - HCV e HIV; Tipo III: composto por IgM e IgG policlonais - doenças do tecido conjuntivo. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA: Fadiga Letargia Artralgia Fenômeno de Raynaud Púrpura, necrose digital Síndrome nefrítica (glomerulonefrite membranoproliferativa); Tratamento: Interferon Imunossupressão Ciclofosfamida Corticoide Rituximab. VASCULITES RENAISNEFROPATIA LÚPICA GLOMERULOPATIAS FISIOPATOLOGIA: Estímulo inflamatório leva à ativação de neutrófilos, que produzem os anticorpos ANCA-c, os quais interagem com os neutrófilos e células as endoteliais, causando as vasculites; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Febre, mal-estar, anorexia, perda de peso, mialgia, artralgia, púrpura em extremidades, síndrome nefrítica (glomerulonefrite rapidamente progressiva), glomerulonefrite necrosante com crescentes; GRANULOMATOSE COM POLIANGEÍTE: Predomina em homens com mais de 40 anos; Quadro clínico: infecção crônica do trato respiratório, perfuração do septo nasal, infiltrado pulmonar com granuloma, síndrome nefrítica (GNRP), púrpura; Diagnóstico: sorologia para ANCA-c. GRANULOMATOSE EOSINOFÍLICA COM POLIANGEÍTE: Quadro clínico: manifestaçõesrespiratórias atópicas (asma, rinite, reação a medicamentos), eosinofilia, púrpura, infiltrados pulmonares nodulares difusos; Diagnóstico: biópsia pulmonar ou renal, padrão ANCA- p. POLIANGEÍTE MICROSCÓPICA: Quadro clínico: febre, anemia, mialgia, artralgia, fraqueza, inapetência, púrpura, glomerulonefrite rapidamente progressiva; Diagnóstico: biópsia renal (glomerulonefrite necrosante crescêntica), sorologia com padrão ANCA- p. Tratamento: pulsoterapia com metilprednisolona + ciclofosfamida (mensal por 6 meses e trimestral por 1 ano). Proliferação neoplásica de clone anormal que leva à produção de imunoglobulinas anormais, com mais cadeias leves (kappa) que pesadas, e à destruição óssea; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Dor óssea Fraturas Susceptibilidade a infecções Anemia Hipercalcemia Hiperuricemia Oligúria Anúria Insuficiência renal; RIM DO MIELOMA: Precipitação de cilindros de cadeias leves monoclonais nos túbulos distais e coletores; SÍNDROME DE FANCONI: Glicosúria Aminoacidúria Fosfatúria Bicarbonatúria Calciúria; Diabetes insipidus nefrogênico. EXAMES: eletroforese de proteínas urinárias revela padrão monoclonal (proteinúria de Bence-Jones); Tratamento: radioterapia, quimioterapia, transplante de células primordiais autólogo. MIELOMA MÚLTIPLOVASCULITES ANCA-POSITIVAS PARAPROTEINEMIAS Grupo de doenças causadas pela proliferação de clone anormal de células plasmáticas, levando à produção excessiva de proteínas monoclonais, que podem ser imunoglobulinas inteiras ou fragmentos (cadeias leves); FISIOPATOLOGIA: As cadeias leves de imunoglobulina pode lesar o rim por: Nefrotoxicidade tubular e obstrução (mieloma múltipla) Formação de proteínas amiloides (amiloidose). AMILOIDOSE Grupo de doenças caracterizado por depósito extracelular de substância amorfa com aspecto fibrilar (fibras amilóides); Amiloidogênese: processo que, após estímulo, provoca alteração na estrutura de uma proteína sérica, que sofre polimerização, produzindo fibras amilóides, que se depositam em coração, pulmão, pele, língua, nervos periféricos e rins; Amiloidose primária: as proteínas precursoras são cadeias leves de imunoglobulina (lambda); QUADRO CLÍNICO: Inicia-se após 50 anos, cursa com miocardiopatia, macroglossia, hepatoesplenomegalia, síndrome de má absorção, neuropatia periférica, mácula purpúrica, síndrome nefrótica/insuficiência renal; EXAMES: Eletroforese proteínas evidencia predomínio de cadeias lambda, USG revela rins aumentados, e biópsia demonstra presença de fibrina amiloide (vermelho congo e tioflavina). Amiloidose secundária: as proteínas precursoras são proteínas hepáticas; Amiloidose da diálise. GLOMERULOPATIAS HIV Nefropatia associada ao HIV: cursa com infecção direta dos podócitos, causando GESF colapsante com dilatação tubular microcística; Doença por imunocomplexo: formação de complexos de anticorpos contra antígenos do HIV, com glomerulonefrite membranosa/membranoproliferativa; Quadro clínico: hematúria, proteinúria, síndrome nefrótica, déficit da função renal. HEPATITE B Glomerulonefrites mais comuns: GN membranosa (HbeAg) e GN membranoproliferativa (HbsAg); Manifestações clínicas: proteinuria, hematuria, síndrome nefrótica, hipertensão arterial. HEPATITE C Glomerulonefrites mais comuns: GN membranoproliferativa, com padrão nefrítico/nefrótico; GN crioglobulinêmica, com tríade clássica (artralgia, vasculite cutânea, glomerulonefrite). Manifestações clínicas: proteinuria, hematuria, síndrome nefrótica. Tratamento: interferon-alfa, ribavirina. Esquistossomose Forma hepatoesplênica: hematúria, proteinúria, síndrome nefrótica, déficit na função renal; Glomerulopatias mais comuns: GN membranoproliferativa, GESF. GLOMERULONEFRITES INFECCIOSAS ANEMIA FALCIFORME Doença genética autossômica recessiva que leva à produção de hemoglobina anômala (HbS), que tende a se polimerizar quando ocorre dessaturação de oxigênio ou acidose; Quadro clínico: destruição precoce das hemácias (anemia), fenômenos de oclusão aguda ou crônica na microvasculatura; ENVOLVIMENTO RENAL AGUDO: hematúria, defeitos tubulares (hipostenúria, acidose tubular renal), necrose de papila, infarto renal; ENVOLVIMENTO RENAL CRÔNICO: glomerulopatias (GESF).
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