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300 Manual do Professor Capítulo 5 Na terra dos faraós Conteúdos e procedimentos sugeridos O Egito antigo é geralmente associado às pirâmides ou às múmias, como se representassem a principal produção dessa sociedade. Entretanto, outros aspectos de sua história podem ser destacados: a longa duração dessa civilização; a rígida or- ganização social; a forte religiosidade presente tanto na vida política (faraó-deus) quanto na produção artística; os conheci- mentos científicos desenvolvidos; etc. Para orientar o desenvolvimento dos conteúdos tratados no capítulo, alguns questionamentos podem ser propostos: Como se iniciou a organização social e política do Egito anti- go? Quais eram as principais crenças dos egípcios? Que recur- sos desenvolveram em função delas? Que influência elas exer- ciam na vida política, social e cultural do Império? Ao abordar o início da organização da sociedade egípcia, o mapa O antigo Egito pode ser um valioso instrumento para compreender as características da região onde ela se estabe- leceu – abundância de água (rio Nilo) e solos férteis. Essas ca- racterísticas, aliadas ao esforço comunitário, eram propícias ao desenvolvimento da agricultura49. Caso os alunos confundam o sentido da correnteza do Nilo, seria interessante explicar-lhes que esse rio corre das ca- taratas (no Alto Egito) para o delta (Baixo Egito), desaguando no mar Mediterrâneo. Com relação aos aspectos gerais da sociedade e da cultu- ra egípcia, vários elementos do capítulo podem servir de ponto de partida para trabalhar os conteúdos. A título de exemplo, vale mencionar o esquema da pirâmide social (p. 44) e a pintu- ra com imagens de cenas do cotidiano (p. 44). Os alunos po- dem ser solicitados a mencionar, por exemplo: qual a relação entre a forma da pirâmide e a estrutura da sociedade; o que mostram as cenas cotidianas. Tratar da religião no Egito antigo significa abranger ou- tros aspectos que a ela se relacionam. A crença na vida após a morte, por exemplo, remete aos conhecimentos científicos desenvolvidos, à construção das grandes pirâmides, à técnica da mumificação, etc. A leitura do boxe As múmias e do item Os cuidados com o corpo podem contribuir para o desenvolvi- mento desses temas. Neste capítulo, o texto da seção Enquanto isso... refere- -se à medicina chinesa. Vale destacar que, embora sejam con- temporâneas, diferentes sociedades encontram soluções dis- tintas para os mesmos problemas. Texto complementar Em sua obra Um estudo crítico da história, patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o cientista políti- co brasileiro Hélio Jaguaribe propõe uma reflexão sobre a as- censão e queda de algumas sociedades. No trecho a seguir, ele tece comentários sobre o poder do faraó e como ele se trans- forma ao longo do tempo. A ideia de natureza sagrada do rei mudou durante a história do Egito. No Antigo Reino, a divindade do rei era consubstancial. Considerava-se que a monarquia e até mesmo o Egito como país [império] tinham origem divina, derivada de Osíris e Horus. A condição do faraó era divina. Quando um indivíduo exercia o poder real, ele era cooptado por Horus, tornando-se uma das suas manifestações sem perder as características humanas. No Médio Reino, o faraó perdeu em parte seu poder cosmologicamente divino, embora mantivesse os atri- butos divinos da função que exercia, o faraó represen- tava a humanidade diante dos deuses. No Novo Reino, a divindade real adquiriu um sentido físico: o faraó era considerado fisicamente filho de Horus ou Re [Ra, na terminologia que usamos no Livro do Aluno] que tinha assumido o aspecto do rei para engendrar na rainha o faraó seguinte. Desde a sua concepção até a morte fí- sica, o faraó era um deus, embora exibisse todas as ca- racterísticas de um ser humano. Com o declínio gradual da monarquia, e a decadência geral do país [império], a origem divina do rei passou a ser, afinal, só uma doutri- na para legitimar o monarca que ocupava o trono, ainda que ele fosse de origem estrangeira. JAGUARIBE, Hélio. Um estudo crítico da História. São Paulo: Paz e Terra, 2001. v. I, p. 154. Sugestões de leitura JOHNSON, Paul. História ilustrada do Egito antigo. Rio de Ja- neiro: Ediouro, 2002. NOBLECOURT, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos faraós. Campinas: Papirus, 1994. Sugestão de site Tebas – Amplo banco de dados (em inglês) sobre Tebas, uma das mais importantes zonas arqueológicas do Egito. Disponível em: <http://tinyurl.com/9gov77j>. Acesso em: 2 dez. 2012. Organizando aS iDEiaS 1. O território egípcio é quase todo dominado pelo deserto do Saara. Por isso, grande parte da população se concen- tra nas terras férteis próximas ao rio Nilo. Professor, você pode ressaltar que esse fenômeno representa uma das formas mais antigas de ocupação dos territórios e que a dependência atual do homem em relação à natureza per- manece um fator importante para a ocupação do plane- ta, apesar dos enormes avanços tecnológicos, em espe- cial na agricultura. 2. Como foi visto na unidade anterior, a passagem da vida nô- made para a vida sedentária foi possível graças ao desenvol- vimento da agricultura. Se antes o nomadismo exigia uma luta diária pela sobrevivência e dificultava a armazenagem de alimentos, a vida sedentária (com a agricultura e a pecuária) ampliou o controle do abastecimento de alimentos e das 49 O trabalho com mapas pode ajudar os alunos a perceber também o contato entre as sociedades antigas. Ou seja, perceber que elas, de modo geral, se comu- nicaram e se influenciaram, devido à proximidade geográfica (excetuando as civilizações chinesa e indiana). HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 300 10/23/13 12:50 PM 301Manual do Professor formas de proteção (contra predadores, outros grupos hu- manos ou as intempéries da natureza). No decorrer dos sé- culos, as atividades comunitárias e a maior especialização profissional permitiram aprimorar técnicas e instrumentos agrícolas, ampliando a capacidade de produção. Com o au- mento das colheitas, havia mais oferta de alimentos, o que estimulou o crescimento populacional (havia menos fome e mortalidade). Além disso, o excedente propiciou também a ampliação das trocas comerciais. A soma desses fatores fez com que muitos dos pequenos núcleos populacionais se transformassem em povoados. A afirmação também se apli- ca à sociedade egípcia. 3. A maior parte da população dos nomos vivia da agricultura e utilizava o rio Nilo para transporte, comunicação e para irrigação, ou seja, para o desenvolvimento das atividades agrícolas. Seus governantes, os nomarcas, reuniam o po- der político e o poder religioso. Aos poucos, os mais des- tacados entre eles passaram a submeter outros nomos ao seu poder. Por volta de 3500 a.C., os nomos haviam sido unificados em torno de dois reinos (o Baixo Egito e o Alto Egito). Cerca de 300 anos depois, o rei Menés (conheci- do também por Narmer, Men ou Meni) conquistou todo o território e foi coroado, pela primeira vez, como faraó, centralizando as funções militares, políticas e religiosas em torno da sua pessoa. 4. A sociedade no Egito antigo era rigidamente estratificada. No topo da pirâmide social estava o faraó, considerado, ao mesmo tempo, monarca e deus. A seguir vinham sucessi- vamente os sacerdotes, a nobreza, os escribas e os solda- dos. Na base estavam os camponeses e artesãos. Abaixo deles, os escravos. 5. Porque a produção agrícola (de cevada, trigo, legumes e frutas) dependia do regime de cheias do rio. No período em que as águas se elevavam era impossível cultivar a terra. Por isso, nesse período os trabalhadores transportavam pedras para as construções, escavavam poços e realizavam ativi- dades artesanais. Nas épocas de vazante, com o reapareci- mento das terras cultiváveis, eles se dedicavam novamente ao trabalho agrícola. Além disso, construíam canaisde irri- gação e diques que ampliavam as áreas férteis e produtivas. A alimentação era completada pela pesca e a caça, realizada nos pântanos formados no delta do Nilo. 6. O faraó era considerado filho do deus Amon-Rá, rei dos deuses e criador de todas as coisas. Para os egípcios, ele detinha os poderes e a sabedoria dos deuses; por isso, sua palavra era incontestável, pois tinha origem divina. Para compreender corretamente o seu governo, é preciso tam- bém levar em conta o apoio dos sacerdotes e sacerdotisas, e dos nomarcas e escribas, que contribuíam decisivamen- te para manter viva a ideia da origem divina do faraó en- tre a população. 7. A sociedade egípcia antiga desenvolveu importantes conhe- cimentos de engenharia hidráulica, graças à construção de diques, represas e canais de irrigação. Seus tecelões eram hábeis na produção de tecidos de linho. Outros artesãos dominavam a técnica da fabricação de vidro. Havia embar- cações fluviais e marítimas de diversos tipos e para várias necessidades. Os egípcios conheciam também a anatomia humana e chegaram a utilizar técnicas de anestesia em ci- rurgias. Além disso, eles conceberam a base do calendário utilizado ainda hoje na maior parte do mundo. Hora DE rEFlETir O objetivo desta atividade é propiciar uma reflexão so- bre a formação das cidades com base na própria história lo- cal. Você pode estimular os alunos a fazer uma pesquisa em bibliotecas ou arquivos públicos, a entrevistar moradores mais antigos ou pesquisadores locais. Além disso, na própria his- tória das famílias dos alunos podem-se encontrar referências importantes. Professor, mostre aos alunos que é necessário ir além de algumas respostas “oficiais” sobre o fundador da ci- dade (a primeira casa, a primeira igreja, o primeiro prefeito, etc.). Esse tipo de história costuma valorizar o ponto de vista dos setores políticos dominantes e não leva em conta a di- versidade de interesses dos grupos sociais que efetivamente construíram a cidade. O sociólogo José de Souza Martins, no livro Subúrbio (Hucitec/Editora da Unesp), afirma que a histó- ria local é construída pela memória (dos grupos dominantes que criam uma narrativa para dar significado à fundação da cidade) e pelo esquecimento dos grupos excluídos dessa his- tória oficial. Por isso, é importante transformar esse esque- cimento em memória coletiva, múltipla e, às vezes, contra- ditória. Uma história local renovada precisa compreender as tensões sociais e políticas, a multiplicidade de histórias indi- viduais e de memórias diversas sobre a cidade. Dessa forma, podemos contribuir para uma efetiva apropriação pelos alu- nos da perspectiva de história coletiva, feita por todos e não apenas pelos “pais fundadores”. Capítulo 6 A civilização chinesa Conteúdos e procedimentos sugeridos Este capítulo trata de uma das mais antigas sociedades do mundo – a China, que é hoje a terceira potência econômica mundial. São muitos os conhecimentos que assimilamos dos chi- neses, alguns há muito tempo, outros mais recentemente. Essa relação presente-passado pode ser o ponto de partida para o es- tudo do capítulo. A formação da China está ligada ao desenvolvimento da agricultura no vale do rio Amarelo, onde se constituíram al- deias e, com o tempo, a população crescente organizou-se em torno de um poder central. Ao longo dos séculos, sucessivas dinastias (Shang, Zhou, Qin, Han) governaram a China, am- pliando seu território. É na dinastia Han que se observa um dos períodos de maior desenvolvimento econômico, cultural e de conhecimen- tos científicos da China antiga. Invenção do papel e da bússola, experiências com dissecação de cadáver e cirurgias com anes- tesia, uso de ervas e prática da acupuntura na cura de doenças, desenvolvimento de conceitos matemáticos são alguns exem- plos das realizações chinesas desse período. Aqui também po- de-se relacionar presente-passado, observando as permanên- HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 301 10/23/13 12:50 PM 302 Manual do Professor cias. Além disso, o texto da seção Eu também posso participar enseja uma reflexão sobre o uso, reutilização e reciclagem de papel. É também nesse período que se verifica um maior con- tato com o Ocidente, o que pode ser demonstrado com a lei- tura do boxe A Rota da Seda. Sugestões de leitura FAirbAnk, John king; GOldmAn, merle. China: uma nova História. Porto Alegre: l&Pm, 2006. lOVEll, Julia. Grande muralha: a China contra o mundo. rio de Janeiro: record, 2008. Sugestão de site www.cultural-china.com/ – Site em inglês sobre diferentes as- pectos da história e cultura chinesas. Acesso em: 28 jan. 2013. ¡sso...Enquanto O Japão antigo Diálogos Atividade interdisciplinar com línguas. A escrita ideográ- fica consiste na representação das ideias por meio de sinais que reproduzem objetos concretos; ou seja, ela não se vale de as- sociações gráficas e abstratas para representá-los, mas de sím- bolos que procuram se assemelhar ao próprio objeto represen- tado. Já a escrita fonética é aquela em que os sinais (sílabas ou letras) correspondem a determinados sons. Assim, do ponto de vista visual, esses sinais em nada se assemelham ao formato daquilo que se quer representar. Professor, peça aos alunos que montem pequenos painéis (em papel sulfite ou cartolina) com os exemplos desenhados. Exponha os painéis na classe. isso pode ajudar os alunos a compreender aspectos fundamentais de cada tipo de escrita, que nem sempre são compreensíveis apenas com a exposição dos conceitos. Organizando as ideias 1. Segundo pesquisadores, por volta de 5000 a.C. surgiram as primeiras aldeias à margem dos rios, sob liderança feminina e onde se iniciou a prática da agricultura. Aos poucos, es- ses povoados formaram pequenos Estados, cujo poder era transmitido por laços familiares. Por volta de 2200 a.C., um dos chefes, Yü, o Grande, tornou-se rei, unificando esses pequenos Estados e dando origem à dinastia Xia. 2. A dinastia Shang ampliou o território chinês de 1 600 km² para uma área de 100 mil km²; houve no período um notá- vel florescimento cultural, com a criação da escrita primiti- va chinesa, o desenvolvimento do calendário com 365 dias, a criação da moeda, de instrumentos musicais e a invenção da técnica de fabricação da seda. 3. Entre 475 a.C. e 221 a.C., a China passou por um conturba- do período político, no qual vários reinos entraram em luta pela hegemonia do território chinês. Essa profunda crise po- lítica e social provocou a criação de teorias filosóficas, como o taoismo e o confucionismo, que pretendiam solucionar as disputas sangrentas e definir um papel mais equilibrado para o Estado, a sociedade e os indivíduos. Esse período só chegou ao fim com a vitória do reino de Qin, sob a liderança de Ying Zheng, que estabeleceu uma nova dinastia, dando início à fase imperial chinesa. 4. Ying Zheng imprimiu um caráter fortemente centralizador ao seu governo, entre 221 a.C. e 210 a.C. Padronizou o sistema de pesos e medidas e os diferentes tipos de escrita, criou um rígido conjunto de leis e construiu estradas, fa- cilitando a comunicação e o transporte entre as províncias do império. Para defender o território de invasões, man- dou construir a muralha da China, com 4 200 km de ex- tensão. Foram mobilizados nessa tarefa mais de 1 milhão de trabalhadores. 5. A dinastia Han governou a China a partir de 206 a.C. até o século iii d.C. inspirados na filosofia de Confúcio, os Han conduziram a China a um notável desenvolvimento eco- nômico e cultural, significativos avanços tecnológicos na agricultura (introdução do arado de boi, instrumentos de ferro e canais de irrigação) e a ampliação dos laços co- merciais com povos vizinhos e com o Ocidente, através da rota da Seda. 6. Para Confúcio, uma sociedade só poderia ter harmonia, isto é, estar amparada na ordem e na justiça, por meio da capa-cidade de amar, da prática da bondade e do bem, do respei- to e do interesse para com o próximo. 7. A rota da Seda era um sistema de estradas de aproxima- damente 7 mil quilômetros de extensão, construído a par- tir das viagens e descobertas de Chang-Ch’ien, emissário do imperador Wu-Ti. Construídas, a princípio, para que o imperador chinês comprasse cavalos na Ásia central, as es- tradas dessa rota serviram também para que mercadores chineses e ocidentais realizassem trocas comerciais. A par- tir do século X, a rota da Seda entrou em declínio e as re- lações entre a China e o Ocidente também se reduziram pouco a pouco. 8. Como parte do legado cultural e científico desse período da civilização chinesa, temos: a técnica de fabricação da seda a partir dos casulos do bicho-da-seda, a filosofia de Confú- cio, os monumentos históricos, como a Grande muralha, instrumentos de medição da direção dos ventos, o sismó- grafo, conceitos matemáticos, a bússola, o relógio de sol e de água, as técnicas de fabricação do papel, as práticas de medicina milenar, como a acupuntura, etc. Hora de ReFLeTiR O desenvolvimento do conceito de “cidade educadora” liga-se a experiências desenvolvidas nos últimos anos, sobre- tudo na cidade de barcelona (Espanha). Tem por princípio o alargamento das fronteiras da educação para além da institui- ção escolar, com base na corresponsabilização dos cidadãos para que, em conjunto, de forma organizada e participativa, remodelem o uso do espaço público e da vida comunitária. A seguir, para subsidiar o trabalho do professor, destacamos um trecho adaptado do livro A cidade como projeto educati- vo, organizado pelos autores espanhóis Carmen Gómez-Gra- nell e ignácio Vila (Trad. daisy Vaz de moraes. Porto Alegre: Artmed, 2003). HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 302 6/20/14 11:13 AM 303Manual do Professor Os desafios da sociedade contemporânea exigem o envolvimento de toda a sociedade e a introdução de modificações em nossas cidades que reformulem com- portamentos, hábitos e espaços de interação para fa- vorecer a educação integral e cidadã, assumindo o im- portante papel de cidades educadoras [...] O conceito de comunidade educativa aparece em nossa sociedade atual como uma necessidade sentida pelas próprias ins- tituições escolares, que reconhecem a sua incapacidade para assumir sozinhas os atuais conceitos de educação integral. Os educadores constatam a inutilidade de seus esforços para transmitir alguns valores e atitudes educa- tivas que, se forem contraditórios com o contexto, nun- ca chegarão a fazer parte da vida de seus alunos. [...] As- sim, não faz sentido manter em nossas salas de aula um discurso bem-intencionado sobre a poluição e a recicla- gem de matérias-primas enquanto as crianças veem seus vizinhos jogarem lixo na rua. Nossa sociedade não pode encomendar dos educadores o trabalho, condenado ao fracasso, de pregar em suas aulas valores e atitudes que a comunidade não assume como próprios. A conclusão é evidente: precisamos que nossas comunidades se en- volvam na defesa dos valores educativos mais importan- tes, alguns deles vitais para sua própria manutenção. Não é possível continuar pensando em algumas cidades nas quais se exija de seus administradores que solucionem problemas tão importantes como o do transporte ou o da poluição enquanto os cidadãos continuam com seus hábitos não solidários, decididos a prosseguir pensando que tais problemas devem ser solucionados por “outros” para que se siga fazendo o de sempre [...]. GÓMEZ-GRANELL, Carmen; VILA, D. V. de Moraes (Org.). A cidade como projeto educativo. Porto Alegre: Artmed, 2003. Capítulo 7 As civilizações da Índia Conteúdos e procedimentos sugeridos Este capítulo trata das origens da complexa sociedade indiana e de sua grande diversidade religiosa e cultural. Co- nhecer essas origens possibilita compreender alguns aspectos dessa sociedade na atualidade, como a organização em castas (Veja o Texto complementar). Sobre as antigas tradições india- nas, o texto Contradições indianas, da seção Passado presente, traz informações que ampliam o estudo dos conteúdos e pro- piciam uma rica discussão com os alunos, como, por exemplo, a análise de mudanças e permanências na sociedade indiana e de seus contrastes. É interessante observar que a história milenar da Índia compreende invasões e domínios por outros povos, mas que se mantiveram elementos de sua cultura. Com relação à civilização dravidiana, é interessante des- tacar a arquitetura das cidades (avenidas, plataformas e siste- mas de água e esgoto) e o artesanato (de roupas de algodão, joias e utensílios domésticos) comercializado com outros povos (como os mesopotâmios, por exemplo). Tal destaque pode aju- dar os alunos a compreenderem o desenvolvimento dessa ci- vilização e o fascínio que ela deve ter despertado nos invaso- res arianos, guerreiros e nômades, que acabaram promovendo uma mescla de culturas, cujo principal resultado foi o hinduís- mo e a estruturação da sociedade indiana em castas. Texto complementar Apesar de ilegal desde 1950, o sistema de castas ainda faz parte da cultura indiana e está arraigado em suas relações sociais. O texto a seguir, retirado da revista National Geogra- phic Brasil, aborda certos aspectos da vida dos párias, também chamados de intocáveis. Nascer hindu na Índia é entrar para o sistema de castas, uma das mais antigas formas de estratificação ainda em vigor. Arraigado na cultura indiana há 1,5 mil anos, o sistema segue um preceito básico: todos são cria- dos desiguais. A hierarquização da sociedade hindu ori- ginou-se de uma lenda na qual os quatro principais gru- pos, ou varnas, emergem de um ser primordial. Da boca, vêm os brâmanes – sacerdotes e mestres. Dos braços, os xátrias – governantes e soldados. Das coxas, os vaixás – mercadores e negociantes – e, dos pés, os sudras – traba- lhadores braçais. Cada varna, por sua vez, abrange cen- tenas de castas e subcastas hereditárias, cada qual com hierarquia própria. Um quinto grupo consiste nas pessoas que são achuta, ou intocáveis. Não vieram do ser primordial. Eles são os excluídos – pessoas demasiado impuras para clas- sificar-se como seres dignos. [...] Os intocáveis são evi- tados, insultados, proibidos de frequentar templos e ca- sas de castas superiores, obrigados a comer e beber em utensílios separados em lugares públicos e, em casos ex- tremos mas não incomuns, são estuprados, queimados, linchados e baleados. O antigo sistema de crença que criou os intocáveis prepondera sobre a lei moderna. [...] Um pai ou uma mãe intocável gera filhos intocáveis, marcados como impuros desde o momento em que começam a respirar. [...] Os intocáveis executam o “trabalho sujo” da socie- dade – atividade que requer contato físico com sangue e excrementos humanos. Os intocáveis cremam os mor- tos, limpam latrinas, cortam cordões umbilicais, removem animais mortos das ruas, curtem couro, varrem sarjeta. Esses trabalhos, e a condição de intocável, são transmi- tidos aos descendentes. Mesmo os numerosos intocáveis que exercem serviços “limpos”, principalmente trabalhos agrícolas mal remunerados em terras de grandes proprie- tários, são considerados impuros. [...] É verdade que, pelo menos na esfera pública, os in- tocáveis fizeram progresso desde o tempo em que eram espancados se sua sombra tocasse alguém de casta su- perior, usavam sinos para alertar de sua aproximação e levavam baldes para que não contaminassem o chão ao cuspir. Eles não podiam entrar em escolas nem se sentar em nenhum banco perto de alguém de casta superior. A constituição de 1950 impõe um sistema de cotas em que são reservados cargos na legislatura federal em proporção igual à dos intocáveis na população: 15%.[...] HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 303 10/23/13 12:50 PM 304 Manual do Professor Lugares reservados aos intocáveistêm também em legis- laturas estaduais, conselhos de aldeia, no serviço público e nas salas das universidades. [...] Apesar de todas as leis, porém, o cerne do sistema de castas segue inalterado. [...] [Isso por que] o sistema de castas hindu tem seu próprio manual de instruções. As Leis de Manu, coligidas há pelo menos 2 mil anos por sacerdotes brâmanes, prescrevem para cada varna o que comer, quem desposar, como ganhar dinheiro, quando lutar, como manter-se limpo, a quem evitar. Extraído de: O´NEILL, Tom. National Geographic Brasil. Junho/2003, p. 44-51. Sugestão de leitura MELLO, Patrícia Campos. Índia: da miséria à potência. São Pau- lo: Planeta, 2008. Organizando aS iDEiaS 1. Em virtude das cheias anuais do rio Indo, decorrentes do de- gelo do Himalaia, cidades como Mohenjo-Daro eram ergui- das sobre plataformas de terra batida e entulho que chega- vam a atingir até 12 metros de altura. Os dravidianos eram um povo de pele escura que, por volta de 3000 a.C., ergue- ram suas cidades ao longo do rio Indo. As residências, de tijo- los de barro cozido, contavam com sistema de água e esgoto. Os dravidianos também fabricavam e comercializavam produ- tos como joias, utensílios domésticos, brinquedos e roupas de algodão, técnica de tecelagem inventada por eles. 2. Ariano é o nome genérico dado às pessoas de pele clara, ori- ginárias de algumas dos cerca de cinquenta povos nômades que habitavam a região do Cáucaso (atuais Rússia, Geórgia, Azerbaijão e Armênia). Depois de instalados no vale do rio Ganges, os arianos passaram a viver como sedentários. Mui- to religiosos, foi entre eles que surgiu o hinduísmo, crença religiosa que passou a reger, praticamente, todos os aspec- tos de sua vida cotidiana. 3. Por volta do segundo milênio, os arianos se estabeleceram no vale do rio Indo e se tornaram sedentários, incorporando aspectos da cultura dravidiana, como o vocabulário e a reli- gião. A mistura de crenças religiosas desses povos deu origem ao hinduísmo, conjunto de práticas religiosas que exerceu e ainda exerce papel fundamental na vida cotidiana e na orga- nização social dos indianos. Os fundamentos do hinduísmo estão registrados no Rig Veda, ou “livros do conhecimen- to”, uma coletânea de 1 028 hinos. Os hinduístas acreditam na existência de muitos deuses e na reencarnação. 4. Os sacerdotes brâmanes se destacaram entre as lideranças políticas e religiosas dos árias (ou arianos), criando com- plexos rituais religiosos e valorizando demasiadamente as suas funções. Esses sacerdotes afirmavam que eram ca- pazes de conversar diretamente com os deuses. Por isso, ganharam respeito e reconhecimento da população e dos próprios líderes políticos. Eles criaram diversas regras que se tornaram fundamentais para a maior parte da socie- dade hindu, como as que estabeleceram um rígido siste- ma de castas na Índia. O sistema de castas era um tipo de estratificação social caracterizado por grupos sociais fe- chados e ligados às mesmas profissões ou funções sociais. Não havia passagem de uma casta para a outra, pois o nascimento definia o lugar social dos indivíduos. Na ori- gem do bramanismo, as castas mais importantes eram for- madas pelos árias. Os sacerdotes (os brâmanes) estavam no topo da hierarquia social, seguidos pelos xátrias (no- bres, guerreiros e administradores) e pelos vaixás (comer- ciantes). Entre os não arianos, vinham os sudras (artesãos ou trabalhadores manuais) e os párias, excluídos da socie- dade que estavam proibidos de estudar, ouvir os hinos re- ligiosos e viver nas cidades. 5. Em linhas gerais, o budismo e o jainismo afirmavam que cabia ao indivíduo realizar seu próprio destino, sem neces- sidade de adorar deuses e praticar complexos rituais, como afirmavam os sacerdotes brâmanes. Essas novas religiões contrariavam, portanto, a divisão em castas e os privilégios que os sacerdotes desfrutavam numa organização social rí- gida e hierarquizada como era a sociedade védica. Hora DE rEFlETir O fato de uma considerável porcentagem de brasileiros não contarem com saneamento básico reflete o problema ha- bitacional do país. Atualmente, existem no Brasil milhões de moradias construídas em condições precárias, muitas delas em situação irregular, erguidas em áreas impróprias – geralmen- te invadidas e ocupadas em loteamentos clandestinos –, sem aprovação ou controle do poder público. Essa situação tem suas raízes no processo sofrido pela maioria das cidades mé- dias e grandes do país nas últimas décadas: um inchaço provo- cado pelo fluxo migratório campo-cidade. Aliado a esse fator, mais recentemente observa-se um processo de pauperização de parte da população dessas cidades que, por motivos como desemprego ou perda de renda, abandona áreas dotadas de maior infraestrutura urbana (geralmente as regiões mais cen- trais das cidades), deslocando-se para as zonas periféricas, em geral ainda à espera de obras de melhoria urbana. Quanto ao papel do poder público, a falta de política eficiente, que ga- ranta principalmente os investimentos necessários, constitui o principal fator que tem adiado a solução do problema. Capítulo 8 Os fenícios, inventores do alfabeto Conteúdos e procedimentos sugeridos Os fenícios organizaram-se em torno do comércio ma- rítimo, sendo essencial para isso o desenvolvimento de re- cursos náuticos e de técnicas de navegação. Para compreen- der esses aspectos da sociedade fenícia, pode-se observar, no mapa da página 62, a localização da região ocupada por eles. Além disso, deve-se considerar também a pequena ex- tensão50 de seu território, o relevo montanhoso e os diversos 50 Segundo Antonella Giammellaro, “apesar da fertilidade de seu solo, a Fenícia não era capaz de suprir suas próprias necessidades, devido à grande densidade demográfica e à falta de terras disponíveis para as culturas agrícolas extensivas [como a do trigo].” Ver GIAMMELLARO, Antonella Spanõ. Os fenícios e os car- tagineses. In: FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massino (Dir.). História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 92. HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 304 10/23/13 12:50 PM 305Manual do Professor artigos que produziam, como artefatos de vidro, armas, obje- tos de marfim e tecidos coloridos. A prática náutica, associada à atividade comercial, contri- buiu para que se organizassem em cidades-Estado e se estabe- lecessem fora da Ásia, criando muitas cidades. A principal foi Cartago, no norte da África. A leitura do boxe Cartago, uma potência ao norte da África fornece informações que dão a di- mensão dessa cidade na Antiguidade. É interessante observar que a civilização fenícia organi- zou-se em torno das práticas náuticas e comerciais, tanto no que se refere à vida social, política e econômica, quanto à for- mação étnica e cultural. O trabalho com a seção Interpretando documentos pode ser oportuno nesse momento. O principal legado dos fenícios para a humanidade foi a invenção de um sistema de escrita, o alfabeto. Com relação a isso, alguns questionamentos podem orientar uma discus- são sobre registros históricos, avaliando sua importância para a produção de documentos. Sugestão de leitura HARDEN, Donald. Os fenícios. Lisboa: Editorial Verbo, 1971. Organizando as ideias 1. O Líbano atual é uma pequena nação do Oriente Mé- dio que foi ocupada a partir de 3000 a.C. por povos de origem semita que se autodenominavam cananeus, pois viviam na região conhecida como Canaã. Eles exerciam intensa atividade comercial e fundaram diversas cidades portuárias, como Biblos e Tiro. Professor, você pode soli- citar aos alunos que observem a localização dessas cida- des no mapa da página 62, ressaltando que se tratavam de núcleos urbanos situadas em pontos estratégicos para o comércio mediterrâneo. 2. As cidades fenícias se organizavam como cidades-Estado, ou seja, eram dotadas de independência política e adminis- trativa. Eram governadas, em geral,por monarcas com o apoio da aristocracia (formada por comerciantes e proprie- tários de terra) e de um clero poderoso. Professor, se ainda perceber dúvidas nos alunos sobre o conceito de cidade- -Estado, pode-se retornar ao capítulo 4 para uma reflexão sobre o assunto. 3. Os fenícios ocupavam uma região às margens do Mediter- râneo cercada por povos como os arameus, hebreus e filis- teus. Para prosperar, eles teriam que expandir-se pelo Me- diterrâneo ou travar guerras contínuas contra seus vizinhos. Como haviam atingido um alto estágio de desenvolvimento náutico e eram exímios navegadores, o comércio marítimo foi sua opção de expansão. Suas embarcações comerciais eram escoltadas por barcos de guerra capazes de derrotar os piratas que saqueavam os comerciantes no mar Mediter- râneo. Os fenícios conheciam também as correntes maríti- mas, as rotas de pássaros migratórios e de alguns peixes e os ventos de cada região. Por isso, foram capazes de estabe- lecer contatos comerciais com áreas longínquas, expandin- do seus domínios por uma vasta região. Professor, retome o mapa da página 62 e solicite aos alunos que observem a extensão das rotas de navegação e a área de influência do comércio dos fenícios. 4. Nas trocas comerciais, os fenícios obtinham grandes lucros, vendendo ou comprando cedro, armas, linho, pedras pre- ciosas, cobre, ferro, artefatos de vidro, objetos de marfim e tecidos coloridos. Além disso, muitos dos lugares de parada de suas embarcações transformaram-se, ao longo dos anos, em cidades comerciais fenícias, como Cirene, Lepsis e Car- tago. As relações comerciais provocaram também a incor- poração de traços culturais de diferentes povos, levando os fenícios a um processo de universalização. 5. Entre as principais razões que justificam a expansão e a for- ça de Cartago, podemos citar a força de seu comércio e a existência de um exército grande e poderoso, que possibi- litou a Cartago subjugar os territórios vizinhos. Estrategica- mente localizada no norte da África, Cartago era um impor- tante centro comercial, comprando e vendendo produtos das mais variadas regiões da África, Ásia e Europa. Além disso, a cidade controlava as rotas comerciais do lado oci- dental do Mediterrâneo: nenhum navio estrangeiro podia seguir com suas mercadorias para oeste de Cartago. Embar- cações que ameaçassem burlar a vigilância cartaginesa eram afundadas pela poderosa frota militar de Cartago. Os navios estrangeiros viam-se, portanto, obrigados a atracar em Car- tago para transferir suas mercadorias aos navios cartagine- ses, cujos comerciantes as revendiam ao longo do Mediter- râneo ocidental. 6. Foram as necessidades de controle e registro das atividades comerciais que levaram os fenícios à criação de um tipo de escrita mais simplificada do que a hieroglífica (dos egípcios) e a cuneiforme (dos mesopotâmicos). Assim, por volta de 1500 a.C., na cidade de Ugarit, começou a se constituir um sistema de escrita baseado em 29 caracteres relacionados a sons específicos emitidos pela voz humana. Esse sistema servia de modo mais prático e direto às finalidades comer- ciais, pois podia ser utilizado e entendido por pessoas de di- ferentes idiomas. 7. A escrita alfabética, baseada na relação entre o símbolo grá- fico e o som fonético, era mais simples e prática porque não dependia de conhecimentos sobre centenas de símbolos pictóricos que representavam, em geral, objetos específicos de uma única cultura. A escrita alfabética podia ser utiliza- da por qualquer sociedade, necessitando apenas que fosse adaptada aos sons específicos do idioma. Era, portanto, um instrumento eficaz para a prática comercial. 8. O alfabeto fenício, constituído inicialmente por 29 símbo- los, foi mais tarde simplificado para 22 símbolos corres- pondentes às consoantes. As vogais eram “completadas” pelo leitor, de acordo com o sentido das palavras. Durante o século IX a.C., os gregos incorporaram o alfabeto fení- cio, mas acrescentaram as vogais. Mais tarde, os romanos introduziram novas mudanças no alfabeto greco-fenício e criaram o alfabeto latino, difundido posteriormente pelo mundo ocidental. HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 305 6/20/14 11:13 AM 306 Manual do Professor Interpretando DOCUMENTOS 1. A existência de duas séries de remos e a amplitude da vela içada sugerem que essa embarcação era capaz de atingir uma velocidade bastante elevada para a época. Natural- mente, o uso dos remos (da força física humana) não pode- ria se prolongar por longos trajetos, mas servia para curtas distâncias. Professor, você pode ressaltar que os fenícios ti- nham as melhores embarcações da Antiguidade. O birreme desta atividade tinha, em média, 35 metros de comprimen- to. Seu modelo foi, posteriormente, copiado pelos gregos e pelos romanos. 2. A preocupação notável com a velocidade, o espaço redu- zido para armazenar produtos comerciais e a presença de uma saliência pontuda na proa (na frente) do navio sugerem que se tratava de um navio com finalidades militares. Entre suas principais atribuições estava a de defender as embar- cações fenícias que transportavam mercadorias para serem comercializadas no mar Mediterrâneo. Capítulo 9 O Império Persa Conteúdos e procedimentos sugeridos Este capítulo trata de um dos maiores impérios da Anti- guidade – o Império Persa –, que, nos cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados de seu território (maior extensão), abri- gou diversos povos e diferentes culturas. Do convívio entre eles resultou a difusão de costumes e experiências, que foram assi- milados pelos persas. No início do estudo, alguns questionamentos podem contribuir para orientar o desenvolvimento dos conteúdos: Como um império tão grande se constituiu na Antiguidade? O que garantiu sua coesão? Que povos faziam parte do Império Persa? O que aconteceu com esse império? O Irã que conhece- mos hoje é o que restou dele? A origem da civilização persa remonta à ocupação do pla- nalto iraniano por tribos nômades, entre elas medos e persas. O processo de unificação desses povos e a formação do império ocorreram em torno da dinastia Aquemênida: Ciro foi responsá- vel pela unificação, e Dario manteve o imenso império unificado. O mapa da página 66 e o texto da seção Interpretando documentos (p. 70) constituem um valioso instrumento para conhecer a vastidão do domínio persa e perceber a relação com alguns dos povos estudados nos capítulos anteriores (como babilônios, egípcios e fenícios). Além disso, é possível explorar o texto como documentação histórica, considerando o ponto de vista de seu autor – Xenofonte. Ainda sobre a vastidão do Império Persa, um rico deba- te pode ser realizado com base na leitura do boxe Um império multicultural (p. 67), tratando da diversidade étnica e cultural e das múltiplas possibilidades de intercâmbio entre os povos. Vale destacar que os persas, em geral, permitiam ao povo conquistado o direito de manter sua língua, costumes e reli- gião. Essa tolerância fez com que o império se tornasse multi- cultural e que seus líderes fossem, em geral, respeitados pelos povos dominados. Com relação à manutenção do império51, é fundamen- tal destacar a estrutura administrativa instituída no governo de Dario, que, centralizando o poder, garantia sua unidade. Merece destaque o item Entre o Bem e o Mal (p. 69), que possibilita conhecer as influências (como o juízo final, o paraíso e a oposição entre o Bem e o Mal) do zoroastrismo em religiões monoteístas, como o cristianismo – um dos temas do capítulo 16. Olhar especial merece a seção Olho vivo (p. 68), que pro- move uma reflexão sobre o papel reservado às mulheres na so- ciedade persa, por meio da análise da imagem de um relevo. É importante verificar que o texto da seção Enquanto isso... proporciona um exercício de simultaneidade histórica, com informações sobre o que ocorria na península Itálica, do-minada pelos etruscos, no mesmo momento em que os medos estavam sendo unificados por Déjoces. Além disso, oferece uma introdução ao estudo de Roma, a ser iniciado no capítulo 14. Sugestão de leitura HOLLAND, Tom. Fogo persa: o primeiro império mundial e a batalha pelo Ocidente. Rio de Janeiro: Record, 2008. Um império multicultural Sua comunidade O objetivo desta atividade é ampliar a reflexão sobre a diversidade cultural do mundo contemporâneo com base na observação da realidade local. As diferenças culturais e de origem nas cidades brasileiras passam, muitas vezes, desper- cebidas pelos alunos ou são vistas com desconfiança e pre- conceito. Pode-se associar esta atividade à proposta na seção Hora de refletir do capítulo 5, sobre a história local. Os re- sultados das pesquisas podem ser apresentados na forma de uma “Feira de Culturas” da própria classe ou da escola, na qual cada aluno apresenta o que descobriu. É importante que o aluno selecione apenas um traço cultural. Pode ser um pra- to típico, uma canção, uma peça de artesanato, um tipo de vestimenta característico da região onde mora, etc. Professor, aproveite a atividade para que os alunos façam apresenta- ções criativas das suas pesquisas; por exemplo, trazendo uma comida típica para degustação ou um grupo de música para tocar na classe, etc. Organizando aS iDEiaS 1. As origens da ocupação da antiga Pérsia remontam à migra- ção de tribos nômades originárias da Ásia central e da Rússia atual, entre as quais os medos e os persas. Os medos se es- tabeleceram no oeste e no noroeste do planalto e os persas se fixaram no sudoeste. 2. Dario estabeleceu um sistema unificado de impostos, um único código de leis e o mesmo sistema monetário. Além disso, sob seu governo foi aberta uma rede de estradas des- tinadas a interligar as várias regiões e a facilitar o desloca- mento no interior do Império Persa. 51 Esses aspectos administrativos permitem uma melhor visualização do tema central da unidade, pois revelam os diferentes caminhos encontrados pelos admi- nistradores dos primeiros centros urbanos à medida que estes se tornavam mais complexos. HMOV_v1_PNLD2015_MP_273a376_alt.indd 306 10/23/13 12:50 PM
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