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A NATAÇÃO NA SUA EXPRESSÃO PSICOMOTRIZ

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A Natação 
na sua Expressão 
Psicomotriz 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
Earle D/n/z Macarthy Moreira, Reitor 
Sérgio de Meda Lamb, Vice-Reitor 
Eloy Julius Garcia, Pró-Reitor de Graduação 
Francisco Luís dos Santos Ferraz, Pró-Reitor de Planejamento e respondendo pela 
Pró-Reitoria de Administração 
Gerhard Jacob, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação 
João Carlos Athayde Dias, Pró-Reitor de Assistência à Comunidade Universitária Ludwig 
Buckup, Pró-Reitor de Extensão 
EDITORA DA UNIVERSIDADE 
Darcy Caetano Luzzatto, Diretor 
CONSELHO EDITORIAL 
Titulares — Alberto André, Haralambos Simeonidis, Helga Wmge, João Guilherme 
Corrêa de Souza e Walter Koch Suplentes - Juan José Mourino 
Mosquera, Oscar Miranda Froes e 
Ricardo Schneiders da Silva Presidente 
— Darcy Caetano Luzzatto 
 
© de Jayme Werner dos Reis 1? edição 1982 
Direitos reservados desta edição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Capa: Paulo António da Silveira Administração: António A. 
Dallazen Editoração: Geraldo F. Huff 
 
 
R375 Reis, Jayme Werner dos. 
A natação na sua expressão psicomotriz. Porto Alegre, Ed. 
da Universidade, UFRGS, 1982. 
(Livro-texto, 7) Editadu em convénio 
MEC/SESu/PROED. 
1. Natação — Funções motrizes. 2. Natação — Psicomotricidade. I. Titulo. 
CDU 797.2:159.943 
Ficha catalográfica: Zaida M. Moraes Preussler, CRB-10/203. 
ISBN 85-7025-043-6 
 
ÍNDICE 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7 
2 FUNDAMENTOS BÁSICOS........................................................................ 8 
2.1 O Homem Nada Por Necessidade....................................................... 8 
2.2 Hidrostática do Corpo Humano.......................................................... 10 
2.3 Fatores Comuns aos Movimentos do Corpo na Água e em Terra ..... 10 
2.4 Espaço ............................................................................................... 10 
2.5 Tempo................................................................................................ 10 
2.6 Força.................................................................................................. 11 
2.7 Continuidade...................................................................................... 11 
3 MECÂNICA NATATÓRIA E SUA FUNDAMENTAÇÃO EM LEIS E 
PRINCÍPIOS FÍSICOS ..................................................................................... 12 
3.1 Flutuabilidade..................................................................................... 12 
3.2 Densidade Relativa ou Peso Específico ............................................ 13 
3.3 Densidade da Água............................................................................ 13 
3.4 Peso Específico do Corpo Humano ................................................... 13 
3.4.1 Obtenção do Peso Específico..................................................... 13 
3.4.2 Os pulmões do Homem como Elemento Flutuador Improvisado 14 
3.5 Centro de Gravidade.......................................................................... 14 
3.6 Condições para a Flutuação .............................................................. 15 
4 SUSTENTAÇÃO EM SUPERFÍCIE E EM MOVIMENTO.......................... 15 
4.1 Estabilidade ....................................................................................... 16 
5 HIDRODINÂMICA DO CORPO HUMANO................................................ 17 
6 RESISTÊNCIA OPOSTA AO MOVIMENTO ............................................. 17 
7 PRINCIPIO DA AÇÃO E REAÇÃO ........................................................... 19 
7.1 Forças de Resistência Útil ................................................................. 19 
7.2 Resistência Frontal ............................................................................ 19 
7.3 Inércia ................................................................................................ 20 
7.4 Inércia e seus Pontos Principais ........................................................ 21 
8 PLANOS APLICADOS À MECÂNICA NATATÓRIA ................................. 21 
9 EIXOS ....................................................................................................... 22 
9.1 Eixo Horizontal ou Longitudinal.......................................................... 22 
9.2 Eixos Transversais............................................................................. 22 
9.3 Eixos de Rotação............................................................................... 22 
10 PROPULSÃO ........................................................................................ 22 
11 LEI TEÓRICA DO QUADRADO ............................................................ 24 
12 ACELERAÇÃO ...................................................................................... 24 
13 CADÊNCIA ............................................................................................ 25 
14 RITMO................................................................................................... 25 
15 COMPORTAMENTO DAS ALAVANCAS HUMANAS NA NATAÇÃO ... 25 
16 BRAÇADAS........................................................................................... 26 
17 BATIMENTOS ....................................................................................... 26 
18 ONDULAÇÃO DO TRONCO NO NADO BORBOLETA-GOLFINHO..... 27 
18.1 Trabalho dos Braços .......................................................................... 28 
18.2 Trabalho das Pernas.......................................................................... 28 
18.3 Fase da Tração.................................................................................. 29 
18.4 Recuperações.................................................................................... 29 
18.5 Batimentos ......................................................................................... 30 
19 RESPIRAÇÃO DO NADADOR.............................................................. 31 
20 FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA......................................... 33 
21 ASPECTOS FÍSICOS DA RESPIRAÇÃO ............................................. 33 
22 EXPIRAÇÃO.......................................................................................... 34 
23 INSPIRAÇÃO ........................................................................................ 34 
24 TEMPO DE APNÉIA.............................................................................. 35 
25 PEDAGOGIA DA RESPIRAÇÃO........................................................... 35 
26 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA APRENDIZAGEM ......................... 36 
27 IDADE FAVORÁVEL PARA O APRENDIZADO.................................... 37 
28 SISTEMA DE ENSINO .......................................................................... 37 
29 RECURSOS PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM......................... 38 
30 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO......................................... 38 
31 APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO.......................................................... 38 
32 OBJETIVOS FUNCIONAIS ................................................................... 39 
33 ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA.............................................................. 39 
34 OBJETIVOS PARCIAIS DO PRIMEIRO OBJETIVO DA 
APRENDIZAGEM............................................................................................. 40 
35 ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA PARA O ENSINO DA NATAÇÃO ............. 41 
36 PRIMEIRO ESTILO A SER ENSINADO................................................ 41 
37 OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS .................................................. 42 
38 METODOLOGIA DOS ESTILOS DE NATAÇÃO................................... 43 
39 FUNDAMENTAÇÃO MECÂNICA .......................................................... 4340 DIVERSIDADE DAS SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES NA NATAÇÃO . 44 
40.1 Sensações Motrizes........................................................................... 44 
40.2 Percepções Especializadas No Esporte ............................................ 45 
41 ATENÇÃO E MEMÓRIA........................................................................ 45 
42 REAÇÕES ............................................................................................. 46 
42.1 Estrutura do Processo de Reação ..................................................... 46 
42.2 Período de Reação Preliminar ........................................................... 46 
42.2.1 Período de Reação Central ou Latente....................................... 46 
42.2.2 Período de Reação ou Efetor...................................................... 46 
42.3 Tipos de Reações .............................................................................. 47 
42.3.1 Tipo de Reação Sensória ........................................................... 47 
42.3.2 Tipo de Reação Motora .............................................................. 47 
42.4 Particularidades do Processo de Reação .......................................... 47 
42.5 Esforços Voluntários no Processo da Atividade Desportiva............... 48 
43 CONCLUSÕES ..................................................................................... 49 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 49 
 
A NATAÇÃO NA SUA EXPRESSÃO PSICOMOTRIZ 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O homem se desloca no meio líquido por ação de braços e pernas, 
baseando-se em leis físicas para seu melhor aproveitamento na superfície. Seu 
corpo representa um peso e que necessariamente dispenderá força e energia 
para deslocar-se. 
 
 A arte de nadar significa a técnica de deslocar-se na água por 
intermédio da coordenação metódica de certos movimentos. 
 
 Esta ação coordenadora começa a atuar no momento em que o 
homem entra na água. Entram, então, em ação a hidrostática, a cinemática e a 
dinâmica. 
 
 O homem, como ser terrestre, respira ar e é bípede na posição 
vertical. Para nadar é obrigado a adotar a posição horizontal, utilizando seus 
braços e pernas como meios de deslocamento, trocando, portanto, seus 
hábitos naturais. 
 
 Na flutuação, em posição estática, não há problemas; em 
movimento, a água oferece resistência ao avanço, qualquer que seja a direção 
adotada. Assim, em relação ao homem atuam várias leis e princípios de física 
(gravidade, densidade, equilíbrio e flutuabilidade). No meio líquido, temos por 
um lado a densidade e resistência; por outro, na ação de deslocamento, a 
inércia, a fricção, o peso, a força (ação e reação), a pressão, a compressão e a 
tração. 
 
 A flutuação depende não só das densidades relativas da água, e do 
homem. Outro fator que não podemos deixar de citar é a maior superfície de 
sustentação apresentada pelo nadador que melhora sensivelmente suas 
condições de flutuabilidade. 
 
 Na propulsão entram em ação as forças de pressão, compressão 
tração e impulsão que o homem utiliza para encontrar melhor rendimento em 
sua progressão. 
 
 No movimento propulsor (tração e empurrada) age uma força 
positiva, exercida pelo homem, e outra negativa, a resistência da água. 
 
 No conhecimento das leis e princípios da física que permitem a 
obtenção de melhores resultados, os fundamentos tomam importância 
primordial. Uma base científica é essencial à natação como arte e como 
técnica. 
 
 O ensino e a aprendizagem da natação em moldes científicos obriga 
a um trabalho constante, na ação sobre cada caso e cada aluno, requerendo 
correções constantes, repetindo, repetindo sempre. Só desta maneira poderá o 
aluno adquirir o domínio cinestésico, a consciência do movimento que executa 
e das atitudes do corpo e de seus segmentos, a fim de tornar-se um bom 
nadador. Quando isso for alcançado, ou seja, o total domínio neuromuscular, 
pode obter-se qualquer característica de nado que o professor desejar. 
 
2 FUNDAMENTOS BÁSICOS 
2.1 O Homem Nada Por Necessidade 
 
 Como elemento, a água foi o segundo a ser dominado pelo homem. 
A necessidade de alimentar-se e conseguir outros meios de comunicação 
induziram-no a atravessar pequenos cursos de água e, à medida que foi 
dominado o elemento em si, maiores percursos foram vencidos. Deste modo, o 
homem foi se especializando até se tornar praticante desta modalidade, como 
desporto. 
 
 Muitos foram os estudos e alterações efetuados nos estilos, os quais 
nos possibilitam admirar em praias e piscinas os graciosos e rítmicos 
movimentos, que permitem ao nadador avançar em velocidades nunca 
imaginadas. 
 
 Embora na vida qualquer definição seja conseqüência da 
experiência, nas teorias, que facilitam melhor a prática posterior, a definição 
deve preceder qualquer outra explicação de função ou comportamento. 
 
 Baseados nestes princípios e considerações, não devemos desde já 
esquecer que, do ponto de vista mecânico e em suas últimas conseqüências, a 
ciência e a arte de nadar em qualquer estilo, com fins desportivos ou não, 
consistem em satisfazer dois objetivos fundamentais: 
 
1° - procurar nas ações propulsoras (braços, pernas, mãos e pés) 
proporcionar ao nadador a melhor sustentação possível e um 
deslocamento satisfatório, sem o desvio desnecessário da trajetória 
em relação à linha e ao plano de progressão; 
 
2° - diminuir os possíveis atritos e as resistências dos segmentos 
corporais, nomeadamente dos de ação propulsora nos momentos de 
recuperação e deslizamento. Necessário também que os ângulos 
formados pelo corpo e os membros, durante as fases enumeradas, 
se tornem mais próximos possíveis dos planos possíveis de serem 
alcançados. 
 
 Todos os movimentos natatórios das técnicas modernas tendem à 
consecução destes propósitos. Se, em certas fases dos diferentes estilos, isto 
não é plenamente alcançado, procurar-se-á determinar forças componentes, 
cujas resultantes atuam, tanto quanto possível, segundo os planos em que há 
interesse em trabalhar cada uma destas fases, segundo os princípios referidos. 
 
 Diz-se que o homem nada ao mover braços e pernas de forma 
coordenada e metódica. Tal afirmativa é erro grosseiro, visto que as 
experiências de física efetuadas e demonstradas por Arquimedes, Pascal e 
outros mostram-nos haver algo mais a considerar. As experiências, as leis 
físicas e de biomecânicas imutáveis explicam porque o corpo flutua, porque, 
com movimentos de braços e pernas, não fazemos mais do que deslocarmo-
nos, aproveitando as leis atuantes, que são a hidrostática, pressões e 
densidade. 
 
 Para que as exigências hidrodinamicas sejam atendidas dentro das 
possibilidades anátomo-fisiológicas e em função dos necessários princípios de 
economia de esforço, as técnicas dos estilos chegaram às modernas versões 
dos estilos. 
 
 O corpo humano mergulhado na água sofre determinadas alterações 
do ponto de vista termodinâmico. 
 
 O calor, por intermédio dos pulmões, é expelido para a atmosfera, 
mas a água absorve o calor da pele com muito mais intensidade, porque o 
calor passa mais facilmente para a água do que para o ar. Desaparece, pois, a 
necessidade de transpirar dentro da água e a perda de peso nessas condições 
fica reduzida. 
 
 Se a água for muito fria, há a possibilidade de cãibras, e em águas 
muito quentes, a de transpiração, cujo efeito é menos benéfico que em contato 
com o ar, dado que a regulação térmica se realiza em más condições. 
 
 A camada adiposa existente sob a pele atua como isolante térmico, 
dificultando a transferência de calor dos músculos para a pele e para a água ou 
o ar. 
 
 Dentro da água o resfriamento da pele é mais intenso do que ao ar. 
A camada de gordura limita a percentagem de transferência de calor. Quantomais espessa for a camada de gordura, menor será tal percentagem. Uma 
camada de gordura razoável, além das vantagens apresentadas 
posteriormente na hidrostática e na hidrodinâmica, contribui para manter os 
músculos corretamente aquecidos. 
 
 Assim, o tecido adiposo excessivo prejudica menos o atleta na 
prática da natação do que em outros desportos. Isto não significa que a 
natação é o desporto dos "gordos", mas podemos afirmar que é um desporto 
também dos "gordos". 
 
 O gordo, por apresentar uma menor densidade média do que uma 
pessoa magra, tem sua flutuação favorecida. Embora favorecido, de um lado, 
deverá, por outro, efetuar um trabalho mais intenso para o seu deslocamento, 
acarretando, desta maneira, maior atividade cardiopulmonar. 
 
2.2 Hidrostática do Corpo Humano 
 
 Qualquer corpo mergulhado num fluido sofre uma impulsão vertical 
de baixo para cima igual ao peso do volume do fluido deslocado (princípio de 
Arquimedes). A densidade do corpo humano é muito próxima da água doce, 
pois o nosso corpo tem em sua composição elevada taxa de água e os demais 
componentes também apresentam densidade média pouco superior à unidade. 
Por esta razão, o corpo, embora tendendo a mergulhar, regressa à superfície 
pelo enchimento dos pulmões. De resto, movimentos adequados podem 
mantê-lo à superfície, sem grande esforço. 
 
 Ao flutuar, grande parte do volume do corpo mantém-se abaixo da 
linha da água. Apenas pequena parcela do seu volume fica fora da água. É o 
que ocorre com os icebergs. 
 
2.3 Fatores Comuns aos Movimentos do Corpo na Água e em 
Terra 
 
 Os praticantes de natação e os de competição sabem perfeitamente 
que alguns fatores comuns afetam o movimento do homem tanto na água 
como na terra. Estes fatores são o espaço, o tempo, a força e a continuidade 
de ação. 
 
2.4 Espaço 
 
 O conceito de espaço compreende elementos como a direção e o 
movimento. Na água, o homem move-se em diversas direções: para frente 
para trás, para cima, para baixo ou ainda utiliza estes mesmos movimentos 
combinando-os. Para mover-se para frente ou para trás, o corpo Na fica 
totalmente estendido na superfície, em posição horizontal. Na posição vertical, 
o movimento é exercido para cima e para baixo. 
 
 A água que sustenta o corpo do homem permite uma reação de 
apoio em seu favor, permitindo nadar em diversos níveis, sob a água e â 
superfície. A recuperação dos braços fora da água no nado borboleta e a 
recuperação dos mesmos sob a água na braçada do peito são exemplos de 
técnicas de braçadas que utilizam níveis distintos. 
 
2.5 Tempo 
 
 Necessitam-se somente de frações de segundo para mover o corpo 
ou partes do mesmo através da água; pode efetuar-se este movimento num 
ritmo rápido, lento ou à meia velocidade. Quando uma braçada contém uma 
impulsão e uma fase de recuperação sob a água, o nadador deverá utilizar 
movimentos ligeiramente mais lentos ao recuperar do que ao impulsionar e 
progredir. 
 Esta norma geralmente auxilia o nadador a reduzir ao mínimo a 
resistência da água, retardando os movimentos de recuperação e reservando 
os movimentos mais rápidos para a impulsão ou tempo de aplicação da força. 
Nos movimentos de braços no crawl ou no nado de costas, a velocidade nas 
fases de recuperação fora da água, a impulsão deverá ser uniforme, seja de 
forma rápida, lenta ou média. O nadador de competição utiliza somente 
movimentos rápidos. Aquele que, porém, nada por pura recreação, utiliza 
movimentos relativamente mais lentos. 
 
2.6 Força 
 
 O corpo humano serve-se da força das contrações musculares para 
mover-se na água. Esta força é aplicada na direção que se quer seguir e numa 
razoável distância, auxiliado por diversos grupos musculares dos braços e das 
pernas numa sucessão ordenada. 
 
 A força deverá aplicar-se paralelamente ao eixo central do corpo no 
sentido dos pés. A impulsão na fase subaquática da força dos braços deverá 
começar justamente sob a superfície da água e prosseguir durante uma 
determinada distância. No crawl, por exemplo, os braços movimentam-se sob a 
água de um determinado ponto à frente da cabeça até a coxa. Se os braços 
interromperem seu movimento no meio de sua passagem durante a tração e 
não empurram até a coxa, a força resultante é bastante diminuída. 
 
 Quando é utilizado um grande número de grupos musculares para 
mover braços e pernas, isto deverá ocorrer em sucessão apropriada, da frente 
para a retaguarda. 
 
2.7 Continuidade 
 
 Algumas braçadas constituem exemplos de movimento contínuo, 
porque braços e pernas se movem de tal forma continua para aplicar a força. 
Quando o movimento é seqüencial, como no crawl ou nado de costas, é 
chamado de fluxo livre. As braçadas do nado de peito ou as do nado elementar 
de costas ou as do nado de lado são exemplos de fluxo dependente, porque 
necessitam de uma interrupção do movimento para o deslizamento e, por um 
certo tempo, temos que manter o corpo numa posição equilibrada. Alguns 
estilos e braçadas utilizam-se de uma combinação de ambos os fluxos. 
 
 Resumindo, tanto na água como em terra, todo o estudo do 
movimento humano compreende: 
 
a) espaço, isto é, ar ou água, através do qual o corpo pode mover-
se; 
b) movimento temporal do corpo ou de suas partes em diversas 
velocidades; 
c) energia de contração de grupos musculares do corpo, em graus 
diversos, para produzir o movimento; 
d) movimento livre do fluxo contínuo do corpo, caracterizado pelas 
seqüências suaves dos braços e das pernas ou 
e) movimento do fluxo dependente, que não é contínuo e necessita a 
conservação de uma posição equilibrada do corpo.. 
 
3 MECÂNICA NATATÓRIA E SUA FUNDAMENTAÇÃO EM LEIS 
E PRINCÍPIOS FÍSICOS 
 
 Os que aprendem a nadar devem saber porque uma braçada é 
eficiente, pois certos princípios mais evidentes de mecânica baseiam-se numa 
técnica eficaz que auxiliará o nadador a melhorar sua execução. 
 
3.1 Flutuabilidade 
 
 Deslocando praticamente um peso de água igual ao seu, o corpo 
humano depende da quantidade de ar nos pulmões para flutuar ou afundar. 
Sob os aspectos desportivo e recreativo, isso é uma vantagem, pois o homem 
não tem dificuldade em nadar à superfície ou submerso. 
 
 Pela lei das pressões, esta á aumentam na mesma proporção que a 
profundidade; assim, se duplicarmos a profundidade, o mesmo ocorrerá com a 
pressão. 
 
 Segundo o princípio de Pascal o corpo submerso sofre pressão em 
todos os lados. Isso significa que em maiores profundidades a pressão de 
baixo para cima aumenta, melhorando, portanto a flutuabilidade. O resultado é 
um impulso para cima e o corpo tendendo a subir, com maior ou menor 
facilidade, conforme sua densidade. O já citado e conhecido princípio de 
Arquimedes estabelece que um corpo submerso num líquido recebe um 
impulso debaixo para cima com uma força igual ao peso do líquido que 
desloca, e que se acelera em relação a este mesmo deslocamento. 
 
 Sendo a densidade do corpo menor, o empuxo para cima é maior do 
que o peso e o corpo flutua, isto quer dizer que sai em parte fora do líquido, até 
que o peso da água deslocada seja igual ao peso de todo o corpo. 
 
 Com relação ao ato de nadar, em primeiro lugar, devemos levar em 
conta a flutuabilidade do corpo humano, em conseqüência disso, temos que 
considerar: 
 
- Conceito de densidade relativa ou peso específico; 
- Densidade da água; 
- Peso específico do corpo humano. 
 
 
3.2 Densidade Relativa ou Peso Específico 
 
 Denomina-se densidade relativa ou peso específico a comparação 
entre o peso de uma substância qualquer com o volume igual ao da referida 
substância na água. A esta última chamamos de densidade padrão e recebe o 
valor da unidade. Para isso é necessário que a água seja quimicamente pura e 
se encontre a uma temperatura de 40°C acima de zero. 
 
3.3 Densidade da Água 
 
 Quandoa água não é quimicamente pura, possuindo sais e 
impurezas, sua densidade relativa ultrapassa o valor unitário da água pura. Por 
esse motivo, a água salgada e as salobras são muito mais densas do que a 
água doce. Ex.: Lago Salgado nos Estados Unidos da América, águas dos rios 
e de piscinas. 
 
 Esta diferença é bastante variável, dependendo inclusive do grau de 
evaporação do lugar e de outros fatores. O valor médio dessa densidade é 
1,026. 
 
 Outro exemplo: águas termais, por serem de uma pureza especial 
podem ter a densidade inferior a da água doce. 
 
 As piscinas onde são realizadas as competições têm uma 
temperatura de 24°C e são tratadas quimicamente com normas e 
procedimentos ultramodernos, possuindo, às vezes, uma densidade relativa 
muito próxima à da unidade. 
 
3.4 Peso Específico do Corpo Humano 
 
 A densidade relativa do corpo humano com os pulmões em 
expiração forçada, e muscularmente descontraído em posição equilibrada 
(horizontal ou mais ou menos vertical), é sempre superior ao da água variando 
de indivíduo para indivíduo. 
 
 Estas variações dependem da idade, sexo, desenvolvimento 
muscular e gordura (tipo morfológico) e o valor dessa densidade está orçado 
em 1,065. Devido ao que acabamos de evidenciar, sem ar inspirado (não 
levando em consideração o ar residual dos pulmões), o homem não tem 
sustentação, não flutua nem em água doce e nem em água salgada. 
 
3.4.1 Obtenção do Peso Específico 
 
 O peso específico de um corpo é obtido dividindo seu peso pela 
perda que experimenta ao ser submerso na água. ^ 
 
Peso específico = Peso/Perda de peso da água 
 
3.4.2 Os pulmões do Homem como Elemento Flutuador 
Improvisado 
 
 Os pulmões modificam o aspecto da questão, possibilitando ao 
corpo humano - pelo menos a porção torácica - tornar-se menos pesado do 
que a água, e, por conseguinte, capacitando sua flutuação, permitindo que saia 
da água em cerca de 2% do seu volume total, sem que necessite efetuar 
qualquer movimento sustentador. Esta situação está condicionada a uma maior 
inspiração ou expiração do ar dos pulmões. 
 
 A fim de evitar a imersão total, é necessário que o ar seja expirado 
de forma explosiva, de modo que se efetuem também inspirações rápidas e 
amplas antes que a boca seja coberta pela superfície da água, como 
conseqüência da diminuição do ar dos pulmões. Para que haja o nível 
desejável da flutuação, torna-se necessário intercalar bloqueios entre a 
inspiração e a expiração. 
 
3.5 Centro de Gravidade 
 
 O centro de gravidade de um corpo é o ponto pelo qual passa a 
resultante de todas as ações que o peso exerce sobre o corpo, e que é igual ao 
ponto de aplicação de seu peso. 
 
 No centro de gravidade se pode considerar aplicado todo o peso do 
corpo, mesmo parado ou em movimento. No segundo caso, a situação do 
centro de gravidade pode variar em função do primeiro. 
 
 O centro de gravidade de um sólido homogêneo é independente de 
sua natureza e está em função unicamente da forma que adota. 
 
 O centro de gravidade do corpo na posição horizontal; seja de 
decúbito ventral ou dorsal, situa-se aproximadamente ao nível das três últimas 
vértebras lombares, mas também é variável de indivíduo para indivíduo. 
 
 O centro de gravidade de cada segmento do corpo humano, também 
na posição horizontal, coincide, da mesma forma, com o eixo de equilíbrio do 
segmento de que estamos tratando e dependendo também do comprimento do 
segmento e da distribuição do peso e forma de suas distintas porções. 
 
 Existem dois procedimentos para se determinar o centro de 
gravidade: 
a - o método direto, preconizado por Demeny; é o menos utilizado, porque 
requer certos meios e conhecimentos relativamente complexos; 
b - o método indireto, de O. Fischer, o mais utilizado pelos professores. 
Sendo conhecidos os centros de gravidade dos diversos segmentos do corpo, 
a determinação do centro de gravidade dos segmentos mais próximos é 
efetuada da seguinte forma: unem-se os centros de gravidade dos segmentos 
a se considerar sobre uma reta e assinala-se o ponto que divide esta reta em 
duas partes inversamente proporcionais ao peso dos mencionados segmentos. 
Este ponto da reta coincidirá com o centro de gravidade que se queria 
determinar. Da mesma forma será determinado o centro de gravidade do grupo 
seguinte. 
 
 No final, podemos determinar o centro de gravidade de todo o corpo 
numa concreta fase de movimento. 
 
 Por esta razão, os técnicos devem saber determinar os diversos 
momentos do centro de gravidade do atleta em ação, que corresponde a cada 
fase ou constante de um movimento. 
 
3.6 Condições para a Flutuação 
 
 Ao introduzir um corpo num líquido pode ocorrer: 
 
a) que o sólido seja mais denso que o líquido; isto é, que o empuxo 
seja menor que o peso d corpo e nestas condições o corpo afunda-
se; 
b) que o sólido submerso seja de igual densidade que o líquido; isto 
é, que o empuxo seja igual ao peso, então o corpo se mantém entre 
duas águas (equilíbrio indiferente); 
c) que a densidade do sólido seja menor que a do Iíquido; isto é, que 
o empuxo seja maior que o peso e neste caso o sólido flutua. 
 
4 SUSTENTAÇÃO EM SUPERFÍCIE E EM MOVIMENTO 
 
 Um nadador, cujo peso específico é de um valor médio, ao desejar 
manter as extremidades inferiores ao nível da superfície sem compensar sua 
densidade maior do que a água, bem como manter o segmento superior numa 
posição horizontal adequada, deverá efetuar movimento ou movimentos com 
os membros inferiores. A melhor forma, portanto, é efetuar movimentos 
alternados muito semelhantes aos de andar. 
 
 O movimento para ser econômico e conseguir o resultado desejado 
deverá ser executado com grande relaxamento muscular e com parcial 
extensão da perna. 
 
 No movimento alternado temos duas fases: uma ascendente e outra 
descendente. A fase ascendente no nado de costas é a mais ativa e mais 
rápida; ela sustenta os pés e as pernas ao nível da superfície. A fase 
descendente é a menos ativa e mais lenta. 
 
 Os braços também colaboram na elevação geral do corpo e pernas, 
ocasionando movimentos sustentadores de si mesmo e do resto do corpo. 
 
 Todos os movimentos, de uma forma ou de outra, são executados 
de maneira natural e descontraidamente, produzindo um deslocamento do 
indivíduo no meio líquido de modo elementar e rudimentar. Assim, podemos 
dizer que "nadar é deslocar-se na água a seu nível ou através da força e 
adaptações naturais do próprio nadador". 
 
 O que vimos nos obriga a considerar tais técnicas como continuação 
e complemento útil de flutuabilidade estática. O nadador não pode sustentar-se 
na água sem movimentos voluntários de seus membros. Deve equilibrar seu 
corpo mediante a adoção de posições mais adequadas de cada parte, 
neutralizando, assim, diferenças de densidades e o efeito de todas as 
circunstâncias já mencionadas, que intervêm no fenômeno, mediante gestos ou 
movimentos voluntários e concretos, dirigidos para tal fim. 
 
 Além do fator importantíssimo que é a flutuabilidade, temos que 
considerar a sustentação do nadador em plena ação, fator que juntamente com 
a densidade da água ou peso específico médio do ser humano e o ar inspirado 
e expirado totalizam as três determinantes do coeficiente de elevação ou 
flutuabilidade do nadador em progressão ou flutuabilidade dinâmica. 
 
4.1 Estabilidade 
 
 Se compararmos o homem em sua posição horizontal a um 
submarino, veremos que existe semelhança muito grande em termos de 
estabilidade. 
 
 No submarino o centro de empuxo e o centro de gravidade 
continuam ocupando a mesma posição em relação ao casco, para qualquer 
atitude do navio. Para que o submarino tenha estabilidade positiva é 
necessário que o centro de gravidade fique localizado abaixo do centrode 
empuxo. 
 
 O equilíbrio de um submarino assemelha-se, portanto, ao de um 
pêndulo: seu centro de gravidade está no plano vertical, passando pelo eixo de 
rotação e abaixo deste. Um dos maiores problemas na construção de um 
submarino é o de assegurar-lhe boa estabilidade em ambas as condições 
(superfície e submerso). No primeiro caso que o empuxo seja maior que o peso 
e no segundo que o empuxo seja igual ao peso. 
 
 Portanto, é preciso desenhar o casco e prever manobras de 
esgotamento e alagamento de tanques, de tal forma que, na imersão, o centro 
de empuxo suba e o centro de gravidade desça; e na emersão, o inverso. A 
troca de posição é perigosa; o submarino deve, pois, atravessá-la rapidamente 
porque a sua estabilidade neste momento é nula. 
 
 O homem comporta-se praticamente como um submarino. 
 
 Com os pulmões cheios de ar. o centro de empuxo fica situado 
acima do centro de gravidade. Sua estabilidade é pequena, positiva, mas do 
tipo pendular. Com os pulmões vazios o centro de empuxo baixa e o centro de 
gravidade sobe, reduzindo, anulando ou mesmo invertendo a disposição 
anterior. 
 
 A situação do homem é idêntica a do submarino, na fase de 
transição, na qual perde a sua estabilidade. 
 
 Assim, o homem ao respirar alterna a posição do corpo de uma 
condição de pequena estabilidade positiva para uma estabilidade nula ou 
negativa, considerando-se sua cabeça sempre para cima. 
 
 Se ele não aplicar movimentos adequados, com dificuldade poderá 
manter a cabeça permanentemente fora da água. 
 
 Acreditamos que esta falta de estabilidade do corpo humano é até 
necessária, pois graças a ela pode-se mergulhar, deslocar-se na água, girar o 
corpo, fazer evoluções e toda série de manobras impossíveis a um navio ou a 
um submarino. 
 
 Se possuíssemos uma notável estabilidade seria impossível ou 
penoso executar tais manobras: na natação, na caça submarina, no bale 
aquático haveria muito maior restrição de movimentos, perdendo-se bastante 
em beleza e harmonia. 
 
 Aqueles que quiserem usufruir das vantagens da natação deverão 
fazer pleno uso da pouca estabilidade que Deus lhes deu. 
 
5 HIDRODINÂMICA DO CORPO HUMANO 
 
 Qualquer sólido em presença de um fluido, e deslocando-se em 
relação a ele, sofre reações que são estudadas e medidas pela mecânica dós 
fluidos. 
 
 Como uma embarcação, o corpo do homem ao deslocar-se encontra 
uma resistência que pode ser decomposta em duas partes principais para 
efeito de estudo. A primeira é chamada de resistência de atrito, causada pelo 
atrito da água ao deslizar ao longo do corpo; a segunda parcela é chamada de 
resistência residual, influenciada pela movimentação da água. 
 
 O corpo humano, ao nadar, tem forma, deslocamento, dimensões, 
resistência ao atrito, velocidade, propulsão e controle; assim como já vimos, 
tem flutuabilidadee estabilidade. 
 
6 RESISTÊNCIA OPOSTA AO MOVIMENTO 
 
 Como vimos, o corpo humano encontra uma resistência que pode 
também ser decomposta em duas partes. A resistência de atrito depende, 
quanto à superfície molhada, do quadrado da velocidade e da aspereza da 
pele. Portanto, pele lisa e roupas adequadas melhoram o rendimento do 
nadador. Para as velocidades mais baixas, a influência percentual da 
resistência de atrito é maior; à medida que aumenta a velocidade do nadador, a 
resistência residual cresce rapidamente, acentuando-se cada vez mais. 
 
 A resistência é de uma complexidade enorme. O corpo humano não 
tem forma fixa, ele se movimenta e altera continuamente. A cabeça é a "proa"; 
mergulha e emerge, gira para um lado e retorna (respiração do crawl); o tórax 
infla e desinfla alternada mente como o abdômen; os braços e as pernas estão 
em contínuo movimento. 
 
 Quanto menor for a marcha produzida, menor dispêndio de energia 
será exigido do nadador. Deve-se, portanto, evitar de bater violentamente com 
os pés e braços na superfície da água ou deixar que os pés aflorem à tona. O 
ideal será que a recuperação dos braços se efetue sobre a superfície. 
 
 Outro fator a anotar consiste nas provas de velocidade/A parte 
superior do tronco tende a elevar-se consideravelmente em relação à superfície 
da água. Essa posição mais elevada tende a diminuir a resistência do atrito e a 
reduzir a esteira, o que é aspecto favorável quanto ao consumo de energia. Por 
outro lado, os braços não podem trabalhar tão profundamente (decréscimo de 
eficiência da braçada) e a produção de marolas aumenta (resistência residual). 
 
 O nado submerso reduz a velocidade residual na parte da produção 
de marolas na superfície, efeito mais importante nas maiores velocidades. 
 
 A necessidade de respirar e a impossibilidade de efetuar 
movimentos aéreos recuperadores impedem que se possa tirar pleno proveito 
dessa vantagem real. Pelo menos nas viradas obtemos excelentes resultados, 
mormente quando efetuadas de forma submersa, porque reduzimos a marola, 
evitamos a esteira da vinda que, nas provas de velocidade, é grande. 
Consideramos este pormenor muito importante. 
 
 Quando nadamos em piscina de pouca profundidade e largura há 
um prejuízo devido à reflexão do fundo e das paredes laterais. Da mesma 
forma, a marola de um nadador na raia adjacente pode ser prejudicial pela 
interferência com a marola do nadador mais próximo, por modificar a esteira e 
gerar oscilações inesperadas. Assim, para longas travessias, será proveitoso 
nadar atrás de outro atleta porque se obterá o benefício da sua esteira. 
 
 A importância da esteira não deve ser desprezada. O deslocamento 
dessa massa de água que acompanha o nadador é conseguido a custo de 
esforço (consumo de potência). 
 
 Todo o proveito que se puder obter da esteira é importante. 0 
abdômen e as pernas situam-se numa posição na qual a esteira já é 
considerável e, portanto, os movimentos motores dos membros inferiores 
beneficiam-se desse fato, como as hélices dos navios. 
 
 O deslocamento da água, resultante do movimento dos braços, tem 
efeito contrário ao da esteira; é necessário evitar o impacto desse movimento 
da água, a alta velocidade contra as pernas ou qualquer parte do corpo do 
nadador, pelo grande efeito de frenagem que pode proporcionar. 
 
7 PRINCIPIO DA AÇÃO E REAÇÃO 
 
 Sempre que uma força % aplicada a um corpo, ela provoca outra 
força igual e de sentido oposto, denominada reação, este princípio é resultante 
de três forças: 
 
a) forças de resistência útil, propriamente ditas; 
b) resistência frontal, fator importante da mecânica natatória; 
c) inércia, idem ao anterior. 
 
7.1 Forças de Resistência Útil 
 
 Na natação a força de resistência útil é representada pelo peso do 
corpo do nadador. 
 
7.2 Resistência Frontal 
 
 O corpo, ao se deslocar num líquido, experimenta uma determinada 
pressão, contrária ao seu avanço, proporcional à densidade do líquido, à forma 
e à superfície frontal desse corpo e ainda à velocidade de deslocamento/Tal 
pressão/também denominada resistência ao avanço, proporciona 
constantemente um choque contínuo, direta ou indireta-mente, entre o corpo e 
as moléculas de água/Esta pressão recebe o nome de fricção ou atrito. 
 
 Só poderemos falar em pressão no momento em que houver avanço 
do corpo na água, já que haverá uma pressão na água que aumentará à 
medida que aumentar a velocidade. Segundo o célebre técnico Ladislão Cfík, 
no momento em que o nadador alcança a velocidade de dois metros por 
segundo, a resistência chega a ser proporcional ao quadrado da velocidade, 
embora a densidade da água não varie. Assim, quando se tratar de um 
nadador, as moléculas de água aderem ao corpo e são as responsáveis pela 
compressão das outras, causadas pela velocidade do nado e não por seu 
corpo. 
 
 A configuração do corpo em movimento é de suma importância, com 
referência ao coeficiente de atrito. 
 
 Em princípio, os corpos para terem um melhordeslocamento 
deverão ter a forma de uma "gota de água", isto é, um contorno suave e 
curvilíneo com um comprimento superior a três diâmetros máximos de largura. 
Com tal conformação, podemos reduzir a resistência frontal e aproveitar a fácil 
saída dos filetes de água, que oferecem melhor deslocamento e que reúnem as 
características mais hidrodinâmicas. 
 
 Para que um nadador possa usufruir das vantagens ideais nos 
deslocamentos natatórios, temos de considerar três posições fundamentais: 
 
1ª Posição básica - a que o nadador adota nas saídas e voltas e 
nas ações do nado. E ideai, porque apresenta menor atrito. O 
nadador nesta posição (flexa) procura explorar ao máximo o 
alongamento do corpo, tanto em decúbito ventral como dorsal. 
 
2ª Deslocamento em posições assimétricas - apresenta-se no 
crawl de frente e no crawl de costas. No momento da ação 
característica do nado, um dos braços se encontra estendido, 
deslizando à frente no prolongamento do corpo, bloqueando a 
cabeça (diminuindo a resistência frontal da cabeça), enquanto o 
outro se encontra em fase de empurrada, estendido ou quase 
estendido. 
 
 Os membros inferiores, neste momento, tomam posições em plano 
paralelo em relação à superfície; os pés se cruzam como consequência de 
seus movimentos ascendentes e descendentes. 
 
3ª Deslocamento em posição simétrica - manifesta-se no nado 
borboleta golfinho. 
 
 Quando o nadador entra com os braços na água, há uma imersão da 
cabeça, do tórax e batimento das pernas, como conseqüência uma elevação 
de quadril e o abaixamento das pernas. 
 
 No momento da tração e fase inicial da impulsão, o corpo se 
horizontaliza; no final da impulsão há uma rápida flexão das pernas, seguida de 
um batimento e abaixamento dos quadris e de elevação da cabeça e tórax. 
 
7.3 Inércia 
 
 A primeira lei do movimento, de Newton, diz que inércia é a 
incapacidade de qualquer corpo alterar a sua situação de repouso ou de 
movimento sem causa exterior. 
 
 O nadador produz força ao nadar. A pressão da superfície dos 
braços e das pernas durante as sucessivas braçadas provoca o movimento do 
corpo e altera a velocidade ou a direção do movimento. 
 
 Quando o corpo está imóvel na água, temos que vencer a inércia 
estacionária, efetuando qualquer trabalho, com braços ou pernas para 
movimentar o corpo. Uma vez que este começa, o nadador em forma rítmica e 
contínua procura conservar a continuidade do movimento. Se a aplicação da 
força é de pouca consistência, o impulso do corpo para diante não pode ser 
mantido. E a perda de impulso para frente, chamada "retardamento da inércia", 
é prejudicial ao nadador, porque passa a requerer energia extra para voltar a 
pôr o corpo em seu andamento anterior. 
 
 As braçadas, em termos da velocidade, requerem aplicação 
contínua de força. 
 
 O crawl de frente constitui exemplo de um tipo de movimento de 
braços de uma natação de competição em que as mãos se alternam entre si 
para aplicar uma força contínua. Devem evitar-se pausas no movimento cíclico 
dos braços, porque criam retardamentos de inércia. 
 
 Alguns movimentos de braços, tais como a braçada do nado 
elementar de costas, compreendem uma fase de deslizamento que permite. ao 
nadador descansar de cada movimento. Durante esta fase, a impulsão da 
braçada executada conserva o movimento do nadador. Mas se o deslizamento 
se prolonga, o impulso para frente decresce gradualmente e as pernas tendem 
a descer mais. Isto aumenta a resistência da superfície do corpo e reduz, 
portanto, o avanço do nadador. No caso das braçadas contidas em fase de 
deslizamento, o nadador deverá começar uma nova, antes de perder o impulso 
em frente do corpo. 
 
7.4 Inércia e seus Pontos Principais 
 
 Supera-se a inércia estacionária executando movimentos iniciais de 
braço. 
 
 Mantém-se a inércia do movimento e evita-se a volta ao repouso, em 
provas competitivas, executando movimentos contínuos de braços. 
 
 Inicia-se a segunda braçada antes que diminua a velocidade do 
movimento, através das braçadas que contêm uma fase de deslizamento. 
 
8 PLANOS APLICADOS À MECÂNICA NATATÓRIA 
 
 Na mecânica natatória temos que considerar três planos: horizontal, 
sagital e frontal. 
 
a) Plano horizontal - para estudar-se as posições do corpo na 
água, segundo as adotadas na fase do deslizamento (ventral ou 
dorsal); isto é, de extensão horizontal, vamos inicialmente destacar 
este plano. 
b) Plano sagital - aquele que corta o plano horizontal 
longitudinalmente em sua linha mediana. 
c) Plano frontal - aquele que, por igual, é perpendicular aos planos 
horizontal e sagital, formando ângulos retos, respectivamente. 
 
9 EIXOS 
 
 Os planos, horizontal, sagital e frontal definem três eixos de 
movimento: longitudinal (no sentido do deslocamento), transversal (que lhe é 
perpendicular) e perpendicular ou de rotação. 
 
9.1 Eixo Horizontal ou Longitudinal 
 
 É a linha de intersecção dos planos horizontal e vertical. 
Teoricamente, deverá coincidir com a linha média do corpo paralela à 
superfície da água. 
 
9.2 Eixos Transversais 
 
 São os menores eixos considerados. São os pontos de intersecção 
entre o plano horizontal e os transversais. 
 
 Em natação consideramos o diâmetro biacromial (distância que 
separa os dois acrômios, também denominado de diâmetro dos ombros) e o 
diâmetro bicoxal (linha média entre os quadris); outros consideram também 
importante o eixo ou diâmetro bitrocanteriano (linha média entre os dois 
trocanteres maiores). 
 
9.3 Eixos de Rotação 
 
 Estão representados em cada caso por um só ponto e assim 
dizemos que o eixo rotativo da parte superior do tronco é o ponto de 
intersecção do eixo ou diâmetro biacromial com o eixo longitudinal; e de eixos 
rotativos da parte inferior do tronco, o ponto de intersecção do diâmetro bicoxal 
ou o bitrocanteriano, em relação com o eixo longitudinal. 
 
 Durante o deslizamento, deve ser reduzida a rotação do diâmetro 
biacromial, para evitar-se o atrito, deslocando os ombros para frente e 
bloqueando a cabeça, agindo de forma contrária ao recomendável durante a 
propulsão. 
 
10 PROPULSÃO 
 
 A propulsão é a força que impulsiona o nadador para frente, é fruto 
da ação dos braços e, algumas vezes, das pernas. E a reação de apoio 
provocada pela resistência que as mãos e os pés encontram na água. 
 
 A propulsão é baseada na terceira lei de Newton (lei da ação e 
reação). Sabe-se que um nadador nada mais rápido quando utiliza o batimento 
das pernas tão bem como o dos braços, pois aumenta a propulsão e reduz a 
resistência. Mas, em altas velocidades, as pernas, segundo Counsilman, nada 
contribuem à propulsão criada pelos braços. 
 
 À medida que um nadador aumenta a sua velocidade, aumenta 
também a resistência da água que fica sob seu corpo, sem quer por seu turno 
aumente a resistência da água que fica por cima do nadador. 
 
 Uma propulsão contínua torna-se mais eficaz quando impulsiona o 
corpo para frente, e por essa razão o crawl de frente torna-se mais rápido do 
que o borboleta ou nado de peito. 
 
 A mecânica natatória deve permitir ao corpo mover-se para frente 
em velocidade tão uniforme quanto possível. 
 
 Na natação devemos evitar o "pára e avança", quanto possível, pois 
grande" parte da força que é empregada para vencer a resistência da água se 
perderá para vencer a inércia assim ocasionada. A força criada pelos braços e 
pernas deverá ser empregada para superar o atrito criado pela água e não ser 
destinada a pagar o preço da solução de continuidade em aceleração. 
 
 Torna-se fácil transmitir o impulso defuma parte do corpo a outra. 
Este princípio se emprega em muitos movimentos que efetuamos dentro e fora 
da água. A impulsão desenvolvida pelo movimento rotatório dos braços antes 
que o nadador efetue a saída se transmite ao corpo inteiro auxiliandona 
obtenção de uma maior distância na saída. 
 
 Este princípio é também aplicável na recuperação dos braços nos 
estilos crawl, borboleta e nado de costas. No nado de costas, os braços, em 
forma de movimento circular, desenvolvem a impulsão. Logo que o braço que 
recupera entra na água, há um desenvolvimento de uma impulsão no sentido 
descendente. Se o braço antes de entrar é frenado ou retardado em seu 
movimento, esta impulsão do braço se transmite ao corpo impulsiona a parte 
superior do mesmo e a cabeça para baixo. 
 
 Nas provas do nado de costas, observamos que a cabeça de alguns 
nadadores ou nadadoras oscilam no plano vertical, evidenciando tal defeito. 
Para evitar semelhante oscilação, o nadador deve, simplesmente, permitir que 
o braço continue dentro d'água com a impulsão desenvolvida durante a 
recuperação. A resistência da água eliminará a maior parte deste impulso. 
 
 Nos estilos crawl e borboleta, o nadador, ao executar a recuperação 
do braço ou braços, antes de entrar na água, provoca também efeitos 
prejudiciais. 
 
 Em boa técnica, todas as diferenças plausíveis, seja entre as fases 
da ação do trem superior ou inferior, seja nos vários estilos e inclusive em fase 
idêntica do mesmo estilo, devem estar exclusivamente em função das distintas 
posições articulares. A força e a velocidade exeqüíveis em cada caso são 
modificáveis por um estudo técnico e pelo treinamento, pois nem as condições 
do meio, nem os princípios ou leis físicas que entram em jogo são mutáveis. 
11 LEI TEÓRICA DO QUADRADO 
 
 A resistência que um corpo provoca na água (ou em qualquer fluido 
ou gás) varia com o quadrado de sua velocidade. Esta lei é aplicável à 
velocidade do nadador e à resistência que oferece a água. Uma aplicação do 
que acabamos de relembrar é verificável na velocidade do braço, na 
recuperação, ao entrar na água. 
 
 Se o nadador coloca seu braço na água duas vezes mais veloz do 
que anteriormente, este fato provoca uma resistência quatro vezes superior ao 
seu avanço. Portanto, uma recuperação precipitada quebrará não só o ritmo, 
mas ainda aumentará a resistência ao avanço e uma frenagem ao nadador, 
tornando-o mais vagaroso. Para evitar estes fatos, o nadador não deve retardar 
os movimentos em demasia, a fim de criar pouca resistência. 
 
 A velocidade do braço que recupera deve corresponder mais ou 
menos com a do braço que traciona, é difícil, recuperar rapidamente com um 
braço e, ao mesmo tempo, tracionar firmemente com outro. Existe um estreito 
paralelismo entre a velocidade de tração e a velocidade de recuperação; é um 
fator importante para o ritmo. 
 
 Quando um nadador duplica a velocidade do movimento dos braços 
na água, terá de quadruplicar a propulsão se empregar a mesma mecânica de 
movimentos. 
 
 Uma lei fisiológica diz que a perda de energia de um músculo é 
elevada aproximadamente ao cubo da velocidade da contração desse músculo. 
Em outras palavras, quando se duplica a velocidade do braço que traciona, o 
consumo de energia aumenta oito vezes. Portanto, no momento em que é 
executada a tração do braço de uma forma mais rápida, a propulção é 
aumentada, bem como, de uma forma desproporcionada, a perda de energia e 
o consumo de oxigênio, é por esta razão que os nadadores de meio fundo e 
fundo terão que adotar um ritmo de nado mais lento. 
 
12 ACELERAÇÃO 
 
 A aceleração é o aumento da velocidade na unidade de tempo 
empregada, isto é: A = VF - Vi/T 
 
 Num corpo em translação, como no caso do corpo do nadador, 
todas suas partículas possuem a mesma aceleração e, portanto, se são de 
igual massa, estão submetidas a forças iguais e paralelas, cuja resultante 
passa pelo centro de gravidade, também chamado, no caso, centro de massa. 
 
 O necessário e o proporcional aumento da energia liberada está 
reciprocamente em função do correspondente aumento do atrito. 
 
13 CADÊNCIA 
 
 Em natação, cadência é o número de braçadas na unidade do 
tempo. 
 
 Segundo o técnico americano James E. Counsilman, são três os 
princípios que demonstram a necessidade de um estudo cuidadoso da 
cadência em relação às provas de média e longa distância: 
 
1 - Um nadador deve evitar um consumo elevado de oxigênio no 
início da prova. Se por ventura isto ocorrer até uma situação de 
débito de oxigênio, já no início da prova haverá um decréscimo de 
eficiência e velocidade. 
 
 No esforço deverá ser mantido um equilíbrio (fase do steady-state — 
segundo fôlego) entre a absorção e o consumo de oxigênio. Mas, nas provas 
de velocidade, o nadador poderá nadar com débito. 
 
2 - A lei teórica do quadrado que rege a resistência do ar e da água 
e aqui evidente: a resistência do ar e da água variam 
aproximadamente com o quadrado da velocidade. Quando um 
nadador duplica a velocidade de um metro por segundo a dois 
metros por segundo, não encontrará meramente duas vezes mais 
resistência, senão quatro vezes mais. 
 
3 - Na contração muscular, a perda de energia varia com o cubo da 
velocidade de contração. Portanto, um nadador ao duplicar sua 
velocidade, também tem que contrair seus músculos duas vezes 
mais depressa, dobrando, quadruplicando ou aumentando oito vezes 
seu consumo de energia. 
 
14 RITMO 
 
 Um nadador aprende a ter determinado ritmo, tanto em treinamento 
como também em competições. Aprende ainda a ter ritmo na sua forma de 
nadar, associando as causas aos efeitos respectivos. 
 
 As causas representam a soma de esforços que se emprega ao 
nadar determinada distância; e os efeitos traduzem a velocidade resultante ou 
o tempo de que se necessita para se cobrir determinada distância. 
 
15 COMPORTAMENTO DAS ALAVANCAS HUMANAS NA 
NATAÇÃO 
 
 No corpo humano são encontradas alavancas dos três gêneros. Os 
ossos constituem as alavancas humanas e seu ponto de apoio se encontra nas 
articulações. O exercício da potência está relacionado com os músculos e o da 
resistência está representado por todas as forças que se opõem ou dificultam 
em qualquer grau as ações musculares pretendidas (peso dos segmentos 
corporais e demais resistências, interiores e exteriores). 
 
 Os pontos onde a potência se exerce são os de inserção dos 
músculos no segmento móvel que se movimenta. O sentido de aplicação das 
forças componentes da potência que se quer determinar é o que corresponde à 
disposição e à orientação do mesmo músculo e de suas fibras. As forças 
componentes da resistência convergem para os pontos onde são exercidas as 
pressões, manifestando-se nas forças resultantes. Em cada fase as ditas 
forças resultantes vêm impostas, não só pela conjugação dos planos de 
propulsão em relação à limitação articular, mas também por outras 
componentes, tais como: a flutuabilidade, a inércia e as massas de água 
deslocadas, provenientes das fases anteriores. 
 
 As ações propulsoras do nadador são executadas mediante um 
complicado sistema de alavancas compostas. 
 
 A necessidade de conhecer, determinar e coordenar as forças 
componentes de cada movimento para obter sempre as resultantes que mais 
interessam e, em conseqüência, os melhores coeficientes propulsores, é algo 
que deve estar sempre em evidência tanto para o atleta como para o técnico. 
 
 Em todos os estilos encontramos dois tipos de ações propulsoras 
bem definidas: a dos membros superiores (braçadas) e a dos inferiores 
(batimentos). 
 
16 BRAÇADAS 
 
 São três as alavancas atuantes em quase todos os estilos, em geral 
do terceiro gênero (interpotente). Eventualmente, podem ser quatro (crawl 
rolado e crawl de costas, estilo Kiefer). 
 
 A primeira alavanca da braçada estará, pois, representada sempre 
que ela opera pela mobilidade do ombro, graças à articulação esterno-
clavicular e deslocamento da omoplata, alavanca que tem seus pontos de 
apoio na face externa do esterno e naomoplata; a segunda alavanca está no 
braço com o seu ponto de apoio na articulação do ombro ou escapulo umeral; a 
terceira corresponde ao antebraço e seu ponto de apoio é o cotovelo; e a 
quarta alavanca corresponde à mão com seu ponto de apoio aplicado no 
punho. 
 
17 BATIMENTOS 
 
 Da mesma forma, em todos os estilos, durante a ação das pernas, 
atuam umas duas ou três alavancas, segundo o nado e a fase do mesmo em 
que se estiver tratando. 
 A primeira alavanca é constituída pela coxa em movimento e tem 
seu ponto de apoio na articulação coxo-femural; a segunda, pela perna (entre 
joelho e tornozelo), tendo seu ponto de apoio no joelho; e a terceira, pelo pé 
que utiliza como ponto de apoio o tornozelo. As duas primeiras alavancas 
pertencem ao terceiro gênero e a última, ao primeiro. 
 
18 ONDULAÇÃO DO TRONCO NO NADO BORBOLETA-
GOLFINHO 
 
 Entre os técnicos de natação, existe divergência de opinião quanto 
ao número de alavancas atuantes nos movimentos ondulantes do tronco, em 
parte pela maneira diversa de execução e, por outra, pelo grande número 
atuante de articulações e, ainda, pelos pontos de apoio que as diferentes 
uniões vertebrais oferecem. 
 
Eis as três teorias mais evidentes: 
 
1ª Uma só alavanca, constituída por todo o tronco com ponto de 
apoio entre os ombros, a resistência nas mãos e a potência nas 
pernas e, portanto, alavanca interfixa, de primeiro gênero. 
 
2ª Duas alavancas que agem de forma compensadora: a primeira, 
na maioria das vezes, representada pelas vértebras lombares, sacro 
e quadris, com ponto de apoio nas 11ª e 12ª vértebras dorsais; a 
segunda, formada pela porção da coluna vertebral.compreendida 
entre a décima primeira vértebra dorsal e a primeira, segunda ou 
terceira também dorsal, abrangendo a cintura escapular, a região 
torácica e superior do abdômen; esta alavanca funciona 
altemadamente sobre os dois pontos de apoio oferecidos por seus 
extremos. 
 
3ª Toda a coluna vertebral, desde a primeira ou segunda vértebra 
dorsal e as últimas lombares, comporta-se como uma série de 
alavancas compostas, representadas, cada uma, segundo os casos, 
por uma vértebra ou por uma série de vértebras. 
 
 Em qualquer das três situações sobre o batimento de pernas do 
golfinho, outra alavanca ou conjunto de alavancas bem diferenciado atua com 
as que agem na mecânica do tronco. 
 
 Estas ações ondulantes são o resultado de movimentos 
ascendentes e descendentes da cabeça e da porção cervical da coluna 
vertebral. 
 
 Os pontos de apoio das alavancas humanas são móveis no 
desenvolvimento de cada nado. 
 
 Em qualquer estilo os conjuntos de alavancas, por meio dos quais se 
desenrola toda a mecânica natatória humana e desportiva, não têm função 
meramente de transmissores da força muscular, originando-se geralmente no 
tronco, manifestando-se de forma mais intensa nas extremidades do corpo 
(mãos e pés) e constituindo áreas de maior apoio. 
 
 É importante que estas extremidades se oponham diretamente às 
turbulências que servem de apoio e se ajustem, da melhor maneira possível, às 
faces mais amplas e planas de cada porção propulsora e que constituem 
anatomicamente a alavanca ou o conjunto de alavancas compostas, 
mencionadas anteriormente e atuantes, ao longo do seu variado 
comportamento, durante os ciclos dos estilos. 
 
 Sempre que possível, devemos evitar os ângulos que possam 
oferecer resistência, mas não devemos forçar posições que venham a exigir 
um consumo de energia extra e não sejam compensados mecanicamente e, 
ainda, venham empobrecer ou diminuir a naturalidade do gesto ou movimento 
natatório, procurando com um mínimo de esforço o máximo de rendimento. 
 
 Certas posições adotadas pelas extremidades são necessárias ao 
querermos movimentos circulares nas ações propulsoras, mas isto resultará de 
progressivas adaptações. Portanto, as superfícies de ideal aplicação direta em 
relação às turbulências, em qualquer estilo, são as seguintes: 
 
18.1 Trabalho dos Braços 
 
 Faces internas dos braços, desde as cavidades axilares e anteriores 
dos antebraços transformadas, em todos os estilos (com exceção do nado de 
costas), em posteriores e também as palmas das mãos e as faces anteriores 
dos dedos. 
 
18.2 Trabalho das Pernas 
 
 Com exceção do nado de peito, as faces externas e posteriores dos 
pés, segundo as fases ascendentes ou descendentes das coxas e pernas, 
assim como a superfície anterior dos pés e sola dos pés. No estilo peito, por 
exemplo, entram em ação estes fatores: as faces internas das coxas, os 
gêmeos, as faces internas dos pés e sola dos pés. 
 
 Não podemos deixar de evidenciar que, no nado golfinho, os planos 
dorsais e ventrais do tronco são as superfícies que, de forma mais ativa, 
movimentam e agitam as massas de água, pressionando-as, embora não haja 
apoio na turbulência, e transmitindo-as depois para as coxas, pernas e pés. 
 
 Como a direção em que deverão ser produzidas as forças 
resultantes de todo o gesto propulsivo é diretamente oposta à progressão, o 
sentido dos batimentos deverá ser este e dos planos de tração, sobre onde 
atuarão durante a maior parte do tempo com a máxima amplitude e aplicação 
de potência. 
 Quanto mais equilibradas e próximas em relação ao plano sagital do 
corpo sejam as ações, tanto melhor é a disposição das alavancas atuantes e 
do organismo, em geral, para dotá-las de um alto grau de potências. Por essa 
razão, os movimentos subaquáticos do crawl e frente, de costas e golfinho 
propiciam maiores coeficientes de propulsão, pois os componentes 
desviadores de certos movimentos são desenvolvidos cor-retamente, reduzindo 
ao mínimo aqueles que provocam os efeitos negativos ou os freadores. 
 
 Os movimentos de pernas do tipo crawl e golfinho, bem como as 
ações do tronco, em especial no último estilo mencionado, deslocam massa de 
água mediante relações de obliqüidade entre as superfícies do corpo e os 
planos que podem ser considerados como ideais de apoio. 
 
 As principais forças componentes, que de maneira mais destacada 
se conjugam nos movimentos da natação e, principalmente, na desportiva, são 
as seguintes: 
 
18.3 Fase da Tração 
 
 Quando começam as ações propulsoras dos braços, há sempre uma 
intervenção de uma força componente desviadora no sentido lateral, também 
no sentido ascendente (quando o apoio se realiza num movimento para baixo e 
para dentro). A ação negativa desta componente não pode ser evitada até se 
conseguir a fase da empurrada. Na porção média de tração, no início, em vez 
de evidenciar-se as forças componentes de elevação, e de afundamento, no 
final, deverá o nadador flexionar os braços. 
 
 Assim podemos favorecer o desenvolvimento e o aproveitamento da 
potência exercida ao aproximar o ponto de máxima resistência do ponto de 
apoio e, desta forma, também aumentar as superfícies de tração do braço e 
antebraço e imprimir à ação um sentido paralelo e contrário ao do avanço. Nas 
fases finais dos braços é conveniente evitar as elevações bruscas, porque 
provocam a intervenção de uma componente afundadora ou aduções muito 
evidentes que fazem surgir componentes desviadores laterais, embora 
compensadas por movimentos simétricos de ambas as extremidades 
superiores. 
 
 Quando o braço é flexionado na tração, torna-se imprescindível 
determinar que o deslocamento obrigatório do cotovelo para fora seja 
compensado pela posição da mão para dentro, e de tal forma que os diferentes 
pontos de resistência das alavancas se relacionem a um plano equilibrado; o 
plano perpendicular e o centro de gravidade são necessários para uma 
aplicação ótima e desenvolvimento da potência na ação propulsora. 
 
18.4 Recuperações 
 
 As recuperações são os movimentos pelos quais, uma vez finalizada 
a ação propulsora, tração e impulsão, o nadador voltaà posição inicial, a fim de 
retomar novo movimento. Dependendo do estilo em que são efetuadas, podem 
ser fora ou dentro da água. Com exceção do nado de peito, todas as demais 
são fora da água e a finalidade é eliminar os atritos desnecessários. 
 
 Nas recuperações fora da água, o importante é liberar o braço e o 
ombro, até a porção torácica correspondente, segundo o estilo, sem procurar 
alterar o equilíbrio e a homogeneidade geral do ritmo do nado. Na fase final da 
recuperação, no momento do ataque do braço na água, podemos determinar 
as fases de entrada deslizamento e ponto de apoio, para que se possa em 
seguida efetuar a puxada com a maior precisão possível. Nas recuperações 
dentro da água, principalmente no nado de peito, torna-se difícil determinar o 
grau de atrito, devido à oposição que se apresenta ao avanço do trem superior 
imerso. No entanto, é possível reduzir este grau-atrito ao mínimo, procurando 
agir de maneira contrária como se procede nas ações propulsoras; isto é, 
agindo no sentido do movimento recuperador, ângulos estreitos em lugar de 
superfícies amplas e com arestas. Desta forma, pode atenuar-se o efeito da 
sucção provocado pelas turbulências geradas diante dos braços e que, no 
momento da recuperação, são deslocadas para os lados, formando 
redemoinhos, alterando a unidade das massas de água onde o corpo se apóia 
arrastando o nadador para trás. 
 
18.5 Batimentos 
 
 As forças resultantes dos diversos movimentos de pernas utilizados 
na natação desportiva são a conseqüência de diversas forças componentes, 
segundo o estilo empregado. 
 
 No crawl de frente ou no nado de costas e golfinho, atuam 
fundamentalmente duas componentes: uma, no sentido oposto ao avanço e, 
outra, perpendicular ao elevar e abaixar as pernas. 
 
 O conjunto de alavancas na ação do batimento das pernas produz 
certos movimentos de água, sob e sobre as pernas, no sentido oposto ao 
deslocamento e às velocidades crescentes, determinantes de sucessivos 
apoios sucessivos. Este fator, segundo muitos técnicos, representa elemento 
importante no batimento de pernas. 
 
 O pé, pela mobilidade do tornozelo e das pressões das massas de 
água que, alternadamente, se exercem sobre sua planta e devido também à 
relação de obliquai idade lateral dos mencionados planos, realiza uma função 
parcial de hélice com intervenção nas mencionadas forças componentes. 
 
 Para analisar as forças que atuam no movimento de pernas do nado 
de peito, devemos decompô-lo em três ações que se somarão num só 
movimento, a saber: a primeira ação é de extensão das pernas. As superfícies, 
que se apóiam na água para determinar o impulso, são principalmente as faces 
internas e posteriores da coxa, interna da perna e lado do pé (interno). 
 
 Embora a segunda alavanca, representada pela perna que forma 
quase um conjunto com o pé ou terceira alavanca, deva iniciar seu trabalho 
partindo de uma posição perpendicular em relação ao plano horizontal, é 
preciso lembrar que, no final, ao alcançar este plano e inclusive depois de 
ultrapassa 'o, esta ação pode não ser, em toda a sua extensão, diretamente 
oposta ao avanço do nadador. 
 
 No movimento de extensão das pernas atuam uma componente de 
sentido oposto ao deslocamento e outra elevadora, aproximadamente da 
mesma forma em que as mencionadas forças componentes são produzidas no 
movimento descendente do batimento do crawl e do golfinho, mas intervindo 
superfícies anatômicas distintas e também de sentidos relativamente distintos, 
já que a progressiva separação dos pés, enquanto dura a extensão, determina 
um ângulo em relação ao prolongamento posterior do plano sagital, mais ou 
menos próximo ao plano, mas de menor valor, implicando, desta feita, uma 
perda de parte da potência utilizada ao não ser dirigida a extensão, diretamente 
para trás, permite, em compensação, ampliar a ação propulsora num 
movimento final de união das pernas, bem como a ação circular de hélice dos 
pés. 
 
 Esta separação lateral constitui uma ação que possui, pois, outras 
duas componentes com relação à função de cada perna: uma, no sentido 
oposto ao do deslocamento, e outra, de desvio lateral, compensada por igual 
componente da perna contrária. 
 
 A ação propulsora final da pernada tem evidenciado não ser tão 
eficaz como a ação da empurrada, porque as forças determinantes atuam uma 
contra a outra num sentido quase total de oposição e sem o e efeito propulsor 
que resulta da compressão, deslocamento e o efeito de reação das massas de 
água em sentidos nem sempre favoráveis ao avanço, já que tal deslocamento 
produz também efeitos sugadores provocados por redemoinhos. No entanto, 
há técnicos que julgam positiva tal ação, pois consideram que aumentam a 
inércia da velocidade obtida pela ação propriamente dita ou extensão das 
pernas. 
 
19 RESPIRAÇÃO DO NADADOR 
 
 No momento em que o homem aprende a nadar, ele resolve 
eventualmente o tríplice problema da flutuação, da respiração e da propulsão. 
 
 O problema respiratório do nadador apresenta várias dificuldades, 
que serão superadas progressivamente com o tempo. 
 
 A função respiratória joga no nadador um duplo papel: um 
fisiológico, vinculado à atividade corporal; o outro, físico, específico da natação 
e que contribui para sua flutuação. 
 
 Não é, pois, de estranhar que o domínio da respiração seja ponto 
importante na aprendizagem da natação e que, dia-a-dia, venha preocupando 
professores. 
 
O problema em função da técnica 
 
 Segundo o estilo considerado, o problema da respiração é focalizado 
conforme a posição do nadador (ventral ou dorsal) e da cabeça (levantada ou 
submersa), em função da posição do corpo. 
 
 A aprendizagem para o nado de peito se acomoda à propulsão e à 
flutuação; enquanto que no crawl aparece um terceiro problema, o da 
respiração chamada aquática. 
 
 No nado de costas, a posição do corpo na flutuação dorsal e a 
emergência quase constante tornam possível a independência da respiração 
em relação ao movimento de braços, apesar de a associação dos tempos de 
inspiração e expiração, relacionada ao ritmo de trabalho propulsivo dos braços, 
oferecer inegável vantagem. 
 
 A inspiração se faz durante a emersão de um braço, enquanto o 
outro, em sua imersão, executa a fase de impulsão ou de "empurrada", 
colocando em jogo os músculos extensores do antebraço sobre o braço e os 
ramos anteriores do deltóide. Os músculos torácicos, motores do braço, têm 
nesta fase papel assaz reduzido. 
 
 No nado de peito, se quisermos, podemos nadar em competição 
com a cabeça sempre elevada e a boca constantemente ao nível da superfície 
da água. 
 
 Podemos também levantar a cabeça no momento da inspiração a 
cada ciclo de braços ou após certos números de ciclos de braço. Assim 
respirava o grande nadador americano e recordista mundial Chet Jastrenski. 
 
 Até há alguns anos empregava-se a respiração na abertura dos 
braços, mas, com isto, a caixa torácica oferecia enorme resistência ao avanço 
do nadador. Atualmente, a respiração se faz após a ação propulsora dos 
braços, durante a qual os músculos motores do braço tomam seu ponto fixo 
sobre a caixa torácica. 
 
 No golfinho, a inspiração é efetuada na fase final da empurrada e a 
expiração, na fase aquática. Nas provas de 100 metros o nadador efetua 
bloqueios respiratórios. Nas provas de 200 metros efetua, a cada ciclo de 
braço, um movimento respiratório. 
 
 No crawl a técnica respiratória efetua-se no movimento alternado, 
dos braços (posição ventral do corpo, com a cabeça submersa). 
 
 O tempo de inspiração dá-se na fase aérea do braço, do lado em 
que a cabeça gira. 
 Distinguimos dois tipos de respiração: a normal e a atrasada. Nos 
bons nadadores a cabeça permanece como eixo, sendo a rotação efetuada de 
maneira brusca, mas verificamos formas d inatas nos nadadores de velocidade 
e fundistas.Apesar dos diversos estilos de natação, a respiração dos nadadores 
não deixa de ter alguns pontos comuns por imposições mecânicas ou 
fisiológicas. 
 
20 FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA 
 
 Em natação, uma boa posição sobre a água permite a melhor 
utilização das ações motoras. Nos estilos de frente, esta posição é tal que a 
cabeça, em grande parte submersa, deve levantar-se e girar para tornar 
possível a inspiração. 
 
 Os movimentos da cabeça, assim como os da respiração, estão 
necessariamente ligados aos movimentos dos braços, segundo uma certa 
coordenação. 
 
 De harmonia com estudos efetuados por Demeny sobre o esforço e 
relacionados com a tensão arterial, os esforços ou bloqueios repetidos alteram 
a respiração, produzindo a fadiga cardíaca. A respiração contínua evita este 
inconveniente. 
 
 Como dissemos anteriormente, os nadadores de golfinho nas provas 
de 100 ou de 200 metros têm formas distintas para respirar. Deste modo, a 
distância e a potência solicitadas permitem uma fase de equilíbrio entre a 
necessidade e o consumo de oxigênio; portanto, o nadador de fundo e o 
nadador de velocidade terão formas fisiologicamente distintas de respirar. 
 
21 ASPECTOS FÍSICOS DA RESPIRAÇÃO 
 
 O valor da capacidade vital do nadador joga um importante papel 
sobre sua flutuação, mas a noção de densidade média é uma consideração 
que devemos ter em conta. 
 
 Sabemos que a fase respiratória do nadador se situa na zona de 
reserva inspiratória ou na de reserva expiratória, e em vista disso o nadador vê 
variar seu volume em vários '«tros e, em consequência, seu "empuxo" em 
vários quilos. 
 
 Uma posição naturalmente alta sobre a água favorece a propulsão 
aquática. Isto é devido ao fato de se ter uma caixa torácica bem cheia, mas os 
fatores favoráveis para uma boa flutuação são mecânica ou fisiologicamente 
desfavoráveis à propulsão. 
 
 Entre a inspiração e a expiração, alguns nadadores, seja consciente 
ou inconscientemente, marcam um tempo de apnéia em bloqueio inspiratório. 
 
 
22 EXPIRAÇÃO 
 
 A expiração exige nas condições habituais mais tempo que a 
inspiração, pois nesta se trata de um movimento passivo. Em natação, parece 
ser aconselhável conservar um ritmo semelhante, ainda que, para vencer a 
pressão não desprezível da "coluna d'água" que separa o nível da boca do da 
superfície da água, a expiração deva tomar o caráter de um motivo ativo 
voluntário. O nadador controla com efeito a duração e a intensidade de sua 
expiração. Esta se faz quase que exclusivamente pela boca, mas inicia-se pelo 
nariz. 
 
 Alguns técnicos de natação pensaram que a excepcional capacidade 
vital dos nadadores poderia ser atribuída em parte a esta resistência que era 
necessária compensar permanentemente e vencer na expiração. 
 
23 INSPIRAÇÃO 
 
 De todos os desportistas, o nadador de competição (especialmente 
o velocista) é certamente o que tem um tempo de inspiração mais curto. 
 
 Vinculado ao ciclo do movimento de braço, a inspiração é 
paradoxalmente tanto mais curta quanto maior for a velocidade do nadador e a 
necessidade de oxigênio, a mais importante. 
 
 A utilização de uma "via de passagem" que permite uma quantidade 
de a» máxima se impõe imperiosamente durante a totalidade da duração da 
fase determinada pela cadência do nado: a respiração do nadador é bucal e é 
tecnicamente falso querer expirar e inspirar durante a emergência das vias 
respiratórias. O nadador dispõe de alguns décimos de segundos para "ingerir" 
vários litros de ar. 
 
 Rapidez e amplitude são geralmente termos opostos. Veremos que 
pela extrema brevidade de tempo de inspiração, os nadadores não respiram 
com a máxima amplitude, por esta razão não experimentam o melhor 
coeficiente de ventilação pulmonar. Relação entre o volume de ar que se 
renova com o volume de ar expirado. Embora o tempo inspiratório seja 
particularmente breve e intenso, se converte num tempo ativo e com 
movimento de expiração voluntário. 
 
 
 
24 TEMPO DE APNÉIA 
 
 Os músculos motores do braço são pe ri torácicos. Para obter uma 
certa potência, a caixa torácica deve oferecer um ponto de apoio sólido a uma 
das extremidades dos músculos motores do braço, o que se realiza no bloqueio 
do esforço. 
 
 Alguns nadadores como, por exemplo, os velocistas podem tirar 
alguma vantagem com relação ao bloqueio torácico na obtenção de um 
máximo da potência. E, deste modo, diminuem o número de inspirações na 
primeira parte da prova. 
 
 Em resumo: a respiração do nadador é essencialmente bucal e 
acessoriamente nasal. O mecanismo fisiológico habitual se encontra 
modificado; a fase da expiração passiva se converte num tempo ativo, 
voluntário, prolongado; a fase de inspiração se torna particularmente breve e 
intensa. 
 
 A adição eventual de um tempo de apnéia em bloqueio respiratório, 
suscetível de conduzir um aumento da potência motora dos braços, é 
acompanhada certamente de uma fadiga cardíaca suplementar. 
 
 A regulação nervosa de mecanismo respiratório não se faz segundo 
um automatismo inato, sem passar durante o período de aprendizagem por um 
estado de regulação voluntária, antes de converter-se, no campeão, num 
automatismo adquirido. 
 
 Estes problemas, em sua grande maioria, não passam 
despercebidos ao técnico, em qualquer situação. Por isso, é necessário 
respirar bem, flutuar bem e utilizar a potência máxima do nadador. 
 
25 PEDAGOGIA DA RESPIRAÇÃO 
 
 É justamente na fase da aprendizagem que as falhas sucessivas 
devem ser sanadas pelo técnico ou professor. 
 
 Mas é importante dedicar muito, muito tempo mesmo às correções 
durante a aprendizagem dos exercícios elementares; são indispensáveis as 
repetições das séries dos exercícios, com a finalidade de adquirir a cadência e 
os ritmos respiratórios. 
 
 No ensino da natação o estudo da respiração não deve constituir 
capítulo à parte. Em todo o programa de iniciação devemos encontrar uma 
hábil dose de exercícios de flutuação, respiração e propulsão, sem a qual o 
estudo seria certamente enfadonho. 
 
 Todo o cuidado e a atenção dados na fase da aprendizagem 
propriamente dita ainda serão poucos. 
 
26 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA APRENDIZAGEM 
 
 A aprendizagem da natação caracteriza-se por uma variedade de 
possibilidades de movimentação na água. Devido às várias mudanças 
existentes da posição do corpo na água, a aprendizagem da habilidade técnico-
motora da natação apresenta diferenças fundamentais em relação à 
movimentação diária do ser humano. 
 
 O aprendizado, segundo Aebli (1971), é a soma de todas as 
experiências, reflexões e exercícios que se modificam em cada processo de 
aprendizagem. 
 
 No aprendizado motor, a experiência, que o antecede, surge de um 
campo de ação e revela-se positiva. Por exemplo, numa técnica natatória, ela 
também é positiva, da mesma forma, em procedimentos de movimentação 
afins, proporcionando modificações no processo da movimentação. 
 
 A motricidade é o total de todas as possibilidades de movimento do 
homem. As possibilidades do sistema neuromuscular delimitam a capacidade 
motora de rendimento. A motricidade individual depende da constituição física, 
do sexo, do tipo: imorfológico, da idade, do temperamento e da velocidade de 
reação. 
 
 No âmbito da motricidade desportiva e da motricidade comum, o 
aprendizado de novos movimentos primeiramente será processado de forma 
rudimentar. A mesma forma rudimentar cor responde à estrutura básica do 
movimento ordenado do ponto de vista técnico-mecânico, sendo, no entanto, 
incompletas na qualidade do movimento e na quantidade de rendimento. 
 
 Embora o movimento rudimentar seja inicialmente impreciso, 
apresenta gasto supérfluo de energia no trabalho executado. Não há, ainda, 
equilíbrio entre os processos de excitação e de inibição realizados a nível 
cortical.

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