Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Atendimento Educacional de Alunos com Altas Habilidades/Superdotação APRESENTAÇÃO #CURRÍCULO LATTES# Fabiane Fantacholi Guimarães ●Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias (Universidade Pitágoras Unopar). ● Licenciatura e Bacharel em Pedagogia (CESUMAR). ● Especialista em Psicopedagogia Institucional (Faculdade Maringá) ● Especialista em Educação Especial (Faculdade de Tecnologia América do Sul) ● Especialista em EAD e as Novas Tecnologias Educacionais (UniCESUMAR). ● Especialista em Docência no Ensino Superior (UniCESUMAR). ● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV). ● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação (UniFCV). ● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE). ● Professora de disciplinas de Pós-Graduação na área da Educação (UniFEV). ● Coordenadora de cursos EAD de Pós-Graduação na área da Educação (UniFCV). ● Supervisora de Cursos EAD de Graduação na área da Educação (UniFCV). ● Psicopedagoga do Núcleo de Atendimento Escolar (NEA). ● Experiência na Educação Básica há 9 anos. ● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2012 até os dias atuais. Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7315666246327967 http://lattes.cnpq.br/7315666246327967 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Olá, caro(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina de ATENDIMENTO EDUCACIONAL DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO, para o curso de Licenciatura em Educação Especial. Você já venceu algumas etapas de seu curso e chegou até aqui, meus parabéns! Os objetivos de aprendizagem da disciplina são: ● Contextualizar historicamente inteligência. ● Conceituar altas habilidades/superdotação. ● Conhecer a classificação adotada pela literatura pertinente que caracteriza o aluno com AH/SD. ● Estabelecer a importância da legislação direcionada ao atendimento das altas habilidades/superdotação no Brasil. ● Estudar as premissas básicas do currículo escolar. ● Analisar o currículo escolar pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. ● Estudar as adequações de acesso ao currículo para a escola inclusiva. ● Abordar as caracterização gerais dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). ● Compreender os tipos de especificidades das pessoas com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). ● Estudar as formas de atendimento educacional e a importância do enriquecimento curricular. ● Abordar aspecto pessoal e social da pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). ● Tratar o desenvolvimento de habilidades básicas da criatividade. ● Discutir o desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). Para compor este material, organizamos uma introdução, seguida de quatro unidades criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação à presente discussão, conclusão, referências, leituras complementares, indicações de livros, filmes, entre outros. ● Unidade I, intitulada “Altas Habilidades/superdotação, com os subtópicos: histórico, classificação e legislação”, com os subtópicos: Inteligência: o contexto histórico; Conceituando e classificando altas habilidades/superdotação; Legislação direcionada ao atendimento das altas habilidades/superdotação no Brasil. ● Unidade II, intitulada “Adequações Curriculares'', com os subtópicos: Premissas básicas do currículo escolar; Currículo escolar; Adequações de acesso ao currículo. ● Unidade III, intitulada “Altas Habilidades/Superdotação: caracterização, atendimento educacional e enriquecimento curricular”, com os subtópicos: Caracterização geral dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD); Especificidades das pessoas com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD); Formas de atendimento educacional e enriquecimento curricular. ● Unidade IV, intitulada “Altas/Habilidades/Superdotação: promovendo potencialidades, com os subtópicos: Aspecto pessoal e social da pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD); Desenvolvimento de habilidades básicas da criatividade; Desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD). Lembre-se, caro(a) estudante, que o texto apresentado não irá esgotar todas as possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas ao longo da disciplina, mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises realizadas acerca das temáticas propostas. Pensamos que, para além do texto em si, você, estudante, poderá explorar as sugestões de leitura sobre atendimento educacional de alunos com AH/SD. Bom estudo! Sucesso! Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães UNIDADE I ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: HISTÓRICO, CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Inteligência: o contexto histórico. • Conceituando e classificando altas habilidades/superdotação • Legislação direcionada ao atendimento das altas habilidades/superdotação no Brasil. Objetivos de Aprendizagem: • Contextualizar historicamente inteligência. • Conceituar altas habilidades/superdotação e conhecer a classificação adotada pela literatura pertinente que caracteriza o aluno com AH/SD. • Estabelecer a importância da legislação direcionada ao atendimento das altas habilidades/superdotação no Brasil. INTRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a). Seja bem-vindo(a) a Unidade I, intitulada “ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: HISTÓRICO, CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno com Altas Habilidades/Superdotação do Curso de Graduação em Educação Especial. Elaborar esta primeira unidade foi de extrema importância para a reflexão sobre altas habilidades/superdotação (AH/SD), pois foi possível apresentar seus conceitos, contextualizando historicamente inteligência e tratando de suas principais formas de classificação, bem como a evolução da legislação ao longo dos tempos no Brasil. Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de nossa primeira unidade. Boa leitura! 1 INTELIGÊNCIA: O CONTEXTO HISTÓRICO Refletir sobre a inteligência humana é um assunto complexo, haja visto que a capacidade de compreender as ideias, adaptar-se ao meio ambiente e ao pensamento lógico difere-se entre os sujeitos. É válido salientar que o desempenho intelectual de um indivíduo também varia conforme a ocasião e os diferentes domínios e critérios. (FARIAS, 2020). Após esse preâmbulo, cabe ressaltar que inteligência é um vocábulo derivado do latim intelligentia, segundo o mini dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 2010, p. 432) significa: “1. Faculdade ou capacidade de aprender, compreender ou adaptar-se facilmente; intelecto, intelectualidade. 2. Destreza mental; agudeza, perspicácia. 3. Pessoa inteligente.”. Nessa perspectiva, “[...] a palavra inteligência nos remete ao conhecimento, à compreensão e ao entendimento, ou seja, indica a capacidade do sujeito de interligar as ideias que nem sempre estão explicitamente relacionadas”. (FARIAS, 2020, p. 17). Caro(a) estudante para darmos continuidade ao nosso tópico retomaremos as principais influências filosóficas, sendo elas do período grego, Império Romano, Idade Média e período do Renascimento sobre as questões relacionadas à mente e ao corpo, das quais deveria o interesse pela inteligência. Os gregos foram um dos povos mais evoluídos de sua época. Foi um momento histórico em que ciências como a física, a geometria, a arquitetura e a agricultura evoluíram e permitiram ao homem deixar de se preocupar apenas com sua subsistênciae passar a se ocupar com as “coisas do espírito”, como a filosofia e a arte (BOCK et. al., 1999 apud ROCHA, 2020). Assim, é neste período que encontram-se as primeiras tentativas de sistematizar o pensamento sobre o espírito humano ou sua interioridade. Sócrates foi o primeiro filósofo que trouxe ideias mais consistentes sobre o mundo psicológico, preocupando-se com o limite que separa o homem dos animais. Para o filósofo, razão seria a capacidade que permite ao ser humano sobrepor-se aos seus instintos, que seria a base da irracionalidade. Estas questões abrem espaço para debates acerca da consciência. Outro filósofo que trouxe contribuições importantes foi Platão, no qual procurou definir um “lugar” para a razão em nosso próprio corpo e concluiu que é na cabeça onde se encontra a alma/mente. Para o filósofo, a inteligência é a mais alta virtude da alma, portanto, ele adota uma concepção mais próxima do que entendemos hoje por sabedoria. (ROCHA, 2020). Aristóteles, discípulo de Platão, adota a concepção de que corpo e alma são indissociáveis, em que a alma era o princípio ativo da vida, presente em todos os vegetais, animais e seres humanos. Assim, os vegetais seriam dotados de uma alma vegetativa, cuja função é alimentação e reprodução. Já nos animais, a alma seria sensitiva, com a função de percepção e movimentação. E o ser humano seria compreendido com os dois níveis anteriores mais a alma racional, cuja principal função é o pensar, relacionado a característica de inteligência. (ROCHA, 2020). No período seguinte, a Idade Média, fortemente marcado pelo cristianismo e pela dominação da Igreja, inteligência e racionalidade foram ligadas ao conhecimento religioso. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino destacam-se neste período. Santo Agostinho, inspirado em Platão, acreditava que a alma (mente) não era apenas a sede da razão ou pensamento, mas a manifestação divina no homem. Assim, este foi um tema que despertou o interesse da Igreja, que passou a se preocupar com sua compreensão. São Tomás de Aquino viveu em um momento histórico diferente, de transição, quando os conhecimentos produzidos pela Igreja passaram a ser questionados. No entanto, o conhecimento científico não apresentou grandes avanços, e, em linhas gerais, os filósofos do período perceberam a inteligência como o julgamento das qualidades e virtudes de uma pessoa, ou seja, a pessoa inteligência seria aquela capaz de usar suas habilidades para tornar-se melhor, buscando o conhecimento e a verdade, características estas muito relacionadas aos valores e princípios do cristianismo. (ROCHA, 2020). Foi no período do Renascimento, com as ideias de René Descartes (racionalismo), John Locke (empirismo) e Immanuel Kant (criticismo), que um avanço no conhecimento científico de fato aconteceu. Com a concepção de que o ser humano é composto de uma substância material, e também uma substância pensante, e, portanto, que o corpo desprovido do espírito é apenas uma máquina, avanços na anatomia foram possíveis. (BOCK et. al.,1999, apud ROCHA, 2020). Até então, pensamento e inteligência eram considerados inatos, concepção que apenas mudou após as ideias de Locke. Segundo o filósofo, a mente relaciona-se a uma tábula rasa, na qual as experiências do indivíduo ao longo da vida seriam responsáveis pela construção de seu conhecimento. A partir disso, então, houve maior enfoque nas categorias mentais que possibilitam o entendimento sobre a realidade, e uma nova forma de entender os aspectos cognitivos surgiu, referindo-se à mente humana como um criador ativo de experiências, e não apenas um construto passivo dos sentidos. Assim, tal concepção despertou o interesse da comunidade científica, afinal, identificar e desenvolver o potencial intelectual possibilita avanços na área. (ROCHA, 2020). Até o século XIX, no quadro do domínio da escola filosófica empirista e associacionista, “[...] à inteligência é atribuído o carácter de associação de ideias simples provenientes da experiência, e as diferenças que se observam na inteligência, como noutras faculdades humanas, são decorrentes do exercício ou da prática [...]. (AFONSO, 2007, p. 18). A partir do século XIX, houve um aumento no interesse de desvendar os mistérios da inteligência humana e os precursores das teorias que surgiram sobre esse aspecto foram Herbert Spencer (1820-1903) e Francis Galton (1822-1911). O segundo defendia que a inteligência consistia no reflexo de habilidades sensoriais e perspectivas, as quais eram geneticamente transmitidas. O crédito por tal hipótese também deve ser atribuído a Raymond Bernard Cattell (1905-1998), que enfatizava que os testes baseados em habilidades simples eram importantes instrumentos para avaliar o desempenho acadêmico. (FARIAS, 2020). No entanto, foi somente no século XX que surgiram as primeiras pesquisas significativas sobre a inteligência humana, as quais foram realizadas em 1904 por Alfred Binet (1857-1911), pesquisador francês que tentou mensurar a inteligência como o Quociente Intelectual (QI) - (Caro(a) acadêmico(a) os testes de QI tinham como finalidade responder a indagações sobre sucesso ou fracasso escolar de crianças e funcionavam como um mensurador de atributos vinculados à inteligência.) -, por meio de testes que buscavam tecer relações entre a idade cronológica e a idade mental. (FARIAS, 2020). Com relação aos testes de inteligência, é necessário salientar que alguns utilizam apenas um único item ou pergunta, como o Peabody Picture Vocabulary Test (PPVT) - uma medida de inteligência verbal das crianças - que, no Brasil, ficou conhecido como Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP), Raven’s progressive matrices (matrizes progressivas de Raven) ou Escala Geral, como também é conhecida no Brasil - um teste não verbal que requer raciocínio indutivo sobre padrões perceptivos; e outros incluem vários tipos diferentes de itens, tanto verbais quanto não verbais, como o Wechsler e o Stanford-Binet. (FARIAS, 2020). Apesar de terem exercido importante papel nos estudos iniciais da inteligência a partir do final do século XX, esses instrumentos psicométricos têm sido criticados por alguns pesquisadores que os consideram algo estanque desde o nascimento. Dentre os autores que contrapõem essa visão determinista, destacamos Jean Piaget (1896 - 1980), que afirma o seguinte: A inteligência não é inata, depende da riqueza de estímulos presentes no meio físico, social e cultural no qual a criança vive. O conhecimento e a inteligência são progressivamente aprendidos por meio do relacionamento que o ser humano constrói comparativamente a outras ideias e conhecimentos já adquiridos. (PIAGET, 1975, p. 273). Alencar e Fleith (2001, p. 52-53) também alertam sobre o uso dos testes de inteligência: Sabemos que tradicionalmente os testes de inteligência não medem algumas operações presentes no pensamento criativo, e assim um indivíduo pode passar despercebido pelos testes de inteligência, apesar de ter um potencial criativo superior. O mesmo ocorre com diversos tipos de habilidades, que podem passar despercebidas se forem considerados apenas resultados em testes de inteligência. Para as autoras supracitadas não se admite mais no meio científico atribuir valor à inteligência como se ela fosse algo estático no tempo e no espaço, pois, conforme menciona Gottfredson (1997, apud FARIAS, 2020, p. 23): Inteligência é uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, envolve a capacidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de maneira abstrata, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e aprender com a experiência. Isso não é meramente um aprendizado pelos livros, uma habilidade acadêmica restrita ou uma execução de testes de inteligência. Pelo contrário, ela reflete uma capacidade mais ampla e profunda, que auxiliana compreensão de nosso entorno e no planejamento de nossas vidas. É importante frisar que vários outros estudiosos têm postulado suas teorias a respeito da inteligência, dentro os quais Joy Paul Guilford (1897-1987), para quem a inteligência compreende 150 fatores, e Howard Gardner (1943- até dias atuais), o idealizador das inteligências múltiplas. Gardner (1995, apud FARIAS, 2020, p. 24) “identifica sete tipos de inteligência independentes entre si, isto é, que operam em blocos separados no cérebro como suas próprias regras”, sendo elas: “1) lógico-matemática, 2) linguística, 3) músical, 4) espacial, 5) corporal-cinestésica, 6) intrapessoal e 7) interpessoal”. Caro(a) estudante, como vimos o estudo da inteligência passou por importante ampliação da sua significação ao longo da história. Se inicialmente sua concepção era psicométrica e unidimensional, atualmente essa visão tornou-se multidimensional. (SAKAGUTI, 2020). Mesmo assim, e apesar de contestada, a aplicação de testes de inteligência ainda é utilizada e considerada para identificar o sujeito com altas habilidades/superdotação. Atenção! Caro(a) estudante, a testagem mental é extremamente prejudicial ao processo, pois impede ou dificulta identificar e, consequentemente, valorizar o indivíduo que possui capacidades especiais em outras instâncias que não a acadêmica, como citamos anteriormente. SAIBA MAIS Caro(a) acadêmico(a) você sabia que a Teoria das Inteligências Múltiplas tornou-se uma alternativa para redefinir a inteligência como uma capacidade inata de origem biológica que desenvolve habilidades para resolver problemas ou para elaborar produtos que são valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários. Para saber mais sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas, indicamos a leitura da tese de doutorado em educação especial de Danitiele Maria Calazans Marques de 2017. Boa leitura! Fonte: MARQUES, D. M. C. Aluno com Altas Habilidades/Superdotação: um estudo longitudinal a partir da Teoria das Inteligências Múltiplas. Tese (doutorado em educação especial). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017. Disponível em https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/10162/MARQUES_Danitiele_2018.pdf?sequence=6&i sAllowed=y Acesso em maio de 2021. #SAIBA MAIS# 2 CONCEITUANDO E CLASSIFICANDO ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Altas habilidades/superdotação (AH/SD) é um tema estudado por diversas áreas do conhecimento, que o abordam sob suas perspectivas. Simonetti (2007, p.1), explica que enquanto “a neurobiologia valoriza os mecanismos cerebrais, a psicopedagogia social busca fatores psicológicos, educacionais e sociológicos que possam determiná- las e a genética ressalta o papel dos gens”. Não há um conceito unificado para definir AH/SD, entretanto, é possível observar que, em alguns deles, destacam-se os aspectos intelectuais, em outros, os emocionais, mas em quase todos estão implícitos os termos inteligência, desempenho e potencialidade elevada. (FARIAS, 2020). As Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos, documento veiculado pela Secretaria de Educação Especial (SEESP) do Ministério da Educação, preconiza que “Altas Habilidades referem-se aos comportamentos observados e/ou relatados que confirmam a expressão de ‘traços consistentemente superiores’ em relação a uma média (por exemplo: idade, produção, ou série escolar) em qualquer campo do saber ou do fazer”. (BRASIL, 1995, p. 13, grifo do original). Aqui caro(a) estudante, deve-se entender por “traços” as formas consistentes, ou seja, aquelas que permanecem com frequência e duração no repertório dos comportamentos da pessoa, de forma a poderem ser registradas em épocas diferentes e situações semelhantes. (BRASIL, 1995, p. 13, grifo do original). Isso mesmo caro(a) acadêmico(a), esse documento ainda adota o termo portador de necessidades especiais, o qual está em desuso desde 2007, em razão das discussões a respeito da inclusão educacional, o que culminou com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, em 2008 (BRASIL, 2008). O Censo Escolar/Inep (apud BRASIL, 2015, p. 47) define estudantes com altas habilidades/superdotação como [...] aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Para Simonetti (2007, p. 1-2), “Superdotação é um conceito que serve para expressar alto nível de inteligência e indica desenvolvimento acelerado das funções cerebrais [...] o talento indica destrezas mais específicas”. Os aspectos emocionais são evidenciados no conceito atribuído por Silverman (apud VIRGOLIM, 2003, p. 16, grifo do original), para quem superdotação [...] é um desenvolvimento assincrônico no qual habilidades cognitivas avançadas e grande intensidade combinam para criar experiências internas e consciência que são qualitativamente diferentes da norma. Essa assincronia aumenta com a capacidade intelectual. A unicidade do superdotado os torna particularmente vulneráveis, e são necessárias modificações na educação parental, no ensino e no aconselhamento psicológico, a fim de que possam alcançar um desenvolvimento ótimo. Assincronia não é sinônimo de precocidade, mas sim uma diferença existente na experiência interna e na consciência dos sujeitos, ou seja, ter um desenvolvimento desigual da idade mental com relação à idade cronológica, o que pode se dar tanto interna quanto externamente. (VIRGOLIM, 2019). Segundo Villarraga, Martínez e Benavides (2004 apud FARIAS, 2020, p. 26), na literatura pertinente há mais de 100 definições para superdotação, as quais estão classificadas em quatro grupos não excludentes entre si, sendo eles: “1) genético e 2) cognitivo (construtos psicológicos); 3) interacionista (realização); e 4) meio ambiente (sistêmicos)”. Sob a ótica inatista, a inteligência é geneticamente determinada e, nesse sentido, é considerada estável. No aspecto cognitivo, no qual as informações são processadas, os conceitos se referem aos processos da memória, do pensamento e de outras habilidades. (FARIAS, 2020). Na perspectiva interacionista, são os fatores genéticos que determinam as forças potenciais do sujeito e podem aparecer desde a tenra idade em que as aptidões, as habilidades e as inteligências surgem como resultado das experiências, das motivações e da maneira individual como cada um aprende (FELDHUSEN, 1992). Já a perspectiva sistêmica é relacionada ao meio ambiente, ou seja, está centrada nos aspectos socioculturais e psicossociais, nos quais o desenvolvimento do talento depende dos fatores “políticos, do período histórico e de uma atitude geral positiva frente ao superdotado” Villarraga; Martínez; Benavides (2004, apud FARIAS, 2020, p. 27). Landau (2002) complementa que, na abordagem interativa, o meio tem o papel de estimular as habilidades internas, como a criatividade, a inteligência os talentos que fortalecem o eu do superdotado, pois apenas “[...] com a interação entre um ambiente que promova desafios emocionais e intelectuais e as capacidades da criança, a atualização da superdotação será real”. (LANDAU, 2002, p. 43). De acordo com Mettrau e Reis (2007, p. 493), no campo educacional, o conceito de AH/SD perpassa por “uma definição conceitual associada a uma visão conservadora que inclui apenas áreas acadêmicas em detrimento de outras áreas, como música, artes, liderança, expressão criativa e relacionamento interpessoal”.Agora caro(a) estudante agora que já conhecemos os conceito de altas habilidades/superdotação, que tal conhecermos a classificação adotada pela literatura pertinente que caracteriza o aluno com AH/SD? A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994) reconhece como aluno com AH/SD aquele que apresenta considerável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: Figura 1 - Aspectos isolados ou combinados de alunos com AH/SD reconhecido pelo Brasil. Fonte: Elaborado com base Brasil (1994, p. 13). Mettrau e Reis (2007, p. 492) mencionam que seis dos tipos citados de AH/SD do documento oficial mencionado acima são reconhecidos pela literatura internacional, sendo eles: Figura 2 - Aspectos isolados ou combinados de alunos com AH/SD reconhecido na literatura Internacional. Fonte: Elaborado pela autora com base em Mettrau e Reis (2007, p. 492). Tipo Intelectual – apresenta flexibilidade e fluência de pensamento; capacidade de pensamento abstrato para fazer associações; produção ideativa; rapidez do pensamento; julgamento crítico; independência de pensamento; compreensão e memória elevadas; e capacidade de resolver e lidar com problemas. Tipo Acadêmico – evidencia aptidão acadêmica específica, de atenção, de concentração, de rapidez de aprendizagem; boa memória; gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; e capacidade de produção acadêmica. Tipo Criativo – relaciona-se às seguintes características: originalidade; imaginação; capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora; sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente e até de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem dos fatos; e facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade. Tipo Social – revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal; atitude cooperativa; sociabilidade expressiva; habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais; percepção acurada das situações de grupo; capacidade para resolver situações sociais complexas; e alto poder de persuasão e de influência no grupo. Tipo Talento Especial – pode-se destacar tanto na área das artes plásticas e musicais como dramáticas, literárias ou técnicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho. Tipo Psicomotor – destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade; agilidade de movimentos; força; resistência; controle; e coordenação motora. Outra concepção comumente aceita é a proposta por Renzulli (1986 apud FARIAS, 2020), denominada Modelo dos Três Anéis, segundo o autor, o comportamento do sujeito com AH/SD consiste na interação de três grupamento de traços: Figura 3 - Modelo dos Três Anéis. Fonte: Elaborado pela autora com base Renzulli (1986 apud FARIAS, 2020). Esse modelo, inclusive, embasa a definição que o Ministério de Educação (MEC) adotou nas Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos portadores de AH/SD e talentos. (BRASIL, 1995). De acordo com Renzulli (apud RODRIGUES, 2011, p. 162), O comportamento superdotado consiste nos comportamentos que refletem uma interação entre os três grupamentos básicos dos traços humanos - sendo esses agrupamentos habilidades gerais ou específicas acima da média, elevados níveis de comprometimento com a tarefa e elevados níveis de criatividade. As crianças superdotadas e talentosas são aquelas que possuem ou são capazes de desenvolver estes conjuntos de traços e que os aplicam a qualquer área potencialmente valiosa do desempenho humano. O desenvolvimento do aluno com AH/SD não é diferente dos demais que têm a mesma idade, entretanto, algumas características são mais comuns a esse grupo, pois, como menciona Guenther (2000, p. 44), ao falar em “crianças bem-dotadas e talentosas” não estamos falando em grupo único, parecido, homogêneo e facilmente reconhecível em qualquer situação. Ao contrário, como todas as pessoas que existem, cada criança traz em si uma combinação essencial e substancialmente única de traços, características e atributos, oriundos não somente de sua própria constituição e plano genético, como também derivados e absorvidos de muitas fontes de influência presentes no ambiente a que é exposta, dentro dos vários grupos a que pertence. (GUENTHER, 2000, p. 44). Diante do exposto, caro(a) estudante, é possível perceber que, além dos genéticos, outros tantos determinam as características dos sujeitos com AH/SD, entretanto, é importante conhecê-los e/ou identificá-los, a fim, de estabelecer indicadores que auxiliem na construção da identidade dessas pessoas e dissipar os mitos e as crenças que existem ao redor delas. CURIOSIDADE Muitas das dificuldades enfrentadas por crianças com altas habilidades/superdotação têm suas origens nos mitos e crenças populares. Eles são fortes empecilhos para formação de uma identidade própria e, muitas vezes, contribuem para uma representação negativa ou, pelo menos, distorcida destas pessoas. Entre eles podemos citar: ● crianças com altas habilidades são o fruto de pais organizadores, que conduzem e regram suas vidas; ● autossuficientes; ● são egoístas e solitárias; ● existem mais homens do que mulheres com altas habilidades Fonte: (PANCHINIACK, 2011, p. 27). #CURIOSIDADE# 3 LEGISLAÇÃO DIRECIONADA AO ATENDIMENTO DAS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO NO BRASIL No que concerne à educação, é possível afirmar que os direitos dos sujeitos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) estão explicitados na Constituição Federal de 1988, a qual dispões que: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988). Nesse sentido, é possível entender que todas as pessoas têm direito à educação, independentemente de suas características. Mediante a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (BRASIL, 1961) -, a área de AH/SD teve seus direitos garantidos, os quais foram reafirmados nas LDBs subsequentes: Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971; e Lei n. 9.394, de 10 de dezembro de 1996. (BRASIL, 1971, 1996). Os autores Sant’Ana, Stadler, Deliberalli e Vestena (2015, p. 37.418) esclarecem que: É apenas com a promulgação da Lei 5.692/1971, que definiu quais Necessidades Educacionais Especiais deviam ser atendidas por essa modalidade de Educação, que aparecem as primeiras preocupações por parte do Estado em relação às Altas Habilidades/Superdotação, por influência de estudos tais como de Binnet, Sternberg, Thorndike e de estudos de cognitivistas como Piaget. Os anos de 1970 três Pareceres do Conselho Nacional de Educação referir-se-ão também ao atendimento educacional dos superdotados. Aqui caro(a) estudantes estes documentos foram citados no capítulo II - Fundamentos Legais, do Documento Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores de altas habilidades: superdotação e talentos. (1995, p. 9 - 11). ● O Parecer CFE n. 255, de 9 de março de 1972 (Documenta 136, março 1972): destaca que o progresso do estudante deve atender a ritmo próprio de aprendizagem e a diversos interesses e aptidões. A frequência deverá ser "dispensável ante a evidência de aproveitamento excepcional". Reconhece "alunos que revelam especial talento", bem como defende a não existência de barreiras entreséries, ou seja, ano letivo independente de ano civil para que o progresso do estudante superdotado possa ser mais veloz, eliminando qualquer perda de tempo; ● O Parecer CFE n. 436, de 9 de maio de 1972 (Documenta 138, maio 1972): admite matrícula condicional de aluno superdotado em curso superior, com prazo de até dois anos para apresentação de prova conclusão do ensino de segundo grau, desde que reconhecida sua superdotação antes da inscrição no vestibular; ● O Parecer CFE n. 681, de maio de 1973 (Documenta 150, item 3.7, maio 1973), que estabelece que o Conselho Federal de Educação “fixará o conceito e as formas de apurar o superdotado, a partir as normas sobre a matéria que os Conselhos de Educação baixariam para os seus sistemas estaduais de ensino.” Digna de nota neste contexto é a criação, em 1973, do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), vinculado ao MEC, que desenvolverá ações educativas e financiará iniciativas de atendimento às pessoas com deficiência e com altas habilidades e superdotação. (BRASIL, 1995). Esses estudos culminaram na elaboração de dois seminários sobre superdotados realizados em Brasília nos anos de 1974 e 1977, respectivamente, os quais determinaram: [...] o respeito ao ritmo, aptidões e interesses dos alunos com AH/SD eliminando barreiras entre anos letivos, o que representa a primeira possibilidade de aceleração do currículo, com intuito de atender as necessidades específicas do aluno com Altas Habilidades/Superdotação; Admissão antecipada de alunos com Superdotação no Ensino Superior; Definição de conceitos para identificação de alunos com Superdotação. (SANT’ANA; STADLER; DELIBERALLI; VESTENA, 2015, p. 37 - 419) No entanto, o assunto ficou adormecido, apesar das bases lançadas na década de 1970. Reynaud e Rangni (2017, p.72), ao descreverem a trajetória legal e a educação de pessoas com AH/SD, mencionam que durante muitos anos, principalmente nas décadas de 1980 e 1990, políticas públicas significativas “[...] não foram implementadas e nem tampouco se tenha dado a elas a devida importância ou disseminado o conhecimento acerca da necessidade de identificação e atendimento educacional especializado para esse alunado”. Na década de 80, já se podem constatar os novos termos de qualificação da problemática, na Portaria CENESP/MEC n. 69, de 28 de agosto de 1986, que assim define os superdotados: Art. 3 [...] Superdotados: educandos que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade nos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica, pensamento criador, capacidade de liderança, talento especial para artes, habilidades psicomotoras, necessitando atendimento educacional especializado. Observe-se ainda que em 1986 é criada, no âmbito do Ministério da Educação, a SESPE - Secretaria de Educação Especial -, que virá a substituir o CENESP. A nova Secretaria faz publicar o documento Subsídios para a Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial (1986), com um volume dedicado à Área de Superdotação e altas habilidades, bem como edita as Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos (reeditados em 1995) como já citada anteriormente. As políticas inclusivas no Brasil só se alteraram a partir da Declaração Mundial sobre Educação para Todos, realizada na cidade de Jomtien (Tailândia) em 1990, e da Declaração de Salamanca, ocorrida em 1994 na Espanha. SAIBA MAIS Caro(a) acadêmico(a) a Declaração Mundial sobre Educação para Todos foi um documento redigido durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em março de 1990, com o intuito de estabelecer os compromissos mundiais relacionados à noção de que a educação é direito de todas as pessoas, a fim de que possam viver dignamente em uma sociedade mais justa e humanitária. Fonte: UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem - Jomtien, 1990. 1998. Disponível em https://abres.org.br/wp- content/uploads/2019/11/declaracao_mundial_sobre_educacao_para_todos_de_marco_de_1990.pdf Acesso em maio de 2021. #SAIBA MAIS# Entretanto, os maiores avanços na área da educação para superdotados – na legislação e no atendimento - ocorrerão já no novo milênio, sobre a base da implementação da nova LDBEN (Lei n. 9394/1996), das Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica, editadas pelo CNE em setembro de 2001 e com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE - Lei n. 10.172/2001), em janeiro de 2001. Como já mencionado, a Lei n. 9.394/1996, mais conhecida como LDBEN, que aludia no artigo 24 à “[...] possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado”. Assim, entendemos que há possibilidade de aceleração https://abres.org.br/wp-content/uploads/2019/11/declaracao_mundial_sobre_educacao_para_todos_de_marco_de_1990.pdf https://abres.org.br/wp-content/uploads/2019/11/declaracao_mundial_sobre_educacao_para_todos_de_marco_de_1990.pdf escolar, mas não é possível saber para quem se destina; fica subentendido apenas a conclusão dos conteúdos escolares em menor tempo. Esse fato, só é explicitado mais adiante nessa mesma lei: Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL, 1996, grifo nosso). A referida lei foi alterada pela Lei n. 12.976, de 4 de abril de 2013, na qual constam alguns itens que garantem o atendimento ao aluno com AH/SD e amparam legalmente o atendimento educacional a esses alunos: Art. 4º. O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III. Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; [...] Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 [...] Art. 60. Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, aampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (BRASIL, 2013). A LDBEN n. 9.394/1996 foi novamente alterada por meio da Lei n. 13.234, de 29 de dezembro de 2015, que estendeu o atendimento aos alunos com AH/SD também à educação superior, estabelecendo a necessidade de um cadastro nacional desses alunos, a fim de justificar a promoção de políticas públicas para eles. Vejamos: Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados na educação básica e na educação superior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse aluno. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão no cadastro referido no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políticas de desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos em regulamento. Esse cadastro é de suma importância para a identificação da quantidade desses alunos efetivamente matriculados, a fim de que se estabeleçam políticas públicas dirigidas ao seu atendimento. Retomando nossa reflexão sobre a legislação brasileira, outro fato relevante ocorreu em 2005, ano em que foi implantado em todos os Estados e no Distrito Federal os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), que tinham por intuito organizar [...] centros de referência para o atendimento educacional especializado aos alunos com altas habilidades/superdotação, a orientação às famílias e a formação continuada aos professores. [...] referenciais e orientações para organização da política de educação inclusiva nesta área, de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede pública de ensino. (BRASIL, 2008, p. 5). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm#art59a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13234.htm#art2 Nessa trajetória sobre as legislações que amparam as pessoas com AH/SD é importante citarmos a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que tem como objetivo [...] o acesso, a participação e a aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais, garantindo: • Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; • Atendimento educacional especializado; • Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; • Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; • Participação da família e da comunidade; • Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e • Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008, p.10). O aluno com AH/SD também tem seus direitos assegurados na Resolução n.4, de 2 de outubro de 2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Esse documento considera que alunos com altas habilidades/superdotação são “[...] aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade”. (BRASIL, 2009, art. 4, III). Já no art. 7 da referida resolução reafirma que: Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interface com os núcleos de atividades para altas habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior de e institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes. (BRASIL, 2009). Conforme é possível percebermos caro(a) estudante, são inúmeras as leis que asseguram os direitos aos alunos com AH/SD. Entretanto, ainda há muito por fazer. Conforme alertam Maia-Pinto e Fleith (2004), se alunos com rendimentos abaixo da média são rapidamente identificados no ambiente escolar e recebem atendimento especializados, o mesmo não acontece com alunos com AH/SD. De acordo com as autoras, “[...] se a criança apresenta um desempenho acima da média, sobressaindo-se de alguma maneira, na maioria das vezes, o que acontece é o reconhecimento de que este é um ótimo aluno, com um futuro brilhante”. Todavia, “[...] são oferecidas, a este aluno, poucas oportunidades de incremento de suas habilidades”. (MAIA-PINTO; FLEITH, 2004, p. 55). Diante do exposto, é necessário estimular esses alunos em sala de aula, a fim de que possam desenvolver todas as suas potencialidades. Assim, em linhas gerais, constata-se que aindam faltam no país instrumentos de diagnóstico precoce da superdotação e medidas de encaminhamento dos identificados; faltam professores especializados na área – praticamente não há formação inicial, em serviço e continuada, direcionada ao segmento; as pesquisas são escassas e não obstante os progressos reais, observados principalmente na última década, ainda há poucas políticas públicas consistentes, articuladas e principalmente duradouras para este contingente populacional. (ANDRÉS, 2010). Em suma, o Brasil ainda carece de meios de identificação, de atendimento e promoção efetiva dos talentos nacionais. Pode-se dizer, então, que, em termos gerais, os professores, supervisores e outros dirigentes escolares não conseguem identificar a parcela de alunos superdotados que recebem e caso sejam identificados, não sabem o que fazer com eles (e portanto, nada de diferente lhes é reservado). (ANDRÉS, 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico(a). Chegamos ao final de nossa unidade, no qual tivemos a oportunidade de refletir sobre o histórico e a classificação das altas habilidades/superdotação (AH/SD). Inicialmente, perpassamos pelo conceito de inteligência e pudemos perceber que o vocabulário nos remete a conhecimento, compreensão e entendimento, ou seja, indica a capacidade do sujeito de interligar as ideias que nem sempre são explicitamente relacionadas. Vimos, ainda, que a história sobre a inteligência humana remota aos primórdios da humanidade. Em outro momento, indicamos os significados de AH/SD e esclarecemos que, na literatura pertinente, há várias definições para ela, as quais são classificadas em grupos não excludentes entre si. Tivemos também a oportunidade de entender a classificação desses alunos. Constatamos além disso que os sujeitos com AH/SD se encontram amparados pela legislação, mas que, no Brasil, ainda há muito o que se fazer para que seus direitos sejam realmente assegurados. Assim, convidamos você, acadêmico(a) interessado(a), a consultar as indicações de leitura complementar, filmes e as referências, de modo a aprofundar seu conhecimento. Boa leitura! LEITURA COMPLEMENTAR Para nossa leitura complementar, indicamos ampliar os conhecimentos em relação à legislação direcionada aos alunos com AH/SD em países como América do Norte, América Latina, União Européia. No material de Aparecida Andrés, consulta legislativa da área XV, da Educação, Cultura e Desporto, capítulo II, páginas 26- 79. Fonte: ANDRÉS, A. Educação de alunos superdotados/altashabilidades, legislação e normas nacionais, legislação internacional. Câmara dos Deputados. 2010. Disponível em file:///C:/Users/agele/Downloads/educacao_alunos_aparecida.pdf Acesso em maio de 2021. LIVRO • Título. Inteligências Múltiplas: A Teoria na Prática • Autor. Howard Gardner • Editora. Artmed • Sinopse . O autor explica as ideias fundamentais que desencadeiam uma revolução na aprendizagem e mostra como elas podem ser aplicadas em toda sala de aula onde se espera que os alunos pensem. FILME/VÍDEO • Título. Lucy • Ano. 2014 • Sinopse. • Link do vídeo (se houver). Quando a inocente jovem Lucy (Scarlett Johansson) aceita transportar drogas dentro do seu estômago, ela não conhece muito bem os riscos que corre. Por acaso, ela acaba absorvendo as drogas, e um efeito inesperado acontece: Lucy ganha poderes sobre- humanos, incluindo a telecinesia, a ausência de dor e a capacidade de adquirir conhecimento instantaneamente. REFERÊNCIAS ANDRÉS, A. Educação de alunos superdotados/altas habilidades, legislação e normas nacionais, legislação internacional. Câmara dos Deputados. 2010. Disponível em file:///C:/Users/agele/Downloads/educacao_alunos_aparecida.pdf Acesso em maio de 2021. ALENCAR, E. M. L. S. de; FLEITH, D. de S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2 ed. São Paulo: EPU, 2001. AFONSO, M. J. Paradigmas diferencial e sistêmico de investigação da inteligência humana: perspectivas sobre o lugar e o sentido do construto. Tese (Doutorado em Psicologia Diferencial). Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Universidade de Lisboa, Lisboa, 2007. Disponível em https://repositorio.ul.pt/handle/10451/3987 Acesso em maio de 2021. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. BRASIL. Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. BRASIL. CNE/CEB nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. BRASIL. Ministério da Educação. Centro Nacional de Educação Especial. Portaria n. 69, de 28 de agosto de 1986, que expede normas para fixação de critérios reguladores da prestação de apoio técnico e/ou financeiro à Educação Especial nos sistemas de ensino público e particular. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Gerais para Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos. Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: MEC/SEESP, 1995. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002299.pdf Acesso em maio de 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Orientações para Implementação da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2015. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17237- secadi-documento-subsidiario-2015&Itemid=30192 Acesso em maio de 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria n. 555/2007, prorrogado pela Portaria n. 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. Brasília, 2008. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf Acesso em maio de 2021. BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. MEC/SEESP, Brasília: a Secretaria, 1994. Disponível em https://inclusaoja.files.wordpress.com/2019/09/polc3adtica-nacional-de-educacao- especial-1994.pdf Acesso em maio de 2021. FARIAS, E. R. S. de. Mitos, teorias e verdades sobre altas habilidades/superdotação. Curitiba: InterSaberes, 2020.https://plataforma.bvirtual.com.br/ FELDHUSEN, J. F. Algumas contribuições da psicologia à educação do superdotado. In.: ALENCAR, E. S. de (Org.). Novas contribuições da psicologia aos processos de ensino e aprendizagem. São Paulo: Cortez, 1992, p. 204-217. FERREIRA, A. B. de H. Míni Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8.ed. Curitiba: Positivo, 2010. GUENTHER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2000. GUENTHER, Z. C.; RONDINI, C. A. Capacidade, dotação, talento, habilidades: uma sondagem da conceituação pelo ideário dos educadores. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.28, n. 1, p. 237-266, mar.2012. Disponvível em https://www.redalyc.org/pdf/3993/399360929016.pdf Acesso em maio de 2021. LANDAU, E. A coragem de ser superdotado. Tradução Miessa e Christina Cupertino. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. MAIA-PINTO, R.R.; FLEITH, D. de S. Avaliação das práticas educacionais de um programa de atendimento a alunos superdotados e talentosos. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v.8, n.1, p. 55-66, jun.2004. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pee/v8n1/v8n1a07.pdf Acesso em maio de 2021. MARQUES, D. M. C. Aluno com Altas Habilidades/Superdotação: um estudo longitudinal a partir da Teoria das Inteligências Múltiplas. Tese (doutorado em educação especial). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017. Disponível em https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/10162/MARQUES_Danitiele_2018.p df?sequence=6&isAllowed=y Acesso em maio de 2021. METTRAU, M. B.; REIS, H. M. M. de S. Políticas públicas: altas habilidades/superdotação e a literatura especializada no contexto da educação especial/inclusiva. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas para Educação, Rio de Janeiro, v.15, n.57, p. 489-509, 2007. Disponível em https://www.scielo.br/pdf/ensaio/v15n57/a03v5715.pdf Acesso em maio de 2021. PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1975. REYNAUD, M. L. D.; RANGNI, R. de A. O atendimento aos alunos com altas habilidades à luz da legislação brasileira. In.: RANGNI, R. de A.; MASSUDA, M. B.; COSTA, M. da P. R. da. (Org.). Altas habilidades/superdotação: temas para pesquisa e discussão. São Paulo: EdUFSCar, 2017. P. 68-85. ROCHA, K. N. Inteligência, afetividade e criatividade. Curitiba: Contentus, 2020. https://plataforma.bvirtual.com.br/ RODRIGUES, N. A. A formação inicial de professores na Educação Infantil oferece subsídios para a docência com alunos com altas habilidades/superdotação. In.: BRANCHER, V. R.; FREITAS, S. N. de. (Org.). Altas habilidades/superdotação: conversas e ensaios acadêmicos. Jundiaí: Paco, 2011, p. 159-170. PANCHINIACK, A. R. A. (Org.). Altas habilidades/superdotação rompendo as barreiras do anonimato. Secretaria de Estado da Educação. Fundação Catarinense de Educação Especial, São José: FCEE, 2011. Disponível em https://www.academia.edu/8125350/CARTILHA_Altas_Habilidades_e_Superdota%C3% A7%C3%A3o?email_work_card=thumbnail Acesso em maio de 2021. SANT’ANA, C.; STADLER, R. R.; DELIBERALLI, M. VESTENA, C. L. B. Debates científicos: compreendendo a identidade das altas habilidades/superdotação no Brasil. In.: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (EDUCERE), 12., 2015, Curitiba. Anais… Curitiba: PUCPR, 2015. Disponível em https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/16057_7556.pdf Acesso em maio de 2021. SAKAGUTI, P. M. Y. Altas Habilidades. Curitiba:Contentus, 2020. https://plataforma.bvirtual.com.br/ SIMONETTI, D.C. Altas habilidades: revendo concepções e conceitos. ABAHSD - Associação Brasileira para Altas Habilidades/Superdotados, 2007. UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem - Jomtien, 1990. 1998. Disponível em https://abres.org.br/wp- content/uploads/2019/11/declaracao_mundial_sobre_educacao_para_todos_de_marco _de_1990.pdf Acesso em maio de 2021. VIRGOLIM, A. M. R. A criança superdotada e a questão da diferença: um olhar sobre suas necessidades emocionais, sociais e cognitivas. Linhas Críticas, Brasília, v.9, n.16, p.13-31, jan./jun.2003. Disponível em https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/3089/2776 Acesso em maio de 2021. VIRGOLIM, A. Altas habilidades/superdotação: um diálogo pedagógico urgente. Curitiba: InterSaberes, 2019. https://plataforma.bvirtual.com.br/ UNIDADE II ADEQUAÇÕES CURRICULARES Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Premissas básicas do currículo escolar. • Currículo escolar. • Adequações de acesso ao currículo. Objetivos de Aprendizagem: • Estudar as premissas básicas do currículo escolar. • Analisar o currículo escolar pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. • Estudar as adequações de acesso ao currículo para a escola inclusiva. INTRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a). Seja bem-vindo(a) a Unidade II, intitulada “ADEQUAÇÕES CURRICULARES”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno com Altas Habilidades/Superdotação do Curso de Graduação em Educação Especial. Almejar uma escola melhor para todos implica em mudanças. As adaptações curriculares têm sido tema de muitas discussões entre autores e pesquisadores, mas o que o professor entende por adaptações curriculares? Para responder esta e outras questões, nesta unidade iniciaremos estudando as premissas básicas do currículo escolar, no qual será necessário refletir o significado ou conceito de currículo; o que a escola precisa ensinar; como deve ensinar; por que deve ensinar; bem como pensar no currículo; e por fim, como deve ser elaborado e estruturado. Dando sequência à temática é considerável analisarmos o currículo escolar pela ótica da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e os artigos que competem a esta discussão, uma vez que os currículos da educação básica devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e instituição escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. (BRASIL, 1996). Para fecharmos a abordagem caminharemos para as adequações de acesso ao currículo para a escola inclusiva, em que será indispensável refletir o currículo flexível numa escola inclusiva; a adaptação do currículo sem perder qualidade; quando é necessário fazer adaptações curriculares, entre outros pontos. Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de nossa segunda unidade. Boa leitura! 1 PREMISSAS BÁSICAS DO CURRÍCULO ESCOLAR Caro(a) acadêmico(a) para iniciarmos o diálogo e o estudo sobre o currículo, precisamos refletir sobre seu significado ou conceito. Você já refletiu sobre isso? A análise das diferentes terminologias relacionadas ao currículo pode ser iniciada pelos significados mais acessíveis em dicionários, nos quais encontraremos a referência à origem do termo currículo, no latim, curriculum, que significa “corrida, carreira”; curriculum vivendi, que significa “carreira de vida” e curricula mentis, que significa “caminhos da inteligência”. (EYNG, 2012, p. 18). O currículo pode ser compreendido, ao mesmo tempo, como um conjunto de disciplinas, de forma restrita, e como uma trajetória histórica de um curso, programa ou indivíduo, de forma mais abrangente, indicando a dinâmica de sua constituição. Nesse sentido, no que se refere ao processo de aprendizagem, a autora Eyng (2012) propõe que a expressão currículo se refira aos caminhos que o aprendiz percorre em sua formação. O currículo também pode ser definido como uma solução prática para uma situação educativa específica, caracterizada pela provisoriedade, desafio que parece adequar-se às concepções que circulam no campo do currículo para o contexto atual. O seu emprego no âmbito educacional, segundo Hamilton (1991, p. 197-205, apud SAVIANI, 2003), data o fim do século XVI, no contexto da Reforma Protestante, possivelmente na Universidade de Leiden (Holanda). Naquele momento, o termo curriculum teria sido empregado para imprimir maior rigor à organização do ensino, especialmente o universitário. Assim, a origem do currículo está associada ao controle do processo educacional e à ideia de formalização e eficiência do ensino. Ao recorrermos aos diversos autores e pesquisadores como: Candau; Moreira, (2007); Silva, (2010); Moreira; Silva, (2011) entre outros, que se dedicaram ao estudo do currículo, concluímos que esse termo recebeu diferentes conceituações e apreensões quanto ao seu significado ou função ao longo da história, os quais variam conforme os contextos históricos e culturais em que estão situados. Assim, segundo D. Paula e R. Paula (2016, p. 18) afirmam que o termo currículo é “polissêmico” e que, muitas vezes, “não há consenso entre tais conceituações, sendo que essas remetem a diferentes concepções, valores, interesses e intenções, os quais implicam diretamente na prática pedagógica”. Candau e Moreira (2007, p. 18) apresentam algumas das conceituações dadas ao currículo nas diferentes épocas e contextos: “listagem de conteúdos; experiências de aprendizagens escolares; planos pedagógicos; objetivos do processo de ensino; processos de avaliação que influem nos conteúdos e nos procedimentos metodológicos”. Dessa forma, cabe ao professor conhecer tais conceituações de maneira contextualizada, não com a finalidade de elucidar o verdadeiro conceito de currículo ou de eleger o melhor conceito, mas compreender como o currículo tem sido definido pelos diferentes autores e teorias e, assim, ter condições para avaliar quais dessas conceituações melhor atendem às necessidades do contexto educativo em que está inserido. Para isso, faz-se necessário recorrer aos estudos desenvolvidos pelas teorias do campo do currículo. REFLITA Caro(a) estudante, você já parou para refletir sobre as seguintes questões: O que a escola precisa ensinar? Como deve ensinar? Por que deve ensinar? Embora essas questões permeiem o contexto educacional atual, você sabia que elas não são novas? Tais questões desafiaram professores de outros momentos históricos, o que motivou a constituição de um campo de estudos específico para refletir sobre elas. Professores de diferentes épocas e lugares sempre estiveram envolvidos com o currículo, antes mesmo de esse termo ser empregado. No entanto, estudos e pesquisas especializados e específicos sobre o currículo surgiram pela primeira vez nos anos de 1920, nos Estados Unidos, em um contexto caracterizado pela massificação da escolarização em decorrência do processo de industrialização e dos movimentos migratórios. A emergência do currículo como campo de estudos está diretamente ligada à constituição de um grupo de especialistas, de disciplinas e departamentos sobre currículo ligados às universidades; à criação, pelo Estado, de setores especializados em currículo; a publicações, em revistas acadêmicas, sobre pesquisas e estudos a respeito da temática. Fonte: D. Paula e R. Paula (2016). #REFLITA# Mas, caro(a) estudante, pensando nas definições de currículocitadas, não podemos deixar de conhecer três aspectos relacionados à teorização e aplicação do currículo, segundo Ângulo Rasco e Blanco Garcia (1994) citados por Eyng (2012), sendo: a) o currículo como conteúdo; b) o currículo como planificação; e c) o currículo como realidade interativa. a) O currículo como conteúdo Entender o currículo como conteúdo é uma das formas mais usuais e historicamente mais relevantes que encontramos, no entanto, o entendimento do que seja o seu conteúdo tem uma variação muito grande. Pode significar o conteúdo da educação, isto é, o curso compreendendo a sequência e o conjunto de estudos que se há de seguir para adquirir uma educação. Também significa o conhecimento, o conteúdo de uma disciplina específica ou, ainda, o conteúdo da cultura socialmente construída. b) O currículo como planificação Entender o currículo como planificação significa assumi-lo como algo que está estabelecido, indicando os marcos a partir dos quais se desenvolverá a atividade educativa de uma escola. Ainda ele pode ser entendido como um conjunto organizado de intenções educativas e de instruções e também como o documento onde se apresentam tanto o que há de ser aprendido e ensinado, como os materiais e métodos de ensino. Convém alertar que a clareza da intencionalidade educativa é fundamental. c) O currículo como realidade interativa Entender o currículo como realidade interativa é assumi-lo como ente que comporta todas as experiências educativas sob responsabilidade da escola. Ou seja, o currículo é uma construção realizada na interação entre professores e alunos, e em geral na criação ativa de todos aqueles que direta ou indiretamente participam da vida da escola. (Aqui caro(a) estudante, se assemelha à visão de elaboração participativa do projeto pedagógico curricular da escola prevista na Lei n. 9.394/96). Nenhuma dessas concepções citadas acima e suas correspondentes projeções nos âmbitos da racionalidade, para Ângulo Rasco e Blanco Garcia (1994) citados por Eyng (2012, p. 25) “[...] tem de ser a única legítima ou a única digna de ser considerada, pois teríamos de aceitar, pelo contrário, que a análise, teorização, inovação e discussão sobre o currículo não podem prescindir de considerar as diversas concepções e projeções”. Portanto, “a indagação e a melhora do currículo dependem tanto do aprofundamento de cada concepção separadamente como do aperfeiçoamento das interações em que uma se entrelaça com a outra”. Para fecharmos este tópico não poderíamos deixar de trazer as concepções do autor Gimeno Sacristán (1995 citado por EYNG, 2012) sobre o currículo: 1) Currículo como fenômeno prático complexo - o currículo se “plasma” dentro de um sistema escolar concreto, é direcionado a professores e alunos determinados e é condicionado pelo contexto no qual é elaborado, desenvolvido e avaliado. São as múltiplas variáveis que interatuam no contexto que dão o significado ao currículo em termos de intenção, representação e ação. 2) Currículo como práxis - significa que muitos tipos de ações intervêm em sua configuração, que o processo tem lugar dentro de condições concretas, que se configura dentro de um mundo de interações culturais e sociais, que é um universo construído, não natural, e que essa construção não é independente de quem tem o poder para construí-la. Aqui caro(a) estudante, o autor assinala ainda que a construção do currículo, nessa perspectiva, não pode ser entendida separada das reais condições de seu desenvolvimento, considerando os condicionantes advindos dos contextos políticos, administrativos e pedagógicos. 3) Currículo como construção social - partir desse conceito que subsidia a escolaridade de conteúdos e orientações nos obriga a analisar os contextos concretos que lhe vão dando forma e conteúdo, antes de passar a ter alguma realidade como experiência de aprendizagem para os alunos. Essa análise deve, ainda, considerar a dinâmica do âmbito interno do sistema educativo com seus determinantes mais imediatos, até que seja convertido e “plasmado” de uma forma particular na prática pedagógica. 4) Currículo como construção da cultura - não se trata de uma ideia abstrata, pensar o currículo não como um conceito, mas sim como uma construção cultural que tem algum tipo de existência fora da experiência humana ou anterior a ela, mas sim de um modo de organizar uma série de práticas educativas. 5) Currículo como campo de investigação - requer concebê-lo como algo que mantém certas interdependências com outros campos da educação, o que exige uma perspectiva ecológica na qual o significado de qualquer elemento deve ser visto como algo em constante reconfiguração, em função das interdependências com as forças às quais está relacionado. 6) Currículo como guia de experiência - é entendido aqui como que o aluno obtém na escola e como o conjunto de responsabilidades da escola para promover uma série de experiências. Essas são proporcionadas consciente e intencionalmente, ou seja, são experiências de aprendizagem planificadas, dirigidas sob supervisão da escola, idealizadas e executadas na escola ou oferecidas por ela, com o intuito de se obter determinadas mudanças por ela, com o intuito de se obter determinadas mudanças nos alunos, ou, ainda, são experiências que as escolas utilizam com a finalidade de alcançar determinados objetivos. 7) Currículo como definidor dos conteúdos - é entendido como conceituação da educação mediante planos ou propostas, especificação de objetivos, reflexo da herança cultural, mudança de comportamentos e atitudes, programa da escola que contenha conteúdos e atividades, soma de aprendizagens ou resultados, ou todas as experiências que o aprendiz pode obter. 8) Currículo como conjunto de conhecimentos - é entendido ainda como conjunto de matérias, os quais devem ser superados pelo aluno dentro de um ciclo, nível educativo ou modalidade de ensino, é a concepção clássica e difundida. Ainda segundo Sacristán citado por Eyng (2012) faz apontamentos muito importantes para a construção de uma síntese reflexiva sobre a conceituação do currículo, indicando que devem ser considerados quatro aspectos em qualquer conceituação de currículo. Primeiro: o estudo do currículo deve servir para oferecer uma visão da cultura construída nas escolas, em sua dimensão oculta e manifesta, tendo em conta as condições em que se desenvolve. Segundo: trata-se de um projeto que só pode ser entendido como um processo historicamente condicionado, pertencente a uma sociedade, selecionado de acordo com as forças nela dominantes, mas não só com capacidade de reproduzir, senão também de incidir sobre essa sociedade. Terceiro: o currículo é um campo no qual interagem ideias e práticas. Quatro: como projeto cultural elaborado, condiciona a profissionalidade do docente e caracteriza-se como uma pauta com diferentes graus de flexibilidade, para que os professores possam intervir nele. 2 CURRÍCULO ESCOLAR O questionamento sobre o que ensinar nas escolas não é um debate que se limita aos muros da escola. Essa questão também está inserida nas políticas que direcionam e organizam a educação no Brasil. A Lei n. 9.394/1996 define as diretrizes e bases da educação nacional com base nos aspectos que devem ser seguidos por todas as escolas brasileiras. No que se refere ao currículo, podemos inicialmente pensar sobre o artigo 12 e 13, que enfatizam a responsabilidade dos estabelecimentos de ensino e dos professores em relação à elaboração e ao desenvolvimento das dimensões do planejamento educacional (proposta pedagógica e plano de trabalho), bem como os aspectos que organizam e definem o currículo escolar. Também destacam a participação de toda a comunidade escolar na construção, execução e avaliação das propostas pedagógicas. (BRASIL, 1996). Art.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009) VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12013.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12013.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12013.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13803.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13803.htm#art1 IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996). Aos analisarmos, caro(a) estudante, os arts. 12 e 13, podemos perceber que na lei garante maior autonomia aos docentes e às instituições na definição de seus currículos e nas formas de gestão escolar. Mas, caro(a) acadêmico(a) o que é proposta pedagógica? Libâneo (2004, p. 151) define o projeto pedagógico como aquele que se consolida em um “documento que detalha objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a ser desenvolvido na escola, expressando a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino e os propósitos e expectativas da comunidade escolar”. De certo modo, o projeto pedagógico curricular é a expressão da cultura da escola. O projeto, portanto, orienta a prática de produzir uma realidade: “conhece-se a realidade presente, reflete-se sobre ela e traçam- se as coordenadas para a construção de uma nova realidade, propondo-se as formas mais adequadas de atender às necessidades sociais e individuais dos alunos”. (LIBÂNEO, 2004, p. 151). A elaboração da proposta pedagógica é pontuada como tarefa dos professores que fazem parte do estabelecimento de ensino. Muito embora cada escola possa elaborar sua proposta, esta deve atender às exigências legais. Caro(a) estudante, que exigências são essas? http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13840.htm#art17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13840.htm#art17 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (BRASIL, 1996) define que: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. [...] Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. [...] Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) [...] Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. Na LDBEN (BRASIL, 1996) podemos identificar os delineamentos gerais para a organização do trabalho pedagógico nas escolas. No artigo 27 desta lei, que trata da educação básica, podemos destacar as seguintes diretrizes no que se refere aos conteúdos dos currículos escolares da educação básica. Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais. (BRASIL, 1996). “É possível observar o perfil de ser humano desejado na lei, um cidadão que atenda às necessidades da sociedade capitalista e que seja bem preparado para suprir as demandas do mercado”. (LIMA; ZANLORENZI; PINHEIRO, 2012, p. 166). A LDBEN, no artigo 30 (BRASIL, 1996) também define as orientações para a educação infantil, deixando claro que esta tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança e será oferecida em creches, para crianças de até três anos de idade e pré- escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Já no ensino fundamental, o objetivo é delineado para a formação do cidadão, com duração de 9 (nove) anos e com os seguintes objetivos: Art. 32. [...] I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
Compartilhar