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PSICOLOGIA EDUCACIONAL I!"#$%&'()*+ # I!%#,"#!)*+ #- P+,%.'(/ Título – Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal Coordenação – Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos ISBN 978 -989 -8878 -33 -5 1.ª Edição, Lisboa, setembro de 2020 Coisas de Ler Edições, Lda. www.coisasdeler.pt editorial@coisasdeler.pt Este trabalho é 0nanciado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do CICPSI (UIDP/04527/2020). Por vontade expressa, de uma parte dos Autores, este livro não respeita o Acordo Ortográ0co de 1990. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida sob a presente forma sem autorização prévia e escrita do editor. Exceptua -se naturalmente a transcrição de pequenos textos ou passagens para apresentação ou crítica do livro. Esta excepção não deve de modo nenhum ser interpretada como sendo extensiva à transcrição de textos em recolhas antológicas ou similares donde resulte prejuízo para o interesse pela obra. Os transgressores são passíveis de procedimento judicial. Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos PSICOLOGIA EDUCACIONAL I!"#$%&'()*+ # I!%#,"#!)*+ #- P+,%.'(/ Livros da coleção «Olhar» 1. Olhares sobre a Conjugalidade | Isabel Narciso; Maria Teresa Ribeiro 2. Frutos de Amor – Quando Dois Passam a Três | Patrícia Pereira 3. O Idoso Institucionalizado | Sandra Cardão 4. A Personalidade nas Perturbações de Pânico | Ana Margarida de Faria e Silva 5. A Doença Oncológica na Criança | Marta Isabel Oliveira Araújo 6. Vidas Depois da Reforma | Esmeraldina Veloso 7. Adaptação e Bem-Estar nas Escolas Portuguesas: dos Alunos aos Professores | Alexandra Marques Pinto; Luís Picado 8. Os Meus Pais Já Não Vivem Juntos – Intervenção em Grupo com Crianças e Jovens de Pais Divorciados | Nelly Almeida e Susana Monteiro 9. Envelhecimento e Cuidados Domiciliários em Instituições de Solidariedade Social | Maria Irene Lopes B. de Carvalho 10. Manual de Procedimentos de Atendimento à Vítima | Coordenação: Susana Monteiro; Cristina Soeiro 11. As Novas Famílias do Séc. XXI | Adalberto Faria 12. Viver num Lar de Idosos – Identidade em Risco ou Identidade Riscada | Joana Guedes 13. Relações Trabalho – Família e Género: Caminhos para a Conciliação | Cláudia Andrade 14. Filho És, Pai Serás… Cuidar de Pessoas Idosas em Contexto Familiar | Luísa Pimentel 15. Nascidos Digitais, Novas Linguagens, Lazer e Dependências | Coordenação Margarida Matos; Mafalda Ferreira 16. O Jogo nas Crianças Autistas | Ana Saldanha 17. A Excelência no Desporto | Daniela de Matos 18. Terapias Existenciais | Mick Cooper 19. Cuidar de Idosos – Uma Prática Co -Construída | Rosa Carvalhal 20. Cenários Psicanalíticos do Trauma | Richard Raubolt 21. Terapia Metacognitiva Interpessoal nas Perturbações da Personalidade | Giancarlo Dimaggio e outros 22. Terapia Focada nas Emoções | Leslie S. Greenberg 23. Fragilidade nos Idosos | Mafalda Duarte 24. Sair Bem – Médicos e Enfermeiros nos Trajetos Finais das Suas Vidas Pro!ssionais | Marianela Ferreira 25. A Dor – Uma Visão Multidisciplinar | Coordenação: Nuno Barata 26. Família, Escola e Sucesso Escolar | Maria do Sameiro Araújo 27. Promoção da Parentalidade Positiva | Ana Isabel Pereira; Ana Rita Goes; Luisa Barros 28. Anim’arte | Nuno Queirós 29. Envelhecendo e Aprendendo – Aprendizagem ao Longo da Vida no Processo de Envelhecimento Ativo | Coord. Luísa Pimentel, Sara Mónico Lopes e Susana Faria 30. Avaliação e Promoção de Competências Socioemocionais em Portugal | Coord. Alexandra Marques Pinto e Raquel Raimundo 31. As Vísceras da Mente – Silabário emocional e narrações | Antonino Ferro 32. Intervenção em Contextos Socioculturais e Educativos | Coordenação Ana Fontes, Jenny Sousa, Maria São Pedro Lopes e Sara Mónico Lopes 33. Cuidados e Envelhecimento – Perspetivas da Enfermagem | Coordenação Isabel Lage 34. Animar com Sentimentos | Nuno Queirós 35. Terapia dos Sistemas Familiares Internos – Inovações e Elaborações | Coord. Martha Sweezy e Ellen L. Ziskind ÍNDICE INTRODUÇÃO PARTE I: APRENDIZAGEM EM CONTEXTOS EDUCACIONAIS CAPÍTULO 1: Estratégias de auto -regulação na composição escrita em português: Um estudo intercultural Anabela Malpique e Ana Margarida Veiga Simão CAPÍTULO 2: Regulação da motivação: Avaliação e promoção da dimensão motivacional da aprendizagem auto -regulada – contributos de alunos e professores Paula Paulino e Adelina Lopes da Silva CAPÍTULO 3: A mais velha pro0ssão do mundo: Estratégias de auto -regulação emocional e satisfação com a vida em actores Carla Maria Andrino Pacheco Teixeira e Maria Isabel Real Fernandes de Sá CAPÍTULO 4: Promover a auto -regulação da aprendizagem em ambientes apoiados pela tecnologia: O registo digital do processo de aprendizagem Paula Ferreira, Ana Margarida Veiga Simão e Adelina Lopes da Silva CAPÍTULO 5: A resolução de problemas: Etapas preditoras de um desempenho pro0ciente Filipa Cláudia Oliveira Luís e Ana Cristina Ferreira de Almeida 7 29 55 83 113 139 PARTE 2: PSICOLOGIA VOCACIONAL CAPÍTULO 6: Dinâmicas de proatividade na gestão de carreira e no emprego: O efeito do sexo e dos padrões motivacionais Raquel Azevedo Freitas e Joaquim Armando Ferreira CAPÍTULO 7: Trajectórias (des)adaptativas de tomada de decisão de carreira: Modelo concetual e implicações psicoeducativas Pedro Cordeiro, Maria Paula Paixão e Victor Ortuño PARTE 3: PROMOÇÃO DA SAÚDE E DO BEM -ESTAR CAPÍTULO 8: Avaliação da e0cácia e da qualidade de implementação do programa de aprendizagem socioemocional «viver as emoções» Nádia Salgado Pereira e Alexandra Marques Pinto CAPÍTULO 9: Factores promotores de bem -estar na relação conjugal: Percurso de investigação e proposta de abordagem psico -educativa Susana Costa -Ramalho, Alexandra Marques Pinto e Maria Teresa Ribeiro CAPÍTULO 10: O uso do preservativo em jovens heterossexuais masculinos: Estudo dos seus preditores e de uma intervenção online adaptada a diferentes estádios de mudança Telma Carvalho e Maria João Alvarez SOBRE OS ORGANIZADORES E AUTORES REVISORES 171 205 241 269 295 325 335 7 INTRODUÇÃO O desenvolvimento do 3.º ciclo de estudos nas instituições de Ensino Superior portuguesas é uma orientação clara dada às universidades e a promoção de programas de investigação e de pós -graduação constitui uma das principais recomendações para a modernização das universidades. A presente obra tem como principal objectivo dar a conhecer a investigação e a intervenção em Psicologia Educacional desenvol- vidas no âmbito do Programa de Doutoramento Interuniversitário em Psicologia, especialidade em Psicologia da Educação. Criado em 2008, constitui o primeiro programa colectivo de estudos de doutoramento oferecido nesta área em Portugal, sendo também pioneiro na associação entre as Universidades de Coimbra e de Lisboa numa formação pós -graduada neste domínio. O programa doutoral é uma iniciativa conjunta da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e tem ajudado a consolidar a Psicologia Educacional como área de especialização no contexto de ambas as instituições e permitido o desenvolvimento da formação especializada sobretudo de psicólogos educacionais, mas também de professores e de outros pro0ssionais de saúde, através de projectos de investigação e inovação nesta área. No programa têm colaborado várias equipas europeias e norte -americanas, nomeadamente da Universidade Livre de Berlim, da Universidade Técnica de Darmstadt, da Universidade Católica de Lovaina, da Univer- sidade Autónoma de Barcelona e da State University de Nova Iorque Albany, cuja colaboração tem incentivado à mobilidade dos estudantes e internacionalizado a formação e as publicações resultantes. 8 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal A necessidadede formação especializada no domínio da Psicologia da Educação é particularmente premente no actual panorama português, em face da exigência e da aposta na melhoria da preparação académica dos estudantes; na preparação dos professores para fazerem face aos novos desa0os colocados à escola por uma sociedade em mudança; no impulso à quali0cação da população portuguesa, através da diminuição dos níveis de insucesso e abandono escolar e do incentivo ao prosse- guimento dos estudos numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida; e nas novas responsabilidades da escola que envolvem a adopção de medidas relativas à promoção da saúde global da população, através da educação para a saúde em meio escolar e noutros contextos educativos. Os modelos contemporâneos sobre a intervenção em Psicologia da Educação (e.g., Adelman & Taylor, 2008) recomendam que os psicólogos educacionais disponibilizem uma ampla variedade de serviços para diversos contextos educacionais. Os múltiplos serviços devem ajudar os sistemas a remover muitas das barreiras à aprendizagem e melhoria da educação do indivíduo, a providenciar competências para a gestão de carreiras que o ajude a adaptar -se a transições voluntárias e involuntárias com que se defrontará ao longo da vida e a promover o desenvolvimento de estilos de vida saudáveis que possam contribuir para comportamentos mais seguros e afectar positivamente a sua saúde e bem -estar. De acordo com uma das principais premissas da Rede Europeia de Psicólogos no Sistema Educacional (!#1#$, 2010) que a0rma que a Psicologia da Educação está numa posição privilegiada para estabelecer relações e articular os sistemas educativo, de saúde, de emprego e social mais amplo de modo a promover o desenvolvimento e bem -estar dos aprendentes ao longo da vida, o Programa explora, em consonância, três áreas principais de necessidades sentidas pelos contextos educativos. A aprendizagem em contexto educacional, contemplando a aprendi- zagem ao longo da vida com vista ao desenvolvimento de processos de adaptação mais e0cazes; a construção de projectos vocacionais numa perspectiva de desenvolvimento pessoal, de aprendizagens signi0cativas e de adaptação face à mudança e; a promoção da saúde e do bem -estar para a adopção de estilos de vida mais saudáveis, a que psicólogos educacionais, professores e outros agentes educativos são já, e continuarão a ser no futuro, solicitados a dar respostas adequadas 9 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos e inovadoras. Esta amplitude de serviços que pode ser disponibi- lizada envolvendo a prevenção, a avaliação e a intervenção ao nível da sociedade, do sistema, do grupo e do indivíduo vai ao encontro de uma abordagem teórica, metodológica e técnica ampla, transpondo uma visão restrita e, de algum modo, desactualizada sobre o âmbito actual da Psicologia da Educação (!#1#$, 2010). Os estudos apresentados têm interesse do ponto de vista da investigação e procedimentos desenvolvidos, bem como dos produtos aplicados a que deram origem. Deste modo, esta obra constitui -se como um instrumento e recurso para investigadores, académicos e pro0ssionais, dirigindo -se a um público especialista, mas também a estudantes, de mestrado e de doutoramento, interessados no domínio da Psicologia da Educação. Os capítulos versam sobre investigação decorrente dos doutoramentos defendidos até 0nal de Janeiro de 2016 no âmbito do Programa e os grupos de investigação criados nos últimos anos são um dos resultados da dinâmica desenvolvida. Um dos grupos de investigação, Psicologia da Educação e da Orientação, integrado no Centro de Investigação em Ciência Psicológica da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, foca -se na auto -regulação da aprendizagem (programa 1#((,) numa abordagem teórica sócio cognitiva (Zimmerman, 2013), na carreira, transição e desenvolvimento vocacional e pro0ssional (Avila, Veiga Simão, & Frison, 2016; Barros, 2015; Barros & Veiga Simão, 2018) e no cyberbullying (Ferreira, Veiga Simão, Ferreira, Souza, & Francisco, 2016; Francisco, Veiga Simão, Ferreira, & Martins, 2015; Souza, Veiga Simão, Ferreira, & Ferreira, 2017) em contextos socioeducativos, onde iniciou recentemente um projecto sobre a regulação do comportamento através da linguagem no cyberbullying, 0nanciado pela 23%. A investi- gação conduzida tem mostrado que os modelos de auto -regulação da aprendizagem apelam para um conjunto de dimensões metacognitivas, motivacionais (ver capítulo 1, 2 e 3), emocionais e comportamentais em interacção constante entre si e com o contexto educativo, actuando directamente no acto de aprender. A0rma, igualmente, o papel activo que o aprendente desempenha na mobilização dos processos envolvidos nas suas aprendizagens (ver capítulo 4), o grau de regulação que pode exercer sobre os mesmos e sobre o contexto educativo, ao aproveitar 10 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal as oportunidades que este lhe pode proporcionar para o desenvolvi- mento de competências auto -regulatórias. Tem mostrado, igualmente, o papel do contexto educativo na criação de condições favoráveis ao estímulo das competências auto -regulatórias dos educandos. Alguns trabalhos têm -se centrado também numa linha de investigação sobre Abordagens à Aprendizagem e ligam -se ao Programa de Investigação em Concepções de & Abordagens à Aprendizagem (Duarte, 2001). Este programa tem por objectivos contribuir para testar a replicação da teoria $(/ – Student Approaches to Learning, assim como inovar essa mesma teoria. O programa desenvolve -se tanto numa lógica de pesquisa fundamental (descrever e explicar as representações dos estudantes sobre a aprendizagem, as suas motivações e as estratégias que utilizam para aprender) como numa lógica de investigação aplicada (desenvolver e testar procedimentos de intervenção sobre aquelas variáveis). Uma outra linha de investigação centra o seu objecto de estudo em Investigar as Di0culdades para promover a Evolução na Aprendizagem e deu origem ao Programa &4#(. Outro grupo de investigação, constituído fundamentalmente por docentes e investigadores da Universidade de Coimbra, alguns dos quais integrados no grupo de Investigação 3 (Neurociências, Neuropsi- cologia e Avaliação Cognitiva) do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo -Comportamental (3&!#&33), tem -se dedicado à investigação sobre a aprendizagem de áreas como a leitura e a escrita (Figueira, 2016), com destaque para a identi0cação das variáveis preditoras de diferentes dimensões da leitura e da ortogra0a (Albuquerque, 2012a; 2017), a compreensão e a composição de textos (Festas et al., 2015). Ainda neste domínio, outro foco de investigação tem sido o estudo do per0l neuropsicológico das crianças com Pertur- bação Especí0ca da Aprendizagem da Leitura – Dislexia de Desenvolvi- mento (Moura, Simões, & Pereira, 2015a; Moura, Simões, & Pereira, 2015b). As trajectórias desenvolvimentais das pessoas com Necessi- dades Educativas Especiais, em particular com Di0culdades Intelec- tuais (Albuquerque, 2012b) e com Características de Sobredotação e Talento (Pereira & Almeida, 2010) constituem outro foco deste grupo. Uma terceira linha de investigação centra o seu objecto de estudo na resolução de problemas (Almeida, 2011). Num quadro teórico cogniti- 11 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos vista e segundo modelos prescritivos de orientação sócio constructivista tem -se desenvolvido o estudo de processos de resolução de problemas ou heurísticas que (com)prometem a aprendizagem, privilegiando modalidades de avaliação dinâmica ou interactiva e media(tiza)ção ou sca"olding, de inspiração Vygotskiana (Almeida, 2012) na apreciação do potencial de aprendizagem (ver capítulo 5). A aprendizagem baseada em problemas e a aprendizagem baseadaem jogo constituem outros enfoques da investigação nesta linha (Almeida & Moreira, 2014). No âmbito do desenvolvimento vocacional e social, um grupo de investigação, Transições Psicossociais, integrado na unidade de investi- gação e desenvolvimento, Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvol- vimento Humano e Social da Universidade de Coimbra/Fundação para a Ciência e a Tecnologia, tem desenvolvido um trabalho de pesquisa interdisciplinar e internacional adentro de um paradigma contextualista -desenvolvimentista, cuja matriz teórica tem aí sido produzida (Vondracek, Ferreira, & Santos, 2010). Ao nível do sistema cognitivo têm -se elaborado vários estudos sobre o processamento neuropsicológico da informação ocupacional (e.g., Haase, Ferreira, Fernandes, Santos, & LaRae, 2016; Haase et al., 2011, 2014), que se mostram bastante úteis em termos da avaliação psicológica de carreira em contextos de grande complexidade vocacional. Ao nível da indecisi- vidade e indecisão vocacional de adolescentes e adultos emergentes têm sido igualmente desenvolvidos vários estudos (Santos & Ferreira, 2012; Santos & Ferreira, 2015; Santos, Ferreira, & Gonçalves, 2014). Articu- lando as dimensões da educação, do trabalho e do bem -estar, nomeada- mente, aplicadas a contextos de desemprego e outras problemáticas sociais, este grupo tem produzido diversos estudos que enfatizam a visão ecossistémica e longitudinal que lhe subjaz (ver capítulo 6; Almeida, Santos, Albuquerque, & Ferreira, 2013; Ferreira et al., 2015; Ferreira, Santos, Fonseca, & Haase, 2007). No sentido da inovação das respostas psicossociais à questão da precarização do trabalho e das carreiras, este grupo iniciou recentemente um projecto internacional dedicado à problemática do decent work (Du5y et al., 2017). 12 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal No domínio do desenvolvimento vocacional outro grupo de investi- gação, pertencente ao 3&!#&33, unidade de I &D da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, tem -se dedicado ao estudo das relações entre factores motivacionais e o desenvolvimento académico e de carreira ao longo do ciclo de vida, embora com um enfoque particular na adolescência e na jovem adultez, recorrendo à organização de estudos longitudinais. De entre os factores motivacionais considerados, tem -se procurado estudar o impacto de modelos multidimensionais da perspectiva temporal e da perspectiva temporal de futuro no desenvol- vimento de carreira em jovens a frequentar o ensino secundário, em diferentes tipos de percursos educativos e no processo de desenvol- vimento humano (Duarte, Paixão, & Silva, 2018; Duarte, Silva, & Paixão, 2017; Duarte, Silva, & Paixão, 2017; Ortuño, Janeiro, Paixão, Esteves, & Cordeiro, 2017). Tem sido objecto de estudo, de igual modo, o impacto de factores cognitivo -motivacionais decorrentes da teoria da autodeterminação e da teoria sócio cognitiva de carreira nos processos de tomada de decisão de carreira em estudantes do ensino secundário em processo de transição do ensino secundário para o ensino superior (ver capítulo 7; Cordeiro, Paixão, Lens, Lacante, & Luyckx, 2015). Neste âmbito tem vindo a ser analisado o papel mediador da satisfação e frustração das necessidades psicológicas, bem como da auto e0cácia para a tomada de decisão (Cordeiro, Paixão, Lens, Lacante, & Luyckx, 2016, 2018), não apenas no trajecto decisional, como no ajustamento emocional destes jovens. O impacto do contexto parental nos trajectos «bright» (expressando funcionamento saudável e bem -estar) e «dark» (expressando funcionamento esquemático e mal -estar) foi identi0cado e caracterizado (Cordeiro, Paixão, & Lens, 2015; Cordeiro, Paixão, Lens, Lacante, & Ortuño, 2016). 13 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos Integrada no Centro de Investigação em Ciências Psicológicas da Universidade de Lisboa / Fundação para a Ciência e Tecnologia, uma outra linha de investigação tem -se dedicado ao estudo das componentes cognitivas, motivacionais e atitudinais do comportamento vocacional (Barros, 2015a; Janeiro, 2010; Lopes & Teixeira, 2012; Teixeira, 2017), às diferentes estratégias de coping vocacional (Janeiro & Marques, 2010), à adaptabilidade na carreira e sua relação com o bem -estar subjectivo, integração escolar e transições de carreira (e.g., Barros & Veiga Simão, 2018; Janeiro, Duarte, Araújo, & Gomes, 2017; Teixeira & Costa, 2017). Integrada nas perspectivas construtivistas, contextualistas e sócio cognitivas, esta linha de investigação procura ainda analisar o impacto dos processos interpretativos, narrativos e de aprendizagem no desenvol- vimento de carreira em diferentes grupos e idades (e.g., Cardoso Taveira, & Teixeira, 2015; Cardoso et al., 2016; Laranjeira & Teixeira, 2016; Reis & Janeiro, 2016; Teixeira & Bardagi, 2015). Nesta linha de investigação são ainda salientes os estudos para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação com relevância para o processo de aconselhamento vocacional em contexto educacional (Barros, 2015b; Janeiro, 2011; 2012; Soares & Janeiro, 2015; Teixeira & Laranjeira, 2018; Laranjeira & Teixeira, 2018; Ortuño, Paixão, & Janeiro, 2017), assim como a concepção e avaliação de intervenções vocacionais em contexto educacional (Cardoso, Janeiro, & Duarte, 2017; Janeiro, Mota, & Ribas, 2014; Teixeira & Calado, 2010; Faria & Teixeira, 2014). No âmbito da promoção da saúde e do bem -estar, um grupo de investigação criado recentemente, Health Education Lab (HEAVEN), tem já algumas linhas de pesquisa bem estabilizadas e outras em desenvol- vimento, vocacionadas para o contributo da educação para a saúde na promoção de estilos de vida saudáveis e na prevenção de riscos relacionados. As principais características inovadoras das investigações desenvolvidas respeitam aos contributos dos preditores cognitivos, sociais e comportamentais para a identi0cação dos mecanismos psicológicos, motivacionais e volitivos, envolvidos na mudança de diversos compor- tamentos de saúde. As linhas de pesquisa envolvem os comportamentos sexuais de risco e a saúde sexual, bem como a e0cácia de intervenções breves para a protecção sexual (ver capítulo 10, Carvalho, Alvarez, Barz, & Schwarzer, 2015). Outras linhas de investigação dizem respeito ao 14 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal comportamento alimentar e à sua monitorização para o aumento do consumo de frutas e vegetais (Godinho, Alvarez, Lima, & Schwarzer, 2014), a pertinência das variáveis psicossociais para este consumo (Godinho, Alvarez, & Lima, 2013) e o seu impacto na construção de mensagens de saúde (Godinho, Alvarez, Lima, & Schwarzer, 2015; Godinho, Alvarez, & Lima, 2016; Godinho, Updegra5, Alvarez, & Lima, 2017) e, ainda, a promoção da higiene oral na qual se tem procurado demonstrar o papel das novas tecnologias na adopção do uso de 0o dentário e os processos psicológicos subjacentes (Araújo, Alvarez, Godinho, & Pereira, 2016). Outro grupo de investigação tem -se centrado na promoção do bem -estar, dedicando -se à concepção, implementação e avaliação da e0cácia de programas de promoção de competências sócio emocionais (3($#/, 2003, 2015) em alunos do pré -escolar (Correia & Marques- -Pinto, 2016a, 2016b), primeiro ciclo (Carvalho, Marques -Pinto, & Marôco, 2017; Raimundo, Marques -Pinto, & Lima, 2013) e segundo e terceiro ciclos (ver capítulo 8; Pereira & Marques -Pinto, 2017a, 2017b, 2018), adoptando abordagens como a mindfulness (Carvalho, Marques- -Pinto, & Marôco, 2017) e a Dança Educacional (Pereira & Marques- -Pinto, 2017a) e realizando estudos de instrumentos para avaliação da e0cácia dos programas na promoção de competências sócio emocionais (Correia, Marques -Pinto, & Roberto, 2016; Pereira & Marques -Pinto, 2017c; Raimundo, Carapito, Pereira, Marques -Pinto, Lima, & Ribeiro, 2012), adaptação escolar (Correia & Marques -Pinto, 2017) e bem -estar(Carvalho, Pereira, Marques -Pinto, & Marôco, 2016). Outros projectos têm investigado o burnout e engagement em estudantes dos ensinos secundário e superior (Cadime, Lima, Marques -Pinto, & Ribeiro, 2016) e seu valor explicativo no bem -estar subjectivo e resultados escolares (Cadime, Marques -Pinto, Lima, Rego, Pereira, & Ribeiro, 2016). Com professores têm -se desenvolvido intervenções baseadas em mindfulness tendo em vista a promoção das suas competências sócio emocionais e avaliando os efeitos destas intervenções no bem -estar dos professores, no clima de sala de aula e no bem -estar e desempenho dos alunos (Projecto Efeitos de uma intervenção baseada em Mindfulness para profes- sores: Um estudo sobre os resultados dos professores e dos alunos, Fundação 6&(/ – 114/16). Com casais tem -se estudado o savoring (ver capítulo 9; 15 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos Costa -Ramalho, Marques -Pinto, Ribeiro, & Pereira, 2015) e o coping, diádico (Costa -Ramalho, Marques -Pinto, & Ribeiro, 2017; Vedes et al., 2016) e conjugal prospectivo (Costa -Ramalho, Marques -Pinto, & Ribeiro, 2016), e seus impactos no bem -estar pessoal e conjugal; e ainda o compromisso conjugal e qualidade relacional (Pego -Monteiro, Costa -Ramalho, Ribeiro, & Marques -Pinto, 2015). O livro organiza -se em três partes correspondentes às três áreas principais do programa e investigação desenvolvida, a Aprendizagem em Contexto Educacional, o Desenvolvimento Vocacional e Pessoal e a Educação para a Saúde e para o Bem -estar. Na primeira parte desta obra apresentam -se cinco estudos, quatro relativos à auto -regulação da aprendizagem como um processo multidi- mensional e cíclico em jovens do Ensino Básico e em adultos, tendo como objectivo transversal a todos os estudos a construção e validação de instrumentos de avaliação necessários ao estudo empírico das variáveis analisadas, e um relativo à resolução de problemas em matemática em jovens do Ensino Básico. Esta primeira parte abre com o capítulo 1 de Anabela Malpique e Ana Margarida Veiga Simão com um estudo intercultural sobre a utilização de diferentes estratégias de auto -regulação para a escrita (e.g., contex- tuais, comportamentais e pessoais) por parte de estudantes Portugueses e Brasileiros do 9.º ano do Ensino Básico. Descrevem a construção e validação do Questionário de Estratégias de Auto -regulação para Tarefas de Escrita Escolares (7#(,%##), partindo de um modelo sociocognitivo para a auto -regulação da escrita. Por 0m, expõem argumentos sobre a importância de realizar investigação empírica para desenvolver e validar práticas e0cazes para o ensino da escrita em Portugal, atribuindo particular atenção à relevância de investigação contextual e intercul- tural sobre a auto -regulação na escrita, sobre o ensino da escrita, bem como sobre a promoção da auto -regulação na escrita, em contexto escolar. No capítulo 2, Ana Paula Paulino e Adelina Lopes da Silva, no âmbito da regulação da metamotivação, analisam crenças e estratégias motivacionais dos aprendentes e dos professores, enquanto elementos privilegiados do contexto de aprendizagem. Realizam dois estudos para construir, desenvolver e validar a Escala de Auto -regulação da Motivação para a Aprendizagem (#(-() para estudantes do 3.º Ciclo de 16 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal Escolaridade e para conhecer e discutir as crenças dos professores acerca da motivação dos alunos e das estratégias que consideram poder utilizar para intervir. Estes estudos acrescentam informação sobre a regulação da motivação da aprendizagem e contribuem para aumentar o conheci- mento sobre algumas das características do contexto no qual decorre o processo de regulação da aprendizagem e da motivação. Por seu turno, no capítulo 3, Carla Andrino e Isabel Sá fazem uma incursão no envolvimento emocional dos actores na interpretação da personagem à luz das estratégias de auto -regulação emocional e da satisfação com a vida. Realizam dois estudos, um com entrevistas de profundidade e outro quantitativo, para analisar a relação entre as estratégias de auto -regulação emocional utilizadas no dia -a -dia e o seu impacto na satisfação com a vida e concluem que os actores recorrem a estratégias de regulação emocional adaptativas como o autocontrolo emocional, os rituais e a reavaliação cognitiva. Propõem a elaboração de módulos de aprendizagem para actores com o objectivo de promover uma e0caz auto -regulação emocional. No capítulo 4, Paula Costa Ferreira, Ana Margarida Veiga Simão e Adelina Lopes da Silva apresentam um estudo sobre a promoção da auto -regulação da aprendizagem em ambientes apoiados pela tecnologia com alunos do 4.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico. A investigação recorre a um desenho quase -experimental com um grupo experimental (com treino e tecnologia) e dois grupos de controlo (um, com treino mas sem tecnologia e outro sem treino) e utiliza dados provenientes das observações e registo digital e dos instru- mentos construídos e validados para esta investigação, a saber a Escala de Consciência Metacognitiva na Infância (3(%+-) e o diário de aprendi- zagem auto -regulada (4+'$ -,/), com o objectivo de estudar a forma como os alunos re8ectem e podem regular a sua aprendizagem. O estudo insere -se numa perspectiva promocional, procurando construir novas ferramentas para envolver os jovens na aprendizagem de competências escolares e de auto -regulação da aprendizagem, inscritas no currículo e essenciais para o seu desempenho escolar. Por 0m, no capítulo 5, Filipa Luís e Ana Cristina Almeida abordam o tema da resolução de problemas. Apresentam uma investigação quase -experimental com um programa de treino cognitivo de resolução de problemas para alunos dos 6.º e 8.º anos do Ensino Básico. Concluem ser a compreensão uma 17 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos etapa crítica na predição da capacidade de um aluno resolver problemas e nas situações em que há uma compreensão parcial ganham relevância as etapas de plani0cação e veri0cação, o que evidencia o fenómeno de interdependência e compensação entre etapas. O desenvolvimento vocacional e pessoal é uma importante área de investigação da Psicologia Educacional e dedica -se ao estudo dos processos psicológicos e das dimensões comportamentais que contribuem para a promoção do desenvolvimento integral do indivíduo e dos sistemas envolventes. Especi0camente, contribui para o estudo dos processos envolvidos na construção de projectos vocacionais numa perspectiva de desenvolvimento pessoal, de aprendizagens signi0cativas e de adaptação face à mudança. Na segunda parte desta obra encontramos dois estudos que investigam os processos cognitivo -motivacionais envolvidos nas transições de carreira e no desenvolvimento das competências requeridas para a adaptação bem -sucedida a contextos de formação e de trabalho, num enquadramento de imprevisibilidade e de mudança. No capítulo 6, Raquel Azevedo Freitas e Joaquim Armando Ferreira apresentam -nos um estudo sobre a in8uência do sexo e dos padrões motivacionais de população desempregada, 900 indivíduos de ambos os sexos, na procura de reinserção pro0ssional, designadamente na intensidade de procura, nas competências de empregabilidade e no conforto ao recurso da rede social/familiar no âmbito da procura de emprego, deixando -nos importantes indicadores para a optimização da gestão de carreira e procura de reinserção pro0ssional por parte dos indivíduos desempregados. No capítulo 7, Pedro Cordeiro, Paula Paixão e Victor Ortuño deixam -nos um estudo compreensivo acerca da forma como as variáveis contextuais, cognitivas e motivacionais se articulam para predizer trajectórias de decisão de carreira e ajustamento em adolescentes em transição do ensino secundário para ensino superiorou mercado de trabalho. Trata -se de um estudo longitudinal, envolvendo jovens do 12.º ano de escolas do Ensino Secundário português, no qual se avaliaram diversos constructos, tais como as crenças de auto -e0cácia de carreira, o processamento esquemático, os processos de exploração e tomada de decisão de carreira, a regulação do compromisso de carreira e o bem/mal -estar psicológico dos jovens, entre outros. Os dados 18 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal parecem indicar a existência de duas trajectórias de desenvolvimento da identidade de carreira e ajustamento substantivamente distintas. Uma primeira essencialmente autodeterminada e uma segunda mais controlada e disfuncional. Este argumento, apesar de relativamente especulativo, estende a distinção feita pela Teoria da Autodeterminação acerca da existência de trajectórias «bright» e «dark» de desenvolvi- mento, ao domínio do desenvolvimento de carreira. Sugere igualmente a necessidade de diferenciar intervenções de natureza promocional e remediativa, em função do grau de autodeterminação dos processos de exploração e tomada de decisão vocacional dos jovens. Pensar a Psicologia da Educação integrando o domínio da educação para a saúde e para o bem -estar constitui uma proposta inovadora do Programa de Doutoramento Interuniversitário no qual os estudos que se seguem foram desenvolvidos. Tal proposta decorre da necessidade criada pelas novas responsabilidades dos contextos educativos na promoção da saúde global da população, através de programas promotores de saúde e preventores da doença, em especial, mas não limitados, ao meio escolar. Deste modo, o estudo das variáveis, processos e métodos que contribuem para optimizar a educação para a saúde e para o bem -estar realiza -se em diversas populações ao longo de todo o ciclo de vida e deixa contributos para populações quer de crianças, adolescentes, jovens adultos e adultos. Na terceira parte desta obra apresentam -se três estudos, um relativo ao desenvolvimento, implementação e avaliação de programas de promoção de competências sócio emocionais em crianças e jovens do 2.º e do 3.º ciclos, um outro referente ao desenvolvimento de um programa de educação conjugal para apoiar casais adultos na construção de relações saudáveis e satisfatórias e um outro sobre a promoção da protecção sexual entre jovens adultos do sexo masculino. 19 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos Esta terceira parte abre com o capítulo 8 de Nádia Salgado e Alexandra Marques Pinto sobre o estudo de avaliação da e0cácia e da implementação do programa de aprendizagem socioemocional, «Viver as Emoções», desenvolvido para jovens do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico português a partir de actividades de dança educacional do domínio da Educação pela Arte. Insere -se claramente numa perspectiva promocional, procurando novas ferramentas para envolver os jovens na aprendizagem de competências essenciais não só ao seu bem -estar emocional e social, mas também à sua realização académica. No capítulo 9 de Susana Ramalho, Alexandra Marques Pinto e Maria Teresa Ribeiro, as autoras rompem o tradicional foco do apoio ao casal e às famílias no âmbito clínico e alargam a sua proposta de intervenção ao desenvol- vimento de um programa de educação conjugal, cujo objectivo passa pelo apoio aos casais na construção de relações saudáveis e satisfatórias e na concretização dos seus objectivos relacionais numa perspectiva não apenas preventiva, mas também promocional. São apresentados diversos estudos empíricos sobre o papel do compromisso, família de origem e experiências emocionais positivas, entre outros, que culminam na proposta de um programa de educação conjugal «Nós e os laços», desenvolvido à medida da população portuguesa. Por 0m, no capítulo 10, Telma Carvalho e Maria João Alvarez apresentam estudos com o propósito de aprofundar o conhecimento em torno dos processos psicológicos envolvidos no uso do preservativo por parte de jovens adultos masculinos e da relevância de uma abordagem psicossocial para a compreensão deste comportamento. Inserida numa perspectiva preventiva, do "&9 e de outras infecções sexualmente transmissíveis, a investigação propõe -se contribuir para o desenho de intervenções educacionais online e0cazes neste domínio. 20 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal Referências A4#/-(!, H. S., & T(:/+,, L. (2008). School -wide approaches to addressing barriers to learning and teaching. In B. D+// & J. C.--&!'$ (Eds.), Transforming school mental health services: Population -based approaches to promoting the competency and wellness of children, (pp. 277 -306). ;ousand Oaks, CA: Corwin Press. A/6.7.#,7.#, C. P. (2012a). 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PARTE I APRENDIZAGEM EM CONTEXTOS EDUCACIONAIS 29 CAPÍTULO 1 Estratégias de autorregulação na composição escrita em português: Um estudo intercultural Anabela Malpique & Ana Margarida Veiga Simão Introdução A boa competência escrita é hoje uma exigência primordial para o sucesso pro0ssional num mercado de trabalho global e cada vez mais competitivo. A relevância do desenvolvimento da competência escrita em contexto escolar é, por isso, reconhecida internacionalmente. Todavia, a conclusão de diversos autores, de contextos linguísticos e educativos distintos, é semelhante: muitos alunos não escrevem bem (Berninger, 2012). Como tal, diferentes estudos têm sido desenvolvidos para avaliar a competência escrita do aluno em diferentes anos de escolaridade e contextos educativos, testando -se diferentes modelos teóricos de ensino para a promoção da boa competência escrita (Graham, Harris, & Santangelo, 2015; Graham, & Perin, 2007). A boa competência escrita resulta de um processo de desenvol- vimento complexo, em que a autorregulação e o pensamento estratégico têm papel principal (Bereiter & Scardamalia, 1987; Zimmerman & Risemberg, 1997). Por isso, surge fundamental avaliar as opções estraté- gicas do estudante perante tarefas de composição escrita (Graham & Rijlaarsdam, 2016), nomeadamente, avaliar a sua capacidade de identi- 0car as estratégias mais adequadas perante tarefas de composição escrita e de as aplicar de uma forma e0caz, considerando exigências impostas pelo tipo de texto e por um potencial leitor. 30 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal Zimmerman e Risemberg (1997) propõem um modelo sociocog- nitivo para explicar a autorregulação da escrita e avaliar o comporta- mento estratégico do estudante perante tarefas de composição escrita. A autorregulação da escrita é de0nida como um processo dinâmico, em que o indivíduo escritor ativa pensamentos, emoções e comportamentos para estabelecer diferentes metas para melhorar a sua competência escrita e a qualidade do texto que produz. Partindo desta perspetiva teórica, o presente estudo foi desenhado para identi0car diferentes estratégias de autorregulação para a composição escrita utilizadas por estudantes do 9.º ano, em contextos de ensino -aprendizagem de língua portuguesa. O objetivo maior desta investigação foi o de desenvolver conheci- mento sobre o pensamento estratégico e autorregulatório de estudantes adolescentes em 0nal de ciclo escolar perante tarefas de composição escrita. Para tal, pretendeu -se identi0car e comparar estratégias ambientais, comportamentais e pessoais de autorregulação da escrita em contextos educativos de língua portuguesa distintos – Portugal e Brasil. O desenvolvimento da competência escrita é um processo multidimen- sional, estruturalmente cognitivo e ancorado no contexto histórico e social de quem escreve e de quem lê (Berninger, 2012; Nystrand, 2006). Considerando esse pressuposto teórico, foi analisada a signi0cância dos fatores «país» e «género» sobre diferentes estratégias de autorregulação para a composição escrita. Na linha de perspetivas teóricas recentes (Graham & Rijlaarsdam, 2016), pretendeu -se sublinhar a importância de avaliar o que o estudante faz perante tarefas de escrita escolares no seu contexto de referência, podendo esse conhecimento potencializar práticas e0cazes para o ensino da composição escrita. 31 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos A Composição Escrita: Autorregulação e Comportamento Estratégico Diferentes perspetivas e modelos teóricos foram desenvolvidos para explicar o processo de composição escrita, substanciando posterior investigação empírica. O modelo proposto por Hayes e Flower (1980) identi0cando processos cognitivos na escrita (e.g., plani0- cação, tradução e revisão) e o modelo de Bereiter e Scardamalia (1987) explicando o desenvolvimento de competências de escrita ao longo da vida descrevem a escrita como um processo eminentemente pessoal de construção de signi0cados. Outras perspetivas teóricas de0nem a escrita como um ato comunicativo entre um individuo escritor e um potencial leitor, sustentando a importância de variáveis sociais e contextuais no processo de composição escrita (Nystrand, 1989; 2006; Schultz & Fecho, 2000). Zimmerman e Risemberg (1997) propõem um modelo sociocognitivo para a composição escrita, argumentando que a base de uma gestão e0ciente do processo de composição escrita reside na articulação de diferentes estratégias de autorregulação, que ajudam o escritor no controlo de fatores pessoais, comportamentais e ambientais que interagem enquanto escreve e pensa a escrita. O modelo de Zimmerman & Risemberg (1997) explica a composição escrita como um processo que exige níveis elevados de autorregu- lação, que se substancia na reciprocidade triádica de fatores pessoais, comportamentais e ambientais. Apoiando -se na teoria social cognitiva de Bandura (1986), os autores sugerem que esses três fatores podem explicar a forma como o indivíduo escritor age para deliberadamente iniciar e controlar o processo de composição escrita. Nomeadamente, é sugerido que o indivíduo age de forma estratégica na autorregulaçãodo espaço físico e social onde escreve, como procurar um espaço isolado para escrever (fatores ambientais); na autorregulação de comporta- mentos explícitos (overt) para a composição escrita, como ler alto o que escreve para avaliar a qualidade do texto escrito (fatores comporta- mentais); na autorregulação de emoções e processos cognitivos (covert) associados à composição escrita (fatores pessoais), como plani0car o texto antes de o escrever. Defendendo que a autorregulação da escrita é mais do que uma habilidade ou capacidade, Zimmerman e Risemberg (1997) sugerem que esses fatores ambientais, comporta- 32 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal mentais e pessoais interagem na autorregulação da escrita através de um feedback circular auto -orientado, em que o indivíduo escritor monitoriza a e0cácia das estratégias que adotou e reage, selecionando continuar a utilizá -las ou mudar, se as julga ine0cazes. Num contexto cada vez mais rápido de troca de conhecimento e de informação, o sucesso académico, pro0ssional e pessoal do indivíduo depende da sua competência em expressar ideias e conhecimentos, muitas vezes através da escrita. Sendo as competências de escrita tipicamente desenvolvidas em contexto escolar, surge particularmente pertinente estudar como os estudantes autorregulam o processo da composição escrita e identi0car as estratégias que selecionam para esse 0m (Graham & Harris, 2000). A investigação sugere que os estudantes com maior competência escrita utilizam diversas estratégias para iniciar e controlar o processo de composição escrita (Harris, Santangelo, & Graham, 2010). Perante diferentes tarefas de escrita, o estudante utiliza diferentes estratégias cognitivas e metacognitivas (e.g., plani0cação, organização e revisão), bem como estratégias comportamentais e ambientais (e.g., automonito- rização, procura de apoio e estruturação do ambiente físico). A evidência empírica da utilização de estratégias de autorregulação da escrita em contextos educativos de língua portuguesa é limitada. Limpo e Alves (2013) concluíram que os alunos do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico (5.º – 9.º anos) utilizam com menor frequência estratégias de revisão do que estratégias de plani0cação na composição escrita de textos narrativos e de textos de opinião. Barbeiro (2011) analisou narrativas escritas por alunos do 1.º e 2.º ciclos (3.º, 4.º e 6.º anos). Descrevendo o que fazem perante uma tarefa de escrita, os alunos do 6.º ano referem utilizar com maior frequência estratégias de plani0cação, revisão e edição de texto do que os alunos do 1.º ciclo. Os resultados deste estudo indicam também que, globalmente, estes alunos não consideram a necessidade de adequar a composição escrita a um potencial leitor. Em contextos educativos portugueses, e à semelhança de outros contextos interna- cionais (Bereiter e Scardamalia, 1987; McCutchen, 1995), numa fase inicial do desenvolvimento de competências de escrita os alunos parecem perceber a escrita como uma tarefa natural de pensar -contar, essencialmente espontânea e menos autorregulada (Barbeiro, 2011). 33 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos A Composição Escrita em Contexto Diversos estudos substanciados em teorias socioculturais e sociocogni- tivas da escrita têm procurado estabelecer relações entre a competência escrita do aluno e variáveis sociais e contextuais (ver Prior, 2006 para uma revisão). Tais abordagens teóricas conferem uma importância basilar ao contexto físico, histórico e social em que o processo de desenvolvi- mento de competências de escrita se situa (Bazerman, 2013; Nystrand, 2006; Schultz & Fecho, 2000), defendendo que o ensino e aprendi- zagem da escrita não se encerra em processos individuais de pensamento (Zimmerman & Risemberg, 1997). Partindo de uma abordagem multidimensional da escrita, ganha particular importância perceber como o processo de escrita é pensado, ensinado, aprendido e desenvolvido em diferentes contextos de referência (Graham & Rijlaarsdam, 2016). Todavia, a investigação intercultural sobre a escrita é limitada. Investigação estabelecendo relações entre o comportamento estratégico e a autorregulação para a escrita dos estudantes e o seu contexto de referência é particularmente reduzida. Kaplan, Lichtinger e Gorodetsky (2009) investigaram diferenças na autorregulação na escrita de alunos de diferentes contextos educativos, colocando a hipótese de que o processo autorregulatório para a composição escrita dependia do empenho na tarefa e das metas sociais partilhadas em contexto de aprendizagem. Neste estudo, participaram 211 alunos do 9.º ano de escolaridade de dois contextos educativos israelitas diferentes: um grupo de estudantes num contexto de aprendizagem tradicional, tendo prioridade a aquisição de conteúdo teórico e a avaliação de conhecimento; um grupo de estudantes num contexto educativo autêntico, tendo prioridade a resolução de problemas, explorando -se situações reais do quotidiano no processo de ensino -aprendizagem. Recorrendo ao autorrelato imediatamente após a tarefa de composição escrita, os resultados deste estudo comparativo sugerem que as características do contexto de aprendizagem podem tornar mais relevante o uso de determinadas estratégias de autorregu- lação para a escrita. Defendendo uma abordagem multidimensional para o estudo da composição escrita em contexto escolar, os autores argumentam que «a escrita pode signi0car algo diferente em diferentes ambientes educativos» (p. 64). Estudos recentes sobre o ensino da escrita 34 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal em diferentes países e culturas de referência suportam este argumento, deixando perceber diferenças na forma como o processo de escrita é pensado e ensinado e substanciando o desenvolvimento de investi- gação intercultural sobre o ensino e aprendizagem da escrita (Graham & Rijlaarsdam, 2016; Veiga Simão, Malpique, Frison, & Marques, 2016). A Composição Escrita: A Vantagem Feminina A investigação empírica em diferentes contextos educativos sugere uma vantagem feminina associada à boa competência escrita em diferentes níveis de escolaridade. Os resultados de comparações entre géneros na composição escrita indicam que as raparigas conseguem produzir textos com maior qualidade (Engelhand, Walker, Gordon, & Gabrielson, 1994) e com maior coerência e organização interna do que os rapazes (Swanson & Berninger, 1996); são mais rápidas na escrita manual (McCutchen, 1995); são mais motivadas e possuem crenças mais altas de auto e0cácia no desempenho de tarefas de escrita (Graham, Berninger, & Weihua, 2007; Pajares, Miller, & Johson, 1999). Contudo, alguns estudos têm reportado resultados contradi- tórios sobre o género enquanto preditor da qualidade da escrita. Estudos controlando variáveis como a 8uência na composição escrita encontraram diferenças não signi0cativas entre géneros na qualidade da escrita (Berninger, Whitaker, Feng, Swanson, & Abbott, 1996; Pajares et al., 1999). Outros estudos encontraram per0s associados a práticas de escrita dos estudantes, sugerindo que os rapazes preferem escrever sobre 0cção e desporto, evitando escrever romances, tipicamente preferidos pelas raparigas (Blake, 1995; Peterson, 2002). Baseados nestes resultados, sublinha -se a necessidade de estudar diferenças de género associadas a práticas culturais e sociais distintas (Jones, 2007, 2011; Peterson, 2002). De0nindo género enquanto grupo social, e reconhecendo o papel do contexto social e cultural do estudante no processo de ensino e aprendizagem da escrita, o presente estudo pretende desenvolver conhecimento sobre o comportamento estratégico e autorregulatório para a composição escrita dos estudantes em contexto educativos de ensino -aprendizagem do português. 35 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreirae Eduardo Santos O Presente Estudo O presente estudo faz parte de um projeto de investigação desenhado para avaliar a e0cácia de um modelo de ensino de estratégias de autorre- gulação para a composição escrita na melhoria da competência escrita de alunos do 9.º ano de escolaridade, em contexto educativo português (Malpique, 2014; Malpique & Veiga Simão, 2016). O objetivo maior do presente estudo exploratório foi o de identi0car e comparar estratégias de autorregulação para a composição escrita utilizadas por alunos em transição do ensino básico para o ensino secundário – 9.º ano –, em contextos de língua portuguesa – Portugal e Brasil. Para tal, foram colocadas as seguintes questões de investigação: • Que estratégias reportam os alunos do 9.º ano utilizar para autorre- gular tarefas de composição escrita em contextos educativos de língua portuguesa? • Que diferenças e/ou semelhanças podem ser associadas ao contexto de referência do aluno? • Que diferenças e/ou semelhanças podem ser associadas ao género? Não obstante a natureza exploratória do presente estudo, anteciparam -se resultados com base na investigação teórica e empírica anteriormente apresentada (Bazerman, 2012; Kaplan et al., 2009; Zimmermann & Risemberg, 1997). Considerando a evidência empírica revista (Kaplan et al., 2009), previam -se diferenças signi0cativas na utilização de estratégias de autorregulação para a composição escrita reportadas por alunos portugueses e brasileiros. Partindo de uma perspetiva sociocognitiva de autorregulação da escrita (Zimmermann & Risemberg, 1997), pretendia -se neste estudo identi0car estratégias ambientais, comportamentais e pessoais utilizadas por alunos do 9.º ano para iniciar e controlar o processo de composição escrita. A ausência de investigação empírica, aferindo o comportamento estratégico e autorregulatório em tarefas de composição escrita, partindo deste modelo triádico, reforça o caráter exploratório deste estudo. Perante os resultados de estudos de género na competência escrita anteriormente revistos (McCutchen, 1995; Graham et al., 2007; Swanson 36 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal & Berninger, 1996), antecipavam -se também diferenças entre géneros favorecendo as raparigas. Dada a abordagem intercultural deste estudo, pretendia -se também explorar interações entre contextos culturais e educativos diferentes – portugueses e brasileiros – e o género na utilização de estratégias de autorregulação para a composição escrita. Método Contexto e Participantes Participaram neste estudo 732 alunos inscritos no 9.º ano de escola- ridade, com idades entre os 12 e os 17 anos (Midade=14.3, DP=0.9) e em ano de transição do ensino básico para o ensino secundário. Os participantes portugueses (N=372), com idade entre os 13 e os 17 anos (Midade=14.5, DP=0.8; 207 raparigas), frequentavam cinco escolas do ensino público da zona metropolitana de Lisboa. Como em contextos semelhantes, no contexto educativo português a escrita é utilizada como um instrumento de aprendizagem e de avaliação de conhecimento em diferentes disciplinas e áreas curriculares. Ao longo dos doze anos de escolaridade obrigatória de0nidos em diretrizes governamentais, os alunos são avaliados no 0nal de cada período escolar através de testes sumativos e no ensino básico em provas de aferição (2.º, 4.º, 5.º, 6.º e 8.º anos) e provas 0nais (9.º ano), servindo a escrita como instru- mento principal na transmissão dos conhecimentos adquiridos. As metas curriculares para o ensino da escrita no ensino básico e no ensino secundário circunscrevem -se, contudo, ao programa de Português (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, 2015) e a programas de língua estrangeira (e.g., inglês, alemão e francês). De acordo com as orientações educativas de 2012 (Buescu, Morais, Rocha, & Magalhães, 2012), em vigor durante o desenvolvimento deste estudo, a avaliação das aprendi- zagens no ensino educativo português incluía exames nacionais obriga- tórios (4.º, 6.º, 9.º e 12.º anos). 37 Coordenação: Maria João Alvarez, Ana Margarida Veiga Simão, Joaquim Armando Ferreira e Eduardo Santos Os participantes brasileiros (N=360), com idades entre os 12 e os 17 anos (Midade=14.2, DP=1.0; 202 raparigas), frequentavam 12 escolas públicas da zona metropolitana de Rio Grande do Sul. Em contexto educativo brasileiro, a aprendizagem de competências de escrita, denominada por alfabetização ou letramento (tradução do termo inglês literacy), deverá ser desenvolvida ao longo dos nove de anos de escola- ridade obrigatória de forma sistemática (Arelaro et al., 2011; Kleiman, 2008). Com prioridade no ensino da teoria gramatical (Colello, 2007), os objetivos curriculares traçados para o letramento no ensino fundamental circunscrevem -se às diretrizes curriculares da disciplina de Língua Portuguesa, com provas nacionais administradas aos alunos no 5.º e no 9.º ano (Ministério da Educação, 2011). Com o objetivo de substanciar comparações entre contextos educativos portugueses e brasileiros, foram analisadas as médias dos exames nacionais do 9.º ano a Português de cada uma das escolas partici- pantes. Nas escolas portuguesas participantes, a média das classi0cações conseguidas pelos alunos no referido exame foi de M=2.96 (DP=.20), com resultados entre 2.7 e 3.2 obtidos numa escala 0 a 5. Nas escolas brasileiras participantes, a média das classi0cações conseguidas pelos alunos foi de M=2.99 (DP=.28), com resultados entre 2.8 e 3.4 obtidos, igualmente, numa escala 0 a 5. Não foram encontradas diferenças estatis- ticamente signi0cativas entre os dois países nestes resultados (p=.67). Instrumento A recolha de dados foi efetuada através do instrumento de autorrelato 7#(,%## – «Questionário de Estratégias de Autorregulação para Tarefas de Escrita Escolares» – validado para aplicação em contextos de ensino portugueses e brasileiros (Malpique & Veiga Simão, 2015; Malpique, Veiga Simão, & Frison, 2017). Desenvolvido a partir do modelo sociocog- nitivo para a autorregulação na escrita (Zimmermann & Risemberg, 1997) anteriormente revisto, este instrumento foi construído para identi- 0car estratégias ambientais, comportamentais e pessoais que o estudante considera utilizar em tarefas de composição escrita escolares, em diferentes disciplinas curriculares. O questionário foi validado através de análise 38 Psicologia Educacional: Investigação e Intervenção em Portugal fatorial exploratória e con0rmatória no contexto dos modelos de equações estruturais, con0rmando -se o modelo tridimensional de segunda -ordem da medida. Posterior análise multigrupos comprovou a invariância desta estrutura para estimar diferentes estratégias reportadas por estudantes portugueses e brasileiros no processo de iniciar e controlar a composição escrita em contexto escolar (Malpique & Veiga Simão, 2015). O questionário é composto por 34 itens a serem respondidos numa escala tipo Likert de 5 pontos (1=quase nunca; 3=algumas vezes; 5=quase sempre), medindo três fatores de segunda ordem associados a estratégias que o estudante mobiliza na autorregulação da composição escrita. O primeiro fator de segunda ordem – processos ambientais – inclui dois fatores de primeira ordem medindo estratégias de estruturação do contexto físico e estratégias de estruturação do contexto social; o segundo fator de segunda ordem – processos comportamentais – inclui três fatores de primeira ordem medindo estratégias de automonito- rização, de estabelecimento de consequências e de auto verbalização; o terceiro fator de segunda ordem – processos pessoais – inclui sete fatores de primeira ordem medindo estratégias de gestão do tempo; de autoavaliação; de plani0cação; de revisão; de organização; de consciência do leitor; e de recordação e criação de imagens. A título de exemplo, seguem -se alguns dos itens e respetivos fatores: procuro escrever em locais calmos (estruturação do contexto físico); quando escrevo, procuro
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