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O Gestor, as fontes e os tipos de poder “Defende-se melhor o poder por meio de benefícios do que por meio de armas”. Sêneca Há diversas discussões e estudos a respeito das fontes de poder. Um dos mais conhecidos é de Likert (1971). Podemos destacar algumas que, tanto podem ser a causa, quanto podem ser a solução de conflitos e disputas nas relações interpessoais: • Poder de coerção: baseado na imposição, na força, no medo, nas punições. O subordinado se sujeita às demandas do seu superior por entender que os prejuízos são maiores se não o fizer. Este é um modelo muito utilizado na era industrial, nos primórdios das grandes corporações, quando os objetivos e resultados eram obtidos quase que a qualquer custo e os papeis eram bem definidos e antagônicos. Aqui a máxima imperante era: “manda quem pode obedece quem tem juízo”. Lamentavelmente, a maioria das organizações atuais trazem o ranço dessa visão do século passado. Aqui pouco se falava em líderes e muito em chefia. Atualmente, os casos mais extremos foram um pouco minimizados pelo risco de processos por assédio moral. Ainda assim, o estigma permanece. • Poder de recompensa: não se trata apenas de um subordinado receber algum tipo de recompensa material. Baseia-se muito mais na exploração de interesses mútuos. Podem ser recompensadas estruturadas e objetivas, desde bônus e premiações por desempenho a benefícios velados, como favores e promoções, para citar alguns exemplos. Este é um expediente perigoso, visto que pode gerar intrigas e transmitir uma mensagem de parcialidade por parte do líder o que irá minar a sua autoridade. A falta de critérios claros, de avaliação e de feedback mesmo em recompensas institucionalizadas também podem causar mais danos que benefícios e a médio e longo prazos desmotivar as equipes. • Poder de referência: esse poder baseia-se no carisma, na atração, na capacidade de identificação entre subordinado e líder. Quando o líder consegue envolver e se tornar uma referência. As pessoas o admiram e procuram ser como ele. Se por um lado é um tipo de influência positiva, por outro pode implicar na construção de uma imagem de perfeição, “endeusamento” que em alguns casos pode beirar à idolatria. E nesse ponto, mesmo falhas de caráter e decisões erradas podem ser simplesmente ignoradas pelos subordinados, uma vez que têm essa percepção de infalibilidade de seu líder. • Poder de perícia: aqui há o reconhecimento das capacidades técnicas do líder para o seu cargo. São consideradas suas competências e habilidades para estar à frente de determinado projeto, negócio ou equipe. Embora seja uma característica importante, devemos ter cuidado para não a colocar como essencial, uma vez que um líder pode exercer seu poder de liderança com eficácia mesmo não sendo tecnicamente o funcionário mais hábil. Ele pode compensar eventuais deficiência técnicas com sua capacidade para extrair o máximo potencial das pessoas. • Poder legítimo: esse é um dos mais tradicionais poderes corporativos. Depende do organograma, da hierarquia. É legítimo, porque é conferido pela empresa dentro de sua estrutural organizacional, mas nem sempre é uma posição respeitada, pois ela por si só não garante a verdadeira liderança. A posição organizacional confere ao líder maior poder quanto mais elevada sua colocação no organograma. É uma autoridade legal e tradicionalmente aceita, porém não necessariamente respeitada. A máxima aqui é a de “bater o crachá na mesa”. Com Idalberto Chiavenato (1995), encontramos uma imagem com uma síntese de alguns aspectos semelhantes baseados nos estudos de Likert e também de Mcgregor: Idalberto Chiavenato (1995, pág. 489) adaptada. Poderíamos ainda discorrer sobre outras formas de poder, mas em essência elas podem ser observadas dentro dos tipos citados. Por exemplo, o poder por sedução pode ser aparente dentro do poder de atração ou referência. O líder utiliza todo seu carisma para seduzir e por vezes manipular os seus subordinados. Um líder irá percorrer ao longo de sua trajetória por todos ou quase todos os tipos de poder. O ambiente, as situações e o contexto no qual está inserido irão influenciar profundamente o seu posicionamento. Isso faz parte do seu amadurecimento. Mais importante que os títulos, se líder, se gestor ou se chefe, ou que conceitos, é a capacidade que cada um terá de avaliar o contexto e de especialmente de se auto avaliar a fim de aplicar o melhor estilo de liderança para cada ocasião.