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Prof. Dr. Alexandre Dias UNIDADE I Genética e Citogenética Humana Gregor Mendel Ervilhas de jardim Princípio da Hereditariedade Introdução à Genética e à Citogenética Humana 1865 1880 Bases nitrogenadas Cromossomos “bastões” Walther Flemming 1940/50 Mutações Nasce a Biologia Molecular 1953 Watson e Crick Molécula de DNA 1959/61 Descrição da Sd. de Down 1961 DCBM PCR Projeto Genoma Humano 1980 2000 Arrays, MLPA e NGS… … 2000 Fonte: autoria própria. Conceitos importantes! DNA; Nucleotídeo; Polinucleotídeo; Cromatina; Cromossomo; RNA; Gene. Introdução à Genética e à Citogenética Humana A molécula de DNA é constituída por uma sequência de nucleotídeos. Três diferentes tipos de moléculas: Um açúcar (pentose); Um grupo fosfato; Uma base nitrogenada. Adenina – Timina. Citosina – Guanina. Introdução à Genética e à Citogenética Humana Fonte: CC BY-SA 3.0; https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1340959 Thymine Adenine Cytosine Guanine Introdução à Genética e à Citogenética Humana Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nucleot%C3%ADdeos.tif PALHINHA, L. [CC BY-SA 4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)]. Sulco maior Sulco menor Bases Esqueleto de açúcar – fosfato Esqueleto de açúcar – fosfato Bases Bases Esqueleto de açúcar – fosfato Açúcar – desoxirribose Fosfato Guanina Citosina Timina Adenina Guanina Citosina Timina Citosina Bases nitrogenadas Introdução à Genética e à Citogenética Humana Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=240139 Introdução à Genética e à Citogenética Humana Fonte: GOODMAN, S. R. Medical Cell Biology. Cromossomo DNA Histona Cromatina. Eucromatina: Região ativa. Heterocromatina: Região de sequências repetitivas. Introdução à Genética e à Citogenética Humana DNA nuclear: Organizado em 23 pares de cromossomos (somáticos). DNA mitocondrial. DNA nuclear: Sexo masculino: 46,XY; Sexo feminino: 46,XX. Introdução à Genética e à Citogenética Humana O RNA: O RNA é uma molécula intermediária na síntese de proteínas => faz a intermediação entre o DNA e as proteínas; É formado por uma cadeia de ribonucleotídeos, que, por sua vez, são formados por um grupo fosfato, um açúcar (ribose) e uma base nitrogenada; Introdução à Genética e à Citogenética Humana É um ácido nucleico formado a partir de um modelo de DNA (uma das fitas: “molde”); O DNA não é o molde direto da síntese de proteínas; Os moldes para a síntese de proteínas são moléculas de RNA. Existem três principais tipos de RNAs: → RNA mensageiro: contém a informação para a síntese de proteínas. ~ 5% do RNA celular total; RNA transportador: transporta os aminoácidos para que ocorra a síntese de proteínas. ~ 10% do RNA total da célula; RNA ribossômico: componentes da maquinaria de síntese de proteínas presente nos ribossomos. ~ 85 % do RNA total. Cite três diferenças entre o DNA e o RNA: Interatividade DNA – Dupla fita. RNA – Fita simples. DNA – A/T/C/G. RNA – A/U/C/G. DNA – Desoxirribose. RNA – Ribose. Resposta Dogma central da Biologia Molecular Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=30366653 Replicación (ADN > ADN) Transcrición (ADN > ARN) Replicación do ARN (ARN > ARN) Transcrición inversa (ARN > ADN) Transcritase inversa ARN polimerase ADN polimerase ARN polimerase ARN dependente Ribosoma proteína ADN ARN (-)ARN (+) Tradución (ARN > proteína) O gene e a sua expressão. Dogma central da Biologia Molecular Fontes: Adaptado de: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chromosome-DNA-gene.png https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=76810116 Gene Promoter Éxon Íntron Éxon Íntron Íntron Éxon Dogma central da Biologia Molecular X X Splicing Núcleo Citoplasma Transcrição: 1. Transcrito primário; 2. Adição do CAP 5´e da cauda Poli A em 3´; 3. SPLICING. CAP 5´ AAAAA... Cauda Poli A em 3´ Transcrito primário Fonte: autoria própria. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_page DNA RNA Proteína ativa Transcrição Tradução O código genético é “degenerado”: códons diferentes (trinca de bases) codificam o mesmo aa (aminoácido). Os códons são mostrados em termos do RNA mensageiro, que são complementares aos códons do DNA correspondente. Dogma central da Biologia Molecular Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_page Fenilalanina (Fen) Leucina (Leu) Serina (Ser) Tirosina (Tir) Codão de finalização Codão de finalização Codão de finalização Cisteína (Cis) Prolina (Pro) Leucina (Leu) Histidina (His) Glutamina (Glu) Arginina (Arg) Serina (Ser) Arginina (Arg) Lisina (Lis) Asparagina (Asn)Treonina (Tre) Isoleucina (Ile) Metionina (Met) Codão de iniciação Triptofano (Trp) Valina (Val) Alanina (Ala) Ácido aspártico (Asp) Ácido glutâmico (Glu) Glicina (Gli) 1 ª B A S E 2ª BASE 3 ª B A S E Nos processos complexos de replicação do DNA, expressão gênica e síntese proteica, inúmeros “erros ou falhas” podem acometer o DNA, o RNA e a cadeia de aminoácidos. Assim, se uma variante genética acometer o DNA durante a fase de replicação e os genes de reparo “falharem” na checagem do processo e essa alteração perpetuar, essa variante poderá causar efeitos fenotípicos nos indivíduos que a tiverem. Desta forma, existem testes genéticos que o biomédico executa para identificar essas possíveis variantes. a) Quais são as principais regiões genômicas que sofrem alterações envolvidas no desencadeamento das doenças genéticas raras? Explique a sua resposta. Interatividade Grande parte dos erros genéticos acontece nos processos replicativos, e de síntese de RNAm e aminoácidos. 85% das variantes causadoras de doenças genéticas estão localizadas nos éxons. Desta forma, a investigação dessas variantes nessas regiões-alvo é fundamental para detectar e elucidar a etiologia de doenças raras. O teste genético que dispomos, atualmente, para se investigar essas regiões hotspot é o sequenciamento do exoma (sequenciamento de todos os éxons do DNA). Resposta Leis de Mendel: 1. Princípio da Segregação dos Caracteres: os indivíduos têm os “fatores” aos pares, mas, na reprodução sexuada, transmitem, apenas, um “fator” à sua prole; 2. Lei da Segregação Independente: a segregação de um “fator” determinado não influencia na segregação de outro “fator” (diferente do primeiro). Padrões de heranças monogênicas Conceitos importantes! 1. Cromossomos homólogos; 2. Heranças autossômicas; 3. Heranças ligadas ao sexo (XY); 4. Genes alelos; 5. Locus gênico; 6. Dominância; 7. Recessividade. Padrões de heranças monogênicas Doenças autossômicas dominantes (DAD). Doenças autossômicas recessivas (DAR). Doenças ligadas ao X dominante (DLXD). Doenças ligadas ao X recessivo (DLXR). Doenças ligadas ao Y. Variantes que seguem o padrão monogênico (padrões de Mendel) presentes em um gene ou um par de genes, em determinado locus cromossômico. AA/Aa/aa. Doenças genéticas de herança monogênica 1. A doença se expressa tanto na homozigose como na heterozigose; 2. Não existem indivíduos portadores, somente, afetados e normais; 3. Distribui-se de maneira equilibrada e aleatória, independente do sexo; 4. Dependendo da variante e do gene envolvido, alguns casos na homozigose dominante, a doença é letal. Cada evento de procriação tem a probabilidade de 0,5 - 50%, considerando o casamento entre um indivíduo afetado e um normal. AA/Aa. Doenças monogênicas – DAD 1. A doença se expressa na homozigose; 2. Há um risco aumentado para as doenças autossômicas recessivas no casamento consanguíneo (entre os membros da mesma família), caso haja indivíduos afetados e portadores que segregam esse gene dentro de uma família; 3. Para determinadas doenças e genes específicos,alguns portadores podem apresentar algum fenótipo relacionado à doença. Heterozigotos muito mais frequentes que os homozigotos afetados. aa. Doenças monogênicas – DAR Expressa-se em homozigotas ou heterozigotas. Homens com a doença: transmitem o alelo afetado a todas as suas filhas. Doenças monogênicas – DLXD Fonte: Adaptado de: https://creativecommons.org/licenses/by/3.0 Unaffected mother Affected mother Unaffected son Unaffected son Affected father Unaffected father Affected daughter Unaffected son Affected daughter Affected daughter Unaffected daughter Affected son Probabilities: 0% sons affected; 100% daughters affected. Probabilities: 50% sons affected; 50% daughters affected. Fenótipo se manifesta em todos os homens portadores do genótipo. Homens passam o alelo afetado a todas as filhas. Não transmitem aos filhos. Mulheres: apenas, na homozigose recessiva. Conclusão: muito mais frequente em homens do que em mulheres! Doenças monogênicas – DLXR Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_page Unaffected father Carrier mother Unaffected Affected Carrier Unaffected son Unaffected daughter Carrier daughter Affected son U.S. National Library of Medicine X-linked recessive, carrier mother Atenção! 1. A incidência do caráter é muito mais alta em homens que em mulheres; O gene responsável pela afecção é transmitido de um homem afetado para todas as suas filhas; Os filhos do sexo masculino de qualquer uma de suas filhas têm uma chance de 50% de herdá-lo; 2. O gene jamais se transmite, diretamente, de pai para o filho, mas, sim, de um homem afetado para todas as suas filhas; 3. O gene pode transmitir-se ao longo de uma série de mulheres portadoras; se isso ocorrer, os homens afetados em uma família são aparentados através das mulheres; 4. As mulheres heterozigotas, geralmente, não são afetadas, mas algumas expressam a afecção com uma intensidade variável. Doenças monogênicas – DLXR Heredogramas: Estudo da segregação de doenças e análise de padrões de herança Fonte: https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0 Heredogramas: Estudo da segregação de doenças e análise de padrões de herança Fonte: livro-texto. Quadrado de Punnett: Estudo da segregação de doenças e análise de padrões de herança h h H H Fonte: autoria própria. Acondroplasia. DAD h h H h Fonte: autoria própria. Albinismo. DAR H h H r Fonte: autoria própria. Síndrome de Rett. DLXD XH Y Xh Xh Fonte: autoria própria. DMD. DLXR Xh Y XH XH Fonte: autoria própria. DMD. DLXR XH Y XH Xh Fonte: autoria própria. Mitocôndria; Imprinting genômico; UPD. Outros padrões de herança… Fonte: livro-texto. Pai com a doença Mãe afetada e todas as mitocôndrias mutantes Crianças não afetadas Crianças afetadas (penetrância completa) 1. Penetrância: o termo penetrância se relaciona à possibilidade de indivíduos portadores de um genótipo expressarem o fenótipo. Indivíduos com genótipo, sem fenótipo, dizemos que o gene tem penetrância incompleta. 2. Heterogeneidade: a heterogeneidade está relacionada às doenças que têm os fenótipos semelhantes originadas por genótipos distintos ou vice-versa. 3. Pleiotropia: a pleiotropia está relacionada à presença de múltiplos fenótipos originados de um único gene ou um par de genes alterados. 4. Expressividade: a expressividade está relacionada à expressão do fenótipo a partir de um genótipo. Diz-se que um gene tem expressividade variável quando as pessoas com genótipo têm fenótipos distintos, ou seja, as manifestações clínicas são diferentes em indivíduos com a mesma anormalidade genética. Fatores que alteram o padrão do heredograma O heredograma a seguir mostra uma família com alguns indivíduos com determinada doença genética: Qual é o padrão de herança apresentado no heredograma? Explique a sua resposta. Interatividade Herança mitocondrial. Apenas há a herdabilidade do caractere alterado pela linhagem materna. Observe que o pai afetado não transmite para nenhum dos seus descendentes. As mulheres afetadas transmitem o caractere para todos os seus descendentes. Resposta Proporção de cada alelo e cada genótipo em uma população: Pode ser estimada por contagem direta; Ex.: tipagem sanguínea MN. Frequência genotípica e gênica Sistema MN – locus no cromossomo 2: Codominância. Em 200 indivíduos: MM – 64; NN – 16; MN – 120. Frequência genotípica e gênica Divide-se a contagem de cada genótipo pelo número total de indivíduos: MM = 64/200 = 0,32; MN = 120/200 = 0,60; NN = 16/200 = 0,08; TOTAL = 1 Explicação: Frequência genotípica Para cada alelo!!! Contagem gênica!!! MM – 2 alelos M; MN – 1 alelo M e 1 alelo N; NN – 2 alelos N; (MM) 64 x 2 + (MN) 120 + (NN) 0 = 248 genes M; (NN) 16 x 2 + (MN) 120 + (MM) 0 = 152 genes N. Frequência gênica 400 genes no total (cada indivíduo tem um par de alelos – 2 genes). Divide-se o número de genes de cada alelo pelo número total dos alelos: M = 248/400 = 0,62; N = 152/400 = 0,38; TOTAL = 1 Frequência gênica Genética médica e diagnóstica! Que tipo de pacientes nos vêm à mente quando pensamos em doenças genéticas? Onde se aplica o conhecimento em Genética e Citogenética Humana? Defeitos Congênitos (DCs) Morfológico, estrutural ou funcional Defeito físico ou mental Fonte: Pereira et al. (2008); Amorim et al. (2006); Leite et al. (2004). Defeitos congênitos MCs: segunda principal causa de mortalidade fetal infantil. Presente em, aproximadamente, 3 a 5% de todos os recém-nascidos vivos: Maiores e menores. Defeitos congênitos Fonte : https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_page Aorta Artéria pulmonar Átrio esquerdo Ventrículo esquerdo Ventrículo direito Átrio direito Aorta Artéria pulmonar CIV Ventrículo direito Obstrução entre o ventrículo e a artéria pulmonar Coração normal Tetralogia de Fallot Prevenção Primária: Pré-concepcional. Prevenção Secundária: Pré-natal. Prevenção Terciária: Pós-natal. Prevenção dos defeitos congênitos Malformações: são caracterizadas por anormalidades no processo de desenvolvimento basal do órgão ou da estrutura que, como resultado, causará um efeito danoso à sua morfologia, estrutura e/ou funcionalidade. De etiologia genética e/ou multifatorial, o processo malformativo pode resultar em estruturas incompletas, ausentes ou anormais. As deformidades congênitas resultam de um processo físico que atua em uma estrutura formada, previamente, normal, causando impactos no seu desenvolvimento e na sua funcionalidade. As deformidades são mais, frequentemente, visualizadas em cartilagens, ossos e articulações. Como resultado final, as deformidades podem ser temporárias ou permanentes, dependendo muito do momento do desenvolvimento fetal e das estruturas acometidas. Classificação dos defeitos congênitos A disrupção é um defeito físico-morfofuncional que acomete um órgão ou uma estrutura, previamente, normais. De etiologia ambiental, as disrupções geram estruturas anormais, com a perturbação no processo de desenvolvimento, podendo resultar na perda de parte dessa estrutura ou de segmento desse órgão. A displasia é caracterizada por uma desorganização celular tecidual que resultará em um órgão ou uma estrutura anormais. Geralmente, acomete as estruturas ósseas, como as bem conhecidas displasias esqueléticas. Classificação dos defeitos congênitos Profa. Dra. Magda C. Sampaio. Professora Titular do Departamento de Pediatria da FMUSP. “As doenças raras (DRs) são inúmeras (entre 5 mil a 6 mil doenças diferentes). O número de pacientes com DRs é alto, chegando a 4% da população europeia”. “Assim, as doenças são consideradas raras, mas os doentes com DRs são numerosos. Entre as DRs, existem algumasnão tão raras, como as hemofilias, as distrofias musculares, a fibrose cística do pâncreas ou a mucoviscidose, a neurofibromatose, enquanto outras são, mesmo, raríssimas”. “A maior parte das DRs tem origem genética [...]”. 44,04 milhões de habitantes (Julho/2014) 4% ➔ ~1.761.600 habitantes com doenças raras!!! As doenças genéticas, em conjunto, não são tão raras assim… O estudo genético e molecular do DNA humano é imprescindível para o entendimento das doenças genômicas. A compreensão dos mecanismos que envolvem o dogma central da Biologia Molecular – replicação, transcrição e tradução – a replicação, no processo de síntese de novas moléculas de DNA; a transcrição, na síntese da molécula de RNA mensageiro e a tradução, no processo de síntese de aminoácidos foram importantíssimos para se reconhecer a funcionalidade celular e de expressão gênica. Na transposição dos estudos de Mendel para o desenvolvimento da genética médica e científica, grande parte das doenças monogênicas humanas segue os padrões das Leis de Mendel, dos tipos autossômico recessivo e autossômico dominante, ligada ao X dominante, ligada ao X recessivo e ligada ao Y. Assim, as SNVs são as principais causas de doenças monogênicas. O estudo genético de doenças genômicas é baseado na genética médica, nos estudos populacionais e na análise do heredograma. O heredograma é a base representativa da herdabilidade e da transmissão/segregação gênica em uma família. Assim, o geneticista tem ferramentas para a melhor condução do caso do seu paciente, escolhendo os testes genéticos mais assertivos e certeiros para a relação genótipo-fenótipo mais adequada. Concluindo… Convido a todos para realizarmos a atividade no chat e interagirmos sobre a genética. Convite para o chat ATÉ A PRÓXIMA!