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4 - História da Infância

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Descrição 
 
Abordaremos a construção social do conceito de infância por meio de uma 
contextualização histórica. Para isso, destacaremos as suas especificidades no Brasil, país 
permeado por desigualdades sociais que influenciam na caracterização dela em suas 
diferentes nuances. Por fim, discutiremos os marcos legais para a constituição da infância 
no país. 
Propósito 
 
Conhecer a história da infância significa apontar questões que definem a construção da 
nossa sociedade. Isso favorece um entendimento das modificações ocorridas ao longo do 
tempo sobre esse tópico, além de ampliar a visão da criança em seu papel social. Esse 
conhecimento também favorece a compreensão dos avanços na legislação e a 
problematização de possíveis afastamentos e aproximações entre diferentes períodos 
históricos, destacando as diferenças que ainda permeiam a diversidade de infâncias no 
contexto brasileiro. 
Objetivos 
Módulo 1 
A infância no Brasil 
Explicar a construção social do conceito de infância ao longo do tempo no Brasil. 
Módulo 2 
Diferenças sobre a ideia de criança 
Identificar as diferenças históricas sobre a ideia de criança no Brasil. 
Módulo 3 
Marcos legais na ideia de infância 
Reconhecer marcos legais importantes na construção histórica da ideia de infância no Brasil. 
 
Introdução 
Assista agora a uma apresentação da professora Flávia Miguel – historiadora que atua há 
15 anos na formação de professores do ensino superior – sobre a história da infância, 
permitindo que você entenda um pouco mais sobre os caminhos que passa a trilhar. 
 
1 – A infância no Brasil 
Ao final deste módulo, você será capaz de explicar a construção social do conceito de 
infância ao longo do tempo no Brasil. 
 
 
A construção social do conceito de infância 
 
Quando pensamos na palavra história, comumente a atrelamos à ideia de um passado 
distante. Rememoramos, portanto, momentos que marcaram nossa jornada ou que nos 
impactaram de alguma maneira, concorda? 
 
Em alguns casos, recordamos situações que aconteceram: sentindo cheiros e sabores, 
fazemos comparações entre a ideia de uma “era que já se foi” e “tempo de hoje”. 
 
Quando entramos em contato com a palavra infância, esmiuçamos um pouco mais as 
lembranças de nossas histórias, aludindo a um período específico de nossas vidas 
delimitado pela idade (desde o nascimento até o que chamamos de adolescência). 
 
Esse movimento de refazer caminhos da memória, estabelecendo conexões entre passado 
e presente (ou da infância à vida adulta), nem sempre foi tão simples assim. A infância, 
da maneira que a idealizamos ou discutimos hoje em dia, nem sempre existiu. 
 
Nesse ínterim, destaca-se o trabalho e o papel da História: ao recuperar imagens e 
informações, você poderá perceber que o entendimento e a vivência sobre o que é 
chamado de infância foram, ao longo do tempo, constituídos de elementos bem diversos. 
Você sabia que a ideia de infância muda com o tempo, o espaço e as tradições familiares? 
Faça um exercício de reconhecimento. Busque registros fotográficos de seus 
antepassados (pais, avós ou bisavós) quando eram mais novos. Repare em suas 
vestimentas, procurando saber sobre suas vivências na infância e como era a relação deles 
com os adultos. Reúna as informações coletadas, comparando-as ao presente. As 
diferenças não se limitam às mudanças nos costumes e nas roupas: antigamente, a própria 
visão sobre a criança também era diferente. Em determinados contextos, ela aparecia 
como um "miniadulto". Essa visão permeava os contextos sociais da época, forjando uma 
noção de infância modificada ao longo dos anos. 
Você, por exemplo, pode ter ouvido histórias de algumas crianças cujo passado foi 
maravilhoso, sendo protegido e vivenciado de uma forma especial. Crianças que tinham 
uma verdadeira rede de proteção social e um quadro de projeção de futuro e investimento 
familiar. No entanto, também irá conhecer histórias tristes sobre outras que trabalhavam 
efetivamente ou viviam processos migratórios, sofrendo com isso. Ainda há aquelas cuja 
infância foi negada ou destruída pelos motivos mais diversos. O que você vai descobrir, 
a partir de agora, é que o estudo sobre a infância é algo muito mais complexo. 
 
Comentário 
 
Os estudos desenvolvidos a partir do século XX articulavam campos, como, por exemplo, a Sociologia, a Filosofia, 
a História, a Antropologia e a Psicologia. 
Tais estudos ajudaram a desenvolver uma noção de infância que não se limita apenas à idade, mas também a um 
contexto histórico e social que circunda a vida das crianças menores. Eles defendem, enfim, que esses contextos 
constituem e forjam uma identidade para elas. Contudo, tal conquista ainda é recente. O aprofundamento desses 
estudos permitiu que a visão da criança como um sujeito de direitos fosse discutida e cada vez mais corroborada. 
 
Multidisciplinaridade 
No vídeo, a seguir, veja uma roda de conversa com os professores Allan Rodrigues, 
Camila Machado e Simone Berle. Eles estabelecem como a multidisciplinaridade 
adiciona novas camadas e ressignifica o entendimento sobre a infância e sobre o próprio 
conceito de criança. 
 
Na década de 1970, os estudos de Philippe Ariès embasaram, na América e na Europa, 
as discussões sobre a infância a partir de seu contexto social e histórico. 
Mas, afinal, o que isso queria dizer? 
Especialmente na obra História social da criança e da família, de 1981, Ariès evidenciou 
a importância de observarmos as necessidades específicas referentes à idade das crianças, 
um dos fatos mais importantes para consolidar ideia de infância. 
Relacionar algumas especificidades a um determinado momento da vida não era algo tão 
natural naquela época; por isso, o autor foi considerado um dos precursores da discussão. 
Comentado [A1]: Na década de 1970, os estudos de 
Philippe Ariès embasaram, na América e na Europa, as 
discussões sobre a infância a partir de seu contexto social e 
histórico. 
Mas, afinal, o que isso queria dizer? 
Especialmente na obra História social da criança e da 
família, de 1981, Ariès evidenciou a importância de 
observarmos as necessidades específicas referentes à idade 
das crianças, um dos fatos mais importantes para consolidar 
ideia de infância. 
Relacionar algumas especificidades a um determinado 
momento da vida não era algo tão natural naquela época; por 
isso, o autor foi considerado um dos precursores da discussão. 
História social da criança e da família 
Em História social da criança e da família, Ariès mostra 
como a sociedade muda quando as atitudes daqueles que a 
compõem se modificam. Seu argumento baseia-se na ideia de 
que, a partir do século XVIII, o compromisso dos pais com 
seus filhos, antes que a criança se tornasse adulta, nasceu com 
o controle da natalidade e o declínio da fecundidade. A alta 
mortalidade incentivava uma excessiva atenção materna e 
paterna. 
Na sociedade medieval, destaca Philippe Áries, o conceito de 
infância sequer existia, porém isso não significa que suas 
crianças eram negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. 
Esse conceito não deve ser confundido com a atenção aos 
filhos; na verdade, ele corresponde a uma tomada de 
consciência – até então inexistente – da criança em particular. 
O autor aborda a importância das brincadeiras, as pequenas 
escolas, o ensino diferenciado e a "invenção" da infância a 
partir do momento em que as mulheres passam a ter menos 
filhos, tendo eles uma sobrevida maior em relação a épocas 
anteriores. A criança, portanto, é primordialmente um ser 
distinto do adulto, possuindo valores próprios, como fantasia, 
ingenuidade e ludicidade. 
 
 
Ariès analisou algumas imagens de famílias europeias na Idade Média, destacando 
modificações evidenciadas ao longo do tempo. 
 
Como podemos ver nas duas imagens a seguir, a passagem do tempo demonstra como a 
relação com a criança se modificou. 
 
Estudos como o de Ariès ajudaram a criar uma nova dinâmicade entendimento sobre o 
conceito de criança. Nota-se que a passagem dos anos cristalizou tais mudanças na própria 
percepção dos pais, da sociedade e do sistema educacional sobre o que é uma criança. Por 
isso, seus estudos foram tão importantes para essa abordagem. A partir disso, começam a 
ser debatidas questões como: 
 
Até que idade dura a infância e quando começa a adolescência? Quando um adulto 
se torna senhor de si? 
Atualmente, isso pode parecer natural para você; afinal, todos sabemos a idade necessária 
para abrir uma conta, atingir a maioridade penal ou poder participar de cada série escolar. 
Isso definitivamente está cristalizado em nossa mente, mas tais visões surgiram apenas 
nas décadas de 1960 e 1970. 
Vamos percorrer os caminhos delineados por Ariès: 
Seus estudos sobre a infância buscavam perceber, pela análise de determinadas imagens, 
alguns elementos específicos, como o fato de as crianças estarem vestidas como adultos. 
O autor compreendia que isso, além de outros fatores, simbolizava uma ausência do 
“sentimento de infância”. 
A partir de seus estudos, podemos conceber um contexto histórico em que diferentes 
conceitos de infância foram desenvolvidos. Mesmo sendo modificados pelo tempo, eles 
são vitais para a concepção de uma sociedade. 
Contexto histórico 
O conceito de infância pode ser considerado historicamente recente. Os estudos sobre a 
sua história podem abarcar três concepções: 
 
Criança adulto 
Nesta concepção, que tem origem na Idade Média, a criança era vista como um 
“miniadulto”. As necessidades específicas da faixa etária sequer eram pensadas. 
 
Ela era tratada somente como um pequeno ser que logo se desenvolveria para exercer 
suas funções na sociedade. 
O sentimento de infância, como conhecemos atualmente, não existia naquele momento. 
Às crianças, eram ensinados saberes necessários para que elas se tornassem adultos 
civilizados. 
 
Comentário 
Ser considerado um “miniadulto” significa não receber nenhum tipo específico de atenção. As crianças, portanto, 
tinham o mesmo tratamento conferido aos adultos, participando da vida social ao lado deles. Elas só exigiam 
alguns cuidados até o momento em que conseguissem realizar suas atividades por conta própria. 
O reflexo disso pode ser percebido nas histórias de muitos idosos; segundo seus relatos, 
desde muito pequenos eles eram responsáveis por cuidar da casa e de seus irmãos mais 
novos, assim como iniciavam no mercado de trabalho ainda crianças. 
Na Idade Média, era muito comum o infanticídio; desse modo, a alta taxa de mortalidade 
de crianças era uma questão marcante. As famílias encaravam a perda dos filhos como 
algo natural, pois logo eles poderiam ser substituídos por outros. 
 
Comentado [A2]: Tratamento conferido aos adultos 
À exceção dos recém-nascidos, que eram responsabilidade 
absoluta da mãe e cuja morte normalmente lhe gerava uma 
penalidade, as crianças que superavam a chamada primeira 
infância (até os três anos de idade) não recebiam nenhum 
favor em termos de cuidado e educação; logo, elas não 
estavam poupadas de castigos físicos, assim como não eram 
incomuns iniciações sexuais e abusos tremendamente 
precoces. Normalmente criticados pela Igreja, eles eram 
considerados uma manifestação de práticas rústicas. 
 
Comentado [A3]: Infanticídio 
O termo refere-se à morte de crianças – em geral, as recém-
nascidas. São entendidas como formas de infanticídio as 
mortes daquelas que nasciam com defeitos, fracas ou com 
marcas, cujas mães reagiam com depressão ou tinham 
dificuldade de fornecer leite, além de outras ações que 
poderiam ser evitadas. Ainda havia situações mais 
corriqueiras que podiam ser fatais, como baixa de 
temperatura, falta de higiene, intoxicação, pequenos 
ferimentos etc. 
 
Criança institucional 
 
Na segunda concepção, a criança passa a ser compreendida como um indivíduo 
institucional que necessita de cuidados específicos para cada faixa etária que são 
essenciais para seu desenvolvimento. 
 
Neste período, ela começa a ser concebida como filho(a) e aluno(a), passando a ser tratada 
como criança de fato. 
 
Regressemos um pouco mais na história para compreendermos como tal sentimento foi 
se desenvolvendo. Na França do século XVII, a inocência e a fragilidade são adjetivos 
que passam a acompanhar essa ideia, forjando, desse modo, o que viria a ser entendido 
como “sentimento de infância”. No período, por exemplo, passam a ser produzidas 
vestimentas específicas para o público infantil. 
Comentário 
A ideia de amor materno e da importância dos sujeitos por si só – e não por suas funções sociais desempenhadas – 
é uma questão cujo desenvolvimento foi operado na sociedade ao longo do tempo. No final do século XVIII, por 
exemplo, o cuidado com os filhos já é uma realidade em muitos lares. A partir de sua ligação com a mulher, a 
maternidade coloca as crianças em evidência. O ato de cuidar, até então função das “amas de leite”, agora constitui 
uma tarefa pertinente às mães de cada criança. 
 
 
A dependência dos adultos surge aí como mote para a construção da criança como centro 
de atenção das famílias. Ela é entendida como um sujeito que requer esforços de terceiros 
para poder se tornar um adulto considerado civilizado. 
Embora reconhecida institucionalmente em suas especificidades, a criança ainda é 
considerada o sujeito da “falta”; afinal, para ela se tornar um cidadão, falta-lhe 
conhecimento sobre o mundo e as suas regras. Por isso, a escolarização é valorizada. 
Nesta concepção, a família moderna, núcleo institucional que acolhe essas crianças, evoca 
questões sobre o controle da população e as relações de poder que reverberam um ideal 
de criança – e, desse modo, as relações estabelecidas para e com elas. Entendidos como 
seres irracionais que precisavam ser “preenchidos” e moldados de acordo com as 
exigências da sociedade, os infantes passaram a desenvolver um papel que constituía um 
Comentado [A4]: 
Segunda concepção 
 
Temporalmente percebida na pesquisa de Philippe Ariès 
sobre a segunda metade do século XVI, esta concepção 
perpetuou-se ao longo dos séculos seguintes. Muitos autores 
posteriores chamam este período de momento da formação da 
família moderna, cujos núcleos menores e segmentados em 
casas diversas justificam a adoção de cômodos específicos 
para adultos e crianças. Ariès também destaca que este 
modelo não invalida a existência do anterior, constituindo um 
fenômeno de tentativa de transposição das famílias burguesas 
para modelos e costumes da corte. 
ideal de futuro; por isso, sua vida precisava ser preservada, acentuando um olhar agora 
mais atento para as questões ligadas à saúde e à educação. 
 
Sa iba mais 
 
Para aprofundar seus conhecimentos , pesquise na internet e leia a resenha 
Famíl ia na contemporaneidade: m udanças e permanência s , de Carol ina M. 
B . de Souza (2008). 
 
O estudo específico desta etapa trouxe à tona a preocupação com a escolarização dos 
menores. Um ideal de universalização do ensino começava a ser traçado em consonância 
com a (já citada) construção de um cidadão. Consequentemente, as crianças foram se 
afastando cada vez mais de seus papéis ocupados nos postos de trabalho, embora 
saibamos que infelizmente o trabalho infantil ainda é uma realidade em nosso país. 
O sentimento de infância então passou a ser compreendido como uma característica 
específica que envolvia tanto as relações entre família e criança quanto a visão dela como 
alguém que difere dos adultos, exigindo, portanto, cuidados específicos e atenção para 
determinados aspectos em detrimento de outros. 
 
Criança social 
 
A partir do século XIX, surge uma terceira maneira de conceber a criança: percebida 
como um sujeito de direitos, ela se torna um ser social. 
 
 
Para isso, é preciso garantir seu desenvolvimento integral por intermédio de legislações 
que conferem ao Estado a responsabilidadede oferecer a escolarização. Passam a ser 
consideradas as potencialidades das crianças, que devem ser ativas, participativas e 
comunicativas, se desenvolvendo em sua relação com o mundo. 
Traçaremos um pequeno histórico sobre essa transformação para ilustrar o aparecimento 
da criança social. Nota-se que, no século XIX, havia múltiplas visões sobre ela. 
Destaca-se a criança que: 
 
• É a trabalhadora representada nas cidades no dia a dia. 
• Vive nos seios das famílias de classe média. 
• Torna-se objeto da Psicologia. 
• Possui uma educação que é vista como uma ciência que tenta perceber a forma 
como ela aprende 
• Pertence à elite, preparada e direcionada para se tornar um grande líder 
 
Diante desses casos, ela deixa de ser um elemento auxiliar e passa a figurar nas discussões 
da ordem do dia, justificando, pouco a pouco, estudos, percepções, direitos e proposições 
na construção desses “seres”. 
É por isso que passamos a entender a existência de um universo infantil próprio, ainda 
que não sistematizado. A percepção sobre essas pesquisas e as transformações vividas é 
um dos méritos da pesquisa de Ariès. 
A criança social é fruto de uma percepção importante de mundo. O século XX é 
denominado século da infância pela maneira como ela passa a ser trabalhada e 
vivenciada. A criança (ou infância) social indica a visão sobre esse período da vida como 
um meio próprio para ela estar no mundo. 
Senso comum e concepção de criança 
 
No vídeo a seguir, o professor Rodrigo Rainha nos ajuda a entender a relação entre Senso 
Comum e a concepção de criança no século XX 
 
Tendência 
Exercitemos um pouco nosso pensamento: 
 
Você consegue perceber resquícios e elementos dessas formas de tratar a infância 
no seu dia-a-dia? 
 
Vamos pensar na educação dos meninos e na maneira como, via de regra, suas querelas 
devem ser solucionadas. 
 
 
Quem já viu ou ouviu alguém reproduzir diante de uma criança a expressão: Homem não 
chora? Ou ainda algo mais grosseiro e violento, como: “Se você apanhar na rua, vai 
apanhar novamente quando chegar a casa.” 
Para muitos, isso pode parecer uma realidade distante; no entanto, ainda é muito 
recorrente, evidenciando um traço de nossa sociedade. 
Você consegue fazer um link dessa forma de “educarmos” nossos meninos com a história 
da infância? 
 
Resposta 
 
O processo de “adult i zação” tão discut ido e presente – a inda que 
detentor de uma concepção bastante tóx ica sobre o que é ser homem – é 
a chave desta resposta . 
 
 
Você entende os debates sobre a condenação de uma criança por seus crimes? Conhece a 
crítica que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) recebe por não permitir que os 
pais tomem determinados comportamentos? 
Estes são alguns exemplos pertinentes para perceber que estudar História é notar o quanto 
suas camadas não jazem em um passado longínquo; em vez disso, elas dialogam com o 
nosso cotidiano. 
 
 
 
Vem que eu te explico! 
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou 
de estudar. 
 
Módulo 1 
A infância em sociedades tradicionais 
Infância na modernidade 
Infância na ordem burguesa 
 
Falta pouco para atingir seus objetivos. 
Vamos praticar alguns conceitos? 
Questão 1 
De acordo com os estudos de Philippe Ariès sobre a concepção de infância na Idade 
Média, podemos afirmar que: 
 
Parabéns! A alternativa d está correta. 
A compreensão da criança como um ser diferente do adulto, que possui diferentes particularidades e demandas, se 
desenvolve, de acordo com Philippe Ariès, a partir da década de 1970, quando começam surgir estudos sobre a 
infância. 
Questão 2 
Na família moderna, as crianças passam a ser relacionadas à construção do ideal de 
futuro. Para a compreensão de infância, isso não implica diretamente em: 
 
 
Parabéns! A alternativa a está correta. 
Com a compreensão sobre a infância, passa-se a valorizar o acesso da criança à escola e cresce a preocupação com 
as questões de saúde; compreendida como o futuro do país, ela requer mais cuidados. 
 
 
2 - Diferenças sobre a ideia de criança 
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as diferenças históricas sobre a ideia de 
criança no Brasil. 
 
As crianças do Brasil 
 
Ao estudar o desenvolvimento da ideia de criança e infância no Brasil, precisamos estar 
atentos a algumas especificidades ocorridas em nosso país. 
 
Há diferentes maneiras de vivenciar as infâncias. Realidade em vários países, no Brasil 
ela não se justifica apenas por questões históricas e culturais. Em nosso território, ela 
opera de acordo com a classe social e etnia, dado o grande número de crianças negras e 
indígenas cujos antepassados foram escravizados. 
 
• Uma parte de nossa sociedade é composta por classes menos privilegiadas que 
frequentam meios urbanos. Estudando em escolas públicas ou particulares de 
baixo custo, seus filhos acabam tendo acesso limitado aos bens de consumo por 
condições financeiras. 
 
• Mesmo influenciados por elementos da cultura popular, outros segmentos sociais 
vivem em uma realidade absolutamente inimaginável para a maior parte da 
população. 
 
• A gama de marginalização brasileira constitui um traço fundamental de nossa 
sociedade. Nossas crianças são impactadas pela completa falta de suporte e 
saneamento, além de um campo marcado por conflitos e desigualdades sociais. 
 
As escolhas para nossa exposição são teórico-metodológicas. Para isso, nos basearemos 
na perspectiva da educação decolonial, já que ela busca lidar com as nossas mazelas. 
Nosso objetivo é indicar maneiras de se reconhecer as características desse passado 
colonial, observando como elas nos marcam e reestruturam a nossa formação. 
 
A concepção sobre a criança no Brasil é muito influenciada por tais perspectivas; afinal, 
fomos colonizados política, social e economicamente pelos europeus. 
 
Vista como adulto, o infante inserido no mercado de trabalho é o centro de atenção 
das famílias. 
 
Negros e indígenas compõem as múltiplas facetas dessa noção de criança que ainda 
carrega as marcas das diferenças que sempre permearam a história da infância. Embora 
devamos levar em consideração o fato de que, no Brasil, tal história se assemelha muito 
à da Europa em termos teóricos e conceituais, a perspectiva de desnaturalização do sujeito 
e a exploração escravista acabam por merecer alguns destaques e um olhar mais atento. 
 
Um dos aspectos importantes nessa discussão é a diferenciação entre os termos “infância” 
e “criança”. Observe o texto, a seguir, de Sarmento (2005). 
 
Apesar de, na maioria das vezes, serem apresentadas como sinônimos, a sociologia da 
infância compreende a infância como categoria social e criança, como o sujeito 
pertencente a ela. 
 
Desse modo, podemos destacar as múltiplas infâncias que constituíram a história no 
Brasil, salientando as especificidades que abarcavam (e ainda abarcam) as inúmeras que 
faziam parte daqueles grupos. 
 
História do Brasil e a infância 
 
No vídeo a seguir, para entendermos um pouco mais sobre a relação entre a história do 
Brasil e a questão da infância, vamos assistir a mais um pouco da conversa entre os 
professores Allan Rodrigues, Camila Machado e Simone Berle. 
 
No Brasil, não existe um modelo de criança, e sim dezenas de modelagens estruturais de 
crianças. Podemos, contudo, identificar um traço comum segundo o entendimento das 
propostas que aproximam a história desse conjunto. 
Comentado [A5]: 
Categoria social 
 
Trata-se de um conjunto de agentes que, a despeito das 
diferentes origens de classe, é capaz de atuar politicamente 
como uma unidade e de maneira relativamente autônoma, 
respeitando os interesses das classes das eles quais se 
originam. 
Se, no entanto, tendo em vista uma perspectiva decolonial, desejarmos refletir sobre uma 
história da criança no Brasil, deveremos trilhar o caminho oposto, nosconcentrando em 
uma concepção genérica. A música infantil, aliás, lida com essa mazela. 
 
Exploração e trabalho infantil 
 
Discutir sobre a criança no Brasil é falar sobre a naturalização do trabalho infantil. No 
período de colonização, a exploração de crianças negras e indígenas era comum. 
A questão religiosa trazida para o país impactou não só a vida dos adultos, mas a 
dos infantes também. 
É possível que você esteja se perguntando: de que maneira isso ocorreu? 
Entre 1500 e 1800, as crianças passaram pelo processo de catequização realizado pelos 
jesuítas por serem consideradas mais acessíveis que os adultos, especialmente em termos 
de doutrinação religiosa. 
Atividades que envolviam o trabalho com as crianças eram predominantemente 
comandadas pela Companhia de Jesus. No intuito de preservar a vida dos filhos, alguns 
pais aceitavam a relação estabelecida entre eles e os jesuítas, o que, no caso, não impedia 
a sua escravização. 
 
Sa iba mais 
 
Para adensar a discussão, apresentando um contraponto a es se conteúdo, 
indi camos a lei tura da dis ser tação int itulada O olhar dos j esuíta s sobre a 
cult ura indígena no Bras i l – Século XVI, de Flávia Emíl ia Zanini (2014). 
 
Ignorando aspectos culturais das crianças indígenas, os colonizadores consideravam 
atrasados todos os outros povos que habitavam o país, não demonstrando interesse em 
preservar suas tradições culturais ou lhes oferecer educação e assistência. Desse modo, a 
ausência de escolas e o trabalho escravo eram justificados por um discurso que colocava 
essas pessoas à margem da sociedade estabelecida na época. 
 
Dentro dela, a exploração infantil ocorria da seguinte forma: 
Comentado [A6]: Música infantil 
O cunho educativo da música voltada para o público infantil 
tem reforçado essa visão. O grupo Palavra Encantada, por 
exemplo, expressa tal viés em músicas como Criança não 
trabalha (PauloTatit / Arnaldo Antunes). 
 
Comentado [A7]: 
Música infantil 
 
O cunho educativo da música voltada para o público infantil 
tem reforçado essa visão. O grupo Palavra Encantada, por 
exemplo, expressa tal viés em músicas como Criança não 
trabalha (PauloTatit / Arnaldo Antunes). 
CRIANÇAS NATIVAS 
 
Novamente compreendidas sob uma visão servil, as crianças nativas tinham sua força de 
trabalho utilizada por senhores de escravos (órfãos ou não). 
CRIANÇAS DO CONTINENTE AFRICANO 
 
Juntamente com os indígenas, as crianças vindas do continente africano eram 
comercializadas e, na maioria das vezes, separadas de seus familiares. A relação entre 
infância, adolescência e vida adulta era subvertida pela lógica da utilidade de sua força 
de trabalho. 
CRIANÇAS DE FAMÍLIAS MAIS ABASTADAS 
Estas crianças vivenciavam outra realidade. Para as meninas, predominava a preocupação 
com o ensino de tarefas domésticas. Já para os meninos, prevalecia o trato com escravos 
– assunto “de homem”, que envolvia gerenciamento das questões do engenho. A 
adultização era um mecanismo evidente em ambos os gêneros. 
 
Nesse contexto, com a necessidade de estabelecer vínculos na tentativa de proteger tais 
sujeitos, a ideia de “apadrinhamento” surgiu a fim de manter a relação e garantir a 
permanência entre aqueles pares, ainda que isso não implicasse o impedimento do 
trabalho escravo. 
CRIANÇAS NASCIDAS EM CLASSES MENOS FAVORECIDAS NO PAÍS 
 
Estas crianças, que não eram denominadas indígenas ou africanas, também não recebiam 
tratamento diferenciado. Assim, reiterava-se nos diferentes contextos a ausência do 
sentimento de infância sobre o qual se havia discutido em séculos anteriores. Quanto às 
diferenças de gênero estabelecidas na época, aos meninos majoritariamente era atribuída 
a carreira militar, bem como o trabalho em fábricas ou oficinas. Já para as meninas, 
predominavam as tarefas domésticas. 
Tendência 
 
Como vimos, existe um componente histórico e sociológico na relação das crianças com 
a própria infância. Realidades sociais como pobreza e escravidão são componentes que 
exercem influência na questão, não podendo ser ignorados. Observar o paradigma da 
criança no Brasil é definitivamente uma tarefa difícil. 
 
Você reconhece estes discursos, reproduzidos de forma recorrente? 
 
• A marginalidade aumentou porque as crianças não podem trabalhar; 
• A maioridade tinha de diminuir; 
• Esta criança faz assim por falta de castigo físico (tradição que herdamos de nossa 
história); 
• Está assim porque as crianças não têm a mãe em casa, é a ausência do modelo 
tradicional que leva a esse quadro confuso em que nós vivemos. 
 
Recente em nossa história, a análise sobre a forma de se lidar com a criança e o 
adolescente será objeto do nosso estudo à frente, mas a conexão entre os problemas deste 
e do próximo pode ser sistematizada e provocada a partir das ações políticas pensadas. 
 
Você já ouviu falar do Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil (ECA)? 
 
Vamos ver o que especialistas têm a nos dizer sobre a sua história nas terras do Brasil. 
 
 Constitui-se no país uma noção particular de infância e adolescência que protela 
políticas sociais de atendimento à criança e ao adolescente como direitos de cidadania 
até a década de 1980. A proclamação da Constituição Cidadã (Brasil, 1988) e da 
aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Brasil, 1990a), um conjunto 
de direitos civis, sociais, econômicos e culturais de promoção e proteção – alteraram 
esse paradigma. Atualmente, o ECA demanda do Estado brasileiro e da sociedade 
política e civil esforços e continuidade nas ações, visando, por um lado, à formulação, 
implementação, monitoramento e controle social de políticas constitucionais e 
estatutárias, e, por outro, a ações mobilizadoras e societais capazes de ressignificar a 
concepção arcaica de infância e juventude presente no imaginário social da população. 
 (PEREZ; PASSONE, 2010, pp. 650-651) 
Vem que eu te explico! 
 
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de 
estudar. 
 
Módulo 2 
Crianças na História do Brasil 
A Infância no Brasil republicano 
A Educação e a infância no Brasil 
 
Falta pouco para atingir seus objetivos. 
Vamos praticar alguns conceitos? 
Questão 1 
Sobre o desenvolvimento infantil no Brasil, é correto afirmar que: 
 
Parabéns! A alternativa c está correta. 
As vivências de infância não eram (e ainda não são) as mesmas para crianças brancas, negras e indígenas. Os dois 
últimos grupos, por exemplo, foram vítimas do processo de escravidão. 
Questão 2 
A questão religiosa no período colonial impactou não somente a vida dos adultos, mas 
também a das crianças. No contexto do Brasil colônia, analise as afirmações: 
I. A catequização das crianças era realizada sob o discurso salvacionista, uma vez que as 
culturas e as religiões indígenas e negras não foram consideradas pelos colonizadores. 
II. As crianças catequizadas não eram escravizadas, o que fazia muitos pais aceitarem 
que seus filhos passassem por esse processo. 
III. O apadrinhamento era uma das formas encontradas para garantir a vida e a 
permanência das crianças com seus pais, mas isso não impedia que fossem escravizadas. 
IV. Os indígenas eram considerados povos atrasados; por isso, suas tradições culturais 
não eram consideradas. 
Está correto o que se afirma em: 
 
 
Parabéns! A alternativa b está correta. 
 
A catequização nem sempre impedia que as crianças deixassem de ser escravizadas. Apesar de formar-se na religião 
católica, elas continuavam sendo consideradas como parte de um povo atrasado. 
 
 
 
 
 
 
3 - Marcos legais na ideia de infância 
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer marcos legais importantes na 
construção histórica da ideia de infância no Brasil. 
 
As primeiras legislações sobre a infância no Brasil 
Para pensarmos a relação entre as leis no Brasil e a infância, vamos ouvir trêsespecialistas 
com olhares diferentes sobre o tópico. 
As leis no Brasil e a infância 
No vídeo a seguir, percebemos uma história que precisa ser contada em diversos prismas. 
Para isso, vamos ouvir a historiadora Flavia Miguel, o advogado Adriano Pinto e a 
pedagoga Wilma Mello. 
Uma das primeiras leis que visava a garantir o direito das crianças, a Lei nº 2040, 
conhecida como “Lei do Ventre Livre”, foi promulgada em 1871 para garantir que as 
crianças nascessem livres, além de vetar a compra e venda daquelas menores de 12 anos. 
Esta lei constitui um dos grandes avanços do período escravocrata; embora não impedisse 
o trabalho infantil, ela foi um marco precursor para a produção de outras leis e políticas 
que tratavam da proteção das crianças. 
A Constituição de 1988 e a infância no Brasil 
A educação passa a ser reconhecida como direito social somente a partir da Constituição 
Federal de 1988, quando o Estado assume a obrigação legal de oferecer para todos uma 
que seja de qualidade. 
Antes disso, a educação pública já existia, mas era compreendida como uma assistência 
aos que não podiam pagar, enquanto o ingresso nas escolas não era facilitado para as 
classes mais populares, havendo pouca oferta de vagas e acesso limitado à informação. 
A obrigatoriedade do Estado na oferta de vagas em creches e pré-escolas ao declarar como 
direito dos trabalhadores a assistência gratuita de seus filhos e dependentes até os cinco 
anos de idade. No entanto, seu caráter assistencialista ainda persiste, sendo uma das 
questões mais discutidas no campo da educação infantil. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, é considerado um marco para 
os direitos das crianças e dos adolescentes. 
Os direitos fundamentais enunciados pelo ECA têm como objetivo assegurar o 
desenvolvimento: 
• Físico; 
• Espiritual; 
• Moral; 
• Social; 
• Mental. 
O documento não se limita a anunciar direitos, representando um grande avanço ao 
nomear os responsáveis por seu cumprimento. 
A família, o poder público e a sociedade, em geral, possuem deveres com as crianças e 
os adolescentes do país. Portanto, mais que o direito à educação, esse público deve estar 
matriculado na escola – e isso se trata de uma obrigação legal. 
At enção! 
O poder públ ico não pode se negar à oferta de educa ção, a s s im como os 
famil ia res e a com unidade não podem deixar de cumpr ir ta l obr igação. 
 
A Lei nº 9.394/1996 – denominada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB) – amplia a discussão sobre a educação infantil para além de um caráter 
assistencialista até então apresentado nas políticas púbicas. Para isso, a LDB a reafirma 
como primeira etapa da educação básica, cuja finalidade é o desenvolvimento integral da 
criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Ela constitui, portanto, 
um complemento da ação da família e da comunidade. 
A LDB ainda regulamenta as seguintes questões de acesso, de acordo com a faixa etária 
e a carga horária. Veja a seguir: 
• 0 - 3 anos Direito à creche. 
• 4 - 5 anos Direito à pré-escola. 
• 6 anos ou mais Direito à educação básica no ensino fundamental. 
 
Em relação à carga horária, a regulamentação um número de horas para cada tipo de turno 
e período. Veja a seguir. 
• Meio período - A carga horária mínima, para turno parcial, é de 4 horas. 
• Período integral - A carga horária total, para este período, deve ser de 7 horas. 
• Período anual - A carga horária mínima é de 800 horas, distribuídas em 200 dias 
letivos. 
Sobre a questão da frequência, a LDB estipula a presença mínima de 60% do total de 
horas, cuja fiscalização deve ser feita pela instituição escolar. 
No ano de 2013, foi promulgada a Lei nº 12.796/2013, que altera a LDB para incluir a 
obrigatoriedade de matrícula das crianças de quatro anos na educação infantil. 
A frequência passa então a ser exigida em consonância com a carga horária estabelecida 
de 200 dias letivos. O que antes era facultativo aos pais, passa agora a ser um dever. 
De acordo com a Unicef, o Brasil é um dos países com legislação mais avançada no 
mundo no que diz respeito à infância e à adolescência. Entretanto, a legislação ainda não 
conseguiu superar suas desigualdades sociais, geográficas e étnicas. 
Sa iba mais 
Veja a context ua l iza ção his tór ica do atendimento à infância no Bras i l 
(1889-1985). 
 
 Vem que eu te explico! 
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de 
estudar. 
 
Marcos da História da Infância no Brasil 
A Constituição de 1988 e a Infância no Brasil 
A BNCC e a Infância no Brasil 
Falta pouco para atingir seus objetivos. 
Vamos praticar alguns conceitos? 
 
Questão 1 
 
É dever do Estado ofertar educação pública nas seguintes condições: 
 
 
 
 
 
Parabéns! A alternativa a está correta. 
O atendimento gratuito se destina às crianças de 0 a cinco anos. Anteriormente, ele estava previsto até os seis anos, 
mas foi alterado em 2013 por considerar que, nesta idade, a criança deve estar matriculada no primeiro ano do ensino 
fundamental. 
Questão 2 
A respeito da frase “A educação é um direito de todos”, marque a afirmativa correta: 
 
 
Parabéns! A alternativa c está correta. 
O artigo 6º da LDB assim preconiza: “É dever dos pais e responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação 
básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade” (BRASIL, 1996). 
 
 
 
Considerações finais 
A história da infância é construída, ao longo do tempo, de acordo com seu contexto social 
e sua época. A concepção de infância, entre outras diferenças registradas, é por vezes 
modificada, suscitando tanto concepções de um sujeito com características próprias, 
segundo as quais se constroem possibilidades de um futuro, quanto a noção de criança 
como um miniadulto. 
Conforme os estudos na área foram se aprofundando, houve a modificação desses 
conceitos e foi dado um destaque às diferentes infâncias vivenciadas no Brasil. A 
diferença entre negros, indígenas, meninos e meninas traçava a visão de um sujeito à 
margem da sociedade em que o único tipo educação acessível era a cristã (por parte dos 
jesuítas). Entretanto, o trato com crianças brancas e provenientes de famílias mais 
abastadas já oferecia um olhar diferenciado em relação à educação, ainda que a 
adultização das crianças ainda fosse um fator presente em suas diferentes formas. 
Com o avanço dos estudos na área e a necessidade de garantir direitos para esses sujeitos, 
surgia uma série de políticas públicas construídas em prol dos pequenos: a Lei do Ventre 
Livre, que garantia, desde o nascimento, a não escravização das crianças de outra etnia 
ou as menos favorecidas; a Constituição Federal de 1988, que tornava obrigação legal do 
Estado o amparo à educação delas; o ECA, que se apresentava como mecanismo de 
garantia da proteção e dos direitos das crianças e dos adolescentes; e, por fim, a LDB, que 
impõe a obrigatoriedade de matrícula delas em creches e escolas. Elas constituem, nesse 
âmbito, os principais marcos alcançados. 
Pudemos então perceber os avanços e as modificações que circundam a história da 
infância e das crianças, identificando os principais pontos que a compõem. Consideramos 
que este assunto continua produzindo sentidos constantemente, além de abarcar questões 
de diferença, conquista de espaço e legitimação de um período marcado por suas 
especificidades. 
headset 
Podcast 
Ouça agora as professoras Wilna Mello e Flávia Miguel, que nos ajudam a aprofundar 
um pouco mais o conceito de “criança” ao longo da História 
Explore + 
Assista ao vídeo Concepções de infância na história, disponível na Plataforma 
YouTube. 
Leia o artigo A concepção de infância na visão de Philippe Ariès e sua relação com 
as políticas públicas para a infância, de Analedy Barbosa e Maria Magalhães. 
Leia a reportagem Situação das crianças e dos adolescentesno Brasil, disponível no 
site da UNICEF. 
Referências 
ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981. 
BARBOSA, A. A.; MAGALHÃES, M.G.D. A concepção de infância na visão de 
Philippe Ariès e sua relação com as políticas públicas para a infância. In: Revista 
eletrônica de Ciências Sociais, História e Relações Internacionais, v. 1, n.1, 2008. 
Consultado na internet em: 22 mar. 2022. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional 
promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas 
Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 
91/2016 e pelo Decreto Legislativo nº 186/2008. – Brasília: Senado Federal, 
Coordenação de Edições Técnicas, 2016. 
BRASIL. Lei nº 8.069/90, de 13 de julho de 1990. Consultado na internet em: 22 mar. 
2022. 
BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Consultado na internet em: 22 mar. 
2022. 
BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Consultado na internet em: 22 
mar. 2022. 
PEREZ, J. R. R.; PASSONE, E. F. Políticas Sociais de Atendimento às Crianças e 
aos Adolescentes no Brasil. In: Cadernos de Pesquisa, v.40, n.140, maio/ago. 2010. 
Consultado na internet em: 22 mar. 2022. 
PRIORE, M. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. 
SARMENTO, M. J. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da 
infância. In: Revista Educação e Sociedade. v. 26. n. 91. Campinas, 2005. p. 361-378. 
Consultado na internet em: 22 mar. 2022. 
 
	Descrição
	Propósito
	Objetivos
	A infância no Brasil
	Explicar a construção social do conceito de infância ao longo do tempo no Brasil.
	Diferenças sobre a ideia de criança
	Identificar as diferenças históricas sobre a ideia de criança no Brasil.
	Marcos legais na ideia de infância
	Reconhecer marcos legais importantes na construção histórica da ideia de infância no Brasil.
	Introdução
	1 – A infância no Brasil
	Ao final deste módulo, você será capaz de explicar a construção social do conceito de infância ao longo do tempo no Brasil.
	A construção social do conceito de infância
	Multidisciplinaridade
	Contexto histórico
	Criança adulto
	Criança institucional
	Criança social
	Senso comum e concepção de criança
	Tendência
	Vem que eu te explico!
	A infância em sociedades tradicionais
	Infância na modernidade
	Infância na ordem burguesa
	Falta pouco para atingir seus objetivos.
	Vamos praticar alguns conceitos?
	Questão 1
	Questão 2
	2 - Diferenças sobre a ideia de criança
	Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as diferenças históricas sobre a ideia de criança no Brasil.
	As crianças do Brasil
	História do Brasil e a infância
	Exploração e trabalho infantil
	Tendência
	Falta pouco para atingir seus objetivos.
	Vamos praticar alguns conceitos?
	Questão 2
	3 - Marcos legais na ideia de infância
	Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer marcos legais importantes na construção histórica da ideia de infância no Brasil.
	As primeiras legislações sobre a infância no Brasil
	As leis no Brasil e a infância
	A Constituição de 1988 e a infância no Brasil
	Vem que eu te explico!
	Falta pouco para atingir seus objetivos.
	Vamos praticar alguns conceitos?
	Questão 2
	Considerações finais
	Podcast
	Explore +
	Referências

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