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Descrição Educador infantil, formação mínima exigida, a importância da formação continuada e as competências necessárias para este profissional, assim como a construção da identidade do professor infantil. Propósito Conhecer a história, a legislação e os requisitos da formação do educador infantil são importantes para o aperfeiçoamento de habilidades significativas, a atuação profissional e a construção de sua própria identidade docente. Objetivos Módulo 1 A formação do educador infantil Reconhecer a construção histórica da formação do educador infantil. Módulo 2 Competências do docente infantil Identificar o cuidar e o educar como competências indissociáveis e fundamentais do docente infantil. Módulo 3 Saberes do educador Descrever os diferentes saberes presentes na identidade do professor. Introdução Olá, seja bem-vindo! Assista ao vídeo e compreenda a importância da educação infantil e da formação do educador. 1 - A formação do educador infantil Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a construção histórica da formação do educador infantil. A formação do educador infantil Histórico da educação infantil no Brasil Precisamos compreender brevemente o contexto histórico da educação infantil no Brasil. Nunes e Leite Filho (2013) explicam que: Nem sempre se teve no Brasil uma legislação específica sobre a infância e a educação das crianças pequenas, o que permite dizer que, por muitos séculos, não se reconheceu o acesso às instituições de educação destinadas a pré-escolares como um direito, seja ele da mãe ou da criança pequena, mas sim como um favor. (NUNES; LEITE FILHO, 2013, p. 68) Não existia uma legislação que, de forma mais clara, pensasse sobre os direitos das crianças, assim como também não havia parâmetros mais concretos para o funcionamento dessas instituições nem critérios mínimos para a formação dos educadores infantis. Neste período emblemático, as creches são descritas por muitos autores como um “mal necessário”. Elas atendiam, em sua maioria, os filhos das mulheres da classe trabalhadora. Os jardins de infância (ou pré-escolas), por sua vez, atuavam como uma preparação dos filhos das classes mais abastadas para a vida escolar. Tais instituições dividiam-se da seguinte forma: Creche Público-alvo: classe baixa. Iniciativa: filantrópica. Faixa etária: 0 a 7 anos. Contexto familiar: Mães que trabalhavam (operárias e domésticas, em sua maioria) e, por isso, precisavam deixar seus filhos ainda bebês em uma instituição infantil. Meta: cuidar. Jardim da infância Público-alvo: classe média. Iniciativa: privada. Faixa etária: 4 a 7 anos. Contexto familiar: mães que não trabalhavam, geralmente podendo cuidar da criança até ela alcançar esta faixa etária. Meta: educar. Podemos observar que as instituições infantis ainda não eram responsabilidade do Estado, que deveria apenas fiscalizá-las. Desse modo, não havia uma formação mínima exigida para atuar com as crianças pequenas, como podemos observar na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) tanto de 1961 quanto de 1971: nos dois períodos, não há qualquer menção à formação do educador para atuar com as crianças pequenas. No Brasil, a educação infantil, desde o seu surgimento até o final do século XX, esteve vinculada a funções assistencialistas para atender a uma demanda social por espaços nos quais as crianças pequenas (de zero a sete anos) permaneciam até atingir a idade escolar. Comentário A educação no Brasil tem uma tradição assistencialista quando falamos dos mais pobres: primeiramente, em relação aos órfãos, cujos abrigos davam rudimentos de educação; em seguida, com uma assistência para mulheres que precisavam trabalhar e não tinham onde deixar seus filhos. Repare que o foco não era a educação infantil, e sim a prestação de algum tipo de assistência. O que aproxima a educação infantil do assistencialismo é a tradição de caridade cristã; por isso, ele tende a ser reproduzido, mesmo quando se tentam inovações importantes. A relação assistencialista também é percebida nas ações governamentais. Por exemplo, o cuidado com as crianças e a sua educação somente surge na legislação do período do Estado Novo, quando um fundo assistencial é criado para elas. Este sistema era chamado de caixas públicas, cujos recursos assistenciais eram buscados a fim de conseguir tratamento de saúde para essa faixa etária ou para colocá-la na escola. A educação voltada às crianças pobres não era entendida como um processo de transformação (ou reinstrumentalização social), e sim como políticas que pretendiam gerar, por meio do assistencialismo, um início de mudança. Apesar da organização do Ministério da Educação e das Leis de Diretrizes e Bases, este modelo assistencialista continuou a existir. Para conhecer um pouco mais essa história da tradição assistencial no Brasil você pode ler alguns artigos indicados no Explore +. Existiam pedagogos no Brasil? Sim! Os primeiros cursos de Pedagogia são do início do século XX. Contudo, os pedagogos estavam em seus gabinetes e a educação era seu objeto de estudo em vez de sua área de atuação. Até poderia haver pedagogos atuando em grandes escolas, mas nunca na relação direta com as crianças. Visibilidade e legitimidade da infância Você deve estar se perguntando: Quando a infância se tornou legítima e visível aos profissionais e às instituições que atendem crianças pequenas? Veja a seguir os marcos legais que lhes trouxeram visibilidade e legitimidade. Comentado [A1]: Legítima Tornar-se legítima significa reconhecer direitos e especificidades, expressando, de forma mais viva, a necessidade de proteção à criança. Comentado [A2]: Visível Ser visível é debruçar-se sobre as características singulares da infância social psicológica e pedagogicamente. Constituição Federal de 1988 A partir da Constituição Federal de 1988, o processo de legitimação da infância e, consequentemente, do educador infantil começou a tomar forma. Um novo olhar é lançado sobre as crianças, percebendo-as como sujeitos de direito (crianças ou jovens protegidos integralmente pela lei e capazes de exercer direitos em nome próprio. Este termo só passou a ser efetivamente considerado no país a partir da vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no ano de 1990). Nunes e Leite Filho (2013) salientam que, a partir da Constituição de 1988, ocorre o reconhecimento da educação infantil como um direito delas, enquanto a creche e a pré-escola passam a ser identificadas como instituições infantis. Leia o artigo 208, incisos I e IV. Vale destacar que ainda não havia qualquer obrigatoriedade legal quanto à formação mínima para a atuação na educação infantil. Lei n° 9.394/1996 LDB Ainda em vigor, a LDB n° 9.394/1996 deu continuidade ao processo de legitimação dos direitos da criança segundo o viés escolar. A formação dos educadores infantis finalmente é mencionada, garantindo a figura da professora na educação infantil, e não apenas a das cuidadoras. A formação mínima exigida para o professor de educação infantil passa a ser: • Licenciatura plena (nível superior); • Curso Normal (nível médio). Leia o artigo 62. Lei nº 12.014/2009 A Lei nº 12.014/2009 alterou trechos do texto da LDB de 1996. Em seu artigo 61, ela reforça a necessidade da inclusão no quadro da escola de um professor habilitado na educação infantil e considera como profissionais da educação outros integrantes do corpo escolar, como técnicos, supervisores, orientadores e auxiliares de creche, os quais, mesmo sem formação específica, têm atuado ao longo do tempo em instituições infantis. Isso determina, contudo, que eles possuam uma formação mínima para a função que exercem. Ao apontar a necessidade do diploma, a Lei nº 12.014 acaba incentivando a formação dessesprofissionais. Para tornar seu estudo ainda mais completo em relação aos marcos legais que acabou de ver, leia trechos das seguintes leis: CF 1988 - artigo 208, incisos I e IV; Lei nº 9.394/1996 - artigo 62; Lei nº 12.014/2009 - artigo 61. O responsável pelo projeto de lei que fundamenta a educação nacional Veja a seguir as ações do então senador e grande educador Darcy Ribeiro, cujo trabalho transformador fez com que a LDB seja também chamada de Lei Darcy Ribeiro. Quando o jardim de infância e a creche se equiparam, temos então um novo olhar sobre a educação: agora, educar e cuidar se fundem. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 A função do educador infantil Cuidar ou educar? Mudanças para a criação do profissional da educação Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A educação infantil, desde o seu surgimento até o final do século XX, esteve vinculada a ações privadas ou filantrópicas. O Estado ainda não possuía responsabilidade direta sobre as instituições infantis. Quais as implicações disso para os profissionais de tais instituições? Parabéns! A alternativa c está correta. Somente a partir da LDB (1996), é definida a formação mínima exigida para o educador infantil. Embora isso significasse ausência da responsabilidade do Estado, não significava que os profissionais que nela trabalhassem, não estivessem comprometidos ou desinteressados pelos seus alunos. Muito menos que houvesse grande rotatividade, em consequência da suposta falta de compromisso. Questão 2 A LDB nº 9.394/96 define como formação mínima para a atuação na educação infantil: Parabéns! A alternativa b está correta. A LDB de 1996 determina que os profissionais da educação infantil devem ser professores com formação superior em licenciatura plena, sendo admitida, porém, a adquirida no curso normal em nível médio como formação mínima. 2 - Competências do docente infantil Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o cuidar e o educar como competências indissociáveis e fundamentais do docente infantil. Habilidades para a docência infantil Contexto histórico do educador infantil Educar e cuidar são fundamentais na educação infantil. Porém, antes de esmiuçarmos esse conceito, precisamos compreender quais valores eram considerados importantes para quem trabalhava com crianças pequenas antes da promulgação da LDB nº 9.394/96, lei responsável por definir a formação mínima do educador infantil. Antes da exigência por essa formação mínima, critérios superficiais e subjetivos eram levados em conta para o trabalho com crianças pequenas, como: • Ser mulher • Ter instinto maternal • Gostar de crianças • Possuir um comportamento doce • Demonstrar um lado afetivo • “Levar jeito” na relação com as crianças • Saber “tomar conta” delas Em outras palavras, buscavam-se profissionais que substituíssem parcialmente a figura materna. Muitos dos valores que foram citados ainda são, mesmo que de forma indireta, considerados importantes para alguns empregadores. Você sabe por quê? Porque ainda vivemos o processo de desconstrução de um conceito histórico de infância e de educador infantil ainda muito voltado para o assistencialismo e a visão da escola (em especial, as creches) como uma extensão da casa e da família. Experiência como educador infantil Entenda a seguir como ocorreu a quebra de certos paradigmas na educação infantil e como se dá a experiência de um educador nessa área. Cuidar e educar Conforme sinalizamos, cuidar e educar eram vistos como pontos separados. No contexto histórico apresentado, podemos observar que: CUIDAR Função associada às crianças bem menores, estava estritamente vinculada às creches (Instituições filantrópicas que atendiam os filhos das trabalhadoras da classe baixa). EDUCAR Era normalmente relacionado às práticas dos jardins de infância (instituições que cuidavam das crianças da classe média, a partir dos quatro anos de idade, como preparo para a vida escolar). Com a interferência do Estado nos espaços infantis, definindo creches e pré- escolas (ou jardins de infância) como espaços de educação infantil, além da formação dos educadores estabelecida pela LDB nº 9.394/96, temos a junção do cuidar, antes atribuído às creches, com o educar, voltado para as pré-escolas. Você sabe a consequência disso? Ambos passam a ser competências igualmente fundamentais para o trabalho do educador infantil. Com a valorização da figura do professor na educação infantil e as definições mais claras de sua formação, podemos dizer que o educar e o cuidar constituem as premissas do seu trabalho. Vamos analisar as mudanças da LDB, veja: ANTES Quem atuava na educação tinha as seguintes formações: Professoras de nível médio: das antigas escolas normais, elas trabalhavam com os alunos; Auxiliares de creche: sem formação específica, eram os responsáveis por olhar as crianças; Pedagogos: Especializados em Educação, sua função era elaborar a gestão, a supervisão, o funcionamento, as políticas públicas e as estratégias para a educação ser efetiva. Falavam com todos, à exceção dos alunos; afinal, não aprendiam a cuidar, mas a educar e pensar a educação. DEPOIS O que era interpretado como cuidar passa a ser repensado como parte dos processos educativos. Desse modo, rompe-se com a ideia de cuidadores (especialmente na educação infantil) e seus gestores. Como o objetivo é cuidar da Educação, busca-se uma formação que entenda o trabalho para o desenvolvimento infantil como um ato pedagógico primordial. Cuidar e educar, portanto, são atos indissociáveis no trabalho do educador infantil. É a partir dessa compreensão que muitos aspectos importantes do desenvolvimento infantil são valorizados. Dessa maneira, a indissociabilidade entre tais atos corrobora uma visão ampla da criança, respeitando diferentes saberes e contextos sociais e familiares, além das formas de pensar, sentir e viver. Cuidado e ato educativo Veja a seguir a relação entre cuidado e ato educativo. Vamos refletir mais um pouco sobre a impossibilidade da separação de ambos, especificando, para isso, suas definições e contribuições para a qualidade do trabalho com crianças pequenas. Definindo as crianças como sujeitos de direitos, Lima e Vendas (2017) falam sobre um cuidar que não se atenha apenas aos cuidados físicos, indicando a escuta como uma de suas formas de atuação. Temos então um cuidado que não é só físico – sem deixar de também ser – mas que é um cuidado com o ser humano, com o indivíduo que está conosco e necessita de nós tanto quanto nós dele. Este ser humano, detentor de direitos, pode ser criança. Somos nós, adultos educadores, sujeitos em interação com as crianças, que são também sujeitos. Quando escutamos nossas crianças, respeitamos e valorizamos o que elas já sabem, isso é cuidado. (LIMA; VENDAS, 2017, p. 58) Ao analisarmos o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), de 1998, podemos destacar dois pontos importantes: Integração entre cuidar e educar Reverbera a importância da integração entre as duas funções, favorecendo a formação integral da criança. Igualdade entre professores da educação infantil e demais docentes Como historicamente o profissional da educação infantil sempre foi muito desvalorizado e sua conquista por espaço e formação ainda é recente, a quebra dessa hierarquia significa um ponto favorável para ele. No entanto, a busca pela igualdade de direitos entre os docentes de diferentes segmentos ainda é um processo em andamento. Premissas do trabalho do educador infantil Educadores infantis precisam construir trajetos formadores quepossibilitem aos educandos o desenvolvimento de suas capacidades, zelando, ao mesmo tempo, por sua segurança e pelos sentimentos envolvidos. Todas as crianças devem ser estimuladas para o desenvolvimento dos seguintes atributos: Motor - Aquisição de movimentos amplos e finos. Sensorial - Constituição de capacidades sensoriais (visão, audição, olfato, paladar e tato). Socioemocional - Conjunto de atitudes e habilidades necessárias ao meio sociocultural. Linguístico - Capacidade de compreender e se comunicar por meio de linguagem verbal e não verbal (gestos, vocalizações e palavras). Estabeleceremos, a seguir, algumas premissas do trabalho do educador infantil. Perceba como sua atuação está relacionada a cuidar e educar: Respeitar o tempo de cada criança aprender e se desenvolver Cuidar: Atender cada criança como um indivíduo com peculiaridades e características próprias que recebe a proteção e o estímulo do professor. Educar: Desenvolver competências motoras e cognitivas, percebendo e buscando estratégias para estimular cada aluno de forma correta. Resolver conflitos entre as crianças e mostrá-las as formas de lidar com as situações Cuidar: Evitar que os alunos se machuquem ou se isolem por conta de alguma mágoa, tentando promover uma mediação para vida em sociedade. Educar: Estimular competências socioemocionais que estejam em consonância com uma educação voltada para paz, além de transformar o espaço em um clima acolhedor. Observar as manifestações infantis (brincadeiras e falas) e entender o que elas podem expressar Cuidar: Ouvir as crianças e lhes dar atenção, permitindo que lidem com a ideia de ruptura (achando-se o centro do mundo, elas enfim descobrem que ele é grande e que sua vontade não é soberana, algo definitivamente difícil). Isso pode ser realizado ao se transitar, treinar, falar e respeitar esses sujeitos no seu desenvolvimento. Educar: Ampliar os aspectos linguísticos, valorizando e estimulando a fala delas para dar sentido e significado à sua voz. Ajudar a criança a desenvolver autonomia para cuidar dos seus materiais e do coletivo Cuidar: Supervisionar sem intervir diretamente, evitando que a criança se sinta incapaz ou que entenda ser responsabilidade do outro fazer algo para ela. Educar: Fomentar a autonomia das crianças, permitindo que percebam suas capacidades e busquem soluções para problemas com os quais se deparem. Respeitar as singularidades do contexto social e familiar de cada criança Cuidar: Fazer a criança se sentir acolhida por ser como é, pertencendo à tradição que ela tiver sem medo de não ser aceita por isso. Educar: Fortalecer competências socioemocionais é função do professor; uma vez estimuladas, isso permite aos alunos respeitar as diferenças. Propor situações de contato com o ambiente e os diferentes elementos da natureza Cuidar: Fortalecer sentimentos e medos que precisam ser mediados para o desenvolvimento dela. Afinal, o medo é um elemento que acompanha o novo. Por não o abstrair, a criança percebe uma verdade que a aflige. Educar: Aprimorar competências sensoriais, despertando para a realidade de que existe um mundo no seu entorno e uma natureza à qual a criança se integra. Apesar de a educação infantil ser uma fase essencial para o desenvolvimento e de os educadores precisarem de uma formação adequada, o Brasil ainda apresenta professores que estudaram só até o ensino fundamental ou médio. Na matéria 35% dos professores de educação infantil não têm diploma; entenda a importância da formação em pedagogia, do site G1, especialistas comentam a relevância dessa etapa de ensino para as crianças e explicam por que a graduação é fundamental para a qualidade do trabalho desenvolvido na escola. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 A formação docente em educação infantil Novas regras para a formação de professores Perfil docente Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A Lei nº 9.394/96 (LDB) definiu a formação mínima dos educadores infantis, buscando superar a visão destes profissionais como os que “deveriam substituir parcialmente a figura materna”. No entanto, hoje em dia, sabemos que muitos valores presentes na concepção dele ainda são, mesmo que de forma indireta, considerados importantes por alguns empregadores. Podemos afirmar que isso acontece porque: I - Não superamos plenamente o processo de desconstrução de uma concepção histórica de infância. II - A concepção de educador infantil que possuímos é muito legalista. III - A visão que temos das escolas – e, em especial, das creches – nos leva a reconhecê- las como uma extensão da casa e da família. Das afirmativas apresentadas: Parabéns! A alternativa b está correta. A concepção de educador infantil que possuímos ainda é muito voltada para o assistencialismo; por isso, permanece a mentalidade anterior à da promulgação da LDB. Se nossa visão fosse legalista, estaria presa à formação mínima para este profissional. Questão 2 Educar e cuidar são aspectos indissociáveis na educação infantil. Com essa compreensão, o educador Parabéns! A alternativa c está correta. Educar e cuidar são indissociáveis no trabalho do educador infantil. É a partir dessa compreensão que muitos aspectos importantes do desenvolvimento infantil são valorizados, buscando sua formação integral enquanto indivíduo detentor de direitos. Perceba que as demais opções dizem respeito às características ou situações referentes ao professor. Embora elas possam acontecer, o foco aqui deve ser o desenvolvimento infantil. 3 - Saberes do educador Ao final deste módulo, você será capaz de descrever os diferentes saberes presentes na identidade do professor. Identidade do educador Apresentaremos algumas situações hipotéticas cujos fatores constituem a identidade do educador. Após a leitura, reflita sobre elas, buscando em sua memória escolar (seja como aluno, responsável, professor ou algum outro papel já desempenhado) vivências que se assemelhem às descritas a seguir: Uma professora possui um aluno em sua turma com uma dificuldade de aprendizado específica; por causa disso, sente-se esgotada, pois não sabe como proceder. Após uma conversa com seus colegas docentes, eles resolveram elaborar novas estratégias para lidar com a situação, fazendo com que esta profissional se mantivesse mais motivada. Uma professora de origem muito simples começou a trabalhar em uma escola da periferia. Ela se sensibiliza bastante com a realidade de seus alunos, pois se identifica com as histórias de vida deles; assim, busca realizar ações afirmativas em sala. Uma professora possui especialização em educação especial. Ao receber um aluno incluído, ela se sente mais segura que sua colega da sala ao lado, a qual, também tendo recebido um estudante incluído, não possui esse aperfeiçoamento. Ao longo dos anos de magistério, uma professora só teve oportunidades profissionais para trabalhar no ensino fundamental. Em dado ponto da carreira, foi-lhe oferecido o desafio de atuar na educação infantil. Sua trajetória profissional não a preparou amplamente para lidar com esta faixa etária, mas, com a ajuda de colegas e a busca por capacitações, ela pôde desenvolver um bom trabalho. Uma professora prefere manter uma relação mais distante em relação às crianças de sua turma. Certa vez, a mãe de uma delas contou-lhe sobre as dificuldades que seu filho estava enfrentando em casa. A profissional finalmente entendeu por que o menino passou a ficar mais sozinho e vinha demonstrando tão pouco interesse nas atividades, comportamento este que ela repreendiadiariamente. Desse modo, ela pôde compreender a importância de manter vínculos de afeto e confiança com as crianças. Quando era criança, uma professora brincava bastante na rua com seus vizinhos, explorando brincadeiras de pique e outras inventadas. Subir em árvores e andar de bicicleta, além de outras brincadeiras ao ar livre ou feitas coletivamente, pode ser um traço marcante de suas práticas pedagógicas. Ao refletir sobre essas situações, você conseguiu encontrar vivências próximas às suas ou conhece relatos que se enquadrem nesses cenários? Tais reflexões são importantes para compreendermos a complexidade da formação docente. Saber docente A partir das reflexões que você fez sobre as situações hipotéticas, é possível correlacionar os diferentes saberes docentes que constituem a identidade do professor. Mas, primeiramente, precisamos conceituar a expressão saber docente. Para Maurice Tardif, importante filósofo e sociólogo canadense que tem suas pesquisas voltadas para a área da formação de professores e da profissão docente, a identidade docente vai se construindo, além da formação básica do professor, a partir de diversos fatores, como as situações hipotéticas às quais você foi apresentado. O saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola etc. Por isso, é necessário estudá-lo, relacionando-o com esses elementos constitutivos do trabalho docente. (TARDIF, 2008, p.11) Na obra Saberes docentes e formação profissional, Tardif classifica tais saberes da seguinte forma: Saberes da formação profissional Conhecimentos científicos adquiridos durante o processo de formação inicial ou continuada. Engloba também os conhecimentos pedagógicos, relacionados aos métodos de ensino. Saberes disciplinares Saberes específicos de um campo do conhecimento. Saberes curriculares Objetivos, conteúdos e métodos próprios dos programas escolares, específicos de cada instituição educacional, que o professor deve apropriar-se deles. Saberes experienciais Conhecimentos adquiridos a partir do exercício do magistério, da própria trajetória profissional. Em suma, Tardif (2008) define o saber docente como um grupo de fatores que interfere na formação e nas práticas dos professores. Com tudo que vimos até agora, podemos chegar a uma conclusão: O professor é um profissional em constante formação. Na educação infantil, isso é ainda mais evidente, principalmente devido às recentes reconfigurações do campo de ensino. A formação mínima para o profissional que atua na educação infantil foi definida nas últimas décadas. Outros avanços neste campo, como a promulgação de direitos mais claros da infância, também se configuram a partir do final do século XX. O que Paulo Freire, patrono da Educação brasileira, falava sobre o saber docente? Não existe ensinar sem aprender. (FREIRE, 2012, p.57) Segundo Paulo Freire (2012), o professor aprende em diversas situações: Dia a dia Com a autoavaliação das práticas, cotidianamente com seus alunos, revendo suas propostas, com seu planejamento, refletindo sobre suas escolhas e ações. Trocando Informações com seus pares A troca de informações também é um diferencial, pois permite ampliar propostas, trazer novas ideias e manter um trabalho mais integrado e dinâmico. Formação continuada É fundamental, pois o educador infantil precisa se manter sempre atualizado, buscar formações e cursos, refletir sobre as mudanças no campo pedagógico, Comentado [A3]: Paulo Freire Importante educador e filósofo brasileiro, Freire destacou-se por seu trabalho na área da educação popular e suas inovações nos métodos de alfabetização. Foi declarado patrono da educação brasileira por conta de suas grandes contribuições no campo da educação. as novas tendências e tudo mais que puder ampliar seus conhecimentos e favorecer a qualidade do seu trabalho com as crianças. Sobre esse tema, Paulo Freire, no livro Professora, sim; tia, não (obra que oferece reflexões para o crescimento e valorização profissional dos educadores infantis), salienta a necessidade de os educadores buscarem conhecer a realidade de seus alunos. Creio que a questão fundamental diante de que devemos estar, educadoras e educadores, bastante lúcidos e cada vez mais competentes é que nossas relações com os educandos são um dos caminhos de que dispomos para exercer nossa intervenção na realidade a curto e a longo prazo. [...] Procurar conhecer a realidade em que vivem nossos alunos é um dever entre outros que a prática educativa nos impõe. Sem conhecer a realidade de nossos alunos, não temos acesso à maneira como pensam, dificilmente podemos saber o que sabem e como sabem. (FREIRE, 2012, p.152) Você sabia que a questão levantada por Freire ainda é muito atual? Na sociedade moderna, tão voraz e em constante transição, o contexto no qual as crianças vivem, socializam, interagem e se manifestam fala muito sobre a forma e o conteúdo aprendidos. Desse modo, os interesses delas, suas famílias, suas relações e o seu ambiente constituem pontos relevantes. O educador infantil deve estar atento a essas questões. Estabelecer uma relação de respeito, confiança e afeto em relação à identidade da criança é um diferencial para o professor poder atuar na formação integral dela. Como compreender a infância atualmente? Veja a seguir um bate-papo sobre as perspectivas sobre o tema infância. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Perfil de atuação na educação infantil Base nacional comum curricular Mudanças importantes na formação dos professores Questão 1 Leia este trecho de Tardif (2008): “O saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola etc. Por isso, é necessário estudá-lo, relacionando-o com esses elementos constitutivos do trabalho docente”. (TARDIF, 2008, p. 11) A partir desse trecho, podemos afirmar que: Parabéns! A alternativa d está correta. Os saberes docentes se constituem pelas experiências cotidianas e profissionais do educador, transformando sua prática e constituindo sua identidade docente. Ou seja: a identidade docente é fruto dessa ação cotidiana, de cada professor, mas que constitui uma identidade coletiva. Questão 2 Releia e reflita sobre a citação abaixo: “Não existe ensinar sem aprender.” (FREIRE, 2012, p.57) Essa frase nos dá a ideia de que: Parabéns! A alternativa c está correta. Para Paulo Freire, a prática docente também é um constante aprendizado para o professor, que se forma e se transforma no exercício do magistério. Lembre-se de que sua análise deve ser feita a partir da frase e do pensamento do autor do enunciado, pois as outras opções podem ter sentido, porém, a partir de outro viés ideológico. Considerações finais Compreender que a formação do educador infantil é uma construção histórica traz clareza não somente ao próprio educador, como também àqueles que se dedicam a estudar a infância e suas relações. Afinal, se não havia, por um longo tempo (e boa parte do século XX), uma exigência mínima e legal para que as funções de tal profissional fossem devidamente assumidas, atualmente elas já estão definidas pela LDB. Deixando para trás uma visão meramente emotiva que caracterizava este profissional, ele, hoje em dia, soma à formação acadêmica (licenciatura ou curso técniconormal) a própria vivência: aplicadas em sua prática docente, ambas fornecem ao educador infantil as condições adequadas para contribuir na formação integral das crianças. headset Podcast Para encerrar, ouça agora uma conversa com especialistas sobre a formação e identidade do educador infantil. Explore + Confira o que separamos especialmente para você! Leia estes artigos: • Instituições pré-escolares assistencialistas no Brasil (1899-1922); • As exposições internacionais e a difusão das creches e jardins de infância (1867- 1922); • Educação infantil no Brasil: um percurso histórico entre as ideias e as políticas públicas para a infância; • Educar crianças pequenas: em busca de um novo perfil de professor, de Maria Malta Campos; • Formação de professores para a educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental e os cursos de Pedagogia: novos e velhos desafios; • Antonio Nóvia: “professor se forma na escola”; • Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Assista ao vídeo: • Como tornar-se um bom professor, de Leandro Karnal. Visite o site: • Portal do MEC – educação infantil. Referências BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Brasília, 1961. Consultado na internet em: 18 de abr. 2022. BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Brasília, 1971. Consultado na internet em: 18 de abr. 2022. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Consultado na internet em: 18 de abr. 2022. BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, 1990. Consultado na internet em: 18 de abr. 2022. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. Consultado na internet em: 18 de abr. 2022. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. vol. 1. BRASIL. Lei nº 12.014 de 2009. Brasília, 1996. Consultado na internet em: 18 de abr. 2022. FREIRE, P. Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar. 23. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. LIMA, C. M. de; VENDAS, F. A. Cuidar e educar na Educação Infantil: história, políticas, práticas e formação docente. In: MENDONÇA, A; GUEDES, L; BASTOS, P. (Org). Jovens pesquisadoras: professoras refletindo sobre políticas e práticas educacionais. 1. ed. – Rio de Janeiro: Autografia, 2017. MICHAELIS ON-LINE. Verbete educar. NUNES, M. F. R.; LEITE FILHO, A. G. Direitos da criança à Educação Infantil: reflexões sobre a história e a política. In: NUNES; KRAMER; CARVALHO. (Org.). Educação Infantil: formação e responsabilidade. 1. ed. São Paulo: Papirus, 2013, v. 1, p. 67-88. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 9. ed. – Petrópolis: Vozes, 2008. Descrição Propósito Objetivos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Introdução 1 - A formação do educador infantil Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a construção histórica da formação do educador infantil. A formação do educador infantil Histórico da educação infantil no Brasil Creche Jardim da infância Existiam pedagogos no Brasil? Sim! Visibilidade e legitimidade da infância O responsável pelo projeto de lei que fundamenta a educação nacional Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Questão 2 2 - Competências do docente infantil Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o cuidar e o educar como competências indissociáveis e fundamentais do docente infantil. Habilidades para a docência infantil Contexto histórico do educador infantil Experiência como educador infantil Cuidar e educar Cuidado e ato educativo Premissas do trabalho do educador infantil Respeitar o tempo de cada criança aprender e se desenvolver Resolver conflitos entre as crianças e mostrá-las as formas de lidar com as situações Observar as manifestações infantis (brincadeiras e falas) e entender o que elas podem expressar Ajudar a criança a desenvolver autonomia para cuidar dos seus materiais e do coletivo Respeitar as singularidades do contexto social e familiar de cada criança Propor situações de contato com o ambiente e os diferentes elementos da natureza Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Questão 2 3 - Saberes do educador Identidade do educador Saber docente Vem que eu te explico! Perfil de atuação na educação infantil Base nacional comum curricular Mudanças importantes na formação dos professores Questão 1 Questão 2 Considerações finais Podcast Explore + Referências
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