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Aula 2: Vias de transmissão nociceptiva Dor: experiencia subjetiva que pode estar associada a dano real ou potencial nos tecidos, podendo ser descrita tanto em termos desses danos quanto por ambas as características. O termo desconforto é associado a presença da dor, envolve diversos aspectos emocionais, culturais, afetivos e está relacionada com uma percepção individual, pode estar atrelada a lesão estrutural ou a própria disfunção. Diferencia-se os termos: dor não é sinônimo de nocicepção; Nocicepção: conjunto de eventos neurais pelos quais os estímulos nocivos são detectados, convertidos em impulsos nervosos e transmitidos da periferia para o SNC, onde são interpretados. Ao usar o termo nocicepção, descreve-se o fenômeno chamado: transdução. Portanto, nocicepção e dor são diferentes, pois para que ocorra a transdução tem a necessidade de ocorrência de lesão tecidual→ nocicepção não é dor. - Dor nociceptiva: apresenta lesão tecidual, pois envolve a presença do fenômeno neurofisiológico nocicepção→ transdução da dor, envolvendo inflamação. No início da lesão é percebida como uma dor extremamente aguda e ao longo do tempo tem uma redução na intensidade, associada a primeira dor→ processo de transdução. - Dor neuropática: ocorre sem a presença de inflamação e envolve alterações no processo de neurotransmissão da dor, podendo ter origem, por exemplo, na compressão de vias transmissoras, como o nervo ciático, ocorrendo ciatalgia, doenças como Parkinson e Alzheimer e alterações na interpretação e/ou modulação nas vias inibitórias da dor, como a fibromialgia, é denominado dor neuropática, toda dor que não é possível associar a ocorrência de dano tecidual. Pacientes com fatores afetivos que desencadeiam a dor (cinesiofobia) e/ou pacientes com degeneração cerebral que também irão desencadear a dor, como o Alzheimer. A dor neuropática há uma oscilação, diferente da dor nociceptiva, pois não necessariamente há o processo lesivo e não necessariamente passa pela primeira dor (ex: fibromialgia), há uma desregulação no processo, chamada de segunda dor. - Relatos de dor em ‘’pontada’’ ou em ‘’aperto’’ está mais associada a dor neuropática e não nociceptiva. O ‘’CAMINHO’’ DA DOR - Vias de Transmissão da Dor 1. Transdução: Recepção de Estímulo Primeiro é necessário entender que possuímos diferentes vias sensoriais, diferentes terminações nervosas que irão captar estímulos sensoriais no sistema nervoso periférico, vias sensoriais que captam informações táteis, térmicas, tato profundo e superficial, vibração e vias sensoriais que captam informações que envolvem a dor, são essas terminações livres que captam as informações dolorosas, essas terminações neuronais livres no sistema nervoso periférico, denomina-se de nociceptor. Nociceptor: é uma estrutura neurofisiológica, a parte final de neurônios que estão presentes no SNP e que são responsáveis pela captação das informações nociceptivas→ Receptores da dor. O que difere o nociceptor das demais terminações nervosas livres, vai ser a estrutura do nociceptor, na qual, está relacionada com a velocidade de condução do estímulo doloroso. Quando se tem uma lesão tecidual, seja mecânica (entorse de tornozelo), térmica (ao queimar a mão cozinhando) ou química, irá desencadear a primeira resposta à lesão→ INFLAMAÇÃO (que irá liberar mediadores inflamatórios, que são substâncias químicas liberadas sempre quando há dano tecidual, como: bradicinina, serotonina e prostaglandina. Os mediadores pró- inflamatórios irão promover a ativação dos nociceptores→ Mecanismo ‘’chave- fechadura’’ ocorre entre o mediador pró- inflamatório e as terminações livres do neurônio nociceptor, se encaixando e a partir disso, ocorre o processo de transdução, nada mais é do que transformar informação química (a liberação dos mediadores inflamatórios causadas pela degranulação do mastócito/lesão tecidual) irá se encaixar na terminação nervosa livre do neurônio nociceptor e, assim, transmite o estimulo elétrico nociceptivo. Transdução: evento que transforma informação química dos mediadores pró-inflamatórios em informação elétrica, nada mais é do que o estímulo nervoso que irá ser carregado pelo neurônio nociceptor. Terminação nervosa livre (TNL): traduz o estímulo nociceptivo (inflamação/presença do mediador inflamatório) em estímulo elétrico conduzido pelo neurônio. A DOR NOCICEPTIVA SEMPRE IRÁ OCORRER DEVIDO A INFLAMAÇÃO. 2. Condução É necessário entender as características dos neurônios e/ou das terminações nervosas livres denominado de nociceptor. O estímulo nociceptivo sempre será conduzido em um nociceptor→ neurônio que transmite informação sensorial tátil apenas será transmitido informação tátil, assim como, o neurônio que transmitir informação dolorosa apenas transmite informação dolorosa. As terminações neuronais possuem diferentes características estruturais, as fibras sensoriais do tipo A-α, irão transmitir informações exclusivamente proprioceptivas, pois possuem um grosso calibre, além disso, são mielinizadas. Fibras A-β: irão transmitir informações mecânicas cutâneas, como por exemplo, as informações táteis, é um tipo de fibra cujo neurônio tem um calibre moderado, e é mielinizada. Fibras A-δ (gama): o calibre dessas fibras é muito menor em relação a alfa e a beta, parte dessas fibras é mielinizada e esse tipo irá transmitir a informação de primeira dor (dor aguda) e informações relacionadas a temperatura, ex: ao queimar a mão→ reflexo de retirada. Fibras do tipo C: tem um baixo calibre, não mielinizada, transmite informação dolorosa, porém esse tipo de fibra tem uma lentificação no processo de transmissão de estímulo. OBS: quanto MAIOR o calibre do neurônio= MAIOR velocidade de transmissão de impulso. - O movimento é a via analgésica mais rápida; - Diferenças entre as fibras: Fibra A- gama: estão associadas a percepção dolorosa desencadeada por lesões mecânicas e térmicas; primeira dor→ percepção precoce de dor aguda. Fibra C: conduzem informações do tipo polimodais→ pressão, calor e agentes químicos; mas que não produz uma intensidade lesiva alta; segunda dor→ sensação mais retardada, duradoura e difusa. - Tipos de dor: Rápida: Fibras Aδ→ Primeira dor • Em pontada e bem localizada • Condução rápida (12-30 m/s) • Mecanorreceptores de alto limiar • Nociceptor unimodais • A dor rápida envolve o nociceptor que tem mielina, tendo a presença dos estímulos saltatórios→ tendo uma velocidade de condução mais rápida. Lenta: Fibras C→ Segunda dor • Em queimação, mal localizada e difusa • Condução lenta (0,5- 2 m/s) • Receptores mecânicos, térmicos e químicos • Nociceptores polimodais • A dor lenta há a presença de um neurônio desmielinizado, a transmissão por meio deste neurônio é mais lenta. OBS: a segunda dor só ocorre quando cessa o estímulo da primeira dor. - Vias de Transmissão da Dor: (leva informação da periferia para o centro) Esses neurônios irão sair da região periférica e irão para região dos gânglios dorsais da medula, quando o neurônio aferente nociceptivo entra na medula por um trato, irá ter uma direção ascendente de informação, ou seja, o neurônio entra na medula fazendo conexão e irá subir para região encefálica/áreas cerebrais onde a informação irá ser interpretada e fará conexão com o Neurônio de 2 ordem (ao realizar a conexão com a medula, como: fibras Aδ, fibras C), ele irá conduzir informação no sentido ascendente, ou seja, da região inferior da medula para o centro superiores (áreas cerebrais). Na medula quando tem a entrada do nociceptor e a conexãocom o neurônio de 2 ordem, essa transmissão irá promover algumas alterações associadas com o ‘’disparo’’ desse neurônio de 2 ordem, sendo assim, a informação nociceptiva entra pela fibra tipo C ou pela fibra Aδ e essa informação produz disparo de dois tipos de substâncias: • Substância P • Neurotransmissores (Glutamato e Neuropeptídeos) Essas duas substâncias são responsáveis por regular a quantidade de disparo dos neurônios, controlando a quantidade de estímulo que irá passar, do neurônio nociceptivo para o neurônio de 2 ordem. Exemplo: ao ter uma desregulação no Glutamato ou Neuropeptídeos, esse controle do estímulo será reduzido e em decorrência disso, o paciente terá uma maior percepção dolorosa, ou seja, algumas dores, como as neuropáticas estarão associadas com essa desregulação. - Transmissão das informações para o córtex somatossensorial: O terceiro neurônio é responsável por enviar informação nociceptiva e/ou dolorosa para as áreas do cérebro que interpretam a dor (ele se localiza na região do tálamo) • O tálamo, tem uma importante função de ‘’juntar’’ as informações e levar para as áreas de interpretação, chega informação nociceptiva pelo neurônio de 2 ordem e informação visual, o que facilita para identificação do processo lesivo. É uma região de integração de informações e para desencadear respostas motoras de proteção local da dor. • Locais no Encéfalo: O estímulo nociceptivo é enviado para duas principais áreas e para três diferentes tratos: - Córtex Somatossensorial: localização da dor e percepção da intensidade da dor • Vias Ascendentes no Córtex Somatossensorial: - Trato Espinotalâmico: interpreta informações nociceptivas, somente é ativado ao ter um estímulo lesivo, responsável pela ocorrência da primeira dor= rápida e localizada, ou seja, precisa ter inflamação para que esta área do cérebro seja ativada. - Trato Espinorreticular: tem participação em dores desencadeadas por lesões, mas também, tem participação na interpretação de dor neuropática→ hérnia discal, por exemplo. É um estímulo lento e difuso, é aquele paciente que relata ter dor em ‘’tudo’’, pois não consegue identificar. - Tratoespinomesoencefálico: realiza a integração das informações, como: visão, audição, movimentos oculares e segmentares - Sistema Límbico: aspectos emocionais da dor Áreas de Processamento da dor: Percepção da dor: há vários fatores que interferem na percepção da dor nas áreas cerebrais, entre eles: a cognição (se o paciente tem uma diminuição na cognição) irá ter um processo chamado catastrofização da dor, humor e questões afetivas alteram a percepção dolorosa e fatores como história da lesão, sexo, genética.
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