Prévia do material em texto
PROFESSORA Me Thanise Pitelli de Nigro Controle de Qualidade de Alimentos ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17131 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS Coordenador de Conteúdo Renato Castro da Silva Designer Educacional Leticia Matheucci Curadoria Gisele Porto Revisão Textual Graziele Bento Porto Editoração Juliana Duenha Ilustração Andre Luis Azevedo da Silva Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock. Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. NIGRO, Thanise Pitelli de. Controle de Qualidade de Alimentos. Thanise Pitelli de Nigro. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. Reimpresso em 2023. 216 P. ISBN: 978-85-459-2255-1 “Graduação - EaD”. 1. Alimentos 2. Qualidade 3. Nutrição. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 613.2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 02511343 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17299 Me. Thanise Pitelli de Nigro Olá, querido(a) acadêmico(a) e futuro(a) nutricionista! Seja bem-vindo(a) a essa disciplina que é cada vez mais relevante dentro das diversas áreas de atuação do profissional nutricionista. Eu sou a professora Thanise Pitelli de Nigro e, com muito prazer e satisfação, trouxe minha contribuição para sua formação! Minha contri- buição decorre da minha experiência profissional, que vou compartilhar com você agora. Sou formada em nutrição e em tecnologia em alimentos. E mesmo após formada e já atuando profissionalmente na área, continuei minha vida acadêmica. Fiz especialização em Nutrição e Metabolismo e em Docência do Ensino Superior. Também fiz mestrado em Ciência de Ali- mentos na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e sou doutora pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Escolhi ser nutricionista por inspiração da minha mãe, que quando se separou do meu pai, com duas filhas pequenas, começou a fazer docinhos para festas, como casamentos e aniversários. São mais de 30 anos vivendo no meio do chocolate. Sou privilegiada, não é mesmo?! Apesar de sempre ter certeza de que a nutrição é minha área, eu não sabia que, dentro da profissão, a vida ainda me surpreenderia, pois, inicialmente, achei que iria seguir a área clínica, mas como a grande maioria dos nutricionistas, a primeira oportunidade que surgiu foi um emprego em um serviço de alimentação. Depois disso, nunca mais quis seguir outra área da nutrição. Atualmente, tenho uma empresa de consultoria e assessoria em alimentos e, dentre as atividades que exerço, o controle de qualidade é o principal. Espero que possa lhe mostrar fazê-lo se apaixonar por essa área tão importante da nutrição! Lattes: http://lattes.cnpq.br/4060411620527998 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. �https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11632 Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS Você já refletiu sobre como o campo de atuação do profissional nutricionista é vasto? Mesmo dentro de uma única área, como em unidades produtoras de refeições, existem muitas atividades específicas em que um nutricionista pode atuar, seja na elaboração de cardápios, na elaboração de rotulagem de alimentos ou, ainda, no controle de qualidade de alimentos. Essa versatilidade ocorre nas demais áreas de atuação, como na área clínica, por exemplo, na qual o nutricionista pode se especializar no atendimento de crianças. Imagine que você, profissional nutricionista recém-formado(a), recebe uma notícia com uma vaga de emprego para nutricionistas. Na descrição da vaga, estão apresentadas informações como “atuação no controle de quali- dade de alimentos em restaurantes e demais estabelecimentos de alimentação desenvolvendo visitas técnicas e rotinas pertinentes a essa atividade, com foco na elaboração de documentos para controle de qualidade a cada serviço de alimentação”. Você ficou interessado(a) em saber mais informações para poder se candidatar à vaga. Ao entrar em contato com os responsáveis, você foi informado(a) de que o trabalho possui remuneração compatível e horário de tra- balho flexível. Para se candidatar, seria necessário realizar uma prova teórica sobre controle de qualidade, com foco nos documentos necessários para serem elaborados para as empresas. Nesse contexto, você começou a se preparar e relembrar quais são os documentos necessários para serem elaborados pelo nutricionista que atua nesse negócio? Quais são as atribuições de um profissional nutricionista no controle de qualidade? O nutricionista possui importante papel nos serviços de alimentação para exercer o controle de qualidade de alimentos. O nutricionista possui o conhecimento necessário para organizar o fluxograma da produção das refeições, es- tabelecendo critérios necessários em cada etapa, bem como os requisitos para higiene pessoal dos manipuladores de alimentos e higienização dos equipamentos, móveis e utensílios, assim como todos os controles necessários para o controle de qualidade. Um serviço de alimentação é um estabelecimento destinado à produção e comercialização de alimentos e refei- ções para uma coletividade, ou seja, um considerável número de pessoas. Nessas empresas, são exercidas atividades como as que fazemos em nossa residência (logicamente, na nossa residência ocorre a produção em pequena es- cala). Algumas atividades que fazemos em casa não são recomendadas pela vigilância sanitária, como, por exemplo, cozinhar sem touca de proteção nos cabelos, usar pano de prato, não separar a pia onde fazemos a higienização das mãos, enfim. Já pensou quantas mudanças seriam necessárias para adequar os processos às regulamentações? Esse conhecimento, aliado aos demais conhecimentos obtidos no decorrer do estudo, possibilitarão que você possa pensar estrategicamente e utilizar de diferentes ferramentas para exercer o controle de qualidade em serviços de alimentação. Reflita comigo sobre os diversos documentos que o nutricionista elabora para auxiliar no controle de qualidade na produção de alimentos: manual de boas práticas, procedimentos operacionais pa- dronizados, planilhas de controle, dentre outros. Vale lembrar que a elaboração e a implantação de planilhas de controle dos serviços de alimentação é uma das ferramentas utilizadas para o controle de qualidade. Porém, esses documentos e ferramentas devem ser elaborados especificamente para cada serviço de alimentação em que o nutricionista atua, vistoque cada estabe- lecimento é único e possui características próprias que determinarão os controles e procedimentos necessários. Após refletir sobre todos esses documentos e ferramentas de controle de qualidade, pense na importância que o profissional nutricionista possui nos serviços de alimentação, pois, além de entender sobre qualidade de alimentos, também entende sobre as particularidades necessárias para cada característica do serviço de alimen- tação, seja pelo tipo de cardápio, modalidade de distribuição, materiais empregados nas áreas e características dos colaboradores da empresa. Assim, aluno(a), o conhecimento adquirido ao longo de sua formação em nutrição, somado à visão estratégica do nutricionista, possibilita a utilização de ferramentas para controle de qualidade dos alimentos, garantindo a segurança do consumidor e o direito humano à alimentação adequada – DHAA. Espero que, com esse estudo, você possa compreender as normas e regras necessárias para o manipulador de alimentos, edificação das áreas e preparo de alimentos, para garantir a segurança dos alimentos, bem como a importância da inocuidade do alimento para saúde da população. 1 2 43 5 6 71 11 51 31 CONTAMINAÇÕES EM ALIMENTOS 115 HIGIENE PESSOAL E USO DE UNIFORMES NA MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS REGULAMENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO EM ALIMENTOS CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM ALIMENTOS ESTRUTURA FÍSICA EM ÁREAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS HIGIENE AMBIENTAL, MANEJO DE RESÍDUOS E CONTROLE DE PRAGAS 93 7 8 9 135 185 161 ETAPAS DE PREPARO DOS ALIMENTOS VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DOS ALIMENTOS E INVESTIGAÇÃO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS MANUAL DE BOAS PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS 1 Olá, querido(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma disciplina do curso de Nutrição. Iniciaremos, agora, a primeira unidade de estudo de Gestão da Qualidade em alimentos. Compreenderemos quais são os tipos de contaminações que podem existir nos alimentos e, em seguida, as medidas que podem ser adotadas para evitá-las, ga- rantindo então a segurança dos alimentos e a segurança alimentar e nutricional dos consumidores. Espero que esteja animado para esse estudo. Vamos lá? Contaminações em Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 12 Aluno(a), como futuro(a) nutricionista, você sabia que a busca pela segurança dos ali- mentos é uma das atividades obrigatórias nos mais diversos campos de atuação profis- sional? A falha durante a manipulação de alimentos ocorre frequentemente, justamente por alguns hábitos inadequados se tornarem rotina nos lares brasileiros. Vamos pensar em uma situação de uma churrascaria fictícia denominada de “Carne na Brasa”. Esta churrascaria é bastante tradicional na cidade e possui grande movimento de clientes, por isso, precisa assar 100 kg de carne bovina por dia e, devido ao alto consumo de matérias primas, possui uma negociação diretamente com um abatedouro, que faz quatro entregas mensais da quantidade necessária de carne congelada. Diariamente, o cozinheiro responsável pela churrascaria realiza o descongelamento dos 100 kg de carne bovina, tirando da câmara fria congelada, ao final do expediente do almoço, mantendo-a em descongelamento, em temperatura ambiente durante toda a noite. Será que essa prática adotada pelo estabelecimento “Carne na Brasa” poderia ser revista para implantação de uma maneira mais segura de realizar o procedimento? O profissional nutricionista é essencial nesse processo. A resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) número 600/2018 apresenta as atividades profissionais exercidas. Dentre as atividades consideradas obrigatórias ou complementares, a gestão da qualidade é citada. Seja quando atuamos em Unidades Produtoras de Refeições (UPR) ou durante o atendimento clínico a um paciente, temos que ter em mente que a qualidade de um alimento inclui a qualidade nutricional, sensorial e, ainda, a qualidade higiênico-sanitária. A manipulação dos alimentos objetiva transformar alimentos, ou seja, transformar uma matéria prima (como carne crua, cebola, creme de leite etc.) em uma preparação (como um estrogonofe). Em todas as etapas de preparo do alimento, da compra de uma matéria prima, até a distribuição do alimento preparado, o alimento é exposto a riscos de contaminação. Refletindo acerca da situação da churrascaria, o descongelamento à temperatura ambiente não é considerado uma forma segura para efetuar essa etapa de pré-preparo do alimento. E, conforme exposto, além de depararmos com essa prática em UPRs, também é frequentemente realizada nas residências de grande parte da população. Além do descongelamento de alimentos em temperaturas incorretas, quais outras práticas incorretas de manipulação de alimentos são consideradas comuns para a popu- lação em geral? Você saberia listar? Cite essas práticas incorretas no seu diário de bordo. Após listar as práticas incorretas que comumente ocorrem durante a manipulação de alimentos, reflita como cada uma delas poderia ser corrigida. Aproveite o diário de bordo e corrija cada uma dessas práticas. Refletir essas práticas é importante, visto que o profissional nutricionista tem o dever de realizar a educação alimentar e nutricional e conscientizar a população e manipula- dores de alimentos acerca das práticas corretas que devem ser adotadas durante todas as etapas de preparo dos alimentos. UNICESUMAR UNIDADE 1 13 O serviço de alimentação fora do lar, uma denominação que engloba setores da rede hoteleira, restau- rantes comerciais (em diversas categorias, como fast-food, lanchonetes, bares e restaurantes), institu- cionais (escolas, presídios, asilos e creches, hospitais) e catering (refeições servidas para um grupo de usuários, seja em eventos como em transporte aéreos, marítimos etc.). representa, do ponto econômico, um dos principais setores na geração de emprego e renda no Brasil e no mundo. Considera-se que setor de alimentação fora do lar possui uma expansão em torno de 10% ao ano e gera cerca de 450 mil novas oportunidades de emprego por ano (SEBRAE, 2021). Segundo a Gazeta do Povo (2021), o crescimento médio desse setor que atende aos 21,5 milhões de habitantes de São Paulo e região metropolitana foi de 4,5% ao ano entre 2006 e 2019. Já em 2020, este crescimento foi abruptamente interrompido de uma hora para a outra devido à pandemia de Covid-19. Ao mesmo tempo que o setor possui grande perspectiva de crescimento, em 2016 a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL, 2022) já alertava que o setor também é caracterizado pela alta mortalidade. A estimativa é que, aproximadamente 35% dos novos empreendimentos fecham antes do primeiro ano, porcentagem que aumenta para 50% quando se analisa um período de dois anos e, na análise de uma década, apenas 3 entre 100 estabelecimentos continuam abertos. Esses dados foram reforçados durante a pandemia, pois cerca de 300 mil restaurantes fecharam as portas no Brasil em 2020 (GAZETA DO POVO, 2021). 14 Para buscar a sobrevivência, os estabelecimentos devem ter como meta a busca pela qualidade, mas sem esquecer-se que a qualidade é um aspecto pessoal, afinal, um critério que eu considero de qualidade em um produto pode ser diferente do que você considera, caro(a) aluno(a). Por exem- plo, a presença de gás em um refrigerante não é um fator que eu, pessoalmente, avalio na quali- dade de um refrigerante, visto que gosto de refri- gerante sem gás. Isso ocorre pois existem vários fatores que são inerentes ao indivíduo (físicos, patológicos e psico- lógicos) e ao meio em que ele vive (aspectos sociais, econômicos, culturais) que podem ser caracteri- zados como determinantes do comportamento alimentar das pessoas, contribuindo, sem dúvida, para a escolha dos alimentos em uma refeição. Dessa forma, a qualidade com relação aos ali- mentos deve ser centrada no ser humano, pois a qualidade pode ser percebida, pelo menos, sob algumas óticasdescritas por Poulain e Saint-Sevin (1990) e representadas a seguir, na Figura 1. Nutricional: se refere à qualidade nutricional do alimento. Sensorial: se refere à qualidade nos atributos sensoriais (cor, odor, sabor, apresentação). Higiênico-sanitária: se refere à segurança, ou ausência de riscos à saude. De serviço: se refere ao bom atendimento. Regulamentar: se refere ao atendimento das leis (bombeiros, vigilância sanitária...). Simbólica: se refere ao signi�cado que o alimento possui ao indivíduo, em respeito a sua cultura, memória afetiva. Hedônica: se refere às preferencias alimentares pessoais. Social ou convival: se refere ao alimento como responsável pelo seu signi�cado social, lazer e convívio entre as pessoas. Descrição da Imagem: apresenta um infográfico descrevendo as dimensões da qualidade, são citadas as seguintes dimen- sões: nutricional: refere-se à qualidade nutricional do alimento; sensorial: refere-se à qualidade nos atributos sensoriais (cor, odor, sabor, apresentação); higiênico-sanitária: refere-se à segurança, ou ausência de riscos à saúde; de serviço: refere-se ao bom atendimento; regulamentar: refere-se ao atendimento das leis (bombeiros, vigilância sanitária...); simbólica: refere-se ao significado que o alimento possui ao indivíduo, em respeito à sua cultura, memória afetiva; hedônica: refere-se às prefe- rências alimentares pessoais; social ou convival: refere-se ao alimento como responsável pelo seu significado social, lazer e convívio entre as pessoas. Figura 1 – As dimensões da qualidade / Fonte: adaptada de Poulain e Saint-Sevin (1990). Conforme visto, a qualidade envolve muitos as- pectos simultaneamente. Figueiredo e Costa Neto (2001), afirmam que este conceito sofre alterações conceituais ao longo do tempo. Esses autores le- vantaram alguns conceitos usados ao longo dos anos e encontraram três principais: “Qualidade é a adequação ao uso”, “Qualidade é a condição UNICESUMAR UNIDADE 1 15 necessária de aptidão para o fim a que se destina”, “Qualidade é o grau de ajuste de um produto à de- manda que pretende satisfazer”. É interessante ressaltar tais conceitos correlacionam-se por voltar a qualidade aos interesses e ao atendimento às necessidades do cliente. A qualidade designa padrões no que se refere à segurança e ao atendimento em relação às expectativas do cliente, ou seja, o que define a qualidade é a expectativa que o cliente tem do serviço ou do alimento. Cabe às empresas adaptar, comunicar e manter padrões adequados para o desempenho do serviço oferecido pelo estabelecimento em busca de satisfazer as necessidades do cliente. Inclusive, aluno(a), a necessidade de entender a expectativa do cliente é abordada desde 1985, quando um dos primeiros grupos de pesqui- sadores propuseram um modelo de ferramenta para estudo da qualidade em serviços (PARASURAMAN; ZEITHAM; BERRY, 1985) e necessário até os dias atuais (CARVALHO; CHEMIN; VALDUGA, 2021). No entanto, Proença (2002), ressalta a percepção de que, quando se discute qualidade em alimen- tação, ocorre a supervalorização, praticamente no mundo todo, da dimensão higiênico-sanitária da qualidade. Fato necessário e justificado devido ao alarmante número de doenças que podem ser trans- mitidas por meio dos alimentos. Sobre as doenças transmitidas por alimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004) já ressalta sua importância: “ As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são uma importante causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Em muitos países, durante as últimas duas décadas, têm emergido como um crescente problema econômico e de saúde pública. Numerosos surtos de DTA atraem atenção da mídia e aumentam o interesse dos consumidores (BRASIL, 2020, s.p.) Além disso, apesar do grandioso número de ocorrência dessas doenças, ainda há previsões de que o problema aumente no século XXI, decorrendo das várias mudanças globais, tais como o crescimento da população, pobreza, exportação de alimentos e rações animais, que influenciam a segurança ali- mentar internacional. Portanto, no que se refere aos alimentos, a qualidade voltada à segurança higiênico-sanitária do produto é um fator determinante, pois uma falha nesse aspecto pode comprometer a saúde do con- sumidor e ocasionar as DTAs. A ocorrência das DTAs pode ser relacionada à ingestão de alimentos contaminados, ocasionada por fatores como inadequações nas condições de saneamento e falta da qualidade da água para consumo A qualidade, mais que uma necessidade, é considerada uma vantagem competitiva que irá diferen- ciar uma empresa de outra, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à sua expectativa no momento de adquirir um determinado produto (FIGUEIREDO E COSTA NETO, 2001). 16 humano, descaso aos fatores de higiene pessoal, falha na higiene ambiental e na manutenção de áreas e equipamentos, manipulação incorreta dos alimentos. Enfim, diversos são os fatores que podem ocasionar os riscos de contaminação dos alimentos, é por isso que, apesar de existir muita subnotificação de casos, os números de casos notificados assustam. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2021): Caro(a) aluno(a), chamo atenção para um fator importante: a relação da segurança de alimentos com a segurança alimentar e nutricional (SAN) é essencial para a ciência da nutrição. Segundo Burity, Franceschini e Valente (2010), o conceito de SAN está em permanente construção e evolução. Ele pode ser entendido como: “ Direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (BURITY; FRANCESCHINI; VALENTE, 2010, s.p.). A SAN, então, envolve a dimensão alimentar, que se refere à produção e disponibilidade de alimentos que seja suficiente, estável, autônoma e equitativa, bem como a dimensão nutricional, que incorpora • A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que as DTA são preocupantes em nível mundial, representando uma preocupação de saúde pública por estimar que, a cada ano, uma a cada 10 pessoas adoecem após a ingestão de alimentos conta- minados, além de 33 milhões de vida são perdidos anualmente no mundo. • Como as DTA podem ser fatais especialmente em crianças menores de cinco anos, estima-se que esta seja a causa de 420 mil mortes anuais (estimando que destas 420 mil mortes, 125 mil sejam de crianças menores de cinco anos). • Na região das Américas, 95% das DTA são consequências das doenças diarreicas. • O Centro de Vigilância de Doenças dos Estados Unidos, ou Centers for Disease Control and Prevention (CDC), estima que, a cada ano, um a cada seis americanos fica doente (resultando em 48 milhões de pessoas), 128 mil são hospitalizadas e 3.000 morrem devido às DTAs. • No Brasil, existe um órgão responsável pelo monitoramento dos surtos de DTA, a vigilância epidemiológica das DTA (VE-DTA). De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), a cada ano são conhecidos e notifi- cados uma média de 700 surtos, com envolvimento de 13 mil doentes e 10 óbitos ocorrem por DTA. UNICESUMAR UNIDADE 1 17 as relações entre o ser humano e o alimento, com foco na disponibilidade de alimentos saudáveis, o consumo alimentar e condições de promoção dos cuidados à saúde adequados a cada fase do ciclo da vida, e, dentre outras questões, o preparo dos alimentos com técnicas que preservem o seu valor nutricional e sanitário, com condições de promoção da saúde e da higiene para melhorar e garantir a adequada utilização biológica dos alimentos consumidos. Entende-se que a segurança alimentar é essencial para a segurança nutricional e engloba o controle das contaminações dos alimentos, em busca da oferta de alimentos seguros, que não ocasionam riscos de doenças aos consumidores.Assim, o controle das contaminações dos alimentos é parte essencial para evitar as DTA. Por de- finição, caracteriza-se contaminação a presença de qualquer matéria estranha que não pertença ao alimento (ARAÚJO; MACHADO; MOLIN, 2019). Outra definição de contaminação de alimentos é apresentada por Stolarsk et al. (2015), sendo iden- tificado como qualquer elemento estranho que não faça parte do alimento, que pode ser originário do ser humano, ou por condições inadequadas de temperaturas, instalações, utensílios e equipamentos. A contaminação pode ocorrer de maneira direta, ou seja, quando há contato do manipulador diretamente com o alimento, seja por má higienização das mãos, tosse ou espirros, por exemplo, ou ainda de maneira indireta, quando o alimento é contaminado por materiais (por exemplo fezes, poeira, urina) que é levado por insetos (moscas e baratas), roedores ou utensílios mal higienizados e ainda por transmissão ambiental, visto que o ar, a água e o solo também se tornam fontes de contaminação. O Quadro a seguir sintetiza as vias de transmissão. Identificação Via de transmissão Ocorrência Transmissão direta Homem Fezes, urina, coriza, espirro, gotículas de saliva, mãos mal lavadas ou com ferimentos. Transmissão indireta Material levado até o alimento por vetores Fezes, escarro, urina etc. levado por moscas, baratas, ratos e outros ve- tores (incluindo utensílios mal higie- nizados). Transmissão ambiental Ambiente (superfície de trabalho, equipamentos, utensílios) contami- nado Material animal, poeira, microrganis- mos. Quadro 1 – Vias de transmissão de contaminação dos alimentos / Fonte: adaptado de Silva Junior (2020). Dessa forma, para evitar a contaminação dos alimentos, é necessário adoção de medidas que incluam a higiene pessoal, a higiene ambiental e dos alimentos, com atenção ao ambiente de trabalho, utensí- lios utilizados, uniformes dos colaboradores e ter atenção na manipulação e armazenamento correto dos alimentos. Silva Junior (2020) esquematiza as contaminações, conforme apresentado na Figura 2. 18 FONTES DE INFECÇÃO VIAS DE ELIMINAÇÃO VIAS DE TRANSPIRAÇÃO VIAS DE PENETRAÇÃO SUSCETÍVEL INDIRETA DIRETA HOMENS E ANIMAIS • Pele • Secreções • Fezes • Urina • Gotículas respiratórias • Pele • Mucosas • Vias respiratórias • Via digestiva • Vias urinárias TREINAMENTO ÁGUA, AR, SOLO ALIMENTOS EDUCAÇÃO SANITÁRIA CONSUMIDOR • Manipulador • Higiene pessoal • Vestimenta • Luvas e máscaras • Manipulador • Educação sanitária • Medidas do Saneamento Básico e Ambiental • Matéria-prima (origem), tratamento de água, condições de manipulação, ambiente, equipamentos, utensílios, armazenamento, refrigeração e cocção Descrição da Imagem: a imagem apresenta um fluxograma sobre as contaminações direta ou indireta, no qual o homem e os animais são fonte de contaminação pois a “pele, secreções, fezes, urina, gotículas respiratórias” são vias de eliminação. Assim, considera-se uma contaminação “direta”, por “pele, mucosa, vias respiratórias, via digestiva e vias urinárias”, enquanto ocorre contaminação “in- direta” por “Água, ar e solo”, chegando aos “alimentos”. visando evitar tais riscos, cabe ao consumidor receber “educação sanitária”, aos manipuladores receber orientações sanitárias e conscientizar sobre a higiene pessoal, vestimenta, luvas e máscara e quanto aos alimentos, importante conhecer a origem da matéria prima, a qualidade do tratamento de água, condições de manipulação, ambiente, equipamentos, utensílios, armazenamento, refrigeração e cocção”. Figura 2 – Esquema da transmissão da contaminação / Fonte: adaptada de Silva Junior (2020). UNICESUMAR UNIDADE 1 19 Segundo Soares et al. (2006), a maioria dos surtos de DTA decorre das falhas no processo produtivo de alimentos, tais como manipulação inadequada, má utilização da temperatura de preparo e conservação dos alimentos, higiene pessoal deficiente, limpeza inadequada dos equipamentos e utensílios e contato de manipuladores infectados com o alimento pronto para consumo, ou seja, a contaminação pode acontecer em toda a cadeia alimentar, desde a matéria-prima, passando pela produção primária, até o consumo. Por isso, além de entender as vias de transmissão, torna-se necessário conhecer os tipos de contaminação que ocorrem nos alimentos, que serão divididos a seguir em contaminantes químicos, físicos e biológicos. Os contaminantes químicos causam a contaminação denominada “contaminação química”. É o primeiro tipo de contaminação a ser citada e pode ser entendida como toda substância química presente em concentrações inadequadas que pode gerar danos à saúde do consumidor, seja resíduos de pesticidas, produtos de limpeza ou até mesmo metais tóxicos presentes nos alimentos, que podem estar relacionados a produtos adicionados em qualquer etapa da produção do alimento (por exem- plo, armazenar um alimento ao lado de um produto químico), bem como substâncias naturalmente presentes na composição do alimento (como o caso da mandioca brava, que possui alto teor de ácido cianídrico e é considerado tóxico quando ocorre o consumo do alimento cru). Por isso a importância do controle periódico dos alimentos usados como matéria prima e dos alimentos preparados. Esta contaminação pode ser endógena (ou do próprio alimento), ou seja, ocorre quando os agen- tes se encontram na matéria-prima antes de sua obtenção; e exógena, que é quando os alimentos 20 são contaminados por agentes químicos durante a sua manipulação, como durante a adição dos aditivos alimentares. Considerando que a contaminação exógena é um tipo de contaminação que ocorre quando os ali- mentos entram em contato com substâncias químicas ou com os seus resíduos e ocorre devido ao uso incorreto de detergentes, desinfetantes, lubrificantes, sabão e, ainda, da adição de produtos usados nos processos de produção, tais como aditivos alimentares, resíduos de pesticidas e medicamentos veteriná- rios, são práticas necessárias para evitar a contaminação química durante a manipulação de alimentos: • Evitar o contato entre os alimentos e os produtos químicos durante o armazena- mento em estoques ou armários. • Evitar o contato entre os alimentos e os produtos químicos durante a manipulação dos alimentos, principalmente quando os químicos são mantidos nas bancadas usadas para manipulação. • Não reaproveitar as embalagens de produtos químicos para armazenar alimentos, e toda vez que um produto químico for retirado de sua embalagem original, o novo recipiente deverá ser identificado quanto ao produto químico existente. • Respeitar as instruções de uso, como diluição, tempo de contato e necessidade de enxágue do produto químico conforme recomendado pelo fabricante, incluindo a utilização de equipamentos de proteção individual como luvas impermeáveis. • Usar o produto de limpeza ao fim a que se destina, principalmente em superfícies em que há contato direto com os alimentos. Por exemplo, não lavar a louça usando sabão de coco. • Não misturar produtos químicos sem orientações sobre a necessidade do pro- cedimento. • Não utilizar embalagens recicladas ou coloridas (como sacolinhas de mercado) quando em contato primário e direto com o alimento. • Controlar a quantidade do aditivo alimentar (corantes, conservantes, acidulantes etc.) adicionado para não exceder os limites aprovados. • Não utilizar aditivos alimentares e produtos de limpeza clandestinos, caseiros ou sem registro no Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. • Qualificar os fornecedores de matérias primas, visando evitar a utilização de produ- tos contaminados como a carne animal contaminada com resíduos de medicamentos como antimicrobianos, vermífugos e carrapaticidas. • Não aplicar produtos de desinsetização sem profissional responsável ou empresa especializada e seguir as orientações passadas acerca dos procedimentos pós-apli- cação. • Não utilizar embalagens metálicas que estejam amassadas ou danificadas, visto quea proteção interna pode ter sido prejudicada. • Não armazenar alimentos quentes em recipientes plásticos compostos de material que não possa ser aquecido (por exemplo, preferindo plástico que suporta altas temperaturas e seja livre de Bisfenol A). UNICESUMAR UNIDADE 1 21 Aluno(a), ressalto que essas são algumas das medidas necessárias, mas aguarde que, ao longo do nosso material, veremos outras regras existentes que se justificam pela necessidade de evitar esse tipo de contaminação. Stolarski et al. (2015) afirmam que a contaminação química pode ocasionar graves intoxicações por inalação ou ingestão, ou, ainda, se houver contato manual direto, com efeitos agudos ou crônicos. Em casos mais graves esse tipo de contaminação pode levar à morte. Agora vamos abordar os contaminantes físicos. • Ter atenção com manutenções de equipamentos, visto que graxas e lubrificantes também são riscos de contaminação química. • Estabelecer o procedimento padrão para desinfecção das frutas e hortaliças a serem utilizadas, respeitando a diluição do produto e o tempo de contato. • Definir o melhor material de utensílios e equipamentos, bem como para o acaba- mento, por exemplo, pratos ou copos pintados com produtos que em sua compo- sição possuem chumbo podem contaminar alimentos ácidos. • Não manipular alimentos utilizando maquiagem, perfumes e cremes hidratantes. O Bisfenol A (BPA) é um produto químico obtido industrialmente e amplamente utilizado, em sua forma monomérica, na produção de resinas epóxi e plásticos de policarbonato por suas caracte- rísticas físicas e químicas, tornando-o interessante para revestimento de embalagens metálicas, fabricação de mamadeiras e potes plásticos para alimentos. Porém, baixas doses de Bisfenol A têm efeitos adversos na fisiologia da fertilidade, sistema nervoso e comportamento, e está envolvido com o desenvolvimento de diabetes, câncer, obesidade, puberdade precoce e doenças cardíacas (BESERRA et al., 2012). 22 Entende-se por contaminantes físicos qualquer corpo estranho que esteja presente nas preparações dos alimentos que possam causar riscos à saúde do consumidor. Exemplo disso podem ser sujidades como pedras e pedaços de madeira, fios de cabelos, cacos de vidro, pedaços de unhas, grampos, pedaços de embalagens, insetos e roedores ou parte deles, adornos de uso pessoal como anéis e brincos, bem como qualquer outro objeto que, acidentalmente atinja o alimento. Este é um dos tipos de contaminação dos alimentos mais comuns. Araújo, Machado e Molim (2019) ressaltam alguns casos que ocorrem frequentemente em alimentos, que são representados na Figura 3. Também é comum encontrar partes de equipamentos e utensílios, como parafusos e farpas de madeira e adornos de uso pessoal. Esse tipo de contaminação, por mais que seja considerado menos perigoso por, muitas vezes, ser identificado por ser visível, deve ser considerado preocupante, pois é capaz de provocar danos na boca, dentes e graves consequências caso seja engolido, com risco de cortes e sufocamento. Fragmentos de palha de aço Fios de cabeloe pelos Pedaçosde unha Pedras Cacos de vidro Pedaço de embalagem plástica Descrição da Imagem: a figura apresenta um alimento preparado, com a exemplificação da contaminação física, representada por balões que se projetam dos alimentos contendo nomes de materiais como: fragmentos de palha de aço, fios de cabelo e pelos, pedaços de unha, pedras, pedaço de embalagem plástica e cacos de vidro. Figura 3 – Representação da contaminação física dos alimentos / Fonte: Reviva Nutri ([2022], on-line). UNICESUMAR UNIDADE 1 23 Tipo de perigo físico Característica Medida preventiva a ser adotada Cabelos e pelos Causam repulsa ao consumidor, além de trazer, junto a ele os microrganismos patogênicos e até contaminação quími- ca de produtos usados, como xampu. Utilização de protetor para cabelos por todos os manipuladores de alimentos e visitantes que circulam na área de ma- nipulação. Fragmentos de madeira Podem vir de caixas de transporte ou de utensílios de madeira, como tábuas de corte e colheres. Podem causar perfu- rações diver sas ao consumidor, além de ocasionar o risco de contaminação bio- lógica por serem materiais permeáveis. Solicitar ao fornecedor a entrega de hor- tifruti em caixas plásticas. Não utilizar qualquer tipo de utensílios ou móveis de madeira nas áreas de produção de alimentos. Fragmentos de metal Oriundos de esponjas de aço, pontas de facas, agulhas de vacinação em animais, sua presença em alimentos pode causar perfurações. Não utilizar palhas de aço e ter atenção com pontas de faca. Adequada seleção de fornecedores e capacitação dos ma- nipuladores de alimentos para o manu- seio seguro dos insumos. Ossos e espi- nhas Decorre das falhas no processamento de alimentos, ou a presença natural de espinhas e escamas, por exemplo. Po- dem causar perfurações e/ou engasga- mento no cliente. Deve-se capacitar os manipuladores para minuciosa atenção em alimentos que contenham ossos e espinhas. Informar ao cliente sobre a existência de espinhas em determinados pescados servidos no cardápio. Pedras Perigo físico mais comum, presente em grãos, e que permanece no alimento mesmo depois de enxágue, remolho ou cozimento, podendo refletir em danos na boca dos consumidores. Preferir fornecedores que façam a pré- -seleção de grãos ou implantar o proce- dimento no próprio estabelecimento e providenciar um local iluminado e ergo- nomicamente adequado para a seleção. Plásticos Ocorre por pedaços de plástico oriun- dos da industrialização ou manipulação inadequada dos alimentos. Podem levar ao risco de engasgamento e/ou causar aversão aos consumidores. Capacitação da equipe para manuseio responsável dos insumos. Uso de superfícies adequadas ou livre de contaminantes. Pragas Ocorre quando se encontra insetos e/ou seus fragmentos, como baratas, abelhas, aranhas, moscas etc. Podem causar aversão, riscos à saúde e des- confortos aos clientes. Adotar controle periódico, suficiente e adequado das pragas, padronização dos procedimentos de sanitização de frutas e hortaliças (visto que muitas pragas es- tão neles). Vidros Oriundos do processamento ou mani- pulação de alimentos, podendo resultar em sérios danos à integridade física do consumidor. Evitar louças de vidro na área de ma- nipulação, caso algum objeto de vidro quebre, descartar todos os alimentos expostos. Adornos pes- soais Os anéis, brincos e outros adornos utilizados pelos manipuladores de ali- mentos podem chegar ao alimento de maneira acidental, causando danos aos dentes ou perfurações no trato digestivo do consumidor. Devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal. Quadro 2 – Características dos principais perigos físicos e respectivas medidas preventivas / Fonte: a autora. 24 É importante ressaltar que, em todos os casos, como a matéria-prima já pode estar contaminada, é importante uma adequada seleção de fornecedores com visitas técnicas frequentes para garantia da matéria-prima adquirida, bem como reforçar o treinamento dos manipuladores de alimentos para adoção de medidas adequadas para evitar tais perigos. Resumidamente, os contaminantes físicos ocorrem por falhas na manipulação dos alimentos, poden- do ocorrer em diferentes fases do processo de produção, seja por utilização de materiais inadequados, falta de manutenção, falhas nas normas de higiene pessoal. Veja, aluno(a), que a higiene pessoal foi citada tanto na contaminação química quanto na física, e veremos que também estará envolvida na contaminação biológica. Temos, ainda, os contaminantes biológicos, que causam a contaminação por microrganismos como bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Apesar de os microrganismos estarem presentes em todos os lugares, visto que habitam a água, o ar e os próprios manipuladores de alimentos, quando estes chegam aos alimentos, encontram condições favoráveis à sua multiplicação e, ao atingir números elevados,podem se tornar um grande risco à saúde do consumidor. As contaminações por perigos biológicos podem causar sintomas diversos, como desconfortos gastrointestinais, e podem até resultar na morte, mas sua gravidade depende do tipo de microrganismo envolvido, quantidade ingerida e da imunidade do próprio consumidor. Alguns tipos de contaminação podem ser originários do próprio alimento (como fungos presentes em frutas cítricas) ou incorporada durante a manipulação (como a manipulação realizada com as mãos sujas após ir ao banheiro e não serem lavadas adequadamente), de modo que a inspeção do alimento durante o prepara se mostra de extrema importância, assim como a higienização das mãos. UNICESUMAR UNIDADE 1 25 Além disso, outro fator importante sobre os contaminantes biológicos é que os microrganismos po- dem ser levados aos alimentos pela falta de higiene pessoal e/ou ambiental, mas quando encontram no alimento as condições favoráveis à sua multiplicação, podem atingir níveis que representam riscos à saúde do consumidor. Dentre as condições que são favoráveis ao crescimento microbiano, podemos citar: alta atividade de água, pH próximo à neutralidade e o binômio tempo X temperatura favorável. Basicamente, em baixas temperaturas, o crescimento microbiano é muito lento, e em altas tempe- raturas, a maior parte dos microrganismos de interesse em alimentos, passa a ser eliminado. Porém, temperaturas na faixa entre 5 e 10 ºC e 60 e 65 ºC são consideradas temperaturas perigosas, visto que são favoráveis à atividade microbiana. A Figura 4, a seguir, ilustra essas informações. Descrição da Imagem: a figura apresenta um termômetro com três diferentes faixas de temperatura e sua respectiva atividade mi- crobiana. Abaixo de 5 ºC é apresentado um desenho de um microrganismo dormindo, representando a inativação, mas sobrevivência, Entre 5 e 60 ºC estão os microrganismos em atividade. Acima de 60 ºC, há uma figura ilustrando a morte microbiana. Figura 4 – Atividade dos microrganismos de interesse em alimentos em diferentes faixas de temperatura Fonte: adaptada de Anvisa (2022). 26 Caro(a) aluno(a), deve-se reduzir o tempo no qual o alimento é mantido nessas temperaturas, a fim de garantir a segurança do alimento. Por isso, voltando ao exemplo da churrascaria, quando o descongela- mento é realizado a temperatura ambiente, este pode ser um fator favorável ao crescimento microbiano e propiciar a contaminação microbiológica do alimento. Rodrigues et al. (2010) afirma que as doenças causadas por agentes microbianos transmitidos pelos alimentos constituem preocupação mundial de saúde pública. Esse assunto será estudado mais a fundo na próxima unidade. Outro tipo de contaminação existente é denominado de contaminação cruzada. Segundo Soares et al. (2006), esse tipo de contaminação ocorre quando o causador da contaminação de um alimento é transferido para outro alimento, seja pelas mãos dos manipuladores, de uma superfície, ou simples- mente pelo contato entre os alimentos em questão. A Figura 5 apresenta um exemplo de contaminação cruzada, no qual um manipulador de alimentos está usando a mesma faca e mesma tábua para cortar dois alimentos diferentes, um de origem animal e outro de origem vegetal, sendo que um pode vir a contaminar o outro. É sempre bom escutar um relato de um profissional da área, não é mesmo? Para o primeiro podcast do nosso material, convidei uma nu- tricionista da área de controle de qualidade para abordar, dentro da sua vivência profissional, diferentes situações que envolveram riscos de contaminação. Aperte o play e aproveite a oportunidade! Descrição da Imagem: a figura é uma fotografia que apresenta um manipulador de alimentos representado por mãos com cor da pele escura, onde a mão esquerda segura um fragmento de brócolis e a direita segura a faca. O manipulador usa a mesma tábua e a mesma faca para cortar frango cru e o brócolis, representando o contato entre um alimento de origem animal e um alimento de origem vegetal. Figura 5 – Exemplo de contaminação cruzada UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11623 UNIDADE 1 27 Os principais fatores relacionados com esse tipo de contaminação cruza- da são as superfícies de manipulação, utensílios e equipamentos e mãos não higienizadas corretamente ou outra parte do corpo do manipulador, panos de limpeza, vassouras e esponjas contaminadas, acréscimo de ingredientes crus nas preparações e cruzamento das atividades no pro- cesso produtivo proporcionado pelo leiaute da cozinha. A contaminação cruzada pode envolver a transferência de agentes de contaminação de origem química, física ou biológica. Reforçando questões acerca da contaminação cruzada, Rodrigues (2010) afirma que essa contaminação é a principal causa de DTA, por isso, cita que os cuidados devem se dar desde o planejamento da empresa, de forma que as instalações e o fluxo de operações sejam planejados para evitar cruzamento entre as atividades, com fluxo contínuo entre as etapas para que a fase inicial do processo não se cruze com fases posteriores. A contaminação cruzada é um dos tipos de contaminação que mais ocorre nas empresas que trabalham com manipulação de alimentos e é causada, geralmente, por falha do manipulador de alimentos, que deixa de higienizar suas mãos corretamente, armazena e manipula alimentos lado a lado e não procede a higienização correta da área de manipulação e dos utensílios de trabalho, como as tábuas e facas. A contaminação cruzada não pode ser negligenciada pelos manipu- ladores de alimentos, portanto, eles devem compreender que a mesma ocorre na transferência de contaminantes de um alimento para outro, por meio das mãos ou utensílios, e se torna mais grave entre alimentos crus e alimentos cozidos, entre alimentos animais e vegetais ou, ainda, entre carnes de diferentes origens (não se restringindo apenas a isso). A higiene local, a separação do material, o local de armazenamento adequado e a higiene pessoal são alguns meios de evitá-la. Entretanto, conforme a própria Agência Nacional de Vigilância Sa- nitária apresenta, existem situações nas quais a eliminação total de um contaminante não é possível, ou que pequenas quantidades desses agentes podem ser toleradas, pois não trazem riscos ou danos à saúde do consu- midor. Por isso, são estabelecidos limites máximos aceitáveis do agente contaminante, os quais normalmente são variáveis por tipo de alimento. Dessa forma, o alimento com teores de contaminantes superiores aos estipulados nos regulamentos específicos ao seu tipo e enquadramento não podem ser comercializados (BRASIL, 2021). O estudo de tais limites é responsabilidade da Anvisa e é baseado em princípios científicos e fundamentados em prol da proteção à saúde humana. Ele segue o esquema apresentado na Figura 6. 28 Vale ressaltar que a Anvisa é a autoridade federal responsável por esse processo de estabelecimento de limites de contaminantes nos alimentos no Brasil, mas a Anvisa adota as metodologias recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mundialmente reconhecidas. Por isso, respeitar as legislações e recomendações estabelecidas por este órgão é, além de obrigatório, necessário para que os riscos de contaminação dos alimentos sejam minimizados. Caro (a) aluno(a), chegamos ao fim da unidade entendendo sobre os tipos de contaminação de alimentos, de forma que possamos, posteriormente, identificar que as normas estabelecidas pelos ór- gãos sanitários são pautadas na prevenção dos riscos, sendo o nutricionista essencial para o processo de manutenção da qualidade dos alimentos. Dessa forma, caro(a) aluno(a), você, como futuro(a) nutricionista, deve entender que para a nutrição de um indivíduo ser completa, não basta o equilíbrio na ingestão de nutrientes, por exemplo, pois di- versos aspectos envolvem o ato de comer e, dentre eles, a manipulação correta do alimentoé essencial. Pensando em todos os pontos que você levantou no diário de bordo acerca dos hábitos incorretos que comumente ocorrem e depois de entender sobre os tipos de contaminação existentes nos alimen- tos, o nutricionista deve estar atento às possíveis falhas durante as etapas de produção dos alimentos, buscando orientar a população e os manipuladores de alimentos sobre medidas preventivas e/ou corretivas dessas falhas. Descrição da Imagem: a imagem descreve um infográfico da sequência adotada pela ANVISA acerca do estabelecimento de limites. Na avaliação do risco são feitas 3 etapas: 1) determinação da característica do contaminante, que considera a natureza do contaminante, os danos potenciais à saúde e as doses ou quantidades que trazem efeitos danosos; 2) avalia-se a cadeia de produção: considera a contaminação nos diferentes tipos de alimentos, a ocorrência do contaminante no Brasil e medidas de prevenção e controle adotadas; por fim 3) os dados de exposição, no qual estima a exposição ao contaminante, considerando os diversos grupos populacionais e as diferentes formas de consumo, com especial atenção aos grupos considerados como mais vulneráveis e aos consumidores que con- somem maior quantidade dos alimentos de interesse e, potencialmente mais expostos aos contaminantes. Figura 6 – Estabelecimento de limites de contaminantes em alimentos / Fonte: adaptada de Brasil (2020). UNICESUMAR 29 Após conhecer os contaminantes químicos, físicos e biológicos, estamos chegando ao fim da unidade. Te convido a praticar os conhecimentos adquiridos nesta unidade! Iniciaremos com a con- strução do Mapa Mental. Sugiro que você dê sequência a esse mapa mental iniciado, descreven- do o conceito de contaminação e especificando as formas de contaminação dos alimentos. 30 Agora, vamos resolver algumas questões? Visando à produção e manutenção de alimentos seguros, os órgãos de vigilância sanitária do Brasil instituíram legislações, portarias e resolu- ções específicas sobre os procedimentos de controle para redução e eliminação dos riscos de contaminações de alimentos. Com base no que foi estudado ao longo da unidade, avalie as situações expostas a seguir. Veja se ocorre, ou não, o risco de algum dos tipos de contaminação, identificando-os quando houver (pode ter mais de um em cada caso). Além disso, explique o motivo pelo qual o risco existe, ou justifique quando a prática for correta. 1. Carla é uma nutricionista muito cuidadosa e o hotel cinco estrelas em que ela trabalha disponi- biliza banheiro com chuveiro para que todos os funcionários tomem banho antes de manipular alimentos. Ela costuma chegar com 20 minutos de antecedência para tomar banho, passar hidratante nas mãos e perfume e coloca o uniforme, que é lavado todos os dias, para manter a higiene pessoal e dar o exemplo aos funcionários. 2. Eduardo é dono de um restaurante. Na quinta-feira, esqueceu-se de fazer o pedido de carnes e, no dia anterior ao preparo, a equipe notou que não tinha carne para fazer estrogonofe. No final da tarde, Eduardo foi até um mercado próximo com urgência e comprou 10 kg de coxão duro e deixou no carro para levar ao restaurante no dia seguinte. 3. Bruno, com muita experiência na área de grãos, treinou a auxiliar de cozinha do restaurante que trabalha a escolher feijão, já que não era uma prática comumente realizada pela empresa. 4. A cozinheira de um determinado restaurante levou um produto químico utilizado para lavar carro para ser utilizado na limpeza da chapa, afinal, a gordura que fica queimada é bastante difícil de ser retirada e é necessário usar produtos mais concentrados. 5. Ao ser contratada como nutricionista de um restaurante, Bárbara trocou o uniforme dos funcionários para que, ao invés de usar boné, utilizassem toucas descartáveis que cobrissem totalmente o cabelo. 2 Olá, aluno(a) e futuro(a) nutricionista! Espero que você esteja ani- mado para mais uma unidade do material de Controle de Qualidade em alimentos. Vamos aprofundar nosso estudo na contaminação microbiológica dos alimentos, entendendo os fatores que podem influenciar a contaminação dos alimentos e compreender as estra- tégias que podem ser adotadas para minimizar os riscos à saúde dos consumidores. Bons estudos! Contaminação Microbiológica em Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 32 Você já reparou em como as pessoas mudaram seus hábitos com o início da pandemia da Co- vid-19? A presença alarmante e disseminada de um vírus fez com que grande parte da população começasse a estabelecer processos que deveriam já fazer parte da rotina, como a constância da hi- gienização das mãos, não é mesmo? E, após ver o que vírus e microrganismos são capazes de fazer com a nossa saúde, algumas pessoas passaram a se atentar à sua presença, principalmente em superfícies e em alimentos. Compreende-se por segurança alimentar e nu- tricional (SAN) a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qua- lidade, em quantidade suficiente, sem compro- meter o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (BURITY; FRANCESCHINI; VA- LENTE, 2010). A SAN deve contemplar o acesso aos alimentos de qualidade, que não propiciem riscos à saúde da população, por isso, entender os fatores que propiciam o crescimento micro- biano nos alimentos é essencial para a garantia de alimentos seguros. Sendo assim, é importante compreender os efeitos da presença dos microrganismos nos ali- mentos, visto que um alimento livre de conta- minantes a nível potencial garante à população suas condições nutritivas sem oferecer riscos de doenças que possam ser veiculadas por alimentos. Muitas vezes, os alimentos são considerados am- bientes favoráveis ao crescimento microbiano, por apresentar água, nutrientes, estar em contato com oxigênio e por outros fatores propícios à multi- plicação de microrganismos, que são veiculados nos alimentos pela falta de higiene. Araújo, Machado e Molin (2019) afirmam que a falta de higiene torna o alimento inseguro quando a contaminação presente nele, como as ocasionadas pelos microrganismos, atingem um nível suficiente para causar doença na pessoa que o consome. Os microrganismos estão presentes em todos os lugares, mas, quando chegam aos alimentos, usam tal alimento como fonte de multiplicação. No entanto, você já reparou que às vezes um ali- mento estraga mais rápido que outro? Isso ocorre pois os microrganismos podem se multiplicar ao encontrar condições favoráveis para isso. Nesse contexto, aluno(a), use o diário de bordo e, pensando em um alimento que se contamina rapi- damente, cite os fatores que você acha que podem fa- vorecer o crescimento microbiano em um alimento. Após refletir acerca dos fatores mencionados, reflita na comparação entre a durabilidade do ar- roz cru e do arroz após o cozimento, por exemplo, há uma grande diferença, não é mesmo? Tanto que o arroz cru é mantido por meses a tempera- tura ambiente e o arroz cozido deve ser mantido sob refrigeração e, ainda assim, com durabilidade de dias, apesar de ser um mesmo alimento que apenas foi submetido ao processo de cozimento, que resulta em um aumento da quantidade de água disponível para o microrganismo utilizar para sua multiplicação. Além da água, podemos pensar em outros fatores como a presença de nutrientes, a tempe- ratura etc. Por isso, caro(a) aluno (a), existem as recomendações dos órgãos de vigilância sanitária, que estabelecem medidas que visam prevenir a contaminação, reduzir a contaminação (quando inerente ao alimento já que todo alimento possui certa quantidade de microrganismos, denomina- da de contaminação de origem) e/ou evitar que o alimento fique em condições favoráveis a ela. UNICESUMAR UNIDADE 2 33 A produção de alimentos seguros exige a adoção de vários procedimentosque tenham como foco a prevenção dos contaminantes de origem química, física e biológica para garantir a qualidade nutricional e higiênico-sanitária dos alimentos, prevenindo a transmissão de doenças, que inclusive podem ser letais ao consumidor, dependendo do agente causador e demora no tempo de diagnóstico e tratamento. Dessa forma, a Doença Transmitida por Alimentos (DTA) é considerada uma síndrome originada pela ingestão de alimentos e/ou água contaminada com agentes etiológicos patogênicos em quanti- dade suficiente para causar danos à saúde do consumidor, individualmente ou em grupo. Rodrigues (2010), define que: • Caso de DTA: consiste em um episódio no qual uma pessoa apresenta sinais e sintomas após ingerir um alimento contaminado. • Surto de DTA: é um episódio no qual duas ou mais pessoas consomem o mesmo alimento considerado contaminado e apresentam sinais e sintomas. 34 De maneira geral, os sintomas clínicos nas duas situações estão relacionados ao trato digestivo como náuseas, vômitos, dores abdominais, flatulência e diarreias, podendo resultar também em dores de cabeça, fadiga, perda de apetite e, dependendo do tipo de doença, causando ou não a febre (BRIN- QUES, 2016). A manifestação clínica depende de alguns fatores como virulência do agente, inóculo causador e competência imunológica do hospedeiro, por isso, os sintomas variam de pessoa para pessoa. Soares et al. (2006) torna claro que, para as pessoas sadias, as DTA podem ser passageiras, durando poucos dias e, geralmente, não evoluem para complicações. Entretanto, em pessoas mais suscetíveis (gestantes, crianças, idosos e pessoas que já estejam com o sistema imunológico debilitado), as DTA podem ser graves, deixar sequelas ou até levar ao óbito. Para evidenciar as DTA, tanto em casos ou em surtos, não basta resgatar na memória o último alimento contaminado. Araújo, Machado e Molin (2019) descrevem que os sintomas podem ocorrer muito depressa, logo após a ingestão do alimento, ou podem levar horas, dias ou semanas a aparece- rem, por isso é necessário realizar a análise clínica epidemiológica e/ou laboratorial para confirmação. As DTA se dividem em três grandes grupos: infecções, intoxicações e toxinfecções alimentares. Conforme apresentado por Soares et al. (2006), elas podem ser entendidas como: • Infecções alimentares: nesse caso, há a ingestão de alimentos contaminados com microrganismos patogênicos vivos, que provocam a doença quando os microrganismos são capazes de invadir a parede intestinal e se multiplicarem para outros órgãos. • Intoxicações alimentares: essa patologia é causada pelo consumo de alimentos contaminados por toxinas liberadas por microrganismos como bactérias e fungos. • Toxinfecções alimentares: resultam da ingestão de alimentos contendo determinada quantidade de microrganismos patogênicos e capazes de liberar toxinas quando ingeridos. A Organização Mundial da Saúde reafirma, desde 1989, que há uma estimativa de que 60% das DTAs são provocadas por microrganismos, sendo esses os principais responsáveis (manipuladores) dessa transmissão (OMS, 1989). Os causadores das DTAs são classificados em: • Patógenos Clássicos: quando são conhecidos epidemiológica e clinicamente desde tempos atrás e continuam causando surtos, como, por exemplo, a bactéria Staphylococcus aureus. • Patógenos Emergentes: são novos agentes etiológicos de doenças alimentares, por exemplo, a bactéria Streptococcus sp. No Brasil, a Portaria número 1.271 de 2014 estabelece que hospitais notifiquem surtos de DTAs quando duas ou mais pessoas apresentarem sintomas iguais, após o consumo de produtos similares no mesmo estabelecimento (BRASIL, 2014). No entanto, sabe-se que algumas notificações não são realizadas, pois os consumidores não procuram ajuda médica, se automedicando e dificultando a investigação dos casos de DTA pela vigilância epidemiológica. UNICESUMAR UNIDADE 2 35 • Patógenos Reemergentes: são aqueles que estavam controlados e que estão causando nova incidência clínica, como o parasita Taenia solium (causador da cisticercose). Os perigos biológicos são, então, caracterizados pelos vírus, fungos, parasitas e bactérias. Eles serão descritos conforme os conceitos de Germano e Germano (2019), a seguir: • As bactérias são seres unicelulares e estão presentes em todos os lugares (solo, ar, animais, alimentos e nos seres humanos). As bac- térias têm vida própria e se multiplicam quando encontram con- dições favoráveis, sendo os principais agentes causadores de DTAs. • Os vírus são seres microscópicos, sem metabolismo próprio, e que dependem de outros organismos para sobreviverem, por isso são chamados de intracelulares obrigatórios. Apesar de não se multiplicarem nos alimentos, podem ser transmitidos por meio deles. • Os parasitas podem ser classificados como protozoários: seres unicelulares, ou helmintos (populares “vermes”: seres pluricelu- lares). No caso dos helmintos, a contaminação se dá a partir dos ovos desses parasitas. Já no caso dos protozoários, a contami- nação pode ocorrer por meio dos ovos ou seres adultos. Esses podem estar presentes no solo, na água, no intestino humano e no de outros animais, podendo chegar aos alimentos, conta- miná-los e causar doenças àqueles que os consomem. Um dos principais exemplos são os cistos (ovos) de vermes como a tênia, que, se ingeridos, podem causar doenças como a cisticercose (STOLARSKI et al., 2015). • Já no grupo dos fungos, estão os bolores e leveduras, também seres unicelulares. Eles deterioram os alimentos e são capazes de multiplicar-se nos alimentos a ponto de serem visíveis a olho nu. A grande preocupação com esses fungos se deve às micotoxinas, produtos tóxicos liberados por alguns deles, que representam grande perigo químico. 36 Para adoção de medidas de segurança dos alimentos, é importante compreender as características dos microrganismos. Soares et al. (2006) afirma que existem microrganismos inofensivos, sendo úteis para os seres humanos, para os animais e até, muitas vezes, aplicados intencionalmente na produção de alimentos (como na fabricação de queijos, iogurtes, bebidas fermentadas ou alcoólicas). Entretanto, é necessário entender que existem os microrganismos nocivos, que podem causar alte- rações sensoriais nos alimentos (ou sua decomposição), mas também existem os que podem transmitir enfermidades sem causar alterações nos alimentos. Resumidamente, Araújo, Machado e Molin (2019) descrevem que alguns dos microrganismos são úteis, como aqueles que são utilizados na produção de queijos, iogurtes e leites fermentados. Por outro lado, também existem aqueles que são deteriorantes (os que “estragam” os alimentos por mudar a textura, cheiro e sabor), resultando no impedimento do consumo do produto. Por último, existem os patogênicos, que são os que causam doenças a quem consome, mas que estão aparentemente normais, visto que os microrganismos estão presentes sem alterar aspecto, cheiro ou sabor do alimento. A Figura 1 retrata essa classificação. Microrganismos úteis: representado pelo ke�r, cepas de microrganismos que atuam como probióticos. Microrganismos deteriorantes: representado por um alimento com mal cheiro, ou seja, deteriorado pelos microrganismos com alteração perceptível em um ou mais dos quesitos sensoriais. Microrganismos patogênicos: representado em um alimento aparentemente normal, mas com quantidades de microrganismos capazes de causar riscos à saúde. Descrição da Imagem: a imagem se refere a um infográfico que ilustra os microrganismos úteis, deteriorantes e patogênicos. Inicial- mente apresenta-se a imagem de um iogurte, seguido do texto referência: microrganismos úteis: representado pelo kefir, cepas de microrganismos que atuam como probióticos. Em seguida, tem-se a imagem de um homem afastando um saco que contém um peixe, aparentemente com mau cheiro e estragado. Abaixo, um texto com as seguintes palavras: microrganismosdeteriorantes: representado por um alimento com mau cheiro, ou seja, deteriorado pelos microrganismos com alteração perceptível em um ou mais dos quesitos sensoriais. Por fim, está uma bandeja de ovos, e em um deles uma lupa demonstrando a presença de microrganismos. Abaixo, o texto: microrganismos patogênicos: representado em um alimento aparentemente normal, mas com quantidades de microrganismos capazes de causar riscos à saúde. Uma seta com duas pontas (apontando para a direita e para a esquerda), situadas abaixo do texto de cada quadro, cruzam os quadros que contêm as três imagens. Figura 1 – Representação dos microrganismos úteis, deteriorantes e patogênicos. Fonte: adaptado de Araújo, Machado e Molin (2019). UNICESUMAR UNIDADE 2 37 Os principais agentes microbianos envolvidos nos casos de contaminação dos alimentos podem ser classificados de acordo com o grau de risco para a saúde e a capacidade de difusão, ou seja, a expan- são do microrganismo no organismo humano. Considera-se uma difusão extensa quando estes se espalham pelo organismo e podem atingir vários órgãos. Para se multiplicarem, os microrganismos necessitam de condições que favoreçam o seu crescimento e multiplicação, tais como características próprias dos alimentos, denominados de fatores intrínsecos, como pH, atividade de água, potencial de oxirredução, conteúdo de nutrientes, constituintes antimicrobianos e estruturas biológicas — ou, ainda, características do ambiente no qual os alimentos são armazenados. Esses fatores são denominados de fatores extrínsecos, como temperatura, umidade relativa do am- biente, presença de gases no meio e até a luz. O Quadro a seguir (Quadro 1) descreve os principais fatores: Fator Características do fator Aplicação em alimentos Extrínseco Tempo Muitas vezes, os microrganismos neces- sitam de pouco tempo para se multipli- carem, caso haja condições favoráveis. Por simples divisão, algumas bactérias podem se reproduzir em cerca de 15 a 20 minutos. Em pouco tempo que o alimento per- manecer em condições favoráveis já é possível apresentar quantidade de microrganismo que atinja a dose infec- tante capaz de causar doença. Oxigênio Existem microrganismos denomina- dos aeróbicos, que só se desenvolvem na presença de oxigênio, outros, os anaeróbios, que não precisam desse elemento para seu desenvolvimento, e os facultativos, que se desenvolvem na presença ou não de oxigênio. Dependendo da atmosfera no qual o alimento é armazenado, este pode se tornar um ambiente determinante no tipo de microrganismo que venha a se multiplicar. Temperatura A maioria dos microrganismos se de- senvolve a uma velocidade considerável em uma faixa de temperatura que varia entre 10 e 65 ºC. À temperatura de refrigeração (inferior a 5°C) desenvolvem-se lentamente, e abaixo de 0°C (temperatura de conge- lamento), os microrganismos entram em estado de latência, mas não são destruídos. Enquanto temperaturas altas (acima de 65 ºC dependendo do binômio tempo X temperatura no inte- rior do alimento), podem ser capazes de eliminar os microrganismos. Temperaturas muito altas ou muito bai- xas dificultam a multiplicação dos mi- crorganismos, sendo importante o mo- nitoramento das temperaturas durante as etapas de produção dos alimentos. Umidade relativa do ambiente Os microrganismos são dependentes de água, e esse fator ambiental se re- laciona diretamente com a atividade de água de um alimento (fator intrínseco), visto que os alimentos tendem a equi- librar a umidade. Ambientes com alta umidade podem fa- vorecer a proliferação microbiana, visto que os alimentos tendem a aumentar sua atividade de água. 38 Fator Características do fator Aplicação em alimentos Intrínseco Nutrientes Os microrganismos, como todos os se- res vivos, necessitam de nutrientes para se desenvolverem. Os alimentos preferidos pelas bactérias são os ricos em proteínas, tais como: carnes, leite e ovos. Atividade de água Os microrganismos desenvolvem-se bem em alimentos que apresentam água livre, ou seja, alta atividade de água. Quanto mais água livre um alimento ti- ver, maior é a multiplicação dos micror- ganismos, como ocorre em carnes e leite, em contrapartida alimentos secos como pão, bolacha, cereais matinais e goiabada possuem maior durabilidade por possuírem baixa atividade de água. pH Os microrganismos preferem alimentos neutros para sua multiplicação, visto que em pH adverso, o metabolismo co- meça a ficar comprometido, diminuindo a multiplicação microbiana. A maioria dos microrganismos não se multiplicam quando o alimento é muito ácido, por isso, a indústria de alimentos utiliza tecnologia para acidificar os pro- dutos. Como exemplos simples, temos as conservas. Os alimentos pouco áci- dos, como o palmito, milho, manga, me- lão, melancia, mamão, queijos, carnes, pescados, dentre outros, favorecem a multiplicação de microrganismos Estrutura biológica A presença de pelos, pele, casca e de- mais estruturas biológicas funcionam como barreiras mecânicas ao contato com o microrganismo. Manter os alimentos protegidos (seja pela sua casca ou pela embalagem – que funciona como uma barreira) é interessante para evitar o crescimento microbiano no interior do alimento. Fatores antimicro- bianos naturais Algumas substâncias naturalmente presentes nos alimentos retardam ou inibem o crescimento microbiano, po- dendo agir inibindo a síntese do ácido nucleico ou as proteínas da parede celular. Estes fatores estão presentes em ali- mentos como: - Condimentos/especiarias: óleos es- senciais (eugenol no cravo e canela; aldeído cinâmico na canela; alicina no alho; timol e isotimol no orégano). - Ovos: a clara contém vários agentes antimicrobianos (lisozima, avidina). - Determinadas frutas: possuem ácidos orgânicos e taninos. Quadro 1 - Fatores que interferem no crescimento microbiano / Fonte: adaptado de Germano e Germano (2019). O conceito dos obstáculos de Leistner (hurdle theory) é baseado no estudo das interações entre os fatores intrínsecos e extrínsecos e é baseado na utilização simultânea de mais de uma forma de controle microbiano, de forma a dificultar o desenvolvimento dos microrganismos. A interação entre os fatores intrínsecos e extrínsecos para impedir a multiplicação de microrganismos deteriorantes e patogênicos é capaz de atuar melhorando a estabilidade e a qualidade do alimento. UNICESUMAR UNIDADE 2 39 Os dados da vigilância epidemiológica das DTA no Brasil demonstram que os alimentos mais frequen- temente associados a surtos alimentares entre 2000 e 2013 são os alimentos à base de ovos, doces e sobremesas, água, carnes bovinas, suínas, aves e pescados in natura ou processadas, leites e derivados, cereais e produtos de cereais e as hortaliças. Veja que esses alimentos citados possuem um ou mais fatores favoráveis ao crescimento microbiano. Sobre os agentes etiológicos, a vigilância epidemiológica afirma que os agentes etiológicos mais comuns são as bactérias. Caro(a) aluno(a), no controle de qualidade, consideramos a temperatura um dos fatores mais importantes para condicionar o crescimento mi- crobiano, visto que este é, muitas vezes, controlável. Para abordar um pouco mais esse fator, preparei um podcast especial. Aperte o play para aprofundar os conhecimentos nesse fator. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11624 40 Dados disponíveis de surtos apontam como agentes mais frequentes os de origem bacteriana, dentre eles, Salmonella spp, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Shigella spp, Bacillus cereus e Clostri- dium perfringens (BRASIL, 2021). O quadro a seguir descreve os principais agentes bacterianos causadores de doenças, identificados pela vigilância epidemiológica das DTA no Brasil, os fatores contribuintes e alimentos incriminados, bem como o período de incubação ou latência do agente. Agente Fatores Contribuintes Alimentos incrimináveis Período de incubação ou latência Quadro clínico Salmonellaspp (S. enteritidis, S.ti- phymurium) Carne bovina, suí- na, aves e seus produtos, pro- dutos à base de ovos crus, outros alimentos conta- minados.. Refrigeração in- suficiente, arma- zenamento de alimentos a tem- peraturas eleva- das (incubação bacteriana), coc- ção e reaqueci- mento inapropria- dos, preparo de alimentos várias horas antes de servi-los. Conta- minação cruzada, falta de limpeza da equipe, trabalha- dores infectados que manipulam alimentos cozidos, alimentos de fon- tes contaminadas. 6 a 72 horas (em geral 18 a 36h). Aparecem após período entre 8 e 22 horas. Provoca diarreia, cólicas e mal-estar, com ou sem febre. Escherichia coli 1.Enterotoxigê- nica 2.Enteroinvasiva Água; hortaliças regadas com água c o n t a m i n a d a ; massas frescas; molhos; sobreme- sas etc. Cocção inadequa- da dos alimentos, manipulação de alimentos por pes- soas infectadas, emprego de água contaminada para lavagem, preparo ou refrescagem dos alimentos, refrigeração insu- ficiente. - 12 a 36 horas no caso da Enteroto- xigênica; - 16 a 48 horas no caso da Enteroin- vasiva. Provoca diarreia, febre, vômitos, cólicas e calafrios. UNICESUMAR UNIDADE 2 41 Agente Fatores Contribuintes Alimentos incrimináveis Período de incubação ou latência Quadro clínico Escherichia coli O157:H7 Carne bovina mal- cozida, leite cru. Cocção inadequa- da dos alimentos, manipulação de alimentos por pes- soas infectadas, emprego de água contaminada para lavagem, preparo ou refrescagem dos alimentos, refrigeração insu- ficiente. 4 a 8 dias. Provoca diarreia, febre, vômitos, cólicas e calafrios. Toxina produzida por Staphylococcus aureus Bolos e similares com recheio e cobertura; produ- tos de confeitaria doces e salgados, tortas salgadas, massas salgadas com recheio e/ou cobertura, carne moída, presunto etc. Manipuladores com infecções purulentas são os principais veicula- dores desse mi- crorganismo e de sua toxina, visto que habita as vias respiratórias. São falhas que podem favorecer a mul- tiplicação: a refri- geração deficien- te, manipulação inadequada, pre- paro de alimen- tos várias horas antes do consu- mo, manutenção de alimentos em temperaturas ele- vadas (incubação bacteriana). 1 a 8 horas (em geral 2 a 4 horas). Causa intoxicação alimentar. É uma das principais bac- térias causadoras de gastroenterites no mundo. Provoca náuseas, dor de cabeça, vô- mitos, dor abdo- minal e calafrios. Shigella spp (Shigel- la flexneri, S. dysen- teriae, S. sonnei, S. boydii) Qualquer alimen- to contaminado, principalmente saladas, água e mariscos. Refrigeração in- suficiente, cocção e reaquecimento inapropriados, preparo de ali- mentos várias horas antes de servi-los. Manipu- ladores infecta- dos. 24 a 72 horas. Provoca disente- ria (uma forma de diar reia com muco e sangue. Costuma ser mais grave que a diar- reia comum), có- licas, mal-estar, febre e vômitos. 42 Agente Fatores Contribuintes Alimentos incrimináveis Período de incubação ou latência Quadro clínico Toxinas produzi- das pelo Bacillus cereus (cepa emé- tica) Produtos de ce- reais, arroz, mo- lhos, almôndegas de carne, outros alimentos conta- minados Refrigeração de- ficiente, manipu- lação inadequa- da, preparo de alimentos várias horas antes do consumo, manu- tenção de alimen- tos em tempe- raturas elevadas (incubação bacte- riana), reaqueci- mento inadequa- do de restos de comida. 2 a 4 horas. Provoca vômitos e náuseas. Normal- mente sem febre. Toxinas produzi- das por Bacillus cereus (cepa diar- reica) Produtos à base de cereais, arroz, molhos, almôn- degas de carne, outros alimentos contaminados Refrigeração de- ficiente, manipu- lação inadequa- da, preparo de alimentos várias horas antes do consumo, manu- tenção de alimen- tos em tempe- raturas elevadas (incubação bacte- riana), reaqueci- mento inadequa- do de restos de comida 8 a 16 horas. Provoca vômitos e náuseas e diar- reia. Toxina produzida por Clostridium perfringens Carne cozida de bovino, de ave, ou de suínos, caldos, molhos e sopas. Refrigeração de- ficiente, manipu- lação inadequa- da, preparo de alimentos várias horas antes do consumo, manu- tenção de alimen- tos em tempe- raturas elevadas (incubação bacte- riana), reaqueci- mento inadequa- do de restos de comida. 8 a 22 horas (em geral 10 horas). Provoca diarreia, dores abdominais, mal-estar e ausên- cia de febre. Quadro 2 – Principais agentes bacterianos causadores das DTAs e suas características Fonte: adaptado de Brasil (2022) e Germano e Germano (2019). É importante ficar claro que mesmo os alimentos que foram submetidos a temperaturas elevadas durante o cozimento podem conter bactérias resistentes na forma de esporos. Os esporos dão origem a novas bactérias quando o alimento volta a condições favoráveis a sua multiplicação. UNICESUMAR UNIDADE 2 43 Caro(a) aluno(a), os principais agentes envolvidos são de origem bacteriana. No entanto as DTAs ocasionadas por vírus, fungos e parasitas também possuem significância. Germano e Germano (2019) descrevem os principais: • Vírus » Rotavírus: é muitas vezes o vírus típico da “virose” (quando não há identifica- ção do patógeno nas gastroenterites). É encontrado principalmente no in- testino humano e na água contamina- da. Os principais alimentos propensos ao contágio são água, gelo, hortaliças e frutas mal higienizadas, além dos alimentos contaminados durante a manipulação. São sintomas: diarreia, febre e dores abdominais. » Norovírus ou Norwalk-like virus: este vírus ficou conhecido após uma série de surtos de DTA em navios de cruzeiros em 2005. É encontrado em fezes humanas e água contami- nada, sendo os mesmos alimentos envolvidos em surtos ou contágios do rotavírus. Seus sintomas são náuseas, vômito, diarreia e gastralgia, febre, dores abdominais e, às vezes, sintomas respiratórios. Caro(a) aluno(a), Germano e Germano (2019) também afirmam que as viroses têm incidência pouco conhecida em alimentos por várias razões, sendo a principal estes serem parasitas obrigatórios. Entre- tanto qualquer patógeno viral intestinal, sob condições sanitárias insatisfatórias, pode ser encontrado em produtos alimentícios, apesar de não serem capazes de proliferar-se nos alimentos, por isso, qualquer tipo de alimento pode servir de veículo de transmissão de vírus para o homem. Por exemplo, o vírus da hepatite A (HAV) é transmitido preferencialmente por via oral-fecal e apresenta distribuição mundial. Essa infecção é provocada por um RNA vírus, pertence à família Picornaviridae, do grupo dos enterovírus, que tem um período de incubação médio é de 30 dias, dependendo da quantidade de partículas virais ingeridas (acredita-se que de 10 a 100 partículas virais sejam suficientes para causar a doença). Dentre os sintomas, no início da manifestação clínica da infecção, é comum mal-estar, fadiga, febre, perda de apetite e náuseas, mas conforme evolução da doença, observam-se dor abdominal na área do fígado, vômitos e fezes de cor mais clara do que a habitual e, em uma fase mais adiantada, icterícia e escurecimento da urina. São os principais alimentos envolvidos em surtos: pratos à base de ostras, saladas, sanduíches, frutas e sucos de frutas, leite e produtos lácteos e doces confeitados. Basicamente, a água (e consequentemente os moluscos e as saladas) são as vias de transmissão mais comuns para as populações humanas e os manipuladores infectados são as maiores fontes de infecção. Outro vírus importante é o causador da Hepatite E, também transmitida pela via intestinal e de ocorrência mundial, com período de incubação que varia de 15 a 62 dias, sua evolução sintomática é semelhante ao descrito para a HAV, sendo a água contaminada a principal envolvida na contaminação. 44 • Parasitas » Giardia lamblia é um protozoá- rio presente nas fezes de animais e do homem e que atinge água, hortaliças, frutas mal higieniza-das ou higienizadas com água contaminada. Sua incubação dura de uma a seis semanas. Os sintomas mais comuns são diar- reia com muco, cólicas abdominais e perda de peso. » Toxoplasma gondii é um protozoário presente nas fezes felinas, homens e mamíferos em geral, sendo transmitido por água e qualquer alimento que tenha entrado em con- tato com os cistos do parasita, sobretudo carnes suína e ovina malcozidas. O período de incubação é de uma até várias semanas. A contaminação também pode ser pessoa a pessoa. Os principais sintomas são febres e aumento ganglionar. » Taenia solium e Taenia saginata são helmintos, em que a contaminação se dá por meio dos ovos do parasita, sendo duas fontes: teníase: cisticercose na carne suína e bovina ou cisticercose: ovos da tênia nas fezes do homem. Ocorre em carne suína (T. solium) e carne bovina (T. saginata) malcozidas e alimentos que entraram em contato com fezes destes animais contaminados, podendo causar infestação intestinal com a forma do verme adulto resultando em insônia, cólicas abdominais, perda de peso e fome, enquanto a infestação da larva que cai na corrente sanguínea pode fixar-se no cérebro, levando à neurocisticercose. Em ambas as situações, a incubação é de três a seis meses. • Ascaris lumbricoides é o helminto conhecido popularmente como “lombriga”. A infecção ocorre por meio da ingestão dos ovos liberados por meio de fezes humanas que contaminam mãos e/ou o ambiente. Após a ingestão principalmente de água contaminada, o parasito completa seu ciclo, e se tornam vermes com até 9 cm nos intestinos. Além da água, os alimentos mais envolvidos são hortaliças e carnes malcozidas. A incubação pode se dar por meses. Os principais sintomas são anorexia, dores e protuberância abdominal, vômito, náuseas, diarreia, reações alérgicas com edemas e pneumonia. REALIDADE AUMENTADA A compreensão sobre os microrganismos envolvidos nos ca- sos de doenças transmitidas por alimentos é importante para a adoção de práticas de manipulação de alimentos que visam minimizar os riscos. Aperte o play e veja como ocorre o ciclo de transmissão da DTA envolvendo a T. solium e T. saginata, a partir das fezes contaminadas, que contaminam o solo, a água e os alimentos (como os vegetais). UNICESUMAR UNIDADE 2 45 • Fungos Dentre os agentes fúngicos, conforme citado an- teriormente, são preocupantes principalmente a ingestão de micotoxinas, metabólitos tóxicos secundários produzidos por fungos filamentosos. Dentre elas, estão as aflatoxinas, um grupo de compostos tóxicos produzidos por certas cepas dos fungos Aspergillus flavus e A. parasiticus, presente em algumas oleaginosas e cereais como amendoim e milho. São preocupantes, também, as micotoxinas: umonisinas, zearalenona, tricotecenos e ocratoxina A. Outra preocupação, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2021), são as possíveis substâncias resinosas de determinados fungos silvestres ingeridos acidentalmente (em variedades tóxicas de cogumelos ao invés de variedades comes- tíveis), causando entre 30 minutos e 2 horas, sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal. Caro(a) aluno(a), vimos que os alimentos perecíveis possuem características favoráveis à multipli- cação de microrganismos deteriorantes e patogênicos, que em toda a cadeia alimentar está sujeito a contaminação, conforme representado na Figura 2. Perda da qualidade nutricional, toxicoinfecções alimentares agudas crônicas, óbitos CADEIA ALIMENTAR PERIGOS Químicos, físicos, biológicos Matéria-Prima e Insumos Alimentares Transporte Processamento Transporte de alimentos Armazenagem de alimentos TransporteComercialização TransporteConsumo Descrição da Imagem: a figura representa a cadeia alimentar seguindo um fluxograma inicialmente apresentado: “matéria-prima e os insumos alimentares”, seu transporte, “processamento”, novamente o “transporte de alimentos”, seguido da “armazenagem de alimentos”, o “transporte”, a “comercialização”, o “transporte” e o “consumo”. Os perigos podem estar presentes em todas estas etapas, independentemente de serem de origem química, física ou biológica. Resultando em perda de qualidade nutricional, toxinfecções ali- mentares agudas, crônicas e até o óbito. No centro do fluxograma, um balão com setas que apontam para cada processo do fluxograma, mencionados anteriormente, contém as seguintes palavras: “Perigos: Químicos, Físicos e Biológicos”. Figura 2 – Representação da cadeia alimentar e os perigos químicos, físicos e biológicos representados em todas as etapas Fonte: adaptada de Brasil (2022). 46 Por fim, finalizo esta unidade reforçando que para impedir que os microrganismos causem, a si e aos outros, doenças, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006) estabeleceu as “cinco chaves para uma alimentação mais segura”. São elas: Assim, é essencial a compreensão das formas de prevenção da veiculação de doenças transmitidas por alimentos, como: a higiene pessoal dos colaboradores, visto que muitos microrganismos chegam aos ali- mentos pelo homem que toca em áreas contaminadas (como nariz, boca, fezes) e toca nos alimentos, ou por meio de espirro, saliva etc.; a higiene dos alimentos, pois a contaminação pode ser oriunda das próprias matérias-primas e, por isso, a importância de realizar o processo de sanitização dos hortifruti, adotar crité- rios seguros no binômio tempo x temperatura; a higiene ambiental, incluindo os cuidados com as áreas de manipulação, os utensílios e os equipamentos, para que estes não se tornem locais propícios ao crescimento microbiano e que não seja um veículo de transmissão, bem como a adequação das etapas e fluxograma de produção dos diferentes tipos de gêneros alimentícios, visando evitar a contaminação cruzada. Após conhecer as características dos contaminantes biológicos que podem estar envolvidos nos casos de DTAs, como nutricionistas responsáveis pelo controle de qualidade dos alimentos, devemos avaliar as particularidades do alimento em questão, visando a identificação dos possíveis riscos e estabelecer estratégias para minimizá-las. Também não podemos esquecer do nosso papel na educação alimentar e nutricional, visto que a relação alimento-saúde é de grande importância para a população e é necessário difundir conheci- mentos que protejam a todos dos riscos inerentes ao consumo alimentar, até mesmo em casa. 1. Mantenha a limpeza. 2. Separe alimentos crus de alimentos cozidos. 3. Cozinhe bem os alimentos. 4. Mantenha os alimentos a temperaturas seguras. 5. Utilize água e matérias-primas seguras. Título: Por uma vida melhor Ano: 2012 Sinopse: esse documentário destaca a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Todo homem tem direito ao acesso permanente à água e à uma alimentação adequada, suficiente quantitativamente e de qualidade sufi- cientes, de modo a permitir uma vida saudável, porém o Brasil ainda luta para superar deficiências graves nessa área. UNICESUMAR 47 Nesta unidade, estudamos os contaminantes biológicos e, voltando à indagação inicial da unidade, sobre os fatores que podem favorecer o crescimento microbiano em um alimento, que tal dar continuidade ao Mapa Mental a seguir, identificando e discorrendo sobre os fatores intrínsecos e extrínsecos? Vamos lá? 48 Agora vamos resolver algumas questões? 1. As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são aquelas causadas pela ingestão de alimentos contaminados e/ou água contaminada. Existem mais de 250 tipos de DTA no mundo, sendo que a maioria delas são infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e outros parasitas. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Transmitidas por alimentos. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doencas-transmitidas-por-alimen- tos. Acesso em: 29 jan. 2022. Com base no que foi estudado ao longo da unidade sobre as DTAs, assinale a alternativa correta: a) A contaminação capaz de originar DTA pode se dar ao longo de toda a cadeia alimentar.b) O surto de DTA é identificado quando pelo menos dez pessoas apresentam doença similar após a ingestão de alimentos e/ou água de igual origem. c) A identificação do agente causador não é possível de ser identificada visto a grande diversi- dade de possibilidades. d) A utilização de baixas temperaturas no preparo de alimentos é a maneira mais eficaz de eliminação de microrganismos. e) Os sinais e sintomas das DTAs não dependem do agente causador, ficando restrito apenas aos aspectos fisiológicos individuais. 2. Os fatores extrínsecos e intrínsecos dos alimentos são propriedades que afetam os alimentos e os microrganismos. Com base no que foi estudado acerca destes fatores, assinale a alternativa que exemplifica os fatores extrínsecos condicionantes ao desenvolvimento dos microrganismos patogênicos nos alimentos: a) Nutrientes, acidez, gases do ambiente. b) Atividade de água, temperatura e embalagem. c) Temperatura, umidade relativa do ambiente, composição gasosa do ambiente. d) Estrutura biológica, atividade água, umidade. e) Presença de gases, atividade de água e temperatura. 49 3. O diagnóstico das doenças transmitidas por alimentos é feito conforme cada caso, segundo os sintomas dos pacientes e por exames laboratoriais específicos. Dessa forma, os testes la- boratoriais devem estar de acordo com as hipóteses possíveis de diagnóstico, tendo em vista que existem diversas doenças transmitidas por alimentos. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Transmitidas por alimentos. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doencas-transmitidas-por-alimen- tos. Acesso em 29 jan. 2022. Considerando a importância de conhecer as características dos principais agentes causadores das DTAs, assinale com V para verdadeira e F para falso: ) ( Salmonella spp. pode estar presente nos ovos, por isso não é recomendado a ingestão de ovos crus. ) ( Ao deixar o arroz cozido em tempo e temperatura inadequada, pode-se propiciar o risco de contaminação por Bacillus cereus. ) ( A Escherichia coli é o microrganismo presente nas vias aéreas do manipulador, por isso, a principal fonte de contaminação é devido aos manipuladores ou por utilização de água não tratada. ) ( Dentre os principais sintomas causados pela ingestão de alimentos contaminados, tem-se vômito, diarreia, dores abdominais. Porém, esses sintomas podem ser mais perigosos depen- dendo do agente causador e do próprio indivíduo, podendo ser fatal. ) ( Quando a temperatura de cocção de um alimento está abaixo de 50 ºC este não será mais contaminado por nenhum tipo de microrganismo. A sequência correta para a resposta da questão é: a) V, V, F, F, F. b) V, V, F, V, F. c) F, F, V, V, F. d) V, F, V, F, V. e) F, V, F, V, F. 50 3 Olá, aluno(a)! Desejo as boas-vindas a mais uma unidade da disci- plina de controle de qualidade em alimentos. Nesta unidade, estu- daremos a regulamentação e fiscalização, afinal, temos um órgão responsável por regulamentar e fiscalizar aquilo que, de maneira direta ou indireta, pode oferecer riscos à saúde da população. Tam- bém entenderemos dos aspectos gerais de vigilância sanitária no Brasil. Aproveite! Regulamentação e Fiscalização em Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 52 Caro(a) aluno(a), acredito que você já tenha nota- do a quantidade de empresas que trabalham com alimentação existentes na sua cidade, com as mais diversas características que as diferenciam, não é mesmo? Podemos citar bares, lanchonetes, can- tinas, restaurantes que adotam o serviço de em- pratado, restaurantes que adotam o autosserviço, por exemplo. Você já parou para pensar se todos esses estabelecimentos estão regulares junto aos órgãos de fiscalização competentes como corpo de bombeiros e vigilância sanitária? No Brasil, existem diversos órgãos regulamen- tadores e fiscalizadores, que visam estabelecer re- gras na sua área de competência, como é o caso da vigilância sanitária, por exemplo, que estabelece as normas necessárias para evitar riscos à saúde da população. O Ministério da Saúde afirma que a ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) está aumentando significativamente no Brasil (e no mundo) (BRASIL, 2022) e são vários fatores que contribuem para a emergência dessas doen- ças, destacando o crescimento da população e resultando em um processo de urbanização de- sordenado, a existência de grupos populacionais mais expostos aos riscos e à necessidade da larga escala de produção de alimentos (BRASIL, 2010). Concomitante a isso, a quantidade de estabele- cimentos que não buscam se regularizar contribui para a deficiência dos órgãos públicos e privados no tocante à qualidade dos alimentos ofertados às populações. Araujo, Machado e Molin (2019) afirmam que as Boas Práticas de Manipulação de Alimentos são as práticas de higiene e de organização ne- cessárias para garantia de alimentos seguros em todas as etapas de preparo dos alimentos, desde a seleção dos fornecedores, compra, recebimento, pré-preparo, preparo, embalagem, armazenamen- to, transporte, distribuição e exposição à venda, visando prevenir que estes possam oferecer riscos à saúde do consumidor. Porém, a quantidade de estabelecimentos irre- gulares, ou seja, que não existem perante os órgãos de fiscalização (por não constituir uma empresa formalizada e solicitar a autorização de órgãos competentes), acaba por dificultar a atuação dos órgãos de fiscalização e resultar em manipulação de alimentos de maneira insalubre. Temos que deixar claro que, para se regu- larizarem, os estabelecimentos destinados à alimentação fora do lar irão se deparar com a necessidade de mudar hábitos e investir em di- versas adequações, tornando cômodo o traba- lho irregular. Todavia, sabendo da importância da adoção das boas práticas de manipulação de alimentos para evitar danos à saúde, sugiro que você, aluno(a), reflita sobre as principais falhas que, como nutricionista, você irá se deparar ao atuar nesse setor (ou seja, pense nas suas vivên- cias do dia a dia – se já não se deparou – em lo- cais nos quais você fez refeições fora do lar, com situações como manipuladores de alimentos sem toucas protetoras de cabelos, manipuladores de alimentos com esmalte e adornos pessoais como aliança, utilização de roupas de trabalho inade- quadas, manipuladores de alimentos fumando ou circulando nas áreas externas do estabeleci- mento com uniformes, dentre outras situações que podem vir ao seu pensamento agora). Apro- veite o diário de bordo e pontue as situações que vieram em seu pensamento. A multiplicidade de agentes causais, visto que existem os contaminantes químicos, físicos e bio- lógicos, resultam em um número significativo de possibilidades para a ocorrência das DTA, que podem existir de forma crônica ou aguda, com características de surto ou de casos isolados, com distribuição localizada ou disseminada e com for- mas clínicas diversas (BRASIL, 2022). Então, ao UNICESUMAR UNIDADE 3 53 refletir sobre as principais causas, você deve ter pensado em situações que dependem da equipe de manipulação de alimentos e, ainda, de investimento por parte da empresa, não é mesmo? Cabe à vigilância sanitária o papel de vigiar, ou seja, regulamentar, orientar e fiscalizar as empresas que manipulam alimentos para educá-las acerca da adoção de boas práticas de manipulação dos ali- mentos, minimizando as falhas e assegurando a saúde da população. Para uma alimentação ser considerada adequada, é necessário que esteja dentro de padrões satisfatórios, como os higiênicos-sanitários, visto que é uma das condições essenciais para a promoção e manutenção da saúde e a deficiência neste quesito é responsável pela ocorrência de surtos de DTA. Para possibilitar o controle das DTA, criou-se a vigilância sanitária. O termo “Vigilância” surgiu no contexto da saúde pública no Brasil ao final do século XIX, com o desenvolvimento nos campos dabacteriologia e microbiologia em geral, pautado no conhecimento sobre a transmissão das doenças infecciosas, e está historicamente relacionada aos conceitos de saúde e de doença vigentes em cada época e lugar, bem como aos mecanismos necessários para impedir a disseminação das doenças. A origem das ações de vigilância sanitária no Brasil surgiu com a “polícia sanitária”, que, a partir do século XVIII era responsável, dentre outras atividades, pelo controle do exercício profissional e do saneamento, necessário para evitar a propagação de doenças devido ao crescimento rápido e desor- denado de grandes grupos populacionais, que ocasionou novos problemas de saúde. 54 Dessa forma, as ações de vigilância sanitária têm como foco o papel de “vigiar”, ou seja, proceder a observação e análise permanente da situação de saúde da população, para articular-se em um con- junto de ações que sejam destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde da população, de forma a garantir a integralidade da atenção, individual e coletiva. A vigilância sanitária compreende ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, bem como de intervir nos problemas sanitários com interesse à saúde. A Lei número 8.080 de 1990 apresenta a definição de vigilância sanitária. “ Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I – o controle de bens de consumo que direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e II – o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indire- tamente com a saúde (BRASIL, 1990, art. 6º, § 1º). Ou seja, as ações de vigilância sanitária devem buscar a intervenção de situações que possam vir a causar riscos à saúde da população, e isso abrange o controle de bens de consumo que, direta ou in- diretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo e o controle da prestação de serviços que, direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde. Foi então que, pautada na necessidade de se obter um órgão de promoção de ações e de fiscaliza- ção, em 26 de janeiro de 1999, criou-se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pela Lei 9.782 na seguinte redação: “Fica criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede e foro no Distrito Federal, prazo de duração indeterminado e atuação em todo território nacional”. UNICESUMAR UNIDADE 3 55 Segundo Eduardo (1998), a definição de vigilância sanitária citada amplia o seu campo de atuação, já que, ao ganhar a condição prática capaz “de eliminar, diminuir ou prevenir riscos decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde”, ela se torna uma prática com poder de interferir em toda a reprodução das condições econômico-sociais e de vida, isto é, em todos os fatores determinantes do processo saúde-doença. A Anvisa é uma autarquia sob regime especial, que, como foi dito anteriormente, tem sede e foro no Distrito Federal, e está presente em todo o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados e, o sistema de Vigilância Sanitária engloba unidades nos três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal, com responsabilidades compartilhadas. O Quadro 1 descreve as atividades de cada uma delas. Esfera Denominação Atuação Federal Agência Nacional de Vigilân- cia Sanitária (ANVISA) Responsável por coordenar o Sistema Nacional de Vigilân- cia Sanitária, prestar cooperação técnica e financeira aos Estados e Municípios e executar ações de sua exclusiva competência (para as quais a União poderá contar com a cooperação dos Estados ou Municípios). Estadual Órgão de vigilância sanitária Tem como responsabilidade coordenar, executar ações e implementar serviços de Vigilância Sanitária em caráter complementar às atividades municipais e prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios. Na execução de ativi- dades de sua competência, o Estado poderá contar com a cooperação dos Municípios. Municipal Serviços de Visa (Vigilância Sanitária) Cabe a ela executar ações e implementar serviços de Vi- gilância Sanitária, com a cooperação técnica e financeira da União e Estado. Quadro 1 – Divisão das atribuições do sistema de vigilância sanitária nas três esferas de governo. Fonte: adaptado de Anvisa (2022). De maneira geral, o objetivo da vigilância sanitária é o controle dos riscos que possam causar agravo à saúde, podemos citar cinco tipos de riscos conforme a Cartilha de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002), são eles: • Riscos ambientais: água (consumo e mananciais hídricos), esgoto, lixo (por exemplo o do- méstico, industrial, hospitalar), vetores e transmissores de doenças (como mosquitos e ratos), poluição do ar, do solo e de recursos hídricos, transporte de produtos perigosos etc. • Riscos ocupacionais: oriundos do processo de produção, substâncias, intensidades, carga horária, ritmo e ambiente de trabalho. • Riscos sociais: transporte, alimentos, substâncias psicoativas, violências, grupos vulneráveis, necessidades básicas insatisfeitas. • Riscos iatrogênicos: que são decorrentes de tratamento médico e uso de serviços de saúde, tais como medicamentos, infecção hospitalar, sangue e hemoderivados, radiações ionizantes, tecnologias médico-sanitárias, procedimentos e serviços de saúde. RESTAURANTE ABERTO 56 • Riscos institucionais: creches, escolas, clubes, hotéis, motéis, portos, aeroportos, fronteiras, estações ferroviárias e rodoviárias, salão de beleza, saunas etc. Portanto, podemos concluir que a vigilância sanitária é um conjunto de medidas que visam à elabora- ção, à aplicação, ao controle e à fiscalização, respeitando as legislações vigentes, de interesse na saúde individual e coletiva, relativas ao ambiente, produtos, serviços e trabalho para prevenir os riscos à saúde da população. O sistema de vigilância sanitária tem como campo de atuação todos os setores relacionados a pro- dutos e serviços que possam afetar a saúde da população brasileira. Sua competência abrange tanto a regulação sanitária quanto a regulação econômica do mercado. Encontra-se, portanto, vinculado ao Ministério da Saúde e integra o Sistema Único de Saúde (SUS), absorvendo seus princípios e diretrizes, e é a responsável pela coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), integrada com outros órgãos públicos relacionados direta ou indire- tamente ao setor saúde, é por isso, que frequentemente vemos a integração da vigilância sanitária com ações da prefeitura do município, corpo de bombeiros e órgãos ambientais, por exemplo. Os estabelecimentos integrantes do setor de alimentação fora do lar devem garantir a segurança e a saúde do consumidor, por isso, a regularização é essencial. Para a empresa estar regularizada com os órgãos fiscalizadores, é necessário um planejamento para cumprimento de regras estabelecidas por órgãos municipais, estaduais e federais, se atentando à articulação existente entre os órgãos fisca- lizadores. Tanto no momento da escolha da localização em que o estabelecimento irá se instalar para iniciar suas atividades quanto para a manutenção do funcionamento, diversas exigências estaduais e municipais devem ser observadas e seguidas para o sucesso da implantação do negócio. Caro(a) aluno(a), não há nada melhor do que escutar um pouco mais sobre a atuação dos órgãos regulamentadores, não é mesmo? Portanto, trouxe aqui um aprofundamento sobre o funcionamento da vigilância sanitária como um órgão regulamentador e fiscalizador no Brasil. Enten- deremos que é um órgão presente nas três esferas de governo, comres- ponsabilidades compartilhadas. Espero que aproveite o nosso Podcast! UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11625 UNIDADE 3 57 As atividades econômicas da maioria das cidades são regulamentadas pelo Plano Diretor Urbano (PDU), que determina o tipo de atividade que pode funcionar em determinado endereço. Por isso durante a escolha do imóvel em que o estabelecimento será estabelecido, é importante consultar, junto à Prefeitura Municipal se o imóvel está regularizado (se possui Habite-Se) e se as atividades a serem desenvolvidas no local respeitam a Lei de Zoneamento do Município, pois alguns tipos de negócios não são permitidos em qualquer bairro (Sebrae, 2022). O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é um serviço social autôno- mo brasileiro que tem como objetivo auxiliar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas para estimular o empreendedorismo no país, sendo interessante consultá-lo para obter informações acerca da constituição de uma nova empresa. Além disso, contar com o auxílio de um contador também é essencial, visto que esse profissional é legalmente habilitado para elaborar os atos constitutivos de uma empresa (além de também ser conhecedor da legislação tributária). De maneira geral, as etapas para formalização de uma empresa do ramo de alimentação vão variar de acordo com o tipo, tamanho, localização, faturamento e muitos outros fatores, por isso, é sempre importante consultar as legislações específicas para cada tipo de empresa e na localidade em questão. Para isso, o empreendedor precisa constituir uma empresa, seja com registro de forma individual – conhecido como microempreendedor individual (MEI) – ou em um dos enquadramentos jurídicos de sociedade. É importante se informar sobre as possibilidades para cada tipo de negócio, visto que existem diversas particularidades, mas, em geral, os pequenos negócios podem optar pelo Simples, desde que sua categoria esteja contemplada no regime, sendo que a receita bruta anual de sua atividade não ultrapasse o teto estabelecido para microempresa, ou um pouco maior, o teto para empresa de pequeno porte e sejam respeitados os demais requisitos previstos na Lei (SEBRAE, 2022). Após abertura da empresa, é necessário dar andamento à sua regularização seguindo alguns pro- cessos que incluem o que será descrito a seguir: Além da consulta de viabilidade do nome empresarial, é importante procurar a prefeitura para verificar os critérios de concessão do Alvará de Funcionamento para o exercício da atividade no local escolhido. O registro legal de uma empresa é feito na Junta Comercial do estado ou no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica. Registrada a empresa, será entregue ao seu proprietário o NIRE (Número de Identifi- cação do Registro de Empresa), uma etiqueta ou um carimbo, feito pela Junta Comercial ou Cartório, contendo um número que é fixado no ato constitutivo. Com o NIRE em mãos, chega a hora de registrar a empresa como contribuinte, ou seja, de obter o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) na Secretaria da Receita Federal. Documentação inicial e alvará de funcionamento – O SEBRAE (2022) instrui que, antes de abrir uma empresa, é preciso realizar uma pesquisa antecipada sobre a existência de empresas constituídas com nomes empresariais idênticos ou semelhantes ao nome pes- quisado. Essa é uma etapa obrigatória, que deve ser preenchida no site da junta comercial. 58 Descrição da Imagem:a figura retrata um modelo de cartão CNPJ. Neste documento, é observável o brasão da República Federativa do Brasil, seu nome por extenso, seguido de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, todas informações no cabeçalho do documento. Em seguida, apresenta-se um quadro com informações como número de inscrição, data de abertura, nome empresarial, nome fantasia, código e descrição das atividades principais e secundárias, código e descrição da natureza jurídica, logradouro, número, complemento, CEP, bairro/distrito, município, estado, endereço eletrônico, telefone, ente federativo responsável, situação cadastral, data da situação cadastral, motivo de situação cadastral, situação especial e data da situação especial. Figura 1 – Modelo de cartão CNPJ / Fonte: Contabilizei ([2022], on-line). UNICESUMAR UNIDADE 3 59 Para as empresas que trabalham com a produção de bens e/ou com venda de mercadorias, é necessário o registro na Secretaria Estadual da Fazenda, a chamada Inscrição Estadual. Ela é obrigatória para os setores do comércio, indústria e serviços de transporte intermunicipal e interestadual. Também estão incluídos os serviços de comunicação e energia. Ela é necessária para a obtenção da inscrição no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Além disso, tem-se, ainda, a necessidade de: Todos os estabelecimentos comerciais, industriais e/ou de prestação de serviços precisam de uma licença prévia do município para funcionar. Esta licença é o Alvará de Licença para Localização e Funcionamento. Ele deve ser solicitado junto à prefeitura e o procedimento para obtenção do alvará varia de acordo com a legislação de cada município. • Cadastro na Previdência Social junto à Agência da Previdência Social do municí- pio da empresa e de seus responsáveis legais, para assim poder contratar pessoal (INSS/FGTS). • Autorização junto a Secretaria do Estado da Fazenda para impressão de notas fiscais e autenticação de livros fiscais. • Enquadramento na Entidade Sindical Patronal correspondente às atividades da empresa. 60 Descrição da Imagem: a figura retrata um modelo de Alvará de Licença para Localização e Funcionamento. Neste documento é ob- servável o brasão da Prefeitura de Niterói, seu nome por extenso, Secretaria Municipal da Fazenda, todas informações no cabeçalho do documento. Em seguida, apresenta-se um título “Alvará de Licença nº 16146”, seguido de um quadro com informações como razão social, nome fantasia, CNPJ/CPF, endereço, bairro, CEP, complemento e dados fiscais como CNAE, cidade, data, e observações sobre o alvará, incluindo alguns artigos do código de posturas de Niterói. Figura 2 – Modelo de Alvará de Licença para Localização e Funcionamento / Fonte: Niterói ([2022], on-line). UNICESUMAR UNIDADE 3 61 • Liberação pelo corpo de bombeiros - as edificações e áreas de risco de incêndio deverão possuir Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndio - APPCI, expedido pelo Corpo de Bombeiros Militar do estado. Esta solicitação deverá ser protocolada juntamente ao Corpo de Bombeiros, que fará uma avaliação do grau de risco da edificação. O procedimento da vistoria varia de acordo com o grau de risco de cada edificação e ocorre visando a liberação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). O AVCB é muito importante, pois sustenta que uma edificação possui as condições de segurança contra incêndio. Descrição da Imagem: a figura retrata um modelo de Auto de vistoria do corpo de bombeiros. Nesse documento, é observável o brasão do Corpo de Bombeiros de São Paulo e da Polícia Militar de São Paulo, seus nomes por extenso no centro, seguido do título “Auto de vistoria do corpo de bombeiros”, todas informações no cabeçalho do documento. Basicamente, nesse quadro, são apresentadas algu- mas informações, com destaque no número do projeto, ocupação/endereço, área total, validade do documento e nome do vistoriador, dentre outras informações. Ao fim do documento, há um QR code para verificação da autenticidade do documento. Figura 3 – Modelo de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) / Fonte: Jardinópolis ([2022], on-line). 62 • A Licença Sanitária é outro documento administrativo obrigatório. Ela é expedida pelo órgão municipal de vigilância sanitária, após inspeção sanitária no local que atesta que o esta- belecimento possui condições operativas, físico-estruturais e sanitárias e, por isso, concede o direito ao estabelecimento de desenvolver atividade econômica de interesse (vale reforçar que este seránecessário para os estabelecimentos que se relacionam de maneira direta ou indire- tamente à saúde). No que se refere a alimentos e similares, matérias-primas, alimentos in natura, embalagens, profissão e ocupações da área, a Vigilância Sanitária exerce a fiscalização para verificação da qualidade e do prazo de validade dos produtos estocados, à integridade e à adequação das embalagens, bem como às condi- ções de higiene e saúde do manipulador, estrutura física e processos adotados durante a manipulação dos alimentos, que, quando são considerados seguros, o estabelecimento recebe a Licença Sanitária. Esse documento é expedido com validade específica para cada ramo de atividade econômica e lo- calização, geralmente, sua validade é anual. A renovação da Licença Sanitária deve ser solicitada pelos estabelecimentos de interesse à saúde, 30 dias antes do vencimento, independentemente de comunicação. A Licença sanitária é emitida pela Vigilância Sanitária local, seja ela municipal ou estadual. Apesar de geralmente ser municipal, a emissão da licença em esfera municipal ou estadual depende do nível de descentralização das ações de vigilância sanitária de cada estado e município brasileiro. Por isso, é importante procurar a vigilância sanitária do estado ou município onde a empresa é sediada para obter informações. Descrição da Imagem: fotografia de uma folha de papel, segurada por mãos, uma de cada lado da folha, que retrata um modelo de Licença Sanitária. É possível visualizar duas mãos segurando um documento, onde é observável o brasão da Prefeitura do Município de Maringá, seu nome por extenso no centro, seguido dos títulos “Secretaria Municipal de Saúde - SUS” e “Licença Sanitária”, todas informações no cabeçalho do documento. Em seguida, apresenta-se um quadro com informações como Razão Social, Endereço completo, área total, dará de validade, ramo de atividade. Ao fim do docu- mento há um quadro demonstrando um carimbo eletrônico da prefeitura. Figura 4 – Modelo de Licença Sanitária / Fonte: Maringá ([2022], on-line). UNICESUMAR UNIDADE 3 63 Conforme abordado anteriormente, o sistema de vigilância sanitária no Brasil está presente na esfera Federal, Estadual e Municipal e as visitas de fiscalização para liberação da licença sanitária geralmente ocorrem pelo órgão municipal, que realiza as visitas de rotina, bem como visitas mediante denúncias e em atividades junto a outros órgãos fiscalizadores. A Anvisa, órgão federal, é uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma agência reguladora ca- racterizada pela independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes durante o período de mandato e autonomia financeira. A Anvisa é responsável pelas principais regulamentações do setor. Como a Anvisa é dirigida por uma diretoria colegiada, geralmente suas regulamentações recebem uma identificação numeral e a sigla “RDC”, ou seja, Resolução da Diretoria Colegiada. Esta diretoria é composta por cinco integrantes com mandatos de três anos, cujo começo e término não são coinci- dentes entre si e sua competência abrange tanto a regulação sanitária quanto a regulação econômica do mercado. As principais regulamentações são descritas a seguir, no Quadro 2: Regulamentação Data Objeto RDC nº 216 15 de setem- bro de 2004 Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas para os serviços de alimentação. RDC nº 52 29 de setem- bro de 2014 Altera a Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, excluindo do regulamento os lactários, as unidades de Terapia de Nutrição Enteral – TNE, os bancos de leite humano e os es- tabelecimentos industriais. RDC nº 275 21 de outu- bro de 2002 Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Opera- cionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produto- res/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/ Industrializadores de Alimentos. RDC nº 27 06 de agosto de 2010 Estabelece alimentos e embalagens com obrigatoriedade de registro sanitário e alimentos e embalagens isentos da obriga- toriedade de registro sanitário. RDC nº 359 23 de dezem- bro de 2003 Regulamento Técnico Sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos. RDC nº 360 RDC nº 429 8 de outubro de 2020 Dispõe sobre a rotulagem nutricional dos alimentos embalados. RDC nº 43 01 de setem- bro de 2015 Estabelece regras sobre a prestação de serviços de alimentação em eventos de massa. Quadro 2 – Principais regulamentações da Anvisa para unidades produtoras de refeições (UPR). Fonte: adaptada de Anvisa (2022). 64 Caro(a) aluno(a), chamo atenção a dois pontos importantes nesse Quadro: a RDC nº 216 e a RDC nº 275, ambas resoluções dispõe sobre as boas práticas. Porém, com focos diferentes, visto que a RDC nº 216 aborda o controle de qualidade em serviços de alimentação (restaurantes, bares, lanchonetes etc.) e a RDC nº 275 é destinada à indústria de alimentos, apesar de muitos pontos de similaridade, se diferenciam pois o fluxograma desses dois tipos de estabelecimentos, são diferentes. Outro ponto importante é que a RDC nº 275 apresenta uma lista de verificação/checklist de boas práticas, que serve como ferramenta para avaliação das boas práticas e torna-se um importante instrumento de trabalho do nutricionista que atua nessa área. No Quadro 2, foram citadas algumas das inúmeras legislações estabelecidas pela Anvisa, mas não são as únicas, pois também existem legislações específicas para determinados ramos de atividade, como é o caso, por exemplo, da RDC n° 267, de 25 de setembro de 2003 que dispõe sobre o Regulamento técnico de boas práticas de fabricação para estabelecimentos industrializadores de gelados comestíveis e existem, ainda, as legislações estaduais e municipais. Reforço que além da vigilância sanitária, como a regulação de alimentos é compartilhada, também temos as normativas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (por exemplo a NBR nº 15635, de 9 de setembro de 2015 que dispõe sobre os requisitos de boas práticas higiênico-sanitárias e controles operacionais essenciais), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmetro), órgãos de defesa do consumidor (Decon – Defesa do Consumidor), entre outros. Inúmeras são as legislações estabelecidas pela Anvisa, portanto, aluno(a), indico que você conheça a “Biblioteca de Alimentos”, que reúne as nor- mas vigentes para regulamentação em alimentos, divididos por temas. Essa que indico foi atualizada no final de 2021 e servirá como material de consulta para quando precisar. Acesse o QR Code! Para acessar, use seu leitor de QR Code. Para conhecer um pouco mais e, de maneira fácil e didática, consulte a Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação elaborada pelo Anvisa e com base na RDC nº 216/2004. Para acessar, use seu leitor de QR Code. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13572 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15508 UNIDADE 3 65 Cabe à Vigilância Sanitária a fiscalização de todos os produtos no mercado, então, mesmo que um alimento seja de competência do Mapa, a sua fiscalização quando estiver no mercado é da Vigilância Sanitária. O quadro a seguir diferencia os alimentos regulamentados pelo Mapa e pela Anvisa. Alimentos regulamentados pelo Mapa Alimentos regulamentados pela Anvisa Produtos exclusivamente de origem animal, bebi- das e vegetais in natura. Alimentos não abrangidos pelo Mapa, alimentos processados/manipulados, embalados ou não e aditivos alimentares. Carne, leite, ovos, mel (e seus respectivos deriva- dos), bebidas alcoólicas, não alcoólicas ou fermen- tadas e vegetais como frutas, legumes e verduras in natura. Alimentos manipulados, com registro obrigatório ou com dispensa de registro. Aditivos alimentares como corantes e conservantes. Quadro 3 – Diferenciação da regulamentação pela Anvisa e Mapa / Fonte: adaptada de Brasil (2022). As empresas doramo de alimentação também devem adotar outras legislações específicas que se referem à elaboração do programa de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) para a licença am- biental: elaboração do programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO) e do programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e estar em consonância à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) no quesito recurso humano. O PCMSO e o PPRA são programas exigidos pelas Normas Re- gulamentadoras (NR). Estas são disposições complementares aos quesitos de Segurança e Medicina do Trabalho e das CLT e consistem em obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empre- gadores e trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho seguro e sadio, com foco na prevenção da ocorrência de doenças e acidentes de trabalho, dessa forma, esses programas são elaborados pelas empresas especializadas em medicina no trabalho, sendo que o PCMSO aborda os riscos ocupacionais e o PPRA os riscos ambientais. O site do Governo Federal, na aba Ministério do Trabalho e Previdência, apresenta todas as NR (BRASIL, 2022). Disponibilidade do código de defesa do consumidor (CDC), que estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social. Dessa forma, caro(a) aluno(a), deve-se estar por dentro da obrigatoriedade ou não da área de fumantes, da cobrança de couvert, do pagamento de gorjeta, da necessidade de separação de lixo e várias outras questões, sendo essencial certificar-se de que o referido estabelecimento é legal no que se refere ao cumprimento de leis e documentos necessários. Quanta informação estudamos, não é mesmo? No entanto podemos ver que todas elas colaboram para a construção de um ambiente seguro na produção de alimentos, afinal, o plano diretor muni- Como a vigilância sanitária estadual e municipal também podem estabelecer legislações locais, cabe ao nutricionista pesquisar e aprofundar seu conhecimento acerca das regulamentações específicas da sua localidade de exercício profissional. 66 cipal estabelece se, em determinada área da cidade, é permitido existir um comércio, a liberação dos bombeiros é essencial para prevenção dos riscos e para a evacuação de pessoas em casos de incêndio, tornando o ambiente se- guro. A liberação da vigilância sanitária possibilita uma produção de alimen- tos em consonância às boas práticas de manipulação. Todas essas medidas são essenciais para minimizar os riscos à saúde dos consumidores que buscam se alimentar fora de casa, além da segu- rança dos colaboradores das empresas. Aluno(a), reforço que segundo o Conselho Federal de Nutricionistas, no exercício de sua profissão, cabe a esse profissional prestar assistência e educação nutricional a coletividades sadias e enfermas, por meio de ações, programas, palestras e eventos rela- cionados à alimentação e à nutrição, buscando a prevenção de doenças e promoção da saúde. Por isso, conhe- cer os aspectos e a atuação dos órgãos regulamentadores, como a Vigilância Sanitária, permite que o profissional nutricionista possa prestar colabora- ção e promover saúde à população e auxiliar na adequação das Unidades Produtoras de Refeição (UPR). Dessa forma, escolher um ponto estratégico, ou seja, estruturar ade- quadamente o seu cardápio, oferecer bom atendimento e buscar se diferen- ciar dos concorrentes, sem deixar de lado as questões burocráticas (as leis e as regras da fiscalização) é essencial para o sucesso de uma UPR e para o nutricionista que atua na área. UNICESUMAR 67 Agora, caro(a) aluno(a), vamos praticar os conhecimentos trabalhados nesta unidade e compartilhar os seus pensamentos. A seguir, você encontrará atividades pensadas para você refletir o assunto desenvolvido nesta unidade. Vamos fazer um Mapa de Empatia? Considerando que a escolha de um estabelecimento voltado à alimentação está baseada em uma série de atributos relevantes que envolvem as dimensões de qualidade, imagine-se visitando um novo restaurante do seu município e faça um mapa de empatia dos atributos desejáveis para que você tenha uma boa impressão no que se refere à qualidade higiênico-sanitária. Utilize o mod- elo disponibilizado a seguir: NOME:___________________________IDADE:_______ quais são as DORES? quais são as NECESSIDADES? o que FALA E FAZ? o que PENSA E SENTE? o que VÊ?o que OUVE? 68 Agora, vamos resolver algumas questões? 1. Um dos casos que mais foram divulgados pela mídia nos últimos tempos acerca da segurança dos alimentos foi o caso das marcas de cerveja da empresa Backer, que foram interditadas cautelarmente. Fonte: http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/149-noticias/ noticias-2020/1117-reali-noticia-n-5-2020-interdicao-de-marcas-de-cerveja-da-empresa-backer. Acesso em: 8 ago. 2022. Acerca do que foi estudado na unidade, considerando que no Brasil o controle sanitário de alimentos é uma responsabilidade compartilhada, assinale a alternativa correta: a) As bebidas, em geral, são produtos regulamentados pelo Mapa, por isso a cervejaria deve respeitar tais regulamentações. b) A Anvisa é o órgão responsável pelas boas práticas no Brasil, sendo responsabilidade apenas dela a regulamentação das cervejas. c) Cabe ao Mapa a fiscalização de todos os produtos no mercado, mesmo que um alimento seja de competência da Anvisa. d) As cervejas são produtos que serão regulamentados pelo Mapa, sendo o próprio o responsável pela verificação das boas práticas. e) No caso de cervejas, não há atuação do Decon, pois alimentos e bebidas não são responsa- bilidade desta entidade, por ficar restrito a produtos, objetos e materiais. 2. Para controlar e minimizar os perigos que possam oferecer riscos à saúde da população devido ao crescimento rápido e desordenado de grandes grupos populacionais, foi criado um órgão para fiscalizar a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos e prevenir doenças da população. Este órgão é a vigilância sanitária. Sobre o que foi estudado, assinale a alternativa correta: a) O termo vigilância sanitária tem origem na denominação “polícia federal”, que era responsável, dentre outras atividades, pelo controle do exercício profissional e do saneamento. b) A vigilância sanitária foi encerrada após as descobertas nos campos da bacteriologia, que culminaram na descoberta das estratégias para eliminação dos microrganismos, evitando que oferecessem riscos à saúde da população. c) A Agência Nacional de Vigilância Sanitária encontra-se vinculada ao Ministério da Saúde, sem integrar o Sistema Único de Saúde ou absorver seus princípios e diretrizes. d) A Anvisa é dirigida por uma diretoria colegiada composta por cinco integrantes com mandatos de cinco anos, cujo começo e término não são coincidentes entre si. e) Entende-se por Vigilância Sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou pre- venir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviço de interesse da saúde. 69 3. Como é denominado o documento administrativo expedido pelo órgão municipal de vigilância sanitária após a inspeção sanitária no local? a) Alvará de funcionamento. b) Cartão CNPJ. c) Licença sanitária. d) Liberação pelo corpo de bombeiros. e) Código de defesa do consumidor. 70 4 Olá, aluno(a)! Seja muito bem-vindo(a) a mais uma unidade de es- tudo sobre o Controle de Qualidade em Alimentos. Espero que esteja animado para estudar o planejamento estrutural nas áreas de manipulação de alimentos, afinal, essas devem ser seguras, ou seja, devem ser projetadas de forma a não proporcionar riscos de contaminação aos alimentos, além de permitir a correta higieniza- ção. Vamos lá? Estrutura Física em Áreas de Manipulação de Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 72 Aluno(a), a presença de elementos indesejados, independentemente de ser uma bactéria, um metal ou um produto químico, por exemplo,pode chegar nos alimentos por diversas formas, inclusive pela própria superfície de manipulação de alimentos. Um dos utensílios que não é adequado para ser utilizado durante o preparo de alimentos é a colher de madeira (conhecida como colher de pau). Você já reparou que, conforme o uso, ela vai se desgas- tando e ficando com fissuras? As pequenas lascas de madeira que vão se soltando vão parar onde? Provavelmente nos alimentos, não é mesmo? Em uma pesquisa realizada por Pinto et al. (2013), com objetivo de avaliar a estrutura física e hi- giênico-sanitária de uma Unidade Produtora de Refeições (UPR) localizada na cidade de Francisco Beltrão, Paraná, foram identificadas 47% de não conformidades relacionadas às edificações das áreas de manipulação de alimentos, nas quais o teto, as paredes e o piso estavam inadequados. Corroborando com essa pesquisa, no estudo de Ferreira et al. (2011), as conformidades relaciona- das às edificações e às instalações da área de manipulação de alimentos variaram entre 63,9% e 86,1%, sendo que os itens inadequados estavam relacionados ao piso, teto, parede e porta. Ambos os estudos demonstram a dificuldade (e necessidade) de manter a adequação das instalações conforme as normas estabelecidas pelos órgãos de fiscalização. Caro(a) aluno(a), a estrutura física de uma área de manipulação de alimentos é essencial para garantir que esta não venha a transmitir contaminantes aos alimentos e, ainda, que as operações de higienização ocorram de maneira adequada. Nesse contexto, quais características você considera essenciais para uma área de manipulação de alimentos? Coloque-se na posição de nutricionista recém-contratado por um restaurante que irá passar por uma reforma estrutural e você se deparará com a seguinte situação (Figura 1): Descrição da Imagem: a figura ilustra uma pequena área de uma cozinha. Nela, é possível identificar uma grande bancada de madeira e, ao fundo, uma parede com metade do pé direito revestido de pequenos azulejos brancos, e a parte superior constituída de madeira. Há duas lâmpadas penduradas. É possível identificar um fogão de quatro bocas com um pano de prato pendurado na maçaneta da porta do forno. Nas duas laterais do forno, estão bancadas constituídas de aço inoxidável. Em uma delas, estão mantimentos armazenados em potes de vidro e caixas de madeira. Também é possível visualizar uma barra metálica em toda a extensão, na qual utensílios como espátulas e frigideiras estão pendurados. Figura 1 - Representação de uma área de manipulação de alimentos UNICESUMAR UNIDADE 4 73 Quais pontos você julga necessário readequar nessa área? Sugiro que use o Diário de Bordo e pontue as inadequações estruturais que você visualizou nessa cozinha. Um dos pontos importantes é a escolha dos materiais que irão compor as superfícies que terão contato direto com os alimentos. Pense, aluno(a), que, nessa imagem, a madeira está presente em bancada, co- lheres e caixas organizadoras, representando um risco à segurança dos alimentos por ser um material poroso, permeável e de baixa resistência. Portanto, para evitar riscos à contaminação dos alimentos e o retrabalho, desde a fase de planeja- mento de uma empresa, é necessário ter foco nas adequações estruturais. Caro(a) aluno(a), citei, anteriormente, que o foco nas adequações estruturais de uma área de ma- nipulação de alimentos deve existir desde a fase inicial de uma empresa, para evitar o retrabalho. Esse retrabalho ocorre porque, logo na primeira visita do órgão de vigilância sanitária para liberação da licença sanitária, são exigidas adequações estruturais. Então, por exemplo, se a empresa pintar a cozinha com uma tinta que não está dentre as recomendadas, durante a primeira visita da vigilância sanitária, será necessário repintar, utilizando um tipo de tinta recomendado. Conforme vimos na unidade anterior, geralmente, o órgão responsável pela inspeção para liberação da licença sanitária é a vigilância sanitária municipal. 74 Os aspectos avaliados pela vigilância sanitária para a concessão da licença sanitária são baseados nas resoluções em vigor, principalmente a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 216 de 2004, que define o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, e a RDC número 275 de 2002, que aborda o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padroni- zados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos, ambas legislações estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2002; BRASIL, 2004). Dessa forma, os fiscais de vigilância sanitária irão realizar as visitas para a liberação do funciona- mento e manipulação de alimentos do estabelecimento, bem como a realização de inspeções periódicas para avaliar as condições sanitárias durante a produção. Caso haja irregularidades, a vigilância sanitária pode orientar mudanças, exigi-las por meio do termo de intimação (com prazo para cumprimento) ou até mesmo realizar ações mais duras, como aplicar multas e interditar o estabelecimento, de maneira a atingir o objetivo de ofertar aos clientes alimentos que não ofereçam riscos ou danos a sua saúde. Vamos entender as recomendações da área baseada na RDC 216, focando no item 4.1: Edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios. Esse item estabelece regras para: Figura 2 - RDC 216, item 4.1 / Fonte: a autora. Também são contemplados refrigeradores, fogão, liquidificador e demais equipamentos necessários à atividade. Parede, teto, piso AS EDIFICAÇÕES AS INSTALAÇÕES OS MÓVEIS OS UTENSÍLIOS Rede elétrica, hidráulica Bancadas, prateleiras, armários Tábuas de corte, facas, panelas Caso queira ter acesso à legislação RDC 216 na íntegra, é só utilizar o QR Code disponível. Ela é uma base importante de consulta do nutricio- nista, visto que se trata do principal regulamento técnico para serviços de alimentação. Para acessar, use seu leitor de QR Code. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14010 UNIDADE 4 75 Um dos principais pontos a serem respeitados para atendimento ao preconizado por essa resolução é o fluxo da área. A edificação e as instalações físicas devem ser projetadas visando estabelecer um fluxo coerente e ordenado, do recebimento das matérias-primas à distribuição dos alimentos, evitando os cru- zamentos em todas as etapas da preparação de alimentos. Assim, deve existir separação entre as diferentes atividades exercidas em cada setor (por meios físicos como paredes ou por outros meios eficazes como divisão de bancadas ou até mesmo a instalação de meia-parede), de forma a evitar a contaminação cruzada. Portanto, aluno(a), para evitar a contaminação cruzada, devem ser estabelecidas divisões de áreas conforme a realidade de cada empresa e estruturá-las seguindo um fluxo linear, sem retorno e repro- cesso. Por exemplo, na Figura 3 é apresentada uma estrutura física de um restaurante popular, e as flechas identificam o fluxo percorrido na área. Descrição da Imagem: a figura representa uma planta baixa de uma área de manipulação de alimentos e o fluxograma sendo per- corrido. Tem-se início com a área de recepção e pré-higienização de gêneros, representada por uma seta amarela, da área externa ao armazenamento. O armazenamento é representado pelas câmaras frias e dispensas, de onde parte a seta vermelha representando o fluxo de saída dos gêneros das áreas de armazenamento até as áreas de pré-preparo. Existem duas áreas de pré-preparo, e delas, há uma seta rosada até a área de cocção. Por fim, há uma seta azul da área de cocção até a distribuição, representada pelo refeitório e distribuição de marmitex. Figura 3 - Representação do fluxo de etapas de manipulação de alimentos / Fonte: adaptada de Brasil (2007). 76 Na figura, é possível identificar que o fluxo ocorre de maneira ordenada, partindo do recebimento de matérias-primas e finalizando com a distribuição das preparações, e não há cruzamento entre asatividades, reforçando a importância de pensar na estrutura física como um todo, sem focar apenas em cada setor isoladamente. Dessa forma, a divisão de setores em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) deve seguir linha racional da produção, obedecendo a um fluxo coerente, sendo que as áreas devem impedir con- taminação entre os alimentos preparados e, ainda, evitar o contato de utensílios limpos e o retorno de utensílios sujos (GERMANO; GERMANO, 2019). Outro ponto crucial é que o acesso às instalações deve ser pavimentado, controlado e independente, e a área de manipulação não deve ser comum a outros usos. Por esse motivo, não é permitida a pro- dução de alimentos para comercialização dentro da própria residência (que é usada para outros fins – nesse caso, habitação). Portanto, deve-se pensar no local de implantação, que deve estar situado em zonas isentas de odores indesejáveis, fumaça, pó, lixo e outros contaminantes ambientais, reduzindo a incidência de contaminantes. Segundo Brasil (2007), a localidade ou terreno deve possuir infraestrutura urbana básica, contendo redes de abastecimento de água e de energia elétrica e, ainda, redes de captação para o esgotamento sani- tário e as águas pluviais, pois a própria RDC 216 afirma que as instalações devem ser abastecidas de água corrente e dispor de conexões com rede de esgoto ou fossa séptica. No caso da instalação das caixas de gordura e de esgoto, é necessário que seu dimensionamento seja compatível com o volume de resíduos, devendo estar localizadas fora da área de manipulação de alimentos (inclusive fora, também, das áreas de armazenamento de alimentos), apresentando-se em adequado estado de conservação e funcionamento. A RDC 275 apresenta uma lista de verificação de boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, composta por questões que abrangem itens como a edi- ficação das áreas e as respectivas recomendações de cada um dos itens. O quadro a seguir apresenta as recomendações propostas para as áreas externas e internas de manipulação de alimentos. B - AVALIAÇÃO SIM NÃO Não avaliado 1. EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES 1.1 ÁREA EXTERNA: 1.1.1 Área externa livre de focos de insalubridade, de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente, de vetores e outros animais no pátio e vizinhança; de focos de poeira; de acúmulo de lixo nas imediações, de água estagnada, dentre outros. 1.1.2 Vias de acesso interno com superfície dura ou pavimentada, adequada ao trânsito sobre rodas, escoamento adequado e limpas. 1.2 ACESSO: 1.2.1 Direto, não comum a outros usos (habitação). 1.3 ÁREA INTERNA: 1.3.1 Área interna livre de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente. Quadro 1 - Critérios estabelecidos pela RDC 275 para áreas externas e internas / Fonte: adaptada de Brasil (2002). UNICESUMAR UNIDADE 4 77 Nessa lista de verificação, há um campo para as- sinalar a conformidade (SIM) ou não conformi- dade (NÃO) do item especificado, além de um campo para assinalar e justificar caso o item não possa ser avaliado no momento da verificação. Veja, aluno(a), que as áreas internas e externas do estabelecimento devem estar livres de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente, para não abrigarem pragas e para facilitar as operações de limpeza. Além disso, não é permitida a presença de animais que possam vir a contaminar os ali- mentos pela presença de pelos, fezes e urina. Caso o estabelecimento adote uma política de aceitar animais em sua área, denominada de pet friendly, deve-se atentar para que os itens ci- tados na resolução sejam seguidos e os animais não estejam próximo às áreas de manipulação de alimentos, além de se informar se há alguma recomendação dos órgãos de saúde locais. Por exemplo, no Paraná, existe uma Lei esta- dual, identificada pelo nº 13.331/2001, que dispõe sobre a organização, regulamentação, fiscalização e controle das ações dos serviços de saúde no es- tado. O artigo 63 da referida lei, que apresenta as infrações sanitárias e as condutas tipificadas, cita, no inciso XIX: “manter, em estabelecimento sujeito a controle e fiscalização sanitária, animal doméstico que coloque em risco a sanidade de alimentos e outros produtos de interesse à saúde, ou que comprometa a higiene do local” – pode levar a pena passível de advertência, apreensão ou inutilização do produto, interdição, cancela- mento do registro, cassação da licença sanitária e/ou multa (GOVERNO DO PARANÁ, 2001). Outro ponto chave estabelecido nas resoluções é que as instalações sanitárias e os vestiários não devem ter comunicação direta com as áreas de manipulação de alimentos ou refeitórios (ou sa- lão de refeições), além das portas externas serem dotadas de fechamento automático, por mola ou outro sistema similar. Os sanitários devem ser mantidos organizados e em adequado estado de conservação. Segundo a RDC 275, devem ser independentes para cada sexo (conforme a legislação específica), identifi- cados e de uso exclusivo para manipuladores de alimentos. Além disso, os sanitários devem ser dotados de lavatórios e supridos de produtos des- tinados à higiene pessoal, tais como papel higiê- nico, sabonete líquido inodoro e antisséptico ou sabonete líquido inodoro e produto antisséptico e toalhas de papel não reciclado ou outro sistema higiênico e seguro para secagem das mãos. A RDC 275 afirma, ainda, a importância da presença de avisos com os procedimentos para lavagem das mãos. Os coletores dos resíduos dos sanitários devem ser dotados de tampa e aciona- dos sem contato manual (BRASIL, 2002). Caro(a) aluno(a), aqui, focamos no lavatório disponível no sanitário (seja para manipuladores 78 de alimentos ou para clientes), mas a legislação também especifica a necessidade de ter lavatórios disponíveis dentro das áreas de manipulação dos alimentos, pois devem existir lavatórios exclusivos para a higiene das mãos na área de manipulação, em posições estratégicas em relação ao fluxo de preparo dos alimentos. Estes devem ser instalados em número suficiente, de modo a atender a toda a área de preparação (BRASIL, 2004). Os lavatórios das áreas de manipulação de ali- mentos também devem estar abastecidos com sa- bonete líquido inodoro antisséptico (ou sabonete líquido inodoro + produto antisséptico), toalhas de papel não reciclado (ou seja, deve ser o papel toalha virgem, 100% fibras celulósicas) ou outro sistema higiênico e seguro de secagem das mãos e coletor de papel, acionado sem contato manual. Chamo a atenção para um estudo realizado por Franco e Ueno (2010), no qual 158 carrinhos e trailers de lanches foram avaliados por meio de uma checklist de boas práticas de manipulação, no município de Taubaté – SP. Apenas 29 (18,4%) possuíam lixeira com tampa e pedal, evidencian- do um fator de risco para contaminação. Além de apenas um percentual baixo de estabelecimentos possuírem a tampa e o pedal, sabe-se que muitos manipuladores de alimentos ainda mantêm o há- bito de abrir com as mãos. O dimensionamento da edificação e das ins- talações deve ser compatível com todas as ope- rações e, além da preocupação com as áreas ex- ternas e internas, existem recomendações acerca dos materiais a serem empregados na parede, teto e piso. A RDC 216 afirma que: “ 4.1.3 As instalações físicas como piso, parede e teto de- vem possuir revestimento liso, impermeável e lavável. Devem ser mantidos íntegros, conservados, livres de racha- duras, trincas, goteiras, vaza- mentos, infiltrações, bolores, descascamentos, dentre ou- tros, e não devem transmitir contaminantes aos alimentos (BRASIL, 2004). Ou seja, basicamente os materiais devem ser: • de material liso: isento de rugosidades que possam vir a acumular sujidades; • impermeáveis: que não absorvam umi- dade, restos de alimentos e se tornem um ambiente propício ao crescimento micro- biano; • laváveis: que resistam ao ataque de subs- tâncias corrosivas para que possamser higienizados na frequência necessária; • livres de imperfeições: para evitar o acú- mulo de sujidades, permitir a higienização e evitar a proliferação de microrganismos ou abrigo de pragas. UNICESUMAR UNIDADE 4 79 Além das características citadas, existem outras recomendações favoráveis à escolha dos materiais de parede, teto e piso que serão descritos a seguir. Sobre o piso, sua escolha deve corresponder às exigências técnicas, que variam conforme a natu- reza do trabalho, o esforço a que será submetido e os materiais aplicados, mas é recomendável que seja constituído por cor clara ou que permita a visualização das sujidades (não sendo obrigatório ser branco e nem proibido se for acinzentado, por exemplo), que seja de fácil higienização e que tenha característica antiderrapante para evitar os riscos de acidentes de trabalho. Além disso, deve ter um único nível para evitar acidentes de trabalho e facilitar deslocamento de carrinhos de transporte, quando for o caso, além de ter inclinação suficiente para direcionar até os ralos a água da higienização, buscando evitar poças acumuladas. A RDC 275 apresenta como recomendação para constituição do piso o que é especificado no Quadro 2. B - AVALIAÇÃO SIM NÃO Não avaliado 1. EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES 1.4 PISO: 1.4.1 Material que permite fácil e apropriada higienização (liso, resistente, drenado com declive, impermeável e outros). 1.4.2 Em adequado estado de conservação (livre de defeitos, ra- chaduras, trincas, buracos e outros). 1.4.3 Sistema de drenagem dimensionado adequadamente, sem acúmulo de resíduos. Drenos, ralos sifonados e grelhas colocados em locais adequados de forma a facilitar o escoamento e proteger contra a entrada de baratas, roedores etc. Quadro 2 - Critérios estabelecidos pela RDC 275 para os pisos / Fonte: adaptada de Brasil (2002). Preste atenção: essas características buscam evitar as contaminações, pois as imperfeições podem ocasionar um perigo físico ao alimento. O acúmulo de água em materiais permeáveis favorece os perigos biológicos, e os materiais laváveis permitem que as operações de higienização ocorram de forma adequada, para não deixar perigos químicos. A escolha das peças de piso de menor dimensão está sendo valorizada, atualmente, devido à faci- lidade de substituição quando ocorre o trincamento ou outra imperfeição na peça. No entanto, é necessário atentar-se a um outro ponto: os rejuntes, que devem estar no mesmo nível do piso para não acumular sujidades. Deve-se dar preferência aos rejuntes impermeáveis, como os de acrílico ou epóxi (o de cimento é o mais barato, porém poroso) (SANT’ANA, 2012). 80 Quando presentes, os ralos devem ser sifonados e as grelhas devem possuir dispositivo que permita seu fechamento. Além disso, pode-se posicionar calhas com grelhas metálicas dotadas de retentores de resíduos (para bloqueio da entrada de pragas) em pontos estratégicos, adotando uma inclinação do piso de 0,5% a 1,0% e direcionando o fluxo da água para esses pontos (BRASIL, 2007). A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) apresenta o nível de recomendação dos diferentes materiais a serem empregados no piso dos setores da UPR. Apesar deste ter como foco a UPR hospitalar, também pode ser estendido a outros tipos de UPR. Am bi en te d a co zi nh a Ri sc o Ce râ m ic a Po rc el an at o Vi ní lic o Au to ni ve la n- te c om e pó xi Po rc el an at o té cn ic o G ra ni to Bo rr ac ha G ra ni ti na Li nó le o Área para recepção e inspeção de alimentos N ã o crítico ++ ++++ ++ ++ ++++ +++ +++ ++ ++ Área para pré-lavagem de alimentos N ã o crítico ++ ++++ ++ ++ ++++ +++ +++ ++ ++ Despensa de alimen- tos N ã o crítico ++ ++++ +++ +++ ++++ +++ +++ ++ ++ Área para guarda de utensílios N ã o crítico ++ ++++ +++ ++ ++++ ++ +++ ++ ++ Câmaras frias N ã o crítico ++ ++ ++++ ++ ++++ ++ ++++ ++ ++ Área para guarda de descartáveis N ã o crítico ++ ++++ +++ ++ ++++ ++ +++ ++ ++ Área para pré-preparo e preparo de alimentos Semi- crítico ++ ++++ ++ + ++++ ++ ++ ++ + Área para cocção de dietas normais Semi- crítico ++ ++++ ++ + ++++ ++ ++ ++ + Área para cocção de dietas especiais Semi- crítico ++ ++++ ++ + ++++ ++ ++ ++ + Área para porciona- mento e distribuição de dietas normais e especiais Semi- crítico ++ ++++ ++ ++ ++++ ++ ++ ++ ++ Área para recepção, lavagem e guarda de louças, bandejas e ta- lheres N ã o crítico ++ ++++ ++ + ++++ ++ ++ ++ + Área para lavagem e guarda de panelas N ã o crítico ++ ++++ ++ + ++++ ++ ++ ++ + UNICESUMAR UNIDADE 4 81 Am bi en te d a co zi nh a Ri sc o Ce râ m ic a Po rc el an at o Vi ní lic o Au to ni ve la n- te c om e pó xi Po rc el an at o té cn ic o G ra ni to Bo rr ac ha G ra ni ti na Li nó le o Área para recepção, lavagem e guarda de carrinhos N ã o crítico ++ ++++ ++ + ++++ +++ ++ ++ ++ Sala do nutricionista N ã o crítico + ++ ++++ ++ ++ ++ +++ ++ ++++0 Refeitório para público N ã o crítico + ++++ ++++ +++ +++ ++++ +++ ++ ++++ Legenda: +: não recomendado; ++: pouco recomendado; +++: recomendado; ++++: muito recomendado. Quadro 3 - Especificação do nível de recomendação aos possíveis materiais empregados nos pisos das áreas de manipulação de alimentos / Fonte: adaptado de Ebserh (2018). Segundo o quadro, o porcelanato é um dos revestimentos interessantes para o piso, constituído de placas de revestimentos compostas por 70% de minerais rochosos nobres queimados a temperatura alta, o que os torna impermeáveis (e mais resistentes do que as cerâmicas comuns). Os porcelanatos classificados como técnicos são indicados para áreas de intenso tráfego, por serem compostos de uma massa porcelânica uniforme, com a mesma cor na sua composição (por isso, não recebem qualquer tipo de finalização com esmalte), resultando em um material mais resistente e de maior durabilidade, além de possui um baixíssimo índice de absorção de umidade, sendo aproxima- damente cinco vezes menor do que o do porcelanato convencional. Durante a escolha do piso, além do índice de absorção de umidade, a Ebserh (2018) chama a atenção para o coeficiente de atrito: “ Ao escolher o melhor piso, é necessário, inicialmente, atentar-se ao seu coeficiente de atrito (índice que informa sua resistência ao escorregamento). Quanto maior for o coeficiente, mais rugoso e, por consequência, mais antiderrapante será o revestimento. Em ambientes molhados, recomenda-se um coeficiente de atrito igual ou maior que 0,4. Em rampas, o coeficiente deve ser de, no mínimo, 0,8” (EBSERH, 2018, s.p.). Vale lembrar que a rugosidade não pode resultar em acúmulo de sujidades de forma a prejudicar a segurança da área. A parede deve ser de material lavável em toda sua extensão, mas, atenção, isso não torna obrigatório que seja azulejado, pois basta a superfície ser lisa e coberta com um tipo de tinta que seja lavável. 82 Caso a parede seja azulejada, deve-se azulejar, pelo menos, dois metros de altura, e deve-se tomar cuidado com o material utilizado para sua colocação, pois é comum ocorrer deslocamento, principal- mente na área de cocção, devido à variação de temperatura, com consequente dilatação ou contração. Inclusive, aluno(a), chamo a sua atenção para o pé direito (altura da parede, do chão até o teto), que deve ser de 2,7m a 3m, pois, se for muito alto, pode dificultar a higienização e, em contrapartida, se muito baixo, pode resultar em problemas de ventilação e distribuição de luz. Sobre as tintas, são características das laváveis (SANT’ANA, 2012): • Tinta acrílica: propicia uma superfície lavável, é de fácil aplicação e apresenta bom custo-be- nefício. Alguns fabricantes oferecem linhas de tintas acrílicas cuja composição possui elementos antibacterianos e fungicidas. • Tinta com base em resina epóxi: muito resistente à lavagem frequente, sendo encontrada em dois tipos: hidrossolúvel (à base de água) e bicomponente, produzidacom uma mistura de resina epóxi e um agente catalisador para realizar a cura, feito à base de resina poliamida. A hidrossolúvel possui menores odores. • Tinta com base resina de acetato de polivinila (PVA): apesar de impermeável, não é tão resistente como as demais, podendo ser aplicada em teto de ambientes que não demandem limpeza constante, como área de armazenamento a seco. Caro(a) aluno(a), é importante ressaltar que, além do material de revestimento a ser utilizado, as cores escolhidas também são importantes, pois o índice de refração pode prejudicar a qualidade do trabalho desempenhado, alterar a cor dos alimentos e, principalmente, prejudicar a higienização das áreas. É por esse motivo que a Anvisa recomenda a utilização de cores claras. A RDC 275 apresenta como recomendação para adequação das paredes das áreas de manipulação de alimentos, o que é especificado no Quadro 4: B - AVALIAÇÃO SIM NÃO Não avaliado 1. EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES 1.5 PAREDES E DIVISÓRIAS: 1.5.1 Acabamento liso, impermeável e de fácil higienização até uma altura adequada para todas as operações. De cor clara. 1.5.2 Em adequado estado de conservação (livres de falhas, racha- duras, umidade, descascamento e outros). 1.5.3 Existência de ângulos abaulados entre as paredes e o piso e entre as paredes e o teto. Quadro 4 - Critérios estabelecidos pela RDC 275 para as paredes / Fonte: adaptado de Brasil (2002). Acerca do item 1.5.3 descrito no quadro, no caso do rodapé, deve ser executado junto ao piso, visando evitar juntas frias que possam vir a prejudicar a aderência. Em contrapartida, o abaulamento do ro- dapé deve cessar exatamente na face da parede, para não gerar quinas que possam acumular sujeiras, conforme ilustrado na figura a seguir. UNICESUMAR UNIDADE 4 83 Essa recomendação é citada na RDC 275 e surge como uma estratégia para facilitar as operações de higienização nas áreas de manipulação de alimentos. O manual de especificações de materiais a serem empregados em UPR hospitalar demonstra o nível de recomendação de cada revestimento nos setores. Ao citar as paredes, não podemos deixar de comentar sobre as redes (elétrica, hidráulica, de vapor, de emergência etc.), principalmente no caso das tomadas e interruptores, visto que devem estar sempre com seu respectivo espelho (ou tampa) para não se tornar uma abertura propícia ao abrigo de pragas, e deve-se ter tomadas de força individualizada para cada equipamento. As instalações elétricas devem estar embutidas ou protegidas em tubulações externas e íntegras (canaletas), de forma a permitir a higienização. As tubulações de água, esgoto, vapor e elétrica devem ser pintadas nas cores indicadas pela autoridade em segurança e medicina do trabalho, visando à identificação e facilidade nos reparos. O quadro a seguir apresenta as recomendações dos diferentes materiais a serem empregados nas paredes. Descrição da Imagem:a figura é uma ilustração de um piso com uma parede à direita para demonstrar o contato entre a parede e o piso. Na quina, há um abaulamento (como um escorregador curvo) evitando o acúmulo de sujidades e umidade. A figura apresenta o azulejo nivelado com o rodapé, a junta de dilatação e o rodapé homogêneo com o piso. É possível observar que o arredondamento ocorre em um único nível, tanto no contato com a parede como com o piso. Figura 4 - Representação do abaulamento no contato entre a parede e o piso / Fonte: adaptada de Brasil (2007). 84 Ambiente da cozinha Ri sc o Ce râ m ic a Po rc el an at o La m in ad o m el am ín ic o Ti nt a ac rí - lic a Ti nt a ep óx i Vi ní lic o Área para recepção e inspeção de alimentos N ã o crítico ++ +++ ++++ ++++ ++++ +++ Área para pré-lavagem de alimentos N ã o crítico ++ +++ ++++ ++++ ++++ +++ Despensa de alimentos N ã o crítico ++ +++ ++++ ++++ ++++ +++ Área para guarda de utensílios N ã o crítico ++ +++ ++++ ++++ ++++ +++ Câmaras frias N ã o crítico + ++ ++ ++ +++ ++++ Área para guarda de descartáveis N ã o crítico ++ +++ ++++ ++++ ++++ +++ Área para pré-preparo e preparo de alimentos S e m i crítico ++ +++ ++ +++ ++++ ++ Área para cocção de dietas normais S e m i crítico ++ +++ ++ +++ ++++ ++ Área para cocção de dietas especiais S e m i crítico ++ +++ ++ +++ ++++ ++ Área para porcionamento e distribuição de die- tas normais e especiais S e m i crítico ++ +++ ++ +++ ++++ ++ Área para recepção, lavagem e guarda de louças, bandejas e talheres N ã o crítico ++ +++ ++ +++ ++++ +++ Área para lavagem e guarda de panelas N ã o crítico ++ +++ ++ +++ ++++ ++ Área para recepção, lavagem e guarda de car- rinhos N ã o crítico ++ +++ ++ +++ ++++ +++ Sala do nutricionista N ã o crítico + + +++ ++++ +++ ++++ Refeitório para público N ã o crítico ++ +++ +++ ++++ +++ ++++ Legenda: +: não recomendado; ++: pouco recomendado; +++: recomendado; ++++: muito recomendado. Quadro 5 - Especificação do nível de recomendação aos possíveis materiais empregados nas paredes das áreas de manipula- ção de alimentos / Fonte: adaptado de Ebserh (2018). Segundo o quadro apresentado, a tinta epóxi é uma das mais recomendadas, visto que é resistente às operações que envolvam água (enxague e higienização, por exemplo), visto que proporciona a imper- meabilização da superfície tanto interna quanto externa (acarretando boa resistência ao mofo). Sua desvantagem é o preço elevado em comparação com os outros tipos de tinta. UNICESUMAR UNIDADE 4 85 Sobre os materiais empregados no teto, tem-se os forros fixos ou removíveis, exemplificados, res- pectivamente, por gesso corrido em placas ou acartonado e placas de compensado ou fibras de média densidade (MDF). Além de ser de material liso, impermeável, lavável e mantido em bom estado de conservação, ou seja, sem corrosão, goteiras, rachaduras, trincas, umidade, bolor e descascamentos, é importante pensar na sua escolha para auxiliar na acústica do ambiente. A Ebserh (2018) afirma que, em forro fixo, o forro de gesso acartonado é mais recomendado por ser mais resistente e prático que o de gesso corrido, além da facilidade de limpeza e ampla oferta de fornecedores e de mão de obra qualificada. Os forros removíveis, por sua vez, possuem flexibilidade e facilidade de reposição, proporcionam um importante ganho em performance acústica, mas não proporcionam estanqueidade ao ambiente, fato esse que deve ser repensado em sua aplicação em áreas de manipulação de alimentos. Segundo a RDC 275, são as recomendações para adequação do teto das áreas de manipulação de alimentos, o que é apresentado no Quadro 6: B - AVALIAÇÃO SIM NÃO Não avaliado 1. EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES 1.6 TETO: 1.6.1 Acabamento liso, em cor clara, impermeável, de fácil limpeza e, quando for o caso, desinfecção. 1.6.2 Em adequado estado de conservação (livre de trincas, racha- duras, umidade, bolor, descascamentos e outros). Quadro 6 - Critérios estabelecidos pela RDC 275 para os tetos / Fonte: adaptado de Brasil (2002). Qualquer abertura, principalmente nas paredes, para colocação de portas e janelas, requer atenção, visto que as aberturas externas (inclusive as aberturas para saída do sistema de exaustão), devem ser providas de telas milimetradas removíveis para impedir o acesso de vetores e pragas urbanas, mas também facilitar a limpeza periódica (BRINQUES, 2016). A abertura da malha das telas deve ser menor ou igual a 2 mm, sendo que as superfícies devem ser lisas e laváveis e em bom estado de conservação, com ausência de falhas de revestimento. 86 Além disso, as portas e as janelas devem ser mantidas ajustadas aos batentes e, no caso de portas da área de preparação e ar- mazenamento de alimentos, devem ser dotadas de fechamento automático, sendo também recomendada a instalação de borra- cha de vedação no vão inferior para evitar a entrada de pragas. As aberturas de janelas são importantes – ouso até afirmar que são essenciais – para adequada iluminação e ventilaçãodas áreas. A iluminação é importante, pois deve proporcionar a visualização suficiente para que as atividades sejam realizadas sem comprometer a higiene e as características sensoriais dos alimentos, adequada à atividade desenvolvida, sem ofuscamen- to, reflexos fortes, sombras e contrastes excessivos. Os vidros empregados devem ser lisos (sem rugosidade) e transparentes. Para a utilização de iluminação artificial, deve-se ter atenção às luminárias localizadas sobre a área de preparação dos alimentos, que devem ser apropriadas e estar protegidas contra a explosão e quedas acidentais. Agora, pensando na ventilação, esta deve ser o suficiente para garantir a renovação do ar e a manutenção do ambiente livre de fungos, gases, fumaça, pós, partículas em suspensão, condensação de vapores, dentre outros, que possam comprometer a qualidade higiênico-sanitária do alimento (BRASIL, 2004), reforçando a importância das janelas para esse fim. No caso de a utilização de mecanismos de ventilação artificial, o fluxo de ar não deve incidir diretamente sobre os alimentos, e a RDC 275 reforça que a ventilação deve ser pensada para evitar a contaminação cruzada, pois a captação e direção da corrente de ar não deve seguir a direção da área contaminada para área limpa. Se a UPR adotar um sistema de ventilação artificial, deve ser utilizado equipamento higienizado e com manutenção adequada, com filtros conservados. A limpeza dos componentes do sistema de climatização, a troca de filtros e a manutenção programada e periódica desses equipamentos devem ser registradas e realizadas conforme legislação específica. Por fim, é necessário ter atenção aos equipamentos, móveis e utensílios que entram em contato com alimentos, visto que devem ser de materiais que não transmitam substâncias tóxicas, odores, nem sabores aos alimentos manipulados ou que entram em contato direto ou indireto com eles. Além disso, devem ser mantidos em adequado estado de conservação e serem resistentes à corrosão e a repetidas operações de limpeza e desinfecção, por isso, devem ser realizadas manu- tenção programada e periódica dos equipamentos e utensílios e calibração dos instrumentos ou equipamentos de medição, mantendo registro da realização dessas operações. O quadro a seguir apresenta um modelo de planilha para controle de manutenção: REALIDADE AUMENTADA Para entender como é feita a instala- ção das telas milimetradas removíveis, veja essa realidade aumentada elabo- rada para você. Acesse o QR Code! UNICESUMAR UNIDADE 4 87 PLANILHA DE CONTROLE DE MANUTENÇÕES DOS EQUIPAMENTOS EQUIPA- MENTO LOCALIZA- ÇÃO MANU- TENÇÃO SOLICITA- DA DATA DA SOLICITA- ÇÃO RESPON- SÁVEL DATA DA REALIZA- ÇÃO VISTO Quadro 7 - Modelo de planilha de controle de manutenção de equipamentos / Fonte: a autora. A manutenção preventiva é aquela que é feita periodicamente, em conjunto com todos os equi- pamentos da UPR (ou em etapas), de acordo com cronograma estabelecido pelo nutricionista ou pelo setor de manutenção da empresa com foco em aumentar a vida útil do equipamento, proporcionar maior segurança em sua operacionalização e retardar o aparecimento de avarias, enquanto a manutenção corretiva é aquela que é feita apenas quando surge o problema, analisando transtornos à operacionalização da UPR. Vale ressaltar a importância de identificar, com placas visuais, os equipamentos que se encontram em manutenção. Por fim, a RDC 216 estabelece que as superfícies dos equipamentos, móveis e utensílios que sejam utilizados em qualquer etapa de manipulação de alimentos, independentemente de ser na preparação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e exposição à venda dos alimentos, precisam ser lisas, impermeáveis, laváveis, estando isentas de rugosidades, frestas e outras imperfeições que possam comprometer a higienização dos mesmos e serem fontes de contaminação dos alimentos. Dessa forma, o dimensionamento dos equipamentos e utensílios tem relação direta com o número de refeições, padrão de cardápio e sistema de distribuição adotado por cada empresa, por isso, deve-se respeitar as particularidades envolvidas. No entanto, independentemente da capacidade, devem ser constituídos de superfície lisa, resistente, não absorvente e de fácil limpeza, livres de porcas, parafusos ou partes móveis que possam ser fonte de contaminação física aos alimentos manipulados. 88 Compreender as recomendações das legislações acerca das áreas de manipulação de alimentos é um requisito essencial ao nutricionista que atua no controle de qualidade, pois, além de prevenir que as áreas sejam fontes de contaminação dos alimentos, também devem favorecer as operações de higie- nização, assunto que será tratado na próxima unidade. O nutricionista deve, então, buscar a adequação das áreas de manipulação de alimentos, envolvendo- -se em equipes multiprofissionais desde a fase de planejamento de uma empresa até a reforma estrutural. Sobre os utensílios e equipamentos utilizados na manipulação de ali- mentos e sua relação com a segurança dos alimentos, ouça o podcast preparado especialmente para você. Aperte o play e aproveite esse momento de aprofundar seus conhecimentos! UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11626 89 Nesta unidade, estudamos os requisitos para a área física de uma empresa de manipulação de alimentos. Proponho que você crie um mapa mental avaliando a estrutura física apresentada na imagem. Discorra sobre os requisitos legais para itens como parede, teto e piso e pontue as adequações e, se houver, inadequações encontradas em tal item. Vamos lá? Continue esse mapa mental já iniciado. Teto Piso Parede Deve ser de material liso, com facilidade de higienização, sendo resistente ao ataque de substâncias corrosivas e com característica antiderrapante para evitar os riscos de acidentes de trabalho. Na presente área, o piso é cerâmico, em cores claras, o rejunte apresenta-se em nivelamento suficiente, estando adequado às legislações. Utensílios e equipamentos 90 1. O planejamento físico e estrutural das áreas destinadas à manipulação de alimentos é fun- damental para a adequação às legislações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e para que as operações de manipulação de alimentos ocorram em uma área segura. Com base no que foi estudado, assinale a alternativa que apresenta características adequadas: a) Piso liso, impermeável e lavável, paredes obrigatoriamente azulejadas até a altura para facilitar a limpeza e janelas com vidros lisos e telas milimétricas removíveis. b) Piso rugoso e antiderrapante, paredes cobertas em toda a sua extensão com tinta lavável, sistema de drenagem de águas feito por canaletas e grelhas nos pontos de maior evasão, janelas com vidro escuro e com telas milimétricas com abertura de até 4 mm. c) Piso de cerâmica com rejunte cerâmico, paredes revestidas de material lavável, janelas com vidros rugosos, com pé direito de, no mínimo 2,7 metros. d) Instalações elétricas embutidas ou protegidas em tubulações externas e íntegras, portas ajus- tadas aos batentes e com fechamento automático e borracha de vedação na abertura inferior. e) Paredes que possuam cantos abaulados (ângulo de arredondamento) nos contatos com piso e com o teto, piso de cerâmica com rejunte de cimento, paredes azulejadas com pintura com tinta acrílica e janelas com vidros lisos e claros, possuindo telas milimétricas. 2. Sabe-se que as resoluções RDC número 216 e 275 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelecem regras para edificação das áreas destinadas a manipulação de alimentos, dentre elas, para os banheiros. Considere que você foi contratado para compor uma equipe envolvida na reforma de um restaurante que possui dez funcionários, sendo quatro homens. Como você deveria projetar o banheiro no que se refere a sua localização, edificação, lavatórios e seus respectivos produtos necessários?91 3. As áreas destinadas à manipulação de alimentos devem ser adequadas e, para isso, a edificação deve prever cuidados que evitem a contaminação cruzada. Com base no que foi estudado ao longo desta unidade, assinale com V para verdadeira e F para falso: ) ( As edificações e instalações devem ser projetadas de forma a permitir a separação por áreas conforme atividade exercida no fluxo de pessoas e alimentos, evitando as operações capazes de causar contaminação cruzada. ) ( A área destinada ao preparo de alimentos deve se situar entre áreas de pré-preparo e a distribuição das preparações. ) ( Torna-se obrigatório que os pisos, paredes e teto sejam constituídos de material liso, lavável e em cor branca. ) ( A manutenção preventiva é essencial para adequação dos equipamentos. Essas operações devem ser rotineiras e devem ser registradas em planilhas específicas. A sequência correta é: a) V, V, F, F. b) V, V, F, V. c) F, F, V, V. d) V, F, V, F. e) V, F, F, V. 92 5 Caro(a) aluno(a), nesta unidade, abordaremos um aspecto essencial para a garantia da qualidade em unidades que produzem alimentos: a higiene ambiental. O ambiente de trabalho é considerado uma das principais fontes de contaminação dos alimentos, por isso, a higienização é essencial. Além disso, deve ser complementada com o correto manejo de resíduos e o controle de pragas. Vamos lá? Higiene Ambiental, Manejo de Resíduos e Controle de Pragas Me. Thanise Pitelli de Nigro 94 Olá, querido(a) aluno(a). Espero que esteja animado(a) para dar continuidade a mais um estudo acerca do controle de qualidade de alimentos. Dentre os quesitos necessários para a manipulação segura dos alimentos, está o manipulador de alimentos, e seu asseio, higiene pessoal e utilização de uniformes são essenciais. Além disso, para a segurança do alimento, também se torna necessário, principalmente, condições estruturais, físico-funcionais e higiênicas adequadas do ambiente de trabalho, ou seja, do local onde os alimentos serão manipulados. Você já se deparou com algum estabelecimento que trabalha com alimentos e teve a impressão de falta de higiene somente observando a área física? Seja pela falta de manutenção em paredes descascando ou com bolores ou, ainda, pela falta de limpeza, seja em um banheiro sujo, uma louça engordurada, ou, ainda, por um copo com marca de batom? Pois bem, situações como essa são corriqueiras (apesar de que não deveriam ser, não é mesmo?!), e fazem grande influência na percepção de um cliente acerca da higiene do estabelecimento. Influenciam, inclusive, na vontade do cliente em se alimentar no estabelecimento. A ocorrência dessas situações pode ser justificada por diversos fatores, como um quadro de cola- boradores enxuto, a necessidade de constante investimento em adequações estruturais e na área física e a compra de produtos químicos, mas, acima de tudo, a higiene das áreas acaba ficando prejudicada quando não há organização das atividades dos colaboradores que coloque a tarefa de higienização como prioridade. Assim, a correria do dia a dia de produção de alimentos, aliada à frequência com a qual as áreas sujam, torna-se a principal justificativa. No entanto, apesar de ser um fato justificável, a falta de higiene do ambiente de trabalho não pode ser aceita, por isso, o nutricionista, na posição de responsável pelo controle de qualidade, deve estabe- lecer procedimentos padronizados, frequência para sua realização, responsabilidades e registros para garantir a realização de operações de higienização eficazes, para que o ambiente de trabalho esteja em condições higiênico-sanitárias adequadas. Agora, eu proponho que você se coloque na posição de nutricionista de uma rede de supermer- cados que está investindo em maquinários para aumentar o volume de produção da padaria e que adquiriu uma masseira, uma espécie de batedeira com grande capacidade. Como responsável, você precisa treinar os colaboradores acerca da higienização desse equipamento. Afinal, o correto produto a ser usado, o procedimento, a frequência, por exemplo, são orientações importantes para a garantia de que o produto possa ser corretamente utilizado. Tente esboçar no Diário de Bordo como você faria a orientação a sua equipe de como higienizar esse equipamento. Ao final da disciplina, você terá subsídio para ver o quão assertivo foi! Como nutricionista dessa rede de supermercados que adquiriu um novo equipamento, seu papel profissional é essencial para treinamento dos manipuladores de alimentos e orientações sobre o uso e higiene dos equipamentos. Para facilitar o treinamento e instrução da equipe, você começou a descrever o passo a passo dessa operação visando elaborar um procedimento padrão para higiene. Considerando que a masseira deve ser higienizada da mesma forma que uma batedeira (considere que a masseira é uma batedeira com maior capacidade e pás mais resistentes), sugiro que você reflita qual seria o passo a passo dessa operação. Apro- veite o diário de bordo e pontue cada uma das etapas, descrevendo os produtos e os materiais necessários em cada uma delas. Identifique, também, a frequência em que esse procedimento deve acontecer. UNICESUMAR UNIDADE 5 95 Bom, aluno(a), estabelecer corretamente o procedimento de higienização das edificações, equipamentos, móveis e utensílios é essencial para que as operações ocorram de maneira suficiente para eliminar as fontes de contaminação, sem deixar resíduos. Portanto, para entender sobre essas operações, precisamos compreender sobre alguns conceitos envolvidos na higiene. Primeiramente, precisamos entender que o ambiente de trabalho se refere a tudo o que está em volta do manipulador de alimentos, ou seja, a edificação (como a parede, o teto e o piso), as instalações (como as instalações elétricas, hidráulicas, de vapor), equipamentos (como o fogão, o refrigerador, a câmara fria, o moedor de carnes, o liquidificador, o caldeirão, dentre outros que existirão de acordo com a necessidade da empresa), móveis (bancadas, prateleiras, pias, mesas etc.) e os utensílios (faca, tábua, panela, garfo, pratos, copos, bowls ou recipientes). Assim, devem ser estabelecidos critérios para a correta higienização das edificações, instalações, equi- pamentos, móveis e utensílios, pois a higiene é fundamental para prevenir a grande quantidade de doenças que possam ser transmitidas pelos alimentos e constitui um dos principais problemas de saúde pública. No ramo de alimentação, a referência à qualidade também deve estar relacionada à inocuidade, ou seja, à ausência de perigos físicos, químicos e biológicos em níveis que possam ocasionar danos à saúde do consumidor. Assim, esse conceito reforça a importância da adoção de procedimentos de higieni- zação adequados e eficazes, visto que a higiene é a base para a qualidade e segurança dos alimentos (GERMANO; GERMANO, 2015). 96 Segundo Vasconcelos et al. (2021), objetivando avaliar as boas práticas e o controle microbiológico como estratégias para prevenção de coronavírus (Covid-19) em um supermercado de Fortaleza-CE, com base na lista de verificação criada pela Associação Paulista de Supermercados, para auxiliar os supermer- cados na prevenção de contaminação e no controle de infecção por Covid-19, os autores encontraram não conformidades relacionadas à higiene ambiental, pois, apesar de as medidas de higienização serem realiza- das com frequência e por funcionários capacitados, não existe uma rotina de higienização minuciosa. Os autores identificaram que, para prevenir riscos de contaminação dos alimentos no supermercado avaliado, é necessário intensificar a higienização das áreas com maior circulação de colaboradores e clientes, com o objetivo de tornar o ambiente mais seguro a todos, visto que é um dos pontos principais para enfrentar contaminações (inclusive as contaminações microbiológicas, que incluem o vírus causador da Covid-19). Além da contaminação microbiológica, a higieneambiental realizada da maneira correta é essencial para evitar os demais tipos de contaminação dos alimentos. Além disso, é importante que os procedi- mentos de higienização não interfiram nas propriedades nutricionais e sensoriais dos alimentos, mas garantam a preservação de sua inocuidade. A utilização de cuidados rigorosos de higienização no ambiente, seguindo normas adequadas, favorece o controle de qualidade, viabiliza os custos de produção, satisfaz os consumidores (além de não oferecer riscos à sua saúde) e respeita normas e padrões microbiológicos recomendados pela legislação vigente. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 216 de 15 de setembro de 2004, estabelece que: “ 4.2.1 – As instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios devem ser mantidos em condições higiênico-sanitárias apropriadas. As operações de higienização devem ser realizadas por funcionários comprovadamente capacitados e com frequência que ga- ranta a manutenção dessas condições e minimize o risco de contaminação do alimento” (BRASIL, 2004). Em diversos momentos, vimos a palavra “higienização”, mas o que, de fato, ela significa? Vamos ver alguns conceitos a seguir: Para a segurança alimentar e nutricional (SAN) da população, a segurança dos alimentos é parte essencial. Para compreender um pouco mais a fundo a SAN e sua relação com o controle de qualidade dos alimentos, sugiro a leitura deste e-book. A partir da página 336, é apresentada a relação da SAN com a indústria de alimentos. Para acessar, use seu leitor de QR Code. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17606 UNIDADE 5 97 Higienização: Operação que compreende duas etapas: limpeza e desinfecção. Limpeza: Operação de remoção de substâncias minerais e/ou orgânicas indesejáveis, tais como terra, poeira, gordura e outras sujidades. Desinfecção: Operação de redução, por método físico e/ou agente químico, do número de microrganismos em nível que não comprometa a qualidade higiênica-sanitária do alimento. Saneantes: Substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tratamento de água. Anti-sepsia: Operação que visa a redução de microrganismos presentes na pele em níveis seguros, durante a lavagem das mãos co sabonete anti-séptico ou por uso de agente anti-séptico após a lavagem e secagem das mãos (como álcool gel 70%). Descrição da Imagem: a imagem apresenta um infográfico que descreve a operação com base em cada item da resolução da Anvisa e a representa com uma figura. Na primeira figura, tem-se um indivíduo segurando um balde com diversos produtos de limpeza dentro, retratando um processo completo, ou seja, a higienização. Logo em seguida, descreve-se seu conceito: “Higienização: operação que compreende duas etapas, a limpeza e a desinfecção”. Na segunda imagem, há um indivíduo com luvas de látex usando uma esponja para ensaboar uma superfície, representando o conceito de limpeza: “Limpeza: operação de remoção de substâncias minerais e ou orgânicas indesejáveis, tais como terra, poeira, gordura e outras sujidades”. Em seguida, uma imagem retrata um indivíduo borrifando (com um borrifador) um produto químico em uma superfície e utilizando um pano bacteriostático para espalhar, retratando a desin- fecção: “Desinfecção: operação de redução, por método físico e ou agente químico, do número de microrganismos em nível que não comprometa a qualidade higiênico-sanitária do alimento”. A próxima figura ilustra diversos produtos químicos lado a lado, representando os saneantes, ou seja, “Saneantes: substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tratamento de água”. A última figura ilustra o processo de lavagem das mãos, com um indivíduo enxaguando, em água corrente, as mãos ensaboadas, essa etapa é “Antissepsia: operação que visa à redução de microrganismos presentes na pele em níveis seguros, durante a lavagem das mãos com sabonete antisséptico ou por uso de agente antisséptico após a lavagem e secagem das mãos (como o álcool gel 70%)”. Figura 1 - Conceitos usados em higiene / Fonte: adaptado de Brasil (2004). 98 Essas definições são apresentadas na RDC número 216/2004 da Anvisa. A higienização visa eliminar ou reduzir a contaminação, diminuindo a probabilidade de transmissão de agentes causadores de doenças e, do ponto de vista conceitual, basicamente, a higienização é o processo completo, que consiste em duas etapas distintas: limpeza e desinfecção. Na limpeza, visa-se à remoção de resíduos orgânicos e minerais – proteínas, gorduras e sais mine- rais, sujidades de um modo geral (ou seja, aquilo que é visível). Na desinfecção, procura-se eliminar microrganismos patogênicos e reduzir o número de microrganismos não patogênicos e deteriorantes a quantidades insignificantes, considerado um nível de segurança. Realizamos a limpeza com detergente e a desinfecção com solução clorada ou álcool 70%. Existem outras definições, como: De um modo simples, Germano e Germano (2015) apresenta que, para considerar uma higienização eficiente (sigla HE), tem-se o resultado da inter-relação entre as energias química, mecânica e térmica, além do tempo de duração do procedimento, ou seja: HE = Energia química × Energia mecânica × Energia térmica × Tempo. A higienização eficiente leva em consideração quatro fatores: Energia química × Energia mecânica × Energia térmica × Tempo. Basicamente, quanto maior o tempo de contato ou a duração do procedimen- Você sabe como os saneantes são controlados? Para serem vendidos, é necessário que as empre- sas fabricantes desenvolvam produtos seguros, com resultado satisfatório e rigoroso controle de qualidade. Todos os fabricantes têm de seguir normas legais e técnicas e, ainda, obter autorização do Ministério da Saúde (por meio da Anvisa) para cada produto vendido. Essa informação está no rótulo. Não se deve utilizar saneantes clandestinos (ou piratas), ou seja, aqueles que estão à venda sem a autorização do Ministério da Saúde (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE, 2022). • Bactericida: é o agente que atua especificamente nas bactérias, da mesma forma que existem os fungicidas (que eliminam os fungos) ou viricidas (que eliminam os vírus). • Bacteriostático: é o agente que inibe a multiplicação das bactérias, assim como o fungistático inibe a multiplicação de fungos e o virostático/virustático, que combate a multiplicação de vírus. • Asséptico: prevenção do retorno da contaminação – conduta aplicada após es- terilização, desinfecção ou antissepsia. • Esterilização: eliminação de todos os microrganismos em um determinado am- biente, equipamento ou utensílio, por meio de processos químicos ou físicos. UNICESUMAR UNIDADE 5 99 to, mais eficiente será a higienização. No entanto, quando se considera a utilização de agentes químicos, as reações ocorrem com maior eficiência nos minutos iniciais da aplicação desses produtos, visto que, à medida que o tempo passa, as soluções se tornam saturadas com o material originado das reações. Por outro lado, a alteração de um dos fatores, ou a não utilização de um deles, implica a alteração do outro para manter a eficiência. A HE também é conhecida como Ciclo de Sinner, proposto em 1960 para representar uma combinação de fatores para eficácia na limpeza. O ciclo é apresentado na Figura a seguir: TEMPERATURA AÇÃO QUÍMICA TEMPO AÇÃO MECÂNICAO ME Descrição da Imagem: a imagem representa um ciclo dividido em quatro partes iguais, composto por quatro fatores: 1) temperatura, representada pelo aquecimento (figura de uma vela com chama) da solução; 2) ação química (representada por um becker com líquido em seu interior), ou seja, a utilização do produto químico a ser usado no processo de higienização; 3) ação mecânica (ilustrada por um par de luvas),representada pelo esfregaço que o manipulador de alimentos irá realizar; 4) tempo (representado na figura por um cronômetro), ou seja, aguardar para que as sujidades sejam bem umedecidas e o produto químico possa agir. Figura 2 – Ciclo de Sinner / Fonte: adaptado de Sinner (1960). Trazendo para o nosso dia a dia, ao realizar a higienização de uma forma de alumínio em que assa- mos uma carne, geralmente colocamos água quente, detergente, deixamos um tempo de molho e depois fazemos o esfregaço. Esses são os quatro fatores para a higienização eficiente (HE). 100 De modo geral, a higienização é baseada em uma sequência de etapas que serão descritas a seguir. A primeira etapa é o pré-enxague. Ao usar apenas a água, tem-se como objetivo a redução da quantidade de resíduos presentes nas superfícies dos equipamentos e utensílios. Esse processo, geralmente, promove a remoção de aproximadamente 90% dos resíduos solúveis em água que não estejam fortemente aderidos à superfície. Os resíduos não solúveis são retirados pela ação mecânica provocada pela queda da água. Recomenda-se, para melhor eficácia, adotar água com temperatura de 40 ºC, pois, quando muito quente, desnatura proteínas, e quando fria, pode provocar a solidificação de gorduras, dificultando a retirada. Em certos casos, quando não é possível o uso da água para esse fim, pode-se realizar a redução de resíduos mais grosseiros com uma simples raspagem (ação mecânica) da superfície. Em seguida, deve ser realizada a segunda etapa, a limpeza com detergentes. Os detergentes desempe- nham um papel básico nos processos de limpeza nas indústrias, sendo capazes de separar as partícu- las residuais presentes na superfície. A utilização de soluções detergentes em contato direto com as sujidades tem o objetivo separá-las das superfícies a serem higienizadas, dispersando-as no solvente. Para alcançar a eficácia desejada na limpeza, é necessário conhecer algumas características, como a natureza da superfície em que a sujidade se encontra (se é aço inoxidável, alumínio ou plástico), visto que um produto indicado para alumínio pode agredir o aço inoxidável, por exemplo. Além disso, é necessário conhecer o produto de limpeza a ser usado, visto a diversidade de agentes de limpeza ou desinfecção existentes no mercado, tanto para uso doméstico como para uso industrial, bem como sua forma de aplicação: seja imersão, spray, máquina de lavar, nebulização, dentre outros. Por fim, é necessário conhecer o tipo e o grau da sujidade, que normalmente são compostos por carboidratos, proteínas, lipídios e sais minerais, sendo que as sujidades podem conter um ou vários destes, podendo, ainda, estar carbonizados ou fortemente aderidos. Por exemplo, em uma chapa usada para grelhar carne, geralmente, os resíduos são proteínas e gorduras carbonizadas. Essas características são importantes para definir o melhor tipo de detergente a ser aplicado. Um detergente é uma substância que, sozinha ou em mistura, reduz o trabalho necessário para retirada das sujidades que é feito mecanicamente ou por meio de energia física. O infográfico a seguir ressalta como, de maneira geral, um bom detergente deve ser. Vamos analisar: O termo sujidade é utilizado para identificar qualquer substância, como poeira, depósitos, resíduos ou qualquer outro material que deva ser removido de uma superfície na operação de limpeza. UNICESUMAR UNIDADE 5 101 EMULSIFICADOR: Para dispersar as gorduras e se ligar à gordura e à água. 1 SOLVENTE: Para dissolver resíduos de alimentos, principalmente as proteínas, com boa capacidade de penetração. 2 SOLÚVEL: Com solubilidade rápida para ser eliminado completamente na água utilizada no enxágue 3 4 EMOLIENTE: Para umedecer a superfície dos utensílios que serão limpos. 5 AGENTE DE DISPERSÃO: Para lavar, ou seja, dispersar as sujidades, independentemente das características da água usada. 6 SEGURO: Ou seja, inofensivo para o ser humano, atóxico, não corrosivo e econômico. Descrição da Imagem:a figura retrata um infográfico que apresenta as características desejáveis para um detergente. São descritas seis características: 1. Emulsificador: para dispersar as gorduras e se ligar à gordura e à água; 2. Solvente: para dissolver resíduos de alimentos, principalmente as proteínas, com boa capacidade de penetração; 3. Solúvel: com solubilidade rápida para ser eliminado completamente na água utilizada no enxágue; 4. Emoliente: para umedecer a superfície dos utensílios que serão limpos; 5. Agente de dispersão: para lavar, ou seja, dispersar as sujidades, independentemente das características da água usada; e 6. Seguro: inofensivo para o ser humano, atóxico, não corrosivo e econômico. Figura 3 – Características de um bom detergente / Fonte: Adaptado de Germano e Germano (2015). 102 Assim, o tipo de detergente está condicionado, dentre outros fatores, à natureza de sujidades a serem removidas. A quadro a seguir apresenta as características dos principais tipos de detergentes usados na manipulação de alimentos. Tipo de detergentes Características DETERGENTES ALCALINOS Promovem o deslocamento de resíduos por emulsificação, saponi- ficação e peptização, removendo resíduos proteicos e gordurosos, sendo usados na limpeza de gordura e proteína carbonizada. O hidróxido de sódio (soda cáustica) é o mais importante represen- tante desse tipo de detergentes. O carbonato e bicarbonato de sódio são exemplos de álcalis fracos (fornecem ânions OH- ) e são usados para remover resíduos orgânicos. Existem determinados tipos de máquinas de lavar pratos, em que não há contato com os manipuladores, em que esse tipo de detergente é usado. DETERGENTES ÁCIDOS As soluções ácidas são produtos compostos de ácidos orgânicos e inorgânicos que podem ser usados individualmente ou em combina- ções. Entre os inorgânicos, destacam-se: clorídrico, sulfúrico, nítrico e fosfórico. São exemplos de ácidos orgânicos: lático, glucônico, cítrico, tartárico, levulínico e hidroxiacético (no entanto, são produtos caros). A aplicação de agentes ácidos é efetuada quando existe a possibilida- de de formação de incrustações minerais como depósitos calcários, ferrugem e alumínio. DETERGENTES TENSOATIVOS (conhecidos também como detergentes sintéticos, umec- tantes, umedecedores, emul- sificantes ou agentes de mo- lhagem) Apresentam, geralmente, em sua fórmula: grupos polares hidrofílicos (afinidade pela água) e grupos não polares lipofílicos (afinidade por óleos e gorduras). Essa característica os torna agentes capazes de reduzir a tensão superficial. São aqueles que modificam a tensão superficial em interfaces líqui- do-líquido, líquido-gás e sólido-líquido. Os agentes emulsificantes permitem a dispersão de dois líquidos não miscíveis e os molhantes, uma melhor penetração de líquidos em resíduos sólidos. Os detergentes tensoativos (surfactantes) são classificados em aniô- nicos (se dissociam em solução, sendo o íon negativo a forma ativa – maior parte dos detergentes comerciais), catiônicos (ao se disso- ciarem em solução, apresentam um íon positivo ativo), não iônicos (não se ionizam em soluções aquosas) e anfóteros (liberaram carga elétrica positiva – pH ácido - ou negativa – pH básico - dependendo do pH do meio. Quadro 1 – Características dos detergentes / Fonte: Adaptado de Germano e Germano (2015). Após a aplicação dos detergentes, é necessário realizar o enxágue (visto que os detergentes também precisam da água para concluir sua ação). Portanto, as superfícies devem ser enxaguadas com água limpa para remover resíduos suspensos e traços dos componentes de limpeza, caso contrário, esses resíduos podem interferir na etapa subsequente, a desinfecção. Quando possível, o enxágue deve ser efetuado com água em temperaturas mais elevadas (acima de 70 ºC), pois favorece a eliminação de microrganismos e facilita a evaporação da água das superfícies, processo que geralmente ocorre nas máquinas de lavar. UNICESUMAR UNIDADE5 103 Após o enxágue intermediário, outra etapa imprescindível é realizada, a desinfecção. Essa etapa visa à eliminação de microrganismos patogênicos e redução de alteradores até níveis considerados seguros nas superfícies de equipamentos e utensílios. As etapas anteriormente citadas, de modo geral, são capazes de reduzir a carga microbiana, mas não a índices considerados satisfatórios. Além disso, um equipamento que passou pela etapa de limpeza inadequadamente, não será desinfetado com eficiência, visto que os resíduos remanescentes protegerão os microrganismos da ação do agente desinfetante, pois os resíduos orgânicos inativam a maioria dos princípios ativos utilizados nas formulações dos desinfetantes. Além das etapas anteriormente realizadas na superfície, outros fatores também devem ser consi- derados por influenciarem a eficácia dos desinfetantes: concentração de uso, qualidade da água (por exemplo, uma água com muitos sais de cálcio e magnésio pode necessitar de maior quantidade de detergente para ter eficácia), tempo de contato (visto que cada produto pode requerer um tempo de contato), temperatura, pH, espécies de microrganismos e grau de contaminação (pode ocorrer tolerância ou resistência do microrganismo ao desinfetante) e tipo de superfície (para não agredir). A desinfecção pode ser realizada por meios físicos e químicos (mais comum). Estes são descritos a seguir: MEIOS DE DESINFECÇÃO QUÍMICOS FÍSICOS • Calor • Radiação Ultravioleta • Álcool • Compostos Clorados • Compostos Iodados • Biguanida • Ácido Peracético • Compostos Quaternários de de Amônia (CQA) • Peróxido de Hidrogênio Descrição da Imagem: a figura representa um infográfico que ilustra os meios químicos e físicos para desinfecção. Cada um deles é exemplificado por tipos de desinfecção. Descreve-se “OS MEIOS DE DESINFECÇÃO”, sendo “FÍSICOS: Calor e Radiação Ultravioleta” e “QUÍMICOS: Álcool, Compostos Clorados, Compostos Iodados, Biguanida, Ácido Peracético, Compostos Quaternários de Amônia (CQA) e Peróxido de Hidrogênio”. Figura 4 – Meios químicos e físicos para desinfecção / Fonte: adaptada de Germano e Germano (2015). 104 Conforme abordado no infográfico, dentre os principais meios físicos possíveis de serem usados para desinfecção em empresas de manipulação de alimentos estão o CALOR e a RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA. O calor é usado por meio do vapor (com jatos de vapor a 77 oC/15 minutos ou 93 oC/ 5 minutos ou pelo uso do vapor direto durante 1 minuto), da água quente (exposição a 77 oC/ 2 minutos no caso de xícaras e utensílios ou 77 oC/ 5 minutos em equipamentos de processa- mento de alimentos), ou do ar quente (exposição durante 20 minutos a 90 oC). Já a radiação ultra- violeta é usada para a redução de microrganismos em áreas de processamento e laboratórios. Não sendo comumente nas áreas de manipulação de alimentos devido ao alto custo. Os raios ultravioleta podem ser de onda alta, média ou curta (conhecidos popularmen- te como UVA, UVB e UVC, respectivamente) e encontram-se em certos tipos de lâmpadas, sendo as duas mais comuns: argônio-mercú- rio e mercúrio-quartzo. As lâmpadas também podem, também, ser de baixa, média ou alta pressão, por isso, diferentes tempos são usa- dos para eficácia da desinfecção. Esse método não confere sabores indesejáveis aos alimentos, não apresenta efeito residual e atua somente de modo superficial (por isso, alguns estudos recentes utilizam essa técnica para desinfecção de alimentos sólidos e embalagens). Acerca dos métodos químicos descritos no infográfico, existem diversos princípios ativos possíveis de serem utilizados, apesar de o álcool e os compostos clorados serem os mais conhecidos. No caso do ÁLCOOL, a classe desse composto orgânico usado para desinfecção é a do álcool etílico, sendo efetivo quando na concentração 70%, enquanto os COMPOSTOS CLORADOS são assim denominados por possuírem o cloro como agente desinfetante. O cloro é o desinfetante mais usado, devendo sua atividade germicida à combinação com radicais oxidáveis, principal- mente -SH das enzimas. Podem ser inorgâni- cos (como o hipoclorito de sódio) ou orgânicos (como a Cloramina T). Para minimizar a instabi- lidade dos compostos clorados, particularmente dos inorgânicos, a indústria de alimentos deve armazenar os produtos comerciais em recipientes escuros, bem fechados, em locais bem ventilados e de temperaturas não elevadas, para que não haja diminuição do teor de cloro residual. Dentre outras possibilidades de utilização, es- tão os compostos iodados, que, devido a sua baixa solubilidade em água, é comum fazer-se a mistura do iodo com um agente tensoativo não iônico, que funciona como carreador e solvente desse elemento. Nessas soluções, comumente chamadas de iodóforos, o iodo é liberado de forma lenta e gradual. Além de solúveis em água, mantêm a capacidade germicida e não apresentam as ca- racterísticas indesejáveis dos outros iodados por serem inodoros e não irritantes à pele. Já a Biguanida são polímeros catiônicos, sendo que uma das mais conhecidas é a clorexidina. Seu mecanismo de ação caracteriza-se pela rápida absorção pelas células bacterianas, resultando em diversas modificações citológicas que afetam a permeabilidade. Tem sido recomendada como agente desinfetante na indústria de alimentos, sendo utilizada por manipuladores e em equipa- mentos e utensílios. O ácido Peracético é outro princípio ativo de diversos desinfetantes comerciais, produtos constituídos de uma mistura estabilizada de ácido peracético, peróxido de hidrogênio, ácido acético e um veículo estabilizante. O ácido peracético é irritante para pele e mucosas, havendo necessida- de de cuidados especiais no manuseio do produto concentrado (por isso não é comumente comer- cializado como produto concentrado). UNICESUMAR UNIDADE 5 105 Por fim, estão os COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO (CQA), compostos tensoativos, catiônicos, que apresentam pouca atividade como detergentes, mas boa atividade germicida, além de formarem um filme bacteriostático sobre as superfícies. São mecanismos de ação: inibição enzimá- tica, desnaturação proteica e lesão da membrana citoplasmática com o consequente vazamento dos constituintes celulares; e o PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO, um forte oxidante em razão da liberação do oxigênio, que há décadas é usado como agente bactericida e esporicida. Tem sido aplicado na este- rilização de embalagens de produtos assepticamente embalados e na desinfecção de equipamentos e utensílios na indústria de alimentos. Caro(a) aluno(a), apesar da diversidade de agentes desinfetantes, os produtos clorados, juntamente com o álcool 70%, ainda são os mais usados, conforme descrito anteriormente. As hipóteses dos meca- nismos de ação dos compostos clorados como agente desinfetante são baseadas na ação de destruição ao interferir na síntese proteica (impedindo a formação da parede celular), descarboxilação oxidativa de aminoácidos a nitrilas e aldeídos, reações com ácidos nucleicos, purinas e pirimidinas, desequilí- brio metabólico após destruição de enzimas essenciais, indução de lesões no DNA acompanhada da capacidade de autoduplicação, inibição da absorção de oxigênio e fosforilação oxidativa conjugada à quebra de macromoléculas e formação de derivados nitroclorados de citosina, ou seja, acredita-se que o cloro, ao ser absorvido pelo microrganismo, cause um efeito sistêmico que leva à morte celular (GERMANO; GERMANO, 2015). Por fim, aluno(a), devemos ressaltar que, sempre que necessário, deve-se realizar a etapa de enxágue após a desinfecção, visando à retirada dos resíduos de desinfetantes. Por exemplo, essa etapa é necessária ao trabalhar com compostos clorados, mas não é necessária ao usar o álcool. Sempre que usada para diluir um produto químico, ou também na etapa de enxágue, a água deve ser usada. A água é o solvente universal. Apesar de não ser, por si só, um agente de limpeza eficiente, é capaz de umedecer bem as superfíciese diluir o produto. A qualidade da água é importante no processo de higienização, por isso, ela deve ter caracterís- ticas como potabilidade, baixo teor de metais tóxicos e contagem microbiológica dentro de padrões estabelecidos na legislação vigente, controle do pH, dos teores de ferro e de matéria orgânica, além da ausência de odor e sabor indesejáveis, sendo a dureza da água um dos fatores também essenciais. Na dependência dos sais dissolvidos, a dureza pode ser temporária, devido à presença de carbonatos e Quer saber um pouco mais sobre a efetividade e mecanismo de ação dos diferentes agentes desinfetantes? Veja esse artigo que trouxe essas informações com enfoque nos tempos de Covid-19. Para acessar, use seu leitor de QR Code. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15510 106 bicarbonatos de cálcio e magnésio, a qual pode ser eliminada por aquecimento, ebulição, por exemplo, ou permanente, pela presença de cloretos, sulfatos e nitratos de cálcio e magnésio, que necessitam de tratamentos especiais para serem eliminados. A dureza total da água é obtida pela soma dos dois tipos anteriores, sendo classificada como água mole (0 a 60 ppm), água moderadamente dura (60 a 120 ppm), água dura (120 a 180 ppm) e água muito dura (mais que 180 ppm). Assim, o processo de higienização é considerado eficaz quando as sujidades são retiradas, o nú- mero de microrganismos é reduzido a níveis aceitáveis (ou eliminado), a superfície não é agredida e o produto não deixa resíduos. Nessa última questão, para avaliar o processo de higienização, a superfície não deve apresentar película visível, não deve haver odor indesejável e a água deverá escorrer livremente pela superfície sem formar gotículas. A Anvisa estabelece outros requisitos para o processo de higienização, sendo disposto na RDC número 216/2004: Requisitos ANVISA para o processo de higienização ambiental As áreas de preparo de alimentos devem ser higienizadas quantas vezes forem necessárias, imediata- mente após o término do trabalho, ou seja, a limpeza de bancadas, prateleiras e equipamentos deve ser feita no dia da atividade, antes e após o uso e sempre que preciso. As operações de limpeza e, se for o caso, de desinfecção das instalações e equipamentos, quando não forem realizadas rotineiramente, devem ser registradas. Devem ser tomadas medidas preventivas para impedir a contaminação dos alimentos causada por produtos saneantes e, ainda, pela suspensão de partículas e pela formação de aerossóis. As substâncias odorizantes e/ou desodorantes (em quaisquer das suas formas) não devem ser utili- zadas nas áreas de preparação e armazenamento dos alimentos, por esse motivo, devem ser usados apenas produtos químicos sem perfumes. Só se deve utilizar produtos saneantes que estejam regularizados pelo Ministério da Saúde. O modo de utilização do produto químico, incluindo sua diluição, o tempo de contato e modo de uso/aplicação devem obedecer às instruções recomendadas pelo fabricante. Não é recomendado misturar produtos saneantes. Os produtos saneantes devem ser identificados e guardados em local reservado para essa finalidade. Os insumos, utensílios e equipamentos utilizados na higienização devem ser próprios para a atividade e estar conservados, limpos e disponíveis em número suficiente e guardados em local reservado para essa finalidade. Os utensílios utilizados na higienização de instalações devem ser distintos daqueles usados para hi- gienização das partes dos equipamentos e utensílios que entrem em contato com o alimento, como o caso da esponja, sendo recomendado uma esponja para utilização geral e outra para utensílios de cozinha. Os colaboradores responsáveis pela atividade de higienização das instalações sanitárias devem utilizar uniformes apropriados e diferenciados daqueles que são utilizados na manipulação de alimentos. Caso uma mesma pessoa seja responsável por ambas as atividades, é importante estabelecer uma divisão dos horários a fim de impedir a contaminação cruzada. UNICESUMAR UNIDADE 5 107 Requisitos ANVISA para o processo de higienização ambiental Durante o processo de higienização, começar pelo alto, ou seja, começar limpando as bancadas, e finalizar no piso, mas é importante separar materiais utilizados para lavar o chão dos que são utiliza- dos para lavar pias. Quadro 2 – Requisitos Anvisa - RDC 216/2004 / Fonte: adaptado de Brasil (2004). Conforme descrito, as operações que não forem rotineiras devem ser registradas em planilhas espe- cíficas. A seguir, apresenta-se um exemplo de planilha para registro da frequência de higienização: Outro ponto importante descrito na legislação é a importância de se utilizar produtos com registro no Ministério da Saúde, visto que, dessa forma, o produto é inspecionado para não causar riscos à saúde do manipulador, não danifica o utensílio ou equipamento e não agride o meio ambiente, sendo seguro para uso nas concentrações, formas de utilização e diluição recomendada pelo fabricante. A informação sobre o registro de produto é apresentada no rótulo do produto e deve ser usada como critério na seleção e compra de produtos. Descrição da Imagem: planilha de controle de higienização. À esquerda, tem-se os dias do mês (1, 2, 3, 4, 5, 6…) e colunas para identificar se a higienização das instalações, higienização dos equipamentos, higienização dos móveis, higienização dos utensílios e higienização dos insumos estão “C (conforme)” ou “NC (não conforme)”. Tais operações são diárias, por isso, esse registro é para ser visitado pelo responsável designado. A direita está o controle de higienização não rotineira, sendo descritos aqueles com frequência quinzenal. Nesse caso, são listados “estoque, coifa, estrados, prateleiras e impressora de comandas”, e aqueles com frequência mensal, como ar-condicionado e exaustor. Logo abaixo, está o campo para identificar qual o equipamento ou utensílio higienizado, uma coluna para identificar a data de realização e um campo para visto da operação. Figura 5 - Exemplo de planilha de controle de higienização / Fonte: a autora. 108 Além das informações listadas, o rótulo deve conter instruções de uso, avisos sobre os perigos e infor- mações de primeiros socorros e número de telefone para atendimento ao consumidor. Não pode estar rasgado, descolado, manchado ou ilegível (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE, 2022). Não se recomenda fazer uso de panos de algodão para a secagem de utensílios, utilizar palha de aço e reaproveitar embalagens de produtos de limpeza. Além disso, a RDC 216 também especifica que as caixas de gordura devem ser periodicamente limpas. E o descarte dos resíduos deve atender ao disposto em legislação específica. Dessa forma, além da higiene, também é importante retirar os resíduos da área de produção. Con- sidera-se resíduos os produtos não mais utilizados. Segundo as normas da Anvisa, o estabelecimento deve dispor de recipientes identificados e íntegros para a coleta dos resíduos. Devem ser de fácil hi- gienização e transporte, em número e em capacidade suficiente para conter os resíduos gerados pelo estabelecimento. No caso dos coletores utilizados para deposição dos resíduos das áreas de preparação e armazena- mento de alimentos, torna-se obrigatório que estes sejam dotados de tampas acionadas sem contato manual, devendo ser mantidos limpos e abastecidos com saco plástico. O estabelecimento deve possuir um depósito de lixo isolado da área de manipulação e exclusivo para esse fim, além de fácil acesso, pois os resíduos devem ser frequentemente retirados do coletor, sendo estocados nesse local fechado e isolado da área de preparação e armazenamento dos alimentos, de forma a evitar focos de contaminação e atração de vetores e pragas urbanas. FabricFabricado ado por: xxxxxxx CNPJ: CNPJ: XXXXXXXXXXX X QuímicQuímico Respo Responsávensávo l: xxxx CRQ NºCRQ Nº: 0000000000 REG. AREG. ANVISA/NVISA/MS Nº Nº MS 3.00003.0000.0000..0000 000 Serviçerviço de Ao de Atendimtendimento aento aoconso consumidorumidor (SAC)SAC)(S (00) 0(00) 0000-00000-0000 0000 INDÚSTNDÚSTRIA QURIA QUÍMICAÍMICAA Fabricado por: xxxxxxx CNPJ: XXXXXXX Químico Responsável: xxxx CRQ Nº: 00000 REG. ANVISA/MS Nº 3.0000.0000.00 Serviço de Atendimento ao consumidor (SAC) (00) 0000-0000 INDÚSTRIA QUÍMICA Informações obrigatórias no rótulo de cada produto, de�nindo sua ORIGINALIDADE e APROVAÇÃO pela ANVISA. Descrição da Imagem: embalagem de um produto químico, dando destaque ao rótulo com as informações sobre aprovação pelo Ministério da Saúde/Anvisa. Na ampliação do rótulo, são apresentadas as informações: “Fabricado por:, CNPJ:, Químico responsável e respectivo nº do CRQ, Registro na Anvisa/MS nº, Serviço de atendimento ao consumidor (SAC) e Indústria Química”. Figura 6 – Informações obrigatórias no rótulo dos produtos químicos / Fonte: a autora UNICESUMAR UNIDADE 5 109 Além de respeitar a frequência de higiene ambiental, deve-se sempre seguir o controle de pragas. As pra- gas são animais como ratos, baratas, moscas e formigas, que podem contaminar o ambiente de trabalho, causar doenças e trazer muitos prejuízos econômicos. Por isso, a RDC 216 estabelece que a edificação, as instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios devem ser livres de vetores e pragas urbanas, por isso, cabe ao estabelecimento adotar um conjunto de ações eficazes e contínuas de controle de vetores e pragas urbanas, com o objetivo de impedir a atração, o abrigo, o acesso e/ou proliferação de pragas, criando condições favoráveis a isso quando esses encontram água ou alimentos. Dessa forma, recomenda-se a adoção dos “As” para controle preventivo de pragas, conforme ilustrado a seguir. Vamos falar um pouco mais sobre os resíduos? Para entender a impor- tância da separação/ segregação dos resíduos em unidades produtoras de refeições e a forma correta de realizar tal procedimento, temos um convidado especial que preparou um conteúdo cheio de informações. Dê o play e aproveite esse momento! Ações preventivas no controle de pragas são conhecidas como os "A's" Atração Acesso AbrigoAlimento Água Descrição da Imagem:a imagem ilustra um infográfico com vários círculos que abrange: “Ações preventivas no controle de pragas são conhecidas como os “As””, aqui representadas como um círculo maior, e círculos menores ao seu redor, cada um com uma palavra iniciada pela letra A: Atração, Acesso, Abrigo, Alimento, Água. Figura 7 - Ações e atitudes favoráveis à ocorrência de pragas (denominadas “As” para controle preventivo de pragas) Fonte: Adaptado de Food Safety Brazil (2021). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11627 110 Mesmo controlando os As, as medidas de prevenção adotadas podem não ser eficazes. Por isso, o controle químico deve ser empregado e executado por empresa especializada, conforme legislação específica, com produtos desinfetantes regularizados pelo Ministério da Saúde. Quando houver aplicação do controle químico, a empresa especializada (responsável pelo pro- cedimento de dedetização, desinsetização ou desratização), deve estabelecer procedimentos pré e pós-tratamento a fim de evitar a contaminação dos alimentos, equipamentos e utensílios. Sendo que, quando aplicável, os equipamentos e os utensílios, antes de serem reutilizados, devem ser higienizados para a remoção dos resíduos de produtos desinfetantes. Caro(a) aluno(a), voltando à situação exposta no início da unidade, você, provavelmente, já teve a experiência de frequentar um local e ter a impressão da falta de limpeza. Com esse estudo, vimos que a limpeza e desinfecção de um ambiente são atividades que requerem padronização e cuidados, por isso, o nutricionista é um profissional importante na área, afinal, dentre as consequências mais graves das falhas na higienização ambiental em empresas que trabalham com manipulação de alimentos, há a possível ocorrência das doenças transmitidas por alimentos (DTA). Por outro lado, a busca da qualidade nesse setor torna-se cada vez mais presente, justamente pela gravidade de um surto de DTA para o cliente e para a empresa, assim, essa situação tem levado os nu- tricionistas a entender, cada vez mais, sobre os critérios necessários para garantir a higiene ambiental e, consequentemente, a valorização profissional ocorre como contrapartida das empresas do setor. Voltando para a situação exposta no início da unidade, como nutricionista responsável pelo controle de qualidade na empresa, é seu papel padronizar o procedimento de higienização da masseira, desde o pré-enxágue inicial à desinfecção, pois, assim, se tem a garantia de um processo eficaz, sem riscos químicos aos alimentos e sem riscos aos manipuladores de alimentos, sendo papel do nutricionista, ainda, oferecer a correta orientação à equipe responsável pelo procedimento. Compreender as características das pragas é importante para direcionar as medidas de controle. Então, aproveite esse material elaborado pela Prefeitura de Campinas acerca do controle integrado de pragas. Leia sobre as formigas, baratas e ratos, as principais pragas em unidades produtoras de refeições. Para acessar, use seu leitor de QR Code. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14579 111 Caro(a) aluno(a), para finalizar nosso estudo sobre higiene ambiental, que tal elaborar um mapa de empatia, fazendo uma autoavaliação do processo de higienização que realiza em sua residência? Proponho que, após estudo sobre as definições e requisitos para higiene ambiental regulamen- tado e proposto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), você responda às questões sobre o que você pensa, o que você vê, o que você ouve e o que você fala e faz durante determina- da tarefa de higiene ambiental, e que pontue os pontos positivos e os pontos negativos do proces- so realizado em sua residência. O que você pensa quando está fazendo alguma tarefa de higiene ambiental? O que você vê quando outras pessoas estão fazendo alguma tarefa de higiene ambiental? O que você fala e faz quando está fazendo alguma tarefa de higiene ambiental? O que você ouve de outra pessoa quando você está fazendo alguma tarefa de higiene ambiental? Pontos positivos no processo de higiene ambiental na sua residência: Pontos negativos no processo de higiene ambiental na sua residência: 112 Vamos treinar o assunto? Aproveite para responder às questões a seguir: 1. As boas práticas são normas de procedimentos para se atingir um determinado padrão de identidade e qualidade de um produto e/ou serviço na área de alimentos, cuja eficácia e efe- tividade devem ser avaliadas frequentemente pelo profissional nutricionista. Considerando que você seja o(a) nutricionista responsável pelo controle de qualidade em uma churrascaria, como você implantaria o procedimento de higienização dos talheres utilizados pelos clientes? Cite o passo a passo. 2. A higiene é fundamental para prevenir a grande quantidade de doenças que podem ser transmi- tidas por alimentos, e que constituem um dos principais problemas de saúde pública (MARINS, 2014). Para ser completa, a higiene de um equipamento depende da correta implantação da etapa de desinfecção. Nesse contexto, assinale a alternativa que apresenta corretamente o conceito de desinfecção. a) Operação que visa à redução de microrganismos presentes na pele ou em mucosas a níveis considerados seguros. b) Operação de redução, por método físico e ou agente químico, do número de microrganismos a um nível que garanta a segurança de um alimento. c) Operação de remoção de substâncias minerais e ou orgânicas indesejáveis, tais como terra, poeira, gordura e outras sujidades. d) Operação completa que visa a retirada de sujidades orgânicas e inorgânicas e eliminação total da carga microbiana encontrada em uma superfície. e) Substâncias destinadas à redução dos microrganismos da superfície, em ambientes coletivos e/ou públicos. 113 3. Segundo Germano e Germano (2015), a higiene deequipamentos e utensílios é parte funda- mental de um programa de Controle de Qualidade na produção de alimentos. Esse proce- dimento deve ser objeto de monitoramento constante para a confirmação da eficiência da higienização. Com base no que foi estudado sobre a higiene ambiental, julgue as afirmações a seguir: I) A qualidade da água influencia na eficácia da limpeza. Dessa forma, a potabilidade da água é uma das medidas importantes de serem frequentemente avaliadas. II) O processo de higienização é considerado eficaz quando as sujidades são retiradas e o núme- ro de microrganismos é reduzido a níveis aceitáveis, sendo recomendado que a água forme gotículas ao escorrer na superfície. III) São meios de controle químico de pragas: água, acesso, alimento, abrigo e atração. IV) Os meios químicos mais utilizados para desinfecção são os compostos clorados e o álcool etílico, apesar de existirem outros como as biguanidas e ácido peracético. Assinale a alternativa que apresenta as afirmações corretas: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) I e IV, apenas. d) II e III, apenas. e) II e IV, apenas. 114 6 Caro(a) aluno(a), nesta unidade, temos como objetivo estudar as boas práticas de higiene pessoal a serem adotadas durante as eta- pas de manipulação de alimentos, o que é essencial no controle de qualidade, visto o grande risco de contaminações oriundas do organismo humano. Além disso, estudaremos a importância dos uniformes e dos equipamentos de proteção individual. Higiene Pessoal e Uso de Uniformes na Manipulação de Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 116 Caro(a) aluno(a), gostaria de iniciar esta unidade com uma reflexão: você já reparou que os manipu- ladores de alimentos precisam respeitar regras de higiene pessoal que vão além das regras que todos os seres humanos devem seguir? Por exemplo, os manipuladores de alimentos, no exercício das suas atividades, possuem regras como: usar proteção nos cabelos, uniformes ou roupas adequadas ou, ainda, não devem utilizar esmaltes. E por qual motivo será que essas regras existem? Uma pesquisa realizada teve como objetivo avaliar os laudos de surtos de doenças transmitidas por alimentos notificados. A pesquisa demonstrou que 44,2% dos surtos foram ocasionados por alimentos contaminados por bactérias durante o preparo dos alimentos devido aos próprios manipuladores dos alimentos (AMSON; HARACEMIV; MASSON, 2006). Até os dias atuais, os manipuladores de alimentos são, então, de grande importância em surtos de DTA, uma vez que podem transmitir microrganismos pelo contato direto das mãos, como também por perdigotos (gotículas de saliva), cabelos e até perfumes. Nesse contexto, a Vigilância Sanitária tem atuado em medidas capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos e agravos à saúde individual e coletiva, identificando pontos críticos e educando a população para transformação nos procedimentos de higiene dos manipuladores (ANVISA, 2020). Considere que você, na posição de nutricionista, foi contratado(a) para ministrar um treinamento em uma empresa que está passando por dificuldades no estabelecimento de normas de higiene pessoal para os manipuladores de alimentos. Para começar a estruturar seu treinamento, você iniciou um le- vantamento, nas legislações específicas, de quais são as regras de higiene pessoal que um manipulador de alimentos deve seguir. Você já pensou quais seriam? Reflita as regras que conhece e utilize o diário de bordo para pon- tuá-las. Aproveito para lembrá-lo(a) que as regras de higiene pessoal englobam também os itens de uniforme que um manipulador de alimentos deve utilizar. UNICESUMAR UNIDADE 6 117 Basicamente, aluno(a), as regras de higiene pessoal foram estabelecidas pelos órgãos regulamentadores com o objetivo de minimizar ou prevenir os riscos de contaminação dos alimentos. Por exemplo: deve-se utilizar proteção nos cabelos para evitar a contaminação física; não são recomendados per- fumes ou hidratantes para evitar a contaminação quí- mica; e a higienização das mãos deve ser intensificada para evitar a transmissão de microrganismos, ou seja, a contaminação microbiológica. Entretanto, além disso, as regras existem para proteção dos manipuladores, por exemplo, para prevenir os riscos à saúde dos próprios manipuladores de alimentos pelos acidentes de trabalho, afinal, a própria touca atua prevenindo os riscos do fogo nos cabelos. Para iniciar nosso estudo, vamos relembrar quem são os manipuladores de alimentos. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 216, de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An- visa), determina que manipulador de alimentos é toda e qualquer pessoa do serviço de alimentação que entra em contato, seja ele direto ou indiretamente, com o alimento (BRASIL, 2004). De acordo com a Organização Pan Americana de Saúde (2022), a principal causa da contaminação de alimentos é a falta de higiene na manipulação, por isso, os manipuladores de alimentos desempe- nham um papel importante para corrigir essa situação. Ser responsável e adotar as regras de higiene pessoal é fundamental para evitar as contaminações de alimentos. Isso ocorre pois o organismo humano é considerado uma fonte de contaminação de origem física, química e, principalmente, microbiológica. No corpo humano, existem mais bactérias do que o número de células humanas, sendo que a maioria dessas se encontra no trato gastrointestinal humano. Estima-se que somos portadores de aproximadamente 100 trilhões de microrganismos como bactérias, fungos e vírus (JENKINSON; LAMONT, 2005). 118 Alguns cuidados de higiene pessoal para os manipuladores de alimentos são cuidados básicos que to- dos os seres humanos devem adotar, como ser saudável, tomar banho todos os dias e escovar os dentes após se alimentar. Entretanto, visto que os manipuladores de alimentos entram em contato (direta ou indiretamente) com alimentos que serão servidos a outras pessoas, são estabelecidas regras de higiene pessoal complementares. A Anvisa apresenta algumas dessas regras e suas respectivas justificativas: O que fazer? Por que fazer? Esteja sempre limpo. Tome banho diariamente. Há microrganismos espalhados por todo o nosso corpo. A maior quantidade está no nariz, na boca, nos cabelos, nas mãos (inclusive unhas), nas fezes, no suor e no sapato. Use cabelos presos e cobertos com redes ou tou- cas. Os cabelos devem ser mantidos presos para evi- tar que caiam sobre os alimentos, pois 1 mm de cabelo pode conter até 50 mil microrganismos. Preste atenção para não fumar, comer, tossir, es- pirrar, cantar, assoviar, falar ou mexer em dinheiro durante o preparo de alimentos. Como a grande quantidade de microrganismos patogênicos é encontrada na boca, no nariz e nos ouvidos, esses comportamentos podem gerar contaminações nos alimentos. Retire brincos, pulseiras, anéis, aliança, colares, relógio e maquiagem. Os adornos pessoais acumulam sujeira e micror- ganismos, além de poderem cair nos alimentos. Mantenha as unhas curtas e sem esmalte. O esmalte é uma fonte de contaminação física e química, além de mascarar a limpeza das unhas, que são locais para abrigo de microrganismos, motivo pelo qual devem estar curtas. Quadro 1 – Regras básicas de higiene pessoal para manipuladores de alimentos / Fonte: adaptado de Anvisa (2020). Dessa forma, os hábitos dos manipuladores de alimentos são considerados fatores fundamentais no controle sa- nitário na produção de alimentos. Por isso, são determi- nadas condutas individuais em prol do asseio e melhor higiene operacional. UNICESUMAR UNIDADE 6 119 Além disso, também não se deve utilizar barba, bigode ou maquiagens durante a manipulação de ali- mentos, visto que aumentam a umidade em torno do rosto (aumentando o risco de contaminação por microrganismos) e se tornam fonte de contaminação biológica, física e química. Inclusive, a própria RDC 216 da Anvisa determina, no item 4.6.6: ”não sendo permitido o uso de barba” (BRASIL,2004a). A Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas (ABERC, 2015) orienta que em áreas de recebimento, armazenamento, preparo e distribuição de alimentos, não se deve permitir condutas que representem riscos de contaminação dos alimentos durante sua manipulação, sendo elas: Inclusive, aluno(a), essas medidas são estabelecidas na RDC 216/2004, sendo: • Fazer uso do celular. • Falar, cuspir, cantar ou assobiar em cima dos alimentos. • Fumar durante e em locais destinados à manipulação dos alimentos. • Pentear-se ou passar as mãos nos cabelos sem proteção nas áreas de manipu- lação de • alimentos. • Enxugar o suor com as mãos, panos de prato, panos de copa, guardanapos, aven- tais, • mangas de blusas ou qualquer outra peça de vestimenta. • Mascar gomas, palitos ou similares. • Utilizar a vestimenta como pano para limpar-se ou secar-se. • Estar de barba, bigode, maquiagem ou adornos pessoais enquanto manipula alimentos. “4.6.5 Os manipuladores não devem fumar, falar des- necessariamente, cantar, assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou praticar outros atos que possam contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades” (BRASIL, 2004a, s.p.). 120 Além disso, o manipulador deve evitar se coçar ou tocar seu corpo, assoar o nariz, espirrar ou tossir sobre os alimentos ou pôr os dedos no nariz, boca ou ouvido durante a manipulação dos alimentos. Caso ocorra, deve interromper a atividade imediatamente e proceder a higienização completa das mãos, denominada limpeza e antissepsia. Portanto o manipulador deve proceder a higienização das mãos antes de preparar os alimentos e depois de usar o banheiro, de atender ao telefone e de abrir a porta, pois lavar as mãos é uma das melhores formas de evitar a contaminação dos alimentos por microrganismos patogênicos. A limpeza e antissepsia das mãos antes de tocar os alimentos e após qualquer situação ou mudança de atividade que implique que as mãos tenham se contaminado deve ser considerada a regra de ouro da higiene pessoal de um manipulador de alimentos: a higienização das mãos que envolve a limpeza seguida da antissepsia. É importante reforçar que a prática de higienização das mãos deve ser realizada antes de começar a trabalhar, ao tocar alimentos crus e depois de haver tocado outros alimentos ou superfícies, após o uso dos sanitários, depois de coçar a cabeça ou tocar o rosto, o nariz ou outras partes do corpo, depois de espirrar ou tossir ou depois de tocar no lixo e sempre que necessário. O processo completo de higienização das mãos deve incluir algumas etapas. Apesar de o manipulador de alimentos não utilizar adornos pessoais (que devem ser sempre retirados na higienização das mãos de pessoas comuns), todas as possíveis barreiras à limpeza devem ser retiradas, por isso, inicialmente, o manipulador de alimentos deve dobrar suas mangas caso sejam longas. Assim, deve proceder à hi- gienização seguindo o passo a passo descrito no quadro a seguir. Tossir, espirrar ou falar são ações, às vezes, inevitáveis, e é necessário evitar fazê-lo sobre os ali- mentos, cobrindo-se a boca com papel descartável ou com as mãos e, em qualquer caso, lavá-las completamente antes de voltar a tocar os alimentos ou as superfícies de trabalho. (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2022). A RDC número 216/2004, da Anvisa descreve que antissepsia é a operação que visa à redução de microrganismos presentes na pele em níveis seguros, durante a lavagem das mãos com sabonete antisséptico ou por uso de agente antisséptico após a lavagem e secagem das mãos (BRASIL, 2004a). UNICESUMAR UNIDADE 6 121 Passo Técnica Representação esquemática 1 Abrir a torneira e molhar as mãos, evi- tando encostar-se à pia. Enxaguar as mãos e o antebraço até o cotovelo. 2 Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir toda a superfície das mãos (se- guir a quantidade recomendada pelo fabricante). 3 Ensaboar as palmas das mãos, friccio- nando-as entre si. 122 Passo Técnica Representação esquemática 4 Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda, entrelaçan- do os dedos, e vice-versa. 5 Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais. 6 Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, se- gurando os dedos, com movimento de vai-e-vem, e vice-versa. UNICESUMAR UNIDADE 6 123 Passo Técnica Representação esquemática 7 Esfregar o polegar direito com o auxílio da palma da mão esquerda, realizan- do movimento circular, e vice-versa. 8 Friccionar as polpas digitais e as unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em concha, fa- zendo movimento circular, e vice-ver- sa. 9 Esfregar o punho esquerdo com o au- xílio da palma da mão direita, realizan- do movimento circular, e vice-versa. 124 Passo Técnica Representação esquemática 10 Enxaguar as mãos, retirando os re- síduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira. 11 Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toa- lha para abri-las. 12 (Para proce- der à antis- sepsia) Aplicar na palma da mão quantidade suficiente do produto para cobrir toda a superfície das mãos (seguir a quan- tidade recomendada pelo fabricante). UNICESUMAR UNIDADE 6 125 Passo Técnica Representação esquemática 13 Friccionar as palmas das mãos entre si e dar sequência com o mesmo passo a passo utilizado na limpeza. 14 Friccionar até secar. Não utilize papel toalha. Quadro 2 – Higienização das mãos / Fonte: adaptado de Anvisa (2020). Para intensificar a higienização das unhas, é possível escová-las, cuidadosamente, com uma escova própria para esse fim. Essa escova possui cerdas que deverão permanecer em uma solução desinfetante (cloro ou iodo, por exemplo) enquanto não for usada. A solução deve ser renovada ao menos duas vezes por turno. Acerca da secagem das mãos, foi citado sobre a secagem com toalha de papel, porém a RDC 216 cita que outros meios adequados para esse fim também podem ser utilizados. Contudo os secadores de ar demoram a secar as mãos, requerem mais de um ciclo para consegui-lo e quase sempre o manipulador termina secando as mãos na roupa. Para garantir a realização desse processo, a água utilizada para a lavagem de mãos, além de ser po- tável, deverá ser o mais quente possível para uma melhor ação do sabonete, razão pela qual algumas empresas instalam torneiras providas de água quente para esse fim. Outro ponto importante é o tipo de produto químico que será utilizado. Para aprofundar o conhecimento nesse assunto, o Quadro 3 126 apresenta as características dos produtos utilizados para esse fim: o sabonete e os agentes antissépticos frequentemente utilizados (álcool, clorexidina, iodóforos e triclosan). Produto Características Sabonete comum (sem associação de antisséptico) O sabonete comum não contém agentes antimicrobianos ou os contém em baixas concentrações, funcionando apenas como conservantes para o próprio produto. Em geral, sua utilização no processo de lavagem das mãos pode remover a microbiota transitória, suficiente para os contatos sociais, mas sua eficácia depende do tempo de duração do procedimento. Álcool A maioria das soluções à base de álcool para a antissepsia das mãos contém etanol (álcool etílico), isopropanol (álcool isopropílico), n-propanol ou, ainda, uma combinação de dois desses produtos. O modo de ação predominante dos álcoois consiste na desnaturação e coagulação das proteínas. Soluções alcoólicas entre 60% e 80% são mais efetivas, e concentrações mais altas são menos potentes, pois as proteínas não se desnaturam com facilidade na ausência de água. Clorexidina O gluconato de clorexidina, bis-biguanida catiônica, foi desenvolvido na Inglater- ra no início dos anos 1950 e introduzido nos EUA nos anos 1970. O gluconato de clorexidinatem sido incorporado às várias preparações de higienização das mãos. Formulações aquosas ou detergentes contendo 0,5%, 0,75% ou 1% de clorexidina são mais efetivas que sabonetes não associados a antissépticos. A clorexidina tem efeito residual importante, em torno de seis horas. Iodóforos - PVPI (Poli- vinilpirrolidona iodo) O iodo é um antisséptico reconhecido pela sua efetividade desde 1821. En- tretanto, devido às propriedades de causar irritação e manchar a pele, foi substituído iodóforos nos anos 1960. Iodóforos são moléculas complexas com- postas de iodo e de um polímero carreador chamado polivinilpirrolidona, cuja combinação aumenta a solubilidade do iodo e provê um reservatório de iodo, liberando-o ao ser utilizado e reduzindo o ressecamento da pele. A atividade antimicrobiana ocorre devido à penetração do iodo na parede celular, ocor- rendo a inativação das células pela formação de complexos com aminoácidos e ácidos graxos insaturados, prejudicando a síntese proteica e alterando as membranas celulares. O tempo pelo qual o iodóforo exibe o efeito residual é controverso quando ocorre enxágue após a higienização antisséptica das mãos. Triclosan O triclosan, cujo nome químico é éter 2,4,4’-tricloro-2’-hidroxidifenil, é um derivado fenólico, introduzido em 1965. A ação antimicrobiana do triclosan ocorre por sua difusão na parede bacteriana, inibindo a síntese da membrana citoplasmática, ácido ribonucleico, lipídios e proteínas, resultando na inibição ou morte bacteriana. Quadro 3 – Características do sabonete e dos agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos Fonte: adaptado de Brasil (2009). Atualmente, muitos produtos comerciais associam o sabonete com um agente antisséptico. A Figura 1 ilustra um rótulo que exemplifica. UNICESUMAR UNIDADE 6 127 Ao abordar a higienização das mãos, cabe ressaltar que a Anvisa afirma que não devem ser aplicados nas mãos sabões e detergentes registrados como saneantes, de acordo com a Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976 e a RDC nº 13 de 2007, visto que seu uso é destinado a objetos e superfícies inani- madas. Assim, é preciso ficar atento durante a aquisição dos produtos destinados à higienização das mãos, para verificar se estes estão registrados na Anvisa, atendendo às exigências específicas para cada produto (BRASIL, 2009). Diversas vezes, vemos os manipuladores realizando a lavagem das mãos com o detergente que está disponível para a lavagem de louça. Cabe a nós orientá-los. Por isso, a empresa deve providenciar uma pia própria e abastecida com os produtos necessários para a higienização. Também devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem e antissepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios. Mesmo mantendo a frequência de higienização das mãos, como nutricionistas, devemos orientar os manipuladores que evitem trocar alimentos e utensílios diretamente com as mãos. Por isso, ao manipular alimentos ou ingredientes, deve-se utilizar utensílios como colheres e pegadores para esse fim, bem como segurar pratos e bandejas pelas bordas, talheres pelo cabo, copos pelo fundo e taças pela asa, evitando o contato com partes destinadas ao contato com alimentos. Descrição da Imagem: rótulo de um sabonete antisséptico, sendo possível observar, do topo para a base da figura, informações como a denominação: SABONETE LÍQUIDO ANTISSÉPTICO, Inodoro, pH neutro, contém TRICLOSAN 0,5%, elimina 99,9% dos microrganismos da pele e mucosas. Figura 1- Exemplo de um sabonete antisséptico / Fonte: a autora. 128 Pelo mesmo motivo, para provar alimentos, não é recomendado experimentá-los nas mãos ou com os dedos. Também não se deve provar alimentos em talheres e devolvê-los à panela sem prévia higienização. Quando o contato com as mãos é necessário, por exemplo, ao sovar uma massa de pão, deve-se proceder a correta higienização das mãos imediatamente antes dessa etapa. Sendo uma recomendação, utilizar luvas no caso da manipulação diretamente com as mãos em alimentos prontos para o consumo ou que não serão submetidos à sanitização ou cocção posterior. É uma obrigatoriedade utilizar luvas caso haja qualquer pequena lesão nas mãos. A Anvisa (2020) afirma que o uso de luvas descartáveis não é uma exigência e não isenta a lavagem frequente das mãos. Além disso, orienta que: São, ainda, bons hábitos de higiene necessários aos manipuladores de alimentos: • Os microrganismos podem contaminar luvas descartáveis (8h) da mesma forma que • chegam às mãos dos trabalhadores. • As mãos sempre devem ser lavadas entre as trocas de luvas e quando a luva for removida • (antes e depois). • As luvas devem ser trocadas após a realização de atividades não relacionadas com • alimentos, como abrir e fechar portas manualmente, tocar em dinheiro e esvaziar caixas. • Evitar tocar a boca e os olhos ao usar luvas. • As luvas de borracha devem ser usadas para proteção das mãos e punhos do funcionário quando forem utilizados produtos de limpeza, mas não devem ser usadas para manipular alimentos! • As luvas descartáveis podem (não obrigatório!) ser utilizadas no momento da distribuição dos alimentos (lembrando de sempre pegar o alimento com pegadores) ou na montagem dos pratos, porcionamento ou outra atividade que envolve o contato com alimentos prontos, trocando-as sempre que houver mudança de atividade, mas o uso de luvas descartáveis não substitui a lavagem de mãos! (STOLARSKI et al., 2015). UNICESUMAR UNIDADE 6 129 As condições de saúde do manipulador de alimentos também são importantes, por isso, se o manipu- lador de alimentos estiver com algum estado de saúde que possa a vir a ocasionar riscos aos alimentos, este deve ser imediatamente afastado da manipulação direta destes e, sempre que possível e necessário, deve buscar atendimento médico. Por isso, recomenda-se a realização dos exames clínicos e, se possível, laboratoriais, como avaliação de parasitas nas fezes, micose nas unhas etc. Por isso, o manipulador de alimentos não deve entrar em contato direto com alimentos quando apresentar qualquer um dos seguintes sintomas: Essa recomendação possui respaldo na RDC 216/2004, que determina que: • Usar desodorante sem perfume e não passar perfumes antes de manipular ali- mentos. • Não usar anéis, aliança, relógio, brincos, colares, pulseiras e outros adornos, pois contêm sujidades que podem contaminar os alimentos, além da possibilidade de cair no momento da preparação das refeições. • Não utilizar maquiagem no ambiente de trabalho. • As refeições devem ser realizadas em local adequado, não se deve consumir alimen- tos durante a manipulação (inclusive dentro da área de manipulação de alimentos). • Cortes, arranhões, lesões, ferimentos e/ou infecções na pele (principalmente em partes do corpo que tenham contato com alimentos, como mãos ou braços) se estiverem visivelmente infectados, com aspecto purulento, desprendendo líquidos ou outra situação, independentemente do manipulador utilizar luvas. • Diarreia ou disenteria. • Resfriado, gripe ou secreções no nariz. • Tuberculose, faringite, amigdalite ou outras infecções, sejam elas oculares, pulmo- nares ou orofaríngeas. “4.6.2 Os manipuladores que apresentarem lesões e ou sintomas de enfermidades que possam comprometer a qua- lidade higiênico- sanitária dos alimentos devem ser afas- tados da atividade de preparação de alimentos enquanto persistirem essas condições de saúde” (BRASIL, 2004a, s.p). 130 Isso decorre devido à alta probabilidade de contaminação dos alimentos, visto que a pes- soa doente (com diarreia, vômito, gripe, dor de garganta ou conjuntivite) apresenta um alto número de microrganismos patogênicos em seu corpo, que pode facilmente contaminar os alimentos. Nesse caso, convém que a pessoa desempenhe outra atividade, que não entre em contato direto com os alimentos. “ Em caso de doença: Se for inevitáveltrabalhar quan- do estiver sofrendo uma doença respiratória, é ne- cessário que o manipula- dor aumente os cuidados para evitar tossir, espirrar ou falar sobre os alimentos. Bactérias como os estafilo- cocos que vivem na boca, nariz e garganta podem cair sobre o alimento nas gotas de saliva, contaminando-o. Esses cuidados devem ser exercidos mesmo se estiver sadio” (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2022. p. 17). A Organização Pan Americana de Saúde (2022) também afirma que, como parte dos controles de saúde do manipulador, as au- toridades sanitárias orientam que a prática de exames médicos ou de laboratório pode ser praticada frequentemente para assegurar a saúde do manipulador de alimentos, bem como quando existirem razões de tipo clínico ou epidemiológico que assim o aconselhem. Vale lembrar que a realização dos exames médicos, principalmente admissionais e os revisionais ou periódicos, são importantes critérios de segurança a serem adotados pe- las empresas. Caso seja necessário que o manipulador prepare alimentos quando tiver feridas nas mãos, deverá cobri-las com um curativo e lu- vas, que devem ser mudados com a frequência necessária segundo a operação que realiza. Ainda, além de manter os cabelos limpos, segundo a RDC 216/2004, os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para esse fim. Por isso, no caso da utilização de bandanas, bonés, chapéu tok, bibico ou qual- quer outro acessório que não cubra totalmente os cabelos, as toucas devem estar abaixo, sendo recomendável que cubram as orelhas. Esses itens citados devem ser usados exclusivamente como item de uniforme, não podendo, por exemplo, utilizar um boné usado no dia a dia. É responsabilidade do manipulador de ali- mentos manter roupas e uniformes limpos, sendo que o uniforme deve ser usado somente na área de preparo dos alimentos. Recomenda- -se que o manipulador de alimentos troque seu uniforme diariamente, para que esteja sempre limpo e conservado. O uniforme pode servir de transporte de microrganismos patogênicos para o interior da área de preparo dos alimen- tos, contaminando-os (BRASIL, 2004b). Por isso, o uso de uniformes, incluindo aventais e toucas, não deve ocorrer fora do local de trabalho, e devem ser trocados e higienizados todos os dias. Atenção: não se deve ir ao banheiro, fumar ou áreas externas à manipulação de alimentos com os uniformes, pois é muito fácil que a roupa se contamine nesse lugar e depois os microrganismos sejam transportados ao local de manipulação de alimentos. UNICESUMAR UNIDADE 6 131 Acerca da vestimenta, a Organização Pan Americana de Saúde (2022) orienta que a roupa e o calçado de uso diário são objetos que carreiam sujeiras do meio ambiente ao lugar onde são processados os alimentos, por isso é necessário usar uma vestimenta de trabalho própria, que esteja sempre limpa e que inclua as seguintes recomendações: Aluno(a), atenção! O uniforme não é apenas um item de segurança para os alimentos, também se torna um item de segurança ao manipulador. Por exemplo, ao utilizar camisetas de algodão, a gravidade de um acidente de trabalho com fogo pode ser menor. • A vestimenta deve ser, preferencialmente, em cores claras, para permitir uma melhor visualização do seu estado de limpeza, sendo o algodão o tecido mais recomendado. • O uniforme deve cobrir o máximo possível do corpo, para proteção pessoal e das contaminações. Por isso as calças compridas são obrigatórias. • Deve portar touca ou outro meio que cubra totalmente o cabelo, para evitar sua queda sobre os alimentos. • Manter o avental (ou jaleco ou guarda-pó ou dólmã - uniforme usado principalmente pelos chefes de cozinha) apenas dentro da área de trabalho para proteger os alimentos esuperfícies da contaminação, retirando-os ao ir aos banheiros, principalmente. • Calçado totalmente fechado, exclusivo para o lugar de trabalho, ou botas adequadas, se as operações as requererem. • Disponibilizar duas trocas de uniforme para permitir que o colaborador possa lavá-lo entre um dia e outro de trabalho. • Não utilizar nenhum item do uniforme em áreas diferentes das áreas de manipulação ou do vestiário. 132 Na utilização de agasalhos, recomenda-se que sejam colocados abaixo do uniforme. Porém, sempre que pos- sível, a empresa pode fornecer camisetas de mangas longas para serem usadas em dias mais frios. Chamo, ainda, sua atenção para a importância de que a empresa forneça trocas de uniforme suficientes para possibilitar sua limpeza diária. Outro ponto importante é que os uniformes dos colaboradores destinados às tarefas de higiene ambien- tal devem ser diferentes dos uniformes utilizados para aqueles que trabalham com manipulação de alimentos. Vale ressaltar que as regras de higiene pessoal não são específicas para os manipuladores de alimentos, visto que as pessoas que visitam os locais de preparo dos alimentos, em particular as áreas de processo, de- verão estar vestidas de acordo com o aconselhado para o pessoal manipulador e também deverão cumprir as mesmas disposições de higiene pessoal sinalizadas nesta seção. REALIDADE AUMENTADA Quer visualizar os itens e as recomen- dações para o uniforme de um manipu- lador de alimentos? Veja essa realidade aumentada que criamos especialmente para você. Acesse o QR Code! Caro(a) aluno(a), além dos uniformes, os equipamentos de proteção indi- vidual (EPIs) também são importantes para a segurança do trabalhador. Para saber mais sobre eles, aperte o play e aproveite esse podcast cheio de informações importantes para você, futuro(a) nutricionista. Caro(a) aluno(a), reforço que a higiene pessoal vai além dos hábitos de tomar banho diariamente ou escovar os dentes sempre após as refeições. Os uniformes devem ser lavados diariamente, as barbas devem ser feitas sempre que necessário para não acumular sujidades (recomendado que seja diariamente), as unhas devem estar sempre limpas e curtas, os exames médicos devem estar em dia e deve-se adotar um comportamento higiênico durante a manipulação dos alimentos para evitar a transmissão de microrganismos. Por fim, aluno(a), chamo a atenção para o importante papel que o nutricionista possui na capaci- tação dos manipuladores de alimentos para compreensão das regras que devem ser seguidas durante a manipulação dos alimentos, permitindo que a boa conduta se torne hábito. Dessa forma, os mani- puladores de alimentos devem ser supervisionados e capacitados periodicamente em higiene pessoal, em manipulação higiênica dos alimentos e em doenças transmitidas por alimentos. A capacitação deve ser comprovada mediante documentação. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11628 UNIDADE 6 133 Como profissional responsável pela capacitação de uma equipe, é necessário, além de apresentar as regras necessárias, a justificativa que respalde a sua existência, para que o manipulador de alimentos compreenda a importância das atitudes corretas durante o exercício de suas atividades. Finalizo esta unidade reforçando que o nutricionista deve realizar a orientação da equipe de ma- nipulação de alimentos, oferecendo treinamento e acompanhamento constante, visto que a correta apresentação do manipulador e, principalmente, seus hábitos higiênicos, além de ajudar a prevenir as doenças transmitidas por alimentos e respeitar as normativas estabelecidas pelos órgãos de fiscalização, garantem a sensação de segurança ao consumidor, tornando-se um atrativo para o cliente. 134 Caro(a) aluno(a), vimos diversos pontos que devem ser levados em consideração para a garantia da higiene pessoal, não é mesmo? Vamos sintetizar as informações neste mapa mental? Sugiro que você aponte as regras de higiene pessoal estudadas na unidade, continuando o mapa mental iniciado. Retirar adornos pessoais (brincos, relógio, pulseiras...) Não utilizar perfumes, creme hidratantes ou outro cosmético que possa contaminar os alimentos.REGRAS DE HIGIENE PESSOAL PARA MANIPULADORES DE ALIMENTOS Utilizar toucas, redes ou outro método de proteção que cubra totalmente os cabelos. 135 1. De acordo com a Resolução RDC nº 216/2004 da Anvisa, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação: a) É dispensável a comprovação de cursos de capacitação pela equipe de manipulação de alimentos, desde que haja um responsável pelas atividades comprovadamente qualificado. b) Manipuladores de alimentos que trabalham exclusivamente com alimentos crus podem utilizar adornos pessoais caso os alimentos manipulados sejam submetidos à etapa de cozimento. c) Os colaboradores responsáveis pela atividade de higienização devem utilizar uniformes apro- priados e diferenciados daqueles usados pelos responsáveis pela manipulação de alimentos. d) As luvas de borracha podem ser usadas para manipular alimentos quando for necessária a proteção das mãos e punhos do funcionário. e) A empresa deve instalar um único lavatório para mãos, localizado na saída dos sanitários. 2. Durante a pandemia de Covid-19, algumas medidas de boas práticas de manipulação de ali- mentos foram alteradas, tanto no Brasil como no mundo, visando ao controle da pandemia. Uma das medidas que entrou em vigor nos serviços de alimentação, além da utilização das máscaras de proteção, foi a utilização das luvas descartáveis pelos clientes para o autosserviço em restaurantes self service. Porém, não houve significativas abordagens sobre a utilização das luvas descartáveis pelos manipuladores de alimentos nas áreas internas da empresa. Com base no que foi estudado sobre a utilização de luvas descartáveis pelos manipuladores de alimentos, assinale a alternativa que apresenta a correta orientação sobre quando podem ser utilizadas: a) Ao realizar atividades que envolvem a utilização de produtos químicos. b) Quando o manipulador de alimentos se recusa a lavar as mãos frequentemente. c) Quando o manipulador tem contato direto com alimentos e estiver com cortes, arranhões, lesões, ferimentos e/ou infecções na pele visivelmente infectadas e com aspecto purulento. d) Quando o manipulador de alimentos estiver com unhas longas e esmalte. e) Nas atividades de montagem de pratos e distribuição ou porcionamento de alimentos. 136 3. Os manipuladores de alimentos possuem papel importante na manutenção dos alimentos seguros durante o preparo, principalmente devido à higiene pessoal. Afinal, esses podem in- terferir diretamente no produto final e tendem a ser os maiores portadores de microrganismos que podem ser carregados aos alimentos por meio de roupas e diversas partes do corpo. Com base no que foi estudado, considere os seguintes itens de uniforme: I) Camisetas, preferencialmente de mangas longas, e calças compridas de algodão. II) Avental plástico ou de silicone que cubra totalmente as pernas e cheguem os pés, para todos os manipuladores diretos de alimentos. III) Boné de uso exclusivo para manipulação de alimentos com toucas descartáveis por baixo, de modo a cobrir totalmente os cabelos. IV) Camisetas com bolsos acima da cintura para guarda de canetas, anotações ou termômetro de alimentos. Após julgar as afirmativas, assinale a alternativa que apresenta itens de uniforme adequados para os manipuladores dos alimentos: a) I, apenas. b) I e III, apenas. c) I e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, III e IV, apenas. 7 Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade sobre o controle de qualidade em alimentos. Nesta unidade, abordaremos as etapas de preparo dos alimentos, desde o recebimento de ma- térias primas à distribuição de alimentos visando a compreensão dos critérios de qualidade indicados em cada uma dessas etapas. Etapas de Preparo dos Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 138 Caro(a) aluno(a), começo essa unidade fazendo uma indagação: você já se atentou a como os alimentos estão expostos ao risco de contaminação durante o seu preparo e manipulação? Imagine-se, agora, no mercado, escolhendo as frutas que irá comprar… Aquela fruta que está ali, exposta à venda, já teve contato com a terra, ar e água, durante o plantio. Na colheita, pode ter tido contato com as mãos. Ela foi transportada em caixas plásticas ou de madeira e, muitas vezes, até teve contato com material reciclado como papel ou jornal. Passou pela mão de inúmeras pessoas, que a tocaram ali mesmo no mercado. Com quantos agentes contaminantes ela entrou em contato, não é mesmo?! Os riscos de de contaminação dos alimentos podem ser provenientes do manipulador de alimentos, do ambiente de manipulação e inerentes da própria matéria-prima. Sejam tais riscos de origem quími- ca, física ou biológica, em todas as etapas de preparo de um alimento, do recebimento à distribuição dos alimentos preparados, torna-se necessário estabelecer critérios para o controle de qualidade para evitar a presença dessas contaminações. Imagine a situação de um restaurante que adquire as carnes que servem no almoço em um açou- gue do município. Para otimizar os custos e organizar as entregas, esse referido açougue faz entregas duas vezes na semana, e o entregador do açougue sai, logo cedo, com todas as mercadorias que serão entregues naquele dia. O açougue considera esse processo seguro, visto que essas mercadorias ficam refrigeradas até o momento da saída e são transportadas em uma caixa de transporte com isolamento térmico. Porém, o que o açougue não percebe é que, com o abre e fecha da caixa de transporte, a tem- peratura em seu interior é modificada e, nas últimas entregas, a carne chega a atingir 15 ºC. O açougue acredita que está fazendo o processo corretamente. No entanto, como o restaurante, que compra matérias-primas desse açougue, pode ter a certeza de que essa matéria-prima é segura? O que você faria como nutricionista do restaurante? Veja, aluno(a), se for estabelecido que o restaurante deve avaliar critérios no momento do recebi- mento, como a temperatura do alimento, essa não conformidade não passaria despercebida. Com base nessa situação, quais critérios você considera importantes serem observados e utilizados como padrão de qualidade na etapa de recebimento de uma matéria-prima? Utilize o diário de bordo e pontue tais critérios. UNICESUMAR UNIDADE 7 139 O controle de qualidade de um alimento deve ser sistematizado de forma a abranger todas as etapas do preparo de um alimento: do recebimento de uma matéria-prima, passando pelo armazenamento, que pode ser seco ou a temperatura controlada, às etapas de pré-preparo, preparo, até a distribuição dos alimentos preparados, visando à prevenção da contaminação dos alimentos de maneira completa, visto que o alimento pode ser contaminado em qualquer uma das etapas descritas anteriormente. Além disso, o controle de qualidade dos alimentos é uma etapa essencial para promoção da segu- rança alimentar e nutricional e garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) dos indivíduos que irão consumi-los. Ademais, a segurança alimentar e nutricional é um tema de grande relevância na nutrição. Por isso, os órgãos competentes, como a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabelecem critérios de qualidade para tais etapas por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 216 de 2004, voltada aos serviços de alimentação, e a RDC número 275 de 2002, voltada às indústrias de alimentos. Para compreender os critérios de qualidade necessários em cada etapa, é necessário elaborar um fluxograma de produção, ou seja, descrever as etapas que o alimento irá percorrer. As etapas que um alimento pode percorrer são descritas pela Associação Brasileiras de Empresas de Refeições Coletivas (Aberc, 2015): 140 • Recebimento: etapa em que se recebe o material entregue pelo fornecedor, ava- liando-o segundo critérios pré-definidos para cada produto. • Armazenamento: etapa que envolve três procedimentos básicos de acordo com a temperatura:1) Armazenamento sob congelamento: etapa em que os alimentos são armazenados à temperaturas negativas, de acordo com as recomendações dos fabricantes; 2) Armazenamento sob refrigeração: etapa em que os alimentos são armazenados à temperatura de 0–10 ºC, de acordo com as recomendações dos fabricantes; 3) Armazenamento em estoque seco: etapa em que os alimentos que não requerem ar frio são armazenados à temperatura ambiente, segundo especifi- cações no próprio produto e recomendações dos fabricantes. • Congelamento: etapa em que os alimentos passam da temperatura original para temperaturas negativas, de acordo com sua categoria. • Descongelamento: etapa na qual os alimentos passam da temperatura de conge- lamento para temperaturas inferiores a 5 ºC, devendo ser realizado em condições controladas. • Resfriamento: etapa na qual os alimentos preparados devem ter sua temperatura reduzida de acordo com o esquema proposto para o resfriamento seguro dos ali- mentos e respeitados os critérios de armazenamento. • Refrigeração: etapa na qual os alimentos são mantidos em temperaturas abaixo de 10 ºC, de acordo com sua categoria. • Pré-preparo: etapa na qual os alimentos sofrem tratamento ou modificações por meio da sanitização, corte, porcionamento, seleção, escolha, moagem, mistura e/ou adição de outros ingredientes. • Reconstituição: etapa na qual os alimentos a serem reconstituídos recebem a adição de água e, após essa etapa, são consumidos imediatamente, aquecidos ou refrigerados, conforme os critérios de uso. • Dessalgue: etapa em que as carnes salgadas são submetidas à retirada do sal, sob condições seguras. • Cocção: etapa em que os alimentos devem atingir, no mínimo, 74 ºC no seu centro geométrico, ou combinações conhecidas de tempo e temperatura que confiram a mesma segurança. • Espera pós-cocção: etapa em que os alimentos que sofreram cocção devem manter temperatura de 60 ºC em sua superfície. • Porcionamento: etapa em que os alimentos prontos para consumo sofrem mani- pulação com a finalidade de se obter porções menores. • Reaquecimento: etapa na qual os alimentos que já sofreram cocção inicial devem atingir novamente temperatura de segurança no seu centro geométrico. • Espera para distribuição: etapa em que os alimentos que estão aguardando para serem distribuídos (para serem repostos em um balcão de distribuição, por exemplo) permanecem em temperatura recomendada. • Distribuição: etapa na qual os alimentos estão expostos para o consumo imediato, porém sob controle de tempo e temperatura para não ocorrer multiplicação micro- biana e protegidos de novas contaminações. UNICESUMAR UNIDADE 7 141 Assim, cada estabelecimento deve estruturar seu próprio fluxograma, ou seja, entender as etapas no qual os alimentos por ele manipulados, visando estabelecer os critérios para cada um deles. Para com- preender os critérios, vamos entender as recomendações gerais dessas etapas, iniciando a abordagem pela primeira etapa: o recebimento de matérias-primas. Essa etapa é de extrema importância, visto que é imprescindível para as etapas subsequentes. Por isso, recomenda-se que seja realizada em uma área específica, que seja dotada de pia para pré-higienização de hortifrutis, bancada de apoio para conferência sensorial, balança para pesagem e que, ainda nesse setor, as mercadorias sejam retiradas das embalagens impróprias, como papelão e, sempre que possível, transferida para monoblocos próprios da empresa. Nesse setor, deve-se manter estrados para que os alimentos não permaneçam em contato direto com o piso. No recebimento, é importante avaliar as condições nas quais o alimento foi transportado, verificando a higiene do veículo e se mantém as condições de temperatura de transporte (por exemplo, a refrige- ração), a higiene pessoal do entregador e seu uniforme (inclusive, utiliza-se proteção para cabelos). Também é importante avaliar a integridade e a higiene da embalagem, bem como se o alimento não mantém contato direto com papelão ou plástico reciclado e, ainda na embalagem, verificar se os dizeres de rotulagem do produto estão completos, tal como o nome e composição do produto, os dados do fabricante, quando aplicável, o número de registro do produto no órgão oficial, a data de validade, dentre outras questões, como os aspectos sensoriais próprios do alimento (ou seja, sua cor, aspecto, textura etc.). Caro(a) aluno(a), a rotulagem é um meio de comunicação entre o fabricante e o consumidor, sendo importante como consulta de informações, bem como critérios de qualidade. Na figura a seguir, é possível conferir os dados que devem ser avaliados na rotulagem de um produto, durante o recebimento de uma matéria-prima, visando ao controle de qualidade, afinal, as informações vão além do prazo de validade! 142 Em alguns casos, as matérias-primas serão submetidas a análises mais específicas, como controle microbiológico e físico-químico, em de laboratório próprio ou terceirizado. Para os produtos perecíveis, deve-se medir e manter registro das temperaturas de recebimento, que devem atender aos critérios legais estabelecidos. A seguir, apresenta-se uma sugestão de planilha (Quadro 1) para controle de temperatura de recebimento. Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma figura de uma embalagem de café moído e torrado. É possível observar algumas in- formações como o “Nome do produto”: Café do manipulador, café moído e torrado. “Conteúdo líquido”: 500g; “identificação da origem”: indústria brasileira; “Lista de ingredientes” representado por uma lista com XXXX; “Lote”: representado por um código chave L6782t; “Prazo de validade”: ago./2008; nome e endereço do fabricante, com razão social, endereço, cidade e CEP, e a informação nutricional no formato de tabela. Figura 1 – Observações necessárias na rotulagem de alimentos / Fonte: adaptada de Anvisa (2022). UNICESUMAR UNIDADE 7 143 CONTROLE DE RECEBIMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS Data entrega: Fornecedor: Horário: Responsável pelo recebimento: CONDIÇÕES DE TEMPERATURA PRODUTOS EQUIPE DE ENTREGA Resfriados: Resfriados: Entregadores uniformi- zados ( )Sim ( ) Não Nome do produto: ______________ Nome do produto: ______________ Temperatura: __________________ Temperatura: __________________ Veículo limpo e organi- zado ( )Sim ( ) Não Resfriados: Resfriados: Conservação do veículo Satisfatória ( )Sim ( ) Não Nome do produto: ______________ Nome do produto: ______________ Temperatura: __________________ Temperatura: __________________ Higiene pessoal dos En- tregadores ( ) Satisfatória ( ) Não Satisfatória Congelados: Congelados: Observações da entrega: Nome do produto: ______________ Nome do produto: ______________ Temperatura: __________________ Temperatura: __________________ CONDIÇÕES DE TEMPERATURA DO VEÍCULO DE TRANSPORTE Temperatura: __________________ Quadro 1 - Planilha para controle de recebimento de matérias-primas / Fonte: a autora. 144 Ainda no recebimento, além dos quesitos citados anteriormente, deve-se realizar a avaliação sensorial do produto, verificando se as características como cor, textura e odor estão de acordo com o especificado nos regulamentos técnicos específicos para cada produto. O Quadro 2, a seguir, apresenta os critérios sensoriais e avaliativos específicos para cada alimento. Alimentos/ Matérias- primas Recomendações de inspeção Temperaturas recomendadas Produtos quentes Deve-se ter cuidado com a higiene para evitar recontaminação e multiplicação microbiana. No mínimo a 60 ºC. Bovinos As carnes devem estar firmes, não pegajosas, não haver evidências de recongelamento. A co- loração deve variar de vermelho vivo a vermelho escuro. Congelados a -12 oC; Resfriados até 7 oC. Suínos A cor ideal para suínos é rosada. A gordura deve estar firme e apresentando cor branca. Verificar o odor depois de descongelado. Congelados a -12 oC. Resfriados até 7 oC. AvesDevem estar firmes e rígidas à pressão dos de- dos, não apresentarem coloração esverdeada, pois a cor deve ser amarelo-pálida, com brilho e cheiro suave. Congelados a -12 oC. Resfriados até 7 oC. Pescados Peixes, quando resfriados inteiros, devem apre- sentar corpo rígido. Os olhos devem estar salien- tes e brilhantes, escamas presas à pele, guelras vermelhas com odor fresco. Congelados a -12 oC. Resfriados de 0 a 2 oC. No recebimento de mercadorias, caso haja produtos diferentes aguardando o recebimento, dar preferência à seguinte ordem: • 1º – alimentos prontos para o consumo. • 2º – alimentos perecíveis refrigerados. • 3º – alimentos perecíveis congelados. • 4º – alimentos perecíveis permitidos em temperatura ambiente. • 5º – alimentos não perecíveis. Esse critério é estabelecido para diminuir o tempo que os alimentos mais sensíveis à contaminação são mantidos à temperatura ambiente. UNICESUMAR UNIDADE 7 145 Alimentos/ Matérias- primas Recomendações de inspeção Temperaturas recomendadas Hortifruti Observar as características sensoriais como aro- ma, cor, tamanho, grau de maturação; observar danos físicos, mecânicos, insetos, lar- vas, fungos. In natura, recebe-se, geralmente, a temperatura ambiente. No caso dos pré-preparados, devem ser re- cebidos a -12 ºC se congelados ou até 10 ºC se resfriados. Ovos Observar a data de validade e desprezar ovos trincados ou com muitas sujidades. Substituir as cartelas de papelão por plástico. In natura, recebe-se a temperatura ambiente. No caso dos pasteurizados ou con- gelados, respeitar critérios estabe- lecidos pelo fabricante. Embutidos Recusar embalagens estufadas, rasgadas, com aspecto pegajoso, com manchas esverdeadas ou desprendendo líquido. Temperatura de recebimento até 10 ºC, com exceção dos defuma- dos (geralmente ambiente). Estocáveis Deve-se observar o grau de impureza, tamanho, cor e uniformidade, presença de carunchos ou fungos. Analisar as condições de embalagem: não receber embalagens amassadas, furadas, com vazamento e enferrujadas. Ambiente. Quadro 2 - Critérios para inspeção de matérias primas / Fonte: adaptado de Aberc (2015). Os produtos devem permanecer nessa área apenas pelo tempo necessário para a realização das ati- vidades relacionadas à avaliação e conferência das mercadorias, sendo necessário encaminhá-los imediatamente aos setores de armazenamento. Caso a matéria-prima seja reprovada no recebimento, devem ser devolvidos no ato do recebimento e, na impossibilidade, segregados e bem identificados para devolução posterior, conforme normativa da RDC 216: “ 4.7.4 Os lotes das matérias-primas, dos ingredientes ou das embalagens reprovados ou com prazos de validade vencidos devem ser imediatamente devolvidos ao fornecedor e, na impossibilidade, devem ser devidamente identificados e armazenados separadamente. Deve ser determinada a destinação final dos mesmos (BRASIL, 2004). Veja que a RDC torna claro que os produtos destinados à devolução não podem ser mantidos no estoque, junto aos demais alimentos. 146 Não conformidades auxiliam na avaliação dos fornecedores, e registrar a ocorrência dessas não conformidades pode ser um quesito importante na identificação da necessidade de trocar o for- necedor do alimento. Por exemplo, ao receber frequentemente um alimento com temperatura fora do recomendado, pode-se adicionar um ponto de atenção quanto às condições nas quais esse fornecedor transporta o alimento. A importância da adoção de critérios de seleção das matérias-primas também é reforçada na RDC 275/2002, que afirma que a empresa deve estabelecer critérios baseados na segurança do alimento (BRASIL, 2002), afinal, uma falha nessa etapa pode não ser corrigida ao longo do processo de preparo dos alimentos. Descrição da Imagem: a figura apresenta uma ilustração de matérias-primas alimentares que serão destinadas à devolução aos fornecedores. A ilustração representa que esses alimentos estão impróprios para o consumo e, por isso, estão separados dos demais alimentos armazenados da empresa, sendo separados em uma caixa plástica e, junto a esses alimentos, há uma placa de identificação com os dizeres “Alimentos para troca ou devolução ao fornecedor”. Figura 2 - Separação e identificação de alimentos destinados a devolução / Fonte: a autora. Caro(a) aluno(a), você está em dúvida sobre que tipos de termômetros podem ser utilizados? Devem ser utilizados termômetros que sejam capazes de indicar temperaturas de congelamento (-18 ºC ou abaixo) e temperaturas acima de 100 °C. Existem aqueles embutidos ou suspensos em refrigeradores ou congeladores, termômetro digital com haste (tipo espeto) e o de infravermelho (tipo pistola). Todos podem ser utilizados, porém a calibração deve ser feita anualmente, com registro das operações. UNICESUMAR UNIDADE 7 147 Após recebimento da matéria-prima, o manipulador deve armazenar rápida e corretamente os ali- mentos para conservar sua qualidade o maior tempo possível, evitando que estraguem. Assim, deve-se proceder com a etapa de armazenamento da matéria-prima imediatamente. Antes de serem armazenadas, as mercadorias devem ser retiradas das embalagens secundárias, principalmente quando são de papelão ou outro tipo de papel reciclado. Sempre que possível, trocar a embalagem do fornecedor por embalagens próprias da empresa, pois permite que se avalie os gêneros que se encontram na parte inferior da caixa (tamanho, aparência, deterioração) e evita-se a entrada de material indesejado através dela. No que se refere ao armazenamento, as matérias-primas podem ser armazenadas à temperatura ambiente ou a temperatura controlada, conforme esquema a seguir. As condições de armazenamento dos alimentos são essenciais para a garantia de qualidade, por isso é necessário que os locais de armazenamento estejam em condições estruturais adequadas. A RDC 216 da ANVISA descreve que: “ 4.7.5 As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados em local limpo e organizado, de forma a garantir proteção contra contaminantes. Devem estar adequadamente acondicionados e identificados, sendo que sua utilização deve respeitar o prazo de validade. Para os alimentos dispensados da obrigatoriedade da indicação do prazo de validade, deve ser observada a ordem de entrada deles (BRASIL, 2004). Congelados: Quando os alimentos são armazenados a temperaturas negativas, ou seja, inferior a 0ºC (ex. congelador de geladeira ou freezer). Refrigerados: Quando os alimentos são armazenados à temperatura entre 0ºC a 10ºC (exemplo: geladeira). A temperatura ambiente: Quando os alimentos são armazenados no estoque seco, mantendo a temperatura ambiente (22-28ºC, dependendo da região e estação do ano). Descrição da Imagem: a Figura apresenta um infográfico com três formas de armazenamento de alimentos. Inicialmente, a primeira imagem da esquerda para direita representa um freezer horizontal de abertura do tipo basculante, com duas portas abertas onde é possível ver vários alimentos congelados em sacos plásticos, sendo possível identificar carnes vermelhas, demonstrando alimentos armazenados em um congelador, seguida da descrição “Congelados: Quando os alimentos são armazenados a temperaturas negativas, ou seja, inferior a 0 ºC (ex. congelador de geladeira ou freezer)”. Em seguida, a imagem dois se trata de um refrigerador vertical com a porta aberta onde é possível ver os alimentos ali armazenados, como melancia, leite, bolo preparado. Essa geladeira representa os “Refrigerados: Quando os alimentos são armazenados à temperatura entre 0 ºC e 10 ºC (exemplo: geladeira)”. E por fim, na terceira imagem há um armário prateleira, com itens armazenados em potes e Há a presença de um homem em frente a prateleira e que segura uma prancheta etc., demonstrando um estoque a seco, no qual os alimentos ficam em temperatura ambiente. A descrição apresentada é “A temperatura ambiente: Quando os alimentos são armazenados no estoqueseco, mantendo a temperatura ambiente (22-28 ºC, dependendo da região e estação do ano)”. Figura 3 - Formas de armazenamento de matérias primas conforme temperatura. / Fonte: a autora. 148 Ou seja, na organização dos produtos, deve-se co- locar na frente os produtos que possuem o prazo de validade mais próximo. Essa forma de organi- zar o estoque é descrita como “PVPS”, que signifi- ca “primeiro que vence, primeiro que sai”. E, conforme descrito na mesma resolução, quando o produto é dispensado da obrigatoriedade da indicação do prazo de validade, por exemplo, as frutas, legumes e verduras, sua organização deve ocorrer com base na data de entrada na empresa, assim, ao receber hoje um produto, este deve ser colocado atrás ou abaixo do produto recebido na semana anterior. Essas ações são importantes para garantir o rodízio das mercadorias armazenadas e evitar alimentos vencidos. Ainda com base na RDC 216 de 2004 da Anvisa: “ 4.7.6 As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados sobre paletes, estrados e ou pratelei- ras, respeitando- se o espa- çamento mínimo necessário para garantir adequada ven- tilação, limpeza e, quando for o caso, desinfecção do local. Os paletes, estrados e ou pra- teleiras devem ser de material liso, resistente, impermeável e lavável (BRASIL, 2004). Para garantir melhores condições de armazena- mento, recomenda-se que os alimentos estejam distantes em 10 cm da parede, 60 cm do teto e 25 cm do piso. Quando não for possível armazenar em prateleiras, deve-se utilizar os paletes ou estra- dos, não sendo recomendável os de madeira (por serem permeáveis). Além disso, os materiais fora de uso (inclusive estrados) devem ser retirados das áreas de armazenamento. Os alimentos não devem ficar armazenados junto a produtos de limpeza, químicos ou de higie- ne, por isso, recomenda-se que o armazenamento desses produtos seja realizado em local específico (denominado de depósito de materiais de limpeza – DML) (PINHEIRO-SANT’ANA, 2012). O empilhamento no estoque também requer atenção, visto que deve ser alinhado em altura que não prejudique as características do produto. Por isso, recomenda-se que as pilhas sejam organizadas em forma de cruz (Figura 4) para favorecer a cir- culação de ar entre os produtos e evitar acidentes. Descrição da Imagem: a figura representa uma imagem com várias sacarias de batatas, estas estão armazenadas em cima de um estrado de madeira, sendo que as sacarias estão sobre- postas no formato de cruz. Para isso, as duas sacarias iniciais são colocadas lado a lado, duas outras sacarias são colocadas sobre elas, no sentido contrário, de modo que as aberturas das sacarias estejam sobrepostas às laterais das sacarias de baixo, formando uma espécie de cruz, ou x. E assim, segue a sequência de empilhamento. Figura 4 – Exemplo de pilha organizada no formato de cruz Fonte: a autora. UNICESUMAR UNIDADE 7 149 Se algum produto estiver com a embalagem danificada, deve-se fechar com um prendedor próprio, transferi-lo para outra embalagem fechada ou, ainda, envolver a embalagem original com um saco plástico. Ele deve ser identificado, no mínimo, com informações como nome do produto, data de aber- tura e data de validade (seguindo os critérios estabelecidos pelo fabricante) e é recomendado utilizar esse produto antes dos demais. No caso do armazenamento de produtos a temperatura controlada, recomenda-se, segundo a Aberc (2015): O controle da temperatura dos equipamentos é importante, por isso, recomenda-se que seja feito o acompanhamento e registro das temperaturas. A seguir, tem-se um exemplo de uma planilha (Quadro 3) para registro de temperatura de equipamentos. Data Turno Equipamento 1 “Identificação do equipamen- to” (por ex. refrigerador da bancada da cozinha) Equipamento 2 “Identificação do equipamen- to” Equipamento 3 “Identificação do equipamen- to” Equipamento 4 “Identificação do equipamen- to” 01/10 Almoço Janta Ceia 02/10 Almoço Janta Ceia • No caso de câmara fria, freezer e geladeira, é recomendado o controle da tempe- ratura diariamente (se possível 2 vezes ao dia). • Recomenda-se a temperatura para refrigerador de 4 a 6 ºC e congelador até -18 ºC. • As prateleiras devem ser de aço inox ou material que não oxide e, além disso, devem estar sempre limpas. • As portas dos equipamentos devem ter fechamento hermético (porta que permita a manutenção da temperatura interna) • Evitar colocar toalhas nas prateleiras ou obstruir o equipamento, visando a ma- nutenção da circulação de ar. • Todos os produtos armazenados devem estar devidamente etiquetados. 150 Data Turno Equipamento 1 “Identificação do equipamen- to” (por ex. refrigerador da bancada da cozinha) Equipamento 2 “Identificação do equipamen- to” Equipamento 3 “Identificação do equipamen- to” Equipamento 4 “Identificação do equipamen- to” 03/10 Almoço Janta Ceia 04/10 Almoço Janta Ceia Quadro 3 - Exemplo de planilha para controle de temperatura de equipamentos / Fonte: a autora. Assim, após o recebimento, inspeção e armazenamento no momento apropriado, o alimento será submetido às operações de preparação propriamente ditas, iniciando pelas etapas de pré-preparo, como o descongelamento, higiene das frutas, legumes e verduras, dessalgue (por exemplo bacalhau ou carne seca), catação e escolha (por exemplo, feijão e demais leguminosas), moagem (por exemplo, carne moída) e manipulação de alimentos como cortes e temperos. Nessa etapa, deve-se atentar para que os alimentos não fiquem tempo suficiente para multiplicação de microrganismos quando estiver em temperatura de atividade microbiana (5–60 ºC). Além disso, deve-se utilizar utensílios adequados na manipulação (exemplo: tábuas e colheres de polietileno, po- lipropileno ou altileno. NÃO utilizar tábuas ou colheres de madeira). UNICESUMAR UNIDADE 7 151 A Anvisa determina que as matérias-primas, os ingredientes e as embalagens utilizados para prepara- ção do alimento devem estar em condições higiênico-sanitárias adequadas e em conformidade com a legislação específica. Dessa forma, entende-se que estes foram submetidos à adequadas etapas de recebimento e armazenamento. Além disso, a mesma resolução estabelece que, quando aplicável, antes de iniciar a preparação dos alimentos, deve-se proceder à adequada limpeza das embalagens primárias das matérias-primas e dos ingredientes, minimizando o risco de contaminação (BRASIL, 2004). No entanto, para garantir a segurança do alimento, as etapas de pré-preparo também requerem cuidados. As matérias-primas e os ingredientes caracterizados como produtos perecíveis devem ser expostos à temperatura ambiente somente pelo tempo mínimo necessário para a preparação do ali- mento, ressaltando a importância de uma atividade organizada na empresa que manipula alimentos, a fim de não comprometer a qualidade higiênico-sanitária do alimento preparado. No caso do descongelamento, a RDC 216 da Anvisa propõe duas formas para proceder tal etapa: Os alimentos submetidos ao descongelamento devem ser mantidos sob refrigeração se não forem imediatamente utilizados, não devendo ser recongelados. Além disso, durante a manipulação dos alimentos, devem ser adotadas medidas a fim de minimizar o risco de contaminação cruzada, seja por meio das mãos, tábuas ou outros utensílios. Deve-se evitar o contato direto ou indireto entre alimentos crus, semipreparados e prontos para o consumo. Inclusive, os manipuladores de alimentos que manipulam alimentos crus devem realizar a lavagem e a antissepsia das mãos antes de manusear alimentos preparados. O descongelamento deve ser conduzido de forma a evitar que as áreas super�ciais dos alimentos se mantenham em condições favoráveis à multiplicação microbiana. Esta etapa deve ser efetuada em condições de refrigeração à temperatura inferior a 5ºC (ou seja, na refrigeração) ou emforno de microondas quando o alimento for submetido imediatamente à cocção. Descrição da Imagem: a figura apresenta duas imagens, na primeira delas, é apresentado um alimento sendo destinado ao descongela- mento dentro do refrigerador. Na segunda imagem há um frango inteiro sendo descongelado, sob um prato, no forno micro-ondas. Estas formas representam as formas recomendadas de descongelamento. Acima das figuras, há um texto em destaque: “O descongelamento deve ser conduzido de forma a evitar que as áreas superficiais dos alimentos se mantenham em condições favoráveis à multiplicação microbiana. Esta etapa deve ser efetuada em condições de refrigeração a temperatura inferior a 5 ºC (ou seja, na refrigeração) ou em forno de micro-ondas quando o alimento for submetido imediatamente à cocção.” Figura 5 - Recomendações para descongelamento de alimentos / Fonte: adaptado de Brasil (2004). 152 Caro(a) aluno(a), gostaria de chamar a atenção no caso dos ovos, pois a recomendação é que sejam submetidos a um enxague em água corrente, somente quando serão utilizados. Não é recomendado o uso de produtos como hipoclorito de sódio, detergentes líquidos ou quaisquer outros utilizados para desinfecção (STOLARSKI et al., 2015). Após pré-preparados, os alimentos são submetidos às etapas de cocção, ou seja, submeter o alimento ao calor, tal como cozinhar, assar, fritar, refogar, escaldar, ensopar e demais técnicas de cocção existentes. As etapas de calor são essenciais para a segurança de um alimento, por isso, a RDC 216 da Anvisa reforça que o tratamento térmico deve garantir que todas as partes do alimento atinjam a temperatura de, no mínimo, 70 ºC. Temperaturas inferiores podem ser utilizadas no tratamento térmico, desde que as combinações de tempo e temperatura sejam suficientes para assegurar a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos. Além disso, a própria RDC 216 reforça a importância do controle da temperatura dessa etapa, con- forme descrito no item: “ “4.8.9 A eficácia do tratamento térmico deve ser avaliada pela verificação da temperatura e do tempo utilizados e, quando aplicável, pelas mudanças na textura e cor na parte central do alimento” (BRASIL, 2004). Uma das etapas amplamente utilizadas no pré-preparo de alimentos é a sanitização de hortifruti. Essa etapa é essencial e requer cuidados. Para saber um pouco mais sobre como realizá-la, aperte o play e assista esse vídeo preparado para você. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15361 UNIDADE 7 153 A fritura é uma etapa de cocção amplamente utilizada, porém para aquecimento dos óleos e garantia de condições adequadas para utilização. A Anvisa reforça que, além dos controles estabelecidos para um tratamento térmico, para os alimentos submetidos à fritura, deve-se instituir medidas que garantam que o óleo e a gordura utilizados não constituam uma fonte de contaminação química do alimento preparado. Também é reforçado na mesma RDC que: “ 4.8.11 Os óleos e gorduras utilizados devem ser aquecidos a temperaturas não superiores a 180 ºC, sendo substituídos imediatamente sempre que houver alteração evidente das características físico-químicas ou sensoriais, tais como aroma e sabor, e formação intensa de espuma e fumaça (BRASIL, 2004). Por isso, o controle de temperatura do óleo durante a fritura é outra etapa importante para o controle de qualidade. Seu registro pode ocorrer em planilhas específicas, mas também é importante ressaltar a importância da manutenção quando for usado uma fritadeira, mantendo o termostato em condições adequadas e favorecendo o controle da temperatura. Data Alimento Temperatura pré-preparo Temperatura Cocção (C) ou Reaquecimento (R) Descrição da Imagem: a figura apresenta uma imagem de um alimento sendo cozido em uma panela de aço inoxidável e uma pessoa aferindo a temperatura desse alimento por meio de um termômetro de infravermelho. Há a identificação no leitor da temperatura de 91,6 ºC. Em seguida, apresenta-se um quadro que demonstra uma planilha para controle de temperatura. Nesse quadro existem quatro colunas identificadas como Data, Alimento, Temperatura pré-preparo e Temperatura Cocção (C) ou Reaquecimento (R). As linhas da planilha estão em branco para que seja registrada a temperatura. Figura 6 - Monitoramento e registro da temperatura de cocção do alimento. / Fonte: a autora. 154 Quando um alimento preparado (ou seja, submetido a cocção) for resfriado para ser consumido, é importante seguir os critérios estabelecidos para a cadeia de refrigeração, visto que o processo de resfriamento de um alimento preparado deve ser realizado de forma a minimizar o risco de contami- nação cruzada e a permanência em temperaturas que favoreçam a multiplicação microbiana, sendo recomendado que a temperatura do alimento preparado deve ser reduzida de 60 ºC a 10 ºC em até duas horas. Em seguida, ele deve ser conservado sob refrigeração a temperaturas inferiores a 5 ºC, ou congelado a temperatura igual ou inferior a -18 ºC. Ao terminar de preparar um alimento que não será servido imediatamente, este deve ser mantido em temperatura controlada para que os microrganismos não se multipliquem. Os alimentos frios devem ser colocados sob refrigeração e os alimentos quentes devem ser mantidos em banho-maria ou em fogo baixo (podendo ser no próprio fogão), sendo que para conservação a quente, os alimentos devem ser submetidos à temperatura superior a 60 ºC, sendo usados por, no máximo, 6 horas. Para manter tal temperatura, recomenda-se que a temperatura da água do balcão esteja entre 80 e 90 ºC (no caso do balcão térmico úmido). No caso de alimentos frios, devido ao risco de atividade dos microrganismos, deve-se manter os alimentos frios em temperatura abaixo de 10 ºC. Durante o porcionamento, etapa em que o alimento é retirado da panela e transferido para cubas, travessas ou pratos, deve-se observar a higiene pessoal do manipulador e higiene dos utensílios para evitar a contaminação dos alimentos preparados. A distribuição dos alimentos preparados é outra etapa que requer cuidados. Os cuidados na distribuição são necessários principalmente quando os alimentos ficam expostos em balcão de distribuição, pois, diferentemente de um serviço de empratado, no balcão de distribuição os alimentos não serão imediatamente consumidos. Para garantir que a redução da temperatura ocorra dentro do tempo previsto, são dicas: • preferir colocar o alimento em recipientes rasos (no máximo 10 cm de altura); • fatiamento ou redução de tamanho (peças de carne); • distribuição em pequenos volumes; • arrumação nos equipamentos com sobreposição em cruz; • agitação de alimentos pastosos ou líquidos; • banho de gelo. UNICESUMAR UNIDADE 7 155 A Anvisa determina sete itens acerca desta etapa, sendo representados no quadro a seguir: EXPOSIÇÃO AO CONSUMO DO ALIMENTO PREPARADO 1. As áreas de exposição do alimento preparado e de consumação ou refeitório devem ser mantidas organizadas e em adequadas condições higiênico-sanitá- rias. Os equipamentos, móveis e utensílios disponíveis nessas áreas devem ser compatíveis com as atividades, em número suficiente e em adequado estado de conservação. 2. Os manipuladores devem adotar procedimentos que minimizem o risco de contaminação dos alimentos preparados por meio da antissepsia das mãos e pelo uso de utensílios ou luvas descartáveis. 3. Os equipamentos necessários à exposição ou distribuição de alimentos preparados sob temperaturas controladas, devem ser devidamente dimensio- nados, e estar em adequado estado de higiene, conservação e funcionamento. A temperatura desses equipamentos deve ser regularmente monitorada. 4. O equipamento de exposição do alimento preparado na área de consumação deve dispor de barreiras de proteção que previnam a contaminação do mesmo em decorrência da proximidade ou da ação do consumidor e de outras fontes. 5. Os utensílios utilizados na consumação do alimento, tais como pratos, copos,talheres, devem ser descartáveis ou, quando feitos de material não descartável, devidamente higienizados, sendo armazenados em local protegido. 6. Os ornamentos e plantas localizados na área de consumação ou refeitório não devem constituir fonte de contaminação para os alimentos preparados. 7. A área do serviço de alimentação onde se realiza a atividade de recebimento de dinheiro, cartões e outros meios utilizados para o pagamento de despesas, deve ser reservada. Os funcionários responsáveis por essa atividade não devem manipular alimentos preparados, embalados ou não. Quadro 4 - Itens a cerca da distribuição dos alimentos preparados São critérios para binômio tempo e temperatura a serem usados na distribuição: alimentos frios devem estar abaixo de 5 ºC e, se assim se mantiverem, consumidos em 5 dias. Alimentos quentes devem ser mantidos a 60 ºC ou superior, devendo ser consumidos em até 6 horas (Anvisa, 2004). Conforme mencionado, em todas as etapas (do pré-preparo, passando pelo preparo e chegando à distribuição dos alimentos), a temperatura dos alimentos deve ser monitorada e registrada. A seguir, apresenta-se um exemplo de planilha a ser usada para controle dessas etapas. Em uma mesma prepa- ração, deve-se controlar tais etapas. 156 D at a Al im en to Te m pe ra tu ra Pr é- pr ep ar o Te m pe ra tu ra Co cç ão (C ) Re aq ue ci m en to (R ) Te m pe ra tu ra Ca de ia d e Re sf ri am en to Te m pe ra tu ra D is tr ib ui çã o Vi st o R es po ns áv el 2h 4h 1h 2h 3h Quadro 5 - Planilha de controle de temperatura de preparo de alimentos / Fonte: a autora. Após a distribuição, surge a dúvida sobre reaproveitar ou não o alimento que sobrou no balcão. É im- portante ressaltar que os alimentos que estiveram no balcão são denominados de sobra suja, ou seja, o produto que foi para o balcão de distribuição e não foi consumido. Este não pode ser reaproveitado. Conceitualmente, o desperdício de alimentos preparados é identificado como sobra limpa, resto ou sobra suja e resto-ingestão/ingesta de alimentos. Aquele alimento que foi preparado, mas não dis- tribuído (as sobras limpas), deve ficar sob refrigeração e monitoramento de tempo/temperatura para que sejam aproveitados (se os critérios de controle não forem atendidos, deverão ser descartados). Os alimentos que restaram nas cubas do balcão de distribuição após o término das refeições não deverão ser reaproveitados e são as sobras sujas. Por fim, o resto-ingestão, que são alimentos servidos e não con- sumidos (sobras nos pratos e bandejas), logicamente, devem ser descartados (SCOTTON et al., 2010). Caro(a) aluno(a), para finalizar a unidade, abordaremos agora o transporte de alimentos. A RDC 216 ressalta que os alimentos preparados e mantidos na área de armazenamento ou aguardando o transporte devem estar identificados (no mínimo com as seguintes informações: a designação do produto, a data de preparo e o prazo de validade) e protegidos contra contaminantes. O armazenamento e o transporte do alimento preparado (desde a etapa de distribuição até a en- trega ao consumo), deve ocorrer em condições de tempo e temperatura que não comprometam sua qualidade higiênico-sanitária, e a temperatura do alimento preparado também deve ser monitorada durante essas etapas. Por isso, o nutricionista deve estar atento a essa etapa e estudar embalagens e recipientes que possam ser utilizados para garantia da segurança. Os meios de transporte do alimento preparado devem ser higienizados, sendo adotadas medidas a fim de garantir a ausência de vetores e pragas urbanas. Os veículos devem ser dotados de cobertura para proteção da carga, não devendo transportar outras cargas que comprometam a qualidade higiê- nico-sanitária do alimento preparado. Chamo atenção a um critério que foi abordado em diversas etapas: a identificação do alimento. Seja uma matéria-prima aberta, um alimento produzido, uma preparação que será transportada, por exemplo, a identificação, como dito anteriormente é necessária e deve conter informações como nome do produto, data de abertura e data de validade. Assim, o produto é utilizado dentro dos critérios de segurança definidos. UNICESUMAR UNIDADE 7 157 Em todas as etapas, do recebimento à distribuição de matérias-primas abertas, produtos pré-preparados e preparados, a identificação dos alimentos é obrigatória. Vale lembrar que as validades dos alimentos abertos devem seguir os critérios definidos pelos fabricantes (essa informação é apresentada no rótulo do alimento. Chegamos ao fim do nosso estudo! Entendemos que todas as etapas do preparo de um alimento, do recebimento à distribuição, requerem cuidados que envolvem, por exemplo, a limpeza, cuidados na manipulação, identificação dos alimentos e, principalmente, controle de temperatura. Por isso, voltando à situação exposta no começo da unidade sobre o açougue, o controle de temperatura no recebimento é um controle que pode minimizar o risco de utilizar uma matéria prima contaminada. Assim, reforço a importância de o nutricionista estar atento a todas as etapas de preparo do alimento e implementar ferramentas de qualidade para garantia da segurança dos alimentos. Vamos entender um pouco mais a identificação dos alimentos? Aproveite esse podcast para compreender os critérios necessários para tal etapa importante para a segurança dos alimentos. Aperte o play! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11629 158 Aluno(a), vimos que a temperatura é um dos fatores importantes para serem usados como critérios na manipulação dos alimentos, não é mesmo? Para reforçar o entendimento desse critério, sugiro que você continue o mapa mental que iniciei, aponte as temperaturas recomendadas para as sub- sequentes etapas de preparo do alimento. Critérios para temperatura dos alimentos nas diferentes etapas da manipulação Produtos quentes: 60ºC; Bovinos, suínos, aves: se congelados a -12ºC e se resfriados até 7ºC; Pescados: se congelados a -12ºC e se resfriados de 0-2ºC; Hortifruti: ambiente, mas se pré-preparados devem estar a -12ºC se congelados ou até 10ºC se resfriados e embutidos até 10ºC ou ambiente se defumados. Estocáveis devem estar à temperatura ambiente. Armazenamento Recebimento 159 1. Os alimentos são considerados ambientes propícios ao crescimento microbiano. Isso ocorre porque, na maior parte das vezes, apresenta alta atividade de água, pH favorável, possui nu- trientes, dentre outras questões. Por isso, o controle do crescimento microbiano deve fazer parte da rotina de qualquer UPR. Dentre as etapas essenciais para o controle estão o recebi- mento e o armazenamento de matérias primas e a temperatura é um dos fatores importantes de serem monitoradas, principalmente nos alimentos refrigerados ou congelados. Sobre o recebimento e o armazenamento de gêneros recebidos na UPR, assinale a afirmativa correta: a) Os alimentos não perecíveis são aqueles que se deterioram com facilidade, como a carne e o pes- cado frescos. A principal característica destes alimentos é possuírem um elevado teor de água livre. b) Logo após a sua chegada, os gêneros perecíveis devem ser acondicionados sob refrigeração ou congelamento, o mais rápido possível. A temperatura recomendada para o refrigerador é de 4-6 ºC, sendo recomendável abaixo de 10 ºC. c) Durante o armazenamento de matérias primas, deve-se ter atenção especial aos gêneros congelados. Assim, quando chegarem vários gêneros perecíveis, primeiro deve-se armazenar os congelados, para depois armazenar os produtos não perecíveis, seguido dos refrigerados. d) Durante o recebimento de matérias primas é obrigatório monitorar a temperatura de todos os alimentos, incluindo os gêneros perecíveis e gêneros não perecíveis. e) No recebimento e armazenamento de matérias primas, os embutidos defumados é, dentre os produtos de origem animal, o que necessita de maior controle e temperaturas maisbaixas. 2. A RDC nº 216 determina os parâmetros de boas práticas para serviços de alimentação. Dentre o que é abordado pela resolução: antes e após serem submetidos à cocção, os alimentos devem ser mantidos em condições de tempo e de temperatura que não favoreçam a multiplicação microbiana. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nú- mero 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 6 jun. 2022. Com base no que foi estudado na disciplina, assinale a alternativa correta: a) A melhor forma de realizar o descongelamento de carnes cruas é em geladeira, já que a temperatura de refrigeração é caracterizada como de baixa atividade de microrganismos. b) Os alimentos submetidos ao descongelamento devem ser mantidos sob refrigeração se não forem imediatamente utilizados ou então podem ser recongelados crus. c) Existem dois tipos de sobra, a limpa e a suja. Nenhum dos tipos de sobras pode ser reapro- veitado, já que existe a possibilidade de contaminação. d) Os produtos preparados pela empresa não precisam de etiqueta de identificação, já que se conhece a sua data de manipulação. e) A temperatura de pré-preparo não requer tantos cuidados caso os alimentos sejam aquecidos depois, durante o preparo estes alimentos serão submetidos ao aquecimento que elimina os microrganismos do alimento. 160 3. O controle de qualidade dos alimentos é essencial para garantia do Direito Humano à Alimen- tação Adequada (DHAA) dos indivíduos que irão consumi-los. Assim, a segurança alimentar e nutricional contempla a inocuidade do alimento. Fonte: Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Núcleo Teles- saúde Santa Catarina. Segurança alimentar e nutricional com enfoque na intersetorialidade. Florianópolis: CCS/UFSC, 2019. É direito das pessoas que os alimentos que consomem sejam seguros e adequados para con- sumo. Para garantir a segurança dos alimentos, o nutricionista deve orientar corretamente a população e os manipuladores de alimentos sobre a etapa de sanitização dos hortifrutis. Sobre essa etapa, assinale a alternativa que apresenta corretamente a orientação para esse processo ser realizado. a) Enxaguar um a um em água corrente, deixar de molho em solução contendo ácido acético (vinagre) por 15 minutos e enxaguar em água potável. b) Enxaguar um a um em água corrente, deixar de molho em cloro sem diluição por 10 minutos e enxaguar se achar necessário. c) Enxaguar um a um em água corrente, deixar de molho em solução de hipoclorito de sódio (10mL por litro de água se a água sanitária for 2 a 2,5%) por 10 a 15 minutos e enxaguar em água potável. d) Lavar um a um, deixar de molho em bicarbonato de sódio e enxaguar. e) Lavar um a um, deixar de molho em solução iodada e enxaguar abundantemente em água potável. 8 Aluno(a), esta unidade tem como objetivo discorrer sobre alguns documentos importantes para o controle de qualidade dos alimen- tos — o manual de boas práticas de manipulação de alimentos e os procedimentos operacionais padronizados, conhecidos como POPs. Esses documentos são ferramentas importantes no desempenho do trabalho do nutricionista que atua nessa área, visto que auxiliam na padronização na execução de determinada tarefa, como a higieni- zação, aferição de temperatura e comportamento do manipulador de alimentos. Manual de Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padronizados Me. Thanise Pitelli de Nigro 162 Caro(a) aluno(a), você já refletiu quanto a organização ajuda na manutenção de uma rotina mais fácil? Em empresas do ramo alimentício, a organização também é essencial para garantir a qualidade nos procedimentos, mas surge a dificuldade: como conseguir manter a organização em um local onde trabalham várias pessoas mesmo com a correria do dia a dia de uma cozinha? Como conseguir manter um padrão na produção mesmo quando exercido por diferentes pessoas? Para manter a organização e facilitar a padronização dos processos em uma unidade produtora de refeições (UPR), é necessária a elaboração de uma série de documentos. Imagine a seguinte situa- ção: em certa empresa, apenas um único colaborador é responsável pela produção das saladas. Esse colaborador se ausenta da empresa por motivos de saúde, sem a possibilidade de treinar um novo colaborador. Outro colaborador assume a função. Todavia, sem o treinamento, ele conseguirá dar continuidade às atividades da mesma forma que era realizado anteriormente? Se ele tiver à disposição um documento que descreva detalhadamente essa atividade, esse colaborador pode desempenhar a função de maneira satisfatória. Para contextualizarmos um pouco mais, suponhamos que, ao iniciar suas atividades no trabalho, o novo colaborador encontre um procedimento operacional que descreva o passo a passo da sanitização dos hortifrutis. A probabilidade de o colaborador conseguir desempenhar essa atividade corretamente, com o porte do procedimento em mãos, é bem maior do que se ele não fosse orientado ou não tivesse esse documento de consulta, não é mesmo? Então, após ter estudado a sanitização de hortifrutis na unidade anterior, que tal descrever o passo a passo para realizar tal etapa? Sugiro que você use o diário de bordo e descreva, em etapas, todos os procedimentos necessários. Ao descrever a etapa de sanitização, é importante que a descrição seja feita de maneira simples, para que qualquer pessoa, sem que tenha sido treinada ou que já tenha realizado esse procedimento anteriormente, leia e consiga realizar o processo de maneira correta e padronizada. Os procedimentos possuem funções como padronização, segurança, orientação e auxiliam no treinamento da equipe. Depois, realize esse procedimento em sua residência para validar o que descreveu no diário de bor- do. Ao realizar o procedimento na prática, você observará que pode ter se esquecido de algum detalhe importante para o resultado. Por isso, ao elaborar os documentos, também é importante sua validação. UNICESUMAR UNIDADE 8 163 Aluno(a), nesta unidade, estudaremos as documentações necessárias para garantia da qualidade nas empresas que manipulam alimentos, sejam bares, restaurantes, padarias, hotéis ou qualquer outra empresa. A qualidade dos alimentos se refere a padrões, segurança e atendimento às expectativas do cliente. Ao longo das unidades, estudamos vários quesitos necessários a esses estabelecimentos, como sua estrutura física, regras de higiene pessoal para os manipuladores de alimentos, a adoção das regras durante o preparo dos alimentos, bem como demais processos necessários a fim de manter a segurança do alimento preparado. Para padronizar as operações, treinar colaboradores e reforçar as regras adotadas pela empresa, é necessário o registro dos procedimentos de qualidade. Vamos recordar alguns desses documentos? Estudamos a necessidade de realizar a análise de potabilidade de água e a higienização do reservatório de água (caixa d´água), mantendo os registros dessas operações semestralmente. Também estudamos o controle químico de pragas realizado por empresas especializadas que emitem laudo da operação. Sobre a higiene pessoal, a realização dos exames médicos para emissão do Atestado de Saúde Ocu- pacional (ASO) e o registro dos treinamentos e da entrega dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) também são documentos necessários. Vimos exemplos de planilhas de controle de qualidade para controle das etapas, como recebimento de matérias primas, temperatura de equipamentos, temperatura de preparo e distribuição dos alimentos. 164 Enfim, diversos são os registros necessários para uma empresa que manipula alimentos garantir a segurança dos alimentos. Isso decorre, caro(a) aluno(a), de uma abordagem preventiva, e não corretiva. Por exemplo, uma empresa que trabalhacom peças para veículos, caso queira adotar o controle de qualidade no produto, pode fazer testes e análises nas peças prontas. Porém, para empresas que trabalham com alimentos, principalmente empresas que trabalham com fornecimento de alimentos preparados prontos para o consumo, isso já não será possível. Já pensou se um restaurante só pudesse servir o alimento após uma análise microbiológica?! Não existe essa possibilidade. Essa abordagem preventiva do controle de qualidade é resultado da evolução do controle de qua- lidade dos últimos anos, que evoluiu da qualidade com foco no produto ao foco no cliente, conforme ilustrado a seguir. Veja, aluno(a), nos alimentos preparados, encontramos algumas características que justificam essa necessidade de o controle de qualidade ser preventivo e ocorrer durante o processo produtivo. São elas: ANOS 70: FOCO NO PRODUTO FINAL • In�uência do modelo japonês; • Utilização de técnicas estatísticas; • Sistematização do sistema de qualidade em empresas; • Sistematização da trilogia: planejamento, custo e controle. ANOS 80: FOCO NO PROCESSO • Conceitos da engenharia de processos; • Utilização e adaptação de práticas japonesas. ANOS 90: FOCO NO CLIENTE • Sistematização dos conceitos de estratégia, estrutura, comprometimento, processos produtivos e mercado; • Introdução da Internet nos processos; • Foco na cadeia de qualidade focado no cliente. ATUALMENTE: FOCO NA QUALIDADE TOTAL • Modelos integrados com foco na gestão, operacional, cliente e produto �nal. • Integração dos conceitos ambientais e sociais. Descrição da Imagem: a figura compreende um infográfico que descreve quatro marcos na evolução da qualidade: São quatro blocos descrevendo o panorama nos anos 1979, 1980, 1990 e atualmente, com uma seta em cada bloco, sempre direcionado para o de baixo. Figura 1 - Evolução da qualidade / Fonte: adaptado de Bertolino (2010). UNICESUMAR UNIDADE 8 165 • Intangibilidade: pois os alimentos não podem ser vistos, sentidos, provados ou cheirados antes de serem consumidos. • Inseparabilidade: são produzidos e consumidos ao mesmo tempo, ou seja, a em- presa produz e logo serve o consumidor final. • Variabilidade: são altamente variáveis, pois os alimentos podem resultar em carac- terísticas diferentes dependendo de quem, quando e onde são preparados. • Perecibilidade: os alimentos preparados são considerados perecíveis, por isso, não podem ser estocados por longos períodos. Dessa forma, é necessário servi-los imediatamente, sendo que o sistema de produção é acionado pelo cliente. 4 BOAS PRÁTICAS PARA SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO 4.1 EDIFICAÇÃO, INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS 4.2 HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, MÓVEIS E UTENSÍLIOS 4.3 CONTROLE INTEGRADO DE VETORES E PRAGAS URBANAS 4.4 ABASTECIMENTO DE ÁGUA 4.5 MANEJO DOS RESÍDUOS 4.6 MANIPULADORES 4.7 MATÉRIAS-PRIMAS, INGREDIENTES E EMBALAGENS 4.8 PREPARAÇÃO DO ALIMENTO 4.9 ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DO ALIMENTO PREPARADO 4.10 EXPOSIÇÃO AO CONSUMO DO ALIMENTO PREPARADO 4.11 DOCUMENTAÇÃO E REGISTRO 4.12. RESPONSABILIDADE Então, focar no processo de produção dos alimentos foi uma necessidade que surgiu pelas próprias características dos alimentos preparados, mas também pelos consumidores cada vez mais exigentes, pelo aparecimento de tecnologias de ponta, pela regulamentação governamental cada vez mais rígida e pelos órgãos de defesa do consumidor mais atuantes. Assim, o controle de qualidade focado na produção e com abordagem preventiva, ou seja, a adoção de medidas que visem evitar possíveis contaminações aos alimentos, torna necessário que, além de seguir todas as regras de boas práticas (que estudamos nas unidades anteriores), esse fato ainda não é o suficiente, pois há a necessidade de registrar esses procedimentos de qualidade. Essa deve ser a realidade de todas as empresas que comercializam alimentos, tais como hotéis, bares, restaurantes, padarias, buffets e cafeterias. Para isso, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 216, de 15 de setembro de 2004, ela- borada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), descreve doze itens e suas respectivas medidas necessárias. São elas: 166 O que é um serviço de alimentação? Segundo a RDC nº 216/2004 da Anvisa, serviço de alimenta- ção é o estabelecimento onde o alimento é manipulado, preparado, armazenado e/ou exposto à venda, podendo ou não ser consumido no local, ou seja, o conceito que abordamos sobre a unidade produtora de refeições (UPR). Ou seja, além de apresentar a descrição das recomendações necessárias para edificação da UPR, regras de higiene pessoal e ambiental, controle da qualidade da água, controle de pragas e manejo de resíduos e as regras nas etapas de preparo dos alimentos, a RDC nº 216/2004 da Anvisa também expressa a necessidade de haver a documentação e o registro. Segundo essa resolução, os serviços de alimentação devem dispor de Manual de Boas Práticas e de Procedimentos Operacionais Padronizados. Além de dispô-los, tais documentos citados devem estar acessíveis aos funcionários envolvidos para que possam ser consultados e devem, ainda, estar disponíveis à autoridade sanitária, quando requerido. A partir de agora, vamos discorrer um pouco mais a fundo sobre cada um desses documentos citados. Iniciaremos pelo Manual de Boas Práticas. A definição do Manual de Boas Práticas apresentado na RDC nº216/2004 já demonstra o quão completo esse documento deve ser: “ Manual de Boas Práticas: documento que descreve as operações realizadas pelo esta- belecimento, incluindo, no mínimo, os requisitos higiênico-sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o controle integrado de vetores e pragas urbanas, a capacitação profissional, o controle da higiene e saúde dos manipuladores, o manejo de resíduos e o controle e garantia de qualidade do alimento preparado (BRASIL, 2004). Caro(a) aluno(a), reforço que o manual de boas práticas é de obrigatoriedade para todas as empresas que manipulam, produzem e comercializam alimentos, sendo que o órgão que fiscaliza e cobra a sua existência é a Vigilância Sanitária, que pode solicitá-lo tanto no momento da liberação da licença sanitária e no registro de produtos quanto para apurar uma denúncia. Assim, o manual de boas práticas consiste em um documento descritivo, que será escrito pelo pro- fissional nutricionista após entendimento das atividades realizadas, ou seja, é necessário se dirigir até o local de produção, vivenciar a realidade das diferentes etapas de manipulação de alimentos realizadas por essa empresa, tirar as dúvidas sobre a rotina operacional da UPR e, apenas depois, passar para a etapa da escrita. A Figura 2 ilustra a sequência para sua elaboração. UNICESUMAR UNIDADE 8 167 Caro(a) aluno(a), uma ferramenta que auxilia na observação dos itens necessários de serem descritos em um manual de boas práticas é a checklist, ou lista de verificação. Pensando nisso, esse podcast foi pre- parado para discorrer sobre isso. Aproveite esse momento e dê o play! Ou seja, após observar a realidade da UPR, desde sua estrutura física, etapas de manipulação dos alimentos, regras de higiene pessoal e uniformes usados, enfim, basicamente todos aqueles doze itens listados na RDC nº216/2004, vamos seguir a elaboração do manual de boas práticas. Descrição da Imagem:a figura representa as etapas da elaboração do manual de boas práticas. São três fotografias, retratando uma sequência de etapas. Na primeira fotografia, há uma pessoa vestida de jaleco, touca e máscara realizando uma observação e anotações em um papel na prancheta, em uma área repleta de equipamentos em aço inoxidável. Na segunda fotografia, há duas pessoas em um ambiente de produção de alimentos discutindo as anotações presentes em um papel, apontando para uma determinada área de uma UPR. Já na última fotografia, há uma pessoa trabalhando em seu notebook, em closenas mãos. Uma delas segura uma caneta, há papel abaixo da caneta, que está sobre a mesa. O fundo da imagem é composto por uma seta indicativa, situada atrás das fotografias. A seta está direcionada horizontalmente para a direita. Figura 2 – Etapas da elaboração do manual de boas práticas. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11630 168 Não existe uma regra sobre a composição de um manual de boas práticas, aluno(a), visto que ele deve abordar todas as etapas, mas estas serão específicas para cada empresa, pois, em uma padaria, os equipamentos existentes são diferentes de um restaurante self service, que, por sua vez, terá a etapa de distribuição de alimentos preparados. A seguir, apresentarei o sumário de um dos manuais de boas práticas que elaborei em um restauran- te comercial tradicional, que trabalha em um pequeno ambiente, culinária simples, focado em servir almoço no dia a dia. É importante ressaltar que o números de fluxos, complexidade do serviço ou cardápio e operações realizadas no serviço impactam diretamente no dimensionamento do manual de boas práticas. Chamo sua atenção, aluno(a), ao primeiro item: o cabeçalho e o rodapé a serem usados em todas as páginas desse documento. Cada item de sua composição é explicado a seguir (Figura 3): Então, como citei anteriormente, esse conteúdo não é uma regra, sendo apenas um exemplo de um manual elaborado para a realidade daquele restaurante, especificamente. Para demonstrar um pouco mais do conteúdo de um manual de boas práticas, apresento aqui o sumário desse mesmo documento. Descrição da Imagem: a Figura apresenta o cabeçalho e rodapé do documento. No cabeçalho, é possível identificar um quadro divi- dido em três colunas. A primeira apresenta uma figura ilustrativa de um cardápio e a identificação “EMPRESA X”, em seguida, há um balão que identifica que aquele campo representa a “Logomarca e identificação da empresa”. Na coluna central, tem-se “MANUAL DE BOAS PRÁTICAS”, representando o “Título do documento”. Em seguida, a última coluna é dividida em três linhas, a primeira apresenta “REVISÃO Nº 0”, a segunda “DATA: 25/11/2022”, e na terceira, “PÁGINA 2 DE 54”. O balão explicativo dessa coluna explica que “- Número da revisão do manual, na 1ª elaboração manter 0, quando for atualizado, seguir a ordem sequencial; - Data da elaboração/revisão; - Nº da respectiva página e o nº total de páginas do documento”. Em seguida, apresenta-se um outro quadro que retrata o rodapé do documento, sendo explicado por “Elaborado por: XXXXX Nutricionista CRN XXXXX”. Nesse item, o balão explicativo descreve “Nome do profissional que elaborou, profissão e identificação profissional”. Figura 3: Cabeçalho e rodapé do manual de boas práticas / Fonte: a autora. UNICESUMAR UNIDADE 8 169 SUMÁRIO 1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA……………………………………………………….. 9 1.1 Razão social.……………………………………………………………………………. 9 1.2 Endereço e horários de funcionamento..…………………………………………… 9 1.3 Lista de produtos fabricados/produzidos.……………………………………………. 9 1.4 Documentação (alvará de localização, licença sanitária etc.)…………………… 10 2 RECURSOS HUMANOS..………………………………………………………………. 11 2.1 Procedimentos na admissão dos colaboradores.………………………………….. 11 2.2 Métodos utilizados para treinamento e capacitação dos colaboradores………… 11 2.3 Procedimentos para avaliação médica……………………………………………… 11 2.4 Procedimentos para uso de uniformes e EPIs.……………………………………... 12 3 CONDIÇÕES AMBIENTAIS……………………………………………………………... 13 3.1 Internas.…………………………………………………………………………………. 13 3.2 Externas…………………………………………………………………………………. 13 4 INSTALAÇÕES, EDIFICAÇÕES E SANEAMENTO.………………………………….. 14 4.1 Tipos de construção e material empregado em cada setor.……………………..… 14 4.2 Sistemas de ventilação e exaustão.…………………………………………………... 15 4.3 Abastecimentos de água e saneamento.……………………………………………... 15 4.4 Sistemas elétricos e de iluminação.……………………………………………………. 16 4.5 Manejo de resíduos………………………………………………………………………. 16 4.6 Divisão das áreas…………………………………………………………………………. 17 4.7 Planta baixa………………………………………………………………………………... 17 5 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS, UTENSÍLIOS E MÓVEIS EXISTENTES NAS ÁREAS DE MANI- PULAÇÃO.……………………………………………………………………………….. 19 6 HIGIENIZAÇÃO..…………………………………………………………………………….. 21 6.1 Produtos químicos e respectivas diluições.……………………………………………. 21 6.1.1 Insumos utilizados para higiene ambiental e respectivas higienizações….……... 21 6.2 Higiene das instalações, equipamentos, utensílios e móveis………………………. 22 7 CONTROLE DE PRAGAS.………………………………………………………………... 33 7.1 Controle preventivo.……………………………………………………………………... 33 7.2 Controle químico.………………………………………………………………………... 33 8 RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE MATÉRIAS PRIMAS, IDENTIFICAÇÃO DOS PRO- DUTOS E TEMPERATURA DE EQUIPAMENTOS.………………………………... 34 8.1 Análise de compras e fornecedores.…………………………………………………. 34 8.2 Procedimento adotado no recebimento de matérias-primas………………………. 34 8.3 Inspeção no recebimento de carnes, massas, embutidos, vísceras, leites e deriva- dos……………………………………………………………………………………… 35 8.4 Armazenamento de estocáveis…………………………………………………………. 37 8.5 Armazenamento de gêneros perecíveis………………………………………………. 38 8.6 Tempo de armazenamento de produtos.………………………………………………. 38 8.7 Temperatura dos equipamentos.………………………………………………………… 41 170 9 PRODUÇÃO………………………………………………………...................................... 42 9.1 Fluxograma de produção…………………………………………………………………. 42 9.2 Pré-preparo dos alimentos………………………………………………………………... 42 9.2.1 Pré-preparo de alimentos perecíveis………………………..………………………... 43 9.2.1.1 Descongelamento de carnes…………………………………………………………. 43 9.2.2 Sanitização de hortifruti…………………………………………………………………. 44 9.2.3 Ovos.……………………………………………………………………………………… 44 9.2.4 Pré-preparo de leguminosas e cereais.…………………………………………….. 44 9.3 Preparo de alimentos.……………………………………………………………………. 44 9.3.1 Carnes cozidas ou assadas.…………………………………………………………. 45 9.3.2 Hortifruti, cereais e leguminosas.………………………………..……………….. 45 9.3.3 Embutidos.…………………………………………………………………………… 45 9.3.4 Leite.………………………………………………………………………………….. 45 9.3.5 Ovos.………………………………………………………………………………….. 45 9.4 Cadeia de resfriamento.…………………………………………………………….... 46 9.4.1 Refrigeração de alimentos sem cocção..…………………………………………. 46 9.5 Reaquecimento.……………………………………………………………………….. 46 9.6 Distribuição de alimentos preparados.……………………………………………… 46 10 ETIQUETAGEM E IDENTIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS.…………………………. 49 11 MANUTENÇÃO E CALIBRAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO……….50 12 CONTROLE DE QUALIDADE.............................................................................. 51 Caro(a) aluno(a), você conseguiu perceber o quanto devemos descrever de maneira minuciosa as operações em um manual de boas práticas? Costumo brincar que a ideia de um manual de boas práticas é ser tão detalhado que uma pessoa que tem acesso a ele deve conseguir reproduzir a empresa exatamente igual. Veja, aluno(a), que o manual descreve todas as operações, desde os aspectos físicos das áreas até os aspectos operacionais. Inclusive, esse documento é personalizado, ou seja, como profissionais, preci- samos elaborá-lo, especificamente, para a empresa em questão. Além disso, é importante ressaltar que um manual de boas práticas não é meramente uma descrição de etapas, pois ao se deparar com uma situação inadequada, por exemplo, o profissional deve corrigir a situação, para depois descrever a operação. Por isso, devemos entender que o papel do nutricionista é ELABORAR e IMPLANTAR o manual de boas práticas. Germano e Germano (2019) orientam que, em muitos casos, é necessário que o estabelecimento adapte suas instalações ao porte da atividade exercida, realize manutenção dos equipamentos ou substitua-os, reveja o fluxo de trabalho e providencie treinamento dos manipuladores de alimentos, pois somente após adequação será possível instituir o Manual de Boas Práticas. UNICESUMAR UNIDADE 8 171 Resumidamente, aluno(a), veja alguns pontos importantes sobre o Manual de Boas Práticas: Agora, vamos abordar outro documento exigido: a elaboração dos ProcedimentosOperacionais Padronizados, ou Procedimentos Operacionais Padrões, conhecidos pela sigla POP. • Descreve todas as operações realizadas pela empresa, incluindo aspectos físicos e operacionais. • Além da elaboração, esse trabalho deve contemplar a implementação das boas práticas. Por isso, não se deve descrever uma operação que não está sendo realizada da maneira adequada. • Deve estar disponível para os colaboradores consultarem para realizar nova ope- ração. • Pode ser requerido pelas autoridades sanitárias durante visitas de fiscalização. • Deve ser atualizado sempre que necessário, por exemplo, na mudança de deter- minada operação. • Não usar tempo verbal futuro, visto que é uma descrição do real e atual. 172 Segundo a RDC nº 216/2004 da Anvisa, o POP consiste em um procedimento escrito, de forma objetiva, que tem como objetivo estabelecer instruções sequenciais para a realização de determinada operação, rotineira e específica, na manipulação de alimentos. Ao iniciar a escrita dos POP, o profissional deve utilizar uma linguagem apropriada, direta e de fácil entendimento, pois como são documentos que descrevem as operações realizadas de forma cotidiana, a ideia é que qualquer pessoa possa ler o procedimento e entender e realizar exatamente da forma como é descrito. Segundo essa mesma resolução, o POP deve conter, além das instruções sequenciais da referida operação, a frequência de execução dessa atividade, especificando o nome, o cargo e/ou a função dos responsáveis pelas atividades, devendo, ainda, ser aprovados, datados e assinados pelo responsável do estabelecimento. Eu, particularmente, não costumo colocar nome nos POPs, prefiro especificar cargo ou função, pois, assim, qualquer colaborador que venha a atuar naquela função entende que será responsável por determinada atividade. Então, aluno(a), a mesma ideia do cabeçalho e do rodapé usado no manual de boas práticas pode ser usada na elaboração dos POPs, especificando no rodapé o nome do responsável pela aprovação. Além disso, a RDC 275, de 21 de outubro de 2002 da Anvisa, também regulamenta os Procedimentos Operacionais Padronizados, com foco nos estabelecimentos que fabricam/industrializam alimentos. Os POPs do estabelecimento que manipula alimentos não precisam constituir um documento individual e isolado, visto que eles podem fazer parte de um anexo do Manual de Boas Práticas, visto que este também deve estar disponível aos colaboradores e às autoridades sanitárias. Além disso, tais documentos devem ser mantidos atualizados. A Associação Brasileira das Empresas de Alimentação Coletiva (Aberc) apresenta algumas orien- tações sobre o conteúdo a ser abordado em cada POP, descritas no quadro a seguir: Item O que descrever Objetivo Para que fazer esse POP? Que importância tem para o controle higiênico-sa- nitário dos alimentos? Campo de aplicação Onde se aplica na empresa? Definição Termos usados e suas definições. Documentação Legislação (Federal, Estadual ou Municipal) e referências técnicas. Responsabilidade Quem é o responsável pela elaboração e monitoramento do POP? Descritivo Descrever a técnica simplificada, relativa às boas práticas do POP em questão, como higienizar as mãos e utensílios, ou seja, a descrição simplificada da ação, contemplando todo conteúdo, como materiais e EPIs necessários e passo a passo. Monitoramento Especificar como monitorar os pontos importantes do controle de cada descrito técnico do POP. UNICESUMAR UNIDADE 8 173 - Natureza da superfície a ser higienizada: nesse caso, elaboramos os POPs para cada superfície em específico, por exemplo, deverá ser especificado qual é o tipo de material da bancada, qual o tipo de material do liquidificador, qual o tipo de material empregado no piso, dentre outros. - Método de higienização: se é a higienização manual, pulverizada etc. - Princípio ativo selecionado e sua concentração: para cada superfície em específico, deve-se descrever qual o produto químico a ser usado, por exemplo, se deverá ser usado hipoclorito de sódio ou álcool 70% na desinfecção do liquidificador. Em empresas maiores, é comum a utilização de produtos químicos concentrados, sendo que, para a utilização, deve ser feita a diluição, item a ser especificado no POP. - Tempo de contato dos agentes químicos e/ou físicos utilizados na operação de higieni- zação, temperatura e outras informações que se fizerem necessárias para a operação ser realizada de maneira completa. Vale lembrar que a higienização é uma sequência de etapas, que consiste na limpeza e na desinfecção. Item O que descrever Registro Registro das observações ou avaliações que será realizado em planilhas, laudos ou outros documentos ou registros Ação corretiva Plano de ação para correção dos pontos de controle em não conformidade, observados no monitoramento. Verificação Avaliação dos registros de monitoramento realizados pelos responsáveis do estabelecimento. Quadro 1 – Descrição do conteúdo que pode ser incluído em um POP / Fonte: adaptado de Aberc (2015). A RDC 216/2004 também especifica quais POPs devem, obrigatoriamente, ser elaborados e implantados nos serviços de alimentação (ou seja, restaurantes, lanchonetes, padarias, bares etc.): “ Os serviços de alimentação devem implementar Procedimentos Operacionais Padroni- zados relacionados aos seguintes itens: a) Higienização de instalações, equipamentos e móveis; b) Controle integrado de vetores e pragas urbanas; c) Higienização do reservatório; d) Higiene e saúde dos manipuladores (BRASIL, 2004, s.p.). Vamos abordar cada um desses POPs conforme o que a própria resolução apresenta como exigência de sua composição, começando pelos POPs de Higienização de instalações, equipamentos e móveis. Os POPs referentes às operações de higienização ambiental, ou seja, a higienização de instalações, equipamentos e móveis, é essencial, visto a importância que estes possuem para a qualidade dos ali- mentos manipulados pela empresa. Esses documentos devem conter as seguintes informações: Quando aplicável, ainda, os POPs devem contemplar a operação de desmonte dos equipamentos, então, geralmente, iniciamos um POP de higienização de equipamentos, identificando o que deve 174 ser desligado da fonte de alimentação/energética e seu desmonte. E finalizamos o documento so- licitando seu remonte. Chamo a sua atenção para o fato de que também é importante descrever no POP os equipamentos de proteção individual (EPIs) que são necessários para executar aquela determinada operação, pois precisamos entender que o principal objetivo de um POP é padronizar e orientar quanto a execução de determinada tarefa. Em outras palavras, um funcionário treinado realiza o procedimento de acordo com as etapas descritas no POP. Veja, aluno(a), que o manual descreve todas as operações, desde os aspectos físicos das áreas até os aspectos operacionais. Inclusive, esse documento é personalizado, ou seja, como profissionais, preci- samos elaborá-lo, especificamente, para a empresa em questão. O POP de controle integrado de vetores e pragas urbanas tem como objetivo abordar o controle de vetores tais como ratos, baratas, moscas e formigas. Nesse POP, devem estar descritas as medidas adotadas para evitar pragas no estabelecimento, bem como as medidas que se destinam a corrigir qualquer tipo de infestação. Para ilustrar um passo a passo de higienização de equipamento, preparei um vídeo especial. Aproveite esse momento para aprofundar o conhe- cimento na elaboração desse tipo de POP. Acesse o QR Code e assista! UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/15679 Descrição da Imagem: a imagem representa um modelo usado para controle químico de pragas. São apresentadas informações do CERTIFICADO de CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS URBANAS, SERVIÇOS PROFISSIONAIS – DESINSETIZAÇÃO. O certificado apresenta um quadro com informações “certificados para os devidos fins que a empresa contratada (razão social e CNPJ) executou nessa unidade, os serviçosabaixo relacionados, com produtos licenciados pela divisão nacional de vigilância e saneante domissanitários, conforme especificação”, seguido de um campo para preencher dados da empresa contratante, seu endereço, cidade, CNPJ e inscrição estadual. Em seguida, são apresentados “grupos químicos, nome comum, antídoto e seu respectivo registro no Ministério da Saúde”. Por fim, descreve-se a data do serviço e o vencimento do certificado. No documento são, ainda, apresentados os dados do profissional res- ponsável e sua assinatura. Figura 4 - Modelo de laudo de controle químico de pragas / Fonte: a autora. UNIDADE 8 175 Este POP deve contemplar as medidas preventivas (que visam evitar a presença de pragas) e correti- vas (para corrigir, no caso de aparecimento) destinadas a impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou a proliferação de vetores e pragas urbanas. No caso de a empresa adotar o controle químico, como a dedetização ou a desratização, é necessário apresentar um comprovante de execução de serviço fornecido pela empresa especializada contrata- da, contendo as informações estabelecidas em legislação sanitária específica. Dentre as informações necessárias, está o tipo de agente químico usado no processo. A seguir, apresenta-se um modelo do laudo de controle químico de pragas. Além disso, é importante solicitar a cópia dos documentos sanitários e legais dessa empresa terceiri- zada e especializada no controle de pragas, visando maior controle de qualidade. Esses documentos devem ser anexados ao laudo. 176 O próximo POP é o de higienização do re- servatório de água, ou seja, a higienização da caixa d´água. No caso de indústrias e grandes em- presas de manipulação de alimentos, que utilizam grande volume de água, geralmente, são instala- dos poços artesianos para a captação da água (o que será descrito em POP específico quando for o caso). No caso dos pequenos estabelecimentos que utilizam a água da rede pública de distribui- ção, a água tem a qualidade atestada pela própria rede de abastecimento. Basta então, garantir o seu armazenamento seguro nas caixas d´água. Com base na resolução RDC 216/2004, os POPs referentes à higienização do reservatório devem especificar as informações constantes nos POPs de higienização de instalações, equipamentos e móveis, mesmo quando realizada por empresa terceirizada e, nesse caso, deve ser apresentado o certificado de execução do serviço. Ou seja, para garantir que a água de qualidade fornecida pelas empresas de fornecimento públi- co continue com qualidade durante o armazena- mento, o POP irá garantir a higienização correta dos reservatórios de água, por isso, deve conter informações como a forma de higienização, os produtos químicos e o método utilizados. Na análise de potabilidade de água, também é necessário o laudo, e seu POP deve contemplar os locais de coleta das amostras, a frequência de sua execução, as determinações analíticas, a metodo- logia aplicada e os responsáveis. Nos casos em que as determinações analíticas e/ou a higienização do reservatório forem realizadas por empresas terceirizadas, o estabelecimento deve apresentar, para o primeiro caso, o laudo de análise e, para o segundo, o certificado de execução do serviço (BRASIL, 2002). Para finalizar os POPs exigidos na RDC 216/2004, vamos abordar os requisitos para o POP de higiene e saúde dos manipuladores. A resolução citada especifica vários requisitos para esse POP, sendo eles: UNICESUMAR UNIDADE 8 177 • Etapas, frequência e princípios ativos usados na lavagem e antissepsia das mãos dos manipuladores: deve-se especificar o tipo de sabonete e tipo de antisséptico utilizado (como álcool 70% em gel). • Medidas adotadas nos casos em que os manipuladores apresentem lesão nas mãos ou antebraços, bem como sintomas de enfermidade ou suspeita de problema de saúde que possa vir a comprometer a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos por eles manipulados. • Especificar os exames aos quais os manipuladores de alimentos são submetidos, bem como a periodicidade de sua execução. Geralmente, são exames admissionais, de rotina (anuais) e demissionais, que podem ser de caráter clínico ou laboratorial, como parasitológico de fezes, micose nas unhas, dentre outros. • O programa de capacitação dos manipuladores em higiene deve ser descrito, sendo determinada a carga horária, o conteúdo programático e a frequência de sua realiza- ção, mantendo-se em arquivo os registros da participação nominal dos funcionários. O curso de manipulação de alimentos é obrigatório em diversos municípios brasileiros, sendo regula- mentados em legislações municipais. Consulte a vigilância sanitária de seu município para obter mais informações sobre tal obrigatoriedade. Para compreender um pouco mais a estrutura de um POP, vamos ver um exemplo de um POP apresentado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) do Hospital das Clínicas UFG. Logomarca da empresa Procedimento operacional padronizado (POP) Higienização das mãos REVISÃO Nº 0 DATA: 25/11/2022 PÁGINA 1 DE 3 Elaborado por: Validado por: EXECUTANTE: Todos os funcionários da Unidade de Nutrição Clínica ÁREA: Unidade de Nutrição Clínica OBJETIVO: Padronizar os procedimentos para higienização e antissepsia das mãos Frequência: - Ao iniciar o trabalho. - A cada troca de atividade. - Quando interromper a manipulação. - Após usar o sanitário. - Após tossir, espirrar, assoar o nariz e passar as mãos pelo corpo. - Após atender ao telefone/celular. 178 Materiais necessários: 1. Sabonete líquido, neutro e inodoro. 2. Papel toalha descartável não reciclado. 3. Álcool 70% UNICESUMAR UNIDADE 8 179 Quadro 2 - Modelo de POP de higienização das mãos / Fonte: adaptado de Ebserh (2017) Descrição da imagem: no quadro apresentado, há uma instrução ilustrativa sobre a sequência de higienização das mãos, dividida entre limpeza e desinfecção. Um quadro que descreve o passo a passo de limpeza das mãos de maneira ilustrada, inicialmente, demonstra o processo de limpeza com sabonete líquido. Esse processo compreende 11 ilustrações: 1- Uma pessoa colocando suas mãos em água corrente da torneira do lavatório; 2- Aplicação na palma da mão do sabonete líqui- do disponível em um dispenser ou suporte de sabonete líquido; 3- Ensaboamento da palma das mãos em movimentos rotatórios, friccionando as entre si; 4- Ensaboamento do dorso das mãos entrelaçando os dedos; 5- Entrelaçamento dos dedos no sentido palma com palma das mãos; 6- Articulações do dorso das mãos sendo esfregadas na palma da outra mão; 7- Fricção do polegar em movimentos rotativos; 8- Unhas sendo esfregadas na palma da mão; 9- É demonstrado o processo de enxágue das mãos com a palma direcionada para a água corrente da torneira; 10- Mãos sendo secas com papel toalha; 11- Com o papel toalha apoiado na torneira para fechá-la; 12- Desenho que demonstra que as mãos estão limpas. 180 Posteriormente, há um outro quadro que descreve o processo com a utilização de álcool gel 70%. A primeira ilustração demonstra o álcool sendo dispensado nas mãos, seguido do esfregaço da palma das mãos em movimentos rotatórios, friccionando entre si. Os passos seguintes ilustram as etapas: fricção do dorso das mãos entrelaçando os dedos e fricção da palma das mas com os dedos entrelaçados. As próximas ilustrações consistem em: esfregaço das articulações do dorso das mãos; dos polegares; e unhas. Por fim, há uma ilustração que demonstra que as mãos estão limpas. Aluno(a), anteriormente, foi mencionado que a RDC 275/2002 também regulamenta os POPs. Nessa resolução, é especificado que os estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos devem desenvolver, implementar e manter, para cada item relacionado a seguir, Procedimentos Operacionais Padronizados – POPs: a) Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios. b) Controle da potabilidade da água. c) Higiene e saúde dos manipuladores. d) Manejo dos resíduos. e) Manutençãopreventiva e calibração de equipamentos. f) Controle integrado de vetores e pragas urbanas. g) Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens. h) Programa de recolhimento de alimentos. Veja que, além dos quatro POPs necessários em serviços de alimentação que são descritos na RDC 216, no caso de empresas industrializadoras de alimentos, são descritos mais quatro POPs: manejo dos resíduos, manutenção preventiva e calibração de equipamentos, seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens e programa de recolhimento de alimentos. Há uma pequena diferença nos títulos especificados pelas resoluções, por exemplo: “higienização de instalações, equipamentos e móveis” ou “higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios”, mas, de maneira geral, esses POPs abordam o mesmo conteúdo. Portanto, considera-se a mesma exigência nas duas resoluções. O Quadro 3, a seguir, sintetiza os requisitos que devem ser contemplados nesses quatro outros POPs: POP Requisitos Manejo dos resíduos Os POPs devem estabelecer a frequência e o responsável pelo manejo dos resíduos. Os procedimentos de higienização dos coletores de resíduos e da área de armazenamento devem ser discriminados atendendo, no mínimo, aos tópicos especificados para os POPs de higienização de equipamentos, móveis e utensílios. UNICESUMAR UNIDADE 8 181 POP Requisitos Manutenção preventiva e cali- bração de equipamentos Devem ser apresentados os POPs relativos à calibração dos instrumen- tos e equipamentos de medição ou o comprovante da execução do serviço quando a calibração for realizada por empresas terceirizadas. Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens O POP deve especificar os critérios utilizados para a seleção e rece- bimento da matéria-prima, embalagens e ingredientes, e, quando aplicável, o tempo de quarentena necessário. Esses procedimentos devem, ainda, prever o destino dado às matérias- -primas, embalagens e ingredientes reprovados no controle efetuado. Programa de recolhimento de alimentos O programa de recolhimento de produtos deve ser documentado na forma de POP, estabelecendo-se as situações de adoção do programa, os procedimentos a serem seguidos para o rápido e efetivo recolhi- mento do produto, a forma de segregação dos produtos recolhidos e seu destino, além dos responsáveis pela atividade. Quadro 3 - Descrição dos demais POPs exigidos pela RDC 275/2002 / Fonte: adaptado de Brasil (2002). Assim, aluno(a), para garantir a qualidade propiciada pelos POPS, sua implementação deve ser moni- torada periodicamente, visando garantir a finalidade pretendida, sendo adotadas medidas corretivas em casos de desvios desses procedimentos. Dentre essas medidas, é possível citar: o destino do produto, a restauração das condições sanitárias e a reavaliação dos POPs. Além disso, deve-se prever registros periódicos suficientes para documentar sua execução. Tais registros consistem em anotação em planilhas e/ou documentos. Os POPs devem ser avaliados regularmente, realizando os ajustes necessários para sua efetivida- de, pois estes devem ser revistos em caso de modificação que implique em alterações nas operações documentadas. Portanto, voltando à atividade proposta no início da unidade, por exemplo, ao realizar o processo de higienização de hortifruti, se você esqueceu de alguma etapa, é recomendado corrigir o procedimento descrito para possibilitar sua efetividade. Assim, aluno(a), perceba que tanto o manual de boas práticas como o POP têm como objetivo pa- dronizar as operações, para que possam ser realizadas por diferentes pessoas, em momentos diferentes, de forma segura e eficaz. Então, esses documentos também atuam no treinamento da equipe, tornan- do-se uma importante ferramenta para o trabalho do nutricionista que atua no controle de qualidade. Chegamos ao fim da unidade, entendendo que todas as empresas e pessoas que produzem alimentos e realizam suas atividades com qualidade precisam de um procedimento. No setor de produção de alimentos, esses procedimentos são descritos nos POPs e no manual de boas práticas. Para isso, todos os manipuladores devem conhecer, entender e aplicar tais documentos, que devem estar disponíveis para que sejam consultados. 182 Para encerrar o estudo sobre a elaboração do manual de boas práticas e dos procedimentos oper- acionais padronizados (POPs), que tal elaborar um mapa mental? Vamos descrever o conteúdo que deve ser contemplado em um POP de higienização de um equipamento? Escolhi fazer do liquidificador, visto que é um equipamento comumente utilizado no dia a dia. Complete o mapa inicial, incluindo os demais itens que devem ser contemplados nesse tipo de POP conforme a RDC 216/2004. HIGIENIZAÇÃO DO LIQUIDIFICADOR Frequência Responsáveis pelo procedimento Produtos necessários Após o uso e sempre que necessário 183 1. Os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) são um conjunto de processos e etapas que garantem a qualidade esperada para um alimento. Tais tarefas podem resultar na quali- dade percebida pelo cliente final. Considerando que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina, na resolução RDC número 216/2004, que os serviços de alimentação devem dispor e implantar os POPs, assinale a alternativa correta: a) Os funcionários devem estar devidamente capacitados para execução dos POPs. b) Os POPs devem estar guardados, limpos e em bom estado de conservação, pois podem ser requeridos pelas autoridades sanitárias, devendo imediatamente ser apresentados. c) Os POPs não são arquivos isolados, pois, obrigatoriamente, são apresentados como anexo do Manual de Boas Práticas. d) Os POPs devem ser aprovados, datados e assinados no momento da elaboração inicial, por isso, não podem sofrer modificação posterior. e) Cada POP é um arquivo único, que dispensa a necessidade de comprovar sua efetividade com planilha, laudos ou documentos. 2. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por meio da Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Nessa resolução, são listados oito POPs obrigatórios: I) Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios. II) Controle da potabilidade da água. III) Higiene e saúde dos manipuladores. IV) Manejo dos resíduos. V) Manutenção preventiva e calibração de equipamentos. VI) Controle integrado de vetores e pragas urbanas. VII) Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens. VIII) Programa de recolhimento de alimentos. Além dessa, a resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, também determina a elabo- ração e implantação dos POPs. Considerando que você seja nutricionista de um restaurante, para atender ao estipulado pela legislação própria desse tipo de serviço, você deveria elaborar, no mínimo, quais dos POPs listados? a) Todos os POPs listados. b) Os POPs de I a IV. c) Os POPS I, II, III e VI. d) Os POPs I, II, III, IV e V. e) Apenas o POP VII, visto que não é uma indústria de alimentos. 184 3. A RDC 275/2002 define Manual de Boas Práticas de Fabricação como um documento que descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o controle integrado de vetores e pragas urbanas, controle da higiene e saúde dos manipuladores e o controle e garantia de qualidade do produto. Considerando o que foi estudado acerca do manual de boas práticas, assinale a alternativa correta: a) Deve-se descrever o ideal, por isso, ao receber os ovos, a descrição deve estar listada exata- mente da seguinte forma: “deverão ser observadas características como integridade da casca, presença de sujidades e data de validade”. b) O manual de boas práticasdeve estar disponível para consulta na cozinha. c) Após sua elaboração, o proprietário da empresa deve ter o compromisso de adequar a cozinha ao que for descrito no material. d) O nutricionista pode elaborar o manual de boas práticas de empresas que não conhece, visto que as etapas são descritas em regulamentações nacionais. e) O manual de boas práticas descreve apenas aspectos operacionais, ou seja, das etapas de manipulação de alimentos. 9 Caro(a) aluno(a), chegamos a mais uma unidade do material de controle de qualidade de alimentos e, neste momento, abordaremos um ponto-chave para toda a cadeia produtiva dos alimentos: as análises de alimentos e ferramentas que podem ser utilizadas como verificação de sua qualidade, principalmente no caso de doenças transmitidas por sua ingestão. Espero que você esteja animado(a)! Aproveito também para desejar bons estudos! Verificação da Qualidade dos Alimentos e Investigação de Doenças Transmitidas por Alimentos Me. Thanise Pitelli de Nigro 186 Caro(a) aluno(a), você já tentou estimar a quantidade de clientes que entram em contato com os estabe- lecimentos para alegar algum tipo de injúria sobre os alimentos consumidos? Seja por um fio de cabelo ou até mesmo o desconforto após o consumo da refeição, essas acusações ocorrem frequentemente. Então surge a dúvida, será mesmo possível que apenas um único cliente comeu no estabelecimento e passou mal? E os outros 300 clientes, que consumiram a mesma comida, no mesmo dia e no mesmo estabelecimento, por que não passaram mal? Com o aumento do número de refeições realizadas fora do lar, no Brasil e no mundo, crescem também as alegações que inferem pontos negativos quanto à qualidade dos alimentos consumidos. O Ministério da Saúde (2022) afirma que a ocorrência de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) vem aumentando de modo significativo em nível mundial desde a última década. É possível citar vários fatores que contribuem para a emergência dessas doenças, como o crescente aumento populacional e o processo de urbanização desordenado, a existência de grupos populacionais vulneráveis ou mais expostos e a necessidade de produção de alimentos em larga escala. Além disso, grande parte dos estabelecimentos atendem a públicos diversos, incluindo crianças, idosos, gestantes ou até mesmo imunocomprometidos (principalmente no pós-covid). A somatória desses fatores possibilita que apenas um único cliente passe mal no caso de um alimento contaminado. Mas, logicamente, a empresa também precisa adotar mecanismos de defesa para os casos de denúncia, visto que é conhecido que grande parte dos casos de doenças transmitidas por alimentos ocorre em nível residencial. Então, aluno(a), como nutricionista de uma empresa, quais ferramentas você adotaria para ter ar- gumentos de defesa no caso das frequentes denúncias? Reflita sobre isso e coloque no diário de bordo quais ferramentas estudadas até o momento podem contribuir para a defesa do estabelecimento, como as planilhas de controle. Inicialmente, pensamos: vamos convidar o cliente para conhecer a cozinha e constatar como a higiene é mantida. Mas isso não basta. É necessário ter contraprovas suficientes, também, para apresentar aos órgãos fiscalizadores, como a própria vigilância sanitária do município, que irá se dirigir à empresa no caso das denúncias. As próprias planilhas de controle citadas anteriormente, além de serem importan- tes para o controle de qualidade preventivo de alimentos, também podem ser utilizadas como defesa. UNICESUMAR UNIDADE 9 187 Para iniciar o estudo sobre as ferramentas que podem ser utilizadas para verificação da qualidade dos alimentos, principalmente frente às denúncias, precisamos compreender a sequência desse processo de denúncias dos contaminantes de alimentos. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2022, on-line), os contaminantes podem ser identificados como os agentes biológicos, físicos ou químicos que são introduzidos no alimento de forma não intencional e que podem trazer riscos à saúde da população. Eles podem ser introduzidos no alimento ao longo de toda a cadeia produtiva e podem estar associados a vários fatores, como: • Questões ambientais, como a presença de poluentes no ar, no solo e na água. • Características da matéria-prima alimentar, como a presença natural de micror- ganismos ou substâncias tóxicas em vegetais e animais. • Tecnologias e insumos usados na produção, que podem alterar substâncias pre- sentes nos alimentos em formas com potencial tóxico ou transferir compostos com este potencial. 188 O conhecimento sobre os contaminantes é importante devido à multiplicidade de agentes causais, o que resulta em um número significativo de possibilidades para a ocorrência de enfermidades rela- cionadas à ingestão de alimentos, que se apresentam de forma crônica ou aguda, caracterizando um surto ou um caso isolado, com distribuição localizada ou disseminada e com formas clínicas diversas. Assim, o controle sanitário dos alimentos é parte essencial para evitar que os contaminantes possam oferecer riscos à saúde da população. O controle sanitário abrange, portanto, o conjunto de medidas regulatórias visando eliminar, reduzir ou evitar riscos que são associados ao consumo de alimentos, ou seja, basicamente, o objetivo é garantir a adoção de práticas comerciais leais e escolhas corretas e conscientes por parte dos consumidores de alimentos. Por isso, a atuação dos órgãos de controle está amparada em padrões e procedimentos legais, e envolve tanto os produtos acabados como os insumos e processos usados na sua produção de alimentos e bebidas, compreendendo todas as fases do processo, desde o campo até a entrega do produto ao consumidor. O foco é evitar e/ou diminuir a incidência das doenças transmitidas por alimentos (DTAs). Segundo o Ministério da Saúde (2022), o termo “doença transmitida por alimento” é um termo genérico, aplicado a uma síndrome geralmente constituída de anorexia, náuseas, vômitos e/ou diarreia, acompanhada ou não de febre, atribuída à ingestão de alimentos ou água contaminados. Ressalta-se que os sintomas digestivos não são as únicas manifestações das DTAs, visto que podem ocorrer afecções extraintestinais, em diferentes órgãos e sistemas, como: meninges, rins, fígado, sistema nervoso central, terminações nervosas periféricas e outros, de acordo com o agente envolvido. O perfil epidemiológico das DTAs ainda não é totalmente esclarecido, e dois principais fatores interferem: o primeiro deles ocorre porque muitos indivíduos com DTAs não buscam atendimento médico, principalmente nos casos de sintomas leves. Além disso, apenas alguns estados e/ou municípios dispõem de estatísticas e dados mais detalhados sobre as DTAs, contemplando informações sobre os agentes etiológicos mais comuns, alimentos mais frequentemente implicados, população de maior risco e fatores contribuintes. O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica vigente no Brasil objetiva a notificação de casos de DTA de notificação compulsória, bem como de surtos de qualquer etiologia. Segundo o Ministério da Saúde (2022), entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam conhecer, detectar ou prevenir qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes à saúde individual ou coletiva, visando recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de tais doenças ou agravos. Dessa forma, a Vigilância das DTA está dirigida para a notificação e investigação de surtos. Nesses casos, aciona-se três vertentes da vigilância (ABERC, 2015): UNICESUMAR UNIDADE 9 189 Vale ressaltar que a vigilância compreende o ato de vigiar. No Brasil, existem os órgãos responsáveis por essa ação, denominados pelo seu escopo de ação. Por exemplo, o órgão responsável por vigiar e intervir em situações que possam oferecer riscos à saúde (ou seja, a ação de vigilância sanitária) é a Vigilância Sanitária propriamente dita, sendo estruturadae organizada nas três esferas de governo (nacional, estadual e municipal). Na investigação do surto, serão desenvolvidas atividades nos diferentes escopos de atuação dos órgãos responsáveis pela vigilância, que podem ser relacionadas aos comensais, definição de caso, coleta de amostras clínicas, inspeção sanitária e coleta de amostras bromatológicas e toxicológicas, que são detalhadas no Quadro 1. Ponto de investigação Atividade a ser desempenhada Comensais São as pessoas que participaram da mesma refeição. Como, na maio- ria das vezes, os manipuladores de alimentos também são comensais nos surtos, é importante que sejam tratados como tais. Os comensais também podem ser detectados por meio de contatos com hospitais, prontos-socorros, centros de informações toxicológicas, responsáveis pelos estabelecimentos que manipulam alimentos. Definição de caso Para investigar uma DTA, o elemento essencial é a definição de caso. Seu foco é estabelecer critérios suficientes e necessários para decidir se um doente pertence ou não ao surto. Para isso, logo no início da investigação, é necessária a compreensão das características do caso, como lugar, tempo, quadro clínico e período de incubação. • Vigilância da saúde: modelo assistencial voltado para superação da dicotomia entre as práticas coletivas e individuais, visando a incorporação das contribuições do planejamento urbano, epidemiologia, administração estratégica e ciências sociais, tendo como suporte político-institucional o processo de descentralização e reorga- nização dos serviços e das práticas de saúde em nível local. • Vigilância sanitária: conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse à saúde, abrangendo o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, rela- cionam-se com a saúde, sendo compreendidas todas as etapas do processo de produção, até o consumo, bem como o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente à saúde. • Vigilância epidemiológica: conjunto de ações que proporcionam o conheci- mento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. 190 Ponto de investigação Atividade a ser desempenhada Coleta de amostras clínicas A coleta de amostras clínicas será realizada a partir de amostras de secreção de fossas nasais e/ou orofaringe, vômito, fezes e sangue, por exemplo, de acordo com os procedimentos padronizados para possibilitar o isolamento do agente etiológico, o mais precocemente possível (preferencialmente antes do tratamento específico). Devem, ainda, ser coletadas as amostras clínicas de todos os manipuladores usuais e eventuais, tais como proprietários, gerentes e outros envolvidos na manipulação e/ou produção do(s) alimentos(s) relacionado(s) com o surto e da água usada para preparo ou ingerida. Inspeção sanitária Essa etapa é o procedimento da fiscalização efetuada pela autoridade sanitária, visto que a partir da suspeita de ocorrência de um surto de DTA, a equipe de vigilância sanitária deve promover inspeções nas di- versas etapas da cadeia alimentar visando identificar os fatores de risco aos quais o alimento foi exposto, apontar pontos críticos e avaliar as boas práticas de manipulação de alimentos, visando a sua reorientação. A vistoria é baseada na verificação do cumprimento dos procedimentos em conformidade com a legislação sanitária, objetivando a prevenção de agravos à saúde do consumidor no que se refere às questões sanitárias. Coleta de amostras broma- tológicas e toxicológicas Para a elucidação de surtos de DTA, é importante coletar amostras de alimentos e água para verificação de padrões físico-químico e bacterioló- gico. A prioridade é a coleta do alimento que foi efetivamente consumido pelos afetados, sendo significativa em qualquer quantidade, já que não se constitui em amostra com fins de análise fiscal e o estabelecimento de quantidade mínima passa a ser relativo. Na impossibilidade de se coletar uma determinada de alimentos existem duas outras alternativas: 1) coletar algum(ns) produto(s) ou matéria-pri- ma envolvido(s) no preparo do alimento(s); 2) examinar utensílios (ex.: panela, concha, colher etc.) utilizados no preparo dos alimentos, caso não tenham sido lavados. Quadro 1 – Atividades de campo das equipes de vigilância para investigação de um surto de doença transmitida por alimentos (DTA) / Fonte: Brasil, [2022]). Caro(a) aluno(a), veja que as atividades de campo compreendem uma sequência de atividades com ação imediata à notificação e é caracterizada pelo deslocamento de uma equipe ao(s) local(is) onde se encontram os comensais que foram expostos (doentes e não doentes). Para obter as informações Para aprofundar seus estudos sobre a vigilância epidemiológica dos casos de doenças transmitidas por alimentos, leia o Manual Integrado de Prevenção e Controle de Doenças Transmitidas por Alimentos elabo- rado pelo Ministério da Saúde, que normatiza as ações e instrumentos utilizados na investigação de surtos de DTA. Comentário: acesse o QR Code para ler o manual na íntegra. Para acessar, use seu leitor de QR Code. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/16937 UNIDADE 9 191 epidemiológicas, a equipe responsável por essa ação é a vigilância epidemiológica. Outra equipe tam- bém deve se deslocar ao(s) local(is) onde a refeição suspeita foi preparada e/ou consumida, buscando a identificação de pontos críticos e introdução de medidas sanitárias de controle, acionando ação da vigilância sanitária. A agilidade da ação é importante para propiciar a coleta de amostras antes que os doentes recebam medicação e os alimentos suspeitos sejam descartados. A figura a seguir (Figura 1) ilustra a sequência de etapas realizadas no caso da suspeita de caso ou surto de DTA. Portanto, integram a equipe de atividade de campo os profissionais das áreas das vigilâncias epide- miológica e sanitária. Porém, os profissionais das áreas de laboratório, assistência à saúde e educação Na presença de sinais e sintomas em comensais, levanta-se a hipótese de uma doença transmitida por alimentos (DTA). Os comensais são entrevistados pela vigilância epidemiológica, visando obtenção de informações imprescindíveis para o diagnóstico. A vigilância sanitária se �scaliza o local de produção dos alimentos visando identi�car possíveis pontos críticos de controle e coletar alimento(s) suspeito(s). O alimento suspeito é submetido a análise laboratorial para avaliação de sua qualidade físico-química e microbiológica. Descrição da Imagem: a figura apresenta uma ilustração que descreve a sequência de etapas para averiguação de caso ou surto sus- peito de DTA. Compreende um infográfico de quatro sequências, cada um apresentado em um retângulo com uma imagem ilustrativa e um texto descritivo. Sobre essas etapas, há uma seta cinza direcionada para os dois lados. O primeiro retângulo, da esquerda para a direita, é ilustrado por duas pessoas com sinais e sintomas de doenças transmitidas por alimentos, uma mulher com um vestido verde com dores abdominais e um homem vestido com uma camisa amarela e calça azul marinho que ilustra o vômito em um vaso sanitário. A descrição apresentada é: “Na presença de sinais e sintomas em comensais, levanta-se a hipótese de uma doença transmitida por alimentos (DTA)”. A segunda etapa ilustra uma entrevista, sendo possível observar duas pessoas conversando, da esquerda para a direita, uma mulher com camisa amarela e calça azul e um homem de camisa vermelha e calça azul. Sobre eles, há um balão com um ponto de interrogação, demonstrando um diálogo de perguntas, sendo descrito como “Os comensais são entrevistados pela vigilânciaepidemiológica, visando obtenção de informações imprescindíveis para o diagnóstico”. A terceira etapa é descrita como “A vigilância sanitária fiscaliza o local de produção dos alimentos visando identificar possíveis pontos críticos de controle e coletar alimento(s) suspeito(s)”, sendo ilustrada uma fiscalização com representação de uma fiscal, mulher, vestindo jaleco, relativamente pequena em comparação com a lupa de aumento que segura com as mãos e em relação ao hambúrguer que serve de inspeção. Na lupa, são vistos os microrganismos. A última etapa é ilustrada pela análise do alimento em um microscópio, sendo possível visualizar um analista, ho- mem, de jaleco branco observando no microscópio que está sobre uma mesa azul-escuro, sendo descrito como: “O alimento suspeito é submetido à análise laboratorial para avaliação de sua qualidade físico-química e microbiológica”. Figura 1 – Sequência de etapas para averiguação de caso/surto suspeito de DTA / Fonte: a autora. 192 em saúde podem compor a equipe sempre que possível e/ou necessário. Além disso, em função da natureza do surto, poderão ser convocadas as áreas de vigilância ambiental, saneamento e de inspeção, defesa e vigilâncias zoo e fitossanitária. A deficiência no controle da qualidade sanitária em qualquer uma das etapas da “cadeia alimentar” ou das etapas de preparo dos alimentos é um fator predisponente à ocorrência de casos ou surtos de DTA em uma comunidade, e essa falha deve ser identificada pela equipe de vigilância sanitária integrante na investigação do surto. Veja, aluno(a), como nutricionistas que atuam no controle de qualidade na produção de alimentos, precisamos buscar adequação das boas práticas de manipulação dos alimentos como medida preventiva à ocorrência de possíveis contaminações dos alimentos. Portanto, torna-se importante empregar como método de controle de qualidade a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), denominação vinda do inglês Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP). O APPCC é um sistema dinâmico de prevenção e controle que tem como objetivo fundamental garantir a produção de alimentos seguros. Para utilização eficaz do método APPCC, é importante, além da inspeção sanitária, a aplicação das Boas Práticas de Fabricação ou Manipulação dos Alimentos. Sua abordagem deve destacar, dentre outros, os seguintes pontos: Anteriormente, estudamos que as visitas da vigilância sanitária ocorrem mediante visitas de rotina, ação integrada com outros órgãos de fiscalização ou na averiguação de surtos. Assim, acaba sendo surpresa, principalmente quando ocorre denúncias de casos (e surtos) de DTA. • Situações e condições de conservação e higiene das instalações/locais onde ocor- rem a produção, armazenamento, transporte, comercialização e consumo de ali- mentos. • Organização das instalações hidro sanitárias e vestiário que possam ser utilizados pelos manipuladores de alimentos. • Condições do vestuário/uniformes, asseio pessoal, hábitos higiênicos e estado de saúde dos manipuladores, além da utilização de equipamento de proteção individual (EPI) e treinamento em boas práticas de produção de alimentos. • Registro de controle de vetores e roedores. • O acondicionamento e destino adequado dos resíduos sólidos gerados nas diversas etapas de preparo dos alimentos, bem como destinação dos dejetos. UNICESUMAR UNIDADE 9 193 As informações dos alimentos suspeitos referentes à avaliação das práticas empregadas pela metodologia APPCC devem ser ordenadas de modo sequenciado, de acordo com as etapas da cadeia alimentar até o consumo final. A análise de risco depende das informações colhidas durante a atividade de campo da investigação epidemiológica do surto de DTA e deve possibilitar analisar os perigos, determinar os pontos críticos de controle (PCC), definir os limites críticos para controle dos PCC, monitorizar os PCC, estabelecer ações corretivas, estabelecer um sistema de registros e documentação e estabelecer procedimentos para verificar o plano APPCC. Como nutricionistas, ainda, além de atuar no controle de qualidade com foco preventivo, como a me- todologia APPCC, é importante adotar o procedimento de coleta de amostras de preparações, pois, assim, é possível encaminhar o alimento, da forma que efetivamente esteve empregado na suspeita de DTA, para verificação de padrões físico-químicos e bacteriológicos. Essas análises são realizadas com objetivo de: • Condições de conservação, limpeza e desinfecção de bancadas, equipamentos e utensílios que entram em contato com os alimentos, ou seja, as regras de higiene ambiental. • Cuidados em relação à matéria-prima/insumos como a procedência e controle da origem. • Qualidade da água potável utilizada na produção de alimentos e higiene dos ma- nipuladores, equipamentos e utensílios e água utilizada na limpeza de superfícies. • Cuidados no fluxo de produção, com controle sanitário dos alimentos a serem consumidos crus, registros de controle do tempo e temperatura dos alimentos sub- metidos a tratamento térmico (calor ou frio), eliminação da contaminação cruzada, controle do descarte dos restos e controle do produto. • Quando for o caso, controle da qualidade da embalagem: tipo, qualidade, limpeza e conservação do material. • Controle das condições sanitárias do ambiente interno e externo, bem como o uso e guarda de produtos de higienização. • Controle das condições de transporte de alimentos preparados ou do tempo e temperatura dos equipamentos para exposição e conservação dos alimentos (es- tufas, balcões térmicos, frios ou quentes, gôndolas), com seus respectivos registros. • Diagnosticar um possível agente etiológico causador de surto de DTA. • Avaliar o grau de contaminação pelo microrganismo, se for o caso. • Identificar se a contaminação ocorreu por perigo químico, físico ou biológico. • Orientar o monitoramento, indicando medidas corretivas em pontos críticos de controle, pela possibilidade de rastrear como ocorreu a contaminação. 194 Por exemplo, ao identificar que o microrganismo causador é um microrganismo presente na saliva de manipuladores, pode-se focar na necessidade de aprimorar regras de higiene pessoal. A coleta de amostras permite análises dos alimentos suspeitos (aqueles com maior índice de identifi- cação de consumo), alimentos mais manipulados (aqueles que são submetidos a diversas etapas para preparação), alimentos potencialmente perigosos (por serem constituídos por um ótimo substrato para multiplicação de microrganismos em virtude de suas características como pH, atividade de água, nutrientes etc.) ou o alimento identificado como causador do surto. Por isso, foi padronizado um procedimento para coleta e transporte de amostras, um importante instrumento de monitoramento para avaliar as condições higienicossanitárias. Devem ser coletadas amostras dos componentes do cardápio diariamente. A conduta de coleta deve respeitar a sequência apresentada pela Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas (ABERC, 2015) e é de- monstrada na ilustração a seguir. Além da coleta de amostras, os nutricionistas devem estabelecer diversos documentos de controle que podem ser adotados para o controle de qualidade. Este podcast reúne todos os documentos abordados ao longo das unidades: planilhas de controle, análises de potabilidade de água e outros. Vamos relembrar? Aperte o play e aproveite este momento! UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11631 UNIDADE 9 195 AMOSTRAS A SEREM COLHIDAS: componentes do cardápio, ou seja, as preparações de cada refeição que estão sendo servidas na hora referente a 1/3 do tempo da distribuição (atenção: pode variar de acordo com a legislação local). Descrição da imagem: A Figura apresenta um balcão de distribuição de alimentos preparados. É possível identi�car preparações como linguiça, purê de batatas, �lé de frango e feijão cozido, dentre outros alimentos vistos nos recipientes. 1 RECIPIENTE PARA COLETA DAAMOSTRA: Saco plástico esterilizado para congelamento ou frasco de vidro esterilizado com tampa de metal ou tampa plástica resistente à fervura. 2 Descrição da imagem: A imagem apresenta em primeiro plano, um saco plástico na vertical, estéril e lacrado. Nele, há uma tarja branca para identi�cação próximo ao zíper de fechamento que apresenta a cor vermelha. Atrás deste, temos um frasco estéril, cilíndrico, transparente com tampa plástica de cor vermelha. UTENSÍLIO PARA COLETA DA AMOSTRA: Os próprios utensílios usados para a distribuição da referida preparação, um para cada tipo de alimento (o mesmo usado pelo cliente). 2 3 Descrição da imagem: A imagem fotográ�ca apresenta alimentos expostos em um bu�et, com seus respectivos utensílios de serviço. É possível identi�car carnes e outros alimentos, com suas colheres de servir sobre pires brancos, posicionadas logo à sua frente. QUANTIDADE DE AMOSTRA: 100 gramas do material (quando análise de controle).4 Descrição da imagem: Na imagem é possível observar um manipulador de alimentos colocando o alimento no saco plástico, caracterizando a coleta de amostras. 196 TÉCNICA DE COLETA DE AMOSTRA: Seguir o passo a passo a seguir.5 5.1 Identi�car as embalagens com local, data, horário, produto e responsável pela coleta; Descrição da imagem: A �gura mostra uma ilustração de uma embalagem do tipo saco, transparente, na vertical, com fechamento do tipo encaixe, e uma etique proxima ao fechamento com identi�cação. No canto da imagem, há uma caneta preta com ponteira e faixa dourada, e com a ponta voltada para baixo. 5.2 Proceder a higienização ou, ao menos, a antissepsia das mãos; Descrição da imagem: A imagem representa um indivíduo aplicando álcool gel na palma de sua mão, caracterizando o processo de antissepsia, onde vemos as mãos de uma pessoa, de pele branca, onde os dedos da mão esquerda apertam o spray de um frasco de álcool em gel, enquanto a mão direita está espalmada para cima recebendo uma porção deste gel em sua palma. O frasco de gel está sobre uma bancada de cor cinza e à sua frente uma claridade é vista. os;; 5.3 Abrir o saco sem tocá-lo internamente nem o soprar ou abrir o vidro sem contaminá-lo internamente; Descrição da imagem: A imagem representa um indivíduo cortando, com uma tesoura, a embalagem para coleta de amostras. do, 5.4 Colocar a amostra do alimento com o próprio utensílio da distribuição; Descrição da imagem: A imagem representa um indivíduo posicionar a preparação dentro do saco sem tocá-lo internamente, posicionando as bordas do saco nos dedos, sendo possível visualizar que o saco é dobrado para facilitar a colocação do alimento pronto com o próprio utensílio de distribuição, por isso, é possível visualizar alguns alimentos prontos na distribuição, ao fundo da imagem. O saco é apoiado na mão esquerda. 5.5 Retirar o ar e vedar com um nó o saco plástico ou colocar a tampa e fechar corretamente o vidro. Descrição da imagem: A imagem representa a embalagem, já com o alimento, agora fechada com um nó na ponta. róprio utens na dis Após seguir a técnica de coleta de amostra, proceder ao armazenamento. ARMAZENAMENTO DA AMOSTRA: Fechar imediatamente o saco plástico ou o frasco de vidro e armazenar sob congelamento (-18ºC) no caso dos alimentos sólidos ou sob refrigeração (4ºC) no caso dos alimentos líquidos. O período de armazenamento deve ser de 72 horas (porém pode variar de acordo com a legislação local para 72-96 horas). Descrição da imagem: A imagem representa as amostras sendo armazenadas no congelador. As amostras de cada dia de coleta são armazenadas em recipientes próprios, neste exemplo são usados recipientes retangulares, plásticos, com tampa e transparentes, sendo identi�cado com uma faixa branca referente aos dias da semana, nesse caso é possível visualizar a segunda, terça e quarta-feira, sendo dispostos sobre uma grade metálica do congelador. 6 TRANSPORTE DA AMOSTRA ATÉ ANÁLISE LABORATORIAL: Manter sob refrigeração (abaixo de 10ºC) em mala ou caixa isotérmica ou em isopor com gelo. Dessa forma, garante-se o controle de temperatura durante o transporte. 7 Descrição da imagem: A imagem representa uma ilustração de uma caixa térmica azul, com alça única. SEGUNDA TERÇA QUARTA 5 Nome da amostra:Data e hora: Responsável: UNICESUMAR UNIDADE 9 197 A coleta de amostras que são representativas do volume total do alimento suspeito possibilita a reali- zação de análises microbiológicas. Para interpretação dos resultados, compara-se os valores encontrados nas análises realizadas com os valores estabelecidos por legislações. A Resolução RDC nº 724, de 1º de julho de 2022, dispõe sobre os padrões microbiológicos dos alimentos e sua aplicação. Conforme determinado pela referida RDC: “Art. 4º Os alimentos não podem conter microrganismos patogênicos, suas toxinas ou metabólitos em quantidades que causem dano para a saúde humana (BRASIL, 2022a, s.p.)”. Os padrões microbiológicos dos alimentos estão definidos na Instrução Normativa (IN) número 161, de 1º de julho de 2022. Essa IN estabelece as listas de padrões microbiológicos de alimentos agrupados nas categorias: No caso dos serviços de alimentação, na análise das amostras de preparações coletadas, enquadradas como alimentos prontos para o consumo, são definidos como critérios os que são apresentados no Quadro 3. • frutas e derivados; • hortaliças, raízes, tubérculos, fungos comestíveis e derivados; • nozes, amêndoas e sementes comestíveis; • outros produtos vegetais; • carnes de aves; • carne bovina, suína e outras; • pescados; • ovos; • leites e derivados; • gelados comestíveis; • margarinas e cremes vegetais; • bebidas não alcoólicas; • alimentos infantis; • fórmulas para nutrição enteral em pó e fórmulas para erros inatos do metabolismo em pó; • suplementos; • açúcares, adoçantes e similares; • cafés, chás e produtos para infusão; • especiarias, temperos e molhos; • cereais, farinhas, massas alimentícias e produtos de panificação; • alimentos semielaborados e prontos para o consumo; • alimentos a serem consumidos após adição de líquido; • águas envasadas. 198 Microrganismo /padrão n Número de unida- des a serem colhi- das aleatoriamen- te de um mesmo lote e analisadas individualmente. c Número máximo aceitável de unida- des de amostras com contagens entre os limites de m e M, (plano de três classes, ou, quando “c” é igual a zero, aplica-se o plano de duas classes). m Limite que, em um plano de três clas- ses, separa o lote aceitável do pro- duto ou lote com qualidade inter- mediária aceitável. M Limite que, em plano de duas classes, separa o produto aceitável do inaceitável. Va- lores acima de M são inaceitáveis. Salmonella/25g 5 0 Aus - Enterotoxina esta- filocócica (ng/g) 5 0 Aus - Bacillus cereus presuntivo/ g, so- mente para ali- mentos à base de cereais ou molhos 5 1 102 5x102 Clostridium per- fringens/g, somen- te para alimentos com carne 5 1 102 5x102 Estafilococos coa- gulase positiva/g 5 2 102 103 Escherichia coli/g 5 2 10 20 Listeria monocyto- genes/g ou mL 5 0 102 - Quadro 3 – Padrões microbiológicos para alimentos prontos para o consumo / Fonte: adaptado de Brasil (2022b). Com base nos padrões estabelecidos para o referido alimento, será feito o cruzamento das informações, ou seja, com base nos sintomas dos envolvidos na DTA, os alimentos consumidos conforme relato, as características de cada tipo de microrganismo possível agente causador e o resultado da análise laboratorial do alimento. Por fim, emite-se um relatório final de surto de doenças transmitidas por alimento. O Ministério da Saúde (2022) estabelece um formulário padrão para registro, que é apresentado a seguir (Figura 2). UNICESUMAR UNIDADE 9 199 Figura 2 - Formulário padrão para relatório final de surto de Doença Transmitida por Alimentos / Fonte: Brasil (2022b, p. 93). 200 Germano e Germano (2019) afirmam que, com a conclusão final do surto, deve-se proceder à avaliaçãodas medidas de controle adotadas preliminarmente, por isso, há necessidade de verificar se essas medidas foram atendidas pelos responsáveis pela empresa que produziu o alimento e se tais medidas são suficientes para prevenir a ocorrência de novos surtos, ou se há necessidade de interditar o estabelecimento. Dentre as medidas de adequação, pode ser solicitado que o estabelecimento adapte as instalações ao porte de sua atividade, adquira novos equipamentos, institua e implemente o manual de Boas Práticas de Manipulação/Produção de Alimentos, reveja o fluxo de trabalho, atente para o controle de pontos críticos e providencie treinamento para seus funcionários, em especial os manipuladores. Diante dessas informações, a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2022) ressalta: “ Posso concluir que garantir a qualidade e a segurança dos alimentos é função da vigi- lância sanitária? Na verdade, os principais responsáveis pela qualidade e segurança dos alimentos são os fabricantes, que devem cumprir as boas práticas de fabricação, estabelecer controles de processos e obedecer às regras de composição, limites de contaminantes e de rotulagem (ANVISA, 2022, on-line). Considerando que o estabelecimento é responsável pela qualidade dos alimentos manipulados, os serviços de alimentação devem dispor de Manual de Boas Práticas e de Procedimentos Operacionais Padronizados. Esses documentos devem estar acessíveis aos funcionários envolvidos e disponíveis à autoridade sanitária, quando requeridos, além de outros comprovantes qualidade dos alimentos, como planilhas de controle de qualidades, laudos de higienização do reservatório de água e controle de pragas, bem como demais documentos que garantam a implementação de Procedimentos Ope- racionais Padronizados relacionados à higienização de instalações, equipamentos e móveis, controle integrado de vetores e pragas urbanas, higienização do reservatório, higiene e saúde dos manipuladores para serviços de alimentação, e os POPs complementares exigidos pela RDC 275/2002 no caso das indústrias de alimentos. Assim, aluno(a), a própria Anvisa torna claro que a responsabilidade pela produção dos alimentos é da própria empresa e dos responsáveis pelas atividades de manipulação. A RDC 216/2004 estabelece, ainda, que, no caso dos serviços de alimentação: “O responsável pelas atividades de manipulação dos Descrição da Imagem: a imagem retrata um formulário no formato de tabela padronizado pelo Ministério da Saúde para relatório final de surto de Doença Transmitida por Alimentos. São apresentados 44 itens para preenchimento, sendo eles, a partir do canto superior esquerdo, seguindo até o canto inferior direito: 1) UF; 2) Município; 3) Regional da saúde; 4) Data de início do surto; 5) Data da notificação; 6) Data da investigação; 7) Número de expostos (comensais); 8) Número de entrevistados; 9) Número de doentes entrevis- tados; 10) Número total de doentes; 11) Número total de doentes hospitalizados entrevistados; 12) Número de óbitos; 13) Número de doentes entrevistados por faixa etária e sexo; 14) Sinais sintomas de entrevistados; 15) Período de incubação mínimo em horas ou dias; 16) Período de incubação máxima em horas ou dias; 17) mediana do período de incubação em horas ou dias; 18) Local de produção/ preparação; 19) Local de ocorrência do surto; 20) Fatores causais; 21) Coletadas amostras clínicas? Sim ou não; 22) Se sim, número de amostras; 23) Resultado 1; 24) Número de positivos do resultado 1; 25) Resultado 2; 26) Número de positivos do resultado 2; 27) Resul- tado 3; 28) Número de positivos do resultado 3; 29) Coletadas amostras de alimentos? Sim ou não; 30) Se sim, número de amostras; 31) Resultado 1; 32) Número de positivos do resultado 1; 33) Resultado 2; 34) Número de positivos do resultado 2; 35) Resultado 3; 36) Número de positivos do resultado 3; 37) Agente etiológico do surto; 38) Alimento causador do surto; 39) Critério de confirmação; 40) Medidas adotadas/recomendadas; 41) Data de encerramento do surto; 42) Responsável pela investigação; 43) Função; e 44) Assinatura. UNICESUMAR UNIDADE 9 201 alimentos deve ser o proprietário ou funcionário designado, devidamente capacitado, sem prejuízo dos casos em que há previsão legal para responsabilidade técnica” (BRASIL, 2004, s.p.). Assim, o nutricionista também deve proceder ao treinamento e capacitação dos responsáveis pelas atividades de manipulação dos alimentos, visto que estes devem ser comprovadamente submetidos a curso de capacitação, abordando, no mínimo, os seguintes temas: Caro(a) aluno(a), como responsáveis pelo controle de qualidade dos alimentos, precisamos garantir que as empresas mantenham a qualidade e a segurança dos produtos que comercializam, visando a proteção à saúde da população e a garantia do acesso a alimentos seguros, extremamente importante para a segurança alimentar nutricional da população. Nossa ação para o controle de qualidade dos alimentos deve ser, cada vez mais, objetivada a uma abordagem preventiva, visando evitar os perigos aos alimentos, porém, estabelecer documentos e controles desses perigos é essencial. Devemos, então, ser profissionais atualizados e comprometidos com a qualidade dos alimentos manipulados, cumprindo nosso papel como profissionais da área da saúde. a) Contaminantes alimentares. b) Doenças transmitidas por alimentos. c) Manipulação higiênica dos alimentos. d) Boas práticas. 202 Agora, caro(a) aluno(a), vamos compartilhar os seus pensamentos? Voltando à situação explanada no início da unidade, considere que você tenha sido o cliente que se alimentou no estabelecimento e passou mal. Como você se sente? Para manifestar seus sentimentos, vamos fazer um Mapa de Empatia? Para isso, imagine-se indo até um estabelecimento para realizar sua refeição com um colega e, horas depois, vocês começam a apresentar náuseas, vômitos e dores abdominais. Sua primeira ação é entrar em contato com o estabelecimento para saber se mais alguém relatou o mesmo desconforto. Qual sua sensação? Faça um mapa de empatia dos atributos identificados no modelo disponibilizado a seguir: NOME__________________________________________IDADE:_______________________ Quais são as DORES? Quais são as NECESSIDADES? o que PENSA E SENTE? o que OUVE? o que FALA E FAZ? o que VÊ? 203 1. Considere uma situação de ocorrência de um caso isolado suspeito de DTA proveniente da re- feição servida por um restaurante comercial localizado no seu município. Como deve ser feito o andamento para apuração? Quais passos devem ser seguidos? Quais são os órgãos envolvidos? 2. Considere a mesma situação, que envolveu a ocorrência de um caso isolado suspeito de DTA proveniente da refeição servida por um restaurante comercial localizado no seu município. Os fiscais da vigilância epidemiológica suspeitam da contaminação por Staphylococcus aureus e a vigilância sanitária coletou amostras de arroz cozido para submeter à análise. Após resultado, verificou-se que os valores obtidos estavam acima de “M”, com base na legislação atual para o referido produto. Qual a interpretação desse resultado? 3. Analise as sentenças a seguir: I) As atividades de campo após uma suspeita de DTA compreendem uma sequência de ativida- des com ação imediata à notificação e são caracterizadas pelo deslocamento de uma equipe ao(s) local(is) onde se encontram os comensais que foram expostos (doentes e não doentes). II) Outra equipe também deve se deslocar ao(s) local(is) no(s) qual(is) a refeição suspeita foi pre- parada e/ou consumida, buscando a identificação de pontos críticos e introdução de medidas sanitárias de controle. Os órgãos responsáveis pelas atividades expostas nas sentenças I e II são, respectivamente: a) Vigilância epidemiológica e vigilância sanitária. b) Vigilância epidemiológica e vigilância em saúde. c) Vigilância em saúde e vigilância sanitária. d) Ambas as ações da vigilância sanitária. e) Ambas as ações da vigilância epidemiológica.204 UNIDADE 1 ANVISA. Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação: Resolução-RDC nº 216/2004. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/alimentos/manuais- -guias-e-orientacoes/cartilha-boas-praticas-para-servicos-de-alimentacao.pdf. Acesso em: 16 jun. 2022. ARAÚJO, E. S; MACHADO, M. V. G; MOLIN, C. T. Manual de boas práticas de manipulação de alimentos. São Paulo: Prefeitura de São Paulo, 2019. Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL). Notícias, Abrasel. c2022. Disponível em: https:// abrasel.com.br/noticias/. Acesso em: 28 jan. 2022. BESERRA, M. R. et al. O Bisfenol A: Sua Utilização e a Atual Polêmica em Relação aos Possíveis Danos à Saúde Humana. Revista Eletrônica Teccen, Vassouras, v. 5, n. 1, p. 37-46, jan./abr., 2012. BRASIL. Ministério da saúde. Doenças transmitidas por alimentos. 2020. Disponível em: https://www.gov. br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doencas-transmitidas-por-alimentos. Acesso em: 24 jan. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Contaminantes em alimentos. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/alimentos/contaminantes. Acesso em: 28 jan. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 487, de 26 de março de 2021. Dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT) de contaminan- tes em alimentos, os princípios gerais para o seu estabelecimento e os métodos de análise para fins de avaliação de conformidade. Brasília, 2021. BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Resolução número 600, de 25 de fevereiro de 2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros nu- méricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências, 2018. BURITY, V; FRANCESCHINI, T; VALENTE, F. Direito Humano à Alimentação Adequada no contexto da segurança alimentar e nutricional. Brasília: ABRANDH, 2010. CARVALHO, I. S; CHEMIN, M; VALDUGA, V. Comida boa, lugar bonito: a dimensão estética de restaurantes em destinos turísticos – estudo em Morretes/PR (Brasil). Revista Hospitalidade. São Paulo, v. 18, n. 2, p. 75-97, 2021. FIGUEIREDO, V. F; COSTA NETO, P. L. O. Implantação do HACCP na indústria de alimentos. Gestão e pro- dução, v. 8, n. 1, p. 100-111, abr. 2001. GAZETA DO POVO. Cerca de 300 mil restaurantes fecharam as portas no Brasil em 2020. 2021. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/mercado-e-setor/restaurantes-brasilei- ros-fecharam-portas-brasil/. Acesso em: 2 nov. 2021. PARASURAMAN, A; ZEITHAML, V. A; BERRY, L. L. A conceptual model of services quality and its im- plication for future research . Journal of Marketing, v. 49, n. 4, p. 41-50, 1985. POULAIN, J. P; SAINT-SEVIN, B. La restauration hospitalière. Toulouse: Cristal, 1990. 205 PROENÇA, R. P. C. Desafios contemporâneos com relação à alimentação humana. Revista Nutrição em Pauta. São Paulo, ano X, n. 52, p. 32-36, 2002. RODRIGUES, E; et al. Manual de boas práticas de fabricação. Niterói: Programa Rio Rural, 2010. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Bares e restaurantes: um setor em expansão. 2021. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/bares-e-restauran- tes-um-setor-em-expansao,1038d53342603410VgnVCM100000b272010aRCRD. Acesso em 25 dez. 2021. SILVA JUNIOR, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação. 8. ed. atual. São Paulo: Varela, 2020. SOARES, A. G. et al. Boas práticas de manipulação em bancos de alimentos. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2006. STOLARSKI, M. C; et al. Boas Práticas na Manipulação de Alimentos. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação SEED, 2015. REFERÊNCIAS ON-LINE REVIVA NUTRI. Contaminação física nos alimentos. [2022]. Disponível em: https://revivanutri.files. wordpress.com/2012/08/cont.jpg. Acesso em: 6 ago. 2022. UNIDADE 2 ARAÚJO, E. S; MACHADO, M. V. G; MOLIN, C. T. Manual de boas práticas de manipulação de alimentos. São Paulo: Prefeitura de São Paulo, 2019. BRINQUES, G. B. Higiene e vigilância sanitária. São Paulo: Pearson, 2016. GERMANO, P. M. L; GERMANO, M. I. S. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. 6 ed. São Paulo: Manole, 2019. BURITY, V; FRANCESCHINI, T; VALENTE, F. Direito Humano à Alimentação Adequada no contexto da segurança alimentar e nutricional. Brasília: Abrandh, 2010. BRASIL. Organização Mundial de Saúde (OMS). Métodos de vigilância sanitária y gestión para mani- puladores de alimento. Informe de una reunión de consulta de la OMS. Genebra, 1989. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/des-5771. Acesso em: 18 jan. 2022. BRASIL. Organização Mundial da Saúde (OMS). Cinco Chaves para uma Alimentação mais Se- gura. Instituto Nacional de Saúde, 2006. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/hand- le/10665/43546/9789241594639_por.pdf. Acesso em: 29 jan. 2022. BRASIL. Ministério da saúde. Manual integrado de prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos. 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_integrado_pre- vencao_doencas_alimentos.pdf. Acesso em 29 jan. 2022. BRASIL. Portaria nº 1.271, de 6 de junho de 2014. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de https://revivanutri.files.wordpress https://revivanutri.files.wordpress 206 doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o ter- ritório nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Disponível em: https://bvsms.saude.gov. br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1271_06_06_2014.html. Acesso em: 5 ago. 2022. SOARES, A. G. et al. Boas práticas de manipulação em bancos de alimentos. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2006. STOLARSKI, M. C. et al. Boas Práticas na Manipulação de Alimentos. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação SEED, 2015. UNIDADE 3 ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Serviços em destaque. Anvisa, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br. Acesso em: 25 jan. 2022. ARAUJO, E. S; MACHADO, M. V. G; MOLIN, C. T. Manual de boas práticas de manipulação de alimentos. São Paulo: Prefeitura de São Paulo, 2019. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Normas Regulamentadoras – NR. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs. Acesso em: 5 nov. 2021. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cidadania e controle social. 2. ed. Brasília: Anvisa, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_vigilancia.pdf. Acesso em 16 jun. 2022. BRASIL. Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as Condições para a Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde, a Organização e o Funcionamento dos Serviços Correspondentes e Dá Outras Providências. Diário Oficial da União, 1990. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epide- miológica. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. EDUARDO, M. B. de P. Saúde e Cidadania: para gestores municipais de sistemas de saúde. Vigilância sanitária, v. 8. São Paulo: Editora Fundação Petrópolis, 1998. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Como montar uma pastelaria. Sebrae, 2022.Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-uma-pastela- ria,7a787a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD#apresentacao-de-negocio. Acesso em: 29 jan. 2022. BRASIL. Ministério da saúde. Doenças transmitidas por alimentos. 2022. Disponível em: https://www.gov. br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doencas-transmitidas-por-alimentos.Acesso em: 25 jan. 2022. REFERÊNCIAS ON-LINE CONTABILIZEI. Cartão CNPJ. [2022]. Disponível em: https://bit.ly/3g27BPr. Acesso em: 8 ago. 2022. 207 NITERÓI. Secretaria da Fazenda. Alvará de licença para localização e funcionamento. [2022]. Dispo- nível em: https://bit.ly/3fXj1Us. Acesso em: 8 ago. 2022. JARDINÓPOLIS. Câmara Municipal. Auto de vistoria do Corpo de Bombeiros. [2022]. Disponível em: https://bit.ly/3rQyd8F Acesso em: 8 ago. 2022. MARINGÁ. Prefeitura Municipal. Modelo de Licença Sanitária. [2022]. Disponível em: https://bit.ly/ 3TeEE0R Acesso em: 8 ago. 202 UNIDADE 4 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_275_2002_COMP. pdf/fce9dac0-ae57-4de2-8cf9-e286a383f254. Acesso em: 6 fev. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução número 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 6 fev. 2022. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Restaurantes populares: roteiro de implantação. 2007. Disponível em: https://www.ufjf.br/renato_nunes/files/2011/04/Roteiro-de-Implan- ta%C3%A7%C3%A3o-Restaurantes-Populares-visualiza%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 6 fev. 2022. BRINQUES, G. B. Higiene e vigilância sanitária. São Paulo: Pearson, 2016. EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Especificação de Materiais de Revestimentos em Hospitais Universitários. Brasília: Ebserh, 2018. FERREIRA, M. A. et al. Avaliação da adequação às boas práticas em unidades de alimentação e nutrição. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 70, n. 2, p. 230-235, 2011. FRANCO, C. R.; UENO, M. Comércio Ambulante de Alimentos: condições higiênico-sanitárias nos pontos de venda em Taubaté – SP. Cient. Ciênc. Biol. Saúde, v. 12, n. 4, p. 9-13, 2010. GERMANO, P. M. L; GERMANO, M. I. S. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. 6 ed. São Paulo: Manole, 2019. GOVERNO DO PARANÁ. Lei nº 13331 de 23/11/2001. Dispõe sobre a organização, regulamentação, fis- calização e controle das ações dos serviços de saúde no Estado do Paraná. Disponível em: https://www. legisweb.com.br/legislacao/?id=359960. Acesso em: 6 fev. 2022. PINTO, G. R. et al. Avaliação da estrutura física e higiênico-sanitária de uma unidade de alimentação e nutrição na cidade de Francisco Beltrão – PR. Rev. Multiciência, São Carlos, v. 12, p. 24-38, 2013. SANT’ANA, H. M. P. Planejamento físico-funcional de unidades de alimentação e nutrição. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. 208 UNIDADE 5 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC número 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas para serviço de alimentação. Brasília: Diário oficial da República Federal do Brasil, 2004. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cuidados com os saneantes (desinfetantes, detergentes etc.). c2022. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/cuidados-com-os-saneantes-desin- fetantes-detergentes-etc/. Acesso em: 16 jun. 2022. FOOD SAFETY BRAZIL. Diretrizes para escolha de empresas de Manejo Integrado de Pragas. c2022. Disponível em: https://foodsafetybrazil.org/diretrizes-para-escolha-de-empresas-de-manejo-integrado-de- -pragas/. Acesso em: 1º fev. 2021. GERMANO, P. M. L; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos: qualidade das matérias-primas, doenças transmitidas por alimentos, treinamento de recursos humanos. 5. ed. rev. e atual. Barueri: Manole, 2015. MARINS, B. R. (org.) Segurança alimentar no contexto da vigilância sanitária: reflexões e práticas. Rio de Janeiro: EPSJV, 2014. SINNER, H. Lavar com máquinas de lavar domésticas. Hamburgo: Heim-Verlag, 1960. VASCONCELOS, M. I. L. et al. Avaliação de boas práticas e controle microbiológico para prevenção de co- ronavírus (Covid-19) em um supermercado de Fortaleza-CE. Ciência e Tecnologia de Alimentos pesquisa e práticas contemporâneas, v. 2, São Paulo: Editora Científica Digital, 2021. UNIDADE 6 AMSON, G. V; HARACEMIV, S. M. C; MASSON, M. L. Levantamento de dados epidemiológicos relativos a ocorrências/ surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTAS) no Estado do Paraná – Brasil, no período de 1978 a 2000. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 30, n. 6, p. 1139-1145, nov./dez., 2006. ANVISA. Nota técnica nº 47. Uso de luvas e máscaras em estabelecimentos da área de alimentos no contexto do enfrentamento ao Covid-19. Brasília, 2020. Disponível em: http://bibliotecadigital.anvisa.ibict. br/jspui/handle/anvisa/370. Acesso em: 9 ago. 2022. ABERC (Associação Brasileira das Empresas de Alimentação Coletiva). Manual ABERC de práticas de elaboração e serviço de refeições para coletividade. 11 ed. São Paulo: ABERC, 2015. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente: higienização das mãos. Brasília, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução número 216. 2004a. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Disponível em: https:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 15 jun. 2022. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha sobre Boas Práticas para serviços de alimen- tação. Resolução-RDC nº 216. 2004b. Disponível em: http://bibliotecadigital.anvisa.ibict.br/jspui/handle/ anvisa/225. Acesso em: 10 jun. 2022. 209 JENKINSON, H.F; LAMONT, R.J. Comunidades Microbianas Bucais em Doença e em Saúde. Tendências em Microbiologia, v. 13, p. 589-595, 2005. Organização Pan Americana de Saúde. Manual de capacitação para manipuladores de alimentos manipuladores de alimentos. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/51239/ manualcapacitacao_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 16 jun. 2022. STOLARSKI, M. C. et al. Boas práticas de manipulação de alimentos. Curitiba: SEED-PR, 2015. UNIDADE 7 ANVISA. Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação: Resolução-RDC nº 216/2004. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/alimentos/manuais-guias- -e-orientacoes/cartilha-boas-praticas-para-servicos-de-alimentacao.pdf/view. Acesso em: 16 jun. 2022. ABERC (Associação Brasileira das Empresas de Alimentação Coletiva). Manual ABERC de práticas de elaboração e serviço de refeições para coletividade. 11 ed. São Paulo: Aberc, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_275_2002_COMP. pdf/fce9dac0-ae57-4de2-8cf9-e286a383f254. Acesso em: 6 jun. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução número 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 6 jun. 2022. PINHEIRO-SANT’ANA, H. M. Planejamento físico-funcional de unidades de alimentação e nutrição. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. SCOTTON, V. et al. Desperdício de Alimentos em Unidades de