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Modelo de Alegações Finais

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA _____VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________________________________.
Ref. Processo __________________________________
___________________________, Réu na AÇÃO PENAL que lhe move, perante este Augusto Pretório, o MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, – partes devidamente qualificadas no processo referenciado à epígrafe – VOLTA, com o devido respeito, por intermédio de seu Procurador, infra-assinado, à digna presença de V. Ex.ª, para, com fulcro no § 3º, do art. 403, do Código de Processo Penal, tempestivamente, APRESENTAR suas ALEGAÇÕES FINAIS na forma MEMORIAL, pelo que passa a EXPOR para, ao final, REQUERER.
I – SÍNTESE DO PROCESSO
1.1. Da Denúncia
Na peça exordial, o Autor, ante a presunção de omissão de receita (art. 42 da Lei n. 9.430/96) apurada pela Receita Federal, aduz que o Réu omitiu declaração às autoridades fazendárias. Desta forma, segundo o Autor, o Requerido teria praticado a conduta tipificada no artigo 1º, inciso I, da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990.
1.2. Da Defesa Preliminar
Na defesa preliminar (fls. 66/89), o Réu demonstrou que não praticou nenhuma conduta que ensejasse a prática de crime; tampouco, o fato descrito no art. 1º, inciso I, da Lei n. 8.137/90.
O Acusado, em sede preliminar, alegou a inépcia da denúncia, evidenciando que a peça acusatória não identificou, nem suscintamente, as elementares do tipo penal que pretende ver aplicado, nem a maneira como estas ocorreram no caso concreto.
No mérito, o Acusado demonstrou a ausência de dolo em sua conduta, inexistência de nexo causal e do próprio resultado e, ainda, a violação aos princípios constitucionais do “nemo tenetur se detegere” e do direito ao silêncio, pleiteando, ao final, com fulcro no art. 397 do Código de Processo Penal, sua absolvição sumária.
1.3. Da Instrução Processual
Esse douto Juízo, às fls. 94/94 v. dos autos, indeferiu a absolvição sumária prevista no art. 397, do CPP e determinou o prosseguimento do feito.
A audiência de instrução e julgamento foi realizada em 19/11/2015. Foram ouvidas duas testemunhas, MARCOS SILVA MOREIRA MARQUES, arrolado pela acusação e inquirido por videoconferência, e ENEAS TORRES FROES NETO, arrolado pela defesa. O Réu foi interrogado e, nesta oportunidade, exerceu seu direito constitucional de permanecer em silêncio.
As alegações finais do autor foram juntadas às fls. 120/124 dos autos.
1.4. Das Alegações Finais do Autor
O autor, em suas alegações finais, afirmou que a “materialidade delitiva encontra-se consubstanciada na representação fiscal para fins penais 10120.730048/2012-85 (fls. 2/12 do apenso) e no ofício de fls. 35 dos autos, por meio do qual a Receita Federal informou que o crédito tributário está em plena exigibilidade e inscrito em dívida ativa” (fls. 121), bem como, alegou que a “autoria delitiva imputada ao Acusado é evidente, uma vez que, somente a ele cabe fornecer às autoridades fazendárias as informações relevantes para fins ficais que digam respeito a sua própria pessoa e apenas ele se beneficiou da vantagem patrimonial obtida por meio da sonegação” (fls. 123).
II – DAS ALEGAÇÕES FINAIS DO RÉU
2.1. Da violação ao nemo tenetur se detegere e do direito ao silêncio
Mais adiante, em suas alegações finais, a acusação aduz que a conclusão de que o Réu omitiu renda tributável objetivando reduzir o pagamento de tributo “é corroborada por sua inércia em prestar esclarecimentos sobre a origem desses valores”. (fls. 121). 
Evidenciado, portanto, que a acusação interpreta o silêncio do Acusado em seu prejuízo, utilizado o exercício de um direito constitucional como elemento de prova a corroborar a ocorrência do crime. Referido entendimento viola flagrantemente o direito de não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo e o direito ao silêncio.
Eis o que diz a melhor doutrina:
Evidentemente o que há de provar de acordo com a lei não é a existência de uma presunção deduzida do silêncio do acusado, mas sim a de um fato, o que se faz por elementos hábeis a demonstrá-la. Recorrendo novamente a lições do Tribunal Constitucional espanhol, cabe relembrar: ‘Tal presunción [de inocência] supone que Ia carga probatoria corresponde a los acusadores y que toda acusación debe ir acompañada de probanzas de los hechos en que consiste”
(...)
Afirmar que houve rendimento omitido porque o réu - que, na forma da legislação vigente, não escriturou sua movimentação financeira não respondeu satisfatoriamente à interpelação do Fisco com documentos ‘hábeis e idôneos’ é pretender extrair a responsabilidade penal do exercício do direito ao silêncio. Este, se pode ser questionado em sede tributária, há que ser sempre reconhecido em matéria penal, seja por imposição da lógica (como decorrência da presunção de inocência), seja - e tollitur quaestio - por sua explicitação no elenco das garantias individuais.
Por esse motivo, impossível se torna a pretensão de responsabilização criminal do contribuinte em razão do que deixou de dizer e provar, e a decisão que a admite assume foros de constrangimento ilegal. Como ensina Rogério Lauria Tucci, ‘consistiria inominado absurdo entender-se que o exercício de um direito, expresso na Lei das Leis como fundamental do indivíduo, possa acarretar-lhe qualquer desvantagem’. É que ‘tendo sido consagrado constitucionalmente, em nosso País, o direito do imputado permanecer calado, nenhuma ilação dele poderá ser tirada’.
Para dar vida à Constituição, para fazer com que ela não se reduza a um pedaço de papel com belas palavras, é preciso repelir com vigor esse tipo de violência contra os direitos individuais que é a incriminação por mera presunção”. (FILHO, 2016, p. 217).
III – DO PEDIDO
3.1. Do Pleito
Isto posto, Meritíssimo Juiz, REQUER, o Réu, se digne, V. Ex.ª:
a) face à atipicidade da conduta, julgar totalmente improcedente o pedido constante da denúncia, para absolver o Acusado com fulcro no art. 386, III, do Código de Processo Penal;
b) caso entenda não provada a atipicidade da conduta, considerando a dúvida razoável e a, consequente, insuficiência das provas para demonstrar a materialidade e autoria da imputação, julgar totalmente improcedente o pedido constante da denúncia, para absolver o Acusado com fulcro no art. 386, VII, do Código de Processo Penal.
3.3. Da substituição de eventual pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
Por derradeiro, caso entenda V. Ex.ª pela condenação, no que não acredita a defesa, seja eventual pena privativa de liberdade substituída por pena restritiva de direito, nos termos do art. 44, incisos II e III do CP.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Goiânia, 05 de janeiro de 2015.

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