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Artigo Camila, Juliana e Silvana corrigido

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A perda de peso com a prática do jejum intermitente: uma revisão
Weight loss with the practice of intermittent fasting: a review
Jejum intermitente e perda de peso
Camila Aparecida Rodrigues Silva1, Juliana Silva de Carvalho1, Silvana Ferreira da S. Pereira1, Laura Fantazzini Grandisoli1
1Curso de Nutrição da Universidade Paulista, Sorocaba-SP, Brasil
Autora correspondente:
Laura Fantazzini Grandisoli
Declaração: Declara-se que nenhum dos autores possui de conflitos de interesse associados a esta publicação. 
Área específica do artigo: Nutrição e Perda de peso.
Resumo
Abstract
Key words: 
1. Introdução
A obesidade nos dias atuais tem sido apontada como um dos maiores problemas de saúde pública. É uma doença multifatorial decorrente de um conjunto de fatores genéticos, metabólicos, ambientais, sazonais, culturais, emocionais e condições socioeconômicas. Uma das estratégias para o tratamento é o estímulo de modificações comportamentais, no qual o maior benefício desse processo é a perda de peso¹. Com aumento gradativo da obesidade, mundialmente, houve também aumento de diversas formas de intervenção visando o emagrecimento, incluindo-se tratamentos como: tratamentos farmacológicos, atividade física, procedimentos cirúrgicos e alguns tipos de dietas 2.
Entre as muitas formas de intervenção, o jejum intermitente (JI) tem ganhado muita popularidade nos últimos tempos. Tem sido utilizado para recuperação e manutenção da saúde. A ideia do JI se baseia em períodos onde acontece a exclusão espontânea de alimentos e bebidas com calorias, existindo alguns protocolos a serem praticados, como: jejum de dia alternado (JDA), jejum com restrição de tempo (JRT) e jejum modificado (JM)3.
O jejum de dia alternado (JDA) envolve a intercalação de dias de jejum, durante os quais calorias não são ingeridas, enquanto nos dias de alimentação, a ingestão alimentar e de bebidas é ad libitum durante as 24 horas do dia 4. Já o jejum intermitente com restrição de tempo (JRT), refere-se a uma opção do JI que permite o consumo ad libitum de energia dentro de um determinado tempo entre 3-4h, 7-9h ou 10-12h, sendo permitido também um jejum de 12 a 21 horas por dia5. E o Jejum modificado (JM) é uma terapia dietética que consiste em restringir as necessidades energéticas em alguns dias da semana entre 20-25%, ao invés de restringir totalmente a dieta6.
Considera-se que o jejum intermitente estimula o estado cetogenico onde ocorre uma mudança prioritária do corpo na utilização da glicose da glicogenolise para ácidos graxos e cetonas, sendo as cetonas o combustível para o funcionamento cerebral do corpo durante o jejum. Depois de 6 a 8 de jejum começa ocorrer mudanças no armazenamento de gordura, isto é diminuição dos níveis de LDL e aumento nos níveis de HDL. Na redução do peso corporal as cetonas produzidas durante o processo metabólico lipídico, requer maior gasto de energia7,8.
Além do mais, essa modificação metabólica também resulta em benefícios com relação às doenças cardiometabólicas, sendo recomendada a inserção do jejum intermitente para o tratamento da perda de peso e das condições que correlacionam à obesidade, como por exemplo, a síndrome metabólica7. Ao ser utilizado a estratégia do JI, tem evidências de que o risco cardiovascular é reduzido, já que se tem a perda de peso e controle das doenças metabólicas. Considera-se que esse processo pode ocorre por conta da redução do estresse oxidativo, por meio da diminuição da ingestão calórica, proporcionando menor formação de radicais livres nas mitocôndrias, e como consequência a melhora no quadro inflamatório sistêmico8.
Apesar do JI ter ganho espaço nos meios científicos e de comunicação devido aos seus benefícios, efeitos indesejados também foram observados como dores de cabeça, desmaios, fraqueza, desidratação, reganho de peso. Além disso, o jejum excessivo pode levar à desnutrição, transtornos alimentares e a susceptibilidade a doenças infecciosas6,9.
Logo, o propósito desse trabalho é apresentar uma revisão bibliográfica de pesquisas mais recentes e oportunas, que relatam as vantagens e desvantagens do JI.
O presente trabalho consistiu na revisão bibliográfica de estudos científicos publicados entre os anos 2010 e 2021, selecionados nos idiomas português, inglês e espanhol, a partir de base de dados como Scielo, PubMed, Bireme, com o intuito de estabelecer a relação entre o Jejum Intermitente (JI), saúde e perda de peso. Foram utilizadas palavras chaves do tipo “perda de peso”, “Dia alternado de jejum”, “restrição de energia”. Com os resultados das palavras chaves, foram analisados os principais estudos na íntegra para a realização desse trabalho.	Comment by Sandra: Inserir o texto no item Métodos no TCC, separadamente. 
2. Revisão da literatura
Foram sistematizados os dados dos estudos encontrados (Tabela1), ao todo foram encontrados 06 estudos sobre JDA, JM (esquema 5:2) e JRT.
Tabela 1 – Resultados dos estudos
	Autor/Ano
	Objetivo
	Método
	Resultados
	ESHGHINIA; MOHAMMADZADEH, 201310.
	Examinar a capacidade do JDA modificado para facilitar a perda de peso e reduzir os fatores de risco cardiovasculares em mulheres com sobrepeso e obesas.
	15 mulheres com excesso de peso / obesidade com idade entre 20 e 45 anos com tempo de estudo de 8 semanas (2 semanas de observação e 6 semanas do JDA). Todas as mulheres consumiram dieta de muito baixa caloria no dia de jejum e geralmente dieta em dias alternados. Foram medidos peso corporal (PC), massa gorda e pressão arterial (PA) e realizou-se a coleta de amostras de sangue no 1º e 57º dia de ensaio.
	No decorrer do curso do ensaio, o peso corporal dos indivíduos reduziu (p <0/0001) de 84/3 ± 11/44 kg para 78/3 ± 10/18 kg. A circunferência da cintura reduziu de 87/87 ± 9/74 para 82/86 ± 9/68 (p <0/001). A redução da PA sistólica foi observada de 114,8 ± 9,16 para 105,13 ± 10,19 mmHg (p <0/001) e a PA diastólica mudou de 82,86 ± 10,6 para 74,5 ± 10,8 (P <0,05). O colesterol total diminuiu de 227/73 ± 49/96 para 214/67 ± 43/27, TG de 160/5 ± 46/18 para 143/9 ± 22/77, LDL de 149/46 ± 49/81 para 131 / 3 ± 50/97 e FBS de 102 ± 14/7 a 96 ± 11/79 mg / dl, mas não foram significativos. O HDL aumentou de 42/32 ± 18/01 para 50/58 ± 19/46 e não foi significativo.
	HODDY et al., 201511.
	Examinar as ocorrências de eventos adversos e sintomas de transtorno alimentar durante o JDA.
	59 indivíduos adultos obesos participaram de um protocolo de JDA de 8 semanas no qual a alimentação foi fornecida no dia de jejum.
	O peso corporal diminuiu (P<0,0001) em 4,2 ± 0,3%. Alguns indivíduos relataram constipação (17%), retenção de água (2%), tontura (<20%) e fraqueza geral (<15%). O mau hálito dobrou desde o início (14%) até o pós-tratamento (29%), embora não significativamente. Depressão e compulsão alimentar diminuíram (P<0,01) com JDA. O comportamento purgativo e o medo da gordura permaneceram inalterados. JDA ajudou os indivíduos a aumentar (P < 0,01) restrição alimentar e melhorar (P< 0,01) a percepção da imagem corporal.
	CATENACCI et al., 201612.
	Avaliar a segurança e tolerabilidade do jejum em dias alternados (JDA) e comparar as mudanças no peso, composição corporal, lipídios e índice de sensibilidade à insulina (ISI) com as produzidas por uma dieta padrão para perda de peso, a restrição calórica diária moderada (RC).
	Adultos com obesidade (IMC ≥30 kg/m² e idade entre 18 e 55 anos) foram randomizados para JDA zero caloria (n = 14) ou RC (- 400 kcal/dia, n = 12) durante 8 semanas. Foi medido os resultados no final da intervenção de 8 semanas e após 24 semanas de acompanhamento não supervisionado.
	Nenhum efeito adverso foi atribuído ao JDA, e 93% completaram o protocolo JDA de 8 semanas. Nas 8 semanas, o JDA atingiu um déficit calórico maior de 376 kcal/dia; no entanto, não houve diferenças significativas entre os grupos na mudança de peso (JDA -8,2 ± 0,9 kg, RC -7,1 ± 1,0 kg), composição corporal, lipídios ou ISI. Após 24 semanas de acompanhamento não supervisionado, não houve diferençassignificativas no ganho de peso; no entanto, as alterações da linha de base na % de massa gorda e massa magra foram mais favoráveis ​​no JDA.
	CLAYTON et al., 201613.
	Determinar o efeito da restrição energética severa (RES) de 24 horas na regulação do apetite, metabolismo e ingestão de energia.
	10 homens e 8 mulheres completaram 2 ensaios de 3 dias em ordem contrabalanceada e randomizada. No primeiro dia os indivíduos consumiram dietas padronizadas contendo 100% ou 25% das necessidades de energia. No segundo dia, foi consumido um café da manhã padronizado, com concentrações plasmáticas de grelina acilada, peptídeo 1 semelhante ao glucagon, insulina, glicose e ácidos graxos não esterificados determinados por 4 horas. A ingestão de energia ad libitum foi avaliada no almoço e no jantar com apetite subjetivo e metabolismo de repouso avaliado por toda parte. No terceiro dia, a ingestão de energia ad libitum foi avaliada no café da manhã e por registros de alimentos pesados.
	A ingestão de energia foi 7% maior no segundo dia (P<0,05) durante a restrição energética (RE), mas não significativamente diferente no terceiro dia (P = 0,557). O apetite subjetivo foi maior durante a RE na manhã do dia 2 (P <0,05), mas não foi significativamente diferente depois disso (P>0,145). Durante a RE, as concentrações pós-prandiais de grelina acilada foram menores (P <0,05), enquanto a glicose (P <0,05) e ácidos graxos não esterificados (P<0,0001) foram maiores. As concentrações pós-prandial do peptídeo semelhante ao glucagon 1 (P = 0,784) e insulina (P = 0,06) não foram significativamente diferentes entre os ensaios. O gasto de energia foi menor durante a RE pela manhã (P <0,01).
	CONLEY et al., 201714.
	Determinar se a dieta 5: 2 (dois dias não consecutivos de 2.460 KJ/600 kcal e 5 dias de alimentação ad libitum por semana) pode atingir ≥ 5% de perda de peso e maiores melhorias no peso e marcadores bioquímicos do que uma dieta restrita em energia padrão (DREP) em veteranos de guerra do sexo masculino obesos.
	Foram randomizados 24 participantes para consumir a dieta 5:2 ou uma redução de DREP (2.050 KJ (500 calorias) por dia) por 6 meses. Peso, circunferência da cintura (WC), glicose no sangue em jejum, lipídios no sangue, pressão arterial e ingestão alimentar foram medidos no início do estudo, 3 e 6 meses por um investigador cego.
	Após 6 meses, os participantes de ambos os grupos reduziram significativamente o peso corporal (P = <0,001), a circunferência da cintura (CC) (P = <0,001) e a pressão arterial sistólica (P = 0,001). A perda de peso média foi de 5,3 ± 3,0 kg (5,5 ± 3,2%) para o grupo 5: 2 e 5,5 ± 4,3 kg (5,4 ± 4,2%) para o grupo DREP. A redução média da CC para o grupo 5: 2 foi de 8,0 ± 4,5 e 6,4 ± 5,8 cm para o grupo DREP. Não houve diferença significativa na quantidade de perda de peso ou redução da CC entre os grupos de dieta. Não houve mudança significativa na pressão arterial diastólica, glicemia de jejum ou lipídios no sangue em nenhum dos grupos dietéticos.
	JAMSHED et al., 201915.
	O objetivo foi explorar, investigar os efeitos na expressão de genes relacionados ao envelhecimento, autofagia e estresse oxidativo.
	Estudo foi feito com humanos de IMC entre 25,0 kg e 35,0 kg/m², com idade entre 20 e 45 anos, do sexo masculino e feminino. Os participantes foram orientados a seguir um cronograma para comer, em um tempo de 12 horas por dia ou 6 horas por dia, durante 4 dias.
	Os resultados encontrados foram diminuição da glicose em 24 horas, redução da glicemia e da insulina em jejum de manhã, aumento do colesterol LDL e HDL pela manhã e houve elevação dos níveis de fator neurotrópico derivado do cérebro.
3. Discussão
4. Conclusões
REFERÊNCIAS
1. Nilson EAF, Santin Andrade R da C, de Brito DA, de Oliveira ML. Costs attributable to obesity, hypertension, and diabetes in the Unified Health System, Brazil, 2018. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Heal. 2020;44:1–7.	Comment by Sandra: Manter as referências no formato exemplificado. Espaço entre linhas 1,5
2- Nissen LP, Vieira LH, Bozza LF, Veiga LT da, Biscaia BFL, Pereira JH, et al. Intervenções para tratamento da obesidade: revisão sistemática. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade [Internet]. 2012 Oct 13; 7(24):184–90.
3- Varady, KA, Bhutani S, Igreja CE, Klempel MC. Short-term modified alternate-day fasting: a novel dietary strategy for weight loss and cardioprotection in obese adults. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 90, n.5, 2009).
4- Varady KA. Intermittent versus daily calorie restriction: which diet regimen is more effective for weight loos? Obesity reviews, v.12, n.7, 2011.
5- LeCheminant JD, Christenson E, Bailey BW, Tucker LA. Restricting night-time eating reduces daily energy intake in healthy young men: a short-term cross-over study. British Journal of Nutrition. 2013 May 23 
6- Patterson RE, Laughlin GA, LaCroix AZ, Hartman SJ, Natarajan L, Senger CM, et al. Intermittent Fasting and Human Metabolic Health. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics. 2015 Aug;115(8):1203–12. 
7- Anton SD, Moehl K, Donahoo WT, Marosi K, Lee SA, Mainous AG, et al. Flipping the Metabolic Switch: Understanding and Applying the Health Benefits of Fasting. Obesity (Silver Spring). 2018 feb;26(2):254–68. 
8- Dong TA, Sandesara PB, Dhindsa DS, Mehta A, Arneson LC, Dollar AL, et al. Intermittent Fasting: A Heart Healthy Dietary Pattern? The American Journal of Medicine. 2020 Aug;133(8):901–7.
9- Horne BD, Muhlestein JB, Anderson JL. Health effects of intermittent fasting: hormesis or harm? A systematic review. The American Journal of Clinical Nutrition. 2015 Jul 1;102(2):464–70.
10- Eshghinia S, Mohammadzadeh F. The effects of modified alternate-day fasting diet on weight loss and CAD risk factors in overweight and obese women. Journal of Diabetes & Metabolic Disorders. 2013 Jan 9;12(1):4. 
11- Hoddy KK, Kroeger CM, Trepanowski JF, Barnosky AR, Bhutani S, Varady KA. Safety of alternate day fasting and effect on disordered eating behaviors. Nutrition Journal. 2015 May 6;14(1). 
12- Catenacci VA, Pan Z, Ostendorf D, Brannon S, Gozansky WS, Mattson MP, et al. A randomized pilot study comparing zero-calorie alternate-day fasting to daily caloric restriction in adults with obesity. Obesity. 2016 Aug 29;24(9):1874–83. 
13- Clayton DJ, Burrell K, Mynott G, Creese M, Skidmore N, Stensel DJ, et al. Effect of 24-h severe energy restriction on appetite regulation and ad libitum energy intake in lean men and women. Am J Clin Nutr 2016;104:1545–53.
14- Conley M, Le Fevre L, Haywood C, Proietto J. Is two days of intermittent energy restriction per week a feasible weight loss approach in obese males? A randomised pilot study. Nutrition & Dietetics. 2017 Aug 9;75(1):65–72. 
15- Jamshed H, Beyl R, Della Manna D, Yang E, Ravussin E, Peterson C. Early Time-Restricted Feeding Improves 24-Hour Glucose Levels and Affects Markers of the Circadian Clock, Aging, and Autophagy in Humans. Nutrients. 2019 May 30;11(6):1234.
ANEXOS
Anexo 1 – CopySpider
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