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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP PATRÍCIA FERNANDA RIBEIRO ESTUDO DE CASO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE PÚBLICA – UBS SOROCABA - SP 2017 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP PATRÍCIA FERNANDA RIBEIRO – B98JJF3 ESTUDO DE CASO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE PÚBLICA – UBS Estudo de Caso do Estágio Supervisionado em Nutrição em Saúde Pública em Unidade Básica de Saúde, apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Professora Orientadora: Sandra Regina Bicudo da Silva. Orientadora: Elis Simon Proença. SOROCABA - SP 2017 SUMÁRIO 1 IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE 3 2 HISTÓRIA CLÍNICA 4 2.1 Queixa Principal 4 2.2 História da Doença Atual 4 2.3 História Social 4 3 EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE BASE 5 3.1 Obesidade 5 3.2 Doenças Cardiovasculares 6 4 EXAMES LABORATORIAIS 8 5 EXAME FÍSICO GERAL 9 6 ANAMNESE ALIMENTAR 10 7 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA 15 8 DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL 16 9 CÁLCULO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS 17 9.1 Distribuição de Macronutrientes 17 10 OBJETIVO DO TRATAMENTO NUTRICIONAL 19 11 CONDUTA E ENCAMINHAMENTOS 20 12 CONCLUSÃO 24 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 25 1 IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Siglas do nome: J. A. S. Sexo: Feminino Idade: 40 anos Grupo racial: Branco Estado civil: Casada Profissão: Do Lar Nacionalidade: Brasileira Naturalidade: Coroaci - MG Residência: cedida pela sogra, situada na rua Daniel da Purificação Vitorino, 132, Éden. Sorocaba - SP. 2 HISTÓRIA CLÍNICA 2.1 Queixa Principal Paciente encaminhada pela Policlínica Municipal de Sorocaba para reeducação alimentar com o objetivo de perder peso. 2.2 História da Doença Atual Relata que desde a infância e adolescência apresenta excesso de peso, mas que o peso obtido na primeira consulta foi o maior até o momento. Após acompanhamento de pressão arterial pela equipe de enfermagem da Unidade Básica de Saúde, com início em maio/2017, foi averiguado que a paciente apresentava alteração tendendo à hipertensão. Como intercorrências e queixas, relata que antes do atendimento apresentava muita falta de ar e cansaço para desenvolver atividades do cotidiano, como subir a rua de sua casa que é de inclinação íngreme. Relata também que a avó materna era portadora de dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes descontrolada e que teve a visão comprometida antes de falecer. Atualmente não faz uso de nenhum medicamento. 2.3 História Social Reside em casa cedida pela sogra, juntamente com os dois filhos, esposo e sogra, totalizando 5 indivíduos no domicílio. A renda familiar advém do salário do esposo que trabalha como auxiliar de pedreiro. Conta também com o auxílio governamental do programa Bolsa Família. Não possui profissão. Se intitula como do lar. Reside em casa cedida, com rua asfaltada e saneamento básico. Nega tabagismo, etilismo ou uso de qualquer droga. Relata ter sono tranquilo, mas que urina no período noturno de 3 a 4 vezes, não todas as noites, o que compromete a qualidade do sono. Dorme em média 7h30 por noite. 3 EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE BASE 3.1 Obesidade A obesidade é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já atinge proporções epidêmicas. Uma grande preocupação médica é o risco elevado de doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, tais como diabetes, doenças cardiovasculares (DCV) e alguns cânceres. É importante o conhecimento das comorbidades mais frequentes para permitir o diagnóstico precoce e o tratamento destas condições, e para identificar os pacientes que podem se beneficiar com a perda de peso. Isso permitirá a identificação precoce e avaliação de risco, de forma que as intervenções adequadas possam ser realizadas para reduzir a mortalidade associada (MELO, 2011). Vários estudos têm demonstrado que a obesidade está fortemente associada a um risco maior de desfechos, sejam cardiovasculares, câncer ou mortalidade. No estudo National Health and Nutrition Examination Study III (NHANES III), que envolveu mais de 16 mil participantes, a obesidade foi associada a um aumento da prevalência de diabetes tipo 2 (DM2), doença da vesícula biliar, doença arterial coronariana (DAC), hipertensão arterial sistêmica (HAS), osteoartrose (OA) e de dislipidemia. Resultados de outros estudos, entre eles o Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe (SHARE) e o Swedish Obese Study (SOS), apontam para uma forte associação entre obesidade e a prevalência de doenças associadas e queixas de saúde física (MELO, 2011). O excesso de peso tem como determinantes proximais o padrão alimentar e o dispêndio energético. O padrão alimentar atual identificado por pesquisas nacionais evidenciam o fenômeno da transição nutricional na população brasileira, que se caracteriza pelo elevado percentual de consumo de alimentos ricos em açúcar, gorduras saturadas, trans e sal e pelo baixo consumo de carboidratos complexos e fibras. A evolução do padrão de consumo da população brasileira entre as décadas de 1970 e 2009 mostra as seguintes tendências: aumento do consumo de alimentos ultra processados (biscoitos, embutidos, refrigerantes, refeições prontas). Estabilização do consumo de frutas e hortaliças (que representam menos da metade da recomendação de consumo) e redução de consumo de alimentos básicos como ovos, gordura animal, peixe, leguminosas, raízes e tubérculos e arroz (ABESO, 2009). A obesidade é causa de incapacidade funcional, de redução da qualidade de vida, redução da expectativa de vida e aumento da mortalidade. Condições crônicas, como doença renal, osteoartrose, câncer, DM2, apneia do sono, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), HAS e, mais importante, DCV, estão diretamente relacionadas com incapacidade funcional e com a obesidade. Além disso, muitas dessas comorbidades também estão diretamente associadas à DCV. Muitos estudos epidemiológicos têm confirmado que a perda de peso leva à melhora dessas doenças, reduzindo os fatores de risco e a mortalidade (MELO, 2011). Os indicadores antropométricos de obesidade abdominal (OABD) estimam a quantidade de tecido adiposo visceral, que, por sua vez, está associado a maior risco de desenvolvimento de doença cardiovascular. Nas últimas décadas, houve um aumento de OABD na população feminina brasileira, estabelecendo um grande problema de saúde pública (ALMEIDA, ALMEIDA e ARAÚJO, 2009). 3.2 Doenças Cardiovasculares A obesidade é fator de risco independente para DCV, incluindo doença arterial coronariana (DAC), infarto do miocárdio (IM), angina, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular cerebral, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e fibrilação atrial (BRASIL, 2013). A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial – PA (PA ≥140 x 90mmHg). Associa-se, frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (BRASIL, 2013). A HAS é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no Brasil varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos (BRASIL, 2013). Além de ser causa direta de cardiopatia hipertensiva, é fator de risco para doenças decorrentes de aterosclerose e trombose, que se manifestam, predominantemente, por doença isquêmica cardíaca, cerebrovascular, vascular periférica e renal. Em decorrência de cardiopatia hipertensiva e isquêmica, é também fator etiológico de insuficiência cardíaca. Déficits cognitivos, como doença de Alzheimer e demência vascular, também têm HAS em fases mais precoces da vida como fator de risco. Essa multiplicidade de consequências coloca a HAS na origem de muitas doenças crônicas não transmissíveis e, portanto, caracteriza-a como uma das causas de maior redução da expectativa e da qualidade de vida dos indivíduos (BRASIL, 2013). A HAS é muito comum, acomete uma em cada quatropessoas adultas. Assim, estima-se que atinja em torno de, no mínimo, 25 % da população brasileira, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle da pressão (SBH, 2016). A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle. A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear, contínua e independente. Em 2001, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram atribuídas à elevação da PA (54% por acidente vascular encefálico e 47% por doença isquêmica do coração), ocorrendo a maioria delas em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos (BRASIL, 2013). A hipertensão arterial, um fator de risco para DCV, está fortemente relacionada com a obesidade. O Women’s Health Study encontrou uma associação significativa entre a obesidade e o desenvolvimento de HAS e DM2. Nesta análise de 38.172 mulheres livres de diabetes e DCV no início, com média de 10,2 anos de seguimento, a taxa de incidência de DM2 ajustada para idade/1.000 casos em mulheres obesas foi de 7,6 em pacientes normotensas (120/75) versus 20,5 entre as hipertensas. Além disso, uma associação significativa entre IMC e hipertensão arterial foi observada no estudo Nord-Trondelag Study. Entre os mais de 30 mil homens e mulheres acompanhados por pelo menos 20 anos, sem hipertensão, diabetes ou DCV no início, o risco de hipertensão arterial foi aumentado 1,4 vezes entre os homens e mulheres que apresentaram aumento no IMC em comparação com aqueles que mantiveram o IMC estável (MELO, 2011). 4 EXAMES LABORATORIAIS O prontuário não cotinha nenhum exame laboratorial recente. Os únicos dados recentes sobre a saúde da paciente e que está relacionado com o quadro da patologia atual, são os acompanhamentos de Pressão Arterial, o que indica tendência a hipertensão, conforme segue: Tabela 1 – Acompanhamento de Pressão Arteriala Data da Aferição Horário da Aferição Pressão Arterial (mmHg) 23/05/2017 16h20 130 x 75 26/05/2017 08h28 130 x 80 02/06/2017 15h34 140 x 80 08/06/2017 15h50 150 x 90 05/07/2017 16h37 120 x 80 Fonte: Prontuário UBS Éden, 2017. 5 EXAME FÍSICO GERAL De acordo com o relatado, a paciente possui dentição natural, apresenta bom apetite com pequena dificuldade para deglutição e mastigação lenta. Considera seu hábito intestinal bom, indo ao banheiro todo os dias, em único episódio, sem dor ao evacuar. Com relação ao hábito urinário relata que a urina apresenta cor amarelada escura, o que se justifica diante do relato de pouca ingestão hídrica. Relata ainda que, em frequência esporádica, urina no período noturno de 3 a 4 vezes por noite. Sempre se apresentou com mucosa, pele e cabelos saudáveis, corada, hidratada, anictérica, acianótica, afebril, sem dificuldades de locomoção, ausente de edemas, ascite ou lesões aparentes. Em todas as consultas se apresentou hiperativa, apesar da mesma relatar que se considera uma pessoa calma. Apresenta rápida velocidade da fala, volume normal e em alguns momentos não apresenta clareza na dicção. 6 ANAMNESE ALIMENTAR · As compras da casa, quando acontecem, são realizadas pela própria paciente, pois relata que o abastecimento de sua residência conta principalmente com doações. · O preparo das refeições é realizado pela paciente. · Sua dentição é natural. · Hábito intestinal normal, relatado com frequência diária de 1 vez ao dia. · Habito urinário é considerado normal pela paciente, mas apresenta coloração amarela escura, sem ardência, com necessidade de acordar de 3 a 4 vezes a noite para urinar. · Não faz uso de cigarro, de bebida alcoólica e nenhum outro tipo de droga. · Aspectos psicológicos: se considera uma pessoa calma, apesar de sempre se apresentar hiperativa. · Não pratica nenhuma atividade física. · Destaca sua preferência alimentar por jiló. · Possui aversão à nabo e rabanete. · Consome muita fritura. O gasto de óleo gira em torno de 2 latas por mês. · Os temperos que utiliza são naturais, como alho, cebola, sal e cheiro verde. · Nega adicionar sal na comida depois de pronta. · Relata não consumir enlatados e que o consumo de embutidos acontece 1 vez na semana. · Declara que a ingestão hídrica é de 1,5 litro de água por dia. Tabela 2 – Recordatório de 24 horas de 26/09/2017 – 1ª Consulta Acordou às 05h30 Refeição / Horário Alimento Medida Caseira Café da Manhã (07h00) Pão Francês sem miolo, Margarina com sal, Café, com açúcar, com leite integral. 1 unidade 2 pontas de faca 1 copo americano Colação Não realizou Almoço (13h00) Arroz branco cozido, Feijão carioca cozido, Peito de frango cozido com cenoura, chuchu, batata e tomate Salada de alface temperada com sal e vinagre. 2 colheres de sopa 1 colher de sopa 4 colheres de servir 3 folhas Lanche da Tarde (17h00) Goiaba. 1 unidade Jantar (20h30) Arroz branco cozido, Feijão carioca cozido, Batata cozida, Coxa de frango com pele frita, Salada de alface temperada com sal e vinagre. 2 colheres de sopa 1 colher de sopa 1 colher de servir 1 unidade média 3 folhas Ceia Não realizou Dormiu às 22h00 Balanceamento Energético: · CHO: 758,44kcal = 54,49% · PTN: 269,31kcal = 19,32% 23 · LIP: 356,13kcal = 25,58% Tabela 3 – Cálculo do Recordatório de 24 horas de 26/09/2017 – 1ª Consulta Alimento Medida Caseira Quantidade (g/ml) Energia (kcal) CHO (g) PTN (g) LIP (g) Fibras (g) Ca (mg) Fe (mg) Na (mg) Vit. C (mg) Vit. A (ug) Café da Manhã Pão Francês 1 unidade 50 142,8 28,43 4,71 1.27 1,4 55,52 1,54 290 0 0 Margarina com sal 2 pontas de faca 10 59 0 0 6,52 nd nd nd 98 nd nd Leite integral ½ copo americano 200 114 9 6 6 0 nd nd 130 nd nd Café infusão c/ açúcar ½ copo 50 18,61 4,54 0,15 0,01 0 2,68 0,062 1,84 0 0 Almoço Arroz branco 2 colheres de sopa 100 124,69 25,47 2,32 1,18 0,13 12,43 1,37 275,87 0,52 0 Feijão carioca 1 colher sopa 50 30,53 4,15 1,67 0,84 4,26 9,07 1,03 95,73 0,27 0,16 Peito de frango cozido ½ unidade 100 163,67 0,25 30,59 3,53 0,02 16,35 1,05 370,12 0.23 5,91 Cenoura ¼ unidade 25 11,25 2,63 0,27 0,05 0,63 7,75 0,15 16,54 0,57 153 Chuchu ¼ unidade 25 6 1,27 0,16 0,12 0,145 3,25 0,05 0,25 2 1,18 Batata Cozida ¼ unidade 25 21,75 5,02 0,47 0,02 0,45 1,25 0,07 1 3.25 0 Tomate ½ unidade 25 5,25 1,16 0,03 0,01 0,26 1,25 0,12 2,25 4,77 15,57 Alface 5 folhas 10 1,3 0,21 0,10 0,02 0,07 1,9 0,14 0,9 1,8 0 Lanche da Tarde Goiaba 1 unidade 45 25,5 5,95 0,41 0,3 2,7 10 0,155 1,5 92 39,5 Jantar Arroz branco 2 colheres de sopa 100 124,69 25,47 2,32 1,18 0,13 12,42 1,37 275,86 0,52 0 Feijão carioca 1 colher de sopa 50 30,51 4,15 1,67 0,8 4,26 9,07 1,03 95,74 0,27 0,16 Batata Cozida 1 colher de servir 100 87 20,13 1,88 0,1 1,8 5 0,31 4 13 0 Coxa de frango frita 1 unidade média 150 424,52 51,75 14,4 17,7 7,5 27 1,95 798 Tr tr Alface 3 folhas 8 0,93 0,08 0,08 0,01 0,01 1,43 0,09 0,55 1,34 0 Total 1391,91 189,61 67,25 39,57 15,24 166,33 10,50 2457,98 120,53 217,23 Fonte: PHILIPPI, 2013; TACO, 2011. Tabela 4 – Recordatório de 24 horas de 10/10/2017 – 1º Retorno Acordou às 05h30 Refeição / Horário Alimento Medida Caseira Café da Manhã (07h00) Pão Francês sem miolo, Margarina com sal, Café, com açúcar, com leite semidesnatado 1 unidade 1 ponta de faca ½ copo americano Colação (10h30) Pêra 1 unidade média Almoço (13h00) Arroz branco cozido, Feijão carioca cozido, Cenoura cozida, Salada de alface temperada com limão, Ovo cozido 4 colheres de sopa4 colheres de sopa 5 rodelas 1 prato sobremesa 1 unidade Lanche da Tarde (15h00) Banana 1 unidade média Jantar (19h00) Arroz branco cozido, Feijão carioca cozido, Filé de frango grelhado, Abobrinha cozida, Salada de alface temperada com limão. 4 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 unidade 4 colheres de sopa 1 prato sobremesa Ceia Não realizou Dormiu às 21h00 Tabela 5 – Recordatório de 24 horas de 17/10/2017 – 2º Retorno Acordou às 05h30 Refeição / Horário Alimento Medida Caseira Café da Manhã (08h00) Pão de leite Café, com açúcar, com leite semidesnatado ½ unidade 1 copo americano Colação (11h30) Maçã verde 1 unidade Almoço (14h00) Arroz branco cozido, Feijão carioca cozido, Ovo cozido, Chuchu cozido, Salada de alface temperada com limão. 4 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 unidade 3 colheres de sopa 1 pires Lanche da Tarde (17h00) Pêra 1 unidade média Jantar (20h00) Arroz branco cozido, Feijão carioca cozido, Peixe cozido, Chuchu cozido, Salada de alface temperada com limão. 4 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 unidade média 3 colheres de sopa 1 pires Ceia (23h00) Maçã gala 1 unidade média Dormiu às 23h30 7 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA Tabela 6 – Dados da Avaliação Antropométrica Medidas 1ª Consulta (26/09/2017) 1º Retorno (10/10/2017) 2º Retorno (17/10/2017) Estatura (m) 1,61 Peso (Kg) 100 96,4 (-3,6) 95,8 (-0,6) IMC (Kg/m2) 38,57 37,18 36,95 Circunferência Abdominal (cm) 109 106 (-3) 105 (-1) Peso Ideal (Kg) 57,00 (IMC 22 Kg/m2) 8 DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL De acordo com o Índice de Massa Corporal da paciente em sua primeira consulta, de 38,57 kg/m², sua classificação é de obesidade grau 2, segundo o World Health Organization (1998). De acordo com a circunferência da cintura, de 109 cm na primeira consulta, a paciente apresenta risco muito aumentado de comorbidades, visto que o ideal para mulheres, segundo o World Health Organization (1998), é abaixo de 80 cm. 9 CÁLCULO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS · Gasto Energético com Peso Atual (1ª consulta) TMB = 665,1+ 9,5 x 100 + 1,8 x 161 – 4,7 x 40 TMB = 665,1 + 950 + 289,8 - 188 TMB = 1615,1 + 289,8 - 188 TMB = 1904,9 - 188 TMB = 1716,9 1717 kcal GET = TMB x Fator Atividade x Fator Lesão x Fator Térmico GET = 1717 x 1,3 x 1 x 1 GET = 2232 kcal · Gasto Energético com Peso Ideal (IMC 22 Kg/m2) TMB = 665,1+ 9,5 x 57 + 1,8 x 161 – 4,7 x 40 TMB = 665,1 + 547,5 + 289,8 - 188 TMB = 1212,6 + 289,8 - 188 TMB = 1502,4 - 188 TMB = 1314,4 1315 kcal GET = TMB x Fator Atividade x Fator Lesão x Fator Térmico GET = 1315 x 1,3 x 1 x 1 GET = 1710 kcal 1700 kcal 9.1 Distribuição de Macronutrientes · Prescrição Dietética Energia: 1710kcal / 100kg = 17,1 kcal/kg – hipocalórica. CHO: 50% = 855 kcal / 4 = 213,75g / 100kg = 2,13g/kg/dia - hipoglicídica PTN: 31% = 530,1 / 4 = 132,52g / 100kg = 1,32g/kg/dia – hiperproteica LIP: 19% = 324,9 / 9 = 36,13g / 100kg = 0,36g/kg/dia - hipolipídica De acordo com o GET da paciente, sua dieta será: geral, hipocalórica, hipoglícidica, hiperproteica, hipolípidica, hipossódica, normovitaminica e mineral, com líquidos (água) via oral à vontade. Tabela 7 - Cálculo das Necessidades de Macronutrientes Macronutriente Recomendações segundo o cálculo das necessidades nutricionais Calorias (kcal) 1710 CHO (g) 213,75 PTN (g) 132,52 LIP (g) 36,13 Tabela 8 - Cálculo das Necessidades de Micronutrientes Micronutriente Recomendações Diárias (DRIs) (31-50 anos) Fibra (g) 28 Cálcio (mg) 1000 Ferro (mg) 27 Sódio (mg) 1500 Vitamina C (mg) 85 Vitamina A (ug) 700 10 OBJETIVO DO TRATAMENTO NUTRICIONAL A prescrição da dieta tem o objetivo à redução de peso e controle da pressão arterial, a fim de evitar agravos irreversíveis. Prevê a adequação da alimentação e promoção da saúde através de hábitos alimentares mais saudáveis. Adoção de hábitos novos e melhoria da saúde em geral. 11 CONDUTA E ENCAMINHAMENTOS Tabela 9 – Plano Alimentar Proposto Refeição Alimento Medida caseira Café da manhã (07h00) Pão Francês Margarina sem sal Leite desnatado Café com açúcar 1 unidade 2 pontas de faca ¾ copo americano ¼ copo americano Colação (10h00) Maçã 1 unidade média Almoço (13h00) Arroz branco cozido Feijão carioca cozido Carne moída Repolho cru Azeite de Oliva Extravirgem Jiló cozido Suco de abacaxi natural Adoçante sucralose 4 colheres de sopa 4 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 prato de sobremesa 1 colher de chá 1 pires 1 copo americano 4 gotas Lanche da tarde (16h00) Banana Nanica 1 unidade média Jantar (19h00) Arroz branco cozido Feijão carioca cozido Ovo cozido Salada de Alface temperada com limão Azeite de Oliva Extravirgem Cenoura cozida 4 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 unidade 1 pires 1 colher de chá 1 pires Ceia (21h00) Biscoito Maisena Chá de hortelã Açúcar cristal 7 unidades 1 xícara média 2 colheres de chá · CHO: 888,12kcal = 51,1% · PTN: 510,36kcal = 29,8% · LIP: 327,15kcal = 19,1% · O plano alimentar proposto foi desenvolvido junto à paciente, levando em consideração as condições socioeconômicas da mesma. Algumas modificações ficaram comprometidas pelo fato da alimentação da paciente ser baseada principalmente em doações. Tabela 10 – Cálculo do Plano Alimentar Proposto Alimento Medida Caseira Quantidade (g/ml) Energia (kcal) CHO (g) PTN (g) LIP (g) Fibras (g) Ca (mg) Fe (mg) Na (mg) Vit. C (mg) Vit. A (ug) Café da Manhã Pão Francês 1 unidade 50 142,8 28,4 4,71 1,28 1,4 55,5 1,54 290 0 0 Margarina sem sal 2 pontas de faca 5 61 0 0 6,5 0 0 0 0 0 45 Leite desnatado ¾ do copo americano 200 92 9,2 5,84 1,28 0 238 0 0 0 0 Café com açúcar infusão ¼ do copo americano 50 18,61 4,54 0,15 0,005 0 2,68 0,06 1,84 0 0 Colação Maçã vermelha 1 unidade média 130 84,5 19,76 0,39 0,39 2,56 7,80 0,52 0 7,80 3,9 Almoço Arroz Branco Cozido 4 colheres de sopa 100 124,7 25,47 2,32 1,18 0,49 12,43 1,37 275,87 0,52 0 Feijão 1 concha média 140 85,4 11,62 4,68 2,24 5,88 25,41 1,46 267,96 0,77 0,45 Patinho moído 4 colheres de sopa 100 219 0 35,9 7,0 0 5 3 60 0 tr Repolho cru 1 prato de sobremesa 100 25 5,44 1,45 0,27 2,03 47 0,59 18 32,2 13,3 Azeite de Oliva Extravirgem 1 colher de chá rasa 5 36 0 0 4 0 0 0,05 0 0 0 Jiló 1 pires 110 41,8 7,7 1,54 1,21 1,32 24,2 1,1 0 29,7 72,6 Abacaxi 1 fatia média 75 36,75 9,3 0,29 0,32 0,9 5,25 0,28 0,75 11,55 1,72 Lanche da Tarde Banana Nanica 1 unidade 90 82,8 18,72 0,84 0,38 1,62 4,8 0,25 0,8 7,28 6,4 Jantar Arroz Branco Cozido 4 colheres de sopa 100 124,7 25,47 2,32 1,18 0,49 12,43 1,37 275,87 0,52 0 Feijão 1 concha média 140 85,4 11,62 4,68 2,24 5,88 25,41 1,46 267,96 0,77 0,45 Ovo cozido 1 unidade 50 74,5 0,62 6,25 5 0 24,5 0,72 63 0 95,5 Alface 1 prato de sobremesa 100 13 2,1 1,02 0,19 1 19 0,5 9 3,9 0 Azeite de Oliva Extravirgem 1 colher chá rasa 5 36 0 0 4 0 0 0,05 0 0 0 Cenoura cozida 1 pires 80 45 10,5 1,1 0,18 2,53 31 0,62 66 2,3 489,6 Ceia Biscoito maisena 7 unidades 40 176 28 4 4,5 2 0 0 236 0 0 Chá de hortelã 1 xícara média 150 14,17 3,57 0,11 0 0,03 3,44 0,054 581 0 0 Açúcar cristal 2 colheres chá 10 38,7 NA 0,07 tr NA 2 0,01 tr tr NA Total 1737,32 222,03 127,72 36,35 26,51 546,06 15,49 1573,73 97,31 728,92 Fonte: PHILIPPI, 2013; TACO, 2011. Tabela 11 – Comparativo de Macronutrientes e Micronutrientes Nutriente Recordatório 24 horas 1ª consulta Plano Alimentar Proposto Recomendações Calorias (kcal) 1391,91 1737,32 1710* Carboidratos (g) 189,61 222,03 213,75* Proteínas (g) 67,25 127,72 132,52* Lipídeos (g) 39,57 36,35 36,13* Fibra (g) 15,24 26,51 28** Cálcio (mg) 166,33 546,06 1000** Ferro (mg) 10,50 15,49 27** Sódio (g) 4292,16 1573,73 1500**Vitamina C (mg) 120,53 97,31 85** Vitamina A (ug) 217,23 728,92 700** *Segundo cálculo das necessidades; **Segundo Recomendações Diárias (DRIs) (31-50 anos) · Comparativo de Macro e Micronutrientes De acordo com o R24h da 1ª consulta, é possível perceber que a paciente apresentava carência em praticamente todos os micronutrientes, com exceção da Vitamina C, que estava acima do recomendado. A quantidade de sódio estava bem acima do recomendado, o que justifica suas alterações de PA. Os macronutrientes apresentavam-se abaixo do recomendado, exceto em sua porção lipídica que estava acima do recomendado. Com o Plano Alimentar proposto, foi possível fazer uma melhor redistribuição dos macronutrientes e micronutrientes. Mesmo que os minerais cálcio e ferro estejam abaixo do recomendado, ainda são maiores do que o referido no R24h da 1ª consulta. · Orientações · Realizar as seis refeições propostas em ambiente calmo, nos horários adequados, respeitando as porções e seguindo as recomendações sobre substituições; · Comer sem pressa, com tranquilidade, mastigando bem, respeitando os horários e não pulando as refeições. · Incluir mais frutas, verduras e legumes na alimentação; · Preferir alimentos cozidos, grelhados, assados; · Evitar frituras, preparações com imersão de óleo, fazer preparações com pouco óleo; · Optar por alimentos integrais, por conta das fibras que auxiliam no bom funcionamento do intestino; · Aumentar a ingestão hídrica diária para no mínimo 2 litros de água por dia; · Sair do sedentarismo e retomar a pratica de atividade física; · Preferir os adoçantes Stevia ou Sucralose; · Evitar o consumo de produtos industrializados e embutidos; · Preferir produtos lácteos desnatados; · Não acrescentar sal na comida já preparada. Temperar os alimentos utilizando ervas aromáticas como orégano, manjericão, manjerona, salsa e outros. · 12 CONCLUSÃO O plano alimentar proposto foi baseado pincipalmente nas condições socioeconômicas da paciente. Foi necessário abrir mão de algumas orientações para que o cardápio coubesse na realidade da paciente, como por exemplo, não incluir alimentos integrais, que são normalmente mais saudáveis, porém mais caros. Este, inclusive, foi um desafio que com certeza se repetirá ao longo da vida profissional, o que exigirá do profissional muito bom senso, e novas táticas para que o cardápio esteja adequado tanto à patologia, quanto à realidade econômica do paciente. A mudança dos hábitos alimentares de uma pessoa depende, mito mais do que é proposto pelo profissional, da disciplina do paciente. Durante os retornos, foi possível perceber que a paciente realmente estava empenhada em atingir seus objetivos, e que estes resultados estavam aparecendo. Toda dedicação para desenvolver seu plano alimentar foi retribuída. A perda de peso foi bastante significativa, pois no primeiro retorno notou-se uma redução de 3,6kg e 3cm de circunferência abdominal. No segundo retorno, os resultados continuaram positivos, visto que a paciente ainda perdeu 0,6kg e mais 1cm de circunferência abdominal, o que sugere que, se a mesma continuar com o plano proposto, conseguirá em breve mudar positivamente o seu estado nutricional. Portanto, é de extrema importância a continuidade no tratamento, com acompanhamento do profissional nutricionista. Concluo que o presente estudo de caso atingiu satisfatoriamente os objetivos propostos, refletindo principalmente na autoestima da paciente. Participar positiva e ativamente na mudança do estilo de vida de alguém é de uma satisfação incomensurável. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABESO. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. - 3.ed. - Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf> Acesso em 30 de outubro de 2017. ALMEIDA, R. T; ALMEIDA, M.M.G; ARAÚJO, T.M. Obesidade Abdominal e Risco Cardiovascular: Desempenho de Indicadores Antropométricos em Mulheres. Arq. Bras. Cardiol. 92(5):375-380. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf Acesso em 16 de outubro de 2017. MELO, M.E. Doenças Desencadeadas ou Agravadas pela Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO. 2011. Disponível em: < http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/28/5521afaf13cb9.pdf > Acesso em 16 de outubro de 2017. PHILIPPI, S.T. Tabela de Composição de Alimentos: suporte para decisão nutricional. 4.ed. rev. atual. – Barueri, SP: Manole,2013. SBH. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. O que é hipertensão? 2016. Disponível em: <http://www.sbh.org.br/geral/hipertensao.asp> Acesso em 16 de outubro de 2017. TACO. Tabela Brasileira De Composição De Alimentos. 4. ed. rev. e ampl. - Campinas: NEPA- UNICAMP, 2011. WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. WHO Technical Report Series, Geneva, n. 894, 1998.
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