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Programa da Prática Médica Caso 3 Hipertensão Arterial Pressão Arterial A PA nada mais é que a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias. A PA tem um componente sistólico (pressão sistólica) que é a pressão mais elevada e que é observada durante a fase sistólica do ciclo cardíaco, e um componente diastólico (pressão diastólica) que é a pressão mais baixa detectada em uma artéria e que acontece durante a fase diastólica do ciclo cardíaco. A PA depende do débito cardíaco e da resistência vascular periférica total. O débito cardíaco depende da frequência cardíaca e do volume de sangue ejetado (chamado de volume sistólico final). Tanto a PA quanto o débito são obtidos a partir da multiplicação dos fatores que determinam eles. É importante conhecer isso pois a hipertensão arterial e seu tratamento vão envolver modificação nesses fatores determinantes. Fatores que modificam a PA O volume sistólico final é determinado pelos níveis de sódio, mineralocorticoides e peptídeo atrial. Quanto aos fatores cardíacos que alteram o débito cardíaco, existe além da frequência cardíaca a contratilidade cardíaca. Quanto a resistência vascular periférica, ela é determinada por fatores locais como níveis de oxigênio, fatores neurais dilatadores como os Beta adrenérgicos e constritores como os Alfa adrenérgicos, e ainda fatores humorais dilatadores como as prostaglandinas, óxido nítrico e cininas, e fatores humorais constritores como a angiotensina I I, catecolaminas, leucotrienos, endotelina e tromboxane. Sistema renina-angiotensina I I-aldosterona Esse é o principal determinante da PA. Na diminuição da PA, diminui-se o nível de perfusão renal e isso induz a secreção de renina. A renina converte angiotensinogênio em angiotensina 1 que se torna angiotensina I I (graças à enzima conversora de angiotensina). A angiotensina I I promove a elevação da PA de duas formas, a primeira é induzindo diretamente a vasoconstrição, o que aumenta a RVP e a PA consequentemente, e a segunda é por meio da estimulação da secreção de aldosterona que promove reabsorção de Na pelos rins, isso aumenta o volume sanguíneo e a PA consequentemente. Barorreceptores Esses receptores localizados no arco aórtico e seio carotídeo (está na bifurcação da artéria carótida comum) são importantes na modulação da PA. Quando esses receptores identificam que a pressão está aumentada, eles enviam sinais ao núcleo do trato solitário que promove um efeito desacelerador graças a uma ação parassimpática sobre o nó sinoatrial. Quando esses receptores identificam uma diminuição da PA eles enviam sinais ao núcleo do trato solitário que vai promover um efeito cardioacelerador e vasoconstritor. Por meio de ação simpática há uma estimulação do nó sinoatrial e da contratilidade cardíaca, além de se estimular a vasoconstrição dos vasos. ADH No aumento da osmolaridade sanguínea (aumento de pelo menos 2%) e/ ou diminuição da volemia (queda de pelo menos 10%), osmorreceptores e barorreceptores identificam respectivamente as duas alterações e vão promover a síntese de angiotensina I I (já descrita) e a secreção de ADH A angiotensina I I vai promover a sensação de sede por meio do reflexo orofaríngeo, com isso, estimula o paciente a beber água. O ADH é o hormônio que promove a antidiurese que vai causar retenção de água. Ambos os efeitos produzidos pelas duas substâncias vão aumentar a volemia e diminuir a osmolaridade do sangue. *O contrário de tudo o que foi descrito também é verdade ‘ . Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) A HAS tem uma etiologia multifatorial, existindo causas genéticas, ambientais, anatômicos (como a estenose da artéria renal), adaptativas, neurais, endócrinas, humorais e hemodinâmicas. Fatores de Risco Os fatores de risco intrínsecos (não modificáveis) para HAS são a idade, o sexo e a raça. Com o aumento da idade há um enrijecimento das artérias, que causa um aumento da RVP e da PA consequentemente. Quanto ao sexo, homens tendem a apresentar uma PA maior, já em relação à raça existe uma predisposição genética maior da raça negra apresentar HAS (principalmente as mais graves) Dentre os fatores extrínsecos, que são aqueles modificáveis, é possível citar a obesidade, excesso de sal na alimentação, bebidas alcoólicas e o sedentarismo. Esses são fatores importantes pela possibilidade de o médico instruir o paciente a modificar eles para evitar o desenvolvimento de uma HAS mesmo diante de uma pré-disposição. Epidemiologia A HAS é uma doença muito prevalente, existem mais de um bilhão de hipertensos no mundo. É importante mencionar que (nos Estados Unidos) são portadores dela 69% dos pacientes com infarto agudo do miocárdio, 77% dos pacientes com AVE, 75% dos pacientes com insuficiência cardíaca, 60% dos pacientes com doença arterial periférica, 45% dos pacientes que tiveram mortes por problemas cardíacos e 51% dos pacientes que tiveram mortes após um AVE. *Existe uma estimativa de que em 2025, graças à obesidade e ao envelhecimento, 1/3 da população mundial será hipertensa Classificação da PA a partir dos 18 anos Na pré-hipertensão deve-se recomendar a mudança do estilo de vida preferencialmente, enquanto os estágios 1, 2 e 3 exigem tratamentos medicamentosos além da mudança de estilo de vida. HAS como fator de risco A HAS por si só é fator de risco para insuficiência cardíaca, arritmias e doenças cerebrovasculares. Quando associada a dislipidemia, diabetes e tabagismo, a HAS é um fator de risco para a cardiopatia isquêmica, e quando associada a dislipidemias de diabetes é associada a lesões renais. Complicações da HAS No coração a HAS pode causar isquemia miocárdica (infarto do miocárdio), arritmias ventriculares (pode levar à morte súbita quando evolui para uma fibrilação), enchimento ventricular e contratilidade diminuídos graças à hipertrofia ventricular. Essa última condição é chamada de cardiopatia hipertensiva e está relacionada à insuficiência cardíaca. Insuficiência Renal Uma importante complicação da HAS é a insuficiência renal causada pela nefrosclerose. Essa condição causa anemia pela diminuição da produção de eritropoietina. A lesão glomerular do rim com nefrosclerose causa perda de proteína na urina (proteinúria), o paciente apresenta urina espumosa, e o paciente apresenta noctúria, que é a vontade excessiva de urinar à noite causada pela perda de função tubular que ocasiona uma incapacidade de concentrar a urina, por isso o paciente urina em excesso. Retinopatias Outras complicações da HAS que chamam a atenção são as retinopatias, como os espasmos arteriolares, edema de papila, exsudatos hemorrágicos recentes e antigos (chamados de algodonosos). Há rarefação de vasos na retina (graças à grande vasoconstrição sistêmica) e o sinal patognomônica que vai indicar a gravidade da HAS. História Clínica A história é importante para identificar possivelmente a etiologia da HAS do paciente e escolher o melhor tratamento. Identificação Durante a identificação do paciente é possível levantar os fatores de risco intrínsecos, como a idade, sexo, raça e ainda a condição econômica que pode ser associada à HAS. HMA Na história da moléstia atual deve-se levantar a duração da hipertensão arterial caso o paciente já saiba que é portador. Deve-se conhecer os níveis de PA anteriores e se o paciente já aderiu ou teve reações adversas a algum tratamento para a HAS. Deve-se avaliar sintomas de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular, insuficiência arterial periférica, doença renal, diabetes mellitus e indícios de HAS secundária. ‘ . Sintomas Os principais sintomas ligados à HAS são cefaleias, principalmente as suboccipitais e pulsáteis, que geralmente acontecem pela manhã e melhoram no decorrer do dia. Essa é a cefaleia clássica da HAS, porém um indivíduo hipertenso pode ter qualquer tipo de cefaleia. Sonolência, confusão mental, náuseas e vômitos são sintomascausados por vasoconstrição arteriolar e edema cerebral, ambos relacionados à encefalopatia hipertensiva e a um grande risco de AVE. Outros sintomas comuns na HAS são a epistaxe, zumbidos e fadiga inespecífica. Sintomas relacionados à insuficiência cardíaca são a dispneia ao esforço, ortopneia, palpitações e edema de MM I I. Os sintomas relacionados à insuficiência renal são o edema matutino, palidez, perda de peso, noctúria e alteração do volume urinário. Sintomas relacionados à retinopatia hipertensiva são o embaçamento da visão, escotoma cintilante e diminuição da acuidade visual. Por fim, sintomas relacionados a doenças cerebrovasculares são principalmente a paresia, plegia e parestesias. Investigação dos diversos aparelhos É o momento de avaliar dislipidemia, tabagismo, obesidade, sedentarismo, alterações de peso, características do sono, função sexual e outras afeções como DPOC e gota. História pregressa Deve-se investigar se o paciente já teve doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular, insuficiência arterial periférica, doença renal ou DM. Fatores psicossociais É quando se investiga sintomas de depressão, a situação familiar, condições de trabalho e grau de escolaridade. História familiar Como a HAS tem um fator genético importante, deve-se investigar se na família tem casos de AVC, doença arterial coronariana (chama ainda mais atenção em homens com menos de 55 anos e mulheres com menos de 65 anos), doença renal, DM, dislipidemia, morte prematura e súbita. Avaliação dietética Sendo o último momento da história clínica, é quando o médico conhece a dieta do paciente tendo um foco no consumo de sal, bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos, cafeína, consumo de medicamentos ou drogas que possam elevar a PA ou interferir no tratamento da HAS. Exame Clínico Terminando a HAS deve-se preparar o paciente para o exame clínico. O primeiro momento é a aferição da PA. Aferição da PA Explique o procedimento ao paciente que deve estar repousando por pelo menos 5 minutos em ambiente calmo, não pode estar com a bexiga cheia, ter praticado exercícios físicos na última hora, ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumado nos últimos 30 minutos. O paciente ainda deve estar com as pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado. Deve-se remover roupas do braço em que será colocado o manguito. Posicione o braço na altura do coração (nível do 4º EIC), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. O paciente não deve falar durante a aferição. Selecione o manguito adequado e o posicione a cerca de 2-3 cm acima da fossa cubital com a seta sobre a artéria braquial. Insufle o manguito até 20-30 mmHg acima do nível de pressão sistólica. Desinfle o manguito e ausculte os sons de Korotkoff. As fases dos sons são: ●Fase I: surgimento dos primeiros sons (pequena intensidade e alta frequência) ●Fase I I: sons suaves e prolongados. Podem ser inaudíveis (hiato auscultatório) ●Fase I I I: sons mais intensos e nítidos (hiato auscultatório) ●Fase IV: sons de baixa intensidade e abafados (níveis de pressão da bolsa discretamente > pressão diastólica) ●Fase V: desaparecimento dos sons. Variação da PA Os níveis geralmente variam se a aferição for feita no começo, meio e fim da consulta. A PA tem uma queda fisiológica durante o sono e se eleva durante a primeira hora após acordar. Quando o paciente está em pé há uma discreta redução da PS por estímulos aos barorreceptores e uma discreta elevação da PD graças a um aumento da RVP. Inspeção do precórdio Na inspeção existem importantes achados que indicam insuficiência cardíaca (a qual, como já foi visto, pode ser fruto da HAS), como o turgor jugular e o edema de membros inferiores, ambos causados por dificuldade de drenagem venosa. ‘ . Palpação do precórdio Na palpação deve-se atentar ao ictus cordis, que em condições de HAS grave estará totalmente alterado pela hipertrofia do coração. O ictus normal está entre o 4º e o 5º EIC esquerdo na linha hemiclavicular e sua extensão é de cerca de 2 cm (2 polpas digitais). Um ictus de um coração dilatado está desviado para baixo ou lateralmente (geralmente no 6º ou 7º EIC esquerdo na linha axilar anterior) e tem extensão superior a 2 cm. Ausculta do precórdio Os achados na ausculta cardíaca que indicam HAS e suas complicações são B3, B4 (comum na hipertrofia ventricular esquerda), sopros (valvopatiais), arritmias como extra-sístoles e fibrilação atrial. Na dilatação do ventrículo o anel valvar também se dilata e isso faz com que exista o sopro, pois as valvas não vão se fechar adequadamente e o sangue vai passar por elas em momentos inapropriados produzindo um sopro sistólico de insuficiência em foco mitral. Quando se ouve B3 geralmente o paciente está taquicárdico (aumenta a frequência cardíaca para manutenção do débito) e será auscultado o clássico ritmo de galope (ritmo patológico em três tempos) Exame físico neurológico Em HAS grave o paciente pode apresentar perda de equilíbrio, confusão mental e possíveis crises convulsivas e estado de coma. Quando a PA tem elevação súbita ele pode apresentar cefaleia, vertigens e zumbidos. Durante esse exame se constata os AVEs, cuja sintomatologia será descrita detalhadamente na próxima aula É importante mencionar nesse momento os aneurismas de Charcot e Bouchard, que são pequenas dilatações arteriolares que geralmente se encontram em arteríolas cerebrais de hipertensos. Eles se associam à perda cognitiva e estado de demência. Exames Complementares Os principais exames complementares que devem ser solicitados para pacientes com suspeita de HAS (a fim de identificar lesões de órgãos alvo principalmente) são o sumário de urina, potássio plasmático, creatinina sérica, glicemia de jejum, colesterol total e frações, ácido úrico plasmático, ECG e avaliações complementares caso o paciente tenha mais de 40 anos, seja portador de doenças cardiovasculares, de DM, de 2 ou mais fatores de risco para HAS. Diagnóstico O diagnóstico não pode se basear somente na história clínica pois cerca de 90% dos pacientes são assintomáticos, dessa forma cabe ao médico avaliar o risco cardiovascular e os fatores de risco associados, além de realizar o exame físico para conseguir fazer o diagnóstico da HAS. Além disso tudo, a pesquisa de lesões em órgãos alvo é indispensável tanto para o diagnóstico mais preciso quanto para direcionar melhor o tratamento. Tratamento A decisão terapêutica vai depender principalmente dos valores de PA, que significa qual estágio da HAS ele se encontra, e a presença ou não de lesões em órgãos-alvo. Geralmente são aplicados medidas medicamentosas e medidas não medicamentosas como mudanças no estilo de vida, o que inclui principalmente o controle do peso, prática de exercícios físicos e mudanças na dieta, reduzindo o consumo de sal e álcool principalmente Quanto as medidas medicamentosas, elas podem se apresentar em monoterapia (recomendada para HAS estágio 1) usando diuréticos, betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio e inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina). As terapias com associação de medicamentos (recomendada para HAS estágio 2 e 3) vão se utilizar de medicamentos de classes diferentes. Acidente Vascular Encefálico Introdução O AVE é a segunda principal causa de mortalidade no mundo e é a principal causa de mortalidade entre idosos, sendo que em 2018 aproximadamente 6,45 milhões de pessoas morreram de AVE e cerca de 40% dessas mortes foram em países desenvolvidos. O custo estimado do tratamento de um AVE varia entre entre 60 mil e 230 mil dólares por paciente. Existem dois tipos de AVE, 85% são do tipo isquêmico e 15% do tipo hemorrágico, sendo que cada um recebe um tratamento específico. É importante dizer que tanto a HAS (principal causa de AVE) quanto o DM (2ª principal causa de AVE) são doençassistêmicas que provocam diversas complicações. Além desses fatores, a aterosclerose é uma doença que está intimamente associada com AVE. ‘ . Sintomas Iniciais Os sinais e sintomas não são específicos para cada tipo. Os sintomas iniciais mais frequentes de um AVE são SÚBITOS, e são: ●Alteração da fala ou da compreensão do que é falado, perda de força nos membros, além da dificuldade para ficar em pé ou para segurar objetos ●Quadro de assimetria na boca, tontura ou desequilíbrio ●Dor de cabeça muito forte e que não melhora com analgésicos, sono excessivo associado a um quadro de mal- estar AVE Isquêmico No AVE isquêmico há um bloqueio súbito do fluxo sanguíneo para determinada área do encéfalo. Os principais fatores de risco para o AVE isquêmico são a HAS, DM, obesidade, cardiopatias, dislipidemias e o tabagismo. As principais etiologias desse tipo de AVE são a aterosclerose e embolia cardíaca O melhor método de diagnóstico de AVE é a tomografia computadorizada. Ele é o método mais utilizado, de menor custo e de maior acessibilidade para a avaliação inicial do AVE, principalmente o isquêmico, no qual há uma detecção de sinais precoce de isquemia em torno de 67% dos pacientes. O AVE isquêmico se apresenta como uma área escurecida na tomografia A principal causa de AVE é a miocardiopatia dilatada, causada por HAS. Isso acontece pois nessa miocardiopatia há uma dilatação principalmente de átrio esquerdo e ventrículo esquerdo, com isso o coração perde o comando da frequência cardíaca e entra em fibrilação atrial crônica. Essa condição provoca um turbilhonamento no fluxo sanguíneo e uma lise de hemácias consequentemente, isso torna a coagulação sanguínea mais fácil e é isso que vai provocar o AVE. Tratamento do AVE isquêmico O tratamento do AVE isquêmico é uma terapia trombolítica vai ser definido a partir de um score, e ele pode ser realizado tanto com anticoagulantes (uso mais frequente) como com antiplaquetários. Esse tratamento visa restaurar o fluxo sanguíneo cerebral e prevenir a morbimortalidade. O tratamento trombolítico só pode ser usado no paciente com AVE isquêmico confirmado por tomografia, pois se o AVE for hemorrágico e o médico realizar esse tratamento o paciente vai sangrar até a morte A droga (de uso exclusivo hospitalar) mais usada e efetiva no tratamento do AVEI agudo é a Alteplase, que é um ativador do plasminogênio tecidual recombinante que deve ser usado na dose de 0,9 mg/ kg até três horas depois do início dos sintomas (tempo padrão ouro) para que tenha a eficácia esperada. Outra droga usada no tratamento do AVE isquêmico é a Tenecteplase. O tempo padrão ouro para sua administração é de até 4 horas e meia após o surgimento dos sintomas. Outro método para se reestabelecer a circulação em um AVE isquêmico é o tratamento endovascular mecânico. Esse tratamento não é superior em eficácia ao tratamento trombolítico (diferentemente do infarto agudo do miocárdio em que o tratamento endovascular supera o trombolítico em eficácia). AVE Hemorrágico O AVE hemorrágico é aquele causado pela ruptura de um vaso sanguíneo que supre o encéfalo, com isso, é descrito como um sangramento espontâneo dentro do parênquima encefálico. Ele é o subtipo de AVE de pior prognóstico pois em torno de 45% dos pacientes morrem dentro de 30 dias e 65% dentro de um ano. O principal fator de risco é a HAS Quanto a epidemiologia, ele representa cerca de 15% dos AVE, tem uma taxa de sobrevida de apenas 38% em 1 ano, a incidência é de 10 a 20 casos para cada 100 mil pessoas, é mais comum em homens do que em mulheres e predomina em latinos, negros e japoneses. ‘ . O método diagnóstico dele é igual ao do AVE isquêmico, que é feito utilizando da tomografia computadorizada. Na tomografia, esse tipo de AVE se apresenta como uma área esbranquiçada ao invés de escurecida como na isquemia. Na imagem é possível comparar os dois tipos de AVE. A evolução desse AVE é muito rápida, e com ela vem o aumento da pressão intracraniana e a compressão de estruturas adjacentes, o que pode trazer mais problemas ainda pela possibilidade de gerar eventos isquêmicos também. As prioridades nos estudos acerca dos AVEH estão relacionadas ao esclarecimento da fisiopatologia das lesões neurológicas secundárias. Tipos de AVEH Os principais tipos são o AVEH com extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intraparenquimatosa), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) ou para o espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóidea). A intraparenquimatosa é a de pior prognóstico pois apresenta piora progressiva muito rápida com 65% de mortalidade em 1 ano. Tratamento É importante lembrar que ainda não existe um tratamento específico para a hemorragia cerebral. As estratégias mais usadas (que ainda estão sob investigação de nível de eficácia) são o controle da expansão do hematoma, controle agressivo da pressão arterial, evacuação precoce e cirurgia minimamente invasiva (como uma trepanação ou drenagem), drenagem da hemorragia intraventricular, craniectomia para edema e efeito de massa tardio. Prática Ausculta cardíaca Revisando o que já foi estudado, toda a região do precórdio deve ser auscultada durante o exame físico, porém, existem 5 focos que são mais importantes, principalmente na descrição dos achados semiológicos. Os focos são: ●Foco pulmonar: 2º EIC esquerdo na linha paraesternal ●Foco aórtico: 2º EIC direito na linha paraesternal ●Foco aórtico acessório: 3º EIC esquerdo na linha paraesternal ●Foco tricúspide: ligeiramente à esquerda da base do processo xifoide, por volta do 4ºEIC esquerdo ●Foco mitral: 5º EIC esquerdo na linha hemiclavicular Achados na HAS Os dois principais achados na ausculta de um hipertenso são a quarta bulha, que é um som produzido pelo sangue batendo nas paredes de um ventrículo de baixa complacência, e a segunda bulha hiperfonética (principalmente no foco aórtico), que é causada por um fechamento com mais força das valvas semilunares, principalmente a aórtica. Fibrilação Atrial É uma arritmia muito frequente que representa uma completa desorganização da atividade elétrica atrial, o que faz com que os átrios percam a capacidade de contração, o que compromete a sístole atrial. No ECG é expressa pela ausência da onda P, onde passa a existir um tremor de alta frequência na linha de base do ECG. É o chamado ritmo sinusal.