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ROTEIRO - GESTÃO IMOBILIÁRIA Curso Técnico em Transações Imobiliárias 2 APRESENTAÇÃO GESTÃO IMOBILIÁRIA Este material didático do Curso Técnico em Transações Imobiliárias, modalidade EaD foi elaborado especialmente por professores do Centro Paula Souza para as Escolas Técnicas Estaduais – ETECs. O material foi elaborado para servir de apoio aos estudos dos discentes para que estes atinjam as competências e as habilidades profissionais necessárias para a sua plena formação como Técnicos em Transações Imobiliárias. Esperamos que este livro possa contribuir para uma melhor formação e apefeiçoamento dos futuros Técnicos. GEEaD - Grupo de Estudo de Educação a Distância Centro de Educação Tecnológica Paula Souza São Paulo – SP, 2020 Expediente GEEaD – CETEC GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO EIXO TECNOLÓGICO DE GESTÃO E NEGÓCIO CURSO TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS Autora: Meiry Aparecida de Campos Revisão Gramatical: Juçara Maria Montenegro Simonsen Santos Editoração e Diagramação: Flávio Biazim ROTEIRO GESTÃO IMOBILIÁRIA 5 O síndico desempenha o papel mais importante no condomínio, não só porque o representa ati- va e passivamente em juízo, mas também porque exerce as funções executivas de administrador. Entre suas principais funções, além da represen- tação do condomínio, está a de gestor, devendo prestar contas à assembleia sobre as ações pro- duzidas, especialmente sobre receita e despesa. Cabe-lhe impor multas na forma da convenção e do regulamento, além de cumprir e fazer cumprir tais atos normativos e zelar pelo patrimônio condominial. Nos termos do artigo 1.347 do Código Civil, qualquer pessoa poderá ser escolhida pela assem- bleia para ser síndico sendo ou não condômino; Atualmente existe a figura do síndico profissional, ou seja, um terceiro não morador do imóvel. O síndico pode renunciar ao cargo independentemente da concordância da assembleia ou dos condôminos, ressaltando que nos termos do art. 186 do Códi- go Civil, responderá por indenização se ocasionar prejuízo ao condomínio, seja por sua culpa ou dolo. Os direitos e deveres dos condôminos estão definidos nos arts. 1.335 a 1.347 do Códi- go Civil e especificamente na “Convenção de Condomínio”, que é um ato-regra gerador de di- reito estatutário ou corporativo, aplicável não só aos que integram a comunidade, como tam- bém a todos os que nela se encontrem na condição permanente ou ocasional de “ocupantes”. Salvo se houver disposição em contrário equiparam-se aos proprietários os promiten- tes compradores e os cessionários de direitos relacionados às unidades autônomas (CC, art. 1.334, § 2º), logo a Convenção de Condomínio deverá ser seguida por essas pessoas. Os direitos e deveres dos condôminos estão defini- dos nos arts. 1.335 a 1.347 do Código Civil e especifi- camente na “Convenção de Condomínio”, que é um ato-regra gerador de direito estatutário ou corpora- tivo, aplicável não só aos que integram a comunida- de, como também a todos os que nela se encontrem na condição permanente ou ocasional de “ocupantes”. Salvo se houver disposição em contrário equipa- ram-se aos proprietários os promitentes compradores e os cessioná¬rios de direitos relacionados às unida- des autônomas (CC, art. 1.334, § 2º), logo a Convenção de Condomínio deverá ser seguida por essas pessoas. ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO: O SÍNDICO DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS GESTÃO IMOBILIÁRIA Im ag em 1 - fr ee pi k. co m Imagem 2 - freepik.com 6 GESTÃO IMOBILIÁRIA A par desses direitos tem muitas obrigações, as quais cito algumas a saber: a) observar as regras de boa vizinhança, para evitar conflitos. b) não alterar a forma externa e a cor da fachada, a não ser com a anuência de todos os consortes - CC. art. 1.336, III). c) não decorar as partes e esquadrias externas com tonalidades ou cores diversas das empregadas no conjunto da edificação (CC, art. 1.336, III); d) não destinar a unidade a utilização diversa da finalidade do prédio (CC, art. 1.336, IV); e) não praticar qualquer ato ou obra que possa ameaçar a segurança do edifício (CC, art. 1.336, II), ou prejudicar a higiene e limpeza; O art. 1.336, § 2º prescreve que o transgressor dos deveres do art. 1.336, II a IV aqui elencados no parágrafo anterior, ficará sujeito ao pagamento de multa prevista no ato constitutivo ou na convenção. Importante es- clarecer que a multa estipulada não poderá ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das per¬das e danos que se apurarem. Se não houver disposição expressa, a assembleia geral deliberará por 2/3 no mínimo dos condôminos, sobre a cobrança dessa multa (CC, art. 1.336, § 2º). Como cada unidade corresponde a uma fração ideal do edifício e do solo (CC, art. 1.331, § 3º), o con- sorte é obrigado a concorrer com sua quota corrrespondente para as despesas do condomínio, proporcio- nalmente aos seus quinhões, por ser este o critério mais justo, impedindo assim, o enriquecimento ilícito. Pelo art. 1.340 do Código Civil, as despesas alusivas a partes comuns de uso exclu- sivo de um condômino, ou de alguns deles, como p. ex. loja, escadaria, antena coleti- va, instalação de TV a cabo ou hall de elevador privativo, incumbem a quem delas se servir. É possível realizar obras no condomínio edilício. As voluptuárias requerem aprovação de 2/3 dos condômi- nos e as úteis, da maioria deles (CC, art. 1.341, I e II). As necessárias sem autorização dos condôminos po¬dem ser levadas a efeito pelo síndico ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino (CC, art. 1.341, § 1º). Não havendo urgência dos reparos necessários, que importarem em dispêndios excessi- vos, só poderão ser efetuados após autorização da assembleia, especialmente convocada pelo síndico ou por qualquer condômino, diante da inércia ou impedimento daquele (CC, art. 1.341, § 3º). Se algum condômino vier a realizar obras necessárias, deverá ser reembolsado das despesas que fez, mas não terá direito à restitui- ção das efetuadas com reparos de outra natureza, apesar de serem de interesse comum (CC, art. 1.341, § 4º). A necessidade de proteção aos locatários de apartamentos, trouxe a previsão legal da possibilida- de destes participarem de assembleias sobre assuntos pertinentes às despesas que lhes dizem respei- to, através do parágrafo 4º ao art. 24 da lei n. 4.591/64, inserido pela lei n. 9.267/96, que assim prevê: “Nas decisões da Assembléia que não envolvam despesas extraordinárias do condo- mínio, o locatário poderá votar, caso o condômino-locador a ela não compareça”. (sic) INQUILINO NA UNIDADE AUTÔNOMA: LEI DO INQUILINATO. 7 GESTÃO IMOBILIÁRIA Como as despesas ordinárias são carreadas ao in- quilino, geralmente o locador não se preocupa com a votação delas. No entanto, a participação do loca- tário na assembleia nem sempre será tranquila, a co- meçar pelo que se entende por despesa ordinária e extraordinária. A Lei nº 8.245/91 ao estabelecer os direitos e deveres do locador e do locatário discipli- nou que as despesas ordinárias de condomínio cabem ao inquilino, enquanto as extraordinárias, ao locador. O parágrafo único do art. 22 da Lei do In- quilinato entende como despesas extraor- dinárias, de responsabilidade do locador: O inciso XII do art. 23 da mesma lei, determina a responsabilidade do inquilino no pagamento das despesas ordinárias, esclarecendo no § 1º : a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e ilumina¬ção, bem como das esquadrias externas; c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados ocorridas em data anterior ao início da locação; e) instalação de equipamentos de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; J) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo de reserva”. a)salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; c) limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; d) manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum; e) manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de esportes e lazer; f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da locação; i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente, utilizado no custeio ou complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes a período anterior ao início da locação.” “aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente”: Im ag em 3 - fr ee pi k. co m 8 GESTÃO IMOBILIÁRIA Acrescenta o § 2º que o locatário fica obrigado a essas despesas desde que comprovadas em previsão orça- mentária. Verifica-se também que, embora o elenco legal se tenha expandido, não é exaustivo. Sempre haverá zona cinzenta sobre a natureza das despesas de condomínio. A questão, no entanto, poderá ser resolvida a nível contratual da locação. Perante o condomínio será sempre o condômino o responsável pelo pagamento de despesas de qual- quer natureza, posto que o condomínio não tem legitimidade de cobrar diretamente do inquilino. Com o direito do inquilino em participar de assembleia de condomínio no tocante às discussões sobre despesas ordinárias, quando ausente o condômino, poder-se-á levantar questão prévia de ordem, para de- finir o âmbito da discussão e se o locatário poderá participar. É dever do condômino, por¬tanto, comunicar a locação à administração. Por outro lado, o inquilino so¬mente poderá participar da assembleia provan- do sua relação ex-locato. A matéria que foge às despesas ordinárias é estranha à participação do inquilino. Importante destacar ainda que os artigos 22 e 23 prescrevem os deveres do locador e do locatário, a saber: Art. 22. O locador é obrigado a: I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica; VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio. 9 Art. 23. O locatário é obrigado a: I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato; II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá - lo com o mesmo cuidado como se fosse seu; III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso normal; IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terceiros; V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos; VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador; VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário; VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto; IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27; X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos; XI - pagar o prêmio do seguro de fiança; XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio. Além das determinações previstas no Código Civil, convenção de condomínio, regulamentos e de- cisões de assembleia, cabe ao locatário de unidade condominial discutir a matéria de seu pe- culiar interesse e colocá-la em contrato de locação, desde que não infrinja nenhuma previsão legal. GESTÃO IMOBILIÁRIA 10 Na legislação temos as espé- cies de locação residencial e não residencial também cha- mada de comercial, podendo ser diferenciada de acordo com a finalidade de uso do imóvel: - locação comercial: destinada à instalação de escritório, comércio, indústria ou qualquer outra atividade que não seja residencial. - locação residencial: destinada à moradia do locatário e/ou da família. Não há limite de prazo para contrato de locação comercial (ou não residencial), mas geralmente o prazo é mais longo do que os contratos residenciais firmados, tendo em vista que o locatário investe em adaptações para o seu negócio, realizando até construções, além de adquirir sua clientela no local. As- sim, poderá pleitear o direito à renovação da locação, obedecendo os requisitos legais, especialmente ter cumprido 5 anos de contrato de locação, ou vários contratos ininterruptos que resultem em 5 anos. É o contrato de locação que se efetiva entre o locatário de um bem e terceiro (o sublocatá- rio), com a prévia permissão do locador, que, participando de uma primeira relação jurídi- ca ex locato (contrato de locação), se vincula a uma segunda (contrato de sublocação), tendo- se em conta, nas duas o mesmo objeto locado. A relação sublocatícia não passa de uma mera permissão do locador, regida no que cou- ber, pelas mesmas disposições legais relati- vas à locação (Lei n. 8.245/91, art.14). Equi- vale a uma nova locação, embora o seu prazo não possa ser superior ao da locação originá- ria, ou seja, entre o locador e o locatário, uma vez que a sublocação segue a sorte da locação. GESTÃO IMOBILIÁRIA LOCAÇÃO RESIDENCIAL E NÃO RESIDENCIAL SUBLOCAÇÃO Im ag em 4 - fr ee pi k. co m Im ag em 5 - fr ee pi k. co m 11 A locação por temporada de imóveis urba- nos também é regulamentada e regida pela Lei 8245/91, especificamente nos artigos 48 a 50. A sua definição está prevista no caput do artigo 48: Art. 48. Considera- se locação para temporada aquela destinada à residência temporária do loca- tário, para prática de lazer, realização de cursos, tra- tamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão-somente de deter- minado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. É importante ressaltar que o contrato para temporada possui características peculiares, quais sejam: - Não pode exceder 90 dias. - O imóvel pode ou não estar mobiliado. - O locador poderá receber deuma só vez e antecipadamente os aluguéis. - O locador pode exigir qualquer modalidade de garantia previstas no artigo 37 da Lei 8245/91 (caução; fiança; seguro de fiança locatícia e cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento). GESTÃO IMOBILIÁRIA LOCAÇÃO DE TEMPORADA Im ag em 6 - fr ee pi k. co m