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Direitos trabalhistas específicos SST Bellan, Rosana Aparecida Direitos trabalhistas específicos / Rosana Aparecida Bellan Ano: 2020 nº de p.: 10 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Direitos trabalhistas específicos APRESENTAÇÃO Nesta unidade, compreendemos alguns aspectos do contrato individual do trabalho, que é um instrumento de acordo, que segue a forma, entre empregado e empregador. Assim, verificaremos algumas das principais garantias estabelecidas ao trabalhador quando da celebração desse instituto. Estudaremos que o aviso- prévio objetiva dar condições ao trabalhador, quando sair de uma empresa, para que consiga a realocação no mercado e analisaremos outras garantias, como os direitos específicos da gestante, a estabilidade e, por fim, compreenderemos o que é o Fundo Garantidor por Tempo de Serviço (FGTS). Aviso-prévio O aviso-prévio consiste em uma comunicação da parte que pretende rescindir o contrato de trabalho por prazo indeterminado, fixando-se, assim, um termo final. O aviso-prévio tem natureza tríplice: de comunicação, de tempo restante do contrato e de pagamento, quando não trabalhado. Filme: À procura da felicidade Sinopse: O enredo descreve as dificuldades de um homem que busca sua realocação profissional. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EET58w0KiY0. Saiba mais Quanto ao tempo do aviso-prévio, a Constituição Federal assegurou, no art. 7º, inciso XXI, um aviso-prévio de no mínimo 30 dias, proporcional ao tempo de serviço (BRASIL,1988). https://www.youtube.com/watch?v=EET58w0KiY0 4 Destaca-se que até outubro de 2011, o aviso-prévio era sempre de 30 dias, pois não havia lei estabelecendo a proporcionalidade assegurada pela Constituição. Em 2011, a Lei nº 12.506/11 fixou o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço e, de acordo com essa lei, será concedido um prazo de 30 dias de aviso-prévio àquele que permanecer no emprego por até um ano, sendo que esse prazo integra o contrato de trabalho para todos os fins. Assim, a extinção do contrato só ocorre após a expiração do tempo do aviso (BRASIL, 2011). Caso o aviso seja dado pelo empregador, ao longo de sua duração, o empregado terá direito a trabalhar com redução de duas horas por dia ou, se preferir, com redução de sete dias. Essa redução tem por objetivo viabilizar que o empregado procure novo trabalho. Se o empregador não conceder o aviso, o empregado terá direito ao salário correspondente ao prazo do aviso, conforme instituído pelo art. 487, § 1º, da CLT (BRASIL, 1943). De acordo com o art. 487, § 2º, da CLT, caso seja o empregado que solicite a rescisão e não dê o aviso, o empregador terá direito a descontar o valor do salário correspondente ao prazo do aviso (BRASIL, 1943). Estabilidade A estabilidade é o direito do empregado de continuar no emprego, independentemente da vontade do empregador. Mas é claro, desde que inexista uma causa prevista em lei que permita a despedida. O seu fundamento é o princípio da continuidade da relação de emprego, que tem por objetivo a proteção do emprego. Em 1943, a CLT assegurou o direito de estabilidade a todo o empregado que completasse dez anos de serviço na mesma empresa. Configurada essa situação, o empregado somente poderia ser dispensado se cometesse falta grave ou por motivo de força maior efetivamente comprovada, por exemplo, o fechamento da empresa (BRASIL, 1943). Dentre os trabalhadores que possuem direito à estabilidade, a Constituição Federal da República Brasileira (CFRB/88) estabelece essa garantia ao cipeiro, o dirigente sindical e à gestante (BRASIL,1988). 5 Cipeiro – é o membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O empregado eleito para cargo de direção da CIPA possui estabilidade provisória no emprego, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato, conforme o art. 10, inciso II, alínea “a”, do ADCT da Constituição Federal (BRASIL, 1988). Curiosidade Outra possiblidade dessa garantia é por meio de cláusula contratual, ou seja, quando estabelecido em contrato de trabalho ou em norma coletiva. Ainda é possível que a estabilidade seja decorrente da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) ou leis esparsas. A exemplo de trabalhadores que possuem tais garantias, temos: caso do acidentado, do dirigente de cooperativa dos membros de comissão de conciliação prévia e dos empregados eleitos para o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A estabilidade também é conferida ao dirigente sindical. A regra é a proibição da dispensa sem justa causa do empregado sindicalizado, a partir do registro da candidatura, até um ano após o mandato. O objetivo dessa proteção é evitar represálias do empregador, a fim de que o trabalhador possa exercer seu encargo sindical com independência, sem receio de ser demitido. Essa garantia abrange o dirigente sindical e o seu suplente. Para saber mais sobre a fundamentação legal para a estabilidade do dirigente sindical, verifique: CFRB/88, art. 8º, VII e CLT/43, art. 543, § 3º. Saiba mais Além disso, o empregador não pode dificultar a atuação do dirigente sindical, nem o transferir para local que dificulte ou impeça a representação. Todavia, a estabilidade provisória do dirigente sindical não é absoluta, pois se este cometer falta grave, apurada em inquérito judicial, poderá ser dispensado. 6 Sobre a limitação da estabilidade do sindicato, consulte a Súmula nº 379 do Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em: https:// www.tst.jus.br/sumulas Saiba mais A gestante também não pode ser dispensada arbitrariamente ou sem justa causa, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Para isso, basta que a própria gestante tenha a confirmação de sua gravidez, não importando se o empregador saiba do estado gravídico da empregada. Nesse caso, havendo a dispensa de forma arbitrária ou sem justa causa, a empregada terá o direito de ser reintegrada e caso já tenha expirado o período relativo à estabilidade, terá direito aos salários do período correspondente (BRASIL, 1988). Sobre a fundamentação legal para a estabilidade da gestante, consulte o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), art. 10, inciso II, alínea “b”. Saiba mais Já a estabilidade provisória do acidentado está prevista no art. 118 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Assim, se o empregado sofre um acidente e vem a receber auxílio-doença, ele terá estabilidade de pelo menos 12 meses a partir do momento em que cessar o auxílio-doença. Nessa situação, ele somente poderá ser dispensado se cometer falta grave e ensejadora de dispensa por justa causa (BRASIL, 1991). 7 É importante que você entenda as diversas mudanças sofridas pela Previdência Social brasileira. Para conhecer os principais fatos que resumem a história da Previdência Social no Brasil, acesse o site: https://www.inss.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/PEP- historia_ilustrada_v6.pdf Saiba mais Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) O FGTS foi criado pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966. Na época, era uma opção do trabalhador, já que ele poderia optar pelo sistema de indenização e estabilidade decenal regido pela CLT ou pelo regime do FGTS. Mas esse modelo alternativo existiu até 1988, quando a Constituição Federal previu somente o regime de FGTS. Após 1988, entretanto, os empregados passaram a ser regidos, necessariamente, pelo sistema do FGTS. Esse instituto se configura por recolhimentos pecuniários mensais, feitos em conta bancária vinculada em nome do empregado e que pode ser sacado em determinadas situações autorizadas pelo ordenamento jurídico. Quanto ao valor da arrecadação, o art. 15 da Lei nº 8.036/90, de 11 de maio de 1990, estabelece que o recolhimento do FGTS deve ser feito pelo empregador, no montante de 8% da remuneração do empregado, incluída aí a gratificaçãonatalina (BRASIL, 1990). A Emenda Constitucional nº 72/2013 ampliou os direitos dos trabalhadores domésticos e tornou obrigatório o recolhimento do FGTS. Saiba mais https://www.inss.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/PEP-historia_ilustrada_v6.pdf https://www.inss.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/PEP-historia_ilustrada_v6.pdf 8 São várias as situações que permitem ao empregado sacar o valor depositado na conta vinculada ao FGTS. Essas possibilidades estão previstas no art. 20 da Lei nº 8.036/90. São algumas das hipóteses trazidas pela lei: • despedida sem justa causa; • aposentadoria concedida pela Previdência Social; • falecimento do trabalhador, tornando-se o saldo pago a seus dependentes; • quando o trabalhador ou qualquer um de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna; • quando o trabalhador ou qualquer um de seus dependentes for portador do vírus HIV; • para pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento ha- bitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), observadas algumas condições estabelecidas no inciso V, do art. 20 dessa lei; • para pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construído, observadas algumas condições previstas no art. 20, inciso VII dessa lei; • para liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financia- mento imobiliário, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas, a de que o financiamento seja concedido no âmbito do SFH [Sistema Financeiro de Habitação] e haja interstício mínimo de dois anos para cada movimentação (BRASIL, 1990). A base de cálculo do FGTS é o salário mensal Saiba mais Por fim, saiba que o valor do FGTS também serve de base para o cálculo da indenização compensatória de 40% a ser paga pelo empregador em caso de dispensa sem justa causa, rescisão indireta ou justa causa do empregador, extinção da empresa ou falecimento do empresário individual, extinção do contrato por culpa recíproca (neste último caso, a indenização será de 20%). 9 FECHAMENTO Nesta unidade, compreendemos algumas garantias estabelecidas ao trabalhador quando da celebração do contrato de trabalho. Vimos que o aviso prévio é a comunicação, de forma prévia e obrigatória dentro de uma relação de emprego, que uma das partes deve fazer à outra que deseja romper com a relação contratual e percebemos, ainda, que o ordenamento estabelece garantias específicas ao trabalhador. Compreendemos que o emprego é uma garantia contra a dispensa arbitrária do empregador por parte do empregado, verificamos que esse direito é estabelecido para alguns profissionais em situações especificas e apreendemos que essa garantia é temporal, ou seja, uma vez transcorrido o período que a lei estabelece, o empregado poderá ser demitido, inclusive sem justa causa. Por fim, analisamos que o instituto do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é um fundo criado com a finalidade de proteger o trabalhador e vimos que, para além das hipóteses de despedida sem justa causa, a lei permite o saque desse montante em situações específicas. 10 Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020. ______. Emenda constitucional nº 72, de 2 de abril de 2013. Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020. ______. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e dá outras providências. In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020. ______. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020. ______. Lei nº 12.506, de 11 de outubro de 2011. Dispõe sobre o aviso-prévio. In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020.