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Contrato individual de trabalho SST Rufino, R. C. P..; Contrato individual de trabalho / Regina Celia Pezutto Rufino Ano: 2020 nº de p.: 9 páginas Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Contrato individual de trabalho 3 Apresentação Nesta Unidade, iremos estudar o contrato individual de trabalho, previsto nos arts. 442 e 443 da CLT, sendo definido pelo acordo tácito ou expresso correspondente à relação de emprego com prazo determinado ou indeterminado, sendo aquele uma exceção deste, que é a regra. Este contrato poderá ser alterado. Todavia, para ser válida esta alteração, deverá ter mútuo consentimento, ou seja, ter a anuência do empregado e ainda não acarretar prejuízos ao trabalhador. Isso protege o empregado de possíveis pressões por parte do empregador para forçá-lo a firmar autorizações que, no fundo, prejudiquem-no. O contrato de trabalho é fundamental na relação trabalhista. Fonte: Plataforma Dedica (2020) Contratos Perceba que o contrato de trabalho não se configura somente pela avença escrita, mas também por um pacto entre os sujeitos feito verbalmente ou até de forma tácita, presumida. Em razão disso, pode-se dizer que o contrato de trabalho é informal, existindo mesmo sem uma formalidade legal (MARTINS, 2011). 4 Prazo: Pela legislação, o prazo determinado é previsto em três casos: atividade transitória em relação à atividade da empresa; a própria atividade-fim é transitória; e no contrato de experiência (BARROS, 2017). Atividade transitória em relação à atividade da empresa: Ocorre quando a empresa possui uma atividade permanente; contudo, por uma necessidade temporária, contrata um trabalhador para exercer uma atividade específica por um curto período. Por exemplo: lojas que precisam contratar funcionários adicionais para dar conta das vendas no final de ano. A própria atividade da empresa é transitória: Ocorre quando a própria empresa presta serviços de forma temporária para pessoas diferentes ou em lugares diferentes. Por exemplo: um empreiteiro. Dependendo do tipo de obra, ele pode contratar cinco operários para determinada obra ou 20 para outros tipos. Em cada serviço, firma um contrato temporário com cada operário. Casas de espetáculo ou teatro também podem contratar funcionários distintos, dependendo da natureza e do prazo do show ou espetáculo. Tipos de contratos Contrato de experiência É o período no qual o empregador analisa as aptidões do empregado e verifica a possibilidade do contrato passar ou não a ser por prazo indeterminado. Seu prazo máximo é de 90 dias (Art. 445) e pode ser prorrogado uma vez, desde que não ultrapasse esse prazo (Súmula 188 do TST). Em alguns casos, a jurisprudência admite um tempo maior, desde que seja necessário para conhecimento das aptidões técnicas do empregado. No caso de menores de 18 anos, recomenda-se a assinatura do pai ou responsável. 5 Os contratos por prazo determinado têm uma duração máxima de dois anos (com exceção dos de experiência) e pode ser prorrogada uma única vez. Se houver mais de uma prorrogação dentro desse prazo, o contrato passará automaticamente a ser considerado por prazo indeterminado (MARTINS, 2011). A principal diferença entre o contrato de trabalho por prazo determinado e por prazo indeterminado recai nos pagamentos das verbas indenizatórias, quando ocorre rescisão. Somente após seis meses do término do contrato de trabalho poderá ser feito outro por prazo determinado, sob pena de considerar-se um contrato único e por prazo indeterminado. Essa regra tem exceções: alguns serviços especificados cujo termo final dependa da ocorrência de certos acontecimentos (MARTINS, 2011, p.116). Esse assunto está regido nos Artigos 451 e 452 da CLT. Contrato por obra certa Alguns doutrinadores admitem esse tipo de contrato como contrato por prazo determinado. Deve haver, no termo final, a descrição da obra a ser realizada, pois o contrato não é fixado pelo tempo e sim pelo serviço prestado. Alguns contratos não são regidos pelo tempo, mas sim pela entrega do serviço ou produto acabado. Fonte: Plataforma Deduca (2020). 6 Contrato a prazo para acréscimo de empregados (Lei 9.601/98) Foi criado com a finalidade de regular a absorção, pela empresa, de pessoal desempregado. Desse modo, representa um acréscimo no número de empregados acima do normal. Para tanto, é necessária a autorização por convenção coletiva ou acordo coletivo. Nesses casos, alguns artigos da CLT deixam de ser aplicados (Arts. 451, 479 e 480). A empresa que absorve os desempregados também faz contribuições menores para SESI, SENAI, SEBRAE, INCRA, SAT e recolhimento do FGTS (2%). A lei também estabelece um número máximo de empregados a serem contratados nesse caso. Proporção de trabalhadores para acréscimo de empregados Empresa (nº de empregados) Nº máximo de contratados por tempo determinado Menos de 50 50% Igual a 50 e menos de 199 35% Mais de 200 20% Fonte: Lei 9.601/98, Art. 3. A duração desse contrato é de no máximo dois anos e poderá ser prorrogado sem se transformar em contrato por prazo indeterminado, como reza o Artigo 451 da CLT(Decreto nº 2.490/98). No caso dos contratos de trabalho por prazo indeterminado, que são a regra, podem durar pouco ou muito tempo. Assim, durante sua vigência, algumas alterações poderão ocorrer. A seguir, você vai analisar quais são essas mudanças e seus limites para proteger o trabalhador. Alterações do contrato de trabalho Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. (Art. 468 da CLT, grifo nosso). 7 Nos moldes dos ensinamentos de Sergio Pinto Martins (2011), as alterações do contrato de trabalho podem ser de quatro espécies: funcional, salarial, na jornada e no lugar. • Alteração funcional: é a mudança de função. Pode ser feita por meio de pro- moção, dependendo da anuência do empregado. O rebaixamento não é per- mitido nem com a anuência do empregado, nem com acordo com o sindicato. • Alteração salarial: existe o aumento de salário, o qual não precisa da anuên- cia do empregado; e a redução do salário, que só é permitida através de acor- do ou convenção coletiva (acordo com sindicato). • Alteração na jornada: em princípio, o empregador poderá mudar a jornada do empregado sem a anuência deste. Essa alteração estaria inserida dentro do iusvariandi (direito de mudança) que o empregador possui. Contudo, se a mudança de jornada de trabalho acarretar qualquer prejuízo ao trabalhador, não poderá ser feita, sob pena de ser considerada nula. Por exemplo: se o trabalhador tiver outro emprego na nova jornada que o empregador sugere. • Alteração no lugar: primeiramente, é importante você distinguir local de lo- calidade. Para muitos autores, alteração de local é aquela que não implica mudança de domicílio por parte do empregado e alteração de localidade é aquela que implica mudança de domicílio por parte do empregado. A alteração de local (setor dentro da empresa, outra sede dentro do mesmo município etc.) pode ser feita sem prévia autorização do empregado: está dentro do iusvariandi do empregador, já citado. A alteração da localidade, porém, só é válida se tiver prévio consentimento do funcionário. Existem algumas exceções: quando o cargo for de confiança; quando tais mudanças estiverem explicitamente citadas no contrato; ou no caso de extinção da empresa no antigo lugar (Art. 469). O trabalhador, quan- do mudar de domicílio por causa da transferência, terá direito a adicional de 25% do salário (NASCIMENTO, 2019). Mesmo nos casos de mudança por um período transitório (transferência temporária) ele terá direito a um adicional de 25% sobre o salário enquanto durar a transferência. 8 A transferência é abusiva se não for comprovada a necessidadedo serviço (Súmula 43 do TST, §1° do Art. 469 da CLT). Fonte: Plataforma Deduca (2020). Dessa forma, você verificou que o princípio do protecionismo insere-se em todas as normas trabalhistas, sobretudo na limitação das alterações contratuais, exigindo mútuo consentimento e, ainda sim, desde que não haja prejuízos ao trabalhador. As mudanças são permitidas – porém com certas limitações. Fechamento Nesta Unidade, debatemos a importância do contrato de trabalho que produz o vínculo empregatício entre o empregado e o empregador, que poderá ser por prazo determinado ou indeterminado. Foram apresentadas as formas de contrato de trabalho por prazo determinado, que é tida como exceção, já que o indeterminado é a regra. Este contrato poderá alterado, desde que não fira os direitos do empregado e se for de mútuo consentimento. 9 Referências BARROS, A. M. de. Curso de direito do trabalho. Atual José C. Franco de Alencar. 11.ed São Paulo: LTR, 2017. MARTINS, S. P. Direito do trabalho. São Paulo: Atlas, 2011. NASCIMENTO, A. M. Curso de direito do trabalho. 35.ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
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