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Estudos Sintáticos da Língua Portuguesa

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04/03/2024, 14:43 Introdução aos estudos sintáticos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07177/index.html# 1/47
Introdução aos estudos sintáticos
Prof. Nataniel Gomes
Descrição
Abordagem gramatical e linguística das construções sintáticas da língua
portuguesa.
Propósito
Compreender o conjunto de fenômenos sintáticos é importante para
ampliar o conhecimento linguístico e gramatical da língua portuguesa.
Preparação
Tenha em mãos um dicionário de Linguística para consultar os termos
específicos da área. Na internet, você pode acessar o Dicionário de
Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa.
Objetivos
Módulo 1
A hierarquia gramatical
Reconhecer as abordagens gramatical e linguística da sintaxe.
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Módulo 2
Frase, oração e período
Identificar os conceitos de frase, oração e período.
Módulo 3
O sintagma nominal e a noção de sujeito
Identificar os conceitos de sintagma e sujeito.
Módulo 4
O verbo e a predicação
Identificar o verbo e a predicação.
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Introdução
Por muito tempo, a sintaxe foi vista como a grande inimiga nas
aulas de língua portuguesa, mas ela é e deve ser entendida como
parte integrante dos estudos da linguagem, com foco nas
relações que as palavras mantêm entre si nas estruturas simples
e complexas em seus aspectos gramaticais e linguísticos.
Neste conteúdo, vamos abordar a sintaxe a partir da relação entre
a gramática tradicional e a perspectiva linguística, destacando
aspectos de hierarquização e combinação da língua. Vamos
tratar de conceitos como frase, oração, período, sintagma, sujeito,
verbo e predicado.
Você está convidado a conhecer alguns pressupostos teóricos
que vão ajudá-lo em futuros estudos sobre a sintaxe da língua
portuguesa. Vamos lá?
1 - A hierarquia gramatical
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as abordagens gramatical e linguística
da sintaxe.

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Abordagem gramatical e linguística
A gramática tradicional
A gramática tradicional, também chamada de normativa ou escolar, é
aquela à qual temos acesso durante os primeiros anos escolares.
Aprendemos desde cedo a identificar os elementos que servem de
constituintes das palavras, a classificar os sintagmas e a estabelecer
corretamente a relação entre os termos da oração e as relações
também entre as próprias orações ou frases.
Tudo isso pressupõe determinada “norma” eleita como padrão a ser
usada por aqueles que tiveram acesso ao ensino formal. Apesar disso,
muitos estudantes se perguntam para que serve tal abordagem. Uma
das formas de responder a essa questão está relacionada com a própria
origem dos estudos gramaticais.
Curiosidade
A gramática tradicional, aquela utilizada na escola, surge na Grécia
antiga. Os filósofos já tinham interesse em investigar as questões
linguísticas com o objetivo de entender a relação entre a linguagem, o
pensamento e a vida real. Uma das questões surgidas naquela época
era saber se havia equivalência entre “palavras” e “coisas”, se eram
equivalentes perfeitas ou representações arbitrárias inventadas para
tentar representar o mundo.
Para os gregos, existia uma relação entre a linguagem e a lógica,
vejamos:
A gramática era tratada
como uma parte dos
estudos da lógica, que
busca explicar o
raciocínio, ou seja, a
linguagem é uma
organização do
pensamento humano,
A lógica buscava
descrever o
pensamento. Além
disso, entendia-se que o
mundo existe
independentemente da
capacidade de
expressá-lo por meio da
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que se manifesta em
todas as línguas
naturais.
linguagem, já que ele
provoca no ser humano
impressões nos
sentidos, e a linguagem
é uma representação do
mundo.
Afora as questões filosóficas da linguagem, os gregos ainda tinham a
preocupação de ditar os padrões de uso da língua. Esse padrão de
abordagem passou para os romanos e foram adaptados para o estudo e
ensino do latim, enfatizando o uso normativo da língua.
Uma das razões para isso era a tentativa de unificar o latim devido à
expansão do Império Romano. Mesmo na Idade Média, o latim se
manteve como língua de prestígio, sendo adotada como o modelo
linguístico da Igreja, servindo como língua de cultura.
É a partir do século XVI que as descrições das línguas são elaboradas,
mas o modelo que servia de fundamento era baseado nas gramáticas
do latim, devido ao seu prestígio como língua-padrão a ser seguida.
Re�exão
É essa concepção que chegou ao ensino de gramática na escola e
permanece até hoje, na maioria dos casos, com o seu caráter normativo,
que muitas vezes ignora o uso da língua em situações reais,
desconsiderando as mudanças que ocorrem em todas as línguas, como
um processo natural, e ao mesmo tempo apresentando variações de
uso.
Entende-se que tal modelo de ensino valoriza determinada variação ou
registro da língua em detrimento de outra, levando em conta critérios
que não são linguísticos. Em outras palavras, valoriza-se uma norma
utilizada por determinadas classes sociais – a língua culta –,
desconsiderando outras.
Além de tudo isso, abordagens assim classificam formas amplamente
utilizadas pelos falantes como “erradas”, tendo uma visão parcial da
linguagem, sem explicar o seu funcionamento.
Abordagem gramatical da sintaxe e suas alternativas
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Para Faraco e Moura (1996, p. 307), em uma abordagem normativa, a
sintaxe é “a parte da gramática que estuda as combinações e relações
entre palavras de uma frase”.
A sintaxe, numa abordagem da gramática normativa, estudaria as
funções e combinações de palavras em frase para que a linguagem
funcione como instrumento de comunicação.
Essa abordagem é diferente do que se entende nos estudos mais
recentes sobre a linguagem, que concebe o enunciado com um sentido
completo inserido em um contexto social, histórico e ideológico, que
comunica, informa, gera interação etc.
Já podemos perceber, então, que a sintaxe pode ser
tratada tanto numa abordagem gramatical ou
normativa quanto numa abordagem linguística.
Por isso, a provocação de Perini lembra ser pertinente a mudança nas
abordagens gramaticais para dar conta de novas necessidades:
Para quem gosta de certezas e
seguranças, tenho más notícias: a
gramática não está pronta. Para
quem gosta de desafios, tenho boas
notícias: a gramática não está
pronta. Um mundo de questões e
problemas continua sem solução, à
espera de novas ideias, novas
teorias, novas análises, novas
cabeças.
(PERINI, 1997, p. 85)
A sintaxe a partir de uma abordagem normativa busca fazer uma
intervenção no uso da língua, buscando uma unificação e idealização no
emprego linguístico.
Desse modo, a abordagem apenas gramatical deixa de se preocupar
com o uso amplo de recursos que estão disponíveis e as combinações
de sintagmas na oração, pois vai fazer uso apenas de uma seleção
deles, ou seja, daqueles elementos na língua que são prestigiados
socialmente ou utilizados pelos que são considerados “cultos”.
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Azeredo (2015) afirma que essa abordagem tradicional da sintaxe da
língua foca no aspecto normativo ou prescritivo, ou seja, está
preocupada com a classificação e a prescrição de um uso correto.
O trabalho com Sintaxe Normativa
promove uma intervenção no uso da
língua, ela não se ocupa da
totalidade dos recursos empregados
na disposição e combinaçãodas
palavras na frase, mas de uma
seleção desses recursos em nome
de uma forma ideal ou única
considerada correta de emprego da
língua.
(AZEREDO, 2015, p. 198)
Nesse sentido, a visão gramatical ou normativa da sintaxe ainda é
predominante no ensino, muitas vezes, desconsiderando o surgimento
da Linguística, ciência responsável pelo estudo da linguagem. Embora
os livros didáticos tenham adotado conceitos como variação linguística,
uso coloquial, entre outros, a sua abordagem ainda mantém o objetivo
de domínio das estruturas consideradas padrão por sua manifestação
escrita.
Isto não quer dizer que a escola deva deixar de lado a língua culta ou
padrão, mas que deve também incluir outras abordagens sobre a língua.
Abordagens gramatical e linguística
da sintaxe

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Confira as diferenças entre a abordagem gramatical tradicional e a
abordagem linguística da sintaxe, com destaque para suas implicações
no estudo da língua.
Sintaxe e hierarquização
A palavra “sintaxe” tem origem no grego, significa “ordenamento,
composição”. Ela se refere aos recursos, os sintagmas, que o falante
usa de forma organizada para criar enunciados.
Atenção!
A sintaxe faz parte das competências linguísticas que servem para
combinar sintagmas na ordem aceita por aquela determinada língua.
Essa combinação, que está inserida nos atos de linguagem, é composta
por sintagmas, frases e períodos. Podemos, além disso, ampliar essa
noção para os parágrafos e textos.
A palavra “sintaxe” tem origem no grego, significa “ordenamento,
composição”. Ela se refere aos recursos, os sintagmas, que o falante
usa de forma organizada para criar enunciados.
Azeredo (2001) explica que a hierarquia gramatical apresenta diversos
níveis, cada um com sua unidade:
 Sintagma
 Vocábulo
 Oração
 Período
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Logo, a análise gramatical identifica cada uma das unidades e das
regras que possibilitam as combinações.
Por esse motivo, a leitura e a compreensão de um texto são possíveis,
afinal os elementos que compõem a língua, sejam verbais ou não
verbais, fazem parte de nossa competência linguística. Existe uma
ordem que precisa ser seguida, uma ordem na organização das frases –
a sintaxe.
É importante lembrar que fonologia, morfologia, sintaxe e semântica são
partes da gramática, cada uma delas foca seus estudos em
determinados elementos da língua. Veja:

Fonologia
Visa estudar os sons de determinada língua para distinguir os
significados.

Morfologia
Visa estudar a estrutura das palavras.

Sintaxe
Visa entender a organização das frases.

Semântica
Visa estudar o significado das palavras e sentenças.
Vamos avançar um pouco mais para explicar o que a sintaxe estuda na
gramática da língua!
A sintaxe busca explicar as funções e relações entre os sintagmas; a
regência, a colocação e subordinação entre os termos; a frase e sua
 Morfema
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organização; a estrutura, a ordem e a função dos elementos; além da
organização e da relação entre os elementos que compõem as frases e
períodos.
Assim, a sintaxe apresenta relações abertas, mesmo que afete o
significado em determinados casos, já que muitas vezes esses limites
estão fora de tais sentidos devido ao uso linguístico. Podemos produzir
duas sentenças diferentes com sintagmas em ordens diferentes.
Exemplo
“João comprou uma roupa bonita”. Podemos produzir a seguinte frase
com a ordem invertida de alguns elementos: “João comprou uma bonita
roupa”. Nos dois casos, os exemplos se mantiveram compreensíveis.
Ao produzir enunciados, seja na fala ou na escrita, selecionamos
elementos que pertencem a determinadas classes gramaticais
(substantivos, adjetivos, pronomes, verbos etc.), de forma mais
adequada possível para comunicar aquilo que queremos.
Ao analisar a classe gramatical dos elementos que compõem
determinada frase, faz-se a análise morfológica, ou seja, estuda-se a
classificação, a estrutura, a formação e a flexão das palavras de forma
isolada. Ao dividir a oração em partes para analisar as funções que os
sintagmas exercem nela ou entre as outras orações que formam o texto,
está se fazendo a chamada análise sintática.
Se você ainda tem dúvidas sobre o que são os sintagmas, a seguir
vamos explicar!
Segundo Castilho (2010), a origem do termo sintagma está relacionada
com o vocabulário militar grego. Sintagma, na verdade, designava um
esquadrão ou um número fixo de soldados que se distribuíam
regularmente e com determinadas funções.
Os linguistas se apropriaram desse
termo, que parecia talhado para
indicar o modo como o substantivo,
o verbo, o adjetivo, o advérbio e a
preposição costumam agregar
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outras classes de palavras. Como
todo termo técnico, ele foi
assumindo diferentes acepções.
Inicialmente, significava qualquer
combinação na cadeia falada, como
uma realização do eixo
sintagmático [...] O estruturalismo
especializou o termo, restringindo-o
à designação dos grupos de
palavras que formam uma unidade
gramatical hierarquizada maior que
uma palavra, pois resulta de uma
associação de palavras, e menor
que a sentença, de que é um
constituinte.
(CASTILHO, 2010, p. 55-56)
A partir desse entendimento do que é o sintagma – uma associação de
palavras menor do que a sentença –, entendemos que a frase é
composta por sintagmas, a partir dos princípios que regem a língua. É
um tipo de organização em blocos, em torno de um núcleo.
Logo, o sintagma expressa uma relação de dependência e se refere às
partes que compõem a sentença. O sintagma apresenta um elemento
determinado e outro que é o determinante que estabelecem um elo de
subordinação entre eles. Por isso, falamos em hierarquização
gramatical.
A sintaxe se preocupa em estudar o sintagma, a oração
e o período, mas, na hierarquia, ainda temos outros
elementos que são estudados pela Linguística Textual:
o parágrafo e o texto.
Logo, para se fazer uma análise gramatical, é preciso conhecer as
unidades linguísticas e as regras de combinação delas. Isso se dá por
meio da hierarquia gramatical, que demonstra a existência de uma
hierarquia entre as unidades da língua apresentada em ordem por
morfemas, vocábulos, sintagmas e períodos, conforme já apontado.
Essas unidades são dependentes umas das outras, ou seja, sem um o
outro não existiria, e juntos eles formam a língua, seja escrita ou falada.

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Aspectos linguísticos ligados à
hierarquização e sintaxe
Confira os aspectos linguísticos relacionados com a sintaxe, com
destaque para a noção de hierarquização.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Na língua portuguesa, a sintaxe tem função fundamental para o
processo de comunicação. Nesse sentido, assinale a opção que
melhor qualifica o que é sintaxe:
A
É a parte da linguística que estuda as palavras que
formam o processo de comunicação entre os
diferentes grupos sociais.
B
É a parte da gramática que promove a classificação
das palavras segundo a função que ela exerce no
processo fonológico da linguagem.
C
É a parte da gramática que estuda as frases e as
orações isoladas entre si, sem analisar as relações
criadas entre elas na formação do significado da
frase.
D
É um ramo da gramática que se dedica ao estudo da
organização das palavras nos períodos,
conformando uma relação lógica e compreensível
entre elas.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A sintaxe, como a própria etimologia já diz (“sintaxe”, em grego,
significa “ordem”), explica a hierarquia dos elementos (os
sintagmas) que compõem a sentença, de forma lógica. Assim, a
frase é formada por sintagmas e não apenas por palavras que, por
sua vez, formam os sintagmas. A sintaxe ou a ordem pode
influenciar o sentido e aceitabilidade da frase ou do período. Por
exemplo, “O cachorro mordeu o carteiro” é diferente de “O carteiro
mordeu o cachorro”.
Questão 2
Assinale a alternativa que melhor diferencia análise sintática de
classe ou análise gramatical.
E
É o ramo da gramática responsável pelo estudo do
significado das palavras em seu contexto
sociocultural e político, reconhecendo a variedade
de significados.
A
A análise sintática é a análise dos grupos que
classificam as palavras, já a análise gramatical
estuda a função que cada palavra tem dentro da
oração.
B
A análise sintática estuda a função que cada palavra
tem dentro da oração, já a análise gramatical é a
análise dos grupos classificadores das palavras.
C
A análise sintática procura identificar a função de
cada palavra em um processo de síntese
morfológica e a análise gramatical a forma
adequada de escrita das palavras.
D
A análise sintática busca identificar a classe dos
elementos que formam determinada frase e a
análise gramatical estuda as palavras em suas
relações de concordância, de subordinação e de
ordem.
E
A análise sintática estuda a classificação, a
estrutura, a formação e a flexão das palavras de
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Pode-se dizer que a análise gramatical visa colocar cada palavra
dentro de um grupo à qual ela pertence, sem que as palavras
tenham ligação entre si. São classes gramaticais: substantivo,
artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição,
conjunção e interjeição. Já a análise sintática investiga as palavras
dentro da oração e suas relações com as outras palavras, incluindo
a sua relação lógica, entre as múltiplas combinações possíveis para
transmitir um significado completo e compreensível.
2 - Frase, oração e período
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos de frase, oração e período.
As possibilidades de combinações da
língua
O famoso psicólogo e linguista canadense Steven Pinker dedicou um
capítulo inteiro de seu livro O instinto da linguagem para explicar a
sintaxe com bastante humor e dados científicos. Esse capítulo foi
intitulado “Como a linguagem funciona”. Para começar, Pinker nos
lembra um conceito bem básico da linguística, a arbitrariedade do signo
linguístico, ou seja, a união entre um significado e um significante é
imposta.
forma isolada, já a classe gramatical corresponde às
funções dos termos da oração.
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De forma muito simplificada, não há nenhum tipo de aproximação entre
a palavra “livro” e o objeto “livro”, que não seja por imposição, o que tem
incríveis utilidades para transmitir um conceito de uma pessoa para
outra, por exemplo.
Depois, o autor nos lembra de um conceito do linguista norte-americano
Noam Chomsky, nos anos 1960, quando ele tentava explicar o
Gerativismo para aquela geração, argumentando que a língua faz um
uso infinito de recursos finitos.
Sendo assim, a gramática da língua combinaria um número finito de
elementos aos quais ela tem acesso, selecionando, combinando e
trocando esses elementos para criar estruturas maiores (as sentenças),
que têm propriedades distintas entre os elementos que as compõem,
podendo haver um número praticamente ilimitado de combinações.
Vejamos o que Pinker explica sobre essa possibilidade infinita de
combinações:
A língua funciona da seguinte maneira: o cérebro de cada
pessoa contém um léxico de palavras e os conceitos que elas
representam (um dicionário mental), e um conjunto de regras
que combina as palavras para transmitir relações entre
conceitos (uma gramática mental) [...] Estimativas de quantas
frases uma pessoa comum é capaz de enunciar são de tirar o
fôlego. Se um falante for interrompido num ponto qualquer da
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frase, há em média dez palavras diferentes que poderiam ser
inseridas naquele ponto para continuar a frase de forma
gramatical e com sentido.
O autor falava sobre o milagre da linguagem em organizar
essas estruturas para transmitir a informação entre os
semelhantes. Quando nos deparamos com frases
agramaticais, isso indica que existe um código que é fixo na
interpretação delas. De acordo com Pinker (2002): em algumas
sequências é possível adivinhar o sentido, mas não temos
certeza de que o falante, para enunciar a frase, empregou um
código igual àquele que empregamos para interpretá-lo.
A questão torna-se mais instigante ao nos lembrarmos do exemplo
famoso de Chomsky (2015, p. 19): “Incolores ideias verdes dormem
furiosamente”. Temos uma frase que mostra que a sintaxe e a
semântica podem caminhar separadas. Logo, o exemplo de Chomsky
mostra a estrutura correta, mas que não apresenta sentido, já que os
elementos se negam entre si, “ideias que dormem”, “dormem
furiosamente”, “ideias que têm cores”, “cores incolores” e assim por
diante. Por isso, Perini (1997, p. 113) afirma:
A sintaxe tem como única função definir
quais são as frases bem formadas na língua;
assim, tem-se apenas um conjunto de
instruções sobre o modo de construir frases
em português. A semântica também tem
uma função paralela, ou seja, um conjunto de
instruções sobre o modo de construir frases
que tenham sentido; mas a semântica, além
disso, é um dos pontos de contato da língua
com o mundo exterior. As regras semânticas,
além de atuarem como filtros, excluindo as
frases semanticamente malformadas,
também atribuem a cada construção um
significado, denominado interpretação
semântica.
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(PERINI, 1997, p. 113, grifo do autor)
Quando as pessoas aprendem uma língua, elas não estão aprendendo a
ordenar as palavras na frase decorando, mas memorizando que certas
categorias lexicais, como os substantivos, verbos, pronomes e outros,
vêm depois de outras, ou seja, o esquema geral que todo falante deve
seguir para usar a linguagem. Por isso, Pinker diz:
Uma frase não é uma cadeia, mas uma
árvore. Numa Gramática humana, palavras se
agrupam em sintagmas, como brotos num
galho. O sintagma recebe um nome – um
símbolo mental – e pequenos sintagmas
podem ser reunidos em sintagmas maiores.
(PINKER, 2002, p. 114)
Compreender como esses elementos são organizados na transmissão
das informações e no processo de comunicação em sociedade tem a
ver, em parte, com os conceitos de frase, oração e período.
As combinações da língua
Que tal você acompanhar uma discussão acerca do funcionamento da
língua a partir das infinitas possibilidades de combinação que a língua
apresenta? Confira!
A frase
É bastante comum encontrar as pessoas utilizando os termos “frase”,
“oração” e “período” como se fossem sinônimos, o que pode gerar certa
confusão. Vamos explicar cada um deles! De acordo com Cunha e
Cintra (1985):

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Frase é o enunciado que apresenta sentido completo, ou
seja, a unidade mínima de comunicação.
Sendo assim, a frase não precisa ter necessariamente um verbo em sua
composição, se houver sentido completo.
Exemplo
Silêncio!
E agora?
Depressa!
Que calor!
Nesses quatro exemplos, temos frases, ainda que não haja verbos.Na
oralidade, as frases são marcadas pela entonação, que na transposição
para a escrita se manifestam por meio dos sinais de pontuação. Sem
eles, as palavras estariam soltas sem formar um todo.
As frases podem ser divididas assim:
 Declarativas
São aquelas nas quais o emissor da mensagem
verifica algo de forma afirmativa ou negativa.
Exemplos: Vou me formar no final do ano
(afirmativa); Não vou me formar no final do ano
(negativa).
 Interrogativas
São aquelas nas quais o emissor da mensagem
interroga sobre algo. Exemplos: — Você está com
fome? (pergunta direta); Gostaria de saber se você
está com fome (pergunta indireta).
 Exclamativas
São aqueles em que o emissor da mensagem
manifesta algum tipo de emoção. Exemplo: Que
coisa linda!
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Vale lembrar que, para Bechara (2001), chama-se enunciado ou período
a unidade linguística que faz menção a uma experiência comunicada e
que deve ser aceita e compreendida pelo interlocutor. Bechara (2001)
classifica cinco tipos ou classes essenciais de enunciados: declarativo
ou enunciativo, interrogativo, imperativo-exortativo, vocativo e
exclamativo.
Para ele, o primeiro (o declarativo ou enunciativo) está ligado à função
informativa da linguagem; os três subsequentes (interrogativo,
imperativo-exortativo, vocativo) têm relação com a função apelativa
(conativa); e o último refere-se à função expressiva.
Tipos de frase
Confira uma discussão acerca do conceito de frase e uma breve
tipologia da frase.
Oração e período
 Imperativas
São aquelas em que o emissor da mensagem emite
uma ordem, conselho ou pedido. Exemplo: Estude
para a prova!
 Optativas
São aquelas em que o emissor da mensagem
manifesta o seu desejo sobre algo. Exemplo:
Muitas felicidades no seu novo emprego!

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Tradicionalmente, a oração se distingue da frase porque é necessário
haver um verbo na oração.
Para Bechara (2001), no entanto, a oração pode ser formada por uma
sequência de vocábulos ou por apenas um.
Exemplo
“Levante!”, “Fogo!” Para ele, é uma oração de estrutura menor, mas não
menos importante, diferente de outros estudiosos renomados.
Para os gramáticos Celso Cunha (1979) e Rocha Lima (1997), "Fogo!" é
exemplo de uma frase, mas não de uma oração.
Para o gramático Rocha Lima (1997), a oração é a frase que se biparte
entre o sujeito e o predicado. Em “Quero que você estude para a prova”,
há duas orações, mas apenas uma frase.
A oração é um tipo de enunciado que se organiza em torno de um verbo
ou de uma locução verbal e, diferentemente da frase, ela pode ou não ter
sentido completo.
Exemplo
Finalmente, terminamos!
É possível.
Estamos saindo em cinco minutos...
De acordo com o tipo de relação entre os sintagmas, as orações podem
ser classificadas da seguinte forma:
Coordenadas
São aquelas que existem de forma independente da outra, sem relação
sintática entre si, mantendo sentido completo.
Por exemplo: Fomos para a faculdade e fizemos prova de sintaxe.
Subordinadas
São aquelas dependentes entre si e uma fica subordinada à outra.
Quando são separadas, ficam com o sentido incompleto.
Por exemplo: É provável que Ana tenha passado no concurso.
Vejamos: “É provável” é uma oração e “que Ana tenha passado no
concurso” é outra oração. Observe que, isoladamente, elas têm o sentido
prejudicado, já que uma está subordinada à outra.
Conforme foi apontado pelo gramático Rocha Lima, as orações são
estruturadas em torno de um sujeito e de um predicado, os chamados
termos essenciais da oração, confira:
Sujeito Predicado
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É o termo da oração
sobre o qual se declara
alguma coisa.
É a declaração que é
feita sobre o sujeito.
Em seguida, analise as diferenças em uma frase.
Exemplo
“Os alunos estudaram para a prova de sintaxe.”
Sujeito: “Os alunos”.
Predicado: “estudaram para a prova de sintaxe.”
Existem outros elementos ou termos que servem para completar o
sentido de outros, são os chamados termos integrantes da oração.
Além disso, há também aqueles termos ou elementos que podem ser
retirados da oração sem prejudicar o seu entendimento, são os
chamados termos acessórios da oração.
O conceito de período
E, afinal, o que é período?
Período é um termo que encontra várias de�nições nas
gramáticas da língua portuguesa.
De modo geral, o termo é empregado da mesma forma em gramáticas
renomadas de autores como:
Celso Cunha (1979)

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Celso Luft (1987)
Adriano Kury (1993)
Rocha Lima (1997)
Já Mario Perini (1995) prefere o termo “oração”, seja para o período
simples ou para o período composto.
O famoso linguista Mattoso Câmara Jr. (1978, p. 191) descreve o
período como “conjunto frasal, cuja enunciação termina por uma pausa
conclusa, assinalada na escrita por um sinal de ponto”. Para ele, o
período pode abarcar uma ou mais orações.
A mudança em termos de definição ocorre mesmo com o gramático
Evanildo Bechara, que usa período como sinônimo de enunciado:
“unidade linguística que faz referência a uma experiência comunicada e
que deve ser aceita e depreendida cabalmente pelo nosso interlocutor
se dá o nome de enunciado ou período” (BECHARA, 2001, p. 406).
De forma bastante simples, podemos afirmar que o período é uma frase
organizada em uma ou mais orações, que pode ser:
Simples
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Período formado apenas por uma oração reunida em torno de um verbo
ou de uma locução verbal. Nesse caso, esse período é chamado de
oração absoluta. Por exemplo:
Estamos contentes com as notas.
Faltam apenas alguns minutos.
Composto
Período formado por mais de uma oração. O número de orações fica
sujeita ao número de verbos ou de locuções verbais reunidas ali. Por
exemplo:
Faça como eu mandei. (Duas orações)
Não sei se tenho dinheiro. (Duas orações)
Agora, podemos reafirmar que é possível fazer distinção entre frase,
oração e período, ainda que gramáticos e linguistas problematizem
esses conceitos.
Os conceitos de oração e período
Confira os conceitos de oração e período, problematizando essas
noções a partir dos estudos linguísticos.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Considerando a inscrição “Silêncio” dentro de um hospital, assinale
a opção correta a partir dos conceitos sobre frase, oração e
período.

A
A palavra é uma frase que consegue cumprir o papel
de comunicar o seu sentido, mas não é uma oração
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Existem algumas definições diferentes entres linguistas e
gramáticos de renome no estudo da língua portuguesa. Mas, de
modo geral, as definições afirmam que frase é um enunciado de
sentido completo e ela pode ser formada por uma ou mais palavras;
já oração é uma frase que tem um verbo ou locução verbal;
enquanto o período é uma frase formada por uma ou mais orações.
Questão 2
Tomando por base a famosa frase de Chomsky “Incolores ideias
verdes dormem furiosamente”, podemos afirmar que
ou um período.
B
A palavra é um período de sentido completo que
alcança o objetivo de comunicar, mas não é uma
frase ou oração.
C
A palavra é um período que cumpre o seu papel de
comunicar o seu significado, mas não é uma frase
ou oração.
D
A palavra é uma oração porque possui sentido
completo, mas não é uma frase ou período.
E
A palavra é uma unidade sem sentidocompleto, pois
não é uma frase, oração ou período.
A
é uma frase agramatical, de modo que existe um
código fixo para a sua interpretação.
B
a sintaxe e a semântica podem não coexistir, de
modo que a estrutura está correta, mas não
apresenta sentido.
C
as palavras se sucedem em um encadeamento
lógico, de modo a cumprir as regras da sintaxe que
atendem ao significado pretendido.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Quando Chomsky cunhou a frase “Incolores ideias verdes dormem
furiosamente”, ele queria mostrar que é perfeitamente possível ter
uma estrutura sintática correta, em que os elementos negam uns
aos outros na semântica, já que algo verde não pode ser incolor,
ideias não podem ser verdes nem incolores, ideias não podem
dormir e, por fim, não se pode dormir furiosamente. Para que a
gramática seja compreendida, é preciso que a sintaxe e a
semântica caminhem juntas.
3 - O sintagma nominal e a noção de sujeito
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos de sintagma e sujeito.
Noções necessárias ao entendimento
do sintagma nominal
A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB)
D
as pessoas aprendem uma língua por meio do
ordenamento adequado das palavras na frase
decorando seu sentido e significado.
E
é a linguagem que organiza estruturas para
transmitir a informação entre os semelhantes,
mesmo utilizando-se de códigos fixos.
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A terminologia utilizada nas gramáticas escolares é baseada na
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), que foi estabelecida por
gramáticos e veio a público no final da década de 1950. É a partir
daquele momento que ela foi adotada nas escolas e ajudou a consolidar
a ideia de que determinados conceitos fossem nomeados da mesma
forma por todo o país.
A NGB divide a gramática em. Fonética, Morfologia e Sintaxe. Ao tratar
da sintaxe, ela explica que devem ser abrangidas a sintaxe de
concordância (nominal e verbal), a sintaxe de regência (nominal e
verbal) e a sintaxe de colocação. Além disso, deve-se classificar os
termos sintáticos de acordo com a função que exercem na oração.
Para tal, a análise de uma oração leva em conta principalmente a função
sintática dos elementos, sem considerar a constituição interna deles.
Logo, a NGB leva em conta essas funções sintáticas para investigar a
oração e sua estrutura, composta pelos seguintes termos:
Itens lexicais e sentença
 Essenciais
Sujeito e predicado.
 Integrantes
Complemento nominal, complemento verbal –
objeto direto e indireto – e o agente da passiva.
 Acessórios
Adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto e
vocativo.
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A gramática utilizada na escola entende que as funções sintáticas são
os elementos primitivos da língua, mas, para definir o sujeito, é preciso
ter os conceitos de verbos e concordância bem solidificados.
Atenção!
Os itens lexicais da língua que se estruturam para formar sentenças
mais ou menos complexas é feito de forma inata por qualquer falante
nativo, mesmo por aqueles que não passaram pelo ensino formal. É o
que chamamos de competência linguística.
Uma analogia que nos ajuda a entender isso é a da língua como um
dicionário mental.
Esse dicionário é composto pelos itens lexicais utilizados para formar
sentenças na língua. Assim, a competência do falante permite dividir tal
dicionário em categorias e agrupar os itens a partir de propriedades
comuns e também separá-los. Essa competência linguística nos ajuda a
entender que as sentenças são mais do que palavras enfileiradas em
uma sequência linear.
Conforme Negrão, Scher e Viotti (2004), tudo isso aponta para o
entendimento de que há dois tipos de itens lexicais que constituem uma
sentença:

Aqueles que fazem um tipo particular de exigência e determinam os
elementos que podem satisfazê-la.

Aqueles que satisfazem as exigências impostas pelos primeiros.
Assim, uma sentença como “João consertou a bicicleta.” nos leva
intuitivamente a saber que o verbo “consertar” tem que ser
acompanhado por dois elementos linguísticos correspondentes ao
agente consertador e o objeto consertado.
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Isso acontece de forma natural. Basta estar diante de uma sentença em
que essas exigências não tenham sido atendidas para se perceber o
funcionamento do período. Ao ouvir “João consertou...”, o falante logo
perguntará: “o quê?”. A mesma coisa acontecerá se escutar “Consertou
a bicicleta.”, surgindo a pergunta: “quem?”.
Na superfície, as sentenças da língua são compostas por uma
sequência linear de itens lexicais, mas ela não é casual. Essa
organização que pega os itens lexicais e vai incluí-los em grupos
hierarquicamente mais elevados é a estrutura dos constituintes até
formar determinada sentença.
Re�exão
Por isso uma sentença como “O rapaz comprou um notebook com seu
primeiro salário.” é gramatical, mas “Rapaz o notebook comprou com
um primeiro seu salário.” não é aceitável.
Assim, a partir da abordagem distribucional, que leva em conta as
funções exercidas pelos itens lexicais, nota-se que determinado item
pode exercer uma função diferente de acordo com a relação dele com
outros itens. Confira:
1. O garoto joga futebol.
2. Os garotos jogaram futebol ontem.
3. A vizinha elogiou todos os garotos dedicados.
Nessas sentenças, os itens lexicais “garoto” e “garotos” são antecedidos
pelos determinantes “o”, “os”. Na sequência, o item vem antecedido pelo
quantificador “todos” e seguido por “dedicados”.
Note que o constituinte do qual “garoto” é núcleo pode ser antecedido
ou seguido de um verbo para satisfazer suas exigências sintáticas e
semânticas.
Para entender melhor esses conceitos, vamos imaginar que você está
em casa assistindo à televisão no sofá. Essa cena poderia ser descrita
por alguém que chegasse naquele instante por uma destas formas:
4. Marcelo ama televisão.
5. Marcelo está assistindo televisão.
�. Começaram os jogos hoje.
7. Há um quadro na parede.
�. O sofá é de couro.
9. A sala é fresca.
10. A televisão distrai o telespectador.
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Essas sentenças expressam diversas situações diferentes e cada uma
delas é descrita por um verbo. Cada uma dessas situações envolve
certo número de participantes, que desempenham determinada função.
Assim, “amar” envolve alguém que ama e algo que é amado.
Na linguística, chamamos esses núcleos de “predicados”, que é um
conceito diferente da gramática escolar. Os predicados impõem
exigências a seus complementos, chamados de argumentos na teoria
linguística. Tais exigências podem ser semânticas e sintáticas.
As exigências semânticas são aquelas que estão relacionadas aos
papéis dos participantes na cena. Logo, o papel semântico que um
argumento desempenha vai depender do predicador. Vejamos os
seguintes exemplos:
11. Colombo descobriu a América.
12. A América foi descoberta por Colombo.
Ao observar as funções sintáticas, nota-se: o que era sujeito em uma
sentença passou a agente da passiva na outra; o que era objeto direto
na primeira passou a sujeito na outra.
Na mudança para a voz passiva, as funções sintáticas foram alteradas,
mas as funções semânticas mantiveram-se as mesmas: na primeira, o
agente antecede o verbo e concorda com ele; na segunda sentença, o
elemento aparece posposto ao verbo, e continua desempenhando a
função semântica de agente. Já o resultado aparece em uma frase no
início e em outra no final.
Itens lexicais e o sintagma
Entendamais sobre a NGB e sua contribuição para o estudo da sintaxe,
com destaque para os itens lexicais e o conceito de sentença.
O sujeito
Perini (1995, p. 17) diz que [a gramática escolar] “conceitua o sujeito
como o termo sobre o qual se faz uma declaração”. Ele, porém, aponta

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um problema conceitual em tal afirmação.
Imaginemos que o professor peça para o estudante localizar o sujeito
nas sentenças abaixo com base nessa definição. Veja:
13. Leonardo trabalha intensamente.
14. Leonardo feriu Fernando.
15. Esse chopp, eu não vou beber.
1�. Em Manaus chove muito.
Provavelmente, o estudante identificará o sujeito da sentença “Leonardo
feriu Fernando.” como “Leonardo”; de “Esse chopp, eu não vou beber.”
seria “eu” e “Em Manaus chove muito” não tem sujeito.
Comentário
Note um problema com a definição citada anteriormente sobre sujeito e
suas variantes, que geralmente é encontrada nos livros escolares. Na
frase “Leonardo trabalha intensamente.”, há uma declaração sobre
“Leonardo”, já em “Leonardo feriu Fernando.” pode-se refletir se também
não há uma informação sobre “Fernando”. Para complicar ainda mais a
análise, ao observar o exemplo “Esse chopp, eu não vou beber.” pode-se
pensar se a afirmação é sobre “eu” ou sobre “chopp”. E no último
exemplo, “Em Manaus chove muito.”, temos uma declaração sobre
“Manaus”, mas a frase é classificada como sem sujeito, embora
expresse uma declaração explícita sobre “Manaus”.
Por isso, Perini (1995) defende que o sujeito é um elemento da oração
que concorda com o verbo. Sendo assim, pode-se identificar o sujeito
nos três primeiros exemplos e conclui-se que não há sujeito no último
exemplo, porque o verbo não concorda com nenhum elemento da
sentença.
Sendo assim, pode-se identificar o sujeito nos três primeiros exemplos e
conclui-se que não há sujeito no último exemplo, porque o verbo não
concorda com nenhum elemento da sentença.
Vejamos mais dois exemplos:
17. Voltaram para casa hoje cedo os candidatos.
1�. Fugiu de casa o gato de Monique.
Ao observar os exemplos para se perceber que o sujeito nos dois
exemplos vem somente no final, nota-se que é importante levar em
conta a ordem básica da língua portuguesa, que é:
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Na perspectiva da linguística gerativa, há o entendimento de que a
estrutura sintática é derivada das relações que ocorrem entre os
sintagmas, que são aquelas unidades linguísticas que se formam em
torno de um núcleo.
A que conclusão podemos chegar?
Resposta
O sujeito é um sintagma nominal que se une a um sintagma verbal para
compor as sentenças da língua.
Vejamos:
19. O professor escreveu um livro.
Temos dois sintagmas nominais: “o professor” e “um livro”, mas apenas
o primeiro está ligado à sentença; já o segundo, “um livro”, está contido
no sintagma verbal, sendo o objeto direto, conforme as gramáticas
escolares.
O sujeito é um dos principais elementos constitutivos
da sentença, já que mesmo uma sentença pequena
pode ser feita tendo sujeito e predicado, na maioria
das vezes, constituído por um verbo.
Em uma frase como “A moça sorriu.”, temos “a moça” como sujeito e
“sorriu” como predicado, formado apenas pela forma verbal. A partir de
um olhar semântico, podemos dizer que o sujeito é aquela entidade em
que ocorre uma ação que é descrita pelo verbo.
Se fizermos uma abordagem gramatical do sujeito, podemos dizer que
ele concorda com o verbo e possui o caso nominativo. Por exemplo, em
“Ele bebe cerveja.”, “ele” é sujeito do verbo “beber”, já que “ele” é
nominativo e precede o verbo “beber” e concorda com ele. Note que
estão na terceira pessoa do singular.
Atenção!
S(ujeito)
V(erbo)
O(bjeto)
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Um sintagma pode ter diversas funções sintáticas diferentes,
dependendo de como está distribuído na sentença. Por isso, um
sintagma nominal pode ser sujeito, objeto direto, predicativo do sujeito,
predicativo do objeto entre outros.
A seguir, listamos exemplos de sintagmas nominais (em itálico)
exercendo funções sintáticas diferentes.
20. Minha professora faz ginástica ao ar livre. (Sujeito)
21. O torcedor vai ao estádio de futebol todo domingo. (Sujeito)
22. Aquele candidato que encontrei na prova é muito dedicado.
(Sujeito)
23. O conserto da bicicleta ficou caro. (Sujeito)
24. Encontrei minha professora na praça. (Objeto direto)
25. Vimos o torcedor no jogo de domingo. (Objeto direto)
2�. O professor ajudou aquele candidato que encontrei na prova.
(Objeto direto)
27. Minha mãe pagou o conserto da bicicleta. (Objeto direto).
2�. Ângela é uma profissional muito dedicada. (Predicativo do Sujeito)
29. O Sol é a estrela central do Sistema Solar. (Predicativo do Sujeito)
30. Eu acho Ana muito dedicada. (Predicativo do Objeto)
31. Li uma reportagem muito interessante. (Predicativo do Objeto)
32. Vejo-o bem-vestido. (Predicativo do Objeto)
Um sintagma nominal é composto de um núcleo substantivo ou
pronome substantivo.
Por exemplo: “João estuda bastante.” “Ele estuda bastante”. Tal núcleo
pode ser modificado por três tipos de elementos: especificadores (que
podem ser artigos, pronomes demonstrativos, pronomes possessivos),
quantificadores (que podem ser numerais ou pronomes indefinidos) e
qualificadores (que podem ser adjetivos ou outros grupos nominais
inseridos por uma preposição). Por exemplo: “[Meu] amigo passou
[poucos] meses viajando”. Tem o “meu” como “especificador” e “poucos”
como “quantificador”.
Esses elementos que especificam ou qualificam o
núcleo de um sintagma nominal são denominados
“adjuntos adnominais”. Quando eles são representados
por um pronome, artigo ou numeral, podem ser
denominados “determinantes” (det).
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O determinante, quando é complexo, é formado por mais de um
elemento: o determinante propriamente dito; o pré-determinante e o pós-
determinante. No exemplo a seguir, é possível observar os
determinantes do sintagma nominal: “[Esses] [meus] [amigos] filhos.”
Aqui, temos um pré-determinante, um determinante-base e um pós-
determinante.
Para fechar esse item, depois de tudo que foi apresentado, é importante
destacar que, na língua portuguesa, o sujeito se manifesta, na maioria
das vezes, como agente, como humano e como determinado. Além
disso, temos os seguintes casos, que precisam ser destacados:
Quando não há um termo que concorde com o verbo. Isso
acontece com verbos que indicam fenômenos da natureza, tais
como “amanhecer”, “anoitecer”, “chover” etc. Exemplo: “Ventou
forte hoje cedo.”
Um outro caso de oração sem sujeito ocorre com o verbo haver,
no sentido de existir. Exemplo: “Há muito capim na praça.”
Quando o verbo “ser” indica tempo, temos uma oração sem
sujeito. Por exemplo: “Era noite.”
Em algumas construções em que o verbo está na terceira pessoa
do singular, acompanhado do pronome “se”, sem um termo com
que o verbo concorde, também se tem uma oração sem sujeito.
Exemplo: “Vive-se bem na Europa.”
Por fim, em construções em que o verbo está na terceira pessoa
do plural, sem um antecedente expresso. Por exemplo: “Ligaram
para você.”
Quando o sujeito ocorre geralmente em um texto, sendo
determinado e retomado mais adiante, desaparecendo enquanto
item lexical. Por exemplo: “Os rapazes resolveram fazer uma
trilha na floresta no final de semana. Eles levaram bastante água
para não sentirem sede.” Na primeira oração, tem-se o termo “os
rapazes”, já na segunda, o item é substituído por “eles”. Na
última, o termo fica elíptico: “para não sentirem sede” (sujeito
elíptico do verbo “sentirem” = “os rapazes”). Percebe-seuma
posição vazia expressa na sentença.
Como você percebeu, o estudo do sujeito vai além da definição básica
da gramática escolar.
Oração sem sujeito 
Sujeito elíptico 
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O sujeito
Confira o conceito de sujeito no contexto dos estudos sintáticos, com
destaque para as perspectivas gramaticais e linguísticas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), longe de ter consenso
entre gramáticos e linguistas, tem sua importância para o ensino da
língua portuguesa. Assinale a alternativa que adequadamente
apresenta uma informação sobre a NGB.

A
São as normas estabelecidas no sentido de ratificar
a diversidade terminológica existentes no Brasil
facilitando a aceitação do diferente.
B
É o documento norteador do ensino da língua
portuguesa no Brasil, ao simplificar e unificar a
terminologia da gramática portuguesa.
C
Seu propósito é reconhecer a diferença entre norma
culta e variações linguísticas, visando unificar as
duas formas de expressão linguística.
D
Visa reconhecer a existência de padrões linguísticos
diferenciados no território nacional, buscando o seu
respeito e reconhecimento na sala de aula.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) foi instituída em 1959
pela Portaria Ministerial nº 36, de 28 de janeiro daquele ano. Seu
objetivo foi de simplificar e de uniformizar a metalinguagem
utilizada no ensino, já que havia uma grande diversidade de
terminologias naquela época. A NGB foi um produto de uma política
linguística voltada para o ensino. Ela teve muito impacto não
apenas nas práticas pedagógicas dos professores de Língua
Portuguesa, em sala de aula, mas também na reconfiguração das
gramáticas de nossa língua.
Questão 2
1. Leia o fragmento a seguir:
“Uma sentença se constitui de dois tipos de itens lexicais: de um
lado, estão aqueles que fazem um tipo particular de exigência e
determinam os elementos que podem satisfazê-la; e, de outro,
estão os itens lexicais que satisfazem as exigências impostas pelos
primeiros” (NEGRÃO; SCHER; VIOTTI, 2004, p. 82).
Os tipos lexicais a que os autores se referem são:
Parabéns! A alternativa A está correta.
Consideremos uma sentença como “O menino fez um castelo de
areia.” O falante nativo sabe que o verbo “fazer” precisa ter algumas
exigências satisfeitas: uma que indique o que foi feito e outra para
indicar o agente. Na sentença em questão, “o menino” e “castelo de
E
Tem como objetivo simplificar e uniformizar as
variações diatópicas (geográficas), utilizadas no
espaço educacional face à diversidade existente.
A Aqueles que satisfazem ao núcleo da sentença.
B Itens aleatórios dispostos na sentença.
C Itens lexicais desprovidos de significação.
D As categorias semânticas ao lado do núcleo.
E Itens lexicais e semânticos independentes.
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areia” satisfazem as exigências do verbo “fazer”, que são chamados
de argumentos. No caso de argumentos que não cumpram essas
exigências, a sentença torna-se agramatical.
4 - O verbo e a predicação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o verbo e a predicação.
A categoria verbal e a predicação
São comuns conceitos populares que definem o verbo como um item
lexical que indica ação, mas tal definição não consegue dar conta do
verbo. Por isso, afirma-se que:
A categoria verbal é também a
responsável pelo condicionamento
modo-temporal e número-pessoal
de um enunciado (processo sobre o
qual intervêm as desinências), de
modo a situar o conteúdo dito em
termos contextuais e pragmáticos
(tempo e pessoa). Estes são fatores
inerentes à categoria “verbo”.
(FERNANDES; SEABRA, 2001, p. 111)
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Tendo dito isso, vamos explicar a predicação verbal. Ela se refere à
relação entre o verbo e os complementos para formar um predicado.
Assim, a predicação verbal é a forma como o sujeito é ligado ao
predicado de uma oração ou ao predicativo do sujeito.
De acordo com os manuais escolares, podemos
entender que a predicação verbal é a forma correta de
ligar sujeito aos termos que representam o predicado
da oração ou o predicativo do sujeito.
No que se refere à predicação, na língua portuguesa, os verbos podem
ser classificados como intransitivos, transitivos ou de ligação. É
importante entender a transitividade dos verbos. Confira o que falam
Fernandes e Seabra:
Predicar é tecer um comentário a
respeito de uma outra coisa e, para
tanto, precisa-se lançar mão de um
instrumento que ate a ideia
percebida ao seu referente. Os
verbos são, pois, o centro
declarativo de uma sentença, em
redor do qual orbitam os
argumentos (sujeito e
complementos).
(FERNANDES; SEABRA, 2001, p. 111)
Os métodos para identificar a predicação e fazer da forma correta
passam pelo sujeito. Para isso, busca-se apontar o vínculo estabelecido
entre ele, o verbo e o predicado para classificar os verbos quanto à sua
predicação. Observe a diferença básica entre os tipos de predicado:
Verbal
Estabelece relações que
servem para indicar
uma ação, seguido pelo
verbo e seus
complementos.
Nominal
Tem as suas
características
atribuídas ao sujeito.
Vejamos alguns exemplos:

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1. Esse celular pertence ao homem que veio aqui hoje.
Obs.: “pertencer” é verbo transitivo indireto, ou seja, o predicativo
complementa seu sentido, logo temos uma predicação verbal.
2. Marcelo é bom de trabalho.
Obs.: a sentença apresenta a estrutura “sujeito + verbo de ligação
+ predicativo do sujeito” e “bom de trabalho” indica determinada
qualidade de Marcelo, logo temos uma predicação nominal.
Quando o predicado indica uma ação, ele é constituído por um verbo
transitivo ou por um verbo intransitivo, sendo nomeado como predicado
verbal. Já quando o predicado indica um estado, atribuindo uma
propriedade ao sujeito, composto por um verbo de ligação, ele é
nomeado de predicado nominal.
A noção de verbo
Entenda o conceito de verbo e sua implicação no estudo do sintagma
verbal e da predicação.
Verbos transitivos, intransitivos e de
ligação
Quanto à predicação, os verbos podem ser classificados como verbos
transitivos, verbos intransitivos e verbos de ligação, fique atento!
Verbos transitivos
São aqueles que precisam de complementos verbais para que se
produza um sentido completo e necessitam estar ligados a um objeto
direto e/ou a um objeto indireto, ou seja, eles transitam o sentido para
um objeto direto ou indireto. Confira a classificação dos verbos
transitivos:
Transitivos diretos

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Necessitam de um objeto direto como complemento.
Eles indicam “o quê” ou “quem”.
Transitivos indiretos
Levam o sentido para um objeto indireto e por meio do objeto indicam
“de quê”, “de quem”, “para quê”, “para quem”, “em quê” ou “em quem”.
Transitivos diretos e indiretos
Levam o sentido para um objeto direto e um objeto indireto, ou seja, por
meio de dois objetos eles indicam “o quê” ou “quem”, “de quê”, “de
quem”, “para quê”, “para quem”, “em quê” e “em quem”.
Vejamos dois exemplos com verbos transitivos diretos:
3. Eu li...
O quê? O livro.
Eu li o livro.
4. O carro atropelou...
O quê? O ciclista.
O carro atropelou o ciclista.
Os seguintes verbos são transitivos diretos, conforme o contexto
enunciativo: ler,fazer, querer, quebrar, ter, causar, cortar, comer, ouvir,
começar, comprar, fazer, ter, querer, causar, comprar, derrubar, atropelar,
começar, perder, cortar, destruir, entre outros.
Vejamos alguns exemplos com verbos transitivos indiretos:
5. O profissional obedeceu...
Ao quê? Às regras.
O profissional obedeceu às regras.
�. Eu acredito...
Em quê? Em você.
Eu acredito em você.
Os seguintes verbos são transitivos indiretos, conforme o contexto
enunciativo: necessitar, saber, precisar, acreditar, necessitar, simpatizar,
obedecer, desobedecer, gostar, saber, responder, concordar, lembrar,
simpatizar, ingressar, comparecer, suceder entre outros.
Vejam alguns exemplos com verbos transitivos diretos e indiretos:
7. Eu emprestei...
O quê? Dinheiro
Para quem? Ao meu irmão.
Eu emprestei dinheiro ao meu irmão.
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�. O estudante deu...
O quê? Uma maçã.
Para quem? Para a professora.
O estudante deu uma maçã para a professora.
Os seguintes verbos são transitivos diretos e indiretos: agradecer,
emprestar, comunicar, oferecer, devolver, influenciar, agradecer, informar,
pagar, perdoar, entregar, ensinar, comemorar, contar, dar, aconselhar,
devolver, entregar, ensinar entre outros.
Verbos intransitivos
São aqueles que transmitem o sentido completo, sem a necessidade de
um objeto direto e/ou um objeto indireto, como complementos verbais.
Vejamos alguns exemplos:
9. Ele morreu.
10. O bebê nasceu.
Vejamos alguns verbos intransitivos: morrer, viver, cair, casar, chorar,
dormir, proceder, chegar, voltar, nascer entre outros.
Verbos de ligação
Para explicar o conceito de verbos de ligação, vamos conferir a
afirmação das autoras:
A categoria verbal é também a
responsável pelo condicionamento
modo-temporal e número-pessoal
de um enunciado (processo sobre o
qual intervêm as desinências), de
modo a situar o conteúdo dito em
termos contextuais e pragmáticos
(tempo e pessoa).
(FERNANDES; SEABRA, 2001, p. 111)
Daí elas comentam sobre o verbo de ligação para desmitificar muitas
informações que alguns estudantes ainda trazem.
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Estes são fatores inerentes à
categoria “verbo”. Os chamados
verbos de ligação são, como outros
constituintes da sua categoria geral,
dotados de todas estas
propriedades. Veiculam todos estes
sentidos. É, portanto, equivocada a
visão que enfoca estes verbos, em
termos sintáticos, unicamente como
um elo entre o sujeito e o seu
referido predicativo, devido a um
suposto “esvaziamento” de sua
significação lexical. Daí a receberem
também a denominação de
relacionais ou copulativos.
(FERNANDES; SEABRA, 2001, p. 111)
De modo geral, os manuais escolares afirmam que os verbos de ligação
transmitem um estado, sendo assim indicam determinada característica
do sujeito.
Vejamos alguns exemplos de sentenças com verbos de ligação:
11. Eu sou estudioso.
12. Ela é inteligente.
Veja alguns verbos de ligação mais utilizados: estar, andar, ficar, parecer,
permanecer, continuar, ser, entre outros.
Retomando a predicação
A predicação tem relação com o predicado, que é um termo essencial
da oração. Por isso, ao observar a sentença a seguir, identificamos os
termos referidos. Veja:
13. Eu agradeci o convite ao gerente.
Assim, temos que:
“Eu” – sujeito simples.
“agradeci” – verbo transitivo direto e indireto
“agradeci o convite ao gerente” – predicado verbal.
“o convite” – objeto direto, já que complementa o sentido do verbo
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“agradecer”, sem a necessidade de preposição.
“ao gerente” – objeto indireto, já que complementa o sentido do
verbo, mas precisa da preposição.
Como nosso objetivo pauta-se pela análise da predicação verbal,
optemos por subsidiar-nos no caso do verbo elogiar, visto que ele por si
só não possui sentido completo, necessitando, portanto, de algo que o
complemente. Dessa forma, os complementos que a ele se atribui são
denominados de objeto direto e objeto indireto, quando se tratar,
obviamente, de verbos transitivos, ou seja, aqueles que trazem junto de
si um verbo nocional – indicando uma ação.
Comentário
Tendo explicado a predicação e o verbo, precisamos mencionar de
forma sucinta o sintagma verbal.
Os sintagmas verbais podem ser constituídos de estruturas complexas,
ou seja, com mais de um verbo, bem como podem ter uma categoria
lexical principal apenas, o núcleo.
O núcleo do sintagma verbal é o verbo principal, que é quem realiza a
estrutura argumental da sentença. Vejamos alguns exemplos:
14. João tomou um suco de laranja.
15. João havia tomado um suco de laranja.
1�. João pode tomar suco de laranja na loja.
17. João pode continuar tomando suco de laranja na loja.
As sentenças anteriores têm o verbo “tomar”. A estrutura argumental do
verbo é composta por um agente (sujeito) e um objeto, o que mostra
que o verbo “tomar” é o núcleo, por isso a NGB vai chamar tal estrutura
de locução verbal.
Os verbos que antecedem o verbo “tomar” não possuem nessas
sentenças estrutura argumental, por isso recebem a nomenclatura de
“verbos auxiliares”. Observe que a desinência temporal aparece no
primeiro verbo auxiliar e outros recebem formas nominais.
Conceito e classi�cação dos verbos
Entenda mais sobre os verbos transitivos, intransitivos e de ligação, com
destaque para uma perspectiva gramatical e linguística.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O verbo é um elemento central da frase, e muitos tendem a
simplificar o seu papel na frase. De modo resumido, o verbo
constitui-se
Parabéns! A alternativa E está correta.
É comum que os manuais escolares passem a noção de que o
verbo é aquele item da sentença responsável por expressar uma
ação, mas temos visto que eles podem indicar, por exemplo, estado.
Assim, autores como Mário Perini propõem que o verbo pode
expressar ação ou estado, mas apresenta marcas temporais e
A
em palavras que oferecem qualificativos nas frases,
indicando qualidades e estados.
B
no núcleo do predicado, de modo a definir ações
que são qualificadas pelos adjetivos.
C
no elemento básico da frase, de modo que não
existem frases sem verbo no caso da língua
portuguesa.
D
em indicador de ação além das circunstâncias
ligadas ao modo, tempo e lugar que qualificam o
substantivo.
E
no elemento responsável por expressar ação, além
do condicionamento modo-temporal e número-
pessoal de uma frase.
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número-pessoais na frase, concordando com o sujeito, que é um
termo essencial da oração.
Questão 2
Assinale a alternativa que contém uma frase com um verbo de
ligação.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os verbos de ligação são aqueles que indicam estado e ligam
características ao sujeito. Assim, eles não indicam ação. Eles
também podem ser chamados de verbos não nocionais ou
copulativos. Entre os verbos de ligação podemos citar: ser, estar,
parecer, andar, ficar, continuar, permanecer, viver, virar, tornar-se,
achar-se, encontrar-se, fazer-se entre outros. Além disso, os verbos
de ligação podem indicar um tipo de estado permanente, em
trânsito, em mudança, estado aparente ou sua continuidade.
Considerações �nais
Você aprendeu ao longo deste conteúdo que a sintaxe pode ser
abordada desde uma perspectiva gramatical e linguística, transitando
entre um tratamento mais tradicional e normativo até um tratamento
mais descritivo e linguístico.
A Eu assinei a notificação.
B Seu amigo te espera lá fora.C Seu pai permanece deprimido.
D Ana acreditou na história contada.
E Li todo o livro que você me deu.
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No estudo da sintaxe, vimos que há um entendimento que aponta para
um ordenamento dos termos da oração que corresponde a uma
hierarquização gramatical.
Também aprendemos que as noções de frase, oração, período, sujeito,
predicado e verbo podem ser problematizadas, indo além da abordagem
normativa ou prescritiva da gramática escolar. Nesse sentido,
ampliamos nossa compreensão para termos como sintagma e
predicação.
Todas essas perspectivas nos mostram que há importantes desafios no
estudo da língua a partir da sintaxe, o que nos deve levar a evitar apenas
uma visão simplista e tradicional da língua.
Podcast
Para encerrar, ouça sobre as diferentes abordagens nos estudos
sintáticos, e os conceitos de frase, oração, período, sujeito, verbo e
predicado.

Explore +
Confira as indicações que separamos para você sobre a sintaxe da
língua portuguesa!
Aspectos da sintaxe em manuscritos modernos, de Elias Andrade.
Nesse texto, a sintaxe é explorada do ponto de vista histórico para
investigar documentos da língua portuguesa no século XVIII e
comparando com o presente, inclusive mostrando as mudanças
ocorridas de lá para cá. Não deixe de conferir!
O futuro do ensino da gramática portuguesa, de Helena Rebelo. Para
muita gente que acha que a sintaxe é igual em todas as gramáticas,
esse texto apresenta uma discussão sobre sua abordagem em três
livros didáticos. Vale a leitura!
Ensino de sintaxe para em videoaulas para exames de larga escala, de
João Laurentino e Willinany Silva. Uma pergunta que muita gente faz é
sobre o ensino remoto de língua portuguesa. O texto faz uma reflexão
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sobre as aulas a distância e a sintaxe, com foco nas videoaulas, que
trabalham com exames de larga escala.
Referências
AZEREDO, J. C. A. Iniciação à sintaxe do português. 8. ed. Rio de
Janeiro: Zahar: 2001. 
AZEREDO, J. C. A. Sintaxe normativa tradicional. In: OTHERO, G. de Á.;
KENEDY, E. Sintaxe, sintaxes. São Paulo: Contexto, 2015. 
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna,
2001.
CÂMARA JR., J. M. Dicionário de linguística e gramática. Petrópolis:
Vozes, 1978.
CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo:
Contexto, 2010.
CHOMSKY, N. Estruturas sintáticas. Petrópolis: Vozes, 2015.
CUNHA, C. F. da. Gramática da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
FENAME, 1979.
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ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FARACO, C. E.; MOURA, F. M. de. Gramática. 9. ed. São Paulo, Ática,
1996. 
FERNANDES, P.; SEABRA, P. T. Ser ou não ser, verbos de ligação: por
uma abordagem sintático-discursiva. Ao pé da letra, 2001.
KURY, A. da G. Novas lições de análise sintática. São Paulo: Ática, 1993.
LIMA, R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1997.
LUFT, C. P. Dicionário prático de regência verbal. São Paulo: Ática, 1987.
NEGRÃO, E. V.; SCHER, A. P.; VIOTTI, E. de C. Sintaxe: explorando a
estrutura da sentença. In: FIORIN, J. L. (org). Introdução à linguística II:
princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2004.
PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática,
1995.
PERINI, M. A. Sofrendo a gramática. São Paulo, Ática, 1997. 
PINKER, S. O instinto da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
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