Uso correto da pontuação

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Pontuação
Prof.ª Milca Tscherne
Descrição
Estudo dos sinais de pontuação e do seu correto uso na escrita.
Propósito
Compreender a pontuação no texto escrito para ampliar a competência
escritora e atuar como profissional da área de Letras.
Objetivos
Módulo 1
O uso de vírgula e ponto e vírgula
Identificar as construções textuais que precisam ser sinalizadas com
pontuação.
Módulo 2
Outros sinais de pontuação
Reconhecer os usos facultativos e intercambiáveis dos sinais de
pontuação.
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Introdução
Você costuma ficar em dúvida se deve ou não colocar uma
vírgula? Na dúvida, jamais usa o ponto e vírgula? Em aplicativos
de conversa, costuma repetir várias vezes pontos de interrogação
e exclamação?
Essas questões estão relacionadas com os sinais de pontuação,
que são um tipo de grafema, ou seja, são símbolos gráficos unos,
com traços gráficos distintivos, assim como os ideogramas, os
números, as letras e os sinais diacríticos.
Os grafemas nos permitem entender visualmente as palavras na
língua escrita tal como os fonemas nos permitem percebê-las
auditivamente na língua oral. Nesse sentido é que dizemos que
os sinais de pontuação imprimem ritmo e melodia aos textos por
meio de pausas e entonações que executamos no ato da leitura
ou da fala.
Quando vemos ao final de uma frase um ponto de interrogação,
sabemos que precisamos alterar a forma como pronunciaremos
e entenderemos aquela sentença. Isso também ocorre com a
vírgula e os demais pontos. Vamos conferir?
1 - O uso de vírgula e ponto e vírgula

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Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as construções textuais que precisam
ser sinalizadas com pontuação.
O emprego da vírgula
A importância da sintaxe na colocação da vírgula
O principal problema de uso da vírgula é desconhecer que existe uma
estreita relação entre a sua correta colocação e o domínio sintático da
língua portuguesa. É preciso saber, ainda que minimamente, a função
que determinado termo exerce em uma oração.
Usar a vírgula para separar o sujeito do predicado (verbo e
complemento), por exemplo, constitui um uso bastante impróprio. Para
não cometer esse erro, é necessário identificar os termos essenciais de
uma oração, pois, segundo a regra, eles jamais podem ser separados
por uma vírgula.
Vamos analisar a seguinte oração:
Os projetos de iniciação cientí�ca e de mestrado serão
selecionados por uma banca especí�ca na semana que
vem.
Nessa construção, não cabe vírgula. Colocá-la em qualquer posição
causará uma ruptura na sequência sujeito–verbo–complemento.
É fundamental sabermos quais são o sujeito e o predicado da oração:
Sujeito da oração
“Os projetos de iniciação científica e de mestrado”.
Predicado da oração
“serão selecionados por uma banca específica na semana que vem”.
Também é necessário termos em mente que as noções temporais, a
que chamamos de adjuntos adverbias de tempo, não precisarão ser
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separadas por vírgula se ocuparem a posição final da oração.
Comentário
No caso, o adjunto adverbial de tempo está expresso em “na semana
que vem”. Se, por alguma razão, o adjunto adverbial for deslocado para
outra posição, ele precisará ser isolado por vírgula(s).
Confira algumas situações nas quais o deslocamento é realizado:
Regras de pontuação da vírgula
Agora, vamos observar algumas regras quanto ao emprego da vírgula.
Elas serão organizadas em duas categorias de uso conforme o período.
O período é uma sequência composta por uma ou mais orações em um
intervalo que vai até uma pausa conclusiva, que pode ser o ponto final, o
de exclamação, o de interrogação ou as reticências. Trata-se de uma
pausa conclusiva a partir da qual se abre novo período ou novo
parágrafo.
Há dois tipos de período:
Simples
Formado por apenas uma oração (um verbo).
Composto
Formado por duas ou mais orações (dois ou mais verbos).
 Na semana que vem, os projetos de iniciação
científica e de mestrado serão selecionados por
uma banca específica.
 Os projetos de iniciação científica e de mestrado
serão selecionados, na semana que vem, por uma
banca específica.
 Os projetos de iniciação científica e de mestrado, na
semana que vem, serão selecionados por uma
banca específica.
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O uso da vírgula no período simples
Entre os elementos de uma oração, usa-se a vírgula para separar:
Vocativo, que desempenha função de chamamento, de interpelação
ao interlocutor do discurso. A apóstrofe é uma figura que
corresponde ao vocativo, pois desempenha a mesma função de
invocação.
Qual é mesmo o meu problema, doutor?
Aposto, termo que se refere a outro mencionado anteriormente com
a função de explicá-lo.
Brasília, a capital federal, foi inaugurada em 1960.
Elementos de mesma função sintática, como é o caso das
enumerações.
A documentação completa é composta de: RG, CPF,
comprovante de residência, diploma de conclusão de
ensino médio e foto 3X4.
Certos termos em ordem inversa à ordem direta em língua
portuguesa, que é sujeito–verbo–complemento.
Enquanto todos estavam em aula, o alarme disparou.
O alarme disparou enquano todos estavam em aula.
Ordem direta: “O alarme disparou enquanto todos estavam em aula”
Expressões repetidas.
Li, reli, li, reli e não encontrei erro algum.
O nome do lugar nas datas.
Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2022.
Certas palavras e expressões explicativas, conclusivas,
concessivas, continuativas ou de retificação. Por exemplo: Aliás,
logo, ou seja, no entanto, ou melhor, antes e além disso.
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Estou decidida, ou melhor, penso estar decidida.
Para indicar supressão (elipse) de palavra.
Você gosta de cinema; eu, de teatro.
(Você gosta de cinema; eu gosto de teatro).
Os termos antecipados e retomados adiante por um pronome
enfático.
Os atos ilícitos, sempre os denunciamos. (Sempre
denunciamos os atos ilícitos).
Os elementos paralelos de provérbios.
Dia de muito, véspera de nada.
Tal pai, tal �lho.
O predicativo deslocado.
Animado, ele declarou o resultado.
Ele, animado, declarou o resultado.
Ele declarou animado o resultado.
Ordem direta: “Ele declarou animado o resultado.”
O uso da vírgula no período composto
Entre orações, a vírgula separa:
Orações coordenadas assindéticas (sem conjunção).
As cidades se desenvolviam, ampliavam-se cada vez mais
em direção à zona rural.
Orações coordenadas sindéticas (com conjunção), exceto as
coordenadas pela conjunção aditiva e.
As cidades se desenvolviam, mas continuavam
distanciadas da zona rural.
Para este caso, há algumas exceções relevantes.
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Atenção!
Coloca-se a vírgula antes da conjunção “e”:
Se o sujeito da segunda oração é diferente do sujeito da primeira
oração:
O e-mail não foi lido, e a caixa de entradas sequer foi acessada.
Se há repetição da conjunção (polissíndeto) e:
E falava alto, e gesticulava, e andava por toda a parte, mas ninguém lhe
dava atenção.
Orações intercaladas por verbos de elocução.
As cidades, dizia o especialista, ampliavam-se cada vez
mais em direção à zona rural.
Orações adjetivas explicativas.
A zona rural, que é uma área não urbanizável ou
destinada à limitação do crescimento urbano, sofre
também os efeitos da expansão urbana.
Orações adverbiais que iniciam o período ou que se encontram
intercaladas.
Ao sair, apagou as luzes.
Embora tivesse estudado, não obteve êxito na
avaliação.
Ele, embora tivesse estudado, nãoobteve êxito na
avaliação.
Orações reduzidas de gerúndio, principalmente as que iniciam
período.
Li o texto demoradamente, revisando os conceitos e as
definições com muito cuidado.
Concluindo a leitura do projeto, verifiquei certas
inconsistências.
Uso da vírgula e a sintaxe

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Milca Tscherne e Luís Dallier debatem alguns aspectos da pontuação
relacionados com a sintaxe e as regras gramaticais, destacando o
emprego da vírgula.
Diferentes opções no uso da vírgula
Vamos analisar, na prática, a pontuação de dois parágrafos: o primeiro
traz uma opção de pontuação mais econômica da vírgula; o segundo,
mais abundante.
Pontuação econômica
Considere o seguinte parágrafo:
O cenário das Ciências
Humanas evidencia uma
profusa e profícua
interdisciplinaridade. As
várias disciplinas ora
contribuem com outras ora
recebem contribuições umas
das outras, sendo
praticamente impossível aos
estudiosos da área
ignorarem o que se passa ao
lado. O que lá acontece,
muitas vezes, vai importar-
lhes menos como acréscimo
de saber do que como
problematização dos
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métodos e dos fundamentos
parcialmente comuns às suas
disciplinas.
(BAIRRÃO, 2000, p. 31, grifos nossos)
Esse é o primeiro parágrafo do artigo de José Miguel Bairrão intitulado
Além do princípio da psicanálise: Lacan crítico da psicologia. Ele contém
oito verbos, que estão destacados em negrito; portanto, possui sete
orações, distribuídas em três períodos. Vamos conferir!
“O cenário das Ciências Humanas evidencia uma profusa e
profícua interdisciplinaridade.”
Tal período é constituído por apenas uma oração estruturada na
ordem direta: sujeito (O cenário das Ciências Humanas) + verbo
(evidencia) + complemento (uma profusa e profícua
interdisciplinaridade). Por isso, não há nem poderia haver vírgula.
“As várias disciplinas ora contribuem com outras ora recebem
contribuições umas das outras, sendo praticamente impossível
aos estudiosos da área ignorarem o que se passa ao lado.”
O período é constituído por quatro orações; portanto, trata-se de
um período composto. As duas primeiras orações têm o mesmo
sujeito e não se separam por vírgulas; na verdade, elas articulam-
se pela conjunção alternativa “ora... ora”, cujos dois elementos
poderiam, caso o autor quisesse, vir separados por vírgula.
A terceira oração é a que chamamos de oração reduzida de
gerúndio (sendo), que sempre é introduzida por uma vírgula. Em
seguida, há uma oração principal, com sujeito preposicionado
(aos estudiosos da área ignorarem), à qual se subordina uma
oração com função de objeto direto, chamada de substantiva
objetiva direta (o que se passa ao lado).
“O que lá acontece, muitas vezes, vai importar-lhes menos como
acréscimo de saber do que como problematização dos métodos
e dos fundamentos parcialmente comuns às suas disciplinas.”
Período 1 
Período 2 
Período 3 
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O período é constituído por apenas duas orações. A expressão
“muitas vezes” desempenha uma função adverbial, podendo ser
substituída por “com frequência”, “frequentemente” e
“repetidamente”.
Os advérbios, as locuções ou os adjuntos adverbiais podem ser
deslocados de lugar e ganhar vírgulas; no entanto, pontuamos
geralmente os de maior porte ou quando queremos destacá-los.
Note que “lá” e “parcialmente” são advérbios, respectivamente de
lugar e de modo, mas não foram isolados por vírgulas. O
primeiro, por ser de pequeno porte; o segundo, por opção de
quem redigiu o texto.
O que podemos concluir a partir dessa rápida análise sobre a pontuação
do parágrafo lido? Certamente, que se trata de um parágrafo com vários
períodos e orações, mas que se mostra bastante econômico nas
vírgulas.
O autor, afinal, não intercala orações, não faz inversões que justifiquem
o uso da vírgula, não utiliza expressões explicativas ou retificativas nem
apostos. Nos casos de uso facultativo, ele prefere não usar a vírgula,
mostrando que é possível um estilo de escrita bastante econômico em
matéria de pontuação.
Pontuação abundante
Leia o parágrafo a seguir:
Note-se, logo à entrada do
capítulo V, que o novelista
recomeça a narrativa no
ponto em que havia parado
sete dias antes, ou seja, no
episódio descrito nas páginas
anteriores. Cotejando a
introdução desde capítulo
com a do precedente,
veri�ca-se uma
discrepância, que se
explicaria pelo seguinte: no
capítulo IV, as observações
preliminares servem para
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manter franqueado um
caminho, enquanto o escritor
palmilha outro, isto é,
abandona o caso do menino
(Leonardo), em se não
tivesse havido qualquer
interrupção, supondo mesmo
que os leitores se
recordavam do epílogo do
capítulo encerrado.
(MOISÉS, 1969, p. 162, grifos nossos)
Nesse parágrafo, há dois períodos, e ambos são compostos. O primeiro
período é composto por três orações; o segundo período, por nove
orações. Vejamos!
“Note-se, logo à entrada do capítulo V, que o novelista recomeça
a narrativa no ponto em que havia parado sete dias antes, ou
seja, no episódio descrito nas páginas anteriores.”
O primeiro período começa com uma oração na voz passiva
analítica sintética, aquela construída com o pronome
apassivador “se” (note-se), seguida de um esclarecimento
espacial (na entrada do capítulo) que se intercala na oração e,
por isso, precisa ser isolado por vírgulas. Trata-se de um adjunto
adverbial de espaço. Depois, vemos na próxima declaração que
há uma expressão explicativa (ou seja), a qual, por sua vez,
também precisa ser isolada por vírgula.
“Cotejando a introdução desde capítulo com a do precedente,
verifica-se uma discrepância, que se explicaria pelo seguinte: no
capítulo IV, as observações preliminares servem para manter
franqueado um caminho, enquanto o escritor palmilha outro, isto
é, abandona o caso do menino (Leonardo), em se não tivesse
havido qualquer interrupção, supondo mesmo que os leitores se
recordavam do epílogo do capítulo encerrado.”
Período 1 
Período 2 
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O período começa com uma oração introduzida de gerúndio e,
por isso, recebe a vírgula. Em seguida, a próxima oração também
recebe a vírgula, porque se abre uma oração adjetiva explicativa
(que se explicaria pelo seguinte), que equivale a “verifica-se uma
discrepância explicada pelo seguinte”. Novamente, um adjunto
adverbial que designa o espaço e, por isso, é isolado pelos dois
pontos e vírgula: “no capítulo IV”.
Abre-se uma oração subordinada adverbial de tempo “enquanto
o escritor palmilha outro”, que precisa ser pontuada com vírgula.
Segue-se a ela uma expressão explicativa (isto é), seguida de
oração subordinada substantiva condicional “em se não tivesse
havido qualquer interrupção”.
Orações na ordem direta, sem expressões ou orações
intercaladas, períodos simples ou períodos compostos, porém
curtos, exigem evidentemente menos vírgulas, ao passo que
períodos compostos longos, com várias orações subordinadas e
que sofrem intercalações ou inversões, requerem uma
pontuação mais abundante.
Pontuação econômica e abundante
Fique com a explicação sobre o emprego da vírgula a partir de um estilo
mais econômico e abundante.
O ponto e vírgula
O ponto e vírgula (;) é um sinal de pontuação que serve para separar
estruturas ou elementos relacionados, como os tópicos, por exemplo.
Ele também funciona para hierarquizar as vírgulas usadas no interior de
orações relacionadas entre si, não exigindo um novo período. Trata-se
de um sinal de pontuação, assim como os demais, que contribuem para
a organizaçãoe clareza do texto.
Veremos a seguir alguns exemplos de aplicação do ponto e vírgula, que
serve para:
Separar itens e tópicos
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Exemplo:
Caso ocorra dificuldade na impressão do boleto bancário, o candidato
poderá realizar alguns dos procedimentos a seguir:
1) Clicar no ícone de impressão;
2) Clicar com o botão direito do mouse e escolher a opção imprimir;
3) Usar a opção de imprimir do navegador por meio do menu de opções;
4) Usar as teclas Ctrl+P para chamar a opção de imprimir do navegador.
Separar os “considerandos” e os artigos de leis, decretos, petições,
regulamentos
Acompanhe o exemplo a seguir:
Art. 1º A República Federativa
do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos estados e
municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em
estado democrático de
direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa
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humana;
IV - os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
(CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL ,1988)
Separar orações coordenadas
Principalmente quando já subdivididas com vírgulas.
Exemplo:
1. Dos representantes brasileiros, estiveram presentes na COP27 uma
comitiva do atual governo e membros da equipe do presidente recém-
eleito; dos chineses, além do presidente, o enviado especial de assuntos
climáticos, Xie Zhenhua; dos Estados Unidos, o presidente John Biden e
o ex-secretário de Estado John Kerry da gestão do ex-presidente Barack
Obama.
2. As nações já conseguiram consenso em 16 temas; os restantes, 13
textos no total, continuam em divergência.
3. Gosto de participar de grandes eventos acadêmicos; meus colegas,
apenas de atividades isoladas.
Separar algumas conjunções
Como as adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no
entanto, apesar disso, ainda assim, não obstante) e as conclusivas
(logo, portanto, assim, por isso, por consequência).
Exemplos:
1. Chegaremos em tempo para a reunião de planejamento; contudo, não
concordamos com as decisões que serão comunicadas.
2. A casa fica em um terreno de 6.500 metros quadrados, tem 3 andares,
8 suítes, cômodos amplos e decoração moderna em paleta de tons
claros nas paredes e móveis; porém, encontra-se inabitada, com a
estrutura comprometida e os herdeiros sem condições financeiras de
reformá-la.
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Separar orações
Quando a segunda oração for iniciada por um verbo seguido de
conjunção que exija vírgula.
1. Alguns países ricos já não vinham cumprindo a promessa de
arrecadação para o Fundo Verde do Clima, feita em 2019; esperavam,
contudo, a tolerância do bloco europeu.
2. Sempre adotei um estilo de vida saudável; esperava, portanto, que os
meus exames médicos estivessem em ordem.
Depois do que você estudou até aqui, perceba que o emprego da vírgula
ou do ponto e vírgula não está apenas relacionado com uma pausa, mas
que também se vincula aos aspectos sintáticos do texto escrito.
Uso do ponto e vírgula
Fique agora com a explicação sobre o emprego do ponto e da vírgula.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que traz respectivamente o uso da vírgula
para separar um aposto e uma expressão explicativa.
Parabéns! A alternativa B está correta.
O aposto é identificado em “uma das principais expressões da
literatura do modernismo brasileiro”, enquanto a expressão
explicativa ocorre em “ou seja”. Há outros apostos nas demais
A
Maio, o mês das noivas, costuma ser um mês
aquecido para a indústria brasileira de festa e
entretenimento.
B
Clarice Lispector, uma das principais expressões da
literatura do modernismo brasileiro, privilegiou a
parataxe, ou seja, o processo de sequenciar frases
justapostas sem o uso de conjunções.
C
A revisão de texto, que não é a mera correção de
deslizes gramaticais, faz-se sem alterar o estilo do
autor ou o conteúdo.
D
Provas, prazos, documentos, entrevista fazem parte
do mestrado e doutorado, ou melhor, do processo
seletivo.
E
Joaquim Mattoso Câmara Júnior, importante
linguista brasileiro, foi influenciado pelo
estruturalismo e pelo funcionalismo, duas correntes
importantes aos estudos linguísticos.
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alternativas, como, por exemplo, o mês das noivas, importante
linguista brasileiro, duas correntes importantes aos estudos
linguísticos. Há também casos de vírgula para separar elementos
de mesmo valor sintático (“Provas, prazos, documentos, entrevista”)
e uma expressão explicativa (“ou melhor”), porém apenas uma está
conforme o que solicita o enunciado.
Questão 2
Sobre a frase “Morei fora do país durante cinco anos; por isso, não
me encontro preparada para opinar sobre política, sobretudo, em
período eleitoral”, podemos afirmar que:
Parabéns! A alternativa D está correta.
“Durante cinco anos” poderia ocupar a posição inicial da oração,
bem como ser colocada após o verbo “morei”. O uso do ponto e
vírgula justifica-se plenamente, pois uma de suas indicações é
separar orações coordenadas e iniciadas por conjunções
adversativas e conclusivas. “Sobretudo”, embora seja um advérbio
de pequeno porte, está intercalado na oração, justificando o uso da
vírgula.
A
O uso do ponto e vírgula não se justifica, pois as
orações são pequenas. O correto seria colocar uma
vírgula em seu lugar.
B
Falta uma vírgula antes do adjunto adverbial de
lugar (durante cinco anos).
C
“Sobretudo” é um advérbio que não precisa ser
isolado com vírgulas, pois é de pequeno porte e não
se intercala na sequência sujeito–verbo–
complemento.
D
O ponto e vírgula está correto e foi, nesse caso,
utilizado para separar a segunda oração, que é
iniciada pela conjunção conclusiva (por isso).
E
Embora “durante cinco anos” seja uma locução
adverbial, ela não teria outro lugar para ocupar na
oração a não ser o da posição final.
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2 - Outros sinais de pontuação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os usos facultativos e intercambiáveis
dos sinais de pontuação.
Os sinais de pontuação
Aos poucos, todos os sinais aparecem
Os sinais de pontuação que abordaremos serão oito:
Ponto final
Ponto de exclamação
Ponto de interrogação
Dois pontos
Reticências
Travessão
Parênteses
Aspas
É bem verdade que sabemos usar a maioria deles, pois, assim que
somos alfabetizados, aprendemos o valor do ponto final. Em seguida, o
ponto de interrogação entra em nosso repertório para que diferenciemos
a frase afirmativa da interrogativa.
Os dois pontos e o travessão não demoram a ser internalizados em
função dos diálogos diretos abundantes nas histórias infantis. Com a
leitura dos quadrinhos, logo também percebemos como se usam o
ponto de exclamação e as reticências.
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Mas somente aprendemos sobre a colocação da vírgula e do ponto e
vírgula quando avançamos no conhecimento sintático da língua, não é
mesmo? E mais adiante é que dominamos certas sutilizas gráficas,
como a do travessão e dos parênteses com valor de vírgula, assim
como certas sutilezas semânticas que envolvem, de modo geral, toda a
pontuação.
Pontuação e discurso
Às vezes, as sutilezas semânticas envolvendo a pontuação aparecem na
forma de brincadeiras com a língua. Uma delas, bastante conhecida,é a
seguinte:
Matar o rei, não: é
crime!
Matar o rei não é crime.
Em outras situações, esses aspectos semânticos ocorrem em um
contexto de correção de produção de texto ou de leitura bem-feita de um
poema em sala de aula, em que se explore, por exemplo, o seu estrato
gráfico e fônico. O fato é que já no ensino fundamental nos damos
conta de que esses pequenos sinais gráficos interferem no sentido e no
tom que queremos dar ao que escrevemos – e, por isso, precisamos
usá-los com certa consciência.
Essa consciência, ou melhor, esse domínio, vem, como já dissemos, pela
sintaxe, e ele jamais é acidental. Todos os sinais que vimos e veremos
são gráficos. Na fala, muitas vezes, sequer os percebemos; noutras
vezes, porém, percebemos com certa facilidade, seja pelo ritmo ou
entonação, seja até pela suspensão da fala ou silêncio.
É comum o entendimento de que a vírgula, por exemplo, é uma pausa.
Embora seja uma noção correta, há que se saber, tal como na leitura de
uma partitura musical, o momento da pausa; caso contrário, essa
pontuação poderá ficar aleatória.

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Uma leitura ou fala ansiosa pode eliminar as pausas, ao passo que uma
leitura lenta ou deficiente é capaz de criar pausas inexistentes. Por esse
motivo, o modo mais seguro de pontuar um texto é, sem dúvida,
conhecer a função e o valor das estruturas que formamos ao escrever.
Quer ver alguns exemplos?
‒ Tchau, pai!
‒ Oi, mãe!
‒ Você vai, Nando?
Nesses três exemplos, geralmente, não conseguimos perceber pausa na
fala, embora precisemos isolar o vocativo com a vírgula na escrita. A
fala e a escrita são modalidades diferentes e mais se distanciam do que
se correspondem.
A literatura se beneficia muito desses desencontros rítmicos e sonoros,
como, por exemplo, na belíssima letra e música de Chico César, cantor e
compositor brasileiro.
Respeitem meus cabelos,
brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos
Cabelo veio da África
Junto com meus santos
Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos
Respeitem meus cabelos,
brancos
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Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
Deixa, deixa a madeixa
balançar.
                                                                                       
                                            (Respeitem meus cabelos,
brancos, de Chico César, 2002)
Veja que, em Respeitem meus cabelos, brancos, Chico César aproveita a
ambiguidade, que se estabelece, cumpre ressaltar, apenas quando a
música é cantada. Já na escrita, vemos que “brancos” são os
interlocutores do enunciador.
Por estar isolada com a vírgula, a expressão “brancos” assume a função
sintática de vocativo, não se tratando, portanto, de um adjetivo que
caracteriza a cor dos cabelos respeitáveis de uma pessoa já com certa
idade.
No entanto, ao ouvirmos a música, essa ambiguidade se estabelece,
pois não há pausa.
Curiosidade
E mais: essa ambiguidade, na verdade, enriquece o sentido, já que, além
de remeter àquele pedido clássico de respeito em função da idade, em
um dos versos, está claro que o cabelo a que se refere a letra é dos
povos originários da África. Há séculos, o cabelo africano é conhecido
por todos nós, porém nunca respeitado.
Nesse sentido, quando o verso é vocalizado, os “cabelos brancos”
podem invocar tanto a autoridade de quem canta (atualmente, os
cabelos de Chico César estão brancos) quanto assumir o valor de
metáfora: cabelos brancos dos negros, sim, pois eles já possuem
autoridade anciã no Brasil, uma vez que estão aqui desde o início do
século XVI.
Mas a ambiguidade se desfaz pela escrita quando vemos graficamente
o termo “brancos” separado por vírgula de “cabelos”. Os “brancos” são
os interpelados a respeitarem os cabelos africanos que vieram junto
com os seus santos.
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Nesse sentido, os cabelos funcionam como metonímia, aquela figura
que apela à parte para significar o todo. Respeitem os meus cabelos,
brancos equivale, assim, a “me respeitem, brancos”! Nos versos
seguintes, a oposição dos adjetivos substantivados (o preto e o branco)
reforça a questão racial da luta pela aceitação estética que o negro
enfrenta em relação ao branco.
Apenas com esse exemplo, é possível perceber que a pontuação possui
relações inseparáveis com a sintaxe e a semântica da língua, bem como
com a dimensão fonética/sonora e discursiva. Por isso, esteja sempre
atento ao contexto de produção e recepção dos textos. Perceba a sua
intencionalidade e leia não apenas as palavras e as frases, mas também
os sinais gráficos, sem os quais não escrevemos nem interpretamos o
que lemos com a qualidade necessária.
Sinais de pontuação
Milca Tscherne e Luís Dallier falam sobre os sinais de pontuação e a sua
relação com o discurso e a escrita.
Vamos falar agora sobre os demais sinais de pontuação?
Ponto �nal, de interrogação, de
exclamação e dois pontos
O ponto �nal

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O ponto (.) indica o final de um período, que pode ou não coincidir com o
final de um parágrafo. Por isso, existe uma distinção entre ponto
simples e ponto parágrafo.
Exemplo:
A Amazônia é terra de ninguém. São 50 milhões de hectares
abandonados. Equivale a uma Espanha, porém sem registro ou posse
definida de quem anda por lá. Teoricamente, são terras públicas. Na
prática, no entanto, há ali uma complexa e irregular confusão fundiária.
Parte da floresta amazônica, em Mato Grosso.
Nesse exemplo, há um parágrafo composto por vários períodos curtos.
Por isso, existem cinco pontos, dentre os quais, quatro chamamos de
ponto simples e apenas um, o último, de ponto parágrafo, pois é ele que
encerra o parágrafo.
Saiba mais
O ponto também é usado em abreviações (Adm. = Administração, etim.
= etimologia, ger. = gerúndio).
O ponto de interrogação
O ponto de interrogação (?) indica dúvida, pergunta. Opõe-se
semanticamente a uma afirmação; por isso, quando esquecido, ele gera
tamanha confusão.
Veja o exemplo a seguir:
A postura do pai, que recentemente obteve a guarda do
�lho, indica que ele aprendeu com os erros do passado?
O conteúdo expresso em nosso exemplo, que indica a dúvida ou a
necessidade de se confirmar uma informação, é muito diferente de
afirmar “A postura do pai, que recentemente obteve a guarda do filho,
indica que ele aprendeu com os erros do passado”.
O ponto de exclamação
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O ponto de exclamação (!) indica espanto, admiração, surpresa.
Funciona muito bem com as interjeições, pois elas expressam uma
emoção, uma sensação, um desejo, uma ordem, um apelo.
Fique com alguns exemplos:
Tomara!
Caramba!
Meu Deus!
Silêncio!
Psiu!
Basta!
Evidentemente, é possível compor muitas frases exclamativas, além
daquelas formadas pelas interjeições. Em todas elas, porém, o ponto de
exclamação comunica sempre a emotividade de quem escreve. Por isso,
em textos formais, o ponto de exclamação é raramente usado, ao passo
que, em textos muito informais, ele é abundantemente empregado.
Os dois pontos
Os dois pontos (:) servem para anunciar e introduzir alguns elementos à
oração. Trata-se de um sinal de pontuação amplamente usado em todo
tipo de texto.
Eles são empregados:
Para introduzir o discurso direto
A velha, estarrecida, atirou os
braços para cima, soltou um
grito:
‒ Valha-me Deus! O padeiro
está nu!
E correu ao telefone parachamar a radiopatrulha:
‒ Tem um homem pelado
aqui na porta!
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(SABINO, 2000, p. 250)
Antes de uma enumeração
Exemplo:
A ômicron, cepa do SARS-CoV-2, possui um enorme poder de
transmissibilidade, porém menos letal do que as anteriores: alfa, beta,
gama e delta.
Em citação ou transcrição de palavras
Pierre Maillot, em seu livro intitulado
L’Écriture cinématographique,
escreve o seguinte:
Há uma narração literária e uma
narração cinematográfica. Ambas
narram, mas por meios diferentes.
Daí o grave problema da adaptação
que é, de fato, uma tradução da
narração literária em narração
cinematográfica. Como o problema
da narração cinematográfica é ainda
obscuro, o problema da adaptação é
muito pouco elucidado. Para mim, a
adaptação de um romance para o
cinema não é nada mais que uma
ambição inepta [...]. A adaptação
cinematográfica de uma obra
literária é tão pouco útil quanto a
foto de uma pintura.
(FILTEAU, 2000, p. 67)
Antes de explicação, resumo, exposição, exemplo, informações
importantes, alertas, notas
Veja os dois exemplos que se seguem:
1. Nesse período, ela pôs em prática o que acredita serem os
principais pilares do projeto: crianças em séries avançadas e com
defasagem no aprendizado tinham atenção especial, enquanto
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educadores cujas turmas atingissem as metas de alfabetização
estabelecidas pela prefeitura recebiam bonificações.
(DALL’AGNOL; MAGRI, 2022, p. 42)
2. Cuidado: subvariante da ômicron triplica o número de internações
por covid-19.
Em orações apositivas
Exemplo:
Não cedeu às ameaças e denunciou o caso à polícia: já estava cansada
de tantas chantagens.
Após o vocativo inicial de cartas e comunicações, embora seja mais
comum o uso da vírgula
Exemplos:
1. Prezados alunos:
2. Caros colaboradores:
O ponto, os pontos de interrogação e
de exclamação e os dois pontos
Confira agora a explicação sobre o emprego de algumas pontuações.
Reticências, travessão, parênteses e
aspas
As reticências
As reticências (...) indicam interrupção na frase (além de indicarem
retomada, se for o caso), hesitação, dúvida e suspensão do discurso.
Em alguns casos, no entanto, também podem realçar uma palavra ou
expressão e indicar algo com o mesmo valor de “etc.”.
Exemplo 1:

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‒ Miguiliiim!...
A Chica gritava dessa forma,
feito ela fosse dona dele.
‒ ...Miguilim, vem depressa,
mamãe, papai tá te
chamando! Seo Deográcias
vai te olhar...
(ROSA, 1984, p. 41)
Exemplo 2:
Tinham estudado juntos,
morado juntos, e eram
bacharéis do mesmo ano.
Quintanilha não seguiu
advocacia, nem magistratura,
meteu-se na política; mas,
eleito deputado provincial em
197..., cumpriu o prazo da
legislatura e abandonou a
carreira.
(ASSIS, 2000, p. 63)
Exemplo 3:
Para acomodar esse enorme
contingente de aliados, o
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presidente eleito estuda
desmembrar ministérios (da
Economia para Planejamento
e Fazenda, por exemplo),
criar ou recriar novas pastas
(Povos Originários, Igualdade
Racial, Cultura, Esporte,
Cidades...).
(MATTOS, 2022, p. 29)
Nesses três fragmentos de textos literário e jornalístico, podemos
perceber algumas das aplicações das reticências que mencionamos.
O travessão
O travessão (–) indica a mudança de interlocutor no diálogo, substitui o
parêntese numa expressão intercalada e realça uma oração interferente.
Trata-se de um sinal de pontuação cuja marca principal é a limpidez que
ele transmite ao texto não apenas quando introduz o discurso direto,
como também quando desempenha a função da vírgula. Nesse segundo
caso, o travessão proporciona mais clareza do que as vírgulas nas
intercalações longas e maior ênfase nos destaques.
Saiba mais
Os travessões, a depender do caso, também substituem e são
substituíveis por dois pontos, parênteses ou duas vírgulas.
Emprega-se um só travessão para:
Indicar mudança de interlocutor nos diálogos
Gaetaninho saiu correndo.
Antes de alcançar a bola um
bonde o pegou. Pegou e
matou.
No bonde vinha o pai do
Gaetaninho.
A gurizada assustada
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espalhou a notícia na noite.
‒ Sabe o Gaetaninho?
‒ Que é que tem?
‒ Amassou o bonde!
(MACHADO, 2000, p. 94)
Destacar (no �nal do período) uma explicação, um esclarecimento, uma
síntese, uma consequência ou um conclusão do que foi enunciado
Fique com dois exemplos dessa situação:
1. Brecht no trabalho e no jogo da associação, Brecht manipulando do
exílio essas imagens de Adolf Hitler e de feras abatidas – esse
Brecht foi um imaginativo por excelência, um motor mesmo, até
certo ponto, um lançador de destinos históricos.
(DIDI-HUBERMAN, 2017, p. 229)
2. Aqui na empresa, os desacertos causam bons risos ‒ e um tanto de
lágrimas.
Emprega-se o travessão duplo para:
Isolar orações intercaladas
Assinalando no interior do período uma reflexão, um esclarecimento, um
comentário ou ainda para destacar uma palavra ou uma frase.
Exemplo 1:
Fazer da poética uma política,
isso começaria por fazer
bifurcar, por converter – sem
negá-la, é claro – essa
surpresa de onde parte,
talvez, todo gesto artístico.
(DIDI-HUBERMAN, 2017, p. 222)
Exemplo 2:
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Sobre esse ponto, Benjamin
admite de bom grado o
quanto ele se encontra, ele e
os surrealistas, confrontados
com a razão – a cruel razão –
na história dos anos 1920 e
1930 [...]
(DIDI-HUBERMAN, 2017, p. 223)
Separar fala de personagens de trechos da narrativa
Como demonstrado a seguir:
‒ Explique isso ao homem ‒
ponderou a mulher.
[...]
‒ Maria! Abre aí, Maria. Sou
eu ‒ chamou, em voz baixa.
(SABINO, 2000, p. 249)
Emprega-se o travessão duplo seguido de vírgula quando a intercalação
com travessão duplo é inserida dentro de uma intercalação entre
vírgulas.
Brecht compunha álbuns,
dossiês fotográ�cos sobre a
história contemporânea,
assim como as encenações
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de suas próprias peças ‒ os
fascinantes Modellbücher, de
Antigone, em 1948, ou Mutter
courage, em 1949 ‒, em geral
com a ajuda de Ruth Berlau,
sua amiga fotógrafa.
(DIDI-HUBERMAN, 2017, p. 30)
Nesse caso, veja que, se quisermos substituir os travessões por
parênteses, a vírgula permanece.
Bertolt Brecht.
Brecht compunha álbuns, dossiês fotográficos sobre a história
contemporânea, assim como as encenações de suas próprias peças (os
fascinantes Modellbücher, de Antigone, em 1948, ou Mutter courage, em
1949), em geral com a ajuda de Ruth Berlau, sua amiga fotógrafa.
Os parênteses
Os parênteses ( ) desempenham diversas funções. Eles são
empregados para:
Intercalar frases, palavras, datas, informações ou quaisquer outras
indicações acessórias
Seguem dois exemplos para ilustrar:
1. Com a promessa de combater à flacidez ao promover tração
mecânica da pele, os finíssimos fios de sustentação viraram febre.
Havia os feitos de ouro, de polipropileno (fio russo) ou de poliamida
(fio búlgaro).
(BLANES, 2022, p. 78)
2. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é um instituto
público de administração federal que existe desde 1934.
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Sinalizar que o trecho citado sofreu um corte do autor que faz a citação do
original
Neste caso, usam-se os parênteses com reticências (...), podendo ser
substituídos também por colchetes. A indicação de corte deve aparecerexatamente onde ele foi feito.
(...) Os �os conquistam pelo
efeito natural e instantâneo
que promovem. O contorno
das áreas onde são
implantados �ca
imediatamente rede�nido.
(BLANES, 2022, p. 79)
As aspas
As aspas (“ ”) sinalizam a fala, ou seja, o discurso direto ou a citação
direta e isolam certas palavras e expressões. São empregadas, portanto,
para:
Indicar fala
A imprensa escrita prefere usar as aspas ao travessão para delimitar a
fala de uma declaração direta. Alguns autores literários também abrem
mão do travessão em favor das aspas.
Exemplo 1:
Essa medida também passa
pelo trabalho de atuação.
“Estamos sempre atentos
para não revelar demais e
manter o suspense em alta”,
conta Pietschmann.
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(CAPUANO, 2022, p. 83)
Exemplo 2:
“Só tirando a prova”, disse
ele, insinuando um encontro
urgente.
“Sempre querendo tirar uma
casquinha?”
“E que mal há nisso?”
“Desta vez não estou
morando tão perto assim de
você.”
(SANTIAGO, 2000, p. 560)
Isolar certas palavras e expressões para enfatizá-las ou indicar uma
acepção de especialista
Exemplo 1:
O “tipo” pela sua ação e pela
sua representação do mundo
de�ne as “possibilidades
concretas” e a “consciência
possível” (usando uma noção
de Lucien Goldman) próprias
ao grupo ou à classe social a
que ele pertence.
(XAVIER, 2005 p. 60)
Exemplo 2:
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O ator, aliás, até hoje carrega
o fardo de ser “o homem
enigmático” de Dark ‒ seu
personagem na série anterior
é um spoiler ambulante, e seu
nome pode estragar a
surpresa de quem ainda não
chegou ao �nal.
(CAPUANO, 2022, p. 83)
Para encerrar o nosso estudo sobre a pontuação, é interessante que
compreendamos os sinais de pontuação como uma espécie de partitura
musical, pois eles precisam ser decodificados para que saibamos entoar
o texto de modo coerente com o conjunto de sinalizações nele
expresso.
Reticências, travessão, parênteses e
aspas
Confira a explicação sobre o emprego de reticências, travessão,
parênteses e aspas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

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Leia o fragmento a seguir atentando para sua pontuação:
[...] De qualquer modo, como o seguro morreu de velho, um dos
grandes personagens da aventura no deserto é Saud Abdulaziz
Abdul Ghani, conhecido como “Doutor Frio”, um Professor Pardal da
Universidade do Catar que desenvolveu um sistema de resfriamento
de arenas supostamente menos daninho ao ambiente (e que
especialistas internacionais, é claro, criticam). “Os torcedores e os
jogadores terão a melhores experiências de suas vidas”, diz Ghani.
(ALTMAN, Fábio. Uma Copa incômoda. Revista Veja. ano 55. n. 46.
nov. 2022. p. 60)
Sobre a pontuação no texto acima, podemos afirmar que
Parabéns! A alternativa C está correta.
Sem dúvida, a opção pelos parênteses fortalece a ideia de que se
trata de um comentário à parte. Seria possível a substituição do
primeiro parêntese por vírgula ou travessão. Por estarem em final
de período, os parênteses, no entanto, não equivalem às vírgulas
(no plural) nem poderiam igualmente ser substituídos pelo duplo
travessão. Os parênteses conferiram a esse texto certa
informalidade, dada inclusive pela expressão “é claro”. É errada a
afirmação sobre os parênteses se restringirem ao esclarecimento
de siglas, sendo que esse é apenas um dos muitos usos de que faz
a imprensa.
Questão 2
O travessão apresenta inúmeras possibilidades de emprego e pode
ser substituído por vírgulas em alguns casos. Assinale a única
A
os parênteses, nesse caso, não equivalem às
vírgulas.
B
os parênteses podem ser substituídos por duplo
travessão.
C
a opção pelos parênteses fortalece a ideia de que se
trata de um comentário à parte.
D a opção pelos parênteses torna o texto mais formal.
E
o uso dos parênteses deve se restringir ao
esclarecimento das siglas em veículos de imprensa.
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alternativa em que a substituição do travessão é possível por meio
das aspas, mas não é possível por intermédio da vírgula.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Não é possível fazer a substituição do travessão por vírgula na
alternativa D, porque o travessão está introduzindo um discurso
direto. A reprodução da fala de alguém não é introduzida por
vírgula. A substituição possível seria por aspas.
Considerações �nais
Após estudarmos a pontuação e o emprego de diversos sinais de
pontuação, pudemos aprender neste conteúdo que as relações entre os
termos das orações também podem ser marcadas por esses sinais.
Vimos, portanto, que a pontuação está relacionada a um importante
sistema de sinais que nos ajuda a escrever bem e a organizar o texto
com clareza.
A
Na Amazônia, o desmatamento avança ao ritmo de
15.000 quilômetros quadrados por ano ‒ dez vezes
mais o tamanho da cidade de São Paulo.
B
A vida Jimi Hendrix, morto aos 27 anos, em 1970, já
foi contada inúmeras vezes ‒ sempre sob o prisma
que o eleva ao posto de gênio da guitarra.
C
Contrariando as expectativas, a Ucrânia tem
resistido aos ataques russos ‒ e também às
pressões de certos países oportunistas, que tentam
se aproveitar de sua fragilidade.
D
O sucesso do filme não foi suficiente para reduzir a
insegurança dos seus diretores: ‒ Recebemos duras
críticas logo na estreia, disse P. J. Ellen à revista.
E
A dependência química despertou no grupo o desejo
de ajudar outras pessoas ‒ e o livro faz parte da
missão.
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A partir do seu desenvolvimento no uso literário das línguas ocidentais
modernas, os sinais de pontuação foram empregados para dar
expressividade ao texto, produzir sentido e articular as suas partes. O
estudo desses sinais e o domínio de seu uso adequado contribuem
bastante para conferir qualidade ao que escrevemos. Por isso, nunca
deixe de prestar a devida atenção a cada mínimo sinal.
Bons estudos e boa escrita!
Podcast
Milca Tscherne e Luís Dallier conversam sobre o sentido e a função da
pontuação na escrita, destacando o emprego de alguns sinais de
pontuação.

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Confira as indicações que separamos para você!
Ouça a música Respeite os meus cabelos, brancos, de Chico César,
disponível no YouTube.
Consulte em várias gramáticas da língua portuguesa a parte
dedicada à sintaxe. É nela que você encontrará conteúdos sobre
pontuação.
Aprofunde seus estudos sobre a pontuação lendo o livro As
(man)obras da pontuação, de Véronique Dahle, disponível na
Google Acadêmico e no Google Livro.
Nunca deixe de consultar abreviaturas, siglas e sinais
convencionais usados em bons dicionários. No site da Academia
Brasileira de Letras, você terá acesso a uma extensa lista de
reduções com a grafia oficial. Trata-se de uma excelente fonte de
aprendizado dos grafemas!
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Referências
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melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
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psicologia. Olhar – Revista do Centro de Educação e Ciências Humanas
da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). ano II. n. 3. maio 2000.
BLANES, S. Beleza por um fio. Revista Veja. ano 55. n. 46. nov. 2022. p.
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BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, 1988.
CAPUANO, A. Viagem sombria. Revista Veja. ano 55. n. 46. nov. 2022. p.
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DALL’AGNOL, L.; MAGRI, D. Dever de casa. RevistaVeja. ano 55. n. 46.
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DIDI-HUBERMAN, G. Quando as imagens tomam posição: o olho da
história – I. Belo Horizonte: UFMG, 2017.
FILTEAU, C. As relações música/imagem/ação na adaptação de Orgulho
e preconceito de Jane Austen, dirigida por Simon Langton. Olhar –
Revista do Centro de Educação e Ciências Humanas da UFSCar
(Universidade Federal de São Carlos). ano II. n. 3. maio 2000.
MACHADO, J. A. Gaetaninho. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores
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MOISÉS, M. Guia prático de análise literária. São Paulo: Cultrix, 1969.
ROSA. J. G. Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
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contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
SANTIAGO, S. Days of wine and roses. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem
melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
XAVIER, I. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência.
São Paulo: Paz e Terra, 2005.
Material para download
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