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FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DO ENSINO EM CIÊNCIAS DA NATUREZA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar os objetivos a serem trabalhados em Ciências da Natureza a partir da BNCC. > Relacionar habilidades e unidades temáticas do ensino de Ciências da Na- tureza no contexto da BNCC. > Reconhecer o letramento científico proposto pela BNCC. Introdução Nos últimos anos, sobretudo nos últimos 20 anos, vivemos diferentes transfor- mações científicas e tecnológicas. Em um curto período de tempo como esse, passamos por mudanças que transformaram a maneira de comunicação com o mundo, de receber informações, de produzir conhecimento e de aprender. Você já parou para pensar nas mudanças que a escola passou neste mesmo período de tempo? Quando refletimos sobre isso, percebemos que a escola pouco acompanha os avanços no âmbito das inovações que a sociedade contemporânea vivencia. Com isso, buscam-se novas abordagens e formas de tornar o ensino atrativo às crianças e aos jovens, que também os prepare ao novo mundo: profissões que ainda não foram criadas, descobertas científicas e novas tecnologias que surgem a todo instante. É preciso, para isso, um ensino que vá ao encontro das necessidades atuais de mundo e de mercado, bem como a busca do desenvolvimento das ques- O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC Mônica da Silva Gallon tões socioemocionais do indivíduo por meio de competências. Assim, espera-se o desenvolvimento de um cidadão preparado para esse novo milênio, capaz de opinar, agir criticamente e, além disso, conhecer e compreender as implicações das ciências e tecnologias no seu cotidiano, sabendo aplicá-las nas soluções dos problemas vivenciados. A isso chamamos letramento científico. Reunindo essas emergências educacionais no contexto brasileiro, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz uma proposta de organização cur- ricular perpassando da educação infantil ao ensino médio, buscando, por meio de um ensino por habilidades, adquirir as competências necessárias a essa nova educação. Neste capítulo, você vai estudar como a área de Ciências da Natureza está inserida na BNCC (BRASIL, 2017), bem como as competências gerais e específicas dessa área e suas articulações com as habilidades e objetos do conhecimento e a abordagem investigativa. Serão abordados os princípios do letramento científico, previstos na BNCC, suas articulações com a inter- disciplinaridade e as implicações na vida cotidiana. BNCC: competências à área de Ciências da Natureza Você já ouviu falar na BNCC? Possivelmente já tenha se deparado com al- guma matéria de jornais, revistas ou comentários a respeito com pessoas relacionadas à educação. De acordo com o Ministério da Educação, a BNCC: […] é um documento com caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade ao que preceitua o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2017, p. 7). Além das aprendizagens ditas como essenciais, a BNCC se compromete em garantir a todos os estudantes uma educação guiada pelos princípios éticos, políticos e estéticos, buscando uma formação integral do educando, com vistas a uma sociedade democrática, justa e inclusiva, assim como firmado nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2013). A BNCC busca garantir que, independentemente da região brasileira ou condições socioeconômicas, as crianças e adolescentes tenham garantidas as mesmas habilidades essenciais para a constituição da sua aprendizagem. Assim, uma criança que está aprendendo sobre seres vivos no ambiente — O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC2 objeto de conhecimento proposto para o 2° ano do ensino fundamental — em uma escola da região nordeste brasileira, também aprenderia esse mesmo assunto em uma escola da região sul. As regionalidades, por exemplo com relação à fauna e à flora locais, podem e devem estar presentes no plane- jamento do professor, aproximando o conteúdo da realidade do estudante e trazendo sentido ao que está sendo aprendido. Não se trata, portanto, de um currículo fechado, mas de um grande farol que o professor deve utilizar para se guiar na elaboração do seu plano de trabalho. As discussões sobre a elaboração de um documento que concebesse a construção de um currículo comum a todos os estados brasileiros se encami- nham desde a Constituição Federal de 1988: “Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988, documento on-line). Nessa trajetória, outros documentos foram indicando caminhos para que a BNCC fosse sendo aos poucos consolidada — como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 e o Plano Nacional de Educação de 2014 —, de forma que atendesse às necessidades comuns a todas as regiões do país. Assim, em 2015, iniciou-se um movimento coletivo, com mais de 12 milhões de contribuições enviadas por meio de consulta pública por profissionais da educação de todo país. Em dezembro de 2017, a BNCC teve a sua homologação, com o compromisso de em 2020 ser implantada nas escolas em todo o território nacional. Como dito, a BNCC não é um currículo, mas um documento que deve embasar os documentos estaduais, municipais, bem como o Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas e os planos de aula dos professores, da educação infantil ao ensino médio (a inclusão do ensino médio na BNCC foi homologada em 2018). Cabe ressaltar que a BNCC (BRASIL, 2017) não menciona objetivos às aprendiza- gens, mas menciona como primordial a aquisição das aprendizagens essenciais por meio das competências gerais e específicas às áreas do conhecimento. Habilidades e competências: definições Ciências da Natureza é uma das áreas do conhecimento abordadas na BNCC (BRASIL, 2017). Ela abarca o componente curricular Ciências, dividindo-se em anos iniciais e anos finais, no ensino fundamental, presente também no ensino médio, apresentada como Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Para avançarmos na compreensão do modo como a BNCC está estruturada para esse componente curricular, é necessário definir o que são habilidades e competências. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 3 Para Perrenoud (1999, p. 7), competência é “[…] uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimen- tos, mas sem limitar-se a eles”. Zabala e Arnau (2010, p. 11) explicam que a competência no âmbito escolar: […] deve identificar o que qualquer pessoa necessita para responder problemas aos quais será exposta ao longo da vida. Portanto, a competência consistirá na intervenção eficaz nos diferentes âmbitos da vida, mediante ações nas quais se mobilizam, ao mesmo tempo e de maneira inter-relacionada, componentes atitu- dinais, procedimentais e conceituais. Uma competência, de acordo com a BNCC (BRASIL, 2017, p. 8), é definida como “[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cida- dania e do mundo do trabalho”. As habilidades podem ser compreendidas como “[…] componentes das competências que consistem em um conjunto de ações que servem para a obtenção de um objetivo: procedimentos, técnicas, estratégias, métodos” (ZABALA; ARNAU, 2010, p. 192). Competências gerais As competências são dimensões maiores que abarcam as aprendizagens essenciais, as diferentes áreas do conhecimento e dimensões do educando (competências gerais) indo em direção a particularidades referentes a cada componente curricular (habilidades). Veja a Figura 1. O ensino de ciências da natureza no contextoda BNCC4 Figura 1. Síntese dos conceitos que organizam a BNCC. Fonte: Ratier (2018, documento on-line). Como pode ser visto, a BNCC organiza as competências em competên- cias gerais e competências específicas para cada área do conhecimento. As competências gerais devem ser desenvolvidas ao longo de toda a Educação Básica e asseguram ao estudante o direito às aprendizagens essenciais. As competências específicas dizem respeito às particularidades de cada área do conhecimento contidas na BNCC (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza). Observe a Figura 2. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 5 Figura 2. Competências gerais da BNCC. Fonte: Rio Grande do Sul (2020, documento on-line). Ao longo da educação básica, as competências gerais devem orientar o trabalho realizado em todas as áreas do conhecimento. Veja no Quadro 1 a lista com as dez competências gerais. Quadro 1. Competências gerais da BNCC 1 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC6 4 Utilizar diferentes linguagens — verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital —, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Fonte: Adaptado de Brasil (2017). Assim, atendendo às necessidades da sociedade contemporânea, “[…] que impõe um olhar inovador e inclusivo a questões centrais do processo edu- cativo: o que aprender, para que aprender, como ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado” (BRASIL, 2017, p. 14), a BNCC aponta caminhos não apenas às aprendizagens a serem garantidas aos estudantes brasileiros, mas também novos caminhos a serem O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 7 rumados na formação de um educador capaz de atender às necessidades para a formação educativa previstas no documento. Compreende-se que o grande compromisso da BNCC é com a educação integral, visando a uma formação global do ser humano, desenvolvendo não somente a dimensão intelectual, mas também às afetivas, respeitando as características individuais, as diferentes culturas e a diversidade. A escola, como a grande protagonista nesse movimento construtivo, deve estar com- prometida a acolher as diferenças e exercer um trabalho pautado na não discriminação e preconceitos, tornando-se um ambiente seguro e acolhedor a todos que nela estudam e trabalham. Com base nessas premissas, partimos às competências específicas da área de ciências da natureza. Competências específicas da área de ciências da natureza A formação integral do estudante perpassa pelas aprendizagens relativas a cada área do conhecimento. Esse conhecimento escolar pode ser definido como “[…] o conjunto de conhecimentos que a escola seleciona e transforma, no sentido de torná-los passíveis de serem ensinados, ao mesmo tempo que servem de elementos para a formação ética, estética e política do aluno” (BRASIL, 2013, p. 112). Quando ingressam na escola, os alunos possuem crenças compartilhadas em determinados grupos sociais. Essas crenças, muitas vezes, estão baseadas em erros conceituais. Por exemplo, “Conceitos de calor e temperatura são utilizados na vida cotidiana quase como sinônimos, enquanto seu signifi- cado na ciência é muito diferente” (POZO; GÓMEZ CRESPO, 2009, p. 93). Além disso, o grande volume de informações relacionados às novas tecnologias, descobertas científicas, devido ao fácil acesso que hoje temos às notícias, nem sempre são compreendidas pelo público leigo, pois a linguagem e as informações necessárias ao completo entendimento exigem conhecimentos prévios e, dependendo das circunstâncias, a mediação do professor. O co- nhecimento científico tem certas especificidades “[…] que o transformam em ferramenta poderosa no mundo moderno” (BIZZO, 2009, p. 25). Baseia-se em evidências científicas e conta com uma nomenclatura específica que pouco depende de regionalidades, constituindo características próprias do estudo das ciências da natureza De acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica (BRASIL, 2013, p. 26): O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC8 O conhecimento científico e as novas tecnologias constituem-se, cada vez mais, condição para que a pessoa saiba se posicionar frente a processos e inovações que a afetam. Não se pode, pois, ignorar que se vive: o avanço do uso da energia nuclear; da nanotecnologia;9 a conquista da produção de alimentos geneticamente modificados; a clonagem biológica. Nesse contexto, tanto o docente quanto o estudante e o gestor requerem uma escola em que a cultura, a arte, a ciência e a tecnologia estejam presentes no cotidiano escolar, desde o início da Educação Básica. O conjunto de aprendizagens proporcionadas por meio da educação formal oferecida pela escola. A BNCC refere que a área de ciências da natureza assegura aos alunos do ensino fundamental “[…] o acesso a diversidade de conhecimentos cien- tíficos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e procedimentos investigativos” (BRASIL, 2017, p. 321). Como conjunto de conhecimentos científicos considerados pelo documento como aprendizagens essenciais, apresenta as competências específicaspara a área de ciências da natureza (Quadro 2). Quadro 2. Competências específicas para a área de ciências da natureza 1 Compreender as ciências da natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. 2 Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 3 Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das ciências da natureza. 4 Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 5 Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 9 6 Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das ciências da natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. 7 Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das ciências da natureza e às suas tecnologias. 8 Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das ciências da natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Fonte: Adaptado de Brasil (2017). Dessa forma, compreendemos que os conhecimentos, assim como as diferentes abordagens e metodologias de ensino, não são determinados pela BNCC. As aprendizagens essenciais embasam o que será trabalhado pela escola e pelo professor, porém não o engessam em seguir um único caminho. O professor, com base na realidade da escola em que está atuando, investigando os temas científicos emergentes da comunidade, da região e do mundo, fundamenta seu trabalho nas competências gerais e específicas da BNCC e amplia de acordo com seu plano de trabalho. Essas escolhas são essenciais à prática do professor que atua na área de Ciências da Natureza. Ciências da natureza: relação entre unidades temáticas e habilidades Para desenvolver a aprendizagem das competências específicas às ciências da natureza, tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais do ensino fundamental, a BNCC propõe um trabalho organizado por unidades temáticas: matéria e energia; vida e evolução; Terra e Universo. Integrando essas unidades, estão os objetos de conhecimento selecionados para serem abordados ao longo de cada ano. Por meio do trabalho docente, o professor deve estimular os estudantes a investigar, relacionar, analisar e comunicar suas aprendizagens por meio de diferentes abordagens e práticas avaliativas. A unidade temática matéria e energia propõe o estudo dos “[...] materiais e suas transformações, fontes e tipos de energia utilizados na vida em geral, O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC10 na perspectiva de construir conhecimento sobre a natureza da matéria e os diferentes usos da energia” (BRASIL, 2017, p. 325). São estudados a obtenção dos recursos naturais e energéticos, seu processamento e utilização no cotidiano, em uma perspectiva histórica da apropriação humana (BRASIL, 2017), buscando-se o viés da sustentabilidade. Na unidade temática vida e evolução, o estudo proposto está relacionado aos “[…] seres vivos (incluindo os seres humanos, suas características e ne- cessidades, e a vida como fenômeno natural e social, os elementos essenciais à sua manutenção e a compreensão dos processos evolutivos que geral a diversidade de formas de vida no planeta” (BRASIL, 2017, p. 326). É abordada a variedade de ecossistemas, além dos organismos que deles fazem parte, dando destaque às interações com os seres humanos. Ressalta-se a importância da preservação da biodiversidade. Também nesta unidade, destaca-se o estudo do corpo humano, desenvolvendo, por exemplo, temas relacionados ao seu funcionamento, modificações físicas e emocionais vividas na adolescência e cuidados com a saúde. Em Terra e Universo, a unidade temática busca a compreensão de “[…] ca- racterísticas da Terra, do Sol, da Lua e de outros corpos celestes — suas dimensões, composição, localizações movimentos, e forças que atuam entre eles” (BRASIL, 2017, p. 328). Exploram-se a contribuição dos diferentes povos para a compreensão do céu, a observação e as descobertas científicas rela- cionadas a corpos celestes, tecnologias de observação e outros fenômenos do Universo. Busca-se também uma compreensão sobre o efeito estufa e sua influência sobre a vida na terra, além dos fenômenos naturais como terremotos, vulcões e tsunamis. O estudo do solo, suas propriedades e im- portância à manutenção da vida no planeta são abordados, buscando uma visão sustentável do uso dos recursos. A abordagem em todas as unidades temáticas segue uma lógica de progressão, partindo-se de tópicos mais concretos para tornar possível a compreensão nos anos iniciais, adquirindo uma complexidade na medida em que o aluno vai avançando em sua escolaridade. Podemos observar uma ideia de progressão proposta no Quadro 3, integrante da unidade temática vida e evolução, continuidade da abordagem dos seres vivos, partindo-se do corpo humano, um tema de baixa complexidade a um estudante ingressante no ensino fundamental e suas implicações ao longo dos anos escolares seguintes. Observe também que cada habilidade está acompanhada de um código alfanumérico, que a seguir será explicado. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 11 Quadro 3. Exemplo de correspondência entre os objetos de conhecimento e as habilidades Ano Objeto do conhecimento Habilidade 1° Corpo Humano (EF01CI02) Localizar, nomear e representar graficamente (por meio de desenhos) partes do corpo humano e explicar suas funções. 2° Seres Vivos no Ambiente (EF02CI04) Descrever características de plantas e animais (tamanho, forma, cor, fase da vida, local onde se desenvolvem etc.) que fazem parte de seu cotidiano e relacioná-las ao ambiente em que eles vivem. 3° Características e desenvolvimento dos animais (EF03CI04) Identificar características sobre o modo de vida (o que comem, como se reproduzem, como se deslocam etc.) dos animais mais comuns no ambiente próximo. 4° Cadeias alimentares simples (EF04CI04) Analisar e construir cadeias alimentares simples, reconhecendo a posição ocupada pelos seres vivos nessas cadeias e o papel do Sol como fonte primária de energia na produção de alimentos. 5° Nutrição do organismo (EF05CI06) Selecionar argumentos que justifiquem por que os sistemas digestório e respiratório são considerados corresponsáveis pelo processo de nutrição do organismo, com base na identificação das funções desses sistemas. Fonte: Adaptado de Brasil (2017). Além disso, a abordagem não deve limitar-se ao desenvolvimento de estudos compartimentados emséries/anos, mas trazer ao estudante uma visão ampliada, em que tudo está conectado, tanto os assuntos abordados ao longo do ano letivo quanto os demais aprendidos nos anos anteriores e aqueles a serem vistos nos anos seguintes. A BNCC (BRASIL, 2017) sugere a interdisciplinaridade, integrando as diferentes áreas do conhecimento como uma forma desejável de abordagem, aproximando os conteúdos escolares às realidades diversas. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC12 Dentro de cada unidade temática, há uma organização por objetos do conhecimento e estes com suas habilidades correspondentes (conforme já exemplificado de forma simplificada no Quadro 3). Lopes e Audino (2018, p. 12) explicam que “[…] os objetos de conhecimento definem conteúdos conceitos ou processos vinculados a um número variável de habilidades. Estas, por sua vez, expressam as aprendizagens essenciais que relacionam condições específicas do contexto curricular às competências gerais e específicas”. Dessa forma, o objeto do conhecimento abarca os conteúdos e conceitos que serão desenvolvidos por meio das habilidades. Com relação ao código alfanumérico que acompanha cada uma das ha- bilidades listadas na BNCC (BRASIL, 2017), a fim de garantir uma completa organização ao leitor, esta contém informações relevantes que o conduzem precisamente ao nível de ensino, área do conhecimento, ano escolar e sua correspondência dentro dos eixos temáticos. Observe o exemplo da Figura 3. Figura 3. Exemplo de código de identificação das habilidades contidas na BNCC. Fonte: SAE Digital (2020, documento on-line). Portanto, retomando o exemplo apresentado no Quadro 3, “(EF05CI06) Selecionar argumentos que justifiquem por que os sistemas digestório e respiratório são considerados corresponsáveis pelo processo de nutrição do organismo, com base na identificação das funções desses sistemas” (BRASIL, 2017, p. 341), é possível compreender que se trata de uma habilidade O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 13 referente ao ensino fundamental, correspondente ao 5° ano, do componente curricular de Ciências e, seguindo a numeração sequencial, é a de número 6 desse ano escolar. Ressaltamos que não há uma relação direta entre quantidade de ha- bilidades referentes a um determinado objeto do conhecimento; ou seja, alguns objetos do conhecimento podem estar contidos em mais de uma habilidade. Entende-se, portanto, que os objetos do conhecimento são como referências ao professor aos conteúdos que ele irá desenvolver, visando à completa aquisição de determinada habilidade pelo estudante. Sempre com vistas à habilidade, os conteúdos contidos em um determinado objeto do conhecimento podem incluir situações cotidianas, notícias locais, uma nova descoberta científica. O verbo adotado ao início de cada habilidade indica os diferentes proces- sos cognitivos recomendados pela BNCC para a mobilização dos conteúdos a serem desenvolvidos ao longo do ano letivo (LOPES; AUDINO, 2018). Eles seguem uma razão progressiva, respeitando as habilidades teoricamente já adquiridas pelos estudantes, numa busca por ampliá-las ao longo dos anos de escolarização. São empregados verbos como compreender, aplicar, analisar, avaliar, criar, entre outros. Para trabalhar cada uma das habilidades, o professor deve recorrer a estratégias que favoreçam à aprendizagem. Pesquisa em sala de aula no ensino de Ciências Na BNCC, ao longo de todo o documento, percebe-se a indicação da pesquisa como princípio educativo para guiar o trabalho do professor. Essa forma de conduzir o trabalho em sala de aula busca uma participação ativa do estudante, tornando-o protagonista da sua aprendizagem. A pesquisa em sala de aula (MORAES; GALIAZZI; RAMOS, 2012) é uma dessas abordagens e sugere que o desenvolvimento de um determinado tema inicie por meio de um questionamento, sejam eles provocados pelo professor, ou que emerjam das curiosidades manifestadas pelos estudantes. Neste ponto, são mobilizados os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinado tema, fazendo com que correlacionem aprendizagens anteriores, crenças e conhecimentos do senso comum. Com esse conjunto de informações vindas dos estudantes, o professor necessita organizar um trabalho buscando a construção da argumentação, momento em que os estudantes devem colocar-se a investigar, buscar infor- mações em fontes seguras, levantar hipóteses sobre o que estão pesquisando, realizar experimentações. Nesse caminho, estão constituindo a aprendizagem O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC14 sempre com vistas às habilidades traçadas. Nem sempre o professor terá respostas a todos os questionamentos que emergem de um trabalho inves- tigativo e, justamente por isso, nesse tipo de abordagem, também estará constantemente aprendendo, revendo seu planejamento, observando sempre os objetivos do seu trabalho. Por fim, um trabalho investigativo deve contemplar a comunicação dos resultados obtidos; afinal, os estudantes necessitam validar o que apren- deram, compartilhar com os colegas e, a partir dessa partilha, enriquecer ainda mais suas descobertas. Lembre-se de que o professor tem papel ativo ao longo do trabalho. Fazer do estudante um jovem pesquisador não o torna plenamente capaz de tomar decisões sem auxílio e supervisão de alguém mais experiente. Portanto, o professor precisa estar ciente do que está sendo desenvolvido pelos estudantes, guiando-os a fontes seguras e visando sempre às habilidades previstas em seu plano de trabalho. A abordagem investigativa favorece o desenvolvimento das competências gerais, a exemplo da competência 2 (ver Quadro 1), que sugere um trabalho voltado à investigação de causas, elaboração de hipóteses, resolução de problemas e ao desenvolvimento da criatividade para a criação de soluções. Além disso, em trabalhos que incluam práticas investigativas, cooperação e empatia (competência geral 9), argumentação (competência geral 7), recursos e cultura digital (competência geral 5), comunicação dos achados das pesqui- sas (competência geral 4), conhecimento (competência geral 1) estão todos interligados. Relacionadas a isso, também estão as competências relativas à área de ciências da natureza. Ressalta-se também que uma abordagem investigativa favorece uma conexão com as demais áreas do conhecimento, sendo possível estabelecer trabalhos que envolvam uma dinâmica colabo- rativa com outros professores, tornando o ensino mais próximo à realidade dos estudantes, despertando neles a motivação para aprender. Letramento científico Tão importante quanto adquirir determinado conhecimento científico é que o estudante saiba empregá-lo em seu cotidiano. A isso atribuímos o letramento científico, que a BNCC apresenta como “[…] a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também trans- formá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências”, porque “[…] apreender ciência não é a finalidade última do letramento, mas, sim, o desenvolvimento da capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao exercício pleno da ciência” (BRASIL, 2017, p. 321). O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 15 Alfabetização científica e letramento científico são conceitos polis- sêmicos, e alguns autores podem ser utilizá-los como sinônimos. A BNCC (BRASIL, 2017) adota o termo letramento científico. O conceito de letramento foi abordado pela primeira vez em documentos oficiais da educação brasileira nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), trazendo a seguinte definição: Letramento, aqui, é entendido como produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia. São práticas discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas, ainda que às vezes não en- volvam as atividades específicas de ler ou escrever. Dessa concepção decorre o entendimento de que, nas sociedades urbanas modernas, nãoexiste grau zero de letramento, pois nelas é impossível não participar, de alguma forma, de algumas dessas práticas (BRASIL, 1997, p. 21). Portanto, letramento não abarca somente as compreensões relativas à leitura e à escrita, mas também às práticas sociais. Também não está restrito a uma determinada faixa etária ou a um componente curricular, mas perpassa toda a vida do indivíduo, visto que estamos constantemente apreendendo novos conhecimentos e empregando-os em diferentes contextos sociais. Aprendemos sobre novas tecnologias, empregando-as no nosso cotidiano, por exemplo, para acessar nossa conta bancária, redes sociais, etc. Aprendemos a linguagem matemática e, de acordo com nossas necessidades, podemos calcular a prestação de um carro novo, os juros de um eletrodoméstico ad- quirido a prazo, etc. São diferentes linguagens que, assim como o letramento científico, são igualmente importantes para solucionar nossos problemas cotidianos. Como compreenderíamos que, se não lavarmos as mãos, podemos con- trair doenças? Que é perigoso consumir alimentos acondicionados de forma inadequada? Que não devemos tomar remédios sem a prescrição de um mé- dico? Que a introdução de uma espécie exótica em um ambiente nativo pode provocar um desequilíbrio ambiental futuro? Como saber que determinada informação visualizada em uma rede social sobre vacinação é verdadeira? Para responder questões como essas, presentes em nosso dia a dia, não basta assistir à aula de Ciências na escola, mas também os transpor às situações vividas a partir dos conhecimentos adquiridos. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC16 Ao longo de toda a Educação Básica, a área de ciências da natureza tem o compromisso de instigar o estudante não apenas em adquirir determinado conhecimento científico, como a importância, o contexto histórico e as apli- cações, mas também ver de que forma pode ser empregado na resolução de problemas em sua vida cotidiana. Sobre o letramento científico, Santos (2007, p. 479) afirma que: Letramento científico, nessa perspectiva, consiste na formação técnica do domínio das linguagens e ferramentas mentais usadas em ciência para o desenvolvimento científico. Para isso, os estudantes deveriam ter amplo conhecimento das teorias científicas e ser capazes de propor modelos em ciência. Isso exige não só o domínio vocabular, mas a compreensão de seu significado conceitual e o desenvolvimento de processos cognitivos de alto nível de elaboração mental de modelos explicativos para processos e fenômenos. Fica evidente a importância da aprendizagem de conceitos científicos. Nesse sentido, o papel do professor é primordial. A linguagem científica pode não ser tão acessível ao público não cientista, ainda que as informações estejam disponíveis hoje na internet com facilidade. Portanto, o professor em sala de aula tem o papel de tornar esse conhecimento acessível aos estudantes, considerando os conhecimentos prévios que estes manifestam, de modo adequado ao nível de compreensão. No entanto, não se trata de simplificar nomenclaturas científicas a ponto de, por exemplo, chamar animais de “bichinhos” ou atribuir apelidos a partes do corpo, pois é importante a aquisição de um repertório científico gradual, estando isso dentro da prática pedagógica do professor. Um indivíduo cientificamente letrado é capaz de ler e interpretar textos científicos, tomar decisões conscientes sobre pautas científicas, solucionar problemas, criar novas soluções, compreender os avanços científicos de acordo com o contexto histórico. Também é capaz de pensar na importância das suas intervenções como um cidadão global e o poder das ações sobre recursos naturais e a vida de outros seres vivos. Dessa forma, cria-se um pensamento integrado, a ponto de o estudante perceber que a ciência não é algo a parte, mas é parte de um todo, integrada às demais áreas do co- nhecimento. Demonstra-se na prática a interdisciplinaridade, a integração dos saberes, que ultrapassa as barreiras da escola e passa a fazer parte da vida do estudante. O ensino de ciências da natureza no contexto da BNCC 17 Referências BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Biruta, 2009. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 6 jan. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular: educar é a base. Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 28 nov. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. 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