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1CIRURGIA | TRAUMA I | Populações Especiais POPULAÇÕES ESPECIAIS O atendimento do trauma vai ser sempre igual, vamos observar aqui os detalhes que complementam o ABCDE do trauma. TRAUMA GERIÁTRICO ○ A população idosa está aumentando progressivamente, com os idosos cada vez mais funcionais e independentes. ○ Mecanismos de baixa energia podem causar lesões graves. ○ Mecanismos de trauma mais comuns nos idosos § Quedas § Acidentes automobilísticos § Violência § Demais ○ Especificidades do trauma geriátrico: § Alterações fisiológicas do envelhecimento § Comorbidades e condições prévias § Medicamentos de uso contínuo podem afetar achados e condutas necessárias O tratamento vai continuar seguindo normalmente o ABCDE do trauma: ○ Via aérea e coluna cervical § Rigidez cervical, rigidez mandibular e uso de dentaduras dificulta manejo de via aérea § Dose para intubações menores rebaixamento é mais comum § Como consequência, vai haver uma dificuldade maior para manejar via aérea e o rebaixamento do nível de consciência vai ser mais comum. ○ Respiração e ventilação § Reserva respiratória diminuída, com clareamento pulmonar reduzido maior risco de broncoaspiração § Comum DPOC e tabagismo associado dificulta troca gasosa § Fratura de costela simples pode causar contusão pulmonar grave e pneumonia ○ Circulação § Comum o uso de antiagregantes, anticoagulantes e betabloqueadores Conteúdo licenciado para Gustavo Dorneles Lobo Moura - 045.500.651-25 CIRURGIA | TRAUMA I | Populações Especiais2 § Comum comorbidades como hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca, arritmia § Não respondem ao choque com taquicardia e hipotensão § Maior risco de sangramentos ○ Déficit neurológico e exposição § Alto risco de delirium § Mais comum possuírem comorbidades neurológicas, dificultando a avaliação do nível de consciência § Maior suscetibilidade à hipotermia, devido a muitos terem algum grau de desnutrição e menos gordura subcutânea. § De forma geral, são mais susceptíveis a alterações do ambiente ○ De maneira geral: § É um atendimento mais desafiador, em que traumas de baixa energia podem levar a grandes lesões. Com altas chances de o paciente não retornar à vida anterior após uma internação. § O melhor investimento é na prevenção primária. CRIANÇAS ○ Trauma pediátrico é a principal causa de mortalidade e morbidade na infância ○ Hipóxia e hipoventilação são 5x mais comuns na faixa etária pediátrica ○ Estrutura corporal mais frágil, mas apesar de ruim para o crescimento, maioria se recupera bem ○ Sempre que possível utilizar a régua de Breslow ○ Sempre levantar hipótese de maus tratos se lesões incompatíveis com mecanismo do trauma Assim como no idoso, o atendimento inicial sempre vai se basear no ABCDE do trauma, precisamos ficar atentos apenas a alguns aspectos: ○ Via aérea e coluna cervical § O crânio é maior que o corpo e a via aérea é mais anteriorizada, com a traqueia mais curta, ou seja, há um desalinhamento natural da via aérea. § Cartilagens não formadas, estruturas mais frágeis Cricotireoidostomia cirúrgica apenas em > 12 anos § Não rotacionar 180 graus cânula de Guedel, pode machucar o palato da criança. Conteúdo licenciado para Gustavo Dorneles Lobo Moura - 045.500.651-25 3CIRURGIA | TRAUMA I | Populações Especiais § IOT com cuff de baixa pressão < 30mmHG, nunca utilizar de intubação nasotraqueal. ○ Respiração e ventilação § Caixa torácica mais complacente fraturas de costela indicam traumas de altíssima energia ou maus tratos. § Frequência respiratória aumentada menor tolerância a hipóxia ○ Circulação § Regra prática para PAS = 90 + 2x idade § PA demora para cair, é habitualmente antecedida por taquicardia e palidez § Acesso intraósseo melhor segunda opção para não especialistas ○ Déficit neurológico e exposição § Mais suscetíveis à hipotermia devido ao metabolismo mais rápido § Necessário alta energia para fraturas (ossos mais flexíveis, coluna móvel e flexível) § Abaulamento de fontanelas ajudam a identificar lesões expansivas ○ Tomografias § É mais danoso um diagnóstico tardio ou perdido na avaliação do que a radiação. ○ Trauma cranioencefálico tratar hipóxia e hipovolemia agressivamente GESTANTES ○ Trauma na gestante é a principal causa de morte não obstétrica na gestação ○ Tratar a mãe = tratar o feto ○ Não deixar de realizar testes e procedimentos pelo fato de ser gestante ○ Mulheres em idade fértil sempre considerar gestantes ○ Principais mecanismos de trauma nas gestantes: § 1º Acidente automobilístico § 2º Quedas § 3º Violência doméstica Vamos seguir novamente o fluxo ABCDE, chamando a atenção para algumas peculiaridades: ○ Respiração e ventilação Conteúdo licenciado para Gustavo Dorneles Lobo Moura - 045.500.651-25 CIRURGIA | TRAUMA I | Populações Especiais4 § Hipocapnia é comum (PaCo2 > 35 na gestação pode indicar falência respiratória), devido a uma maior ventilação-minuto § A compressão do diafragma pode ocasionar um desvio cefálico das estruturas § Capacidade residual funcional diminuída ○ Circulação § Pode ocorrer compressão da veia cava pelo útero, diminuindo o retorno venoso. § Vasoconstrição placentária para compensar sangramento diminui repercussão clínica materna, porém leva a sofrimento fetal – o sofrimento fetal é o sinal mais sensível para choque hipovolêmico materno. ○ Trauma abdominal § Posição do útero e dos intestinos varia conforme idade gestacional § Exame físico inespecífico muitas vezes, com dificuldade de se avaliar peritonite § Risco de embolia amniótica e coagulação intravascular disseminada ○ Manejo específico § Colocar a paciente em decúbito lateral esquerdo ou mobilizar útero manualmente – com o intuito de retirar o útero da compressão da veia cava. § Evitar vasopressores § Cardiotocografia e consulta com especialista sempre § Exames conforme suspeição, independente do risco fetal ○ Gestante Rh- risco de aloimunização feto-materna, se feto Rh positivo, devido a possibilidade de hemorragia feto-materna e consequente sensibilização § Na dúvida se ocorreu sensibilização, realizar imunoglobulina anti-Rh se > 11 semana de gestação ○ Terminação da gestação § Cesariana de urgência, sempre com equipe da obstetrícia § Indicações materna = sangramento com instabilidade materna § Sangramento com instabilidade materna § Indicações fetais = sofrimento fetal, em feto com mais de 22/23 semanas § Cesárea post-mortem § Muito discutível na literatura, apenas na iminência de PCR materna até 4 minutos de PCR. Conteúdo licenciado para Gustavo Dorneles Lobo Moura - 045.500.651-25