Prévia do material em texto
E-BOOK GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL O Conceito de Qualidade APRESENTAÇÃO O conceito de qualidade evoluiu ao longo dos anos. Inicialmente acreditava-se que qualidade estava vinculada a padrões internos de atendimento a especificações do produto. Atualmente o conceito de qualidade remete ao atendimento das expectativas dos clientes e está atrelado a fatores como custos e atendimento dos prazos de entrega. Nesta UA vamos analisar como aconteceu a evolução do conceito de qualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Comparar o conceito de qualidade do início do século XX com o conceito do século XXI.• Identificar a evolução do conceito de qualidade ao longo dos anos.• Diferenciar o entendimento sobre qualidade utilizado antigamente e o conceito de qualidade utilizado atualmente. • DESAFIO A Apple foi fundada em 1974 por Steve Wozniak e Steve Jobs. O foco da empresa nesta época era a fabricação e comercialização de computadores pessoais. A política da qualidade da Apple é atender de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às necessidades dos clientes. Esta empresa de sucesso está sempre preocupada em superar as expectativas dos seus clientes espalhados pelo mundo inteiro. Atualmente, dentre os principais produtos da empresa, podemos citar o iPod, iPad, iPhone e a linha de computadores Mac. A cada anúncio de novo produto da Apple o mundo pára, afinal todos querem saber qual será a novidade apresentada pela empresa da maçã mordida. O principal objetivo da Apple é superar as expectativas dos clientes, mas algumas pessoas podem discordar disso dizendo que o maior objetivo da Apple é o lucro. A Apple entende que o lucro é resultado de consumidores altamente satisfeitos, clientes encantados com o produto e uma gestão administrativa e financeira adequada. A Apple tem o desafio de mostrar novas tendências, ser a primeira, ser a melhor, ser a mais lembrada e acertar em cheio os anseios e desejos dos clientes. A Apple lança um produto antes mesmo dos seus clientes o desejarem ou sentirem a necessidade de ter um produto que cumpra determinadas funções. Sabendo disso, o desafio desta Unidade de Aprendizagem consiste em responder às questões 1 e 2. Pedimos que você justifique as suas respostas. 1) A Apple está em sintonia com os modernos conceitos de qualidade apresentados nesta Unidade de Aprendizagem? 2) A Apple consegue superar as expectativas dos clientes e formar consumidores fiéis? INFOGRÁFICO Veja o infográfico sobre o conceito de qualidade: CONTEÚDO DO LIVRO Sugerimos a leitura do item O que significa gestão voltada para a qualidade, do Capítulo 2, do livro Fundamentos da Qualidade para Líderes. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D313f DeFeo, Joseph A. Fundamentos da qualidade para líderes / Joseph A. DeFeo, Joseph M. Juran ; tradução: Ronald Saraiva de Menezes ; revisão técnica: Altair Flamarion Klippel. – Porto Alegre : Bookman, 2015. xxiv, 260 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-85-8260-345-1 1. Gestão da qualidade. 2. Liderança. I. Juran, Joseph M. II. Título. CDU 005.6 CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade Este capítulo aborda os conceitos fundamentais que defi nem a gestão voltada para a qualidade. Ele estabelece distinções fundamentais entre programas contemporâ- neos diferentes, embora similares, para melhorar seu desempenho, e ainda iden- tifi ca os processos-chave ou universais pelos quais a qualidade é administrada e integrada ao tecido estratégico das organizações. A seguir também será demons- trado que, embora a gestão voltada para a qualidade seja um conceito atemporal, ela passou por frequentes revoluções em reação à procissão infi ndável de mudanças e crises enfrentadas por nossas sociedades. O conceito dos universais Enquanto estudava álgebra e geometria, o Dr. Juran se deparou com duas ideias abrangentes, que acabou colocando em prática mais tarde. Uma era o conceito dos universais, e a outra era a distinção entre teoria e fato. Seu curso de álgebra colocou-o pela primeira vez diante do uso de símbolos para criar modelos generalizados. Ele sabia que 3 crianças + 4 crianças = 7 crianças, e que 3 grãos de feijão + 4 grãos de feijão = 7 grãos de feijão. Agora, ao usar um símbolo como x, ele podia generalizar o problema da soma de 3 + 4 e escrevê-lo como um universal: 3x + 4x = 7x Esse universal afi rma que 3 + 4 é sempre igual a 7, não importando o que o x representa – crianças, grãos de feijão ou qualquer outra coisa. Para ele, o conceito dos universais foi uma luz ofuscante. Logo ele descobriu que os universais abunda- vam, mas que precisavam ser descobertos. Eles assumiam diversos nomes – regras, fórmulas, leis, modelos, algoritmos, padrões. Uma vez descobertos, eles poderiam ser aplicados na resolução de muitos problemas. 14 Fundamentos da qualidade para líderes Em 1954, em seu texto Managerial Breakthrough, o Dr. Juran delineou os pre- cursores de muitos universais que levavam a resultados superiores nos negócios. O primeiro foi o universal do controle: um processo para impedir mudanças adver- sas. O segundo foi a sequência universal para melhoria aos saltos, ou avanços em melhoria (breakthrough improvement), o que hoje é conhecido como Seis Sigma. Em 1986, o Dr. Juran descobriu seu terceiro universal, o planejamento voltado para a qualidade, tanto no âmbito estratégico quanto no âmbito de design de produtos e serviços. Ele também acabou percebendo que esses três processos gerenciais – planejamento, controle e melhoria – estavam inter-relacionados, o que o levou a desenvolver o diagrama da Trilogia Juran, que retrata essa relação. A Trilogia Juran incorpora os processos fundamentais que uma organização pode usar para esta- belecer uma gestão voltada para a qualidade, e como um corolário, esses mesmos processos constituem um importante setor da ciência da gestão voltada para a qua- lidade. Em nossa economia, há uma crescente conscientização de que o domínio desses processos universais é fundamental para alcançar a liderança em qualidade e resultados superiores. O que signifi ca gestão voltada para a qualidade? Durante muitas décadas, a expressão usada para defi nir qualidade era simplesmente adequação ao uso. Era geralmente aceito que, se uma organização produzisse bens adequados ao uso – na opinião do cliente –, então esses bens eram considerados de alta qualidade. Durante a maior parte do século XX, essa defi nição fazia sentido, pois era fácil de entender. Isso signifi ca que, caso os clientes comprassem um bem e ele funcionasse, eles fi cavam satisfeitos com a qualidade. Para os fabricantes desse produto, ele era fácil de produzir, contanto que os fabricantes compreendessem bem as exigências do cliente. Historicamente, a gestão voltada para a qualidade era usada para “garantir a conformidade do produto com as exigências”, e a maior parte das tarefas recaia na cadeia de suprimento, nas operações e nos departamentos de qualidade. Tais funções eram vistas como responsáveis pela produção, inspeção, detecção e garantia de que o produto atendia às exigências. Dois foram os motivos que levaram à modifi cação dessa duradoura defi nição de gestão voltada para a qualidade. O primeiro deles foi a percepção de que a qua- lidade de um bem físico – sua adequação ao uso – era mais ampla do que mera- mente sua conformidade às especifi cações. A qualidade também era determinada pelo design, pela embalagem, pelo cumprimento da encomenda e da entrega, pelo serviço de campo e por todo o serviço relacionado ao bem físico. Os departamentos de operações e de qualidade não podiam, portanto, gerir a qualidade sozinhos, pois não contavam com os recursos para isso. CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 15 O segundo motivo foi um deslocamento na economia, quandoa produção dominada por bens migrou para uma produção fortemente centrada em serviços e informações. Ao longo do século XX, demos preferência à expressão adequado ao objetivo em vez de adequado ao uso para defi nir a qualidade de um produto, que inclui bens, serviços e informações. Quer seja um bem, um serviço ou uma informação, um produto deve ser adequado ao objetivo dos clientes, que não se restringem ao usuário fi nal. Clientes são todos aqueles impactados pelo produto, como o comprador, o usuário, o fornecedor, as agências regulatórias e praticamente qualquer um que seja impactado pelo produto desde sua concepção até o descarte. Com tamanha expansão do conjunto de clientes e de suas necessidades, os métodos e as ferramentas para uma gestão voltada para a qualidade precisam crescer. Se os clientes e suas necessidades não forem atendidos, pode-se gerar um produto que não cumpre com a defi nição de adequação ao objetivo, tornando-se, portanto, não vendável, e levando a um desempenho fi nanceiro defi ciente. A gestão voltada para a qualidade pode ser defi nida como “um conjunto de métodos universais que qualquer organização, seja uma empresa, uma agência, uma universidade ou um hospital, pode usar para alcançar resultados superiores mediante o desenvolvimento de projetos, a melhoria contínua e a garantia de que todos os produtos, serviços e processos atendem às necessidades dos clientes e das demais partes interessadas”. A gestão voltada para a qualidade é um conjunto de métodos gerenciais que organizações bem-sucedidas empregaram para garantir que seus produtos – bens, serviços e informações – atendessem às exigências dos clientes. A evolução desde a conformidade com as exigências até a adequação ao objetivo continuará à medida que mais setores adotarem os métodos e as ferramentas utilizados na gestão voltada para a qualidade. Organizações e países emergentes estão criando novos meios de adoção de métodos de gestão de acordo com suas necessidades específi cas, e, atu- almente, toda uma gama de ramos comerciais, incluindo hospitais, companhias de seguro, laboratórios médicos e organizações de serviços fi nanceiros, está gerindo a qualidade a fi m de garantir um desempenho superior. A adoção acelerada de técnicas de gestão voltada para a qualidade teve início ao fi nal dos anos 1970, quando empresas norte-americanas foram gravemente afetadas por muitas concorrentes japonesas. A qualidade dos bens manufatura- dos japoneses geralmente era vista por seus compradores como superior, o que levou à defi nição de qualidade japonesa ou qualidade Toyota. Esses termos pas- saram a ser sinônimos da qualidade superior necessária para atender às necessi- dades dos clientes. Assim que uma melhor opção foi oferecida aos consumidores e clientes, isso levou algumas organizações norte-americanas à falência e outras a competirem num novo patamar de desempenho. Cedo ou tarde, muitas orga- 16 Fundamentos da qualidade para líderes nizações norte-americanas, e posteriormente europeias, retomaram os mercados perdidos por meio da qualidade superior. Uma das primeiras a conseguir isso foi a Motorola. Ela foi afetada por organi- zações japonesas como a NEC, a Sony e outras. Devido à sua trajetória de sucesso e à melhoria da qualidade, a Motorola se tornou a primeira vencedora do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige nos Estados Unidos. A própria Motorola evoluiu a partir do modelo universal de melhoria da qualidade e criou o modelo Seis Sigma para melhoria da qualidade. Desde então, a qualidade entre as empre- sas norte-americanas melhorou, e a revolução da qualidade acabou virando uma revolução global. De 1986 até hoje, esse modelo de melhoria da qualidade vem se tornando o modelo mais valioso para muitas indústrias ao redor do mundo. Atualmente, organizações como Toyota, Ford, Samsung, GE, Quest Diagnostics, Clínica Mayo e Telefónica, da Espanha, tornaram-se líderes globais em qualidade em suas indústrias. Cada uma dessas organizações também contribuiu para os métodos da ges- tão voltada para a qualidade, e cada nova organização a utilizar a Trilogia Juran a adapta às suas necessidades específi cas. Muitas usam ferramentas Lean, Seis Sigma e Quality by Design para gerir a qualidade em seus processos empresariais e em todas as etapas da cadeia de valor. Atualmente, a maior parte das organizações globais administra a qualidade a partir da alta gerência, e não a partir do departamento de qualidade. A gestão da qualidade é de responsabilidade de toda a hierarquia de liderança e se tornou uma força motriz por trás de muitas estratégias de negócios. É crescente o número de organizações que declara em seus relatórios anuais que “nós seremos a melhor em nosso ramo, teremos a melhor qualidade e ofereceremos o mais alto nível de satis- fação ao cliente”. Caso alcançadas, essas metas permitirão que conquistem o sucesso fi nanceiro, a mudança cultural e clientes satisfeitos. Conforme as necessidades dos clientes e da sociedade foram mudando, os meios para atender às suas necessidades também mudaram. Os métodos de ges- tão voltada para a qualidade usados em 1980 talvez não funcionem atualmente. Mesmo os universais que hoje proporcionam resultados superiores talvez precisem ser modifi cados algum dia. Uma lição aprendida foi que muitas organizações que já foram líderes de qualidade não conseguiram sustentar seu desempenho com o passar do tempo. Por que isso aconteceu? Será que elas não conseguiram sustentar seus resultados devido à uma fraqueza na liderança? Será que foram fontes exter- nas? Será que foi uma má execução das estratégias? Essas perguntas desafi aram muitos profi ssionais que precisavam defender seus programas de qualidade, mas tentaremos respondê-las. CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 17 Já apresentamos duas das muitas defi nições da palavra qualidade no que tange bens e serviços. Ambas são de fundamental importância para a gestão voltada para a qualidade: 1. A qualidade no que se refere ao nível de satisfação dos clientes com as carac- terísticas de um bem ou serviço. Nesse sentido da palavra, qualidade superior geralmente custa mais caro. 2. A qualidade no que se refere à erradicação de falhas (defi ciências). Nesse sen- tido, o signifi cado da palavra está voltado aos custos, e “qualidade superior geralmente custa menos”. Ao adotar essas simples defi nições de qualidade no que se refere a bens e servi- ços, cria-se uma abordagem sistemática para gerir a qualidade: ■ Criando processos para projetar bens e serviços que atendam às necessidades das partes interessadas (externas e internas). Todas as organizações precisam compreender quais são as necessidades dos clientes para então criar ou projetar serviços e bens que as atendam. ■ Criando processos de controle de qualidade. Depois de projetados, os bens e serviços são produzidos, e é nesse momento em que é preciso garantir a confor- midade com os critérios projetados. ■ Criando uma abordagem sistemática voltada para a melhoria contínua ou criando saltos. Os serviços, bens e processos que os produzem sofrem de falhas crônicas que precisam ser descobertas e solucionadas. ■ Criando uma função capaz de assegurar a continuação das três coisas listadas acima. Projetando a qualidade, controlando-a durante as operações e melhorando-a con- tinuamente, qualquer organização pode caminhar para se tornar uma organização de qualidade. Os líderes globais de qualidade, conforme descrito anteriormente, são incansáveis em sua busca por garantir que todos os seus bens e serviços atendam ou superem as exigências dos clientes – mas não a qualquer custo. Alcançar uma quali- dade que satisfaça os clientes, mas não as partes interessadas empresariais não é uma boa linha de negócios. Para que uma organização seja verdadeiramente de qualidade, os produtos e serviços precisam ser produzidos a custos arcáveis pelofabricante e por suas partes interessadas. A relação qualidade-custo-receita, no entanto, precisa ser adequadamente compreendida ao se fazer essas avaliações. A melhoria na qualidade das características precisa gerar receitas sufi cientes para cobrir os custos extras com características adicionais. Mas uma maior qualidade advinda da redução de falhas geralmente acaba reduzindo os custos e, portanto, melhorando o desempenho fi nan- ceiro. Para organizações que não geram receita, a qualidade das características não deve custar mais do que o permitido pelo orçamento, mas a elevação da qualidade pela diminuição das falhas quase sempre acaba melhorando a saúde fi nanceira. 18 Fundamentos da qualidade para líderes Ao usar essas duas defi nições de qualidade e ao compreender o impacto da boa ou má qualidade no desempenho de uma organização, podem-se criar planos em longo prazo para manter a alta qualidade de bens, serviços, processos e do desem- penho fi nanceiro. Para uma gestão em longo prazo, também é preciso que a organi- zação estabeleça sistemas para que se compreendam bem as necessidades volúveis dos clientes, de modo que não se veja incapaz de sustentar seu próprio desempe- nho, o que pode acontecer até mesmo com as organizações mais bem-sucedidas. Programas de efi ciência organizacional Efi ciência Organizacional, Seis Sigma, Lean, Sistema Toyota de Produção e Gestão da Qualidade Total (TQM, na sigla em inglês) são “marcas” de métodos, e cer- tas pessoas podem considerá-los sinônimos dos universais da gestão voltada para a qualidade. Conforme os universais de Juran são acolhidos e usados em muitos novos setores, uma nova marca pode se formar. Na maioria das vezes, essas novas marcas são úteis porque ajudam a avançar as necessidades de melhorar o desem- penho. Assim como as antigas associações comerciais levaram aos padrões de qua- lidade, a sociedade e as necessidades de mudança dos clientes também pedem que os universais sejam adaptados. Um problema comum nos métodos de gestão de qualidade foi encontrado no setor de serviços. Organizações prestadoras de ser- viços sempre acharam que a palavra qualidade estava relacionada à qualidade de produtos, e muitos serviços não consideram seus produtos como bens, mas como serviços. Assim, elas substituíram as palavras qualidade de serviços por excelência em serviços. Com o passar do tempo, essa expressão pegou e agora temos uma nova marca. Em alguns momentos, ela avança positivamente a partir da marca anterior. Em outros momentos, as alterações nos métodos levam a resultados menos positi- vos e à rejeição da marca. Isso aconteceu com a TQM. A Gestão da Qualidade Total era a marca nos anos 1990, mas então foi substituída pelo Seis Sigma. Por quê? Os métodos de gestão voltada para a qualidade evoluíram à medida que muitas organizações tentavam recuperar sua competitividade. O problema da TQM é que ela não era mensurável e não era centrada nos negócios da forma necessária, então, com o passar do tempo, perdeu brilho. No entanto, muitas organizações melhora- ram muito seu desempenho e continuam usando a TQM ainda hoje. Outras migra- ram para a nova marca. Hoje, Seis Sigma, Lean e Excelência em Desempenho estão em voga. Elas também passarão por mudanças ao longo do tempo, e, no fi m das contas, pouco importa o nome dado aos processos de gerenciamento voltado para a qualidade, contanto que seja feito o que for preciso para alcançar resultados supe- riores. Os universais seguem valendo. Qualquer que seja o setor, o país ou o século, atender e superar as necessidades dos clientes impulsionará os resultados. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Este vídeo mostra como aconteceu a evolução do conceito de qualidade ao longo dos anos. Explica o que era entendido por qualidade há anos atrás e o que é entendido atualmente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quem foi a primeira pessoa a publicar um conceito de qualidade que relaciona a qualidade do produto ao atendimento da satisfação dos clientes? A) Walter Shewhart. B) Armand Feigenbaum. C) Edward Deming. D) Kaoru Ishikawa. E) Joseph Juran. 2) Qual é a ordem cronológica, ou seja, a ordem da evolução ao longo dos anos dos conceitos de qualidade? A) Primeiro a qualidade estava ligada à preferência das pessoas, depois a superar as expectativas dos clientes e, por último, adequada ao uso. Primeiro a qualidade estava ligada ao atendimento das especificações de engenharia, depois a superar as expectativas dos clientes e, por último, ao atendimento às necessidades B) dos clientes. C) Primeiro a qualidade estava ligada à adequação ao uso, depois à preferência das pessoas e, por último, ao atendimento das especificações do produto. D) Primeiro a qualidade estava ligada à preferência das pessoas, depois ao atendimento das especificações do produto e atualmente está vinculada a atender e superar as necessidades e expectativas dos clientes. E) Primeiro a qualidade estava atrelada às expectativas dos clientes, depois passou a estar vinculada à adequação ao uso e atualmente está relacionada ao atendimento das especificações de engenharia. 3) O conceito atual de qualidade está vinculado a questões relacionadas a: A) Variação do processo produtivo. B) Atendimento às especificações do produto. C) Redução do custo da não qualidade. D) Redução dos problemas de qualidade na indústria. E) A capacidade da empresa em atender às necessidades e superar as expectativas dos clientes. 4) O conceito de qualidade utilizado atualmente fala sobre o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes. As necessidades e expectativas dos clientes podem estar relacionadas: A) Ao custo, ao prazo de entrega e às funcionalidades do produto. B) Ao preço de venda, ao atendimento das especificações e à redução do retrabalho. C) A redução do refugo, do retrabalho e dos custos da não qualidade. D) A redução da variabilidade dos processos E) O atendimento às especificações de engenharia. 5) O conceito de qualidade segundo a ISO 8402 fala sobre: A) A preferência e o gosto das pessoas. B) A capacidade que a empresa tem de satisfazer as necessidades explícitas ou implícitas dos clientes. C) A facilidade de montagem do produto na manufatura. D) A quantidade de retrabalho presente em um certo período de tempo. E) A quantidade de reclamações de clientes registradas pelas empresas. NA PRÁTICA Veja exemplos de empresas que trabalham com conceitos antigos de qualidade: Estes exemplos buscam demonstrar que o conceito antigo de qualidade está voltado única e exclusivamente ao atendimento das especificações do produto (somente padrões internos de qualidade) enquanto que o conceito moderno de qualidade está voltado ao atendimento das necessidades e expectativas do mercado (superar as expectativas dos clientes). SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão da Qualidade Neste vídeo é possível acompanhar, em uma aula, o panorama da Evolução histórica da Qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que é qualidade? Veja neste vídeo como desmistificar e descomplicar o conceito de qualidade, demonstrando sua aplicação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Desafios da Qualidade e Produtividade à Engenharia de Produção do Brasil Acompanhe por meio da leitura deste artigo uma avaliação histórica e do estágio atual do movimento qualidade e produtividade (Q&P) no Brasil através da evolução do conceito do controle da qualidade no interior do atual processo de reestruturação produtiva, e delineia os desafios, limitações e potencialidades desse movimento à comunidade científica da Engenharia de Produção.Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conceitos e Definições APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem você irá se apropriar da definição adequada da palavra "qualidade" como abordagem de gestão, conhecerá os impactos que a qualidade promove nos custos e como a liderança em qualidade pode se converter em um importante diferencial competitivo para as organizações. Com a ampliação do processo concorrencial de mercado, a adoção de uma política voltada para a qualidade tornou-se vital para a manutenção da competitividade dos negócios. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a correta interpretação da palavra "qualidade" como abordagem de gestão.• Reconhecer os impactos em custos da adoção de uma gestão pela qualidade.• Argumentar sobre os benefícios que a liderança em qualidade pode trazer para a organização. • DESAFIO A gestão pela qualidade pode ser aplicada às empresas de qualquer tamanho, não se restringindo a grandes negócios que destinem uma área específica para tal. INFOGRÁFICO A gestão pela qualidade impulsiona a organização como um todo para uma cultura positiva de redução de falhas e busca pela melhoria contínua. Veja no infográfico os pontos que serão abordados nesta unidade. CONTEÚDO DO LIVRO A busca pela qualidade começa por uma correta compreensão de sua abordagem organizacional. Para conhecer mais sobre o tema, realize a leitura do trecho do livro Fundamentos da qualidade para líderes. Inicie seus estudos a partir do título Qualidade superior sempre leva a resultados empresariais sustentáveis. SISTEMA DE CONTROLE DA QUALIDADE Ligia Maria Fonseca Affonso Conceitos e definições Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a correta interpretação da palavra "qualidade" como abor- dagem de gestão. � Reconhecer os impactos em custos da adoção de uma gestão pela qualidade. � Argumentar sobre os benefícios que a liderança em qualidade pode trazer para a organização. Introdução Neste capítulo, você vai estudar os conceitos e as definições de qualidade sob várias perspectivas, o que dificulta chegar a uma única definição. Vai ver o conceito de gestão da qualidade, considerada pelas empresas como estratégia de competitividade, e o conceito de custos da qualidade e sua subdivisão, sob a perspectiva de alguns estudiosos da qualidade. Gestão da qualidade A preocupação com a qualidade não é algo novo e data de 2.150 a.C., quando a qualidade, a durabilidade e a funcionalidade das habitações produzidas na época eram levadas tão a sério, que se algum imóvel fosse negociado sem a solidez necessária para sua finalidade e viesse a desabar, o negociador era punido com a morte (OLIVEIRA et al., 2009). De lá para cá, conceitos, metodologias e ferramentas da qualidade foram evoluindo fazendo com que esta assumisse diferentes abordagens que certa- mente impactaram em sua definição. Conceitos e definições2 Ao longo desse tempo, algumas abordagens da qualidade foram se formando em consenso, como (PALADINI, 2006; COSTA NETO; CANUTO, 2010): � Abordagem transcendental, em que qualidade significa excelência inata, com base em marcas e padrões de alto nível. � Baseada no produto, em que a qualidade é uma variável precisa e men- surável proveniente dos atributos do produto. � Baseada no usuário, em que a qualidade deve estar em produtos ou serviços que atendam às necessidades e aos desejos dos consumidores. � Baseada na produção, em que a qualidade é resultado do grau de con- formidade entre o planejado e o executado. � Baseada no valor, em que o trade-off entre qualidade e preço (custo- -benefício) deve ser aceitável ao consumidor. A existência de diferentes perspectivas dificulta definir qualidade. Inicial- mente, esta associava a conformidade às especificações, ou seja, a adequação aos padrões, passando em seguida para o atendimento às necessidades dos clientes. Nos dias atuais, a qualidade representa não só a busca da satisfação dos clientes, mas a satisfação de todo o público de uma empresa, bem como a excelência de seus processos organizacionais. Veja as definições de qualidade sob o olhar de alguns de seus especialistas: � “A qualidade consiste nas características dos produtos que vão ao en- contro das necessidades dos clientes, proporcionando satisfação em relação ao produto. A qualidade é a ausência de falhas” (JURAN; GRYNA, 1991, p. 11). Em Juran's Quality Handbook (1951), Juran define qualidade como “apto a ser usado”. � Qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário (FEIGENBAUM, 1994). � Qualidade é um grau previsível de uniformidade, dependência, baixo custo, satisfação do mercado, ou seja, é aquilo que sempre o cliente necessita e quer (DEMING, 1990). � Qualidade é a conformidade do produto às suas especificações (CROSBY, 1986). � Qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que seja sempre mais econômico, mais útil, e que satisfaça o consumidor (ISHIKAWA, 1993). 3Conceitos e definições As modernas técnicas na área da qualidade foram introduzidas por vários especialistas, que, de modo revolucionário e visionário, criaram uma nova ordem na administração da qualidade nas organizações, ficando conhecidos como os gurus da qualidade. � William Edwards Deming: pai do controle da qualidade ou o guru mestre; respon- sável pela “Revolução da Qualidade”. � Armand V. Feigenbaum: introduziu a expressão controle de qualidade total (CQT) nos EUA e propôs a criação do sistema da qualidade, em que a alta gerência é a responsável. � Joseph Juran: defende o controle da qualidade como ferramenta gerencial. � Kaoru Ishikawa: responsável pelos círculos de controle da qualidade no Japão nos anos 60; organizou as sete ferramentas da qualidade; criador do diagrama de causa-efeito (espinha de peixe de Ishikawa). � Walter Andrew Shewhart: desenvolveu o controle estatístico da qualidade (CE) e propôs o ciclo PDCA (do inglês plan, do, check e act). � Phillip B. Crosby: desenvolveu o conceito de defeito zero durante a década de 1960. � Genichi Taguchi: criador do método Taguchi, que identifica as variáveis de maior influência em resultados de um processo (PEINADO; GRAEML, 2007). Das definições de qualidade apresentadas acima, podemos dizer que o pensamento de Costa Neto e Canuto (2010) se assemelha a todas, uma vez que, para eles, qualidade é a adequação a um conjunto de atributos ou ele- mentos que compõem um produto ou serviço, em que se incluem também a conformidade com requerimentos, o grau de excelência, a adequação ao uso e ao propósito e a inexistência de defeitos, imperfeições ou contaminação e consumidores satisfeitos. A preocupação com a qualidade se intensificou nos últimos anos, exigindo das empresas a utilização de técnicas mais modernas e eficientes de gestão. O aumento da competitividade faz com que as empresas foquem cada vez mais no cliente e na melhoria contínua, conduzindo seus processos com base nos conceitos da qualidade. No entanto, garantir a qualidade de produtos e serviços não é tarefa fácil, sendo necessária a adoção de sistemas de gestão da qualidade, visto que esta não é mais um diferencial, e sim um requisito básico que permite melhorar a eficácia da gestão no ambiente globalizado, comprometida com o atendimento às especificações, a satisfação das necessi- dades dos clientes e a melhoria contínua de todos os processos da organização (OLIVEIRA et al., 2009). Conceitos e definições4 O sistema de gestão da qualidade é formado por um conjunto de elementos interli- gados e integrados na organização que, coordenados, trabalham para garantir que a política e os objetivos da qualidadesejam cumpridos e alcançados, por meio de práticas padronizadas, logicamente inter-relacionadas com a finalidade de gerir uma organização e produzir resultados (SEIFFERT, 2010; SISTEMA..., [2012?]). Os líderes não devem imaginar que a gestão da qualidade é uma “moda passageira” ou que “já fazemos isso”. A gestão da qualidade é tão importante quanto a gestão das finanças. Bens e serviços de qualidade superior geram resultados financeiros sustentáveis, pois serem superiores aos dos concorrentes os torna vendáveis. Bens e serviços que são vendáveis por causa da qualidade impulsionam continuamente as receitas e mantêm os custos mais baixos, levando a uma maior lucratividade. A busca pela qualidade superior transforma a empresa e cria uma cultura favorável de qualidade. A mudança transformacional não acontece por acaso. Uma qualidade superior do ponto de vista do cliente precisa ser trabalhada. A empresa precisa fazer a qualidade acontecer, e isso ocorre quando a orga- nização estabelece a direção estratégica mediante uma busca incessante por ser a melhor em qualidade. Organizações que alcançam resultados superiores projetando, controlando e continuamente melhorando a qualidade de seus bens e serviços são muitas vezes denominadas empresas de classe mundial ou de vanguarda, pois alcançaram um estado de excelência em desempenho. Essas organizações são mais respeitadas pelos clientes, porque seus produtos e serviços superam suas expectativas, o que gera resultados empresariais sustentáveis (DEFEO; JURAN, 2015, p. 1). A implementação do sistema de gestão da qualidade, além de contribuir para a sobrevivência das organizações em ambientes competitivos, permite adequar produtos e serviços às exigências do mercado; ampliar o universo de atuação, estimulando o crescimento da organização; vencer barreiras co- merciais; reduzir custos globais e aumentar as margens de lucro; e melhorar o desempenho global da organização com maior qualidade e produtividade, tornando-a mais competitiva e lucrativa. Ser líder em qualidade no mercado, muitas vezes, pode ser resultado da inserção em novo mercado e da conquista de vantagem competitiva. Cabe ressaltar que após se obter vantagem competitiva, é preciso mantê-la por meio da melhoria contínua dos produtos e serviços, caso contrário, corre-se o risco 5Conceitos e definições de perdê-la, caso outra organização decida redefinir o mercado em questão, aperfeiçoando sua própria qualidade, conquistando vantagem competitiva sobre o líder de mercado e tornando-se líder de qualidade. Organizações que alcançam essa liderança geralmente se firmam em uma escolha estratégica, estabelecendo a liderança de mercado como uma meta formal dos negócios, definindo os meios para alcançá-la. Uma vez conquistada, a liderança de qua- lidade dura até que haja claros indícios cumulativos de que algum concorrente a tomou para si. Sem esses indícios, a liderança pode persistir por décadas ou mesmo séculos (DEFEO, 2015). Dessa forma, a gestão da qualidade tem sido cada vez mais procurada por empresas e organizações, sobretudo por seu reconhecimento internacional quanto à credibilidade de produtos ou serviços. Ou seja, empresas certificadas e que apresentam normas de qualidade têm grande diferencial competitivo, além de uma imagem mais positiva diante de seus clientes e fornecedores (PALADINI, 2006). A gestão da qualidade baseia-se em oitos princípios: � Foco no cliente: as organizações precisam compreender as necessida- des atuais e futuras de seus clientes e se esforçarem para superar suas expectativas. � Liderança: deve estar presente na organização e ser responsável pela manutenção de um ambiente interno motivador, que envolva as pessoas em torno do alcance de objetivos comuns. � Envolvimento das pessoas: como principal patrimônio de uma organi- zação, as pessoas necessitam estar envolvidas e utilizar suas aptidões em benefício da organização. � Abordagem dos processos: para que os resultados desejados sejam alcançados com eficiência, atividades e recursos devem ser geridos por processos. � Abordagem da gestão como um sistema: os processos inter-relacionados devem ser geridos como um sistema, para que a organização atinja os seus objetivos com eficácia. � Melhoria contínua: deve ser uma preocupação constante, com avaliação sistemática do desempenho global da organização. � Abordagem dos fatos: as decisões, para serem eficazes, devem se basear na análise de fatos, dados, informações, etc. � Benefícios mútuos com fornecedores: as relações devem ser mutuamente benéficas, criando valor para ambas as partes. Conceitos e definições6 Veja na Figura 1 a inter-relação existente entre o conceito de qualidade, gestão da qualidade e elementos que a compõem. Figura 1. Conceitos de qualidade, gestão da qualidade e seus elementos. Fonte: Adaptada de Freitas (2009). Habilidade de um conjunto de características de um produto, processo ou sistema em atender aos requisitos dos clientes e outras partes interessadas. Atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização com relação à qualidade. Estabelecer os objetivos, processos e recursos para cumprir os objetivos da qualidade. Cumprir os objetivos e requisitos da qualidade. Prover confiança que os requisitos da qualidade são cumpridos. Aumentar a eficácia e eficiência. QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE Planejamento da qualidade Controle da qualidade Garantia da qualidade Melhoria da qualidade Custos da qualidade Mensurar os custos da qualidade é uma das variadas formas de avaliar o desem- penho de um sistema produtivo. Cabe destacar que as definições de custos da qualidade sofrem variação conforme a definição de qualidade e as estratégias que cada empresa adota, levando a diferentes aplicações e interpretações. Veja algumas definições de custo da qualidade segundo Wernke (1998): [...] os custos da qualidade são aqueles custos que não existiriam se o produto fosse fabricado perfeito da primeira vez, estando associados com as falhas na produção, que levam a retrabalho, desperdício e perda da produtividade. (JURAN apud WERNKE, 1998, p. 53). 7Conceitos e definições […] os custos da qualidade estão relacionados com a conformação ou ausên- cia de conformação aos requisitos do produto ou serviço. (CROSBY apud WERNKE, 1998, p. 53). […] o custo da qualidade, também chamados de custos da má qualidade e custos da não qualidade, são aqueles associados à definição, criação e con- trole da qualidade, assim como avaliação e realimentação, de conformidade com exigências em qualidade, confiabilidade, segurança, e também custos associados às consequências, tanto no interior da fábrica como nas mãos do cliente. (FEIGEBAUM apud WERNKE, 1998, p. 53). Muitos administradores consideram que a melhoria da qualidade diminui a produtividade, pois, para obtê-la, os custos aumentam. É certo que a quali- dade, em primeiro lugar, exerce um forte impacto nos custos. Nesse contexto, a qualidade significa isenção de problemas que levam a erros de escritório, defeitos de fábrica, falhas de campo, etc. Dessa forma, maior qualidade sig- nifica menos erros, defeitos e falhas de campo e os consumidores percebem o serviço como produto de baixa qualidade quando apresentam defeitos, falhas, etc. Para aumentar esse tipo de qualidade, uma organização precisa dominar amplamente a melhoria da qualidade, o que é muitas vezes chamado de avanço, de salto ou de seis sigma (DEFEO; JURAN, 2015). Para Crosby (1986), qualidade não custa e é um investimento com retorno garantido. Na verdade, a falta de um nível de qualidade aceitável é o que o incorre em custos e causa grandes prejuízos às empresas. Fazer as coisas certas desde o início, com qualidade, é lucrativo para as empresas. Dessa forma, a qualidade, ao contrário do que pensam alguns administradores, propicia a produtividade, pois é a falta desta que acarretará altos custos.Para Crosby (1986), os custos da qualidade se subdividem em custos de prevenção, custos de avaliação e custos das falhas. � Custos de prevenção: aqueles referentes a todas as medidas utilizadas para prevenir defeitos no design, somados a custos de desenvolvimento, mão de obra, compras e outros aspectos relacionados ao início e à criação de um produto ou serviço, incluindo também medidas preventivas e de cálculo, realizadas durante o ciclo de negócio. Dentre os itens específicos, podemos citar estudos do design, qualificação do produto, verificação dos desenhos, exames de especificações, treinamento para a qualidade, entre outros. � Custos de avaliação: são os custos que ocorrem na fase de inspeção, testes e outras avaliações planejadas, visando a verificar se o hardware, o software ou os serviços estão de acordo com os requisitos, que incluem as especificações do marketing e do cliente; documentos de engenharia Conceitos e definições8 e informações referentes aos procedimentos e processos. Ressalta-se que todos os documentos que descrevem a conformidade do produto ou serviço são relevantes. Dentre os itens específico, destacam-se: a inspeção e o teste do protótipo; a análise de conformidade com a especificação da produção; a aceitação do produto; a inspeção de embalagens; dentre outros. � Custos das falhas: referem-se às coisas que não estão de acordo com os requisitos, incluindo o desempenho, a avaliação, a disposição e os aspectos dos negócios com o consumidor dessas falhas, o material e a mão de obra envolvidos na operação e a perda de credibilidade junto ao cliente. Dentre os itens específicos, destacam-se: os custos de ações corretivas; o retrabalho; o risco do produto; a garantia; dentre outros. Feigenbaum (1994) separa os custos da qualidade da seguinte forma: custos de controle, que se referem aos custos de prevenção e aos custos de avaliação, e custos de falhas no controle, que incluem falhas internas e externas, como pode ser visto na Figura 2. Figura 2. Classificação dos custos da qualidade. Fonte: Feigenbaum (1994). Custos do controle Custos de prevenção Custos de avaliação Custos de falha interna Custos de falha externa Custos de falha no controle Para Feigenbaum (1994), os custos da prevenção são aqueles que evitam que defeitos e não conformidades ocorram e que incluem gastos para evitar que produtos insatisfatórios sejam produzidos. Esses custos têm como finalidade controlar a qualidade dos produtos, evitando gastos que resultam de erros no 9Conceitos e definições sistema produtivo. Os custos da avaliação são aqueles necessários para manter os níveis da qualidade por meio de análises formais da qualidade do produto, incluindo gastos com atividades para identificar unidades ou componentes defeituosos antes da remessa aos clientes. Os custos das falhas nos controles ocorrem em razão do não atendimento às especificações exigidas, em que os custos da falha interna são aqueles relacionados a algum erro do processo produtivo (falha humana ou mecânica), encontrados antes da transferência do produto ao consumidor, como materiais refugados, danificados e retrabalhados. Já os custos de falhas externas são aqueles referentes aos custos da qualidade insatisfatória, encontradas no produto após seu envio ao cliente, ou seja, custos que poderiam ser evitados se não houvesse defeitos. Para o autor, os custos operacionais da qualidade são os custos relacionados a definição/planejamento, criação e controle da qualidade; avaliação e realimentação da conformidade aos requisitos exigidos, como desempenho, confiabilidade e segurança; e con- sequências decorrentes de falhas, em atendimento a essas exigências, tanto internamente quanto externamente. Assim, é possível definir custos da qualidade como todas as despesas de fabricação ou de serviço que excedam às despesas que normalmente teríamos, fabricando um produto ou prestando um serviço de forma perfeita, na primeira vez (MATTOS, 1997). Para o autor, os custos da qualidade são representados pelo somatório dos custos, como pode ser visto na Figura 3. Figura 3. Custos da qualidade. Fonte: Mattos e Toledo (1998). Custos inevitáveis A B C D Custos evitáveis Custos da qualidade = + + +Custos da PREVENÇÃO Custos da AVALIAÇÃO Custos de FALHAS INTERNAS Custos de FALHAS EXTERNAS Tais custos podem ser representados pelo somatório dos custos de preven- ção, custos de avaliação, custos de falhas internas e custos de falhas externas, em que os custos de prevenção e de avaliação são “inevitáveis” e os custos de falhas internas e externas são “evitáveis” e poderiam ser eficientemente redu- zidos com investimento na melhoria da qualidade (JURAN; GRYNA, 1991). Conceitos e definições10 � Custos inevitáveis: relacionados à prevenção, como inspeção, amostragem, classi- ficação e outras iniciativas de controle da qualidade. � Custos evitáveis: relacionados a defeitos e falhas de produtos, como material suca- teado, horas de retrabalho, processamento de reclamações e prejuízos financeiros que resultam de clientes insatisfeitos (FREITAS, 2009). Cabe ressaltar que uma empresa pode reduzir seus gastos de forma signifi- cativa investindo mais na prevenção e na avaliação dos defeitos de produção, pois os custos do retrabalho são elevados. No entanto, empresas que têm custo zero de retrabalho apresentam alto custo de prevenção e avaliação. O ideal seria atingir o ponto mínimo dos custos totais, combinando as atividades que acarretam em custos de prevenção e avaliação e de falhas, ou seja, encontrando o ponto de equilíbrio, como representado na Figura 4. Figura 4. Modelo tradicional do custo da qualidade. Fonte: Guia IOB (1998). Curva do custo totalCusto de falhas Custo de prevenção e avaliação Nível de defeito zero Nível da qualidade $ Após atingir o ponto mínimo, o ideal seria deslocá-lo na direção da qua- lidade ótima (à direita do gráfico). Obviamente, tal deslocamento poderia ocorrer por meio de processos mais eficientes de prevenção e avaliação: isso 11Conceitos e definições faria com que o custo desses processos fosse menor, fazendo com que a curva dos custos de prevenção e avaliação “caísse”. Isso faria com que a curva do custo total se deslocasse para baixo e para a direita, resultando em custo total menor e maior qualidade. Esse deslocamento só seria interrompido quando o ponto de custo mínimo e o ponto de defeito zero se encontrassem. No entanto, essa situação jamais será alcançada, uma vez que a busca pelo aperfeiçoamento dos produtos e os meios de prevenção devem ser contínuos. Podemos dizer, então, que acompanhar os custos da qualidade é necessá- rio para reconhecer e organizar o conjunto de custos relacionados à qualidade, identificando as categorias mais representativas e seu comportamento ao longo do tempo, permitindo a redução de custos e a melhoria da qualidade. Os custos da qualidade devem englobar todas as atividades com participação na qualidade dentro da empresa, oferecendo informações que permitam a comparação entre os investimentos em qualidade (inputs) e os resultados (outputs) obtidos, em que os inputs representam os investimentos em prevenção e avaliação da qualidade e os outputs, os custos relacionados às falhas internas e externas. Tal acompanhamento permite ainda analisar o desempenho da empresa, programar as atividades da equipe de qualidade buscando a máxima eficácia e utilização mais efetiva dos recursos produtivos, alocar recursos de forma correta, ou seja, de acordo com o esforço necessário de qualidade para o atingimento os objetivos da empresa, preparar estimativas de custos para novos empreendimentos, etc. (TOLEDO, 2002). É importante destacar que os custos da qualidade sozinhos não fornecem informações significativas, sendo necessário relacioná-los com outras medidas básicas que indiquem o desempenho da empresa sob diferentes pontos de vista. Algumas medidas básicas às quais podemos relacionaros custos da qualidade são: � Horas ou custos de mão de obra. � Custo de produção. � Faturamento. � Volume vendido ou produzido. Conhecer e analisar os custos da qualidade, mensurando e registrando eles, é uma importante estratégia gerencial, uma vez que todas as informa- ções obtidas nesse acompanhamento, além de servirem como indicadores e relatórios, podem servir de subsídios para a tomada de decisão sobre onde e como investir e como identificar as causas de falhas, melhorando a eficácia das ações de melhoria colocadas em prática. Conceitos e definições12 Liderança na melhoria da qualidade A qualidade é uma ferramenta estratégica de grande valor nesse cenário cada vez mais competitivo, que tem levado as empresas a implementarem programas que as auxiliem na melhoria de seus produtos e serviços. Consu- midores satisfeitos são aqueles que têm suas necessidades atendidas. São as necessidades dos clientes que norteiam a compra de bens e serviços. Dessa forma, a organização necessita compreender tais necessidades para que seus produtos ou serviços possam ser projetados de acordo com o objetivo, ou seja, para que tenham as características que satisfaçam todas as necessidades dos clientes e para que estejam isentos de falhas. Não é fácil para líderes e gestores terem a compreensão do quão profundo é o significado da qualidade como estratégia de negócios. Nesse contexto, DeFeo e Juran (2015) apresentam uma distinção entre qualidade como “características que atendem às necessidades dos clientes” e como “isenção de falhas”, apresentadas no Quadro 1. Fonte: Adaptado de DeFeo e Juran (2015). Características que atendem às necessidades dos clientes Isenção de falhas Uma qualidade superior permite que as organizações: � Aumentem a satisfação dos clientes � Produzam produtos vendáveis � Encarem a concorrência � Aumentem sua fatia de mercado � Gerem receitas de vendas � Garantam ágio em seus preços � Reduzam riscos Uma qualidade superior permite que as organizações: � Reduzam as taxas de erros � Reduzam o retrabalho e o desperdício � Reduzam falhas de campo e encargos com garantias � Reduzam a insatisfação dos clientes � Reduzam inspeções e testes � Abreviem o tempo para colocar novos produtos no mercado � Aumentem o rendimento e a capacidade � Melhorem o desempenho nas entregas O efeito principal recai na receita O efeito principal recai nos custos Maior qualidade custa mais Maior qualidade custa menos Quadro 1. Significado de qualidade 13Conceitos e definições Os sistemas de gestão da qualidade vêm evoluindo rapidamente, e ao longo dos anos foram substituindo ações de simples inspeção por ações de controle da qualidade e padrões de garantia de qualidade (CHEN, 1997; FOTOPOULOS; PSOMAS, 2009). A gestão da qualidade busca alcançar e manter resultados de qualidade com foco na melhoria contínua e na prevenção de defeitos, em todos os níveis e funções da organização, visando a superar as expectativas dos consumidores, utilizando um conjunto de práticas e técnicas apoiadas em princípios que se reforçam mutuamente. Exemplo disso é o princípio da melhoria contínua que pode ser sustentado por práticas de gestão do processo, que utiliza técnicas como controle estatístico de processo (CEP) e diagrama de Pareto (DEAN; BOWEN, 1994; SOUSA; VOSS, 2002). � CEP: ferramenta cuja finalidade é desenvolver e aplicar métodos estatísticos como parte de estratégia de prevenção de defeitos, melhoria da qualidade de produtos e serviços e redução de custos. � Diagrama de Pareto: uma das sete ferramentas da qualidade representada por um gráfico de barras que permite ordenar as frequências das ocorrências, da maior para a menor, possibilitando a priorização dos problemas. Além do foco no cliente, na melhoria contínua, no trabalho em equipe e na constante busca pela atualização, a gestão da qualidade é uma abordagem que pode melhorar a competitividade da organização. No entanto, a grande maioria dos programas de gestão da qualidade privilegia elementos técnicos, como o controle estatístico do processo, a análise de confiança e o design de produto, se distanciando dos aspectos humanos da produção, foco de seus criadores, que acreditavam que apenas a utilização dessas ferramentas não era suficiente para gerir qualidade (CHEN, 1997). Dessa forma, ao pensar em implementar um programa de qualidade, as empre- sas devem ter em mente a necessidade de realizar mudanças culturais, estruturais e relacionais, ou seja, mudança nos valores, na estrutura da organização e na forma como as pessoas trabalham e se relacionam com os outros e com sua participação e envolvimento nas questões organizacionais. Cabe destacar que a liderança é considerada por vários estudiosos como um fator de grande importância para o Conceitos e definições14 sucesso da implantação de programas de qualidade e sua manutenção (HART; SCHLESINGER, 1991). A gestão da qualidade tem duas dimensões: � Dimensão hard: relacionada a técnicas de controle do processo e pro- dução, que asseguram o correto funcionamento dos diversos processos, como o processo de design, a norma ISO 9000, as sete ferramentas de controle da qualidade, entre outros. � Dimensão soft: constituída por fatores como liderança, trabalho em equipe, autonomia, foco no cliente, relação com fornecedores, entre outros. Nesse contexto, os aspectos soft seriam os responsáveis por criar um am- biente propício para a divulgação e implementação dos aspectos hard da gestão da qualidade, impactando diretamente no desempenho da organização. Estudos apontam que o envolvimento da alta administração com práticas de qualidade, o envolvimento dos colaboradores, o foco no cliente,; a gestão de qualidade de dados e processos, a utilização de ferramentas e técnicas de qualidade, a cultura de qualidade, a liderança motivacional e a gestão de relacionamentos são os principais fatores de gestão da qualidade. Isso corrobora com o fato de que o impacto dos elementos soft é muito mais significativo do que o impacto dos elementos hard na gestão da qualidade e no desempenho da organização (FOTOPOULOS; PSOMAS, 2009). Isso os leva a acreditar que melhoria da qualidade é impulsionada muito mais pela adoção de uma cultura de qualidade, pela alta direção, do que por métodos técnicos. Você pode estar se perguntando qual a importância da liderança na melhoria da qualidade. Trata-se de um tema de bastante interesse não só entre vários estudiosos em comportamento humano no trabalho, da área de administração e gestão de pessoas, como de pessoas em geral. No entanto, não existe um consenso quanto à sua definição, que ao longo dos tempos sofre alterações em função do contexto cultural, social e ambiental dos pesquisadores. Existem muitas definições sobre liderança, cada uma delas enfatizando diferentes aspectos do conceito. Veja algumas delas: � “Liderança é o processo de conduzir as ações ou influenciar o comporta- mento e a mentalidade de outras pessoas” (MAXIMIANO, 2011, p. 256). � “Liderança é o comportamento de um indivíduo quando está dirigindo as atividades de um grupo em direção a um objetivo comum” (HEM- -PHILL; COONS, 1957, p. 7 apud BERGAMINI, 1994). � “Liderança é influência pessoal exercida em uma situação e dirigida através do processo de comunicação, no sentido de atingimento de um 15Conceitos e definições objetivo específico ou objetivos” (TANNENBAUM; WESCHLER; MASSARIK, 1960, p. 24 apud BERGAMINI, 1994). � “Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo orga- nizado na direção da realização de um objetivo” (ROUCH; BEHLING, 1984, p. 46 apud CAVALCANTI et al., 2009). � “Liderança é o que dá a uma organização sua visão e capacidade para transformar essa visão em realidade” (BENNIS, 1996, p. 18). � “Liderança é um relacionamento entre líder e seguidores” (KOUSES; POSNER, 1991, p. 1). � “Liderança é um processo no qual uma pessoa influencia outras pessoasa se comprometerem com a busca de objetivos comuns” (MOTTA, 1991, p. 5). Podemos perceber que todas as definições apresentadas anteriormente têm em comum o fato de que a liderança está ligada a um grupo de pessoas, ou seja, envolve duas ou mais pessoas e trata-se de um processo de influência de um líder sobre seus seguidores (BERGAMINI, 1994). São muitas as habilidades necessárias a um líder no exercício de sua função. Para Motta (1991), inicialmente o líder deve conhecer as dimensões formais da organização na qual trabalha, o que inclui missão, visão, objetivos, formas de divisão e especialização do trabalho; distribuição da autoridade para melhor utilização dos recursos de poder; captar, processar e analisar informações externas e internas para a formulação de estratégias e solução de problemas; e coordenar e controlar comportamentos individuais e coletivos. Além disso, deve saber adequar novas ideias e projetos à realidade da organização; exercitar-se na busca de soluções para os problemas que surgem; trabalhar na busca de novas oportunidades; articular, agregar e processar continuamente ideias e alternativas de ação; e debater e divulgar problemas, alternativas e objetivos de forma compartilhada, adotando a gestão partici- pativa. Deve ainda, possibilitar o desenvolvimento de seus seguidores por meio de treinamentos, recompensas e incentivos; estimular a criatividade por meio de atividades desafiadoras; ter visão de futuro, e principalmente, desenvolver habilidades interpessoais para garantir maior lealdade, satisfação e eficiência no trabalho. Conceitos e definições16 Kouses e Posner (1991, p. 275), em seus estudos, apontam cinco práticas fundamentais na liderança: � Desafiar o processo, buscando oportunidades para mudar o status quo e novas formas de inovação para melhorar a organização, e assumir riscos e aceitar os erros como oportunidade de aprendizado. � Inspirar uma visão comum e vislumbrar o futuro criando uma imagem ideal daquilo que a organização pode se tornar, recrutando outras pes- soas para esse sonho. � Capacitar os outros para agir estimulando a colaboração e construindo equipes de trabalho em que os membros se envolvam ativamente, com base no respeito mútuo, criando uma atmosfera de confiança, fazendo com que cada membro se sinta capaz e poderoso. � Modelar o caminho, criando padrões de excelência para ser seguido e criando oportunidades para a vitória. � Encorajar o coração, reconhecendo as contribuições de seus seguidores e comemorando as vitórias, fazendo com que todos se sintam como heróis. Podemos destacar ainda outras habilidades da liderança, como: motivar os colaboradores a alcançar altos padrões de desempenho e aumentar a consciência dos colaboradores sobre a importância de se alcançar determinados resultados, encorajando-os a transcender seus interesses pessoais pelos objetivos do grupo e a desenvolver suas potencialidades, buscando metas e objetivos com base em sua motivação intrínseca. O líder deve ser um modelo a ser seguido, ganhando a admiração, o respeito e a confiança dos liderados. Todas essas habilidades são fundamentais no processo de implementação e manutenção da gestão da qualidade em uma organização. Cabe ressaltar, ainda, que a alta direção da organização trabalha para alcançar os resultados pretendidos, incluindo a satisfação das necessidades e expetativas do cliente, aumentando sua satisfação. Esta deve estabelecer a direção e a condução da organização, garantindo que todos caminhem na mesma direção, com comprometimento e responsabilidade. Estudos têm mostrado que a alta administração tem papel fundamental para a concretização de mudanças estratégicas nas organizações, principalmente em relação às mudanças exigidas para a implantação da cultura da qualidade. Nesse contexto, os líderes são responsáveis por estabelecer unidade de propó- sito e direção, criando condições para que as pessoas na organização estejam comprometidas com o alcance dos objetivos da qualidade definidos (SÁ, 2014). 17Conceitos e definições 1. Ao tratarmos da gestão da qualidade, nos depararemos com uma divergência comum entre os gestores. Alguns acreditam que uma qualidade maior sempre significa mais custos, enquanto outros defendem que incrementos na qualidade diminuem desperdícios e que assim mais qualidade resulta em menos custos. Aparentemente, há uma grande discordância quanto à resposta. Isso se deve aos diferentes significados atribuídos à palavra qualidade. A fim de contribuir para um consenso sobre esse entendimento, Joseph Juran elaborou a seguinte definição de qualidade: a) apto a ser usado. b) conformidade com as exigências. c) adequação ao objetivo. d) Seis Sigma. e) excelência de classe mundial. 2. É improvável que apenas uma palavra traduza a profundidade do significado que a qualidade tem para líderes e gestores que buscam implantá-la como uma estratégia fundamental do negócio. Para uma compreensão mais ampla, é necessário estabelecer uma distinção entre a qualidade como “características que atendem às necessidades dos clientes” e como “isenção de falhas”. Quanto à isenção de falhas, uma qualidade superior permite que as organizações: a) abreviem o tempo para colocar novos produtos no mercado. b) aumentem a satisfação do cliente. c) aumentem sua fatia de mercado. d) produzam produtos vendáveis. e) garantam ágio em seus preços. 3. A qualidade, em primeiro lugar, exerce um forte impacto nos custos. Levando em conta que qualidade significa isenção de problemas que remetem a erros de escritório, defeitos de fábrica, falhas de campo e assim por diante, nesse sentido, é CORRETO afirmar que: a) incrementos em qualidade inevitavelmente terão sua correspondência em aumento dos custos. b) maior qualidade significa um produto mais refinado, não estando diretamente relacionada a menos erros. c) para aumentar esse tipo de qualidade, uma organização precisa dominar amplamente a melhoria da qualidade, o que é muitas vezes chamado de avanço, de salto ou de Seis Sigma. d) a redução de problemas operacionais e de escritório não é contemplada nas políticas de qualidade. e) o foco principal da qualidade é a melhoria dos processos internos. 4. Juran defende que os líderes não devem imaginar que a gestão da qualidade é uma “moda passageira” ou que “já fazemos isso”. Segundo ele, a gestão da qualidade é tão importante quanto a gestão das finanças, e uma qualidade superior sempre levará a resultados empresariais Conceitos e definições18 sustentáveis. Com base nesse olhar, é INCORRETO afirmar que: a) bens e serviços de qualidade superior geram resultados financeiros sustentáveis; o fato de serem superiores aos dos concorrentes os torna vendáveis. b) a empresa precisa fazer a qualidade acontecer, porém isso não depende do estabelecimento de uma direção estratégica. c) a busca pela qualidade superior transforma a empresa e cria uma cultura favorável de qualidade. d) a mudança transformacional não acontece por acaso. Uma qualidade superior do ponto de vista do cliente precisa ser trabalhada. e) organizações que alcançam resultados superiores, projetando, controlando e continuamente melhorando a qualidade de seus bens e serviços são, muitas vezes, denominadas empresas de classe mundial, pois alcançaram um estado de excelência em desempenho. 5. A liderança em qualidade no mercado normalmente é resultado do ingresso em um novo mercado e da conquista de vantagem competitiva. Sobre a liderança em qualidade, é INCORRETO afirmar que: a) organizações que chegam a essa liderança normalmente o fazem baseadas em uma escolha estratégica, estabelecendo a liderança como meta formal de negócios. b) o crescimento da qualidade da concorrência estimula a expansão do planejamento estratégico de negócios paraincluir a qualidade e a liderança em qualidade. c) depois que a vantagem competitiva é obtida, ela precisa ser mantida por meio de uma melhoria contínua dos produtos e serviços. d) a liderança em qualidade raramente persiste por longos períodos de tempo. e) uma vez conquistada, a liderança de qualidade dura até que haja claros indícios cumulativos de que algum concorrente a tomou para si. BENNIS, W. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1996. BERGAMINI, C. W. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 1994. CAVALCANTI, V. L. et al. Liderança e motivação 3 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. 19Conceitos e definições CHEN, W. The human side of total quality management in Taiwan: leadership and hu- man resource management. International Journal of Quality & Reliability Management, v. 14, n. 1, p. 24-45, 1997. COSTA NETO, P. L. de. O.; CANUTO, S. A. Administração com qualidade: conhecimentos necessários para a gestão moderna. São Paulo: Blucher, 2010. CROSBY, P. B. Qualidade é investimento. New York: McGraw-Hill, 1986. DEAN, J.; BOWEN, D. Management theory and total quality: improving research and practice through theory development. Academy of Management Review, v. 19, n. 3, p. 392-418, 1994. DEFEO, J. A.; JURAN, J. M. Fundamentos da qualidade para líderes. Porto Alegre: Book- man, 2015. DEMING, W. E. Qualidade: a revolução na administração. Rio de Janeiro: Marques- -Saraiva, 1990. FEIGENBAUM, A. V. Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994. v. 1. FOTOPOULOS, C.; PSOMAS, E. The use of quality management tools and techniques in ISO 9001:2000 certified companies: the Greek case. International Journal of Productivity and Performance Management, v. 58, n. 6, p. 564-580, 2009. FREITAS, C. S. de. Disciplina Gestão da qualidade. Centro Universitário do Norte, Manaus, 2009. Disponível em: <https://kenye.files.wordpress.com/2010/01/gestao_da_quali- dade_apostila_2009_1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018. GUIA IOB. Custos, qualidade e produtividade. São Paulo: IOB, 1998. (Boletim 48. Temática Contábil e Balanços). HART, C.; SCHLESINGER, L. Total quality management and the human resource pro- fessional: applying the Baldridge framework to human resources. Human Resource Management, v. 30, n. 4, p. 433-454, 1991. ISHIKAWA, K. Controle da qualidade total: à maneira japonesa. Rio de Janeiro: Campus, 1993. JURAN, J. M.; GRYNA, F. M. Controle da qualidade handbook: conceitos, políticas e filosofia da qualidade. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991. v. 1. KOUSES, J. M.; POSNER, B. Z. O desafio da liderança. Rio de Janeiro: Campus, 1991. MATTOS, J. C. Custos da qualidade como ferramenta de gestão da qualidade: conceitua- ção, proposta de implantação e diagnóstico nas empresas com certificação ISO 9000. 1997. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1997. MATTOS, J. C.; TOLEDO, J. C. Custos da qualidade: diagnóstico nas empresas com certificação ISO 9000. Revista Gestão & Produção, v. 5, n. 3, p. 312-324, 1998. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2011. Conceitos e definições20 MOTTA, P. R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. Revista de Administração Pública, v. 25, n. 3, p. 210-212, 1991. OLIVEIRA, O. J. et al. Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Cengage Learning, 2009. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. SÁ, J. dos. G. ISO DIS 9001:2015: perspetivas futuras. 2014. Disponível em: <https://www. apcergroup.com/brasil/index.php/pt/artigos-apcer/632/iso-dis-9001-2015-perspetivas- futuras>. Acesso em: 12 ago. 2018. SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001: sistema de gestão ambiental: implantação objetiva e econômica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SISTEMA de Gestão da Qualidade – SGQ. [2012?]. Disponível em: <https://comum.rcaap. pt/bitstream/10400.26/4004/7/Ap%C3%AAndice%20A%20-%20Sistema%20de%20 Gest%C3%A3o%20da%20Qualidade.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018. SOUSA, R.; VOSS, C. A. Quality management re-visited: a reflective review and agenda for future research. Journal of Operations Management, v. 20, n. 1, p. 91-109, 2002. Leituras recomendadas CAMPOS, V. F. TQC: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). Nova Lima, MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004. HUNTER, J. C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A gestão pela qualidade traz grandes benefícios para a organização. Assista ao vídeo e saiba mais a respeito. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Ao tratarmos da gestão da qualidade nos depararemos com uma divergência comum entre os gestores. Alguns acreditam que uma qualidade maior sempre significa mais custos, enquanto outros defendem que incrementos na qualidade diminuem desperdícios e que assim mais qualidade resulta menos custos. Aparentemente há uma grande discordância quanto à resposta. Isso se deve aos diferentes significados atribuídos à palavra "qualidade". A fim de contribuir para um consenso sobre este entendimento, Joseph Juran elaborou a seguinte definição de qualidade: A) Envolvimento das pessoas B) Conformidade com as exigências. C) Adequação ao objetivo. D) Seis Sigma. E) Excelência de classe mundial. É improvável que apenas uma palavra traduzisse a profundidade do significado que a qualidade tem para líderes e gestores que buscam implantá-la como uma estratégia fundamental do negócio. Para uma compreensão mais ampla, é necessário estabelecer uma distinção entre a qualidade como "características que atendem às necessidades 2) dos clientes" e como "isenção de falhas." Quanto à isenção de falhas, uma qualidade superior permite que as organizações: A) Abreviem o tempo para colocar novos produtos no mercado. B) Aumentem a satisfação do cliente. C) Aumentem sua fatia de mercado. D) Produzam produtos vendáveis. E) Garantam ágio em seus preços. 3) A qualidade, em primeiro lugar, exerce um forte impacto nos custos. Levando em conta que "qualidade" significa isenção de problemas que remetem a erros de escritório, defeitos de fábrica, falhas de campo e assim por diante, nesse sentido é CORRETO afirmar que: A) Incrementos em qualidade inevitavelmente terão sua correspondência em aumento dos custos. B) Maior qualidade significa um produto mais refinado, não estando diretamente relacionada a menos erros. C) Para aumentar esse tipo de qualidade, uma organização precisa dominar amplamente a melhoria da qualidade, o que é muitas vezes chamado de avanço, de salto ou de Seis Sigma. D) A redução de problemas operacionais e de escritório não é contemplada nas políticas de qualidade. E) O foco principal da qualidade é a melhoria dos processos internos. 4) Juran defende que os líderes não devem imaginar que a gestão da qualidade é uma "moda passageira" ou que "já fazemos isso". Segundo ele, a gestão da qualidade é tão importante quanto à gestão das finanças, e uma qualidade superior sempre levará a resultados empresariais sustentáveis. Com base nesse olhar, é INCORRETO afirmar que: A) Bens e serviços de qualidade superior geram resultados financeiros sustentáveis; o fato de serem superiores aos dos concorrentes os torna vendáveis. B) A empresa precisa fazer a qualidade acontecer, porém isso não depende do estabelecimento de uma direção estratégica. C) A busca pela qualidade superior transforma a empresa e cria uma cultura favorável de qualidade. D) A mudança transformacional não acontece por acaso. Uma qualidade superior do ponto de vista do cliente precisa ser trabalhada. E) Organizações que alcançam resultados superiores, projetando, controlando e continuamente melhorando a qualidade de seus bens e serviços, são muitasvezes denominadas empresas de classe mundial, pois alcançaram um estado de excelência em desempenho. 5) A liderança em qualidade no mercado normalmente é resultado do ingresso em um novo mercado e da conquista de vantagem competitiva. Sobre a liderança em qualidade é INCORRETO afirmar que: A) Organizações que chegam a essa liderança normalmente o fazem baseadas em uma escolha estratégica, estabelecendo a liderança como meta formal de negócios. B) O crescimento da qualidade da concorrência estimula a expansão do planejamento estratégico de negócios para incluir a qualidade e a liderança em qualidade. C) Depois que a vantagem competitiva é obtida, ela precisa ser mantida por meio de uma melhoria contínua dos produtos e serviços. D) A liderança em qualidade raramente persiste por longos períodos de tempo. E) Uma vez conquistada, a liderança de qualidade dura até que haja claros indícios cumulativos de que algum concorrente a tomou para si. NA PRÁTICA Fernando é gestor em uma construtora com atuação em todo o país. Com o objetivo de reduzir o desperdício de materiais, o retrabalho e os acidentes de trabalho nas obras em que gerenciava, ele passou a adotar princípios da gestão pela qualidade, implantando processos e pontos de checagem. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A evolução do conceito de qualidade: dos bens manufacturados aos serviços de informação Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Coca-cola - Qualidade levada a sério Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão da Qualidade - Joseph M. Juran (Trilogia da Qualidade) Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Benefícios de um sistema de gestão da qualidade às empresas Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Evolução Histórica da Qualidade APRESENTAÇÃO O conceito de qualidade e as técnicas utilizadas para melhorar a qualidade evoluíram muito do século passado para cá! Antigamente a qualidade se restringia à inspeção do produto pronto no final do processo de fabricação. Atualmente a qualidade ganhou importância e agora é vista como um processo de gestão. Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos a Evolução Histórica da Qualidade desde a Era do Artesanato, passando pela Revolução Industrial até os dias de hoje. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os fatos importantes que contribuíram para a evolução do conceito de qualidade. • Relacionar as diferenças entre o controle da qualidade adotado no início do século XX e a gestão da qualidade praticada atualmente. • Mostrar graficamente e em ordem cronológica como aconteceu o processo evolutivo da qualidade. • DESAFIO Observe a descrição abaixo: Analisando estes dois casos, sugerimos que você indique na linha do tempo da evolução da qualidade em qual período cada empresa está inserida. Coloque a data aproximada e diga em qual Era da Qualidade a empresa está. Exemplo: Empresa X - data aproximada 1930 a 1960: Era do Controle Estatístico da Qualidade. INFOGRÁFICO Veja o infográfico sobre a divisão das Eras da Qualidade. CONTEÚDO DO LIVRO Para um estudo mais aprofundado, é importante ler os subtítulos do livro que falam sobre: - O século XX e a Qualidade; - O século XXI e a Qualidade. SISTEMA DE CONTROLE DA QUALIDADE Ligia Maria Fonseca Affonso A evolução histórica da qualidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os fatos importantes que contribuíram para a evolução do conceito de qualidade. � Relacionar as diferenças entre o controle da qualidade adotado no início do século XX e a gestão da qualidade praticada atualmente. � Mostrar graficamente e em ordem cronológica como aconteceu o processo evolutivo da qualidade. Introdução O conceito de qualidade e as técnicas utilizadas para melhorar a qualidade evoluíram muito do século passado para cá. Antigamente, a qualidade se restringia à inspeção do produto pronto no final do processo de fa- bricação. Atualmente, a qualidade ganhou importância e agora é vista como um processo de gestão. Neste capítulo, você vai estudar a evolução do conceito da qualidade, os aspectos do controle da qualidade adotados no século XX, a gestão da qualidade atualmente e a ordem cronológica das principais fases da evolução da qualidade. Evolução do conceito de qualidade A preocupação com a qualidade não é recente. Na pré-história, apesar de não existir um conceito explícito de qualidade, esta já era uma preocupação, uma vez que a necessidade de produzir utensílios cada vez melhores já existia. Os homens das cavernas tinham consciência de que, para serem bem-sucedidos em suas caçadas, necessitavam de ferramentas afiadas e resistentes, ou seja, adequadas às suas necessidades de caça. A preocupação com a qualidade e com a adequação de ferramentas permaneceu quando os homens começaram a plantar e colher, bem como a criar animais e abatê-los, para sua subsistência. Na Idade Média, os artigos em geral eram produzidos por artesãos, res- ponsáveis por todas as etapas do processo produtivo, desde a concepção e produção até a entrega e comercialização do produto. Normalmente, o cliente ia até o artesão e fazia sua encomenda. Dessa forma, os produtos eram únicos e produzidos um por vez, sendo que as peças eram ajustadas umas às outras de forma manual. Nesse sistema, a produção era pequena e a ligação direta do artesão com o consumidor permitia que este conhecesse suas reais necessidades e desejos, fazendo com que os produtos fossem feitos sob medida. Ao longo do processo produtivo, o artesão ia testando o produto junto ao cliente, possibilitando a eliminação de problemas ou imperfeições, deixando o produto exatamente como imaginado (GARVIN, 2002). A preocupação do arte- são era a de atender o cliente da melhor forma possível, pois a comercialização de seus produtos dependia da boa reputação e da qualidade de seu trabalho, divulgado por meio do boca a boca de clientes satisfeitos. Para os artesãos, o conceito de qualidade era atender bem o cliente; entregar o produto de acordo com o encomendado e usar matéria-prima de boa qualidade (CAMPOS, 2015). Com o aumento da demanda, as peças não podiam mais ser encaixadas umas nas outras manualmente e os artesãos passaram a contratar ajudantes, a quem ensinavam seu ofício e acompanhavam de perto, garantindo que a qualidade do trabalho não fosse perdida. No entanto, os produtos eram elaborados em partes e cada parte era de responsabilidade de uma pessoa. Foi então que os problemas começaram a surgir. Um dos grandes problemas foi a falha na comunicação entre elas, que acabava comprometendo o produto final. Além disso, a produção compartimentada de bens e serviços gerou inconsistências entre o produto/serviço planejado e o que era obtido e entre falhas e defeitos. Foi assim que surgiu a preocupação com a qualidade nos processos produtivos, fazendo surgir novos postos de trabalho. Com o advento da Revolução Industrial, no final do século XVIII, e as grandes companhias organizando o comércio, as demandas não tinham mais como ser atendidas de modo artesanal e muito menos era possível que os mestres do ofício acompanhassem tantos ajudantes. Dessa forma, estes se tornaram supervisores, orientando o trabalho executado por grande número de empregados e aprendizes. Além disso, o supervisor era responsável pela organização da produção, pela definição do padrão de qualidade e pela co- mercialização dos produtos. O trabalhador perde sua autonomia, mas, apesar da figura do supervisor, continua sendo o responsável direto pela qualidade, visto que o produto ainda está ligado a quem o produziu. A evolução histórica da qualidade2 Com a crescente divisão do trabalho nas fábricas e com problemascomo o ritmo acelerado ao longo da cadeia produtiva, o foco na correção de desvios e a segmentação do trabalho em tarefas menores, surge a figura do inspetor de qualidade, responsável por comparar os itens produzidos com um padrão ou uma especificação previamente definida, impedindo que produtos fora desse padrão chegassem ao consumidor. Assim, o supervisor perde a função de controle da qualidade. O grande volume de produção e a necessidade de peças intercambiáveis tornam a inspeção formal necessária, uma vez que o processo exigia um grande número de mão de obra qualificada. Isso era caro e demorado e os preços dos produtos, quase sempre, excediam o poder aquisitivo do consumidor médio, principalmente em relação a máquinas e equipamentos. Dessa forma, a produção industrial sofre um grande impacto da “adminis- tração científica” de Taylor, cujo principal fundamento é a separação entre o planejamento e a execução. Além disso, o método de trabalho, a grande ênfase dada à produtividade e o sistema de remuneração por tarefas trazem impacto negativo sobre a qualidade. Com o intuito de reverter tal situação, são criados departamentos centrais de inspeção ou de controle da qualidade, reunindo todos os inspetores da qualidade de vários departamentos de produção, que antes ficavam separados, com função somente corretiva, ou seja, de separar os produtos bons dos produtos defeituosos. Com isso, a responsabilidade sobre a qualidade passa a ser do departamento de controle de qualidade. Nesse período há também grande desmotivação e distanciamento da alta gerência e da produção em relação à qualidade, fazendo com que muitas peças defeituosas fossem produzidas e sucateadas no processo, apesar de a inspeção evitar que a maioria dos produtos defeituosos chegasse ao consumidor. O conhecimento das necessidades dos clientes e a participação do trabalhador não eram considerados nesse período (PALADINI, 1994; GARVIN, 2002). Outro problema foram os custos adicionais gerados pela inspeção total de todos os lotes produzidos, sem melhorar os produtos ou sua qualidade. Ou seja, os produtos ruins eram retidos, mas os produtos que não tinham qualquer problema não se tornavam melhores com a inspeção. Os inspetores aumentavam os custos e adicionavam tempo ao processo de produção, causando lentidão na entrega dos produtos ao consumidor e no recebimento pelas vendas e nada produziam ou agregavam. Somam-se a isso o risco de aprovação de produtos inadequados e a rejeição de produtos sem problemas, mesmo se tratando de inspeção de 100% dos lotes, visto que pode ocorrer uma falha humana e um erro na verificação de alguns produtos do lote. 3A evolução histórica da qualidade Dessa forma, o controle da qualidade por muitos anos foi limitado à veri- ficação, à contagem, à classificação pela qualidade e ao reparo nos produtos rejeitados, sem a identificação do problema que causava tais falhas para prevenir sua repetição, consideradas como fora do campo de atuação do depar- tamento de inspeção (PARANTHAMAN, 1990; GARVIN, 2002). O objetivo aqui era a obtenção da qualidade igual e uniforme em todos os produtos, ou seja, ênfase à conformidade. Em 1924, a importância da inspeção cede lugar à ênfase no estudo e na prevenção dos problemas relacionados à qualidade. Vários estudos foram desenvolvidos e, dentre eles, o trabalho de pesquisa voltado à resolução de problemas de qualidade dos produtos da Bell Telephone Laboratories, nos EUA, com a participação de Harold Dodge, Walter Andrew Shewhart, William Edwards Deming e Joseph Moses Juran, levou ao surgimento do controle estatístico de processos (CEP). � Harold Dodge: um dos principais arquitetos das ciências do controle estatístico. � Walter Andrew Shewhart: um dos “gurus da qualidade”, desenvolveu o controle estatístico da qualidade (CEQ) e propôs o ciclo PDCA. � William Edwards Deming: um dos “gurus da qualidade”, pai do controle da qualidade, ou “guru mestre”, foi responsável pela “Revolução da Qualidade”. � Joseph Moses Juran: um dos “gurus da qualidade” que defende o controle da qualidade como ferramenta gerencial (PEINADO; GRAEML, 2007). Para solucionar problemas de controle da qualidade da Bell Telephone Laboratories, Shewhart desenvolveu uma técnica poderosa, utilizando seus conhecimentos estatísticos, o Gráfico de Controle de Processo, que propunha o acompanhamento constante do processo produtivo, visando a identificar mudanças que ocorressem, ao invés da inspeção, apenas no final, com os produtos já acabados. Dessa forma, se reconhecia a variabilidade do processo como um aspecto importante da qualidade, ou seja, se alguma mudança fosse identificada, a qualidade dos produtos estaria ameaçada, sendo necessário investigar a causa da mudança para checar se os produtos poderiam ser aceitos ou não. A evolução histórica da qualidade4 A variabilidade pode afetar o produto. A matéria-prima, o operador e o equipamento são exemplos de fontes de variabilidade que podem apresentar variações em seu desempenho e sua característica. Conhecer essas variações possibilita, a partir de sua quantificação e do estabelecimento de limites estatísticos, manter o processo sob controle. Por meio dos gráficos de controle de processo, é possível identificar, minimizar e até mesmo suplantar as causas especiais de variação (MONTGOMERY; RUNGER, 2009). Assim, era possível detectar produtos potencialmente inaceitáveis antecipa- damente, de acordo com as mudanças identificadas. Tem início então um estilo de gestão que visa a identificar as reais causas do problema e agir sobre elas. O CEP inicia a preocupação de detecção das causas dos defeitos e prevenção destes. Simultaneamente, Harold French Dodge e Harry Gutelius Romig, membros do mesmo grupo na Bell Telephone Laboratories, desenvolveram técnicas de amostragem que possibilitavam inspeção e acompanhamento mais eficiente, eliminando a amostragem 100%, com foco na ação corretiva e sem influir no grande número de produtos defeituosos sucateados, ou seja, a inspeção era realizada por amostragem, sem necessidade de verificar todos os produtos. A estatística era utilizada para definir a quantidade da amostra e a frequ- ência das coletas necessárias para identificar as possíveis variações. Dessa forma, o controle de processo passa a ser feito com base nos princípios da probabilidade e da estatística (GARVIN, 2002; COSTA; EPPRECHT; CAR- PINETTI, 2004; RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Cabe destacar que o método por amostragem envolve riscos, uma vez que as amostras nunca são inteiramente representativas, o que pode ocasionar a aceitação de um lote de produtos defeituosos ou a rejeição de um lote de produtos de qualidade totalmente aceitável. Dessa forma, deve ser utilizada em conjunto com o controle estatístico do processo (GARVIN, 2002). 5A evolução histórica da qualidade � Harold French Dodge: um dos principais arquitetos da ciência do controle estatístico da qualidade. Foi criador de planos de amostragem para operações de inspeção com base científica em relação dos riscos controláveis. � Harry Gutelius Romig: elaborou a Dodge-Roming sampling tables (tabelas de amos- tragem Dodge-Romig) e outros planos de amostragem com risco do produtor e do consumidor; desenvolveu o conceito de limite da qualidade média resultante (AOQL), entre outros (BANAS QUALIDADE, [201-?]). Com o desenvolvimento das ferramentas de CEP, dos sistemas de medidas e do surgimento de normas específicas, houve grande evolução do controle de qualidade. Os conceitos de CEQ ficaram conhecidos no mundo durante a Se- gunda Guerra Mundial, principalmente nas indústrias que fabricavam produtos utilizados na guerra. A partir de então, muitos programas de capacitação em controle de processo e técnicas de amostragem foram oferecidos em grande quantidade, com o objetivo de utilizar métodos estatísticos para controlar a qualidade. Aqui, a ênfase era no controle da variabilidade (CAMPOS, 2015). Agrande complexidade dos produtos passa a exigir maior sofisticação do enfoque da qualidade, estimulando grande movimentação em torno do tema, como a fundação da American Society for Quality Control (ASQC), para formar especialistas na área; a publicação de um manual de engenharia da qualidade, em que Juran apresenta o conceito de custos da qualidade; os programas motivacionais com destaque para programas zero defeitos, nos EUA; o início da movimentação do controle estatístico da qualidade no Japão, iniciado por Juran, Deming e Feigenbaum; entre outros. � Armand V. Feigenbaum: um dos “gurus da qualidade”, introduziu a expressão controle de qualidade total (CQT) nos EUA e propôs a criação do sistema da qualidade, em que a alta gerência é a responsável (PEINADO; GRAEML, 2007). A evolução histórica da qualidade6 Tal complexidade faz com que a qualidade seja enfatizada de modo mais amplo, desde o projeto até a utilização do produto, envolvendo todos os depar- tamentos da empresa. Dessa forma, a ênfase deixa de ser na correção e passa a ser na prevenção. Tal mudança se dá no início dos anos 60, tendo como base os princípios do CQT (total quality control [TQC]) de Feigenbaum. Segundo esses princípios, a qualidade de produtos e serviços é um trabalho de todos, ou seja, todos os empregados devem participar para o desenvolvimento, a manutenção e a melhoria de qualidade. O controle tem início na elaboração do projeto, terminando apenas quando o produto ou serviço chega ao consumidor, que fica satisfeito, envolvendo também as áreas de engenharia do produto e do processo, produção, inspeção e expedição, marketing e, principalmente, de gestão (FEIGENBAUM, 1994). Essa abordagem buscou atuar sobre todas as potenciais causas da não con- formidade, ou seja, o principal objetivo era executar um controle de prevenção, em que era necessário o envolvimento de mais de uma área da empresa. O trabalho de Feigenbaum foi o norteador das normas de sistemas de garantia da qualidade em vários países e, mais tarde, originou as normas internacionais ISO 9000 (BARÇANTE, [2009]). A expansão do TQC teve grande participação de Juran, que defendia o controle da qualidade como ferramenta de gestão, tendo como processos básicos o planejamento, o controle e a melhoria da qualidade. Ele foi considerado o responsável pela transformação da gerência japonesa, defendendo o envolvi- mento da alta administração na administração da qualidade. Com isso, o foco em aspectos tecnológicos cede lugar a aspectos relacionados ao gerenciamento da organização como um todo, sem deixar de lado o CEQ, uma vez que para executar o TQC é necessário identificar as causas dos problemas por meio de métodos estatísticos. O que aconteceu, na verdade, foi a ampliação do CEQ, uma vez que todos os setores e todos os empregados da empresa deveriam participar do controle da qualidade. Foi esse envolvimento de todos que levou Ishikawa, em 1962, e em parceria com a Japanese Union of Scientists and Engineers (JUSE), a introduzir o conceito de círculos de controle de qualidade (CCQs) e adequar o TQC no Japão, disseminando a utilização de ferramen- tas de qualidade para todos os trabalhadores das fábricas, ou seja, todos os empregados eram capacitados em técnicas estatísticas para trabalhar com as chamadas sete ferramentas da qualidade, e, apesar de algumas já existirem, foram organizadas por Ishikawa para aperfeiçoar o TQC. 7A evolução histórica da qualidade � Kaoru Ishikawa: foi responsável pelos CCQs no Japão nos anos 60; organizou as sete ferramentas da qualidade; foi criador do diagrama de causa-efeito (espinha de peixe & Ishikawa). � JUSE: entidade que se tornou o centro de difusão das atividades de controle da qualidade no Japão. � CCQ: grupo de pessoas que se reúnem de forma voluntaria e com regularidade, visando a identificar, analisar e propor soluções para problemas de qualidade e de produção. Podem ser formados por pessoas da mesma área de trabalho e nível hierárquico ou por funcionários de diferentes áreas e níveis hierárquicos (FERRO; GRANDE, 1997). Nesse mesmo período, Shigeo Shingo associou as ferramentas e os conceitos da qualidade à produtividade, uma vez que não há qualidade sem produtividade e vice-versa, e desenvolveu o Poka-yoke. � Shigeo Shingo: considerado um gênio da engenharia, foi líder da produção da Toyota e desenvolveu o Poka-yoke. � Poka-yoke: técnica consagrada de gestão em processos industriais, que ajuda a evitar que falhas aconteçam nos processos de fabricação e/ou na utilização de produtos e que pode ser aplicada a qualquer situação que envolva riscos de falhas ou defeitos (ENDEAVOR, 2015b). Cabe destacar que, além das sete ferramentas da qualidade e do Poka- -yoke, outras ferramentas foram utilizadas, como Failure Mode and Effect Analysis (FMEA), Quality Function Deployment (QFD), Plan-Do-Check-Act (PDCA) e outras. A evolução histórica da qualidade8 � FMEA: análise de modos de falhas e efeitos; método utilizado na prevenção de falhas e análise de riscos de um processo, por meio da identificação de causas e efeitos para a implementação de ações que inibam tais falhas. � QFD: desdobramento da função qualidade; ferramenta criada na década de 60 pelo japonês Yoji Akao cujo principal objetivo é permitir a incorporação das reais necessidades dos clientes nos projetos de melhoria das equipes de desenvolvi- mento do produto. � PDCA: técnica de gestão interativa que consiste em quatro passos, quais sejam planejar, fazer, verificar e agir, cujo objetivo é melhorar os processos e os produtos de forma contínua (ENDEAVOR, 2015a). A ampliação do TQC fez surgir, ao final do século XX, o total quality management (TQM), ou gestão da qualidade total, cujo objetivo era gerenciar todos os aspectos internos e externos das empresas, com eficácia e eficiência, como gerenciar as relações com os clientes e fornecedores e demais envolvidos com a empresa. Ou seja, o TQM tem como objetivo administrar a organização com foco na qualidade em todos os aspectos, setores, pessoas e processos, em que a responsabilidade pela qualidade é de todas as áreas e todos os níveis da empresa (ROCHA, 2010). São alguns mandamentos do TQM: a satisfação total dos clientes, o de- senvolvimento da equipe, a gestão participativa, o aperfeiçoamento contínuo, a garantia da qualidade, a gestão de processos, a constância de propósitos e a disseminação de informações. Ou seja, educação e treinamento contínuos, envolvimento dos gestores para melhoria contínua, foco nos relacionamentos, requisitos claros e mensuráveis em todas as transações e qualidade como centro dos negócios (CAMPOS, 2004; ENDEAVOR, 2015c). Observe a seguir a evolução da qualidade (Figura 1). 9A evolução histórica da qualidade Figura 1. Evolução da qualidade. Fonte: Magnanti (2015). Era da Inspeção • Produtos são verificados um a um • Cliente participa da inspeção • Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade Era do Controle Estatístico • Produtos são verificados por amostragem • Departamento especializado faz inspeção da qualidade • Ênfase na localização de defeitos Era da Qualidade Total • Processo produtivo é controlado • Toda a empresa é responsável • Ênfase na prevenção de defeitos • Qualidade assegurada Controle da qualidade: do início do século XX à atualidade Ao longo do século XX, o conceito de qualidade sofreu grandes transforma- ções. Inicialmente, a qualidade tinha como foco a conferência do trabalho. No entanto, a saturação de produtos nos mercados, o aumento da competitividade entre as empresas e a globalização econômica fizeram com que esse conceito evoluísse, passando a ser uma exigência dos clientes. Diferentes enfoques sobre a qualidade foram adotados ao longo do tempo, até que esta se tornasse um aspecto primordial para o sucesso das empresas. O período da produção artesanal foi marcado pela total interação entre o produtor e o consumidor, permitindo que asnecessidades e expectativas do consumidor fossem plenamente atendidas. Em seguida, com o advento da Revolução Industrial, que provocou uma mudança significativa na aborda- gem da qualidade, ocasionada pelo aumento da escala da produção, surgiu o conceito de controle da qualidade, cujo foco era na inspeção do produto final, que avançou por boa parte do século XX. A situação começa a mudar na metade do século XX. Com o crescente aumento da produção e com custos adicionais de verificação de 100% dos produtos, a inspeção passou a ser nas diferentes etapas do processo produtivo, por meio do controle estatístico da qualidade, com foco na detecção de defei- tos. No entanto, a constatação de que muitos problemas de qualidade não se originavam de falhas técnicas, mas sim de falhas gerenciais, e o surgimento de novas tecnologias, que trouxeram maior confiabilidade às ferramentas de controle utilizadas, estimularam nova mudança na abordagem da qualidade, A evolução histórica da qualidade10 introduzindo os chamados sistemas de gestão da qualidade, cujo foco era a prevenção de defeitos, ou seja, ações de controle da qualidade com o foco voltado à detecção de defeitos foram substituídas por ações de administração da qualidade, prevenindo defeitos. Mais recentemente, o conceito de qualidade passou a ser visto pelas empre- sas como fundamental para o sucesso de seu produto e, consequentemente, para o sucesso dos negócios, passando formalmente para a função de gerenciamento, incorporando funções que vão desde a engenharia do produto ao marketing, passando a ser sistêmica e holística. A evolução do conceito de qualidade contribuiu para que as empresas enxergassem o quanto ela é fundamental para seu posicionamento estratégico e, dessa forma, foi estendida a todos os setores e atividades da empresa. A qualidade total busca a satisfação de todos os envolvidos na empresa, ou seja, clientes, fornecedores e distribuidores, bem como deve estar presente em todos os setores, níveis e áreas, incluindo vendas, finanças, compras e outras atividades não necessariamente ligadas de fato à produção (ROTH, 2011). As rápidas transformações ocorridas no final do século XX e no início do século XXI, como a globalização da economia, a internet, a formação de blocos econômicos, etc., levaram as empresas a buscar novas estratégias para sua sobrevivência e expansão no mercado. Assim, em um cenário complexo e dinâmico, as empresas começaram a dar maior atenção ao mercado e à concorrência, priorizando a qualidade do ponto de vista do cliente. A alta administração das empresas passa a ser responsável por definir estratégias de qualidade orientadas à satisfação do cliente. Dessa forma, buscam meios de quantificar as características do produto, garantindo que as especificações sejam atendidas, fazendo surgir as análises dos custos do ciclo de vida dos produtos, englobando gastos com garantia, atendimento e manutenção ao longo do tempo. A preocupação passa a ser a melhoria contínua, com envolvimento e com- promisso de todos, treinamento e formação de equipes Dessa forma, o TQM, com seu enfoque estratégico, foi adotado para responder às exigências de aperfeiçoamento impostas pelo mercado, ou seja, a responsabilidade pela qua- lidade passa do nível operacional e tático para o nível estratégico (CAMPOS, 2004; BARÇANTE, [2009]). Novas abordagens surgiram com o foco na gestão, como a separação dos custos da qualidade em inevitáveis e evitáveis, sendo os últimos chamados por Philip Bayard Crosby (1979) de custos de não conformidade. 11A evolução histórica da qualidade � Custos inevitáveis: relacionados à prevenção, como inspeção, amostragem, classi- ficação e outras iniciativas de controle da qualidade. � Custos evitáveis: relacionados a defeitos e falhas de produtos, como material suca- teado, horas de retrabalho, processamento de reclamações e prejuízos financeiros que resultam de clientes insatisfeitos (FREITAS, 2009). � Philip Bayard Crosby: considerado como um dos “gurus da qualidade”, defendeu o conceito de “zero defeitos” como sendo o padrão de desempenho dos sistemas de gestão, o que tornaria a qualidade perfeita, ou seja, “fazer certo na primeira vez”, com o envolvimento de todos os envolvidos nos processos, executando as tarefas de forma correta (PEINADO; GRAEML, 2007). Tal abordagem foi ampliada por Genichi Taguchi, ao considerar que tudo aquilo que se desviasse da perfeição geraria retrabalho, garantias, substituições e devoluções, fazendo com que o produto fosse um gerador de perdas para a sociedade. Dessa forma, reduzir perdas estaria relacionado à redução das variações, reforçando a importância do CEQ (GARVIN, 2002). � Genichi Taguchi: criador do método Taguchi, também conhecido como a técnica de design robusto, que utiliza métodos estatísticos para melhorar a qualidade dos produtos manufaturados (ROTH, 2011). De um tempo para cá, as organizações têm convivido com problemas que acabam gerando grande variabilidade em seus processos e produtos, fazendo com que convivam ainda com altos custos e índices de perdas, com reclamações e insatisfações de clientes internos e externos. O conjunto de técnicas e os variados estilos de abordagens relaciona- dos aos modelos de gestão não devem ser compreendidos de forma isolada. A evolução da gestão da qualidade chegou a tal ponto, que coloca em evidência a própria qualidade da gestão. Ao longo do século XX, a evolução dos métodos de medição veio acompanhando o desenvolvimento do conceito da qualidade de produtos e serviços, se adaptando às novas exigências e ao aumento de A evolução histórica da qualidade12 sua abrangência, provendo meios de reduzir as incertezas que envolvem as organizações, apesar do crescente desafio da melhoria a aperfeiçoamento contínuo. (BARÇANTE, [2009]). Veja a seguir o Quadro 1. Orientação: inspeção de qualidade Orientação: controle da qualidade Visão Controle de um problema a ser resolvido Visão Verificação de um problema a ser resolvido Foco Produto Foco Processo Ênfase Uniformidade do produto Ênfase Uniformidade do produto com menos inspeção Método Instrumentos de mediação Método Instrumentos e técnicas estatísticas Profissionais Inspeção, classificação e avaliação Profissionais Solução de problemas e aplicação de métodos estatísticos Responsável Departamento de inspeção Responsável Departamento de controle de qualidade Orientação: assegurar a qualidade (TQC) Orientação: gerenciamento de qualidade (TQM) Visão Coordenação de um problema a ser resolvido Visão Impacto estratégico como oportunidade Foco Meio ambiente interno e externo Foco Global da empresa Ênfase Toda cadeia produtiva (projeto até venda) Ênfase Necessidade do mercado e do consumidor Método Programas e sistemas Método Planejamento estratégico Quadro 1. Abordagem sobre qualidade (Continua) 13A evolução histórica da qualidade Fonte: Adaptado de Roth (2011). Quadro 1. Abordagem sobre qualidade Orientação: assegurar a qualidade (TQC) Orientação: gerenciamento de qualidade (TQM) Profissionais Mensuração e planejamento da qualidade Profissionais Objetivos, educação e treinamento Responsável Todos os departamentos Responsável Todos da empresa (Continuação) Dessa forma, podemos verificar que a diferença entre a abordagem sobre qualidade, desde o início do século XX até a atualidade, é que agora ela está relacionada às necessidades e aos anseios dos clientes. Evolução cronológica da qualidade Existem várias classificações sobre as chamadas “eras da qualidade”. A história e a evolução da qualidade que serão apresentadas aqui estão organizadas em quatro fases diferentes: inspeção, CEQ, CTQ e TQM. Vejamos a evolução cronológica dessas fases e suas características: � Inspeção: existe desde o início dos tempos. No tempo dos artesãos, era realizada informalmente com base em seus próprios critérios e de sua equipe. Tratava-se,então, de um procedimento natural. Com o aumento da produção e com a necessidade de peças intercambiáveis, a inspeção passou a ser formal. Dessa forma, o foco principal era a verificação, com ênfase na uniformidade do produto e os métodos utilizados eram os instrumentos de medição. Era responsabilidade dos profissionais da qualidade a inspeção, a classificação, a contagem, a avaliação e o reparo, já a responsabilidade pela qualidade era do departamento de inspeção. A inspeção era voltada ao produto acabado, visando a identificar produtos defeituosos, sem, no entanto, produzir qualidade. � CEQ: as primeiras ideias apareceram por volta de 1900 na indústria americana e os primeiros estudos têm início em 1920. O foco principal é o controle, com ênfase na uniformidade do produto com menor inspeção. A evolução histórica da qualidade14 Para o controle, são utilizadas ferramentas e técnicas estatísticas e o papel dos profissionais da qualidade é solucionar problemas e aplicar métodos estatísticos. A responsabilidade pela qualidade fica a cargo dos departamentos de fabricação e engenharia. São introduzidas técnicas de amostragem e outros procedimentos de base estatística. � CTQ: inicia na segunda metade da década de 1950 e tem como foco principal a coordenação, com ênfase em toda a cadeia de produção, desde a elaboração do projeto até o produto ao consumidor, e a contribuição de todos para impedir falhas na qualidade. O papel dos profissionais da qualidade é o planejamento, a medição e o desenvolvimento de programas e sistemas de qualidade. A responsabilidade pela qualidade é de todos os departamentos, com o envolvimento superficial da alta ad- ministração, no planejamento e na execução das diretrizes da qualidade. � TQM: inicia por volta dos anos 80, tendo como principal interesse o impacto estratégico, considerando a qualidade como oportunidade de diferenciação da concorrência. Sua ênfase está nas necessidades do mercado e do cliente e tem como métodos o planejamento estratégico, o estabelecimento de objetivos e a mobilização da organização. É papel dos profissionais da qualidade estabelecer metas, educação e treino contínuos e consultoria a outros departamentos de programas. A res- ponsabilidade pela qualidade é de todos na empresa, com a participação da alta administração na liderança. A evolução da qualidade no Brasil se dá a partir da década de 80, quando é lançado um movimento em favor da qualidade e que a partir de 1990 tem um crescimento significativo no país. No final do ano de 2000, o movimento pela qualidade no Brasil, segundo especialistas japoneses, era o segundo programa mais forte em favor da qualidade em todo o mundo (AZAMBUJA, 1996). Veja uma síntese do movimento brasileiro em prol da qualidade até 2004 (BARÇANTE, [2009]): � 1876: criação do Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) – RJ. � 1922: criação do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) – RJ. � 1930: criação de Pesquisas Tecnológicas (IPT) – SP. � 1940: criação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em 28 de setembro – RJ. � 1973: criação do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), em substituição ao INPM – RJ. 15A evolução histórica da qualidade � 1974: criação da Fundação Cristiano Ottoni, ligada à Universidade Fe- deral de Minas Gerais; criação da Associação Brasileira para o Controle da Qualidade (ABCQ) – São Bernardo do Campo, SP. � 1978: criação do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear (IBQN) – RJ; enviada ao Japão a primeira turma de brasileiros para ser treinada pela JUSE. � 1981: criação da Associação Mineira de Círculos de Controle da Qua- lidade (AMCCQ) – MG. � 1982: Ishikawa ministra uma série de palestras para executivos brasileiros. � 1983: Feigenbaum ministra uma série de palestras para executivos brasileiros; realização do I Seminário de Garantia da Qualidade do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) – SP. � 1985: Crosby ministra uma série de palestras a executivos brasileiros. � 1986: Deming ministra uma série de palestras a executivos brasileiros; lançamento do Projeto de Especialização em Gestão da Qualidade (PEGQ) pelo Governo. � 1987: criação do curso de pós-graduação lato sensu em Controle da Qualidade na Universidade Católica de Petrópolis – RJ. � 1988: criação da subárea de mestrado em Qualidade Industrial do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, e início da primeira turma. � 1989: emitido o primeiro certificado ISO 9000 no Brasil; criada a Marca de Conformidade do INMETRO. � 1990: lançado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP); instituído o mês de novembro como sendo o mês da qualidade; realizado o Congresso Internacional de Normatização e Qualidade da ABNT – SP; lançado pela presidência da VARIG (maior empresa privada nacional) o Processo TQC, Compromisso VARIG com a Qualidade; lançada a série de normas NBR-19000, tradução da série ISO 9000, pela ABNT. � 1991: realização do I Congresso Brasileiro da Qualidade e Produtividade da União Brasileira para a Qualidade (UBQ) – Vitória, ES; publicado um dos primeiros trabalhos no mundo sobre os Princípios de Deming aplicados à Educação: Deming vai à Escola; criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). � 1992: criação do Comitê da Qualidade – CB da ABNT; IBM Sumaré recebe o primeiro Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), categoria A evolução histórica da qualidade16 Indústria; realização do II CBQP/VIII Congresso Nacional de Círculos de Controle da Qualidade da UBQ – Rio de Janeiro, RJ. � 1993: realização do III CBQP/IX CNCCQ da UBQ – Gramado, RS; Xerox ganha o PNQ na categoria indústria. � 1994: realização do IV CBQP/X CNCCQ da UBQ – Belo Horizonte, MG; Citibank ganha o PNQ na categoria serviços; criação do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) – São Paulo, SP. � 1995: realização do V CBQP/XI CNCCQ da Associação Paranaense para a Qualidade – Curitiba, PR; SERASA ganha o PNQ na categoria serviços (primeira empresa nacional a recebê-lo). � 1996: emissão do milésimo certificado ISO 9000, em solenidade oficial no Rio de Janeiro; defendida e registrada a 42º dissertação de mestrado em Qualidade na COPPE/UFRJ; realização do VI CBQP/XII CNCCQ da UBQ – Salvador, BA; Alcoa Alumínio S/A – Poços de Caldas ganha o PNQ na categoria indústria. � 1997: ganham o PNQ: Citibank Corporate Banking, na categoria pres- tadora de serviços, e Copesul Cia., Petroquímica do Sul e Weg Motores Ltda., na categoria manufaturas; realização do VII CBQP/XIII CNCCQ – Vitória, ES. � 1998: Siemens Divisão Telecomunicações ganha o PNQ na categoria manufaturas; realização do VIII CBQP/XIV CNCCQ – Rio de Janeiro, RJ. � 1999: Caterpillar Brasil Ltda. ganha o PNQ na categoria manufaturas; Cetrel S.A. Empresa de Proteção Ambiental ganha o PNQ na categoria médias empresas; realização do IX CBQP/XV CNCCQ pela UBQ/ RN – Natal, RN. � 2000: SERASA Centralização de Serviços dos Bancos S/A ganha o PNQ na categoria grandes empresas; realização do X CBQP/XVI CNCCQ pela Associação Gaúcha para a Qualidade – Gramado, RS. � 2001: Bahia Sul Celulose S/A ganha o PNQ na categoria grandes em- presas; é realizado o XI CBQP/XVII CNCCQ – Ouro Preto, MG. � 2002: Gerdau Aços Finos Piratini e Politeno Indústria e Comércio S/A ganham o PNQ na categoria grandes empresas; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre ganha o PNQ na categoria organizações sem fins lucrativos; realização do XII CBQP da UBQ – Vitória, ES. 17A evolução histórica da qualidade � 2003: Dana Albarus – Divisão de Cardans ganha o PNQ na categoria grandes empresas; Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum ganha o PNQ na categoria médias empresas; realização do XIII CBQP da UBQ – Rio de Janeiro, RJ. � 2004: realização do XIV CBQP da UBQ – Gramado, RS; realização do Seminário Internacional: Qualidade, Sustentabilidade & Respon- sabilidade Social pela ABNT – São Paulo, SP. O processode evolução da qualidade no mundo se tornou mais unificado em razão da troca de informações e experiências aprendidas entre Ocidente e Japão, intensificada com o sistema de comunicações cada vez mais globa- lizado e eficiente. O advento da globalização impactou significativamente o movimento mundial em prol da qualidade. Veja alguns aspectos da gestão da qualidade destacados na era da globalização: � A qualidade passa a ser uma “linguagem internacional de negócios”, por meio do processo de certificação ISO 9000 e ISO 14000 e dos prêmios nacionais da qualidade. � A satisfação total do cliente não se restringe às características do pro- duto, passando a associar-se a aspectos sociais e ecológicos. Assim, o produto deve ser perfeito socialmente e ecologicamente. � A qualidade é uma ferramenta eficaz nas empresas. � Aumenta a parceria entre fornecedores e consumidores, diminuindo significativamente o leadtime. � Os conceitos abarcados pela qualidade propiciam que empresas se destaquem no aspecto liderança. � A consolidação da ideia de unidade estratégica do negócio permite que cada gerente tenha seu centro de custos e seja diretamente responsável por ele. � Os leadtimes diminuem visando a atender um mercado cada vez mais exigente, para estar à frente da concorrência. O fluxo a seguir (Figura 2) mostra resumidamente a evolução da qualidade no mundo e nos permite concluir que o que evoluiu foi o modo de se obter qualidade. A evolução histórica da qualidade18 Figura 2. Evolução do modo de obtenção da qualidade. Fonte: Barçante e Castro (1995). OBTER QUALIDADE ATRAVÉS → De inspeção dos produtos... ... do controle dos processo de produção de produtos... ... da organização que administra os processos que produzem os produtos... ... das pessoas que compõem a organização que administra os processos... ... do ambiente social que favorecem as ações das pessoas que compõem a organização... ... do meio-ambiente que interfere no ambiente social que favorece as ações das pessoas... ... da visão globalizada que influencia o meio-ambiente que interfere no ambiente social... ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ 1. A primeira era da qualidade surgiu no início do século XX com a Revolução Industrial. Antes da era da inspeção 100%, a qualidade dependia: a) do estado de conservação das máquinas. b) do chefe de produção. c) do conhecimento, da experiência e da habilidade do mestre artesão. d) do instrumento de medição utilizado. e) da engenharia de processo utilizada. 2. Qual é a principal característica presente na primeira era da qualidade? a) O uso de técnicas estatísticas. b) A abordagem por processos. c) A presença de indicadores de processo. d) A utilização de inspeção em 100% dos produtos no final do processo produtivo. e) O cuidado com o meio ambiente. 19A evolução histórica da qualidade 3. Qual foi a grande diferença entre a primeira e a segunda era da qualidade? a) Na primeira, as operações eram realizadas manualmente, já na segunda, por máquinas mecanizadas. b) Na primeira, a inspeção era realizada em 100% dos produtos, já na segunda, a inspeção é realizada por amostragem. c) Na primeira, não havia preocupação com o cliente, já na segunda, esta preocupação se tornou presente. d) Na primeira, não havia pesquisa de mercado, já na segunda, as empresas começaram a elaborar suas pesquisas. e) Na primeira, a qualidade utilizava técnicas estatísticas, já na segunda, passou a se preocupar com a sociedade como um todo. 4. São características da era do TQC: a) a preocupação com a satisfação das pessoas e a preocupação com a remuneração dos empregados. b) o início da utilização de inspeção por amostragem e o uso de indicadores de processo. c) a abertura de canais para recebimento de reclamações de clientes e a utilização de um rígido controle da qualidade do produto. d) o acionista preocupado com a qualidade do cliente e a frequente comparação com as concorrentes por meio de indicadores de desempenho. e) o uso de inspeção por amostragem como uma alternativa à inspeção 100% e a implementação de normas de qualidade, como a ISO 9001. 5. Qual a ordem cronológica correta das eras da qualidade? a) Era do artesanato, era da Revolução Industrial, era da qualidade total e era da gestão estratégica da qualidade. b) Era da inspeção 100%, era da qualidade total, era do controle da qualidade e era da gestão da qualidade. c) Era do CEP, era da inspeção 100%, era do TQC e era da gestão estratégica da qualidade. d) Era da inspeção 100%, era da qualidade total, era do CEP e era do TQC. e) Era da inspeção 100%, era do CEP, era do TQC e era da gestão estratégica da qualidade. AZAMBUJA, T. T. de. Documentação de sistema de qualidade: um guia prático para a gestão das organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1996. BARÇANTE, L. C.; CASTRO, G. C. Ouvindo a voz do cliente interno: transforme seu funcio- nário num parceiro. São Paulo: Qualitymark, 1995. A evolução histórica da qualidade20 BARÇANTE, L. C. A evolução da qualidade. [2009]. Disponível em: <https://professorbar- cante.files.wordpress.com/2009/05/capitulo1.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2018. BANAS QUALIDADE. Gurus da qualidade mundial: conhecendo a biografia dos grandes pensadores mundiais da qualidade. [201-?]. Disponível em: <http://revista.banasqua- lidade.com.br/gurus/files/assets/basic-html/page2.html>. Acesso em: 6 ago. 2018. CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). São Paulo: INDG, 2004. CAMPOS, W. A. ISO 90001:2008: interpretando e implementando. 2. ed. [s.l.]: Clube dos Autores, 2015. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=H-BKBQAAQ BAJ&printsec=frontcover&dq=ISO+9001:2008.+Interpretando+e+Implementando.& hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwih446f-d3bAhVBTZAKHdKCBOoQ6AEIKjAA>. Acesso em: 6 ago. 2018. COSTA, A. F. B.; EPPRECHT, E. K.; CARPINETTI, L. C. R. Controle estatístico de qualidade. São Paulo: Atlas, 2004. ENDEAVOR BRASIL. PDCA: a prática levando sua gestão à perfeição. 2015a. Disponível em: <https://endeavor.org.br/pdca/>. Acesso em: 6 ago. 2018. ENDEAVOR BRASIL. Poka yoke: como ter uma empresa à prova de erros. 2015b. Disponível em: <https://endeavor.org.br/poka-yoke/>. Acesso em: 6 ago. 2018. ENDEAVOR BRASIL. Qualidade total: o objetivo de todo empreendedor. 2015c. Disponível em: <https://endeavor.org.br/qualidade-total/>. Acesso em: 6 ago. 2018. FEIGENBAUM, A. V. Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994. FERRO, J. R.; GRANDE, M. M. Círculos de controle da qualidade (CCQs) no Brasil: sobre- vivendo ao "modismo". Revista de Administração de Empresas, v. 37, n. 4, p. 78-88, 1997. FREITAS, C. S. Gestão da qualidade. 2009. Disponível em: <https://kenye.files.wordpress. com/2010/01/gestao_da_qualidade_apostila_2009_1.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2018. GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade. 3. ed. Rio de Janeiro: QualityMark, 2002. MAGNANTI, M. Aulas gestão da qualidade & produtividade. Slideshare, 2015. Dispo- nível em: <https://pt.slideshare.net/Magnanti/aulas-gestao-da-qualidade-produtivi- dade-2015>. Acesso em: 6 ago. 2018. MONTGOMERY, D. C.; RUNGER, G. C. Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros. Rio de Janeiro: LTC, 2009. PALADINI, E. P. Qualidade total na prática: implantação e avaliação de sistemas de qualidade total. São Paulo: Atlas, 1994. PARANTHAMAN, D. Controle da qualidade. São Paulo: McGraw-Hill, 1990. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. RAMOS, E. M. L. S.; ALMEIDA, S. S.; ARAÚJO, A. R. Controle estatístico da qualidade. Porto Alegre: Bookman, 2013. 21A evolução histórica da qualidade ROCHA, H. M. Gestão pela qualidade. Rio de Janeiro: FGV Management, 2010. ROTH, C. W. Curso técnico em automação industrial: qualidade e produtividade. 3. ed. Santa Maria, RS: Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. Leiturasrecomendadas CORRÊA, H. L. Teoria Geral da Administração: abordagem histórica da gestão de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2003 JURAN, J. M.; GRYNA, F. M. Controle da qualidade handbook: conceitos, políticas e filosofia da qualidade. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991. v. 1. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. A evolução histórica da qualidade22 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Este vídeo relata a Evolução Histórica da Qualidade. No início falamos da qualidade na época da pré-história, passando pela época do artesanato, chegando até o surgimento da Primeira Era da Qualidade no período da Revolução Industrial (A Era da Inspeção 100%). Após, explicamos o período de transição para a Segunda Era da Qualidade (Era do CEP), em seguida, apresentamos as características da Terceira Era da Qualidade (o TQC). Por fim, comentamos um pouco sobre a Era em que vivemos atualmente: a Era da Gestão Estratégica da Qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Primeira Era da Qualidade surgiu no início do século XX com a Revolução Industrial. Antes da Era da Inspeção 100%, a qualidade dependia: A) Do estado de conservação das máquinas. B) Do chefe de produção. C) Do conhecimento, da experiência e da habilidade do mestre artesão. D) Do instrumento de medição utilizado. E) Da engenharia de processo utilizada. 2) Qual é a principal característica presente na Primeira Era da Qualidade? A) A uso de técnicas estatísticas. B) A abordagem por processos. C) A presença de indicadores de processo. D) A utilização de Inspeção em 100% dos produtos no final do processo produtivo. E) O cuidado com o meio ambiente. 3) Qual foi a grande diferença entre a Primeira e a Segunda Era da Qualidade? A) Na Primeira, as operações eram realizadas manualmente e na segunda por máquinas mecanizadas. B) Na Primeira Era da Qualidade a inspeção era realizada em 100% dos produtos e já na Segunda Era da Qualidade a inspeção é realizada por amostragem. C) Na Primeira Era da Qualidade não havia preocupação com o cliente e na Segunda Era da Qualidade esta preocupação se tornou presente. D) A diferença está no fato de que na Primeira Era da Qualidade não havia pesquisa de mercado e na Segunda Era da Qualidade as empresas começaram a elaborar suas pesquisas. E) A diferença é que na Primeira Era a qualidade utilizava técnicas estatísticas e na Segunda passou a se preocupar com a sociedade como um todo. 4) São características da Era do TQC ou Controle da Qualidade Total: A) A preocupação com a satisfação das pessoas e a preocupação com a remuneração dos empregados. B) O início da utilização de inspeção por amostragem e o uso de indicadores de processo. C) A abertura de canais para recebimento de reclamações de clientes e a utilização de um rígido controle da qualidade do produto. D) O acionista preocupado com a qualidade do cliente e a frequente comparação com as concorrentes através de indicadores de desempenho. E) O uso de inspeção por amostragem como uma alternativa à inspeção 100% e implementação de normas de qualidade como por exemplo a ISO 9001. 5) A ordem cronológica das Era da Qualidade é: A) Era do Artesanato, Era da Revolução Industrial, Era da Qualidade Total e a Era da Gestão Estratégica da Qualidade. B) Era da Inspeção 100%, Era da Qualidade Total, Era do Controle da Qualidade e a Era da Gestão da Qualidade. C) Era do CEP, Era da Inspeção 100%, Era do TQC e Era da GEQ. D) Era da Inspeção 100%, Era da Qualidade Total, Era do CEP, Era do TQC. E) Era da Inspeção 100%, Era do CEP, Era do TQC e Era da GEQ. NA PRÁTICA O Uso da Melhoria Contínua na Busca do Zero Defeito: Uma empresa denominada Alfa-Beta-Gama trabalha nos últimos cinco anos de maneira muito intensa para adotar um Sistema de Gestão da Qualidade de excelência. A empresa concentrou seus esforços na atenção total ao cliente e em produtos de alta qualidade e tecnologia. Os conceitos da Gestão Estratégica da Qualidade estão claramente presentes na rotina da empresa e os resultados estão mostrando para os acionistas e funcionários que este é o caminho para o sucesso! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A qualidade e a evolução das normas série ISO 9000 No artigo a seguir é feita uma análise do conceito de qualidade, seus principais mestres e contribuições, bem como a evolução das normas série ISO 9000, considerando aspectos históricos, normativos, gestão de processos, requisitos de clientes e impactos para o negócio das empresas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Primeira Era da Qualidade: A Inspeção 100% APRESENTAÇÃO Por volta de 1900 surge, na Europa, a Revolução Industrial. O processo de produção que antes era manual (processo artesanal) passa a ser rapidamente substituído pelo processo mecanizado, no qual predomina o uso de máquinas e de motores. É nesta época que surge a primeira Era da Qualidade, a Era da Inspeção 100%. Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos as principais características da Era da Inspeção 100%. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais características da Era da Inspeção 100%;• Relacionar as diferenças entre a época do processo artesanal e a Era da Inspeção 100%;• Apontar fatos que caracterizam a Primeira Era da Qualidade.• DESAFIO Com o surgimento da Revolução Industrial, inicia-se a Primeira Era da Qualidade a Era da Inspeção 100%. Esta Era se diferencia da Época do Artesanato, pois agora os produtos são fabricados em série. O desafio desta UA consiste em identificar a diferença entre a Época do Artesanato e a Era da Inspeção 100%. INFOGRÁFICO Veja o infográfico sobre a Primeira Era da Qualidade. CONTEÚDO DO LIVRO Este capítulo esclarece o impacto da qualidade dos produtos, serviços e processos no desempenho empresarial. Uma empresa cuja qualidade dos produtos é superior à dos produtos da concorrência se sairá melhor no mercado. Qualquer organização pode alcançar resultados empresariais mensuráveis ao aplicar métodos universais de gestão visando à qualidade. Esses métodos incluem design da qualidade, controle da qualidade e métodos para melhorar continuamente a qualidade dos bens, serviços e processos. Os líderes não devem imaginar que a gestão da qualidade é uma “moda passageira” ou que “já fazemos isso”. A gestão da qualidade é tão importante quanto a gestão das finanças. Sugerimos a leitura dos subtítulos do livro que falam sobre: - O século XX e a Qualidade; - O século XXI e a Qualidade. Boa leitura! Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D313f DeFeo, Joseph A. Fundamentos da qualidade para líderes / Joseph A. DeFeo, Joseph M. Juran ; tradução: Ronald Saraiva de Menezes ; revisão técnica: Altair Flamarion Klippel. – Porto Alegre : Bookman, 2015. xxiv, 260 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-85-8260-345-1 1. Gestão da qualidade. 2. Liderança. I. Juran, Joseph M. II. Título. CDU 005.6 CAPÍTULO 1 Acolha a qualidade Organizações que buscam incansavelmente entregar bens e serviços de alta qualidade deixam para trás as organizações que não o fazem. Este capítulo esclarece o impacto da qualidade dos produtos, serviços e processos no desempenho empresarial. Uma empresa cuja qualidade dos produtos é superior à dos produtos da concorrência se sairá melhor no mercado. Qualquer organização pode alcançar resultados empresariais mensuráveis ao aplicar métodos universais de gestão visando à qualidade. Esses métodos incluem design da qualidade, controle da qualidade e métodos para melhorar continuamente a qualidade dos bens, ser- viços e processos. Os líderes não devem imaginar que a gestão da qualidade é uma “moda passageira” ou que “já fazemos isso”. A gestãoda qualidade é tão importante quanto a gestão das fi nanças. Qualidade superior sempre leva a resultados empresariais sustentáveis Bens e serviços de qualidade superior geram resultados fi nanceiros sustentáveis, pois serem superiores aos dos concorrentes os torna vendáveis. Bens e serviços que são vendáveis por causa da qualidade impulsionam continuamente as receitas e mantêm os custos mais baixos, levando a uma maior lucratividade. A busca pela qualidade superior transforma a empresa e cria uma cultura favorável de qualidade. A mudança transformacional não acontece por acaso. Uma qualidade superior do ponto de vista do cliente precisa ser trabalhada. A empresa precisa fazer a quali- dade acontecer, e isso ocorre quando a organização estabelece a direção estratégica mediante uma busca incessante por ser a melhor em qualidade. Organizações que alcançam resultados superiores projetando, controlando e continuamente melhorando a qualidade de seus bens e serviços são muitas vezes denominadas empresas de classe mundial ou de vanguarda, pois alcançaram um estado de excelência em desempenho. Essas organizações são mais respeitadas pelos clientes, porque seus produtos e serviços superam suas expectativas, o que gera resultados empresariais sustentáveis. 2 Fundamentos da qualidade para líderes Essa busca pela excelência a partir de métodos de gestão da qualidade eleva a satisfação dos clientes, das partes interessadas (stakeholders) e dos funcionários, o que, por sua vez, permite que a organização sustente o desempenho por um prazo mais longo. A gestão da qualidade não é opcional Uma polêmica comum entre os gestores advém da pergunta: “Uma alta qualidade custa mais ou custa menos?”. Aparentemente, eles discordam entre si. Metade con- corda que ela é mais cara, enquanto a outra metade pensa que ela é mais barata. Ambas estão certas. A culpada é a palavra qualidade, pois ela é soletrada do mesmo jeito e pronunciada do mesmo jeito, mas tem múltiplos signifi cados. Para que sua gestão seja norteada pela qualidade e por resultados superiores, os líderes precisam defi nir a palavra qualidade pelo ponto de vista dos clientes – aquelas pessoas que compram os bens, serviços e até mesmo a reputação de sua organização. Em certa empresa de serviços fi nanceiros, os líderes não aceitavam propos- tas para reduzir processos comerciais dispendiosos porque seu pessoal lhes havia atribuído o rótulo melhoria da qualidade. Para alguns dos líderes, a melhoria da qualidade custaria dinheiro. Em sua opinião, qualidade superior signifi caria custo superior. Já outros achavam que custaria menos. Os subordinados foram forçados a rebatizar a proposta como melhoria da produtividade, a fi m de assegurar sua apro- vação e evitar mal-entendidos. Esses mal-entendidos podem ser minimizados se cada organização deixar clara a distinção entre os múltiplos signifi cados da palavra qualidade. No entanto, enquanto empregarmos uma única palavra para expressar ideias tão diferentes entre si, é inevitável que ocorram mal-entendidos. É preciso que os líderes tenham um entendimento comum a respeito da quali- dade para que consigam administrá-la. Em primeiro lugar, é necessário um acordo sobre o signifi cado da palavra qualidade quando aplicada ao contexto do seu negó- cio e de seus clientes. Uma vez defi nida, pode ser administrada. Se puder ser admi- nistrada, então pode ser utilizada para satisfazer clientes e partes interessadas. Sem uma compreensão comum da palavra qualidade, a organização continuará reali- zando muitas iniciativas em curto prazo para melhorar a qualidade e isso levará a uma “sobrecarga de iniciativas”. Já se tentou esclarecer essa questão com a adição de palavras complementares, e também já se tentou cunhar uma expressão curta a fi m de defi nir clara e simultane- amente os dois principais signifi cados da palavra qualidade. Uma defi nição popular foi apresentada pela primeira vez no Juran’s Quality Handbook, no qual foi defi nida como “apto a ser usado”. Já o Dr. Deming preferia “conformidade com as exigên- cias”. Robert Galvin, presidente emérito do conselho da Motorola, usava Seis Sigma CAPÍTULO 1 Acolha a qualidade 3 para distinguir o alto nível de qualidade relacionado aos defeitos. Outros afi rmaram que a qualidade signifi ca excelência de classe mundial ou ser o melhor no ramo e possuir excelência de desempenho. Aqui, defi nimos qualidade como adequação ao objetivo, sendo este defi nido pelas necessidades do cliente. Tais necessidades norteiam a compra dos bens e ser- viços oferecidos. Se uma organização compreende as necessidades de seus inúme- ros clientes, ela deve ser capaz de projetar bens e serviços adequados ao objetivo; ou seja, o que quer que a organização produza – um bem ou um serviço – precisa ser adequado ao seu objetivo. Para isso, precisa ter as características certas (carac- terísticas que satisfaçam as necessidades do cliente) e precisa estar isento de falhas. É improvável que apenas uma palavra consiga traduzir a profundidade do sig- nifi cado necessária para líderes e gestores que estejam decidindo sobre o rumo a ser tomado para melhorar a qualidade. O melhor a ser feito é compreender as distin- ções estabelecidas na Tabela 1.1 e defi nir a qualidade com base nessas distinções. A Tabela 1.1 apresenta dois dos muitos signifi cados da palavra qualidade. Ambos são de suma importância para a gestão da qualidade. TABELA 1.1 O significado de qualidade (de Juran e DeFeo, 2010) Características que atendem às necessidades dos clientes Isenção de falhas Uma qualidade superior permite que as organizações: ■ Aumentem a satisfação dos clientes ■ Produzam produtos vendáveis ■ Encarem a concorrência ■ Aumentem sua fatia de mercado ■ Gerem receitas de vendas ■ Garantam ágio em seus preços ■ Reduzam riscos Uma qualidade superior permite que as organizações: ■ Reduzam as taxas de erros ■ Reduzam o retrabalho e o desperdício ■ Reduzam falhas de campo e encargos com garantias ■ Reduzam a insatisfação dos clientes ■ Reduzam inspeções e testes ■ Abreviem o tempo para colocar novos produtos no mercado ■ Aumentem o rendimento e a capacidade ■ Melhorem o desempenho nas entregas O efeito principal recai na receita O efeito principal recai nos custos Maior qualidade custa mais Maior qualidade custa menos A qualidade impacta a receita e os custos A qualidade, em primeiro lugar, exerce um forte impacto nos custos. Nesse caso, qualidade signifi ca isenção de problemas que remetem a erros em escritório, defei- tos de fábrica, falhas de campo e assim por diante. Maior qualidade signifi ca menos erros, menos defeitos e menos falhas de campo. Quando os clientes percebem um serviço ou bem como de baixa qualidade, eles geralmente se referem a falhas, defei- tos, tempos de resposta defi cientes, etc. 4 Fundamentos da qualidade para líderes Para aumentar esse tipo de qualidade, uma organização precisa dominar ampla- mente a melhoria da qualidade, o que é muitas vezes chamado de avanço ou salto (breakthrough) ou Seis Sigma. Trata-se de um método sistemático de reduzir o número de defi ciências ou de “custos de qualidade” e criar um nível mais alto de qualidade e baixos custos relacionados a isso. Em segundo lugar, a qualidade impacta a receita. Nesse caso, maior qualidade signifi ca a entrega daquelas características (do bem ou do serviço) que melhor res- pondem às necessidades do cliente, tornando, assim, o produto ou serviço vendá- vel. Como os clientes valorizam a maior qualidade, estão dispostos a comprá-la, e é possível aumentar as receitas a partir disso. Sabe-se que os líderes de qualidade também conseguem embutir ágio em seus preços e elevar as receitas. Os efeitos nos custos e na receita interagem entre si. Bens ou serviços com defi ciências não apenas contribuem para os custos repassados ao fornecedor e ao cliente, como também desestimulam a repetição das vendas. Clientesque são afe- tados por falhas de campo fi cam, é claro, menos dispostos a comprar novamente do fornecedor culpado. Além disso, eles não guardam para si essa informação; eles a compartilham, e isso afeta as decisões de outros compradores em potencial, com efeitos negativos nas receitas de vendas do fornecedor. O efeito da má qualidade nas fi nanças organizacionais já foi amplamente estu- dado, mas faltam estudos sobre o efeito da qualidade na receita. Esse desequilíbrio é ainda mais surpreendente considerando que a maioria dos gerentes de alto escalão prioriza o aumento das receitas, não a redução dos custos. Esse mesmo desequilí- brio representa uma oportunidade de aprimorar a economia das organizações ao entender melhor o efeito da qualidade na receita. Qualidade, demonstrações fi nanceiras e mercado de ações Nos níveis superiores da gestão e entre os membros do conselho, há um grande interesse em parâmetros fi nanceiros como lucro líquido e preço das ações. Níveis diferentes de qualidade podem ter um forte impacto nesses parâmetros, mas o mesmo vale para outras variáveis, como escolhas de mercado, precifi cação e polí- ticas fi nanceiras. Atualmente, porém, é possível separar os benefícios de mercado advindos da gestão voltada para a qualidade. Durante os anos 1990, parte da imprensa especializada publicou matérias ques- tionando os méritos do Malcolm Baldrige National Quality Award, do Seis Sigma e de iniciativas similares de melhoria do desempenho. Essas matérias foram contes- tadas por análises do histórico do preço das ações de organizações que sabidamente praticavam esses métodos. O desempenho dos vencedores do prêmio Baldrige CAPÍTULO 1 Acolha a qualidade 5 foi comparado ao desempenho daquelas do índice S&P 500 como um todo, e os resultados foram surpreendentes. O preço das ações dos vencedores do Baldrige haviam avançado 89%, comparados a apenas 33% para o índice geral de 500 ações da Standard & Poor’s. (“Betting to Win on the Baldie Winners”, 1993, p. 81.) Esse grupo de vencedores fi cou conhecido como o “Fundo Baldie”. O impacto dos fatores universais da qualidade também fi ca claro para organi- zações que não são avaliadas pelo desempenho de seus valores em ativos. Michael Levinson, ganhador do prêmio de gestão municipal da cidade de Coral Springs em 2007, vê a questão da seguinte forma: “As pessoas perguntam ‘por que o Baldrige?’. Minha resposta é muito simples: nota triplo A em Wall Street das três agências de classifi cação de risco, projetos importantes dentro do prazo e do orçamento, um índice de satisfação das empresas de 96%, um índice de satisfação dos moradores de 94%, um índice de qualidade geral de 95% e um índice de satisfação de funcionários de 97%… é por isso que estamos envolvidos com o Baldrige”. Desenvolvendo liderança em qualidade no mercado A liderança em qualidade no mercado muitas vezes é resultado do ingresso em um novo mercado e da conquista de vantagem competitiva. No entanto, depois que a vantagem competitiva é obtida, ela precisa ser mantida por meio de uma melhoria contínua dos produtos e serviços, sob risco de perda caso outra organização decida redefi nir o mercado em questão aprimorando sua própria qualidade. Dessa forma, esse fornecedor conquistará vantagem competitiva sobre o líder de mercado e se tornará o líder de qualidade. Organizações que alcançam essa liderança geralmente chegam lá baseados em uma escolha estratégica, estabelecendo a liderança como uma meta formal de negócios e, então, defi nindo os meios para alcançá-la. Uma vez conquistada, a liderança de qualidade dura até que haja claros indícios cumulativos de que algum concorrente a tomou para si. Na ausência de tais indícios, a liderança pode persistir por décadas ou mesmo séculos. Contudo, qualidade superior tam- bém pode ser perdida em razão de alguma mudança catastrófi ca. O crescimento da qualidade da concorrência estimulou a expansão do planeja- mento estratégico de negócios para incluir a qualidade e a liderança em qualidade. Qualidade e fatia de mercado O crescimento na fatia de mercado se encontra muitas vezes entre as principais metas da alta gerência. Uma maior fatia de mercado signifi ca um maior volume de vendas, o que, por sua vez, acelera desproporcionalmente o retorno sobre o investi- mento, de acordo com o gráfi co de ponto de equilíbrio. 6 Fundamentos da qualidade para líderes Na Figura 1.1, à direita da linha de equilíbrio, podemos ver que um crescimento de 20% nas vendas gera um aumento de 50% no lucro, pois os custos fi xos não aumentam (na verdade, esses custos variam conforme o volume, mas não de forma proporcional). Os riscos envolvidos no aumento da fatia de mercado são modestos, já que a tecnologia, o produto ou serviço, as instalações, o mercado e assim por diante já existem e têm sua efi ciência comprovada. Efeito da vantagem competitiva em qualidade A vantagem competitiva em qualidade muitas vezes se traduz em uma maior fatia de mercado, porém sempre exige um esforço especial. A qualidade superior precisa estar claramente baseada na voz do cliente e nos benefícios que ele busca. Se a van- tagem competitiva em qualidade for defi nida estritamente em termos dos padrões internos da empresa, o cliente pode nem perceber esse valor. É bem possível, por exemplo, que pacientes estejam dispostos a arcar com o custo extra de viajar longas distâncias em busca de atendimento médico superior, como o da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, em vez de visitar um hospital local, já que percebem os resultados clínicos superiores disponíveis na Clínica Mayo. Unidades vendidas (milhares) Rec eit a d as ve ndas Custos totais Q u a n ti a ( U S $ ) C us to s fi xo s C us to s va ri áv ei s L uc ro 100 120 FIGURA 1.1 Gráfico de ponto de equilíbrio. (De Juran, 1999, p. 7.13) CAPÍTULO 1 Acolha a qualidade 7 Nenhuma vantagem competitiva em qualidade Caso não seja percebida qualquer vantagem competitiva em qualidade, então a fatia de mercado será determinada pelas habilidades de marketing, que assumem a forma de proposições persuasivas de valor, embalagens atraentes e assim por diante. Reduções de preço de várias formas podem proporcionar aumentos de fatia de mercado, mas isso geralmente é temporário, pois a concorrência não demora a tomar medidas similares. Porém, essas reduções de preço podem ter um efeito per- manente caso o custo subjacente de produção também tenha sido reduzido como resultado de aprimoramentos processuais, conferindo à empresa uma vantagem competitiva em termos de custo sobre suas concorrentes. Herança de características propensas a falhas A liderança de mercado pode ser perdida com a perpetuação de características propensas a falhas de modelos predecessores. As características culpadas são bem conhecidas, já que as falhas de campo resultantes mantêm os funcioná- rios de campo ocupados restaurando o serviço. Ainda assim, é muito comum a herança dessas características em novos modelos. Na melhor das hipóteses, tal herança perpetua um fardo sobre as vendas e sobre os custos; na pior, repre- senta um câncer que pode destruir linhas de produtos ou serviços aparente- mente saudáveis. Um exemplo notório ocorreu com a primeira copiadora xerográfi ca: a lista das 10 piores falhas de campo permaneceu essencialmente idêntica em um modelo após o outro. Um fenômeno similar existiu durante anos na indústria automotiva. Os motivos por trás dessa herança têm muito em comum com os desperdícios internos crônicos que abundam em tantas organizações por aí: 1. Os sinais de alarme estão desconectados. Quando o desperdício ocorre ano após ano, os contadores acabam incorporando-o aos orçamentos. Isso desco- necta os sinais de alarme – nenhum deles dispara contanto que o desperdício não ultrapasse o já orçado. 2. Não há um responsável direto por se livrar dos desperdícios. E existem ainda outros motivos. Os tecnólogos teriam a capacidade de eliminarboa parte da herança, mas geralmente se encontram sob intensa pressão por parte do pessoal de marketing para desenvolverem novos produtos ou serviços e características de processo a fi m de aumentar as vendas. Ademais, esses profi ssionais também não gostam de gastar seu precioso tempo limpando velhos problemas. Em sua cultura, o maior prestígio advém do desenvolvimento de novidades. Como resultado disso tudo, é bem possível que cada departamento esteja cum- prindo as responsabilidades que lhes foram atribuídas, mas que, ainda assim, a 8 Fundamentos da qualidade para líderes linha de produtos ou serviços esteja morrendo. Aparentemente, nada menos do que uma intervenção da alta gerência – estabelecendo metas para erradicação da herança – é capaz de acabar com o impasse. Mudanças nos hábitos dos clientes Os clientes são volúveis. Exemplos óbvios são a moda de vestuário e as preocupa- ções com a saúde. Hoje, o consumismo norteia os estilos de vida. Muitas pessoas reduziram o seu consumo de carne vermelha e aumentaram o de frango e peixe. Mas tais alterações não se limitam aos consumidores. Organizações industriais muitas vezes lançam “modismos” que ganham grande notoriedade por um breve período e depois desaparecem do mapa. O próprio boca a boca associado a isso tem um caráter passageiro similar. O século XX e a qualidade O século XX testemunhou o advento de novas e sólidas forças que exigiram reação das empresas. Essas forcas incluem um crescimento explosivo em ciência e tecnolo- gia; ameaças à segurança, à saúde e ao meio ambiente; crescimento do consumismo; e intensifi cação da concorrência internacional em termos de qualidade. Crescimento explosivo em tecnologia O crescimento da tecnologia possibilitou a expansão de inúmeros benefícios à sociedade humana: maior expectativa de vida, melhorias em transporte e comu- nicação, diminuição dos afazeres domésticos, novas formas de educação e entre- tenimento, e assim por diante. Novas e gigantescas indústrias emergiram para traduzir as novas tecnologias nesses benefícios, e nações que aceitaram a indus- trialização descobriram ser possível melhorar suas economias e o bem-estar de seus cidadãos. As novas tecnologias exigiram o desenvolvimento de projetos complexos e de execução precisa. Os métodos empíricos dos séculos anteriores não conseguiam desenvolver projetos apropriados de produtos e processos, então os rendimentos eram baixos e as falhas de campo eram altas. As organizações tentavam lidar com baixos rendimentos agregando inspeções para separar o bom do ruim. Elas tenta- vam lidar com as falhas de campo por meio de garantias e serviço de atendimento ao cliente, mas essas soluções eram caras e não conseguiram diminuir a insatisfação dos clientes. A necessidade, na verdade, era de impedir a ocorrência de defeitos e falhas em primeiro lugar. CAPÍTULO 1 Acolha a qualidade 9 Ameaças à segurança, à saúde e ao meio ambiente Com os benefícios da tecnologia vieram hóspedes indesejados. Para aceitar os benefícios, foram necessárias mudanças de estilo de vida, as quais deixaram a qua- lidade de vida dependente da continuidade do serviço. No entanto, muitos produ- tos eram propensos a falhas, resultando em muitas interrupções de serviço. Muitas delas eram ínfi mas, mas algumas eram graves e até mesmo assustadoras – ameaças à segurança e à saúde humanas, bem como ao meio ambiente. Assim, a necessidade fundamental passou a ser a qualidade. A continuidade dos benefícios advindos da tecnologia dependia da qualidade dos bens e serviços propor- cionados. A frequência e a gravidade das interrupções também dependiam da quali- dade – do desempenho contínuo e do bom comportamento dos produtos tecnológi- cos. Essa dependência fi cou conhecida como “vida por trás das represas da qualidade”. Movimento do consumismo Os consumidores receberam de braços abertos os recursos oferecidos pelos novos produtos, mas não os problemas de qualidade associados a eles. Os novos produ- tos eram pouco familiares – a maioria dos consumidores carecia de conhecimento técnico em tecnologia. Seus sentidos eram insufi cientes para avaliar quais dos pro- dutos concorrentes eles deveriam comprar, considerando que as afi rmações das organizações concorrentes eram muitas vezes contraditórias. Quando os produtos fracassavam em serviço, os consumidores se viam frus- trados com garantias vagas e um serviço defi ciente. “O sistema” parecia incapaz de oferecer recursos quando as coisas davam errado. Consumidores individuais não tinham como enfrentar o sistema, mas coletivamente poderiam ser pode- rosos, tanto em termos econômicos quanto políticos. Durante o século XX, um movimento do “consumismo” emergiu para materializar esse potencial e ajudar os consumidores a lidarem de forma mais efi caz com esses problemas. Esse mesmo movimento também conseguiu estimular novas legislações governamentais para a proteção do consumidor. (Para saber mais, ver Juran, Managerial Breakthrough, 1995, Capítulo 17.) Intensifi cação da qualidade da concorrência internacional Cidades e países competem entre si há séculos, e a forma mais antiga desse tipo de concorrência começou, provavelmente, no âmbito dos armamentos militares. Essa concorrência se intensifi cou durante o século XX sob as pressões das duas grandes guerras mundiais, o que levou ao desenvolvimento de novas e terríveis armas de destruição em massa. 10 Fundamentos da qualidade para líderes Outro estímulo à concorrência veio do advento das organizações multinacio- nais. Grandes organizações descobriram que barreiras comerciais estrangeiras eram obstáculos à exportação de seus produtos e, para driblar tais barreiras, muitas estabeleceram subsidiárias internacionais como bases para competir em mercados externos, incluindo competição por qualidade. No século XX, a demonstração mais espetacular do poder da concorrência pela qualidade veio dos japoneses. Após a Segunda Guerra Mundial, as organizações japonesas descobriram que o Ocidente não estava disposto a comprar seus pro- dutos – o Japão ganhara a reputação de fabricar e exportar produtos fajutos. Mas essa incapacidade de vender serviu como alerta e foi um estímulo para lançar a revolução japonesa da qualidade nos anos 1950. Em poucas décadas, essa revolução lançou o Japão para a posição de liderança mundial em qualidade, o que permitiu que o país se tornasse uma superpotência econômica. Foi um fenômeno sem prece- dentes na história industrial. O século XXI e a qualidade O efeito cumulativo dessas forças sólidas foi “levar a qualidade para o palco prin- cipal”. Um movimento tão sólido logicamente deveria ter estimulado uma reação correspondente – uma revolução na gestão voltada para a qualidade. No entanto, foi difícil para as organizações reconhecerem a necessidade de tal revolução – elas careciam dos alertas necessários. Medidas tecnológicas de qualidade até existiam nos chãos de fábrica, mas medidas gerenciais de qualidade não existiam nas salas de reunião. Por isso, exceto pelo Japão, a necessária revolução de qualidade só foi começar ao fi nal do século XX. Para que essa revolução se difunda pelo mundo, ainda serão necessárias muitas décadas – o século XXI inteiro. Portanto, enquanto o século XX foi o “século da produtividade”, o século XXI deve fi car conhecido como o “século da qualidade”. A incapacidade do Ocidente de reagir prontamente à necessidade de uma revo- lução na qualidade levou a uma crise generalizada. Os anos 80 testemunharam ini- ciativas de qualidade em inúmeras organizações. A maior parte delas fi cou muito aquém de suas metas, mas algumas tiveram um sucesso retumbante e produziram lições e modelos que devem servir como guias nas décadas por vir. Atualmente, qualquer país pode alcançar vantagem competitiva em qualidade, pois os métodos, as ferramentas e o know-how já existem. Um país emergente pode agora proporcionar mais qualidade do que outro que já esteja produzindo há sécu-los. Atualmente, e num futuro próximo, todas as organizações de todos os segmen- tos industriais precisarão continuar lutando pela perfeição. Elas precisam entrar num estado de excelência em desempenho. CAPÍTULO 1 Acolha a qualidade 11 As lições aprendidas Organizações bem-sucedidas em suas iniciativas de qualidade lançaram mão de inúmeras estratégias. Análises mostram que, apesar das diferenças entre as organi- zações, houve muitas estratégias similares. Dentre elas: 1. Clientes e qualidade devem receber prioridade máxima. A satisfação dos clientes é a principal meta operacional consolidada na visão e nos planos estratégicos. Isso deve constar nas políticas corporativas e nas tabelas de desempenho. 2. Líderes precisam criar um sistema de excelência de desempenho. Todas as orga- nizações que alcançaram resultados superiores chegaram lá graças a um pro- grama de melhoria sistemática ou a um modelo sistemático para a mudança. Tais modelos permitem que ocorram saltos organizacionais. 3. Líderes devem dar prioridade estratégica à qualidade. O plano de negócios foi aberto para incluir metas de qualidade e o uso de folhas de avaliação do tipo balanced scorecard ano após ano. 4. Busque continuamente o benchmark das melhoras práticas. Essa abordagem foi adotada para estabelecer metas baseadas em resultados superiores já alcançados por outros. 5. Promova a inovação contínua e a melhoria dos processos. O plano de negócios foi aberto para incluir metas de melhoria. Reconheceu-se que a qualidade é um alvo em movimento; portanto, não há fi m para os processos de melhoria. 6. Ofereça treinamento em gestão voltada para a qualidade, além dos métodos e fer- ramentas. O treinamento foi disseminado para além do departamento de quali- dade, envolvendo todos os cargos e escalões, inclusive a alta gerência. 7. Crie um foco em garantia por toda a organização. Esse foco recai na melhoria e na garantia de que todos os bens, serviços, processos e funções numa organiza- ção sejam de alta qualidade. 8. Projeto a projeto, crie equipes multifuncionais. Equipes multifuncionais adotadas para dar prioridade aos resultados organizacionais, não a metas funcionais, e posteriormente ampliadas para incluir fornecedores e clientes são fundamen- tais para criar saltos de desempenho. Elas se concentram nas “poucas e vitais” oportunidades de melhoria. 9. Delegue poder aos funcionários. Isso inclui treinar e conferir poder de modo que a mão de obra participe do planejamento e da melhoria das “muitas e úteis” oportunidades. A motivação foi garantida com a ampliação dos reconhecimen- tos e das premiações para aqueles que respondem às mudanças exigidas pela revolução da qualidade. Parâmetros foram desenvolvidos para permitir que a alta gerência pudesse fazer um acompanhamento do progresso rumo à garan- tia de satisfação dos clientes, ao enfrentamento da concorrência, à melhoria da qualidade, e assim por diante. A alta gerência tomou as rédeas da gestão voltada para a qualidade ao reconhecer que determinadas responsabilidades não eram delegáveis – elas tinham de ser conduzidas pelos gerentes de mais alto escalão. 12 Fundamentos da qualidade para líderes 10. Renove seu comprometimento com a qualidade superior. A cada ano a concor- rência e a tecnologia continuam levando a novos níveis de satisfação do cliente, e acabarão resultando na perda do status de qualidade. Revise anualmente o progresso e o desempenho de seus produtos e serviços para garantir que as metas de qualidade estejam nos mais altos níveis de desempenho. O primeiro passo para se tornar líder de mercado em qualidade exige a compreensão dos meios de se criar uma cultura de qualidade. Esse é o assunto do Capítulo 2. Referências “Betting to Win on the Baldie Winners.” (1993). Business Week, October 18. Juran, J. M. (1995). Managerial Breakthrough. McGraw-Hill, New York. Juran, J. M. (1999). Juran’s Quality Handbook, 5th ed. McGraw-Hill, New York. Juran, J. M. and DeFeo, J. A. (2010). Juran’s Quality Handbook, The Complete Guide to Performance Excellence, 6th ed. McGraw-Hill, New York. DICA DO PROFESSOR Este vídeo apresenta as principais características da Primeira Era da Qualidade: A Inspeção 100%. O vídeo compara a época do processo artesanal com a qualidade da época da Revolução Industrial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Antes do surgimento da Primeira Era da Qualidade o processo de fabricação era praticamente artesanal. Qual das afirmações abaixo é considerada uma característica do processo artesanal? A) a) A produção artesanal é caracterizada por técnicas de medição por amostragem. B) b) Na época do artesanato, todos os produtos eram inspecionados no final do processo produtivo. C) c) O processo artesanal que antecede a Revolução Industrial é caracterizado pelo contato direto como o cliente e pela inspeção de qualidade na presença do cliente. D) d) O processo artesanal é caracterizado pela inspeção e registro das medições para possibilitar a rastreabilidade. E) e) O mestre artesão designava um de seus aprendizes para realizar a inspeção da qualidade da matéria prima a ser utilizada no processo. 2) Qual é o fato ou acontecimento que caracteriza o início da Primeira Era da Qualidade? A) a) O descobrimento do aço. B) b) A ampliação da oficina do mestre artesão e o início da medição durante o processo produtivo. C) c) A Segunda Guerra Mundial. D) d) A criação da escrita. E) e) A Revolução Industrial e a produção em massa. 3) Podemos considerar como uma característica da Primeira Era da Qualidade: A) a) A inspeção em 100% dos lotes de matéria prima. B) b) A inspeção por amostragem. C) c) A medição da amostra com uma frequência de tempo previamente definida. D) d) A inspeção em 100% dos produtos no final do processo de fabricação. E) e) A conferência de qualidade no final de cada etapa do processo produtivo. 4) O final da Primeira Era da Qualidade se deu: A) a) Com a chegada da Revolução Industrial. B) b) Com a chegada da Segunda Guerra Mundial e de técnicas de medição por amostragem. C) c) Com os avanços alcançados pelo processo artesanal. D) d) Com a preocupação voltada à satisfação dos clientes. E) e) Com o surgimento das normas ISO 9001. 5) Podemos considerar uma diferença entre o processo artesanal e a Primeira Era da Qualidade o fato de que: A) a) O processo artesanal é caracterizado pela medição em 100% dos produtos, enquanto a Primeira Era da Qualidade trabalha com medições por amostragem. B) b) O processo artesanal se preocupa com a satisfação dos clientes enquanto na Primeira Era da Qualidade as peças são ajustadas umas às outras. C) c) No processo artesanal há inspeção de qualidade no momento da entrega do produto para o cliente, enquanto na Primeira Era da Qualidade 100%, os produtos são inspecionados no final do processo produtivo. D) d) O processo artesanal é caracterizado por medição por amostragem, enquanto na Era da Inspeção 100% todos os produtos são inspecionados. E) e) No processo artesanal havia controle de qualidade durante o processo e na Primeira Era da Qualidade a inspeção só era realizada com o produto pronto. NA PRÁTICA Imagine você vivendo na época da Revolução Industrial: Não deveria ser muito difícil garantir a qualidade do produto acabado? Ainda bem que os processos evoluíram e que a Gestão da Qualidade atualmente pensa diferente, não é verdade? SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Evolução Histórica da Gestão da Qualidade Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evolução Histórica da Gestão da Qualidade Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Segunda Era da Qualidade: O Controle Estatístico de Processo - CEP APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos a Segunda Era da Qualidade, a Era do Controle Estatístico de Processo. Em 1931, WalterShewhart publicou o livro Economic Control of Quality of Manufactured Product; esta obra foi importantíssima para a evolução do controle da qualidade. Shewhart defendia o conceito de que todo o processo produtivo apresenta variação e esta variação faz parte do processo. Shewhart criou os limites de controle do processo e, desta forma, era possível diferenciar uma causa comum de variação do processo de uma causa especial. Os conceitos defendidos por Shewhart e amplamente divulgados por W. E. Deming e J. M. Juran permitiram que os produtos fossem inspecionados por amostragem - uma alternativa à Inspeção 100%, surgindo assim uma nova Era da Qualidade, o Controle Estatístico de Processo (CEP). Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as diferenças entre a Era da Inspeção 100% e a Era do Controle Estatístico da Qualidade. • Indicar as diferenças entre uma causa comum de variação do processo e uma causa especial. • Reconhecer a aplicação da estatística no controle do processo produtivo.• DESAFIO Uma determinada empresa produz cadernos escolares. O processo envolve corte do papel, impressão das linhas e montagem da espiral e capa. Este processo produtivo, assim como qualquer processo, apresenta Causas Comuns de variação do processo e Causas Especiais. Classifique as sentenças abaixo, indicando CC para Causas Comuns e CE para Causas Especiais: a) As linhas do caderno estão levemente inclinadas, mas dentro do limite de inclinação estabelecido pela norma da qualidade. b) Uma folha do caderno está em branco, ou seja, não foram impressas as linhas nesta folha. c) A largura da página está um pouco maior do que o limite máximo de especificação. d) Duas folhas de papel estão coladas. e) O diâmetro externo do espiral está dentro da tolerância admissível, mas próximo ao limite inferior de especificação. f) O caderno deveria ter 96 folhas, mas verificou-se que um caderno está com 94 folhas. g) A furação está deslocada, não permitindo a montagem do espiral do caderno. INFOGRÁFICO Este infográfico apresenta uma comparação entre a Era da Inspeção 100% e a Era do Controle Estatístico de Processo. CONTEÚDO DO LIVRO Sugerimos a leitura do item Conformidade dos Processos, do livro Fundamentos da Qualidade para Líderes. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D313f DeFeo, Joseph A. Fundamentos da qualidade para líderes / Joseph A. DeFeo, Joseph M. Juran ; tradução: Ronald Saraiva de Menezes ; revisão técnica: Altair Flamarion Klippel. – Porto Alegre : Bookman, 2015. xxiv, 260 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-85-8260-345-1 1. Gestão da qualidade. 2. Liderança. I. Juran, Joseph M. II. Título. CDU 005.6 CAPÍTULO 7 Assegurando processos repetitivos e conformes 179 também pode ser quantifi cada, mesmo durante os estágios de planejamento. Os projetistas de processos podem usar as informações resultantes para tomar decisões sobre a adequação dos processos, escolher processos alternativos, avaliar a neces- sidade de revisão de processos, e assim por diante, no que diz respeito à uniformi- dade inerente e sua relação com as metas do processo. Quando aplicado ao planejamento voltado para o controle da qualidade, o estado da capacidade dos processos é um importante fator para decisões sobre a frequência de mensuração de desempenho de processo, agendamento de manuten- ção de instalações, etc. Quanto maior a estabilidade e a uniformidade do processo, menor a necessidade de mensuração e manutenção frequentes. Aqueles que planejam o controle da qualidade devem ter uma rigorosa compre- ensão do conceito de capacidade de processo e sua aplicação em ambas as áreas de planejamento: planejamento dos processos operacionais e planejamento dos con- troles. Conformidade dos processos O processo está em conformidade com as metas de qualidade? O avaliador deve responder essa pergunta interpretando as diferenças observadas entre o desempe- nho e as metas do processo. Quando o desempenho atual realmente diferir das metas de qualidade, uma pergunta é suscitada: qual é a causa dessa diferença? Causas especiais e comuns de variação As diferenças observadas geralmente se originam de uma dentre duas formas: (1) a mudança observada é causada pelo comportamento de uma variável importante do processo (ou pela entrada de uma nova e variável importante) ou (2) a mudança observada é causada pela inter-relação de diversas variáveis menores no processo. Shewhart chamou (1) e (2) de causas atribuíveis e não atribuíveis de variação, respectivamente (Shewhart, 1931). Mais tarde, Deming cunhou os termos causas especiais e comuns de variação (Deming, 1986). A partir daqui, empregaremos a terminologia de Deming. Causas especiais são tipicamente eventuais e muitas vezes têm suas origens em variáveis individuais. Nesses casos, é comparativamente fácil realizar um diagnós- tico e aplicar ações corretivas. Causas comuns são tipicamente crônicas e costumam ter suas origens na inter-relação entre múltiplas variáveis menores. Como resul- tado, é difícil diagnosticá-las e aplicar ações corretivas. Este contraste deixa clara a importância de distinguir as causas especiais das causas comuns quando se está analisando as diferenças. A necessidade de se fazer tais distinções é ampla e irres- 180 Fundamentos da qualidade para líderes trita. As causas especiais são o tema do controle de qualidade; as causas comuns são o tema da melhoria da qualidade. O gráfi co de controle de Shewhart O ideal é que os avaliadores possam dispor de ferramentas para ajudá-los a dis- tinguir entre causas especiais e causas comuns. Uma ferramenta elegante para este propósito é o gráfi co de controle de Shewhart (ou apenas gráfi co de controle) mos- trado na Figura 7.8. Na Figura 7.8, a escala horizontal é o tempo e a escala vertical é o desempenho da qualidade. Os pontos plotados exibem o desempenho da qualidade à medida que o tempo progride. O gráfi co também exibe três linhas horizontais. A linha do meio é a média do desempenho passado, sendo, assim, o nível esperado de desempenho. As outras duas linhas são linhas limítrofes estatísticas, que visam separar as causas especiais das causas comuns, baseando-se em algum nível escolhido de probabilidade, como uma probabilidade de 1 em 100. Pontos dentro dos limites de controle O ponto A do gráfi co destoa da média histórica. No entanto, como ele está den- tro das linhas limítrofes, esta diferença pode ser devida a causas comuns (com uma probabilidade de mais de 1 para 100). Assim, assumimos que não há causa especial. Na ausência de causas especiais, as suposições predominantes incluem as seguintes: 0,384 0,380 0,376 0,372 0,368 0,364 0,360 0,356 0,352 Número de amostras E sp es su ra m éd ia d a p ar ed e d as a m o st ra s A B Limite superior de controle (LSC) Média de todas as amostras Limite inferior de controle (LIC) FIGURA 7.8 Gráfico de controle de Shewhart. (De “Quality Control”, Leadership for the Quality Century, Juran Institute, Inc.) CAPÍTULO 7 Assegurando processos repetitivos e conformes 181 ■ Somente causas comuns estão presentes. ■ O processo está em estado de controle estatístico. ■ O processo está se saindo o melhor possível. ■ As variações precisam perdurardevem ser toleradas. ■ Nenhuma ação precisa ser tomada – ela poderia piorar a situação (um fenô- meno conhecido como caça ou sabotagem (hunting ou tampering). Essas suposições estão sendo contestadas por um amplo movimento de melho- ria da uniformidade dos processos. Alguns processos não exibem ponto algum fora dos limites do gráfi co de controle, e ainda assim a inter-relação de variáveis meno- res acaba produzindo defeitos. Em determinado exemplo, um processo em controle estatístico foi mesmo assim melhorado em uma ordem demagnitude. O avanço foi feito por uma equipe mul- tifuncional de melhoria, que identifi cou e abordou algumas das variáveis menores. Este exemplo desafi a a suposição tradicional de que as variações causadas por cau- sas menores precisam ser toleradas (Pyzdek, 1990). Em outros casos, o desafi o é mais sutil. É possível, como antes, não haver ponto algum fora dos limites de controle, e que, além disso, nenhum defeito esteja sendo produzido. Ainda assim, os clientes demandam cada vez mais uniformidade. Exemplos são encontrados nos processos empresariais (precisão de estimativas) bem como em processos fabris (uniformidade química de um lote para outro, uni- formidade de componentes passando por montagem aleatória). Tais demandas de clientes estão em alta, e elas forçam os fornecedores a empreenderem projetos para aumentar a uniformidade até mesmo das menores variáveis do processo. Para isso, existem muitos tipos de gráfi cos de controle. Pontos fora dos limites de controle O ponto B também difere da média histórica, mas ele está fora das linhas limítrofes. Neste caso, a probabilidade vai contra isto ser resultado de causas comuns, com uma chance menor do que 1 para 100. Sendo assim, assumimos que o ponto B é resultado de causas especiais. Tradicionalmente, tais pontos “fora de controle” são indicados para ações corretivas. De preferência, todos os indicados devem estimular uma pronta ação corretiva para restaurar o status quo. Na prática, porém, muitas dessas mudanças fora de controle não resultam em uma ação corretiva, e o motivo usual é que as mudanças envolvendo causas especiais são numerosas demais – o pessoal disponível não tem como lidar com todas elas. Portanto, prioridades são estabelecidas com base no signifi cado econômico ou em outros critérios de importância. Ações corretivas são tomadas nos casos de alta prioridade; o restante precisa esperar sua vez. Algumas 182 Fundamentos da qualidade para líderes mudanças em baixos níveis de prioridade podem ter de esperar por um bom tempo por uma ação corretiva. Outra razão para falta de ação corretiva é o duradouro mal-entendido entre limites estatísticos de controle e tolerâncias de qualidade. É fácil se deixar levar pela elegância e sensatez do gráfi co de controle. Isso aconteceu em larga escala durante os anos 40 e 50. Eis a seguir dois exemplos de minha experiência pessoal: ■ Uma grande fábrica de componentes automotivos instalou um gráfi co de con- trole em cada uma das máquinas. ■ Uma fábrica de fi os de viscose criou um “gabinete de guerra” com mais de 400 gráfi cos de controle. Em praticamente todos os casos desse tipo, os gráfi cos foram mantidos pelos departamentos de qualidade, mas ignorados pelo pessoal operacional. A experiên- cia com tamanhos excessos levou certos líderes e projetistas a se mostrarem cau- telosos quanto ao emprego de gráfi cos de controle, especialmente por eles serem detectores sensíveis de mudança. Na verdade, os gráfi cos deveriam ser justifi cados tomando-se por base o valor agregado. Tais justifi cativas incluem: ■ As necessidades dos clientes estão diretamente envolvidas. ■ Existe risco para a segurança humana ou para o meio ambiente. ■ Economias substanciais estão em jogo. ■ A precisão adicional é necessária para o controle. Limites estatísticos de controle e tolerâncias Durante a maior parte da história humana, objetivos e metas consistiam em carac- terísticas de produtos ou em características de processos, geralmente defi nidos em palavras. Expressões como “a cor é vermelha” e “o comprimento é sufi ciente” representam metas, mas estão abertos demais a interpretação. O crescimento da tecnologia estimulou o crescimento da mensuração, além de uma tendência para defi nir metas e objetivos em números precisos. Ademais, o conceito de limites, ou “tolerâncias”, acabou emergindo em torno das metas e objetivos. Por exemplo: ■ Noventa e cinco por cento das remessas devem obedecer à data agendada de entrega. ■ O comprimento da barra deve ter uma tolerância de 1 mm do número especi- fi cado. ■ O prazo de resposta aos clientes é de 10 minutos, com 2 minutos para mais ou para menos. Essas metas tinham um status ofi cial. Elas foram estabelecidas por designers de produtos ou processos e publicadas como especifi cações ofi ciais. Os designers eram CAPÍTULO 7 Assegurando processos repetitivos e conformes 183 os legisladores ofi ciais da qualidade – eles promulgavam as leis. O pessoal operacio- nal era responsável por obedecer às leis da qualidade – cumprindo com as metas e tolerâncias especifi cadas. Limites estatísticos de controle na forma de gráfi cos de controle eram pratica- mente desconhecidos até a década de 1940. Até então, estes gráfi cos não tinham status ofi cial. Eles eram elaborados e publicados por especialistas de qualidade do departamento de qualidade. Para os trabalhadores, os gráfi cos de controle repre- sentavam um conceito misterioso e alheio ao seu universo. Além disso, os gráfi cos ameaçavam criar ainda mais trabalho na forma de ações corretivas desnecessárias. O pessoal operacional raciocinava da seguinte forma: sempre foi da nossa respon- sabilidade tomar ações corretivas quando o produto mostrou alguma inconformi- dade. Esses gráfi cos são tão sensíveis que detectam mudanças nos processos que não resultam de produtos fora de conformidade. A partir daí, somos levados a tomar ações corretivas mesmo quando os produtos satisfazem metas de qualidade e tolerâncias. Isso tudo levou a um mal-entendido quanto às responsabilidades. Os especia- listas em qualidade estavam convencidos de que os gráfi cos de controle proporcio- navam alertas prévios muito úteis e que não deviam ser ignorados. Ainda assim, os departamentos de qualidade mostravam-se incapazes de reconhecer que agora os trabalhadores estavam confusos quanto às suas responsabilidades. Para estes trabalhadores, não parecia haver necessidade de ações corretivas, contanto que os produtos cumprissem com as metas de qualidade. Os líderes de mais alto escalão daquela época não ofereciam qualquer auxílio; eles não se envolviam nesse tipo de questão. Como os gráfi cos de controle não tinham status ofi cial, os trabalhadores solucionavam seu problema ignorando os gráfi cos. Isso contribuiu, nos anos 50, para o colapso do movimento conhecido como controle estatístico da qualidade. Os anos 80 criaram uma nova onda de interesse na aplicação de ferramentas estatísticas para o controle da qualidade. Muitos trabalhadores passaram por trei- namento em controle estatístico de processos. Este treinamento ajudou a esclarecer parte do mal-entendido, mas alguma confusão ainda persiste. Para se livrar dela, os leitores devem: ■ Esclarecer de quem é a responsabilidade pelas ações corretivas referentes a pon- tos fora dos limites de controle. Esta ação é obrigatória ou discricionária? ■ Estabelecer diretrizes sobre as ações a serem tomadas quando há pontos fora dos limites estatísticos de controle, mas o produto ainda está dentro das tole- râncias de qualidade. A necessidade de diretrizes para a tomada de decisões fi ca evidente na Figura 7.9. As diretrizes para os quadrantes A e C são óbvias. Se o processo ou o produto 184 Fundamentos da qualidade para líderes se mostrarem conformes com suas respectivas metas, o processo pode continuar rodando. Caso nem o processo nem o produto se mostrem em conformidade, o processo deve ser interrompido e ações corretivas devem ser tomadas. As diretrizes para os quadrantes B e D muitas vezes são duvidosas, e esta dúvida tem sido fonte de bastante confusão. Se a escolha da ação for delegada aos trabalhadores, os líderes devem estabelecer diretrizes claras. Inúmeros esforços foram feitos para desenvolver limites de gráfi cos de controle de modo a ajudar os trabalhadores a detectar se a qualidade dos produtos está ame- açando exceder os limites de qualidade. Autocontrole e controlabilidadeQuando recebem todo o necessário para fazer um bom trabalho, os trabalhadores permanecem em um estado de autocontrole. O necessário inclui: ■ Meios para saber quais são as metas. ■ Meios para saber qual é o desempenho real. ■ Meios para modifi car sua atuação caso este desempenho não esteja em confor- midade com as metas. Para satisfazer este critério, é preciso contar com um pro- cesso operacional que (1) seja inerentemente capaz de alcançar as metas e (2) seja provido de características que possibilitem o ajuste do processo pelos tra- balhadores conforme necessário para deixá-lo em conformidade com as metas. Produto Conforme B Duvidoso C Claro A Claro D Duvidoso Inconforme C o n fo rm e P r o c e s s o In co n fo rm e FIGURA 7.9 Áreas de tomada de decisão. (De “Making Quality Happen”, Juran Institute, Inc., 1988. Usado com permissão) CAPÍTULO 7 Assegurando processos repetitivos e conformes 185 Esses critérios de autocontrole são aplicáveis a processos em todas as funções e em todos os escalões, de um gerente geral até um trabalhador não supervisor. Para os líderes, é muito fácil concluir que os critérios recém-mencionados foram cumpridos. Na prática, porém, há muitos detalhes a serem trabalhados antes que esses critérios possam ser satisfeitos. A natureza destes detalhes fi ca evi- dente pelos checklists que vem sendo preparados para processos específi cos a fi m de garantir que os critérios de autocontrole sejam satisfeitos. Exemplos destes che- cklists incluem aqueles desenvolvidos para designers de produtos, trabalhadores de produção e pessoal administrativo e de apoio. Caso todos os critérios de autocontrole tenham sido satisfeitos ao nível do traba- lhador, quaisquer inconformidades resultantes são ditas controláveis pelo trabalha- dor. Caso algum dos critérios de autocontrole não tenha sido satisfeito, o planeja- mento da gestão foi incompleto, ou seja, a gestão não proporcionou todos os meios para colocar em prática as atividades dentro do ciclo de feedback. Os produtos não conformes resultantes de tal planejamento defi ciente são então considerados con- troláveis pela gestão. Em tais casos, é arriscado para os líderes responsabilizarem os trabalhadores pela qualidade. A responsabilidade pelos resultados deve, é claro, ser vinculada à controlabi- lidade. No passado, contudo, muitos líderes não estavam cientes da extensão da controlabilidade e de sua predominância ao nível dos trabalhadores. Estudos con- duzidos por Juran nos anos 30 e 40 mostraram que neste nível, a proporção de não conformidades controláveis pela gestão em relação às não conformidades contro- láveis pelo trabalhador fi cava na ordem de 80/20. Estas descobertas foram confi r- madas por outros estudos durante a década de 50 e 60. A razão de 80/20 ajuda a explicar o fracasso de tantos esforços das organizações em solucionar os problemas de qualidade exclusivamente pela motivação dos trabalhadores operacionais. Efeito da decisão de conformação de processo Idealmente, deve ser de responsabilidade dos próprios trabalhadores determinar se o processo está em conformidade com as metas de qualidade. Não há um ciclo de feedback mais curto que este. Para muitos processos, isso de fato acontece. Em outros casos, porém, a decisão de conformidade ou não do processo é designada a um pessoal não operacional: verifi cadores e inspetores independentes. As razões para isso incluem: ■ O trabalhador não se encontra num estado de autocontrole. ■ O processo é fundamental para a segurança humana ou do meio ambiente. ■ A qualidade não recebe prioridade máxima. ■ Não há sufi ciente confi ança mútua entre líderes e trabalhadores. DICA DO PROFESSOR Este vídeo apresenta a Segunda Era da Qualidade: A Era do Controle Estatístico da Qualidade (CEP). O vídeo fala sobre os principais personagens que criaram e difundiram o uso do CEP e explica a diferença entre uma Causa Comum e uma Causa Especial de variação do processo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quem são os personagens responsáveis pela difusão do Controle Estatístico de Processo? A) Henry Ford e Winslow Taylor. B) Ishikawa e Crosby. C) Genichi Taguchi e Kaoru Ishikawa. D) Edwards Deming e Joseph Juran. E) Armand Feigenbaum e Philip Crosby. 2) São características de causas comuns de variação: A) Estão presentes em qualquer processo, fazem parte dos processos e não há como eliminá- las, somente reduzi-las. B) Geram refugos, retrabalhos e reclamações de clientes. C) Sua detecção é mais fácil e impactam na satisfação do cliente, gerando devoluções. D) Indicam que o processo perdeu controle estatístico e que alguma coisa diferente aconteceu no processo. E) Estão sempre presentes e indicam que alguma coisa muito diferente aconteceu no processo. 3) São características de causas especiais de variação do processo: A) Fazem parte dos processos, não há como eliminá-las, somente reduzi-las e estão sempre presentes. B) Indicam que o processo perdeu controle estatístico e que alguma coisa diferente aconteceu no processo. C) São de difícil detecção e estão sempre presentes no processo produtivo. D) São variações que fazem parte do processo e não chegam a gerar problemas de qualidade. E) É possível conviver com elas, pois fazem parte do processo e estão sempre presentes, não sendo possível eliminá-las. 4) Diante de qual cenário o uso de medições por amostragem e o Controle Estatístico do Processo começaram a ter maior aceitação na indústria? A) Com a chegada da produção em massa nos Estados Unidos, juntamente com a Primeira Guerra Mundial. B) No auge da Revolução Industrial, na Inglaterra. C) Com o aumento das empresas buscando a certificação ISO 9001. D) Com o aumento da demanda por produtos industrializados e com a necessidade de aumento da velocidade de produção de armas na época da Segunda Guerra Mundial. E) Durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. 5) Qual foi a grande contribuição de Walter Shewhart para a qualidade? A) A criação do Gráfico de Pareto e da medição por amostragem. B) A criação dos limites de controle do processo baseado em estatística e do uso de medições por amostragem. C) A utilização do Diagrama de Causa e Efeito para combater os problemas de qualidade. D) A criação do Programa 5S's - Limpeza e Organização. E) O uso de inspeção 100% em pontos críticos do processo. NA PRÁTICA Você acredita que a inspeção 100% é confiável? Você acha que se os produtos são inspecionados um a um o cliente está protegido contra problemas de qualidade? Imagine a inspeção final de um processo produtivo. Todos os produtos passam por uma inspeção dimensional, que é realizada por inspetores da qualidade. Os inspetores verificam se a medida de comprimento do produto está dentro do especificado utilizando uma trena. A mesma pessoa que executa a operação de corte do comprimento também é responsável por inspecionar o produto e garantir o atendimento da especificação. Uma vez ajustada, a máquina corta os produtos sempre na mesma posição. Os produtos não são 100% inspecionados, pois definiu-se uma frequência de inspeção baseada nos estudos de variação do processo do produto. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Manual para elaboração de cartas de controle para monitoramento de processos de medição quantitativos em laboratórios de ensaio (Páginas 13 e 14) Veja por meio da leitura deste manual que a elaboração e implementação e uso de cartas de controle em laboratórios, utilizando o programa Microsoft Excel e o software Action, de livre acesso na rede, garante maior segurança ao analista e ao cliente quanto à confiabilidade do resultado apresentado e demonstra que o processo de medição está sob controle estatístico Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Treinamento: CEP – Controle Estatístico doProcessos – Base: Manual CEP AIAG – 2a. Edição Acompanhe por meio deste vídeo a correta aplicação do conceito estatístico de monitoramento de processo e implementação eficaz deste sistema tomando por base o Manual SPC harmonizado entre, Chrysler Ford e General Motors. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Terceira Era da Qualidade: O Controle da Qualidade Total (Total Quality Control - TQC) APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos o TQC - Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total. O TQC surgiu nos Estados Unidos, foi aperfeiçoado no Japão após a década de 60 e faz parte da Terceira Era da Qualidade. Entenda, nesta UA, as principais características do TQC! Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais características do Controle da Qualidade Total.• Relacionar as diferenças entre a Terceira Era da Qualidade e as outras Eras da Qualidade.• Apontar fatos que caracterizam o surgimento da Terceira Era da Qualidade (Era do TQC).• DESAFIO Os textos abaixo apresentam a descrição de como funciona o Sistema de Gestão da Qualidade de três empresas. Indique qual destas empresas utiliza os conceitos trazidos pelo TQC. Apenas uma delas está na Era do TQC. Justifique a sua resposta. INFOGRÁFICO Este infográfico apresenta as características do Controle da Qualidade Total - TQC. CONTEÚDO DO LIVRO Sugerimos a leitura do item O que significa gestão voltada para a qualidade, do Livro Fundamentos da Qualidade para Líderes. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D313f DeFeo, Joseph A. Fundamentos da qualidade para líderes / Joseph A. DeFeo, Joseph M. Juran ; tradução: Ronald Saraiva de Menezes ; revisão técnica: Altair Flamarion Klippel. – Porto Alegre : Bookman, 2015. xxiv, 260 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-85-8260-345-1 1. Gestão da qualidade. 2. Liderança. I. Juran, Joseph M. II. Título. CDU 005.6 CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade Este capítulo aborda os conceitos fundamentais que defi nem a gestão voltada para a qualidade. Ele estabelece distinções fundamentais entre programas contemporâ- neos diferentes, embora similares, para melhorar seu desempenho, e ainda iden- tifi ca os processos-chave ou universais pelos quais a qualidade é administrada e integrada ao tecido estratégico das organizações. A seguir também será demons- trado que, embora a gestão voltada para a qualidade seja um conceito atemporal, ela passou por frequentes revoluções em reação à procissão infi ndável de mudanças e crises enfrentadas por nossas sociedades. O conceito dos universais Enquanto estudava álgebra e geometria, o Dr. Juran se deparou com duas ideias abrangentes, que acabou colocando em prática mais tarde. Uma era o conceito dos universais, e a outra era a distinção entre teoria e fato. Seu curso de álgebra colocou-o pela primeira vez diante do uso de símbolos para criar modelos generalizados. Ele sabia que 3 crianças + 4 crianças = 7 crianças, e que 3 grãos de feijão + 4 grãos de feijão = 7 grãos de feijão. Agora, ao usar um símbolo como x, ele podia generalizar o problema da soma de 3 + 4 e escrevê-lo como um universal: 3x + 4x = 7x Esse universal afi rma que 3 + 4 é sempre igual a 7, não importando o que o x representa – crianças, grãos de feijão ou qualquer outra coisa. Para ele, o conceito dos universais foi uma luz ofuscante. Logo ele descobriu que os universais abunda- vam, mas que precisavam ser descobertos. Eles assumiam diversos nomes – regras, fórmulas, leis, modelos, algoritmos, padrões. Uma vez descobertos, eles poderiam ser aplicados na resolução de muitos problemas. 14 Fundamentos da qualidade para líderes Em 1954, em seu texto Managerial Breakthrough, o Dr. Juran delineou os pre- cursores de muitos universais que levavam a resultados superiores nos negócios. O primeiro foi o universal do controle: um processo para impedir mudanças adver- sas. O segundo foi a sequência universal para melhoria aos saltos, ou avanços em melhoria (breakthrough improvement), o que hoje é conhecido como Seis Sigma. Em 1986, o Dr. Juran descobriu seu terceiro universal, o planejamento voltado para a qualidade, tanto no âmbito estratégico quanto no âmbito de design de produtos e serviços. Ele também acabou percebendo que esses três processos gerenciais – planejamento, controle e melhoria – estavam inter-relacionados, o que o levou a desenvolver o diagrama da Trilogia Juran, que retrata essa relação. A Trilogia Juran incorpora os processos fundamentais que uma organização pode usar para esta- belecer uma gestão voltada para a qualidade, e como um corolário, esses mesmos processos constituem um importante setor da ciência da gestão voltada para a qua- lidade. Em nossa economia, há uma crescente conscientização de que o domínio desses processos universais é fundamental para alcançar a liderança em qualidade e resultados superiores. O que signifi ca gestão voltada para a qualidade? Durante muitas décadas, a expressão usada para defi nir qualidade era simplesmente adequação ao uso. Era geralmente aceito que, se uma organização produzisse bens adequados ao uso – na opinião do cliente –, então esses bens eram considerados de alta qualidade. Durante a maior parte do século XX, essa defi nição fazia sentido, pois era fácil de entender. Isso signifi ca que, caso os clientes comprassem um bem e ele funcionasse, eles fi cavam satisfeitos com a qualidade. Para os fabricantes desse produto, ele era fácil de produzir, contanto que os fabricantes compreendessem bem as exigências do cliente. Historicamente, a gestão voltada para a qualidade era usada para “garantir a conformidade do produto com as exigências”, e a maior parte das tarefas recaia na cadeia de suprimento, nas operações e nos departamentos de qualidade. Tais funções eram vistas como responsáveis pela produção, inspeção, detecção e garantia de que o produto atendia às exigências. Dois foram os motivos que levaram à modifi cação dessa duradoura defi nição de gestão voltada para a qualidade. O primeiro deles foi a percepção de que a qua- lidade de um bem físico – sua adequação ao uso – era mais ampla do que mera- mente sua conformidade às especifi cações. A qualidade também era determinada pelo design, pela embalagem, pelo cumprimento da encomenda e da entrega, pelo serviço de campo e por todo o serviço relacionado ao bem físico. Os departamentos de operações e de qualidade não podiam, portanto, gerir a qualidade sozinhos, pois não contavam com os recursos para isso. CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 15 O segundo motivo foi um deslocamento na economia, quando a produção dominada por bens migrou para uma produção fortemente centrada em serviços e informações. Ao longo do século XX, demos preferência à expressão adequado ao objetivo em vez de adequado ao uso para defi nir a qualidade de um produto, que inclui bens, serviços e informações. Quer seja um bem, um serviço ou uma informação, um produto deve ser adequado ao objetivo dos clientes, que não se restringem ao usuário fi nal. Clientes são todos aqueles impactados pelo produto, como o comprador, o usuário, o fornecedor, as agências regulatórias e praticamente qualquer um que seja impactado pelo produto desde sua concepção até o descarte. Com tamanha expansão do conjunto de clientes e de suas necessidades, os métodos e as ferramentas para uma gestão voltada para a qualidade precisam crescer. Se os clientes e suas necessidades não forem atendidos, pode-se gerar um produto que não cumpre com a defi nição de adequação ao objetivo, tornando-se, portanto, não vendável, e levando a um desempenho fi nanceiro defi ciente. A gestão voltada para a qualidade pode ser defi nida como “um conjunto de métodos universais que qualquer organização, seja uma empresa, umaagência, uma universidade ou um hospital, pode usar para alcançar resultados superiores mediante o desenvolvimento de projetos, a melhoria contínua e a garantia de que todos os produtos, serviços e processos atendem às necessidades dos clientes e das demais partes interessadas”. A gestão voltada para a qualidade é um conjunto de métodos gerenciais que organizações bem-sucedidas empregaram para garantir que seus produtos – bens, serviços e informações – atendessem às exigências dos clientes. A evolução desde a conformidade com as exigências até a adequação ao objetivo continuará à medida que mais setores adotarem os métodos e as ferramentas utilizados na gestão voltada para a qualidade. Organizações e países emergentes estão criando novos meios de adoção de métodos de gestão de acordo com suas necessidades específi cas, e, atu- almente, toda uma gama de ramos comerciais, incluindo hospitais, companhias de seguro, laboratórios médicos e organizações de serviços fi nanceiros, está gerindo a qualidade a fi m de garantir um desempenho superior. A adoção acelerada de técnicas de gestão voltada para a qualidade teve início ao fi nal dos anos 1970, quando empresas norte-americanas foram gravemente afetadas por muitas concorrentes japonesas. A qualidade dos bens manufatura- dos japoneses geralmente era vista por seus compradores como superior, o que levou à defi nição de qualidade japonesa ou qualidade Toyota. Esses termos pas- saram a ser sinônimos da qualidade superior necessária para atender às necessi- dades dos clientes. Assim que uma melhor opção foi oferecida aos consumidores e clientes, isso levou algumas organizações norte-americanas à falência e outras a competirem num novo patamar de desempenho. Cedo ou tarde, muitas orga- 16 Fundamentos da qualidade para líderes nizações norte-americanas, e posteriormente europeias, retomaram os mercados perdidos por meio da qualidade superior. Uma das primeiras a conseguir isso foi a Motorola. Ela foi afetada por organi- zações japonesas como a NEC, a Sony e outras. Devido à sua trajetória de sucesso e à melhoria da qualidade, a Motorola se tornou a primeira vencedora do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige nos Estados Unidos. A própria Motorola evoluiu a partir do modelo universal de melhoria da qualidade e criou o modelo Seis Sigma para melhoria da qualidade. Desde então, a qualidade entre as empre- sas norte-americanas melhorou, e a revolução da qualidade acabou virando uma revolução global. De 1986 até hoje, esse modelo de melhoria da qualidade vem se tornando o modelo mais valioso para muitas indústrias ao redor do mundo. Atualmente, organizações como Toyota, Ford, Samsung, GE, Quest Diagnostics, Clínica Mayo e Telefónica, da Espanha, tornaram-se líderes globais em qualidade em suas indústrias. Cada uma dessas organizações também contribuiu para os métodos da ges- tão voltada para a qualidade, e cada nova organização a utilizar a Trilogia Juran a adapta às suas necessidades específi cas. Muitas usam ferramentas Lean, Seis Sigma e Quality by Design para gerir a qualidade em seus processos empresariais e em todas as etapas da cadeia de valor. Atualmente, a maior parte das organizações globais administra a qualidade a partir da alta gerência, e não a partir do departamento de qualidade. A gestão da qualidade é de responsabilidade de toda a hierarquia de liderança e se tornou uma força motriz por trás de muitas estratégias de negócios. É crescente o número de organizações que declara em seus relatórios anuais que “nós seremos a melhor em nosso ramo, teremos a melhor qualidade e ofereceremos o mais alto nível de satis- fação ao cliente”. Caso alcançadas, essas metas permitirão que conquistem o sucesso fi nanceiro, a mudança cultural e clientes satisfeitos. Conforme as necessidades dos clientes e da sociedade foram mudando, os meios para atender às suas necessidades também mudaram. Os métodos de ges- tão voltada para a qualidade usados em 1980 talvez não funcionem atualmente. Mesmo os universais que hoje proporcionam resultados superiores talvez precisem ser modifi cados algum dia. Uma lição aprendida foi que muitas organizações que já foram líderes de qualidade não conseguiram sustentar seu desempenho com o passar do tempo. Por que isso aconteceu? Será que elas não conseguiram sustentar seus resultados devido à uma fraqueza na liderança? Será que foram fontes exter- nas? Será que foi uma má execução das estratégias? Essas perguntas desafi aram muitos profi ssionais que precisavam defender seus programas de qualidade, mas tentaremos respondê-las. CAPÍTULO 2 Três métodos universais de gestão da qualidade 17 Já apresentamos duas das muitas defi nições da palavra qualidade no que tange bens e serviços. Ambas são de fundamental importância para a gestão voltada para a qualidade: 1. A qualidade no que se refere ao nível de satisfação dos clientes com as carac- terísticas de um bem ou serviço. Nesse sentido da palavra, qualidade superior geralmente custa mais caro. 2. A qualidade no que se refere à erradicação de falhas (defi ciências). Nesse sen- tido, o signifi cado da palavra está voltado aos custos, e “qualidade superior geralmente custa menos”. Ao adotar essas simples defi nições de qualidade no que se refere a bens e servi- ços, cria-se uma abordagem sistemática para gerir a qualidade: ■ Criando processos para projetar bens e serviços que atendam às necessidades das partes interessadas (externas e internas). Todas as organizações precisam compreender quais são as necessidades dos clientes para então criar ou projetar serviços e bens que as atendam. ■ Criando processos de controle de qualidade. Depois de projetados, os bens e serviços são produzidos, e é nesse momento em que é preciso garantir a confor- midade com os critérios projetados. ■ Criando uma abordagem sistemática voltada para a melhoria contínua ou criando saltos. Os serviços, bens e processos que os produzem sofrem de falhas crônicas que precisam ser descobertas e solucionadas. ■ Criando uma função capaz de assegurar a continuação das três coisas listadas acima. Projetando a qualidade, controlando-a durante as operações e melhorando-a con- tinuamente, qualquer organização pode caminhar para se tornar uma organização de qualidade. Os líderes globais de qualidade, conforme descrito anteriormente, são incansáveis em sua busca por garantir que todos os seus bens e serviços atendam ou superem as exigências dos clientes – mas não a qualquer custo. Alcançar uma quali- dade que satisfaça os clientes, mas não as partes interessadas empresariais não é uma boa linha de negócios. Para que uma organização seja verdadeiramente de qualidade, os produtos e serviços precisam ser produzidos a custos arcáveis pelo fabricante e por suas partes interessadas. A relação qualidade-custo-receita, no entanto, precisa ser adequadamente compreendida ao se fazer essas avaliações. A melhoria na qualidade das características precisa gerar receitas sufi cientes para cobrir os custos extras com características adicionais. Mas uma maior qualidade advinda da redução de falhas geralmente acaba reduzindo os custos e, portanto, melhorando o desempenho fi nan- ceiro. Para organizações que não geram receita, a qualidade das características não deve custar mais do que o permitido pelo orçamento, mas a elevação da qualidade pela diminuição das falhas quase sempre acaba melhorando a saúde fi nanceira. 18 Fundamentos da qualidade para líderes Ao usar essas duas defi nições de qualidade e ao compreender o impacto da boa ou má qualidade no desempenho de uma organização, podem-se criar planos em longo prazo para manter a alta qualidade de bens, serviços, processos e do desem- penho fi nanceiro. Para uma gestão em longo prazo, também é preciso que a organi- zação estabeleça sistemas para que se compreendam bem as necessidades volúveis dos clientes, de modo que não se veja incapazde sustentar seu próprio desempe- nho, o que pode acontecer até mesmo com as organizações mais bem-sucedidas. Programas de efi ciência organizacional Efi ciência Organizacional, Seis Sigma, Lean, Sistema Toyota de Produção e Gestão da Qualidade Total (TQM, na sigla em inglês) são “marcas” de métodos, e cer- tas pessoas podem considerá-los sinônimos dos universais da gestão voltada para a qualidade. Conforme os universais de Juran são acolhidos e usados em muitos novos setores, uma nova marca pode se formar. Na maioria das vezes, essas novas marcas são úteis porque ajudam a avançar as necessidades de melhorar o desem- penho. Assim como as antigas associações comerciais levaram aos padrões de qua- lidade, a sociedade e as necessidades de mudança dos clientes também pedem que os universais sejam adaptados. Um problema comum nos métodos de gestão de qualidade foi encontrado no setor de serviços. Organizações prestadoras de ser- viços sempre acharam que a palavra qualidade estava relacionada à qualidade de produtos, e muitos serviços não consideram seus produtos como bens, mas como serviços. Assim, elas substituíram as palavras qualidade de serviços por excelência em serviços. Com o passar do tempo, essa expressão pegou e agora temos uma nova marca. Em alguns momentos, ela avança positivamente a partir da marca anterior. Em outros momentos, as alterações nos métodos levam a resultados menos positi- vos e à rejeição da marca. Isso aconteceu com a TQM. A Gestão da Qualidade Total era a marca nos anos 1990, mas então foi substituída pelo Seis Sigma. Por quê? Os métodos de gestão voltada para a qualidade evoluíram à medida que muitas organizações tentavam recuperar sua competitividade. O problema da TQM é que ela não era mensurável e não era centrada nos negócios da forma necessária, então, com o passar do tempo, perdeu brilho. No entanto, muitas organizações melhora- ram muito seu desempenho e continuam usando a TQM ainda hoje. Outras migra- ram para a nova marca. Hoje, Seis Sigma, Lean e Excelência em Desempenho estão em voga. Elas também passarão por mudanças ao longo do tempo, e, no fi m das contas, pouco importa o nome dado aos processos de gerenciamento voltado para a qualidade, contanto que seja feito o que for preciso para alcançar resultados supe- riores. Os universais seguem valendo. Qualquer que seja o setor, o país ou o século, atender e superar as necessidades dos clientes impulsionará os resultados. DICA DO PROFESSOR Neste vídeo são apresentadas as principais características que fazem parte do Controle da Qualidade Total - TQC. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual foi a época em que se iniciou a Era do Controle da Qualidade Total? A) Por volta de 1920. B) Por volta de 1930. C) Por volta dos anos 2000. D) Por volta de 1940. E) Por volta de 1960. 2) Qual guru da qualidade propôs o TQC? A) Kaoru Ishikawa. B) Edwards Deming. C) Henry Ford. D) Armand Feigenbaum. E) Philip Crosby. 3) Qual das alternativas abaixo apresenta os objetivos do TQC? A) Garantir o Controle da Qualidade por meio de um rígido programa de inspeção no recebimento e na expedição dos produtos. B) Garantir o atendimento das especificações do produto através do uso de técnicas estatísticas e controle do processo produtivo. C) Foco no Cliente, garantir a sobrevivência da empresa através da geração de lucros e trabalhar com fatos e dados. D) Garantir o atendimento das especificações de engenharia através de análises realizadas no laboratório e ensaios realizados com equipamentos especializados. E) Controlar a qualidade do produto final através da inspeção das características críticas do produto e de técnicas avançadas de medição por amostragem. 4) O TQC fala em "satisfação das necessidades das pessoas". Pelo conceito da Qualidade Total, quem são estas pessoas? A) Empregados, fornecedores e sindicatos. B) Operadores, gerentes e entidades de classe. C) Empregados, sociedade e sindicatos. D) Acionistas, sócios e fornecedores. E) Clientes, empregados, acionistas e a sociedade. 5) Qual das alternativas faz parte dos princípios da Qualidade Total? A) A certificação na ISO 9001, na ISO 14.000 e na ISO TS 16.949. B) A capacitação dos funcionários da empresa, a melhoria contínua dos processos e a satisfação total dos clientes. C) O uso de Cartas de Controle do Processo, a implantação de boas práticas de fabricação e o benefício mútuo entre cliente e fornecedor. D) A implantação de redes de relacionamento, o armazenamento de dados da empresa nas nuvens e a implantação de internet via wireless. E) A gestão participativa, a preocupação com o meio ambiente e a terceirização de processos que não estão relacionados com a atividade-fim da empresa. NA PRÁTICA Algumas empresas situadas no Oriente, mais especificamente na China e na Índia, trabalham com produtos de baixo valor agregado e conseguem fornecer mercadorias com preços abaixo dos seus concorrentes. Em parte, isso acontece devido à mão-de-obra mais barata presente nestes países. Estas empresas recebem diversas reclamações de clientes, mas os clientes continuam comprando os seus produtos devido ao preço. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O que os japoneses ensinaram Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que é ''o método'' Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Definir metas é mais do que listar desejos Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Empresas ainda têm medo de enxergar problemas Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Quarta Era da Qualidade: A Gestão Estratégica da Qualidade (GEQ) APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos a Quarta Era da Qualidade, a Era da Gestão Estratégica da Qualidade. Esta é a era em que vivemos atualmente. Ela reúne as mais modernas técnicas utilizadas para gerar a melhoria contínua dos produtos e serviços e elevar a satisfação dos clientes. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar os fatos que diferenciam a Quarta Era da Qualidade da Primeira, Segunda e Terceira Eras da Qualidade. • Apontar características que identificam a Era da Gestão Estratégica da Qualidade.• Listar as principais ferramentas utilizadas na Gestão Estratégica da Qualidade.• DESAFIO Imagine que você trabalha em uma empresa que deseja implantar a Gestão Estratégica da Qualidade. Quais ações você implementaria nesta empresa para adequá-la a este moderno conceito de qualidade? INFOGRÁFICO Este infográfico apresenta as principais ferramentas utilizadas na Gestão Estratégica da Qualidade. CONTEÚDO DO LIVRO Sugerimos a leitura do item Programas de Eficiência Organizacional e Gestão da Qualidade: os benefícios financeiros e culturais, do livro Fundamentos da Qualidade para Líderes. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D313f DeFeo, Joseph A. Fundamentos da qualidade para líderes / Joseph A. DeFeo, Joseph M. Juran ; tradução: Ronald Saraiva de Menezes ; revisão técnica: Altair Flamarion Klippel. – Porto Alegre : Bookman, 2015. xxiv, 260 p. : il. ; 23 cm. ISBN 978-85-8260-345-1 1. Gestão da qualidade. 2. Liderança. I. Juran, Joseph M. II. Título. CDU 005.6 CAPÍTULO 4 Alinhamento das metas de qualidade com o planejamento estratégico Este capítulo descreve os meios pelos quais uma organização precisa alinhar as metas de qualidade com sua visão, missão e planejamento estratégico. O pro- cesso de planejamento e implementação estratégicos esclarece como uma orga- nização pode integrar e alinhar os métodos para alcançar excelência em desem- penho. Também são abordadas questões muito importantes como o que fazer para alinhar as metas com a visão e a missão organizacionais,como implementar essas metas por toda a organização e como auferir os benefícios do planejamento estratégico. Planejamento estratégico e qualidade: os benefícios Planejamento estratégico é uma abordagem sistemática para defi nir metas comer- ciais em longo prazo e planejar como alcançá-las. Depois que uma organização estabelece suas metas de longo prazo, um planejamento estratégico efi caz permite que ela crie um plano de negócios, o que inclui metas anuais, recursos e ações imprescindíveis para alcançá-las. Muitas organizações se defi niram como as melhores no desenvolvimento de produtos e serviços de alta qualidade para seus clientes. Ao fazê-lo, superaram o desempenho daquelas que não o fi zeram. Esse desempenho está relacionado não apenas com a qualidade de seus bens e serviços, mas com os negócios em si: mais vendas, menos custos e uma cultura melhor mediante a satisfação dos clientes, e derradeiramente um maior sucesso no mercado para suas partes interessadas. É preciso incorporar essas metas ao processo de planejamento estratégico e aos planos anuais de negócios. Isso garantirá que o novo foco se torne parte do plano e não acabe competindo com prioridades bem estabelecidas por recursos. Caso contrário, até as mudanças com as melhores intenções fracassarão. 54 Fundamentos da qualidade para líderes Muitos líderes compreendem o signifi cado do planejamento estratégico no que se refere à elaboração do planejamento estratégico e das metas e objetivos fi nancei- ros a serem alcançados. Frequentemente, eles não incluem a implementação das metas, submetas e metas anuais de qualidade ou a alocação de recursos e ações para alcançá-las. Tentaremos destacar essa diferença e usar o termo planejamento e implementação estratégica ao longo deste capítulo. Muitas organizações supera- ram fracassos com programas de mudança e alcançaram resultados duradouros mediante a implementação estratégica. O Seis Sigma, o Seis Sigma Lean e, em anos anteriores, o TQM, tornaram-se processos bem difundidos e foram candidatos naturais para inclusão no planeja- mento estratégico de muitas organizações. A integração desses métodos voltados para a qualidade e para o cliente com o planejamento estratégico foi importante para o sucesso dessas organizações. Diferentes organizações adotaram diferentes termos para esse processo. Algumas usaram o termo japonês hoshin kanri. Outras traduziram parcialmente a expressão e a chamaram de planejamento honshin. Outras, ainda, adotaram uma tradução grosseira do termo e a chamaram de desdobramento de diretrizes. Numa versão anterior do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige, esse processo foi chamado de planejamento de qualidade estratégica. Mais tarde, esse critério de premiação foi rebatizado de planejamento estratégico. Determinar se a alta gerência deve alinhar a qualidade com o planejamento é uma decisão exclusiva de cada organização. O que é decisivo é a importância de integrar importantes iniciativas de mudança ou programas de qualidade com o pla- nejamento estratégico. Os benefícios potenciais do planejamento e da implementa- ção estratégicos são claros: ■ As metas fi cam claras – o processo de planejamento força o esclarecimento de quaisquer aspectos mais vagos. ■ O processo de planejamento torna, assim, as metas alcançáveis. ■ O processo de monitoramento ajuda a assegurar que as metas sejam alcançadas. ■ A redução dos desperdícios crônicos é programada por meio do processo de melhoria. ■ A criação de um novo foco nos clientes e na qualidade é colocada em prática conforme são feitos progressos. O que é planejamento e implementação estratégicos? Trata-se de uma abordagem sistemática para integrar ao planejamento estratégico da organização métodos de excelência em qualidade e em negócios sistêmicos e focados no cliente. O planejamento estratégico é um processo sistemático pelo CAPÍTULO 4 Alinhamento das metas de qualidade com o planejamento estratégico 55 qual uma organização defi ne suas metas em longo prazo com relação à qualidade e aos clientes, e as integra pari passu com metas fi nanceiras, de recursos humanos, marketing, e pesquisa e desenvolvimento num único e coeso plano de negócios. A partir daí, o plano é colocado em prática por toda a organização. Como um componente de um efi caz sistema de gestão de negócios, o planeja- mento estratégico permite que uma organização planeje e execute saltos estratégi- cos organizacionais. Em longo prazo, o efeito pretendido de tais saltos é alcançar uma vantagem competitiva ou garantir a condição de liderança de qualidade. O planejamento estratégico evoluiu nas últimas décadas até se tornar uma parte integrante de muitos processos de mudança organizacional, como Seis Sigma e Excelência Operacional (OpEx). Atualmente, ele faz parte dos fundamentos que sustentam o sistema mais amplo de gestão dos negócios para a organização. Um modelo simples de planejamento e implementação estratégicos é mostrado na Figura 4.1. Ele será usado ao longo deste capítulo. O planejamento estratégico e sua implementação também representam um ele- mento-chave do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige dos Estados Unidos e do Prêmio da Fundação Europeia para Gestão da Qualidade (EFQM, na sigla em inglês), bem como de outras premiações internacionais e estaduais. Os Visão Missão Política Valores Define: Estratégias-chave Metas estratégicas Metas anuais Implantação Revisão e auditoria Im p le m en ta çã o FIGURA 4.1 Modelo de planejamento estratégico. (De Juran e DeFeo, 2010) 56 Fundamentos da qualidade para líderes critérios desses prêmios valorizam a qualidade voltada para o cliente e a excelência em desempenho operacional como estratégicas para o negócio, devendo fazer parte do planejamento geral. Uma avaliação crítica dos ganhadores do Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige demonstra que as organizações premiadas supera- ram o desempenho daquelas não premiadas (Tabela 4.1). TABELA 4.1 Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige para Melhor Desempenho (De Businessweek, 1998) 1988-1996 Investimentos Valor em 01/12/1997 Mudança percentual Todos os premiados US$ 7.496,54 US$ 33.185,69 342 Standard & Poor’s 500 US$ 7.496,54 US$ 18.613,28 148 Fonte: National Institute of Standards and Technology De 1995 a 2002, foi demonstrado o quanto a qualidade pode ser lucrativa. O Índice Baldrige superou o desempenho do índice acionário S&P 500 por oito anos seguidos, às vezes chegando a superar o S&P 500 por margens de 4:1 ou 5:1. O Índice Baldrige foi suspenso em 2004 quando passou a reconhecer e premiar pequenas empresas e entidades educacionais junto com suas categorias normais do Prêmio Nacional de Qualidade. A inclusão de organizações de menor porte distor- ceu o Índice Baldrige, ainda que os resultados do estudo original, quando ambos os lados estavam em pé de igualdade, falem por si: a qualidade compensa. Godfrey (1997) observou que, para ser efi caz, a implementação estratégica deve ser usada como uma ferramenta, como um meio para um fi m, e não como uma meta em si. Ela deve ser um empreendimento capaz de envolver pessoas de todas as áreas da organização e precisa englobar atividades já existentes, não apenas adicionar mais atividades a setores já atulhados. A implementação estratégica precisa, ainda, ajudar a alta gerência a enfrentar decisões difíceis, estabelecer prioridades e não apenas a come- çar novas atividades, mas também a eliminar atividades atuais que não agregam valor. Metas de qualidade e de satisfação dos clientes Essas importantes metas são incorporadas e apoiadas por uma hierarquia de metas nos níveis inferiores: submetas, projetos, etc. Metas de melhoria são metas voltadas à criação de um salto no desempenho de um produto, de um processo de atendimento ou de pessoas ao focar as necessidades dos clientes, dos fornecedores e dos acionistas. O planejamento incorpora a voz do cliente e aalinha a si, o que permite que as metas sejam legítimas e equilibra as metas fi nanceiras (importantes para os acionistas) com CAPÍTULO 4 Alinhamento das metas de qualidade com o planejamento estratégico 57 aquelas importantes para os clientes. Ele também elimina a preocupação de que exis- tam dois planejamentos, um para as fi nanças e outro para a qualidade. Uma metodologia sistemática e estruturada para o estabelecimento de metas anuais e a alocação de recursos precisa incluir o seguinte: ■ Alocação de recompensas. A comparação do desempenho com as metas de melhoria recebe um peso substancial no sistema de qualifi cação de mérito e reconhecimento. Para isso é preciso haver uma mudança na estrutura para recompensar os comportamentos corretos. ■ Participação exigida e universal. As metas, relatórios, revisões, etc. são desenvol- vidos para conseguir a participação da hierarquia da organização. Essa partici- pação envolve cada funcionário em cada escalão, oferecendo suporte à iniciativa de mudança e ajudando a alcançar os resultados desejados. ■ Uma língua comum. Termos-chave, como qualidade, benchmarking e implemen- tação de estratégia de qualidade devem adquirir signifi cados-padrão para que as comunicações se tornem cada vez mais precisas. ■ Treinamento. É comum que todos os funcionários passem por treinamento referente a vários conceitos, processos, métodos, ferramentas, etc. Organizações que treinam assim sua mão de obra, em todas as funções, em todos os escalões e no momento certo, estão bem preparadas para superar o desempenho de outras organizações em que tal treinamento fi cou restrito ao departamento de quali- dade ou aos gestores. Por que a implementação estratégica? Os benefícios A primeira pergunta que costuma surgir nos estágios iniciais do planejamento estratégico de uma organização é: para início de conversa, para que fazer planeja- mento estratégico? Para respondê-la, é preciso analisar os benefícios colhidos pelas organizações que de fato realizaram esse planejamento. Elas relatam que o planeja- mento estratégico: ■ Concentra os recursos da organização nas atividades essenciais para elevar a satisfação dos clientes, diminuir os custos e aumentar o valor para os acionistas (veja a Tabela 4.1) ■ Cria um sistema de planejamento e implementação adaptável, fl exível e disciplinado ■ Incentiva a cooperação interdepartamental ■ Proporciona um método para executar saltos ano após ano ■ Delega poder aos líderes, gestores e funcionários ao alocar os recursos que colo- cam em prática as iniciativas planejadas ■ Elimina iniciativas desnecessárias e dispendiosas que não constam do planeja- mento ■ Elimina a existência de muitos planejamentos potencialmente confl ituosos – o planejamento fi nanceiro, o planejamento de marketing, o planejamento de tec- 58 Fundamentos da qualidade para líderes nologia e o planejamento de qualidade ■ Concentra recursos para garantir que os planejamentos fi nanceiros sejam alcançáveis Por que a implementação estratégica? Os riscos Diferentes organizações já tentaram colocar em prática a Gestão da Qualidade Total, bem como outros sistemas de gestão de mudanças. Algumas organizações chegaram a resultados incríveis; outras se decepcionaram com os resultados, muitas vezes alcançando poucos ganhos no balanço financeiro final e um baixo aumento da satisfação dos clientes. Alguns desses esforços foram classificados como fracassos, e uma das causas principais dessas decepções é a incapacidade de incorporar os “programas de qualidade” aos planos de negócios da organi- zação. Outros motivos para o fracasso são os seguintes: ■ O planejamento estratégico foi atribuído aos departamentos de planeja- mento, não aos gestores. Esses planejadores careciam de treinamento em conceitos e métodos, e não estavam entre os tomadores de decisões da orga- nização, o que levou a um planejamento estratégico que não incluía metas de melhoria voltadas para a satisfação dos clientes, para a melhoria dos pro- cessos, etc. ■ Departamentos individuais buscaram suas próprias metas departamentais, dei- xando de integrá-las às metas organizacionais em geral. ■ Novos produtos e serviços continuaram a ser desenvolvidos com falhas advin- das de projetos anteriores que foram repassadas aos novos modelos, ano após ano. Os novos projetos não foram avaliados ou melhorados e, consequente- mente, não foram voltados à satisfação dos clientes. ■ Projetos sofreram atrasos e desperdícios devido a uma falta de participação, e acabaram antes que resultados positivos pudessem ser alcançados. ■ Partiu-se do pressuposto de que as metas de melhoria se aplicavam apenas aos bens fabricados e aos processos de fabricação. Os clientes fi caram irri- tados por receberem bens defeituosos; também fi caram irritados por rece- berem faturas incorretas e entregas atrasadas. Os processos comerciais res- ponsáveis pelas faturas e entregas não foram submetidos a um planejamento moderno de qualidade e a melhorias, pois tais metas não constavam no pla- nejamento anual. As defi ciências nos processos anteriores de planejamento estratégico tiveram suas origens na falta de uma abordagem sistemática e estruturada para integrar os programas em um único planejamento. À medida que mais organizações se familiarizaram com a implementação estratégica da qualidade, muitas adotaram suas técnicas, que tratam a gestão voltada para a mudança da mesma forma que CAPÍTULO 4 Alinhamento das metas de qualidade com o planejamento estratégico 59 a gestão voltada para as fi nanças é tratada: como uma ação no âmbito da organi- zação como um todo. Lançando planejamento e implementação estratégicos A elaboração de um planejamento estratégico focado na qualidade e no cliente requer que os líderes se tornem treinadores e professores, envolvidos de forma pes- soal e consistente, que eliminem a atmosfera de culpabilidade e que tomem suas decisões com base nos melhores dados disponíveis. Juran (1988) declarou: “Você precisa da participação das pessoas que serão afe- tadas, não apenas na execução do planejamento, mas no planejamento propria- mente dito. Você precisa ser capaz de ir devagar, sem surpresas, e usar locais de teste para identifi car alguns dos aspectos danosos para então corrigi-los”. O processo de implementação estratégica O processo de implementação estratégica exige que a organização incorpore o foco no cliente em sua missão, sua visão, seus valores, suas políticas, suas estratégias e suas metas, bem como em projetos de curto e longo prazo. Os projetos são as ati- vidades do dia a dia, mês a mês, que ligam as atividades de melhoria da qualidade, os esforços de engenharia e as equipes de planejamento de qualidade aos objetivos empresariais da organização. Os elementos necessários para estabelecer a implementação estratégica geral- mente são similares entre todas as organizações. No entanto, as particularidades de cada organização acabam determinando a sequência e o ritmo de utilização e até que ponto elementos adicionais precisam ser providenciados. Há, sem dúvida, uma abundância de jargões para comunicar o processo de implementação estratégica. Dependendo da organização, podem ser usados termos diferentes para descrever conceitos similares. Por exemplo, aquilo que uma organi- zação chama de visão outra pode chamar de missão (veja a Tabela 4.2). TABELA 4.2 Visão e missão organizacionais (De Juran e DeFeo, 2010) Definições selecionadas Missão Em que negócio estamos inseridos Visão Futuro desejado da organização Valores Princípios a serem obedecidos para cumprir a visão, ou princípio que será atendido ao cumprir a visão Política Como operaremos e qual é nosso compromisso com os clientes e a sociedade 60 Fundamentos da qualidade para líderes As defi nições de elementos de planejamento estratégico citadas a seguir são de uso bastante difundido e são usadas neste capítulo: ■ Visão. O futuro desejadopara uma organização ou empresa. Imaginação e ins- piração são componentes importantes de uma visão. Normalmente, uma visão pode ser encarada como a meta derradeira da organização, a qual pode levar de cinco a sete anos para ser alcançada. ■ Missão. Trata-se do objetivo ou da razão de ser da organização e costuma decla- rar, por exemplo, o que ela faz e quem atende. ■ A presença da JetBlue no Aeroporto Internacional JFK é inigualável. Levando-se em consideração a quantidade de passageiros embarcados, a JetBlue transporta quase o equivalente ao total de todas as outras compa- nhias aéreas que operam no JFK. Com sua consolidação no maior mercado de viagens dos Estados Unidos, a JetBlue garante sua lucratividade mesmo em mercados difíceis. “Nossa missão é trazer o lado humano de volta ao transporte aéreo”. (JetBlue, 2008) ■ Estratégias. Os meios para cumprir a visão. As estratégias são poucas e defi nem os fatores-chave para o sucesso, como preço, valor, tecnologia, fatia de mercado e cultura, que a organização deve buscar. As estratégias às vezes são chamadas de objetivos-chave ou metas de longo prazo. ■ Metas anuais. O que a organização precisa alcançar ao longo de um período de um a três anos; o alvo ou a reta fi nal para onde os esforços operacionais estão direcionados. As metas são divididas entre de longo prazo (de dois a três anos) e de curto prazo (de um a dois anos). O cumprimento das metas sinaliza a execu- ção bem-sucedida da estratégia. ■ A JetBlue deseja preservar sua experiência básica de voos únicos, de baixo custo e de alta qualidade, adicionando ao mesmo tempo ofertas de produtos especiais para todos os clientes. ■ Ética e valores. O que a organização defende e no que ela acredita. ■ Durante quatro anos consecutivos, a JetBlue fi gurou no primeiro lugar em atendimento aos clientes dentre as empresas aéreas de baixo custo, segundo a J.D. Power & Associates. É o excepcional atendimento ao cliente que conti- nua a impulsionar e a diferenciar a JetBlue. Parcerias com a Sirius XM e com a Direct TV, e um aumento no espaço para as pernas tornaram a experiência de voo mais agradável para o cliente. ■ Políticas. Um guia para as ações administrativas. Uma organização pode estabe- lecer políticas em diversas áreas: qualidade, meio ambiente, segurança, recursos humanos, etc. Essas políticas orientam a tomada de decisões no dia a dia. ■ Iniciativas e projetos. Devem envolver equipes multifuncionais formadas para se encarregar de uma meta implementada, e cuja conclusão bem-sucedida garante que as metas estratégicas sejam alcançadas. Uma iniciativa ou projeto implica na alocação de indivíduos selecionados em uma equipe, os quais recebem a res- CAPÍTULO 4 Alinhamento das metas de qualidade com o planejamento estratégico 61 ponsabilidade, as ferramentas e a autoridade para alcançar a meta ou as metas específi cas. ■ Depois de seis anos de planejamento e três anos de construção, o terminal 5 da JetBlue foi inaugurado no JFK. O terminal 5 oferece aos clientes da JetBlue estacionamento próprio e acesso facilitado à companhia. Ele com- preende 26 portões, oferece o melhor em comodidades e concessões, e pela proximidade com a pista, pode ser ainda mais efi ciente em seus processos. O terminal 5 só faz avançar a presença da JetBlue no mercado de viagens de Nova York. ■ Planejamento de implementação. Para transformar uma visão em ação, a visão precisa ser subdividida e traduzida em partes sucessivamente menores e mais específi cas – estratégias-chave, metas estratégicas, etc. – chegando ao patamar de projetos e até mesmo de ações departamentais. O planejamento detalhado para a decomposição e distribuição por toda a organização é chamado de pla- nejamento de implementação e inclui a atribuição de papéis e responsabilidades, bem como a identifi cação dos recursos necessários para colocar em prática e cumprir as metas dos projetos (Figura 4.2). ■ Scorecards e indicadores-chave de desempenho. Parâmetros que fi cam visíveis por toda a organização para avaliar até que ponto o planejamento estratégico está sendo cumprido. ■ Ao fi nal de 2008, a JetBlue era a sétima maior empresa aérea de transporte de passageiros nos Estados Unidos, realizando 600 voos por dia. Visão, missão, valores Estratégia-chave Metas estratégicas de qualidade Iniciativas Projetos Metas anuais 3–5 anos Tempo Visão 1 ano FIGURA 4.2 Implementando a visão. (De Juran e DeFeo, 2010) DICA DO PROFESSOR Neste vídeo estudaremos a Era da Qualidade em que vivemos atualmente, a Gestão Estratégica da Qualidade. Veremos as principais características que diferenciam a GEQ das outras Eras da Qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) São características da Gestão Estratégica da Qualidade: A) A preocupação da Alta Direção da empresa com a qualidade, as reclamações de cliente são tratadas como uma fonte de melhoria e a pesquisa de mercado ganha força. B) A preocupação com padrões internos de qualidade, o aumento da importância da pesquisa de mercado e o uso de planejamento estratégico. C) O uso de técnicas estatísticas, a alta direção da empresa não se preocupa com a qualidade e a busca por clientes fiéis. D) A diretoria acredita que a qualidade pode gerar lucros para a empresa, a busca por clientes fiéis e a qualidade é comparada com padrões interno fixos. E) O Gerente da Qualidade está preocupado com a qualidade, mas a alta direção da empresa pensa que qualidade não é mais um diferencial, o uso de técnicas estatísticas e a aplicação de modernas técnicas de qualidade. 2) Na Gestão Estratégica da Qualidade, qual é o papel dos profissionais que trabalham no departamento da qualidade? A) Inspeção de produção, medição de peças e classificação do produto. B) Uso de ferramentas da qualidade, controle do retrabalho e controle do produto não conforme. C) O estabelecimento de metas, treinamento dos envolvidos nos processos e utilização de programas e ferramentas da qualidade. D) Uso de indicadores de desempenho, elaboração do planejamento estratégico e inspeção no produto ao lado de cada etapa do processo produtivo. E) Rígido controle das especificações do produto, inspeção na matéria-prima e inspeção no produto acabado. 3) Na Gestão Estratégica da Qualidade, quem é responsável pela qualidade? A) O departamento de inspeção. B) Os departamentos de produção e engenharia. C) Todos os departamentos, com a alta administração se envolvendo superficialmente com o planejamento e a execução das diretrizes da qualidade. D) Todos na empresa, com a alta direção exercendo forte liderança. E) O departamento de produção e qualidade. 4) Na Era da Gestão Estratégica da Qualidade, como a qualidade é vista dentro da empresa? A) A qualidade é vista como uma obrigação da empresa, e não um diferencial, pois no mundo moderno todas as empresas devem garantir a qualidade de seus produtos. B) A qualidade é entendida como o resultado dos meios utilizados para garantir a especificação do produto. C) Na GEQ a qualidade é considerada menos importante que a produtividade. D) A qualidade é vista como um custo necessário. E) A qualidade é vista como uma arma agressiva contra a concorrência. 5) Como são tratadas as reclamações de clientes na GEQ? A) São tratadas como péssimas notícias. B) As reclamações dos clientes deixaram de ser tratadas como más notícias e começaram a ser usadas como uma importante fonte de informação para a realização de melhorias, tanto é que as empresas começaram a disponibilizar linhas telefônicas gratuitas para recebimento e cadastro destas informações. C) A empresa dificulta a comunicação com o cliente para não receber muitas reclamações. D) São tratadas como péssimas notícias e a empresa implementa técnicas para não receber muitas reclamações e não prejudicar os indicadores de qualidade. E) São tratadas como boas fontes de melhoria, mas a empresa não faz esforçopara ouvir seus clientes. NA PRÁTICA Você sabia que estudos mostram que clientes satisfeitos acabam comentando a sua satisfação para duas ou três pessoas e clientes insatisfeitos comentam a sua insatisfação para mais de dez pessoas? Isso fica ainda mais evidente no mundo em que vivemos atualmente, onde a facilidade de acesso à informação é muito maior. O uso da internet, de computadores, smartphones e tablets conectados a redes sociais aumenta a possibilidade de expormos ao grande público a nossa insatisfação com os produtos ou serviços que adquirimos. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Evolução Histórica da Gestão da Qualidade - Parte 5/6 Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evolução Histórica da Gestão da Qualidade - Parte 6/6 Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evolução da qualidade – Histórico dos sistemas de gestão da qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fundamentos da Qualidade para Líderes Dimensões da Qualidade APRESENTAÇÃO De acordo com David A. Garvin, professor da Harvard Business School, em Boston, um dos maiores desafios é compreender os requisitos de satisfação dos clientes, sendo que adquirir qualidade seria saber estabelecer a garantia desse compromisso. Em 1984, Garvin publicou as cinco abordagens da qualidade: a) transcendental; b) centrada no produto; c) centrada no valor; d) centrada na fabricação; e) centrada no cliente. Nesta Unidade de Aprendizagem (UA), você vai conhecer as principais abordagens da qualidade. A qualidade como filosofia de gestão não é limitada a um conceito fechado, podendo ser interpretada sob algumas perspectivas centrais, as quais serão trabalhadas nesta UA. Além disso, é fundamental compreender as diferenças entre qualidade interna e qualidade externa, conforme você verá a seguir. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais perspectivas da qualidade.• Diferenciar a qualidade interna e a qualidade externa.• Reconhecer como a perspectiva do produto se relaciona com a percepção do usuário.• DESAFIO A qualidade em qualquer processo produtivo tem as suas especificidades, conforme as necessidades esperadas pelos clientes, a exemplo do leite. O leite pode ser avaliado por meio de: atributos sensoriais (cor, sabor, textura, viscosidade, aparência); atributos nutricionais (quanto tem de gordura, vitaminas, açúcares, se tem cálcio); atributos higiênicos (níveis de coliformes fecais, limite de toxinas provindas de defensivos agrícolas, micróbios), etc. Imagine que foi contratado em uma empresa para analisar a cadeia produtiva de determinada indústria de leite, visando a confrontar com as abordagens de Garvin. Busque investigar e encontrar possibilidades de implementação. INFOGRÁFICO A abordagem de Sistema de Gestão da Qualidade inclui entender as perspectivas da qualidade com base no produto e relacioná-las às perspectivas do usuário. A qualidade é um fator estratégico para conquistar maior fatia do mercado. Está relacionada à capacidade produtiva, à confiabilidade e ao encantamento do cliente. Para isso, são necessários planejamento, sistematização e busca da Gestão da Qualidade Total. Neste Infográfico, você irá conhecer os aspectos que serão abordados nesta UA. CONTEÚDO DO LIVRO As dimensões da qualidade foram popularizadas por David Garvin, em 1988, e serviram para melhorar a compreensão das empresas sobre a abrangência da gestão da qualidade. Para aprofundar-se sobre o tema, realize a leitura do livro A ciência da fábrica, que serve como bibliografia complementar desta unidade. Inicie a leitura no título A década da qualidade e siga até O controle estratégico da qualidade (SQC). Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen - CRB 10/2150 H798c Hopp, Wallace J. A ciência da fábrica [recurso eletrônico] / Wallace J. Hopp, Mark L. Spearman ; tradução: Paulo Norberto Migliavacca ; revisão técnica: Guilherme Luiz Cassel. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-65837-34-7 1. Administração – Sistemas de produção. 2. Engenharia da produção. I. Spearman, Mark L. II. Título. CDU 658.5 12.1 INTRODUÇÃO Uma das ideias fundamentais da Ciência da Fábrica é que a variabilidade tem um papel importante na determinação do desempenho de um sistema de manufatura. Conforme já observamos nos Capítulos 8 e 9, a variabilidade pode ser causada por várias razões: falhas de equipamentos, setups, comporta- mento dos operadores, flutuações na grade de produtos, entre outros. Mas uma de suas causas mais importantes, que pode alterar radicalmente o desempenho do sistema, é a qualidade. Os problemas de qualidade quase sempre geram variabilidade. Por isso, a redução da variabilidade muitas vezes é um caminho para a melhoria da qualidade. Como a qualidade e a variabilidade estão intimamente ligadas, concluiremos a Parte II do livro abordando essa questão crítica. 12.1.1 A década da qualidade A década de 1980 foi a década da qualidade nos Estados Unidos. Muitos livros foram publicados sobre o assunto, milhares de funcionários fizeram cursos e treinamentos, e qualidade tornou-se a pa- lavra de ordem no mundo empresarial. Em 1987, a Organização Internacional de Normalização (ISO) estabeleceu a série de padrões de qualidade ISO 9000. No mesmo ano, foi criado o prêmio Malcolm Baldrige National Quality Award por meio de um decreto do Congresso norte-americano.1 O conceito de qualidade e seus métodos de controle, certificação e gerenciamento não eram novi- dade nos anos 1980. O controle de qualidade, como uma disciplina, tem sua origem, no mínimo, em 1924, quando Walter A. Shewhart, que trabalhava na Bell Telephone Laboratories, da Western Electric, introduziu os gráficos de controle de processo. Shewhart publicou seu primeiro texto importante sobre a qualidade em 1931. Armand Feigenbaum cunhou o termo controle total da qualidade em um jornal, em 1956, e o usou como título da edição de 1961 de seu livro Controle da Qualidade, escrito em 1951. No entanto, por mais que os termos e as ferramentas da qualidade estivessem presentes desde muitos anos, foi somente na década de 1980 que a indústria norte-americana reconheceu o potencial estratégico da qualidade. Sem dúvida nenhuma, esse interesse foi estimulado em grande parte pelo 1 A Japanese Union of Scientists and Engineers (JUSE) já tinha estabelecido seu prêmio máximo da qualidade, o Deming Prize, em honra ao norte-americano W. Edwards Deming, em 1951. CAPÍTULO 12 Manufatura com Qualidade Total A qualidade não é um ato, mas sim um hábito. ARISTÓTELES 382 PARTE I I A Ciência da Fábrica considerável aumento na qualidade dos produtos japoneses durante as décadas de 1970 e 1980, assim como muito do interesse norte-americano na redução dos estoques originou-se das histórias de sucesso japonesas sobre o JIT. Mas será que toda essa preocupação com a qualidade resultou em melhorias? É difícil afirmar com certeza, pois, como discutiremos neste capítulo, a qualidade é um termo abrangente que pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Existem, sim, evidentes melhorias. Na indústria automo- tiva, por exemplo, o índice de problemas com os carros nos primeiros 3 meses após a compra a cada 100 veículos tem diminuído de maneira contínua, passando de 176, em 1998, para 118, em 2005 (J. D. Power 2005). Apesar disso, algumas pesquisas sugerem que a opinião dos consumidores sobre os níveis de qualidade dos produtos norte-americanos, em geral, é de que ela estava decrescendo durante a década de 1980 (Garvin 1988). O índice de satisfação dos consumidores norte-americanos (ACSI), uma medida geral da percepção sobre a qualidade, que vem sendo controlada desde 1994, mostrou um declínioda satisfação com os produtos fabricados durante a década de 1990 (Fornell et al. 2005).2 Ape- sar de o índice ter aumentado levemente após a virada do século, em 2004, ele ainda estava tão baixo quanto em 1994. A satisfação com a indústria automobilística praticamente não se alterou de 1994 a 2004. A combinação entre o aumento das medidas objetivas de qualidade e a constante diminuição das medidas subjetivas da satisfação sugere que os consumidores estão ficando mais exigentes. Dito isso, podemos esperar que a qualidade se mantenha como um grande desafio para o futuro. 12.1.2 Uma história sobre a qualidade Iniciamos nossas considerações sobre a questão da qualidade com uma experiência pessoal. Em 1991, um dos autores deste livro adquiriu um fogão que apresentou uma série incrível de problemas. Primei- ro, por questões de estilo, o fogão veio com grades de cozimento em aço revestido com porcelana em cores claras. Após alguns dias de uso, a porcelana rachou e se desprendeu, deixando as grades com uma má aparência. Quando o serviço de atendimento ao consumidor (SAC) da empresa foi contatado (bem como alguns colegas que haviam comprado o mesmo fogão), descobrimos que todos os fogões daquele modelo tinham o mesmo defeito – uma taxa de 100% de defeito! Bela garantia de qualidade! O SAC foi razoavelmente gentil e mandou novas grades, mas elas tiveram o mesmo defeito das originais e nossas queixas continuaram. Após três ou quatro reposições (incluindo uma em que o fa- bricante mandou dois jogos de grades, um para uso doméstico, e outro para usar quando havia convi- dados!), o fabricante mudou de fornecedor e mandou grades mais duráveis, mas cuja cor escura não combinava com o conjunto. Bela integração de forma e função! À medida que a história das grades se desenrolava, o fogão começou a apresentar outros proble- mas. Por exemplo, após ter acendido o queimador, o acendedor automático não desligava, ficando um barulho intermitente e alto sempre que o fogão estava sendo usado. O pessoal da assistência técnica foi chamado para resolver esse problema, que se repetiu oito vezes no primeiro ano de uso (o prazo de garantia). Em uma dessas visitas, o técnico admitiu que não tinha ideia de como ajustar o fogão e que ele simplesmente substituía as peças com defeito. Belo serviço de pós-venda e bela forma de fazer a coisa certa desde a primeira vez! Ao final do primeiro ano, o fabricante nos ofereceu a compra de um período estendido de garantia e reconheceu que, pelo fato de o modelo do fogão ter apresentado tantos problemas (eles disseram isso de uma forma menos apropriada), a garantia estendida seria uma boa solução para o nosso caso. Belo método de garantir seu produto e de oferecer qualidade com base no consumidor! Durante o período em que escrevíamos a primeira edição deste livro, a tampa do forno do fogão caiu. Após alguns anos de uso (e de problemas), o fogão foi relegado ao quintal do autor, onde ele finalmente atingiu as expectativas de alguém ao ser recolhido e ter ido parar no ferro velho. Essa não é uma história inventada! 2 Devemos notar, porém, que a ACSI mostra que o nível de satisfação dos consumidores é sempre bem menor para serviços do que para produtos e que a queda entre 1994 e 2004 foi ainda mais acentuada para os serviços. CAPÍTULO 12 Manufatura com Qualidade Total 383 12.1.3 O status da qualidade Não queremos dizer que essa história indica o nível de qualidade da indústria atual. Mas é incrível (e triste) que uma empresa, na década de 1990, possa violar todos os princípios de uma boa gerência da qualidade. Além disso, desconfiamos que esse não foi apenas um caso isolado. Quase todo mundo tem uma história dessas para contar, e bem menos pessoas têm histórias gratificantes de que suas expecta- tivas de qualidade foram superadas pelos fabricantes. Além disso, à medida que os níveis exigidos aumentam, os padrões de qualidade devem acom- panhá-los. No passado, compradores de carros de “boa qualidade” tinham que trocar os pneus várias vezes em uma viagem de 200 km e, se fosse a álcool, sofriam para ligar em qualquer manhã mais fria. Hoje, um carro com um pixel não funcional na tela do GPS já é considerado com defeito. É evidente que o problema da qualidade não tem solução definitiva; o melhor que podemos fazer é tentar acom- panhar a evolução dos fatos. O que uma empresa pode fazer? Muito. Não existe uma empresa no mundo que não possa me- lhorar seus produtos, processos ou sistemas; aproximar-se mais dos clientes; ou entender melhor as influências da qualidade em seus negócios. Além disso, existe uma vasta literatura para consultas. Ape- sar de a literatura sobre a qualidade, assim como aquela sobre o JIT, conter uma sobrecarga de retórica imprecisa, ela oferece muitas informações úteis. Ela pode ser dividida em duas categorias, a gestão da qualidade total (total quality management – TQM), que se concentra na qualidade em termos qualitativos de seu gerenciamento (por exemplo, promovendo um ambiente de suporte às melhorias da qualidade), e o controle estatístico da qualidade (statistical quality control – SQC), que se concentra na qualidade em termos quantitativos de engenharia (como a medição da qualidade e a certificação de acordo com os padrões estabelecidos). Ambas as categorias são necessárias para formular um progra- ma eficaz de melhoria da qualidade. Qualquer TQM sem SQC resulta em mera conversa fiada, enquan- to todos SQCs sem TQM resultam em meros números sem objetivo algum. O trabalho de Garvin (1988) é um bom exemplo de boa literatura sobre a TQM, no qual algumas das discussões a seguir se basearam. O livro de Garvin oferece uma boa perspectiva dos conceitos da qualidade e de como ela afeta a sua empresa. Outros livros sobre a TQM bastante conhecidos são os de Crosby (1979, 1984), Deming (1986) e Juran (1989, 1992). No campo de SQC existem muitos trabalhos bons, a maioria deles contendo uma breve introdução à TQM, como os livros de Banks (1989); DeVor, Chang, Sutherland e Ermer (2006); Gitlow et al. (1989); Montgomery (1991); Thompson e Koronacki (1993); e Wheeler (1999); entre outros. Alguns desses livros, principalmente o Quality Control Hand- book (1998), de Juran, abordam tanto a perspectiva da TQM quanto a de SQC. Não temos a intenção de oferecer a mesma profundidade desses livros neste breve capítulo. O que podemos fazer é usar uma estrutura de trabalho da Ciência da Fábrica para focalizar o aspecto de como a qualidade se encaixa no contexto do gerenciamento das operações de manufatura. Convidamos o leitor interessado no assunto a consultar as referências recém-mencionadas para obter um maior conhecimento específico. 12.2 AS PERSPECTIVAS DE QUALIDADE 12.2.1 Definições gerais O que é qualidade? Para falar sobre as medidas e as melhorias da qualidade, precisamos de uma de- finição adequada para nosso trabalho. Garvin (1988) fornece cinco definições, as quais resumimos a seguir: 1. Transcendental. A qualidade refere-se a uma “excelência inata”, a qual não é um atributo específico do produto, nem do consumidor, mas uma terceira entidade separada. Isso vai ao encontro daquela visão da qualidade do tipo “não consigo defini-la, mas posso reco- nhecê-la”. 384 PARTE I I A Ciência da Fábrica 2. Com base no produto. A qualidade é uma função dos atributos do produto (a qualidade de um tapete pode ser determinada pela quantidade de nós por centímetro quadrado, ou a qualidade do para-choque de um automóvel é o custo do estrago sofrido em uma batida a 10 km por hora). Esta visão da qualidade é do tipo “quanto mais, melhor” (mais nós, mais resistência ao choque, etc.). 3. Com base no usuário. A qualidade é determinada pela maneira como as preferências do clien- te são satisfeitas; assim, é uma função dos valores do consumidor (características, durabilida- de, estética, etc). Em essência, essa é a visão da qualidade do tipo “a beleza está nos olhos do cliente”. 4. Com base na fabricação. A qualidade é confirmadapela concordância com os padrões especi- ficados (por exemplo, está dentro dos limites de tolerância, ou atinge o desempenho conforme os padrões). Pelo fato de essa definição de qualidade se referir diretamente ao processo da fabricação dos produtos, essa visão é do tipo “fazer certo desde a primeira vez”. 5. Com base no valor. A qualidade é determinada pelo desempenho ou concordância do produto e do seu preço (por exemplo, um CD de $1.000 não significa alta qualidade, não importando seu desempenho, pois poucos acham que um CD vale tal preço). Essa é a visão de qualidade do tipo “valorize seu dinheiro” ou “excelência comprável”. Essa lista de definições provoca duas conclusões. A primeira é que a qualidade é um conceito com várias facetas e que não é facilmente resumido em simples medidas numéricas. Precisamos de uma estrutura de trabalho a partir da qual possamos avaliar as políticas de qualidade, assim como precisa- mos de uma para avaliar as políticas da administração operacional (isto é, a Ciência da Fábrica). Na verdade, como discutiremos mais adiante, as duas estruturas se relacionam diretamente, talvez como duas facetas da ciência da manufatura à qual nos referimos no Capítulo 6. A segunda é que as definições são bastante focadas no produto. Esse é o caso da maioria da litera- tura sobre a TQM em função do princípio de que a qualidade, em última instância, tem que ser “focada no cliente”. Como o que o cliente enxerga é o produto, a qualidade deve ser medida em termos dos produtos. Todavia, a qualidade do produto como é vista pelo cliente é composta por uma série de fato- res focados nos processos, tais como o projeto, o controle das operações na fabricação, a mão de obra aplicada, a supervisão dos processos, a assistência técnica, o tratamento pós-venda, etc. 12.2.2 A diferença entre a qualidade interna e a externa Para uma boa compreensão das relações da qualidade com foco no produto ou no processo, achamos melhor utilizar a seguinte distinção entre qualidade interna e externa: 1. A qualidade interna se refere à conformidade com as especificações de qualidade dentro da fábrica e está diretamente ligada à definição de qualidade com base na fabricação. É normal- mente monitorada por meio de medidas diretas de produto, tais como os índices de sucatea- mento e de retrabalho, e por meio de medidas indiretas de processos, tais como a pressão (em uma máquina injetora) ou a temperatura (em banhos de metais). 2. A qualidade externa se refere à maneira como o cliente enxerga o produto e pode ser inter- pretada usando as definições transcendental, com base no produto, com base no cliente e com base no valor, ou uma combinação delas. Pode ser monitorada por meio de medidas diretas de satisfação dos clientes, tais como as taxas de devoluções, e por meio de indicadores indiretos de satisfação dos clientes, tais como amostragens, inspeções, dados da assistência técnica, pesquisas, etc. Para alcançar um alto nível de qualidade externa, é preciso transformar as preocupações dos con- sumidores em medidas de controle da qualidade interna. Assim, pela perspectiva de um gerente de produção, as ligações entre a qualidade externa e interna são a chave para o desenvolvimento de um CAPÍTULO 12 Manufatura com Qualidade Total 385 programa eficaz de controle da qualidade. Alguma das maneiras mais importantes como a qualidade interna se relaciona com a externa são as seguintes: • A prevenção de erros. Se houver poucos erros na fábrica, menos defeitos tendem a escapar do processo de inspeção e chegar ao consumidor. Assim, à medida que a qualidade percebida pelos clientes é determinada pela ausência de defeitos, um alto nível de “qualidade na origem” na fábrica vai resultar em um alto nível de qualidade com base no consumidor. • Melhorias na inspeção. Se ocorrem poucos defeitos durante o processo de fabricação, a garantia da qualidade exigirá inspeções para detectar ou corrigir um menor número de itens. Isso tende a reduzir a pressão sobre o pessoal da qualidade para “deixar passar” algumas coisas – em outras palavras, relaxar os padrões de qualidade para produzir mais.3 Além disso, quanto menor o tem- po gasto no retrabalho ou na substituição de peças defeituosas, maior será o tempo gasto para rastrear problemas de qualidade até suas causas. O ideal seria que, no final, crie-se uma espiral crescente de qualidade, pela qual a prevenção e a detecção de erros melhorem de forma contínua ao longo do tempo. • Melhorias no ambiente. Muitos problemas de qualidade que chegam aos clientes não podem ser detectados na fábrica.4 Para esses e outros problemas que são evidentes, mas acabam escapando mesmo assim, é importante estabelecer um sistema de feedback no qual as informações externas são captadas e usadas para melhorar os processos internos. A John Deere implantou um sistema assim para sua divisão de semeadeiras, reconfigurando-as em projetos modulares e designando equipes para todas as operações (por exemplo, fabricação, submontagem e montagem final) em cada módulo. Quando os pedidos de garantia indicavam um problema em determinado módulo, a gerência sabia exatamente quem era responsável e onde era preciso fazer correções. Resumindo, a compreensão da questão da qualidade significa levar o cliente em consideração. Fa- zer produtos de qualidade significa levar em conta a produção.5 Para fins deste capítulo, vamos assumir que as necessidades dos clientes tenham sido compreendidas e transformadas em especificações de qualidade dentro da fábrica. Nosso foco será nas relações entre a qualidade e as operações, principal- mente as maneiras como as duas podem resultar em um trabalho conjunto, como parte de um processo contínuo de melhorias da fábrica. 3 Crosby (1979, 41) relata um caso em que o pessoal da produção encarava seus colegas da inspeção de qualidade como inimi- gos, protestando a cada peça rejeitada, como se o pessoal da qualidade estivesse sabotando a fábrica. 4 Garvin (1988, 129) oferece um exemplo de um compressor de um sistema de ar condicionado que falhou por causa da corrosão causada pela umidade. Tal problema não ficava evidente em um período razoável, de forma que não era detectado como um problema de fabricação. 5 Aqui nos referimos à “visão da empresa” ou “de M maiúsculo” sobre a manufatura, o que inclui o projeto do produto, a produ- ção e a assistência técnica. DICA DO PROFESSOR Garvin foi consultor de empresas como Boeng, Gillette, 3M, entre outras, e se formou em Ph. D em economia no M.I.T. De acordo com ele, a qualidade pode ser a melhor maneira de tocar os clientes. Considerando isso, propôs o desenho da qualidade a partir de cinco abordagens principais. No vídeo da Dica do Professor, você verá as abordagens de Garvin e observará detalhes a respeito do assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) David Garvin fez ponderações importantes quanto às principais abordagens para atender às expectativas dos clientes. Assinale a alternativa que se refere à abordagem transcendental. A) Determinada pelo desempenho ou concordância do produto e do seu preço. B) Uma excelência inata, que não é atributo específico do produto nem do consumidor, mas, sim, uma terceira entidade separada. C) Confirmada pela concordância com os padrões especificados. D) Determinada pela maneira como as preferências do cliente são satisfeitas; assim, é uma função dos valores do consumidor. E) A conformidade com os objetivos. A qualidade é um conceito com várias facetas, que não é resumido em simples medidas numéricas. Qual, dentre as alternativas a seguir, NÃO corresponde a uma 2) dimensão ou perspectiva da qualidade? A) Com base no usuário. B) Com base no valor. C) Com base na empresa. D) Com base no produto. E) Com base na fabricação. 3) É preciso que se diferenciem as relações da qualidade com foco no produto e com foco no processo, ou seja, utilizar uma distinção entre qualidade interna e qualidade externa.Sobre essa distinção, é INCORRETO afirmar que: A) para alcançar alto nível de qualidade externa, é preciso transformar as preocupações dos consumidores em medidas de controle de qualidade interna. B) a qualidade externa refere-se à maneira como o cliente enxerga o produto. C) pela perspectiva de um gerente de produção, as ligações entre qualidades externa e interna são a chave para o desenvolvimento de um programa eficaz de qualidade. D) a qualidade interna e a qualidade externa não se relacionam. Alterações ou percepções sobre uma delas não impactam a outra. E) a qualidade interna se refere à conformidade com as especificações de qualidade dentro da fábrica. 4) Uma empresa pode melhorar seus produtos, processos e sistemas ao entender melhor as influências da qualidade em seus negócios. Para tanto, ela pode se valer de uma vasta literatura sobre qualidade que, de maneira geral, pode ser dividida em duas grandes categorias. Assinale a alternativa que aponta quais são elas. A) Gestão da Qualidade Total e Controle Estatístico da Qualidade. B) Gestão da Qualidade Total e Just in Time (JIT). C) Kanban e Just in Time. D) Com base no produto ou com base no valor. E) Com base no usuário e com base no produto. 5) Uma das principais dimensões da qualidade é a que a define com base no produto, mesmo considerando que a maioria da literatura sobre Gestão da Qualidade Total diz que o princípio da qualidade é ela ser "focada no cliente". Nesse sentido, assinale a alternativa que justifica a importância da qualidade com base no produto. A) Por ela se confirmar em virtude de padrões específicos, ou seja, fazer certo desde a primeira vez. B) Porque ela estabelece a visão de qualidade do tipo "valorize seu dinheiro" ou "excelência comprável". C) Porque, em essência, a visão da qualidade é a do tipo "não consigo defini-la, mas posso reconhecê-la". D) Porque ela reforça a visão de que a "beleza está nos olhos do cliente". E) Considerando que aquilo que o cliente enxerga é o produto, a qualidade deve ser medida em termos de produtos. NA PRÁTICA Maria Eduarda é gerente de Planejamento e Controle da Produção (PCP) de uma indústria têxtil. Há alguns anos ela já adota práticas de qualidade no seu processo produtivo. Isso permite que ela tenha todos os seus processos desenhados e manuais orientativos, atue na correção de falhas do processo e defina indicadores de desempenho. Porém, os demais setores da empresa não haviam abraçado integralmente a ideia da qualidade; com isso, os clientes não percebiam os ganhos nesse quesito. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: As Dimensões da Qualidade dos Serviços O autor apresenta as dimensões da qualidade dos serviços, uma das metodologias mais conhecidas mundialmente para entender e estratificar a qualidade de um serviço. Esta pode ser muito útil, além de entender, para o planejamento, assim como a avaliação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Desafios da Qualidade e Produtividade à Engenharia de Produção do Brasil Este trabalho faz uma avaliação histórica e do estágio atual do movimento qualidade e produtividade (Q&P) no Brasil através da evolução do conceito do controle da qualidade no interior do atual processo de reestruturação produtiva, e delineia os desafios, limitações e potencialidades desse movimento à comunidade científica da Engenharia de Produção. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA QUALIDADE: ESTUDOS DE CASOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS DE SAÚDE O posicionamento estratégico de uma organização pode determinar o sucesso ou fracasso da mesma. O estudo teórico foi realizado, principalmente, nas publicações de Garvin sobre o tema de Abordagens da Qualidade, Dimensões da Qualidade e Eras da Qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Histórico das Normas ISO 9001 APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos a história das normas ISO 9001. Falaremos do surgimento da primeira versão da norma e sua evolução histórica com as principais alterações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as diferenças entre as versões da norma.• Relacionar os requisitos da norma com atividades realizadas dentro das empresas.• Contrastar as principais alterações na norma ISO 9001 desde quando a norma foi lançada até os dias de hoje. • DESAFIO Nesta Unidade de Aprendizagem desafiamos você a nos apresentar uma organização que você conhece ou na qual você já tenha trabalhado. Descreva em qual segmento esta empresa trabalha e quais são seus processos principais. Depois, cite três indicadores de desempenho utilizados pela empresa e qual a meta estabelecida pela organização para cada um destes indicadores. Veja o exemplo abaixo: Organização: loja de roupas - comércio de venda direta para o varejo. Principais processos: recebimento, conferência, estocagem, cadastro de produtos no sistema, montagem de vitrines e prateleiras, atendimento ao cliente, venda, recebimento do pagamento e emissão de nota fiscal. Indicadores de desempenho: 1) Faturamento mensal. Meta: R$ 90.000,00 por mês. 2) Relação entre o valor em estoque e o faturamento mensal. Meta: Estoque médio mensal no máximo 300% do faturamento. 3) Lucro líquido mensal. Meta: Lucro líquido maior que 40%. INFOGRÁFICO Este infográfico apresenta os 8 princípios que regem a família de normas ISO 9000. CONTEÚDO DO LIVRO As questões relacionadas aos ambientes interno e externo das empresas sofrem alterações constantemente e estas precisam promover mudanças organizacionais de forma estruturada, a fim de se adequarem às novas demandas e exigências. Muitas dessas determinações perpassam por questões relacionadas à qualidade que é um objetivo de desempenho das organizações. A norma ISO 9001definem vários requisitos para implantação de um sistema de gestão da qualidade. Desde a sua primeira edição, esta norma já passou por várias revisões e alterações. No capítulo Histórico das Normas ISO 9001, da obra Ferramentas da Qualidade, você verá as principais diferenças entre as versões da ISO 9001, estudará as relações entre os requisitos da norma e as atividades organizacionais e conhecerá as principais alterações ocorridas na norma desde o seu lançamento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! DICA DO PROFESSOR Este vídeo procura explicar e evolução histórica das normas da Série ISO 9000. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Indique quais são os passos sugeridos pela ISO para certificação de um Sistema de Gestão da Qualidade: A) Planejar a qualidade, executar a qualidade, verificar a eficácia das ações e melhorar continuamente os processos. B) Planejar o que a empresa precisa fazer para atender os seus clientes, executar o que foi planejado e, por último, manter e melhorar continuamente o sistema. C) Planejar, fazer auditorias, executar o que foi planejado e realizar auditorias novamente. D) Definir os processos principais, elaborar a documentação, treinar os funcionários, fazer auditorias e, por fim, verificar se as necessidades dos clientes foram atendidas. E) Manter os processos, definir o padrão desejado, estimar metas, controlar o atendimento aos requisitos dos clientes e preparação para auditoria externa de certificação. 2) Marque a alternativa que apresenta a informação verdadeira sobre a definição de metas: A) A ISO 9001 define as metas de refugo, retrabalho e reclamações de clientes de acordo com a quantidade de funcionários que a empresa tem. B) A ISO 9001 define um percentual aceitável de refugo e retrabalho de acordo com o faturamento da empresa. C) A ISO 9001 não fixa metas a serem atingidas pela empresa, apenas determina que cada empresa deve definir seusindicadores e possui total autonomia para definir as metas que estrategicamente julgar pertinentes. D) A ISO 9001 indica que as metas definidas por uma empresa devem ser mais desafiadoras que o concorrente mais competitivo do segmento de atuação em que a empresa está inserida. E) A ISO 9001 indica que, a cada ano, os indicadores devem apresentar uma evolução no desempenho superior a 10%. 3) Assinale a informação correta referente à evolução das normas ISO 9001: A) A primeira versão da norma é a ISO 9000, depois veio a 9001, no ano 2000 foi lançada a ISO 9003 e, atualmente, a norma vigente é a 9004. B) A ISO 9003 certifica, atualmente, apenas as empresas que apresentam produto próprio. C) A ISO 9002 é a norma mais exigente atualmente. D) A ISO 9004 é voltada apenas para o mercado automotivo norte-americano. E) Antigamente, existia a norma ISO 9001, 9002 e 9003. Agora a única norma certificável dessa família que ainda existe é a 9001; a ISO 9002 e a ISO 9003 são normas obsoletas. 4) Indique em que ano foi lançada a primeira versão da ISO 9001: A) 1994. B) 1987. C) 2000. D) 2008. E) 1989. 5) Em que ano foi lançada a versão da ISO 9001 que teve o maior impacto, ou seja, em que ano foi lançada a versão da ISO 9001 que apresentou as maiores mudanças? A) Em 1994. B) Em 2000. C) Em 2008. D) Em 2013. E) Em 2015. NA PRÁTICA Você já se perguntou quais são as vantagens que uma empresa conquista com a certificação na ISO 9001? Veja abaixo quais são algumas dessas vantagens: SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O que é ISO 9001 e por que certificar minha empresa Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A História da ISO Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Metodologia e Ferramentas de Qualidade APRESENTAÇÃO Uma gestão com foco em qualidade visa a agregar valor ao produto ou serviço fornecido ao cliente, utilizando sempre o princípio de melhoria contínua. As normas ISO buscam a qualidade a partir de um conjunto de características inerentes, que satisfazem alguns requisitos. A prática de gestão da qualidade é baseada em oito princípios: foco no cliente, liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processos, abordagem sistêmica para a gestão, melhoria contínua, abordagem factual para tomada de decisões e benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. Atendendo a esses critérios, a empresa alcançará a certificação, passando a ser reconhecida como certificada. Essa certificação, garante excelência na prestação de serviços e a confiança do consumidor. Existem diversos métodos para o desenvolvimento do gerenciamento da qualidade nas empresas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a metodologia para o desenvolvimento do gerenciamento da qualidade nas empresas, bem como algumas ferramentas de qualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as metodologias da qualidade.• Identificar os passos para a aplicação do método de qualidade. • Aplicar as metodologias e as ferramentas de qualidade.• INFOGRÁFICO O plano de ação é uma ferramenta de planejamento que tem como objetivo dar andamento às iniciativas e definir as devidas direções. Com ele, é possível transformar estratégias em algo real, planejado e programado. O plano auxilia, ainda, a delegar as atividades, visando a tornar a ação possível de ser realizada na prática e pode ser aplicado por organizações de qualquer segmento. Veja, no Infográfico a seguir, o passos para implementar um plano de ação. CONTEÚDO DO LIVRO As ferramentas de qualidade são utilizadas para definir, mensurar, analisar e propor soluções às não conformidades identificadas que interferem no desempenho dos processos organizacionais. A partir de técnicas e metodologias da qualidade, tais como 5S, 5W2H, PDCA, Diagrama de Causa e Efeito, Diagrama de Pareto, entre outras, é possível que o produto seja feito junto ao planejamento e controle da produção e gestão de estoque, melhorando o desenvolvimento dos processos e, consequentemente, a sua qualidade. No capítulo Metodologia e ferramentas de qualidade, do livro Gestão da qualidade e produtividade, você vai entender melhor as ferramentas utilizadas na busca da melhoria contínua. Boa leitura. GESTÃO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE Stefania Márcia de Oliveira Souza Metodologias e ferramentas de qualidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar as metodologias de qualidade. � Aplicar as metodologias e as ferramentas de qualidade. � Identificar os passos para a aplicação do método de qualidade. Introdução Para conduzir com sucesso uma organização é necessário dirigi-la de maneira transparente e sistemática (ASSOCIAÇÃO..., 2015). A organização só garantirá sua sobrevivência se satisfizer os clientes por meio de boa comunicação interna e externa, integridade de docu- mentos e informações e gerenciamento dos processos inter-relacionados ou interdependentes ao ambiente interno e externo. Para garantir a qualidade é necessário criar uma soma sinérgica do uso de métodos e ferramentas, ou seja, solucionar os problemas com observância do método com a correta utilização das ferramentas. Metodologias de qualidade O caminho mais simples para se atingir um objetivo é o método. As metodo- logias utilizadas em uma organização não se reduzem a quaisquer medidas, procedimentos e técnicas. Elas decorrem de uma concepção de sociedade, da natureza da atividade prática humana no mundo, do processo de conhecimento, e, particularmente, da compreensão da prática educativa numa determinada sociedade (BRAVO, 2003). A escolha e a organização da metodologia devem corresponder às necessidades das organizações e estarem adequadas às con- dições concretas de sua situação. O método é uma sequência lógica para o atendimento de uma meta, enquanto as ferramentas são os recursos utilizados para a realização do método. Algumas metodologias são utilizadas no processo de gestão de qualidade: DMAIC (define, measure, analyze, improve, control — respectivamente: definir, medir, analisar, melhorar e controlar): é uma metodologia de solução de problemas que empregam o Programa Seis Sigma com o objetivo de realizar melhorias em produtos, serviços e processos e para projetá-los e/ou reprojetá- -los. Metodologia caracterizada por: � “D” Definir — Definir com precisão as necessidades e desejos dos clientes; transformar as necessidades e desejos dos clientes em projetos e processos de acordo com as possibilidades da organização. � “M” Medir — É necessário medir com precisão o desempenho de cada etapa do processo, identificando as debilidades e as fortalezas. � “A” Analisar — Determinar o que falta nos processos para atender os clientes, ou seja, encontrar as causas dos problemas. � “I” Implementar — Demonstrar as vantagens que a mudança vai trazer e aproveitar suas contribuições na forma de operacionalizar a estratégia. � “C” Controlar — Estabelecer um sistema permanente de avaliação e controle. O método PDCA (Plan-Do-Check-Act): é uma das mais famosas ferra- mentas da Gestão da Qualidade Total. Esse método pode ser descrito resu- midamente como: � Plan (planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários para gerar resultados de acordo com os requisitos do cliente e com as políticas da organização. � Do (fazer): implementar os processos. � Check (checar): monitorar e medir processos e produtos em relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os resultados. � Act (agir): executar ações para promover continuamente a melhoria do desempenho do processo. O PDCA não esgota sua aplicabilidade com uma única utilização no processo, visto que implementa, na organização, uma cultura de melhoria Metodologias eferramentas de qualidade2 que permeia todos os processos. Ele é compreendido como um ciclo que identifica novos problemas ou avanços a cada movimento, com vistas à melhoria contínua. No Brasil, o ciclo PDCA foi adaptado pelo especialista Vicente Falconi Campos (1992) para MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas). Essa metodologia permite identificar e estabelecer parâmetros para a análise de problemas até a obtenção da solução. O método MASP deve ser utilizado de modo sistêmico nas organizações, uma vez que sua adequada aplicação conduz à solução de problemas e a sistematização dos resultados, traduzindo em um diferencial competitivo de mercado (MELLO, 2011). Dessa forma, a metodologia MASP permite identificar e estabelecer parâmetros para a análise de problemas até a obtenção da solução, a qual, ao se integrar com as ferramentas, permite a aplicação prática do método. A MASP certamente pode ser utilizada para melhorar não só problemas pontuais da sua empresa como para orientar a melhoria contínua de processos e, talvez, até mesmo a tratativa de NCs. Com disciplina e estruturação, o método poderá trazer grandes benefícios e aumentar os resultados dos seus processos. Ambos os métodos, PDCA e MASP, podem ser utilizados e aplicados em qualquer área da organização para criar alternativas, solucionar problemas, ajudar a tomada de decisão dos gestores, e melhorar os processos e o padrão existentes. Para saber mais sobre Aplicação do método DMAIC para análise de problemas de produção, acesse o link a seguir. https://goo.gl/2XqJon 3Metodologias e ferramentas de qualidade Figura 1. Ciclo DMAIC. Fonte: Andrade (2017, documento on-line). Atualmente as empresas utilizam o Gerenciamento da Rotina do dia a dia e o Ge- renciamento Pelas Diretrizes como formas de melhorar os processos e alcançar as metas desejadas. O Gerenciamento da Rotina está relacionado com às atividades operacionais de uma empresa, presente na rotina de trabalho de todos os seus co- laboradores e refere-se à atividade que busca a confiabilidade, a competitividade e o resultado do nível de controle; o Gerenciamento Pelas Diretrizes permite aos gestores que tomem decisões e controlem as atividades de forma integrada com o planejamento estratégico das empresas. Possui um sistema que focaliza o esforço de todos e implica profundas mudanças na organização para que as metas sejam atingidas, busca a melhoria da organização para atingir os resultados necessários a sua sobrevivência. Esse gerenciamento baseia-se na inovação e na busca permanente da melhor forma de se fazer as coisas e só se mostrará totalmente eficiente quando o Gerenciamento da Rotina estiver bem entendido e amplamente praticado. Os dois tipos de gerenciamento se relacionam por meio da padronização. Metodologias e ferramentas de qualidade4 Aplicação de metodologias e ferramentas de qualidade Atualmente, diversas ferramentas de qualidade, como os 5S, CCQ, o 5W2H, diagrama de causa e efeito, podem ter aplicação prática, fácil implantação e compreensão, e levar as organizações a uma melhoria considerável da qualidade. São cinco as palavras japonesas que deram origem ao 5S: 1. Seiri (senso da utilização): refere-se à identificação, classificação e remanejamento dos recursos que não são úteis ao fim desejado, além da eliminação de tarefas desnecessárias. Ou seja, manter no ambiente con- siderado somente os recursos necessários. “Fique só com o essencial.” 2. Seiton (senso da ordenação): refere-se à disposição sistemática dos objetos e dados, bem como a uma excelente comunicação visual que facilite o acesso rápido aos mesmos e o fluxo das pessoas. Esse senso ensina a ordenar e organizar de forma adequada tudo que será utilizado. Possibilita definir locais apropriados e critérios para estocar, guardar ou dispor materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e dados de modo a facilitar o seu uso e manuseio. “Um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar.” 3. Seisou (senso da limpeza): visa, principalmente, a criação e manutenção de um ambiente físico agradável. Cada pessoa deve limpar a sua própria área de trabalho e, sobretudo, ser conscientizada para as vantagens de não sujar. Ter senso de limpeza é eliminar a sujeira ou objetos estranhos para manter limpo o ambiente (parede, armários, o teto, gaveta, estante, piso), bem como manter dados e informações atualizados para garantir a correta tomada de decisões. A limpeza deve ser estado de espírito, sendo que o colaborador, ao ir trabalhar, deve estar com a mente clara e livre de problemas. “Limpar não é sujar.” 4. Seiketsu (senso da saúde): refere-se à preocupação com a própria saúde nos níveis físico, mental e emocional. Além de exercer os três pri- meiros sensos como forma de melhorar o ambiente físico de trabalho, a pessoa deverá ter plena consciência dos outros aspectos que afetam a própria saúde e agir sobre eles. Significa ainda ter comportamento ético, promover um ambiente saudável nas relações interpessoais, sejam sociais, familiares ou profissionais, cultivando um clima de respeito mútuo nas diversas relações. “Você só vive com saúde física e mental.” 5Metodologias e ferramentas de qualidade 5. Shitsuke (senso da autodisciplina): refere-se à necessidade de seguir os padrões técnicos, éticos e morais, ser educado e compreensivo com as pessoas em sua volta. Praticar os 4S anteriores, buscar sempre ini- ciativas de autodesenvolvimento, o desenvolvimento da equipe e da organização a que pertence, exercendo plenamente o seu potencial metal. “Ser responsável e comprometido.” O objetivo desta ferramenta é a busca de mudança no comportamento e nos hábitos das pessoas, para criar um ambiente de qualidade no trabalho e melhorar a qualidade de vida de todos. Seguem as características dos sensos. Os CCQs são grupos voluntários de colaboradores que constantemente buscam a melhoria da qualidade, da produtividade, dos produtos, dos insumos, dos processos, das condições ambientais, da segurança e demais atividades em seu posto de trabalho. É uma atividade voltada para o desenvolvimento das pessoas, principalmente na capacidade de controlar a qualidade. Por meio do CCQ, é possível trabalho em equipe para fazer mudanças de melhoria no trabalho, desenvolver o conhecimento das pessoas envolvidas, melhorar a co- municação e facilitar o entendimento das informações. Eles atuam diretamente para que sejam elaborados e cumpridos os padrões de trabalho e trabalham para exercer melhor controle das atividades. A participação nos grupos requer de cada participante disposição, iniciativa e cooperação. O sistema 5W2H traduz a utilização de perguntas (elaboradas em inglês) bem utilizada pelas empresas com o objetivo de gerar respostas que esclareçam o problema a ser resolvido ou que organizem as ideias na resolução de proble- mas. O 5W2H é um documento de forma organizada que identifica as ações e as responsabilidades de quem irá executar, por meio de um questionamento, capaz de orientar as diversas ações que deverão ser implementadas. As per- guntas são as seguintes: What (o que?). O que será feito (etapas); Who (quem?). Quem realizará as tarefas (responsabilidade); Why (por que?). Por que deve ser executada a tarefa (justificativa); When (quando?). Quando cada uma das tarefas deverá ser executada (tempo); Where (onde?). Onde cada etapa será executada (local); How (como?). Como deverá ser realizada cada tarefa/etapa (método); How Much (quando custa?). Como vai custar (valor). A utilização de tal ferramenta permite que um processo em execução seja dividido em etapas, estruturadas a partir das perguntas, com o intuito de serem encontradas falhas que impedem o término adequado do processo. O 5W2H também pode ser utilizado para criar um plano de ação para atingimento das metas e para a busca constante da melhoria contínua. Metodologias e ferramentas de qualidade6 Em relação à melhoria contínua,pode-se incluir o método Seis Sigma (Six Sigma) para fornecer a estrutura necessária para priorizar os recursos e melhorar o desempenho da organização, principalmente, aqueles que estão ligados aos clientes. A estratégia Seis Sigma considera todas as ferramentas de qualidade que são usualmente utilizadas ou que já foram implantadas na organização, harmonizando-as e estabelecendo metas desafiadoras de redução dos excessos. O diagrama de Causa e Efeito ou ainda diagrama Espinha de Peixe apre- senta uma estrutura gráfica onde se estruturam hierarquicamente as causas de determinado problema, divididos em seis tipos que chamamos de 6Ms: método, matéria-prima, mão de obra, máquinas, medição e meio ambiente. Além disso, define também oportunidades de melhoria e, por fim, os efeitos que esses pontos podem causar na qualidade do produto ou serviço. Passos para a aplicação dos métodos de qualidade A aplicação desses métodos, bem como as melhorias no desempenho das empresas, deve ser realizada de forma planejada e organizada, no qual todos devem estar envolvidos e participar. Na aplicação do MASP, diversas ferra- mentas de qualidade podem ser utilizadas, pois as mesmas visam à eliminação e à solução de problemas (PACHECO; PAIXÃO, 2006). A ferramenta MASP: é uma metodologia sistêmica para abordar situações que exigem tomada de decisão devido a situações insatisfatórias, desvio de padrão de desempenho esperado ou de um objetivo estabelecido, reconhecendo a necessidade de correção, seguindo alternativas de ação. Essas situações são tratadas utilizando ferramentas de qualidade de um modo sequencial e padronizado, com o ciclo de definição, análise, melhoria, padronização e controle do problema. Na sua aplicação são necessários recursos técnicos e administrativos como as ferramentas de qualidade, métodos estatísticos, treinamento de pessoal, técnicas de trabalho em grupos e de gerenciamento de projetos. É formado por alguns passos que podem ajudar a organizar de forma produtiva as ferramentas, a fim de otimizar a análise e a solução de problemas. � Identificação do problema: é identificado um desvio e/ou uma não conformidade. O objetivo é identificar e delimitar claramente o problema que se quer resolver. 7Metodologias e ferramentas de qualidade � Observação: investigação dos problemas, ou seja, descobrir as carac- terísticas do problema. � Análise para descobrir causas: sugestões e ideias para contribuir para a identificação das causas. � Plano de ação: são planejadas as contramedidas para eliminar o pro- blema. É necessário elaborar a estratégia para certificar-se de que as ações propostas agirão sobre as causas. � Ação para eliminar as causas: atuar para eliminar as causas principais dos problemas por meio de reuniões e capacitação. � Verificação da eficácia da ação: verificar os resultados apresentados, avaliar se as ações foram executadas conforme o planejado e registrar os efeitos indesejados. � Padronização: documentação dos procedimentos a serem seguidos por todos os colaboradores, para evitar a não-conformidade. É necessário comunicar os novos padrões, educar e capacitar os colaboradores e, posteriormente, controlar o cumprimento dos mesmos. � Conclusão: estabelecer uma cultura de aprendizagem organizacional para que os problemas sejam resolvidos e que todos estejam integrados. Contudo, a implementação do MASP é complexa e dispendiosa, consumindo parte dos recursos de uma organização. Outro fator que dificulta a implantação do MASP é a resistência à mudança por parte dos funcionários das empresas, que criam empecilhos no aprendizado e dificuldade no discernimento. A gerência deve estar sempre aberta à participação de todos os colaboradores ou funcionários, já que o trabalho em equipe se torna fundamental para o sucesso do método. Na aplicação do MASP as pessoas devem coletar dados, analisá-los para obter informação válida e disseminá-la, gerar conhecimentos sobre possíveis soluções, transferir esse conhecimento aos demais e torná-lo disponível para que seja novamente utilizado e, na medida em que suas etapas se sucedem, o conhecimento individual vai se expandindo, podendo atingir o nível da organização. O ciclo PDCA: significa Plan, Do, Check, Action (planejar, fazer, verificar e agir). Esse método tem a função de garantir que a empresa organize seus processos, não importando a sua natureza. � “P” Planejar — vem do inglês plan. No primeiro passo do ciclo, é criada uma estratégia que solucione os problemas previamente encontrados nas atividades. Para isso, é preciso ter uma equipe de projetos competente e Metodologias e ferramentas de qualidade8 responsável por essa análise, que desenvolva o planejamento de acordo com um caminho que seja viável para a empresa. No planejamento, são escolhidas as pessoas mais capacitadas para desenvolver o ciclo, além de selecionar quais métodos complementares serão utilizados e quais objetivos precisam de foco naquele momento. � “D” Fazer — vem do inglês do. No segundo passo do ciclo, será exe- cutado o plano de ação criado no passo anterior. Essa parte é crucial para o bom desenvolvimento da metodologia. Por isso, deve ser feita e analisada cautelosamente para evitar falhas e aumentar o sucesso das ações. É importante que o planejamento tenha sido feito detalhadamente e com calma para que não ocorram falhas no resto do processo. O Fazer é a execução do plano criado, e é também onde a equipe é treinada para que o método funcione. É importante anotar todos os resultados (bons ou ruins) e a data de quando ocorreram, além de comunicar e treinar os colaboradores selecionados para as ações e seus prazos, podendo ser utilizadas técnicas de treinamento. Sem isso, não há como fazer PDCA passo a passo com o sucesso desejado. � “C” Checar — vem do inglês check. É o passo no qual a equipe checa e analisa o que foi executado e os resultados obtidos de acordo com o plano de ação. Essa análise também pode ser desenvolvida durante todo o ciclo do plano, já que serve para a constante verificação do trabalho (se ele está sendo executado de forma correta) e também para seus resultados (quando se verifica estatisticamente seus dados, como falhas e erros.) É importante verificar se o que foi planejado já está sendo implantado, além de comparar os resultados entre o antes e o depois e o desenvolvimento do atingimento da meta proposta. Se os resultados colhidos na verificação não forem satisfatórios, é recomendado voltar à fase de planejamento. � “A” Agir — vem do inglês act. É o último passo do ciclo, que consiste em colocar em prática as ações corretivas dos problemas. Quem realmente quer entender como fazer PDCA passo a passo, precisa ter em mente que esta é a hora de padronizar o processo, compartilhar o aprendizado com todos os envolvidos, refletir sobre o que pode ser alterado e fazer o PDCA girar novamente. DMAIC: visa à melhoria do processo por meio da seleção correta de projetos e com etapas direcionadas para a solução de problemas dispostas de forma cíclica e contínua, contribuindo no processo de melhoria. 9Metodologias e ferramentas de qualidade a) 1ª etapa: Definir Formar o time que irá trabalhar no projeto, selecionando pessoas espe- cializadas em diferentes áreas para que vários pontos de vista possam ser utilizados; selecionar os problemas de forma objetiva; focar nos projetos mais relevantes e viáveis; pensar nas melhorias que podem ser feitas. b) 2ª etapa: Medir Avaliar o desempenho do processo e analisar quantitativamente antes de aplicar ações (para que o desempenho seja comparado antes e depois); levantar dados e informações sobre os processos; levantar as possíveis causas dos problemas. c) 3ª etapa: Analisar Pensar nas causas dos problemas que afetam a gestão; analisar as me- lhores formas de contra-atacar essas causas; criar oportunidades de melhoria. d) 4ª Etapa: Melhorar Testar previamente possíveis ações, tendo em vista seus próse contras; executar o plano de ação de acordo com as necessidades específicas de cada processo; implementar as mudanças. e) 5ª Etapa: Controlar Monitorar o desenvolvimento do plano de ação para que ele não se perca; estabelecer critérios de controle (checklists, estatísticas); analisar o desempenho geral dos retornos (financeiros ou não) do processo; atualizar os procedimentos para uma melhoria contínua, de acordo com as necessidades que forem surgindo. Metodologias e ferramentas de qualidade10 ANDRADE, L. O que é ciclo DMAIC e como utilizar? 19 set. 2017. Disponível em: <https:// www.siteware.com.br/metodologias/o-que-e-ciclo-dmaic/>. Acesso em: 22 jul. 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9000. Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BRAVO, I. Gestão da Qualidade em Tempos de Mudança. Campinas: Alíne, 2003. CAMPOS, V. F. TQC Controle da Qualidade Total (No Estilo Japonês). Belo Horizonte: EDG, 1992. MELLO, C. H. P. Gestão da Qualidade. São Paulo: Peason, 2011. PACHECO, R. F.; PAIXÃO, J. N. V. Uma Investigação Sobre o Índice de Perdas de Emba- lagens em uma Indústria Farmacêutica. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 26. Fortaleza, 2006. Artigos... Rio de Janiero: ABEPRO, 2006. Disponível em: <http://abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR470325_7088.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2018. Leituras recomendadas ALMEIDA, T. 3 métodos para aplicar a Gestão da Qualidade na sua empresa. 08 mar. 2016. Disponível em: <http://npu.com.br/gestao-da-qualidade-3-metodos/>. Acesso em: 22 jul. 2018. PALADINI, E. P. Gestão estratégica da qualidade: princípios, métodos e processos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 11Metodologias e ferramentas de qualidade DICA DO PROFESSOR As ferramentas de qualidade são instrumentos que auxiliam o gestor de qualidade de uma organização a melhorar o desempenho dos processos e produtos, alem de reduzir custos e aprimorar a eficácia do negócio. O 5W2H é uma das ferramentas da gestão da qualidade utilizada como um plano de ação na ferramenta do ciclo PDCA, por exemplo. É uma lista onde serão respondidas perguntas específicas, a fim de definir uma atividade, solucionar um problema ou tomar decisões. É possível fazer uso dessa ferramento em qualquer situação. Nesta Dica do Professor, você verá como funciona o 5W2H. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) "O método é sequência lógica para o atendimento de uma meta, enquanto as ferramentas são os recursos utilizados para a sua realização. Define - definir; Measure - medir; Analyser - analisar; Improve - melhorar; Control - controlar." O fragmento acima se refere a qual método? A) PDCA. B) 5S. C) MASP. D) DMAIC. E) 5W2H. 2) O método Plan-Do-Check-Act (PDCA) é uma das mais famosas ferramentas da gestão da qualidade total. Assinale a alternativa que diz respeito ao significado de plan. A) Definir. B) Fazer. C) Checar. D) Agir. E) Planejar. 3) Cinco palavras japonesas deram origem ao 5S's. "Identificação, classificação e remanejamento dos recursos que não são úteis ao fim desejado, além da eliminação de tarefas desnecessárias." O fragmento acima se refere a qual delas? A) Seiton ( senso de ordenação ). B) Seiri ( senso da utilização ). C) Seisou ( senso da limpeza ). D) Seiketsu ( senso da saúde ). E) Shitsuke ( senso da autodisciplina ). 4) "Metodologia sistêmica para abordar casos que exigem tomada de decisão devido a situações insatisfatórias, desvio de padrão de desempenho esperado ou de um objetivo estabelecido, reconhecendo a necessidade de correção e seguindo alternativas de ação." A que se refere o fragmento acima? A) MASP. B) PDCA. C) DMAIC. D) 5W2H. E) CQQ'S. 5) A MASP é formada por alguns passos que podem ajudar a organizar as ferramentos de forma produtiva, a fim de otimizar a análise e a solução de problemas. Dentre os passos, podemos citar: A) "D" Definir, "M" Medir ", A" Analisar, "I" Implementar e "C" Controlar. B) Plan (planejar), Do (fazer), Check (checar)e Act (agir). C) Identificação do problema, Observação, Análise para descobrir causas, Plano de ação, Ação para eliminar as causas, Verificação da eficácia da ação, Padronização, Conclusão. D) Who (Quem?): Quem realizará as tarefas (responsabilidade), Why (Por que?): Por que deve ser executada a tarefa (justificativa), When (Quando?): Quando cada uma das tarefas deverá ser executada (tempo). E) Seiton (senso da ordenação), Seiri (senso da utilização), Seisou (senso da limpeza), Seiketsu (senso da saúde), Shitsuke (senso da autodisciplina), diz respeito aos 5 S's. NA PRÁTICA A melhoria contínua de processos é baseada no uso de ferramentas de qualidade para produzir mudanças benéficas, como, por exemplo, o 5W2H. Essa metodologia permite ao administrador elaborar um plano de ação de forma estruturada. A rede de vendas de vestuário MaisRoupa, que possui lojas em todo o País, percebeu uma queda de 10% nas vendas da filial de Belo Horizonte. André, o gerente de vendas, é o responsável por solucionar o problema. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Lean Manufacturing O Lean Manufacturing é uma filosofia de gestão que busca reduzir desperdícios enquanto aumenta a produtividade e qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Diagrama de Dispersão Este vídeo trata da ferramenta Diagrama de Dispersão: o que é, quais os benefícios e quais as aplicações dessa ferramenta da qualidade total. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Diagrama de Pareto O Diagrama de Pareto é uma ferramenta de gestão em forma de gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrências, da maior para a menor, permitindo a priorização dos problemas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! 7 ferramentas da qualidade APRESENTAÇÃO O mercado está cada vez mais competitivo, exigindo das empresas a capacidade constante de adaptação e inovação não só na área tecnológica, mas também nos processos de trabalho. Nesse contexto, o gerenciamento da qualidade de produtos, serviços e processos é um aspecto essencial para o aumento da competitividade das empresas e a sobrevivência delas. Para isso, as empresas contam com as ferramentas da qualidade utilizadas para melhorar os próprios processos e solucionar problemas referentes à qualidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as sete ferramentas da qualidade, os passos necessários para a elaboração de cada ferramenta e como elas podem ser utilizadas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as sete ferramentas da qualidade.• Identificar como as ferramentas são elaboradas. • Apontar como as ferramentas são utilizadas na gestão da qualidade.• DESAFIO Você e sua família trabalham no ramo de alimentação, fornecendo marmitas com comida caseira, mas, com a crise e a concorrência cada vez mais acirrada, as vendas têm sofrido uma queda significativa e, consequentemente, uma redução no lucro. Você é o administrador do negócio e, sentindo a grande preocupação de seus pais em relação à manutenção do negócio, resolveu propor a aplicação de algumas das ferramentas da qualidade, buscando compreender as razões para essa queda, pois você acredita que ela não seja apenas decorrente da crise, mas também de problemas operacionais que podem ser resolvidos se a causa deles for identificada. Tendo conhecimento a respeito das sete ferramentas da qualidade, quais seriam as ferramentas mais indicadas ao negócio da sua família? INFOGRÁFICO As sete ferramentas da qualidade podem ser utilizadas em todas as organizações que prezam pela qualidade dos próprios produtos, serviços e processos.Elas são capazes de apresentar resultados significativos no gerenciamento da melhoria contínua. Veja no Infográfico a seguir o que são e para que servem as sete ferramentas da qualidade, utilizadas para melhorar os processos e solucionar os problemas relacionados à qualidade, as quais têm como objetivos fornecer maior clareza no trabalho e, principalmente, auxiliar na tomada de decisão com base em fatos e dados. CONTEÚDO DO LIVRO Atualmente, a qualidade é um elemento essencial para as organizações que querem se manter no mercado. Por isso, mais do que uma função de inspeção, ela tem uma função estratégica. O movimento da qualidade tem contribuído, de forma significativa, para a obtenção de vantagens competitivas junto às empresas concorrentes, contando com diversas ferramentas que as auxiliam nesse processo. As sete ferramentas da qualidade têm sido muito utilizadas como instrumentos de gestão, contribuindo para a melhoria de processos, produtos e serviços, pois contribuem para a definição, a mensuração, a análise e a proposição de soluções para problemas que impactam no desempenho dos processos de trabalho. Leia mais no capítulo Sete ferramentas da qualidade, da obra Gestão da qualidade, que serve como base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. GESTÃO DA QUALIDADE Ligia Maria Fonseca Affonso As 7 ferramentas da qualidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever as 7 ferramentas da qualidade. � Identificar como as ferramentas são elaboradas. � Apontar como as ferramentas são utilizadas na gestão da qualidade. Introdução A qualidade é um elemento essencial para as organizações que querem se manter no mercado. Por isso, mais do que uma função de inspeção, ela possui função estratégica. O movimento da qualidade tem contribu- ído de forma significativa para a obtenção de vantagens competitivas pelas empresas, e diversas ferramentas auxiliam nesse processo. As 7 ferramentas da qualidade são usadas como instrumentos de gestão, contribuindo para a melhoria de processos, produtos e serviços, uma vez que atuam na definição, na mensuração, na análise e na proposição de soluções para problemas que impactam o desempenho dos proces- sos de trabalho. Tais ferramentas compõem um conjunto de métodos estatísticos que possibilitam a identificação e a compreensão das causas dos problemas, gerando soluções para sua eliminação e otimizando os processos operacionais de uma empresa. Neste capítulo, você vai conhecer as ferramentas utilizadas pelas em- presas para remover as causas dos problemas, aumentar a produtividade e reduzir as perdas. Ferramentas de qualidade Kaoru Ishikawa, um dos gurus da qualidade, percebeu que pelo menos 95% dos problemas poderiam ser resolvidos por certas ferramentas e que estas poderiam ser utilizadas por qualquer trabalhador fabril. Ishikawa então as organizou exclusivamente para aperfeiçoar o controle de qualidade, criando o diagrama de causa-efeito, muito conhecido como “diagrama espinha de peixe” e também chamado de “diagrama de Ishikawa”, para diferenciá-lo dos demais diagramas de causa-efeito utilizados na área computacional. Além de Kaoru Ishikawa, outros nomes contribuíram significativamente com estudos e pensamentos sobre o tema, a ponto de serem chamados de gurus da qualidade. Você deve conhecê-los: William Edwards Deming; Armand V. Feigenbaum; Joseph Juran; Walter Andrew Shewhart; Tom Peters; Philip B. Crosby; Genichi Taguchi e Shigeo Shingo (MORETTI et al., 2008). A seguir, você vai conhecer, então, as 7 ferramentas que integram a proposta de Ishikawa (MORETTI et al., 2008; AFONSO; FANDINO, 2008). Fluxograma O fluxograma é um diagrama composto por símbolos padronizados que tem como objetivo descrever e mapear as diversas etapas de um processo, ordenando-as em uma sequência lógica e de forma planejada. Ele permite visualizar e identificar os pontos que merecem atenção especial; identificar oportunidades de melhoria; desenhar novo processo com as melhorias incor- poradas; melhorar a comunicação entre os envolvidos no processo e disseminar informações a respeito destes (AFONSO; FANDINO, 2008). Entre os vários tipos de fluxogramas existentes, destacam-se o fluxograma horizontal, o fluxograma vertical e o fluxograma em blocos (OLIVEIRA, 2013). As 7 ferramentas da qualidade2 Veja mais sobre os tipos de fluxograma no livro Sistemas, Organização & Métodos — uma abordagem gerencial (OLIVEIRA, 2013). Carta de controle Os gráficos ou cartas de controle são ferramentas utilizadas para o moni- toramento e o controle das variabilidades de determinado processo. Além disso, são capazes de avaliar a estabilidade de um processo. De acordo com Hosken (2005), o gráfico de controle sintetiza um extenso conjunto de dados, utilizando métodos estatísticos para observação das mudanças dentro do processo, com base em dados de amostragem. Ele é normalmente utilizado para acompanhar determinado processo e verificar se o desempenho gerado está sob controle ou não. Se o processo de fato parece estar saindo de controle, então medidas podem ser tomadas antes que haja um problema (SLACK et al., 2002). Ou seja, a carta de controle representa uma curva dinâmica que pode ser complementada na medida em que os eventos ocorrem. Ela tem por objetivo conhecer, monitorar e controlar os resultados dos processos durante e depois de sua execução, identificando a ocorrência de desvios, a partir da meta e dos limites de especificação e controle. Histograma O histograma é um diagrama de barras verticais ou horizontais de distribuição de frequência de um conjunto de dados numéricos. Ele permite a visualização de modelos que em uma tabela seriam difíceis de serem vistos. Além disso, tem como objetivo facilitar a visualização da variação dos dados em um evento por meio do agrupamento desses dados. Os histogramas podem ter várias formas, que indicam a normalidade ou a anormalidade do processo, como o histograma normal, o histograma bi ou multimodal, a dispersão exagerada e o truncamento à esquerda ou à direita (RAMOS; ALMEIRA; ARAÚJO, 2013). 3As 7 ferramentas da qualidade Veja mais sobre os tipos de histogramas no livro Controle Estatístico da Qualidade (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Diagrama de dispersão O diagrama de dispersão, conhecido também como “gráfico ou diagrama de correlação”, é uma técnica estatística que visa a identificar a existência e a intensidade do relacionamento entre duas variáveis, dependentes e inde- pendentes de um evento, em que o coeficiente de correlação é chamado de r. Ou seja, visam a verificar a correlação e estabelecer associação entre duas variáveis quantitativas, buscando uma relação de causa e efeito entre elas. Você deve observar que normalmente as variáveis são denominadas de x e y; x é considerada a variável independente, e y é a variável dependente (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013, p. 21). Você sabe a diferença entre variáveis dependentes e independentes? � Variáveis dependentes: representam uma grandeza cujo valor depende da forma como a variável independente é manipulada. Normalmente uma variável de- pendente é expressa por y. Considere este exemplo: em cada pão vendido, você ganha R$ 1,00. A variável dependente é o valor em dinheiro que você ganha, pois ela depende de quantos pães você vende. � Variáveis independentes: representam uma grandeza que pode ser manipulada em um experimento. Normalmente são expressas por x. Considere este exemplo: em cada pão vendido, você ganha R$ 1,00. A variável independente é a quantidade de pão que você vende, pois essa é a variável sobre a qual você tem controle. As 7 ferramentas da qualidade4 Folha de verificação A folha de verificação, também conhecida como lista de verificação ou checklist, é um instrumento fácil de ser aplicado e bastante utilizado na gestão da qualidade. Trata-se de um formulárioonde dados e informações relacio- nadas a determinada atividade ou processo são registrados de forma rápida e automática. Na medida em que esse formulário vai sendo utilizado na coleta de dados, vai gerando um histórico de informações sobre eles. Dessa forma, permite a verificação de comportamentos ou tendências, possibilitando a implementação de ações corretivas para a melhoria dos processos. É uma ferramenta de formato livre, simples, de fácil manuseio e entendimento, que permite a comparação entre o efetivo e o planejado e contribui para a avaliação da eficácia das ações corretivas adotadas (MARIANI, 2005). Gráfico de Pareto O gráfico de Pareto ou diagrama de Pareto é uma forma especial de gráfico de barras verticais. Ele permite determinar quais problemas resolver e qual é a prioridade, ou seja, qual é a ordem hierárquica de importância. Essa técnica foi criada por Vilfredo Pareto, que verificou ser possível estabelecer dois grupos de causas para a maioria dos processos (SANTOS, 2009): � uma grande quantidade de causas (ordem de 80%) que contribuem muito pouco (ordem de 20%) para os efeitos observados. Tais causas são chamadas de “maioria de triviais”; � uma pequena quantidade de causas (ordem de 20%) que contribuem de forma preponderante (ordem de 80%) para os efeitos observados. Essas causas são chamadas de “minoria de essenciais”. Dessa forma, o princípio de Pareto separa as poucas causas essenciais (que contribuem com 80% dos efeitos) das muitas causas triviais (que contribuem com 20% dos efeitos), o que explica o fato de ele ser também conhecido como “técnica 80–20”. 5As 7 ferramentas da qualidade Diagrama de causa-efeito O diagrama de causa-efeito, também conhecido como “diagrama de Ishikawa” ou “diagrama espinha de peixe”, é uma ferramenta simples e muito utilizada em qualidade. Trata-se de um processo que permite a análise e a identificação das principais causas de variação de um processo ou da ocorrência de um problema. Foi desenvolvido por Ishikawa para representar a relação entre um efeito e todas as possibilidades de “causa” que podem contribuir para ele. É uma técnica que utiliza a representação gráfica, facilitando a compreensão e a busca de uma solução para o problema, apontando as várias influências que impactam o processo e possibilitando a análise sistêmica do conjunto. É utilizada para estabelecer relações entre opiniões obtidas em brainstorming ou outra forma de levantamento de dados (WERKEMA, 2006; MAGRI, 2009). Brainstorming: termo conhecido na língua portuguesa como “tempestade de ideias”, é uma técnica utilizada para gerar um grande número de ideias, principalmente inéditas, em um curto espaço de tempo, com foco na quantidade de ideias, ou seja, quanto mais, melhor (BAXTER, 2011). A elaboração das ferramentas Fluxograma Ao se elaborar um fluxograma, deve-se partir da situação atual que se deseja modificar, pois é com base nela que o processo pode ser analisado e melhorias podem ser identificadas. Na elaboração, você pode utilizar figuras geométricas como retângulos, losangos, círculos, linhas, setas e outros. Cada uma delas representa um significado específico e relevante para o fluxo estudado, como você pode ver na Figura 1. As 7 ferramentas da qualidade6 Figura 1. Símbolos do fluxograma. Fonte: Silva (2012). Com esses símbolos, é possível evidenciar a origem, o processo e o destino dos dados e informações que compõem o fluxo, possibilitando o perfeito entendimento dos caminhos percorridos, bem como garantindo a qualidade do conteúdo. Na Figura 2, você pode ver um exemplo de fluxograma. 7As 7 ferramentas da qualidade Figura 2. Modelo de fluxograma. Fonte: Adaptada de Afonso e Fandino (2008). Sim Não Ação Fim Decisão Ação Ação Início Veja, a seguir, as etapas de elaboração de um fluxograma (RAMOS; AL- MEIDA; ARAÚJO, 2013): � definir o processo que será desenhado, ou seja, determinar o que é o processo; � elaborar um macrofluxo do processo, identificando os seus grandes blocos de atividades, partindo de uma forma ampla para uma forma mais específica, identificando os momentos mais importantes do processo; � formar um grupo com as pessoas envolvidas nas atividades do processo, de modo que ele possa ser detalhado em suas etapas e atividades, bem como com relação aos produtos ou serviços que compõem cada uma delas — ou seja, explicar o processo; � identificar os responsáveis pela realização de cada atividade; � verificar se o fluxograma desenhado corresponde à forma como o processo é executado, realizando ajustes, se necessário. As 7 ferramentas da qualidade8 Carta de controle As cartas ou gráficos de controle permitem o monitoramento da estabilidade de qualquer processo, determinando estatisticamente uma faixa chamada “limites de controle”. Essa faixa é limitada por uma linha superior, que representa o limite superior de controle (LSC), por uma linha inferior, que representa o limite inferior de controle (LIC), e por uma linha central, que representa o limite central (LC) (OLIVEIRA, 2013). Você pode ver esse esquema na Figura 3, a seguir. Figura 3. Exemplo de cartas de controle: (a) sob controle esta- tístico e (b) fora de controle estatístico. Fonte: São Paulo (2013). Observe atentamente a Figura 3. Como você pode ver, quando todos os pontos da amostra estão arranjados dentro dos limites de controle, de forma aleatória, o processo está sob controle (a). Do contrário, se um ou mais pontos estiverem arranjados fora dos limites de controle, isso evidencia que o processo está fora de controle (b) e que é necessário investigar e implementar ações corretivas para detectar e eliminar as causas especiais. 9As 7 ferramentas da qualidade Você sabe qual é a diferença entre as causas comuns e as causas especiais? � Causas comuns ou aleatórias: próprias de um processo de produção e inevitáveis, podendo ser minimizadas ou controladas. � Causas especiais ou atribuíveis: decorrentes de mudanças significativas no processo de produção, são identificáveis e podem ser eliminadas (SANTOS, 2009). Para elaborar uma carta de controle, você deve definir: � os processos que serão controlados e suas características; � os materiais que serão monitorados; � os equipamentos/instrumentos de medição e os insumos necessários; � os responsáveis pelas análises; � os tipos de carta de controle (podem ser cartas de controle para variáveis ou cartas de controle para atributos). Você pode aprender mais sobre os tipos de carta de controle em Manual para elabo- ração de cartas de controle para monitoramento de processos de medição quantitativos em laboratórios de ensaio (OLIVEIRA et al., 2013). Os gráficos podem ser elaborados com a utilização de variáveis decorrentes de uma medição ou de atributos decorrentes da contagem ou classificação, como o número de peças com defeito. Você deve notar que, se for um evento já finalizado (dados históricos), a curva pode ser elaborada com base em um histograma. Histograma Para elaborar um histograma, você precisa (SANTOS, 2009): As 7 ferramentas da qualidade10 � coletar os dados que serão analisados e organizá-los para que possam ser facilmente interpretados; � calcular a amplitude; � definir a quantidade de classes; � calcular o intervalo das classes; � determinar os limites das classes; � montar o histograma traçando os eixos dos gráficos (x e y) e adicionando os dados com base na tabela de frequência. Sobre o eixo y, inserem-se as faixas de frequências, com o mesmo intervalo entre cada uma delas (como de 5 em 5, 10 em 10 ou outro), e o valor maior representa o total dos dados. Sobre o eixo x, inserem-se os intervalos das classes (com base na tabela de frequência). A partir daí, as colunas representando as classes e suas frequências podem ser desenhadas. Veja a Figura 4 para entender melhor o processo. Figura 4. Histograma normal. Fonte: Adaptada de Santos (2009). Classes Frequências (Variáveiscontroladas) Você ainda deve saber que o histograma mostra o resultado do processo e não as especificações do produto. As especificações sobre o produto são infor- mações estabelecidas pelo pessoal de projetos e pelo mercado e são totalmente independentes dos processos. O ideal seria a harmonia entre as especificações e o processo, no entanto, devido às inúmeras variáveis que afetam o andamento e os resultados dos processos, pode não haver coincidência entre os valores. Por isso a importância de o processo ser controlado. 11As 7 ferramentas da qualidade Saiba mais sobre a elaboração do histograma no livro Administração da produção: operações industriais e serviços (PEINADO; GRAEML, 2007). Diagramas de dispersão Para elaborar um diagrama de dispersão, você precisa (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013): � coletar dados em quantidade igual ou superior a 30 pares de dados, permitindo a efetividade da verificação da relação entre as variáveis; � graduar a coluna vertical (y) de forma decrescente, começando com o maior valor, e a coluna horizontal (x) da esquerda para direita, come- çando com o menor valor; � plotar os vários pares ordenados no diagrama; � escrever no gráfico o título dos eixos e as demais informações necessárias. Note ainda que os dados são transportados para o gráfico em forma de pontos que sinalizam o cruzamento dos valores de x e y para cada par de dados. O diagrama pode ser elaborado manualmente ou por meio de recursos como o Excel e outros, de acordo com o número de dados envolvidos. As relações entre as variáveis podem ser classificadas em três categorias. Na relação de correlação linear positiva, se x sofre um acréscimo, y também sofre e vice-versa. Haverá, então, no gráfico, pontos pouco dispersos em relação a uma reta que os atravessa. As relações também podem ser de correlação linear negativa. Nesse caso, se x sofre um acréscimo, y sofre um decréscimo e vice-versa. Também haverá, então, no gráfico, pontos poucos dispersos em relação a uma reta que os atravessa. Por último, há a correlação linear ine- xistente, na qual a relação entre as variáveis x e y não é bem definida. Nesse caso, os pontos no gráfico aparecem bem dispersos ou de qualquer outra forma diferente da linear (Figura 5) (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). As 7 ferramentas da qualidade12 Figura 5. Correlações lineares: (a) correlação linear positiva; (b) correlação linear negativa e (c) correlação linear inexistente. Fonte: Adaptada de Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 23). 13As 7 ferramentas da qualidade Os pontos no gráfico se referem às relações entre as variáveis (valores), sobre as quais se pode traçar uma reta chamada “linha de tendência”. Quanto mais próximos e concentrados os pontos estiverem da linha, maior será a relação entre as variáveis analisadas. Folhas de verificação Não existe um modelo padrão para a elaboração do formulário. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para que o documento atenda ao seu propósito (WERKEMA, 2006). Assim, você deve: � definir o objetivo da coleta de dados, ou seja, determinar que dados coletar, quais podem ser analisados sob diversas perspectivas, de que forma e quando serão coletados e por quem; � elaborar o formulário/planilha contendo campos necessários para os registros e incluir no documento informações que expliquem seu preenchimento; � informar e conscientizar os responsáveis pela coleta dos dados, ofere- cendo as orientações necessárias; � testar o uso do documento e coletar os dados oficialmente. As vantagens de se utilizar a folha de verificação na coleta de dados são a otimização e a organização do processo de coleta. No entanto, é importante que você perceba a importância de preparar a folha de verificação antes de iniciar o processo de coleta de dados, cujo propósito deve estar claro. Asim, as informações colhidas podem atender à sua finalidade e agregar valor às demais ferramentas da qualidade. Na Tabela 1, a seguir, você pode ver um exemplo de folha de verificação. As 7 ferramentas da qualidade14 Fontes: Adaptada de Mariani (2005). Folha de verificação Processo: PRODUÇÃO Problema: peças danificadas Data: 30/03/05 Setor/Turno Nº de peças danificadas Variação % (R/P) Real Plano 01/A 03/100 02/100 50% 02/A 01/100 01/100 – 03/A 01/100 02/100 (–) 50% Total médio 02/100 1,75/100 14% Tabela 1. Exemplo de folha de verificação. Os dados e informações coletados na folha de verificação podem ser di- mensionais (centímetros, metros, litros), temporais (dias, horas, segundos), econômicos (reais, dólares ou outras moedas) e de atributos (aprovado ou reprovado, conforme ou não conforme), etc. (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Gráfico de Pareto O gráfico ou diagrama de Pareto define apenas o “fator mais frequente” na análise e não o mais importante. Dessa forma, deve ser cuidadosamente pla- nejado para que reflita o “fator mais importante”. Outro ponto que você deve notar é que o diagrama é elaborado com base na folha de verificação ou outra fonte de coleta de dados, visando a auxiliar na atenção e nos esforços para identificar problemas importantes. Deve-se atuar na barra mais alta, pois isso, a princípio, fará a equipe alcançar melhores resultados. Antes de construí-lo, você precisa selecionar o que será comparado, estabelecendo uma ordem por meio da utilização do brainstorming ou de dados já existentes. Na Figura 6, a seguir, você pode ver um exemplo de gráfico de Pareto. 15As 7 ferramentas da qualidade Figura 6. Exemplo de gráfico de Pareto. Fonte: Adaptada de Santos (2009). R - Recepção 20 R A E L I Ap 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Reclamações Setor Exemplo de Gráfico de Pareto 100% 80% 60% 40% 20% A - Ambulatório E - Emergência L - Laboratório I - Internação Ap - Apoio Administrativo Para elaborar o diagrama de Pareto, você precisa seguir alguns passos, como (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013): � coletar dados, identificando o tipo de problema a ser investigado, o método e o local da coleta, entre outros, utilizando uma folha de veri- ficação preparada para a coleta de dados; � organizar os dados em uma tabela, apresentando os itens em ordem decrescente; � calcular o percentual de cada defeito e dos percentuais acumulados; � elaborar o gráfico, traçando dois eixos verticais e um eixo horizontal entre os dois, de modo que o eixo vertical seja graduado de 0 ao total de quantidades e que o eixo vertical direito seja graduado em uma escala de 0 a 100%. O eixo horizontal, da esquerda para a direita, deve ser desenhado com colunas referentes aos defeitos de maior ordem de grandeza, com o nome de cada defeito embaixo de cada uma das colunas; � ligar esses pontos por segmentos de reta até que o valor de 100% seja alcançado no lado superior direito. Por fim, inserir o título do gráfico e dos eixos verticais e horizontais, acrescentando mais informações, se necessário. As 7 ferramentas da qualidade16 Diagrama de causa e efeito O diagrama é uma figura composta por linhas e símbolos, que representam uma relação significativa entre um efeito e suas possíveis causas e descrevem situações complexas que dificilmente poderiam ser descritas e interpretadas apenas por palavras (RAMOS, 2000). Cada efeito possui várias categorias de causas, que podem ser compostas por outras causas. Assim, o diagrama de causa e efeito tem por objetivo tabular as causas de um problema estratificadas pelas categorias: método, mão de obra, material, máquina, meio ambiente e medidas, conhecidas por 6Ms, como você pode ver na Figura 7 (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Figura 7. Diagrama de causa e efeito. Fonte: Adaptada de Ramos, Almeida e Araújo (2013). Máquinas Meio ambiente Métodos Medidas Material Mão de obra Problema (efeito) O diagrama de causa e efeito mostra a relação entre uma característica da qualidade e os fatores, sendo indicado para identificar, explorar e ressaltar todas as causas possíveis de umproblema ou condição específica (KUME, 1993). Para sua elaboração, é necessário definir inicialmente o efeito que se deseja estudar. A extensão do problema não pode ser esquecida, é preciso verificá-la, ou seja, saber até onde o efeito é percebido. Pesquisando as causas por meio do brainstorming e da lista de verificação, os seguintes passos devem ser seguidos (SANTOS, 2009): 17As 7 ferramentas da qualidade � colocar o efeito do lado direito, dentro de um retângulo; � listar todas as possíveis causas do lado esquerdo do diagrama; � estabelecer as categorias de causas, considerando que para cada efeito existem várias categorias; � agrupar o resultado da pesquisa das causas nas categorias; � para cada causa, questionar “por que isso acontece?”; � lembra-se de que um diagrama de causa e efeito bem detalhado toma a forma de espinha de peixe. Você também deve conhecer os principais cuidados devem ser tomados na utilização do diagrama de causa e efeito (SANTOS, 2009): � evitar listar somente os efeitos que estejam fora da área de responsabi- lidade do grupo, pois muitas vezes serão difíceis de serem abordados por falta de apoio da chefia de outras áreas da organização; � não utilizar o diagrama para listar problemas ou testar teorias, e sim para levantar as possíveis causas raízes; � utilizar o mínimo de palavras possível durante a elaboração do diagrama, de modo que ele não fique muito carregado de expressões; � ter a certeza de que todas as pessoas envolvidas estão de acordo com a definição do problema, pois, caso isso não aconteça, todo o trabalho poderá ser inútil; � certificar-se da concordância entre causas e efeitos, por isso a partici- pação é fundamental. Utilidade das ferramentas Fluxograma Um fluxograma é uma ferramenta que possibilita a visualização fácil e rápida das diversas etapas que compõem um processo de trabalho. Ele pode ser utilizado para representar movimentos de pessoas, materiais, documentos e informações em um processo. Suponha que você queira desenhar um processo de trabalho em um restaurante. Você sabe que em um restaurante existem vários processos, como o atendimento ao cliente, a preparação das refeições, o armazenamento dos mantimentos, etc. Então, inicialmente é preciso definir qual é o processo que será desenhado. Suponha que o processo escolhido seja o atendimento ao cliente. A partir daí, é necessário elaborar o grande bloco de atividades — ou As 7 ferramentas da qualidade18 seja, o que acontece desde que o cliente entra no restaurante até a escolha do cardápio, por exemplo — e identificar os momentos mais importantes desse processo. Quando for fazer isso, chame as pessoas envolvidas nessa atividade para que possam ajudá-lo a detalhar todas as etapas (bem como as atividades e os produtos ou serviços que as compõem) e a identificar quem são os responsáveis por cada uma. Após desenhar o fluxograma, verifique se está de acordo com o modo como o processo é de fato realizado, aproveitando esse momento para realizar ajustes, se necessário (RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Figura 8. Fluxograma do processo de atendimento no restaurante X. Fonte: Adaptada de Rodrigues (2012). INÍCIO CLIENTE Entra no restaurante e pede uma mesa Mesa disponível? Não Sim CLIENTE Analisa o cardápio e faz o pedido RECEPCIONISTA Encaminha o cliente à mesa RECEPCIONISTA Entrega a senha e encaminha ao bar CLIENTE Aguarda a mesa RECEPCIONISTA Mesa é disponibilizada MAITRE Registra e encaminha o pedido Fluxograma: Processo de atendimento no restaurante X Dessa forma, você pode concluir que os principais aspectos envolvidos em um fluxograma são: a padronização e a representação dos métodos e proce- dimentos; a maior rapidez na descrição dos métodos; a facilidade de leitura e entendimento; a localização e a identificação de aspectos mais importantes; a flexibilidade e o melhor grau de análise (OLIVEIRA, 2013). 19As 7 ferramentas da qualidade Carta de controle A carta de controle ou o gráfico de controle avalia um processo em andamento. Se o resultado desse processo está de acordo com os limites preestabelecidos, isso não significa, porém, que o bem ou serviço em elaboração atende às ex- pectativas planejadas. Significa apenas que o processo é consistente, mesmo que seja consistentemente ruim (MARSHALL JUNIOR et al., 2006). Outro ponto importante do gráfico de controle é que ele pode relacionar-se com outras ferramentas, como o diagrama de causa e efeito (com o levantamento das possíveis causas e a descrição dos problemas), o brainstorming (com o conjunto de ideias criado pelos funcionários), a lista de verificação (com uma planilha para coleta de dados) e o histograma (que representa a distribuição de frequência de um processo em forma de gráfico). A carta de controle é bastante utilizada para registros cronológicos regulares, como dia a dia, hora a hora, etc. Considere novamente o exemplo de um restaurante. Existem vários processos que fazem com que um restaurante funcione. Se a maioria dos clientes estiver satisfeita, se pode dizer que ele possui qualidade. Essa qualidade é avaliada de acordo com a opinião dos clientes em relação a vários quesitos, como comida, atendimento, higiene, etc. Agora imagine que os clientes não estejam satisfeitos com o restaurante e que você, como gerente, quer descobrir a causa. Antes de construir o gráfico, você deve fazer uma consulta simples aos clientes para avaliar esses três quesitos da forma que achar mais conveniente, avaliando os quesitos como bom ou ruim e registrando-os em uma tabela para facilitar a interpretação dos dados. Suponha que essa pesquisa foi realizada durante 30 dias, sendo 200 clientes por dia, envolvendo um total de 6 mil pessoas. Na Tabela 2, o proprietário registrou apenas o número de clientes insatisfeitos. Na Tabela 3, é possível ver as 30 observações da Tabela 2, cujo limite de controle é igual a 6,2. Os 30 pontos estão dentro dos limites de controle e, além disso, apresentam um comportamento aleatório em torno da média, que é igual a 2. Você pode assumir que durante a retirada das 30 amostras o processo permaneceu em um estado de controle estatístico; portanto, livre da ação de causas especiais. A causa especial gera mais clientes insatisfeitos, desse modo é razoável sinalizar a sua existência sempre que esse número exceder 6,2, isto é, quando for igual a 7, 8, etc. As 7 ferramentas da qualidade20 F o n te : A d ap ta d a d e C o st a (2 01 0) . 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 5 1 0 1 5 2 0 3 0 L M = 2 ,0 L S C = 6 ,2 2 5 D ia d a p e sq u is a N ú m e ro d e c li e n te s in sa ti sf e it o s D ia d a p e sq u is a N ú m e ro d e c li e n te s in sa ti sf e it o s D ia d a p e sq u is a N ú m e ro d e c li e n te s in sa ti sf e it o s D ia d a p e sq u is a N ú m e ro d e c li e n te s in sa ti sf e it o s 1 2 9 0 17 5 25 0 2 0 10 3 18 3 26 2 3 2 11 2 19 3 27 2 4 0 12 2 20 4 28 1 5 5 13 1 21 0 29 3 6 4 14 2 22 2 30 1 7 3 15 4 23 3 Su b to ta l 9 8 0 16 1 24 0 to ta l 30 Su b to ta l 16 Su b to ta l 15 Su b to ta l 20 C lie n te p es q u is ad o s: 6 .0 00 T a b e la 2 . N ú m er o d e cl ie n te s in sa tis fe ito s co m a c o m id a. 21As 7 ferramentas da qualidade Os gráficos de controle fornecem, assim, uma regra de decisão muito simples: pontos dispostos fora dos limites de controle indicam que o processo está “fora de controle”. Se todos os pontos estão dentro dos limites e dispostos de forma aleatória, se considera que não existem evidências de que o processo esteja fora de controle. Werkema (2006) define gráficos de controle como fer- ramentas para o monitoramento e o controle das variabilidades de determinado processo, além de serem capazes de avaliar a estabilidade de um processo. Histograma O histograma pode ser aplicadona verificação da quantidade de produtos fora dos padrões, na determinação da dispersão dos valores de medidas em peças, na identificação de processos que necessitam de ajustes, na identificação e na apresentação de número de unidade por categoria, na comparação da distri- buição de dados com padrões ou limites estabelecidos, na obtenção de dados estatísticos como média e desvio padrão em amostras estudadas, etc. (COOPER; SCHINDLER, 2001; MAGRI, 2009). No entanto, existem dois erros muito comuns referentes ao levantamento da variabilidade de qualquer processo: assumir que este já é conhecido devido à observação diária e à experiência; e acreditar que índices como média e amplitude sejam suficientes para entender a variabilidade do processo. Além dessas análises, são necessárias análises gráficas que podem ser fornecidas pelo histograma. Suponha que você queira comprar uniformes para 400 colaboradores do sexo masculino que trabalham em sua empresa. Para não ter que medir a altura de todos os funcionários, você resolve aplicar o histograma. Pegou uma amostra de 55 funcionários e dispôs a altura deles em uma tabela (Tabela 3). Em seguida (Tabela 4), você vai calcular a amplitude, escolher o número de classes, calcular o intervalo das classes e, com base nesses achados, montar o histograma (Figura 9). As 7 ferramentas da qualidade22 Fontes: Peinado (2007). 1,85 1,89 1,79 1,69 1,86 1,65 1,65 1,65 1,69 1,72 1,92 1,99 1,82 1,83 1,68 1,47 1,47 1,70 1,53 1,63 1,90 1,59 1,73 1,48 1,69 1,76 1,76 1,51 1,70 1,55 1,85 1,60 1,81 1,68 1,60 1,71 1,71 1,68 1,77 1,76 1,82 1,93 1,80 1,77 1,76 1,62 1,62 1,73 1,63 1,55 1,78 1,78 1,79 1,72 1,71 Tabela 3. Altura dos funcionários. Fontes: Peinado (2007). Tamanho da amostra (n) Número de classes (K) Abaixo de 50 5 a 7 De 50 a 100 6 a 10 De 100 a 250 7 a 12 Acima de 250 10 a 20 Tabela 4. Número de classes. Figura 9. Histograma. Fonte: Peinado e Graeml (2007). 23As 7 ferramentas da qualidade Dessa forma, o histograma mostrou como é a distribuição das alturas dos funcionários. A partir daí, é possível realizar uma projeção para a compra dos uniformes masculinos. Você deve notar que as variações identificadas por meio da análise do histograma podem ser originárias de causas aleatórias (próprias de um processo de produção e que, apesar de não poderem ser eliminadas, podem ser minimizadas ou controladas) e causas atribuíveis (decorrentes de mudanças significativas no processo de produção). Diagrama de dispersão O diagrama de dispersão é muito útil nas análises dos processos e funda- mental para compreender as relações entre as variações. Afinal, ele permite a visualização dos dados que uma lista de valores para as variáveis não pode fornecer, permitindo ainda verificar se as duas variações atuam em conjunto ou de forma independente (COOPER; SCHINDLER, 2001). Suponha que você trabalha em uma fábrica de chocolates e percebeu que ao longo do último ano o faturamento aumentou significativamente, bem como o número de clientes. Curioso, você resolveu fazer um gráfico de dispersão para identificar se o aumento do faturamento (efeito) tem relação com o aumento do número de clientes (causa). Para isso, você dispôs o faturamento do ano passado e o número de clientes em cada um dos meses em um diagrama de dispersão e constatou que há uma correlação positiva (as duas variáveis se movem juntas na mesma direção) entre o aumento do faturamento e o crescimento do número de clientes. Como é perceptível, ao longo de 12 meses essa relação era fraca, como mostra a dispersão dos pontos a seguir. Observe, por exemplo, nos dados da Tabela 5, que em alguns meses em que houve redução na quantidade de clientes não chegou a haver redução no faturamento, não havendo, portanto, uma relação direta entre o número de clientes e o faturamento da empresa, e sim somente uma influência sobre este. Esse fenômeno pode ser percebido, também, pelo próprio diagrama: ape- sar de se poder perceber uma tendência de crescimento de uma variável em relação à outra, os pontos estão “espalhados”, o que caracteriza uma baixa correlação entre elas. As 7 ferramentas da qualidade24 Fonte: Adaptada de Grupo Forlogic (2016). R$ 16.000,00 Faturamento R$ 14.000,00 R$ 12.000,00 R$ 10.000,00 R$ 8.000,00 R$ 6.000,00 R$ 4.000,00 R$ 2.000,00 R$ 0,00 0 10 20 30 40 50 60 Mês Faturamento Número de novos clientes Janeiro R$ 2.000,00 15 Fevereiro R$ 3.000,00 13 Março R$ 4.000,00 21 Abril R$ 5.000,00 16 Maio R$ 3.000,00 10 Junho R$ 5.000,00 24 Julho R$ 5.000,00 17 Agosto R$ 5.000,00 15 Setembro R$ 6.000,00 23 Outubro R$ 8.000,00 27 Novembro R$ 10.000,00 34 Dezembro R$ 15.000,00 48 Tabela 5. Faturamento anual e exemplo de diagrama de dispersão. Folhas de verificação A folha de verificação é considerada uma das mais simples ferramentas da qualidade e pode ser utilizada em variadas situações. É útil, por exemplo, para verificar itens com defeito, identificar a ocorrência de erros e sua localização, comprovar as causas de defeitos, distribuir o processo de produção, avaliar a conformidade de itens, garantir a eficiência e a eficácia de todas as etapas de um processo, etc. 25As 7 ferramentas da qualidade Veja, na Figura 10, a seguir, um exemplo de folha de verificação de causas utilizada em um processo de inspeção de fabricação de fios de lã. O responsável por sua elaboração concentrou os problemas em dois teares, 1 e 2. Cada um deles é operado em sistema de rodízio por dois trabalhadores, de segunda a sexta-feira, nos turnos da manhã (M) e da tarde (T). Ao final de cada semana, o responsável vai poder verificar claramente a quantidade de defeitos por tear, operador, turno e dia. Você deve se lembrar de que a folha de verificação pode ser utilizada como instrumento de coleta de dados para a criação do diagrama de Pareto, do diagrama de dispersão, da carta de controle, do histograma, etc. Figura 10. Folha de verificação de causas. Fonte: Ramos, Almeida e Araújo (2013, p. 10). Gráfico de Pareto O diagrama de Pareto foi adaptado por Juran para ser aplicado nos problemas de qualidade, como falhas em máquinas, percentual de itens defeituosos, re- clamações de clientes, perda de produtividade, atrasos na entrega de produtos, ocorrência de acidentes de trabalho, etc. Assim, Juran separou esses problemas em duas categorias: os poucos vitais (que são poucos, mas provocam grande impacto) e os muitos triviais (aqueles que representam uma grande quantidade de problemas, mas que não causam impactos significativos para a empresa). Com isso, foi provado que a maior parte dos problemas é decorrente de um pequeno número de causas, que, se identificadas e corrigidas, eliminam a ocorrência de defeitos ou falhas. As 7 ferramentas da qualidade26 Imagine uma empresa de armações de óculos de grau que fabrica e en- trega seus produtos para várias lojas de varejo e está com muitas devoluções, querendo diminuí-las. Para investigar o número de ocorrências que geram tais devoluções, o gerente de vendas segmentou as ocorrências do semestre passado. Em seguida, ele refez a folha de verificação colocando os valores em ordem decrescente. Após, ele inseriu mais uma coluna indicando os va- lores acumulados, somando o número de ocorrências de uma razão mais as ocorrências da razão anterior. Em seguida, inseriu mais uma coluna com as porcentagens referentes a cada ocorrência, dividindo o número de cada ocorrência pelo total de ocorrências no período. Posteriormente, o gerente dispôs esses percentuais em uma última coluna, somando o percentual de ocorrências de cada razão ao percentual de ocorrência da razão anterior. Com base na Figura 11, veja as tabelas a seguir. Figura 11. Gráfico de Pareto. Fonte: Adaptada de Peinado e Graeml (2007). N ú m e ro d e c a so s 140 120 100 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 O u tr o s P r e ço e rr ad o P e d id o e rr ad o Se p ar aç ão e rr ad a Fa tu ra m en to in co rr e to P ro d u to d an ifi ca d o A tr as o d a tr an sp o rt ad o ra A tr as o n a e n tr e g a 80 60 40 20 0 P a rt ic ip a çã o a cu m u la d a 27As 7 ferramentas da qualidade � Número de ocorrências: Razões Número de ocorrências Separação errada 45 Faturamento incorreto 60 Atraso da transportadora 125 Pedido errado 30 Atraso na entrega 140 Preço errado 20 Produto danificado 65 Outros 15 Total 500 � Ordem decrescente: Razões Número de ocorrências Atraso na entrega 140 Atraso da transportadora 125 Produto danificado 65 Faturamento incorreto 60 Separação errada 45 Pedido errado 30 Preço errado 20 Outros 15 Total 500 As 7 ferramentas da qualidade28 � Valores acumulados: Razões Número de ocorrências Casos acumulados Atraso na entrega 140 140 Atraso da transportadora 125 265 Produto danificado 65 330 Faturamento incorreto 60 390 Separação errada 45 435 Pedido errado 30 465 Preço errado 20 485 Outros 15 500 Total 500 � Porcentagem de ocorrências: Razões Número de ocorrências Casos acumulados Percentual unitário % Atraso na entrega 140 140 28 Atraso da transportadora 125 265 25 Produto danificado 65 330 13 Faturamento incorreto 60 390 12 Separação errada 45 435 9 Pedido errado 30 465 6 Preço errado 20 485 4 Outros 15 500 3 Total 500 100 29As 7 ferramentas da qualidade � Porcentagem acumulada: Razões Número de ocorrências Casos acumulados Percentual unitário % Percentual acumulado% Atraso na entrega 140 140 28 28 Atraso da transportadora 125 265 25 53 Produto danificado 65 330 13 66 Faturamento incorreto 60 390 12 78 Separação errada 45 435 9 87 Pedido errado 30 465 6 93 Preço errado 20 485 4 97 Outros 15 500 3 100 Total 500 100 Com o histograma, foi possível verificar que a principal causa da devo- lução das armações de óculos pelas lojas de varejo é o atraso na entrega das mercadorias. Os outros motivos que também merecem atenção são o atraso da transportadora na entrega dos produtos, os produtos danificados e os erros no faturamento e no pedido, que juntos representam quase 80% das motivações das devoluções. Como você viu, o gráfico de Pareto é um diagrama que apresenta os itens e a classe na ordem dos números de ocorrências, apresentando a soma total acumulada. Dessa forma, permite que diversos problemas sejam visualizados e suas prioridades determinadas, apresentando a informação de modo que a priorização de temas seja evidenciada, permitindo o estabelecimento de metas factíveis. É, portanto, uma ferramenta bastante útil para identificar e priorizar os problemas mais graves nas organizações, permitindo a concentração de esforços para melhorar as áreas em que os maiores ganhos podem ser alcan- çados (WERKEMA, 2006). As 7 ferramentas da qualidade30 Diagrama de causa-efeito Veja um exemplo de aplicação do diagrama de causa e efeito na Figura 12. Uma empresa está enfrentando problemas com seu principal produto pois a quantidade de falhas em uso tem causado rejeição no mercado. Isso, por sua vez, gera queda significativa de participação no mercado e, consequen- temente, perda de receita, comprometendo a saúde financeira da empresa. Para identificar as causas de tantas falhas, os gestores resolveram utilizar o diagrama de causa e efeito. Você deve notar que as ferramentas da qualidade podem ser combinadas e, nesse caso, para o levantamento das possíveis causas do problema, utilizou-se a lista de verificação e a técnica de brainstorming, gerando, ao final, um diagrama de causa e efeito em que somente duas causas foram identificadas como “potenciais causadoras do problema”. O resultado encontrado com o diagrama é que as potenciais causas do problema podem ser a vibração e a falta de treinamento. Figura 12. Exemplo de diagrama de causa e efeito. Material Meio Máquina Método Medição Mão-de-obra Vibração Quebra em uso Falta de treinamento Repare que a configuração do diagrama de causa-efeito contém seis “ra- mos”, referentes às seis usuais classes de potenciais causas raízes. Mas isso não significa que devam existir causas potenciais em todos os ramos: tal modelo se presta a direcionar os esforços da equipe que o desenvolve, de tal forma que as ideias (normalmente em uma sessão de brainstorming) não deixem de avaliar 31As 7 ferramentas da qualidade a possibilidade de existirem causas raízes em todas as seis áreas. Dependendo do problema analisado, podem sim existir causas potenciais em todos os ramos (até mesmo diversas causas no mesmo ramo), como podem existir ramos em que nenhuma causa potencial tenha sido identificada e validada pela equipe. Esse é um aspecto importante a ser considerado, de forma a evitar que a equipe desvie a atenção de identificar causas prováveis por estar tentando identificar causas em ramos que nada contêm. No exemplo em questão, a equipe identificou somente dois ramos, cada um com uma potencial causa raiz para o problema da quebra em uso. A partir daí, há todo um trabalho de investigação para confirmar as pos- síveis causas encontradas, em que outras ferramentas, como o diagrama de dispersão, podem ser utilizadas. É necessário observar as causas que acontecem repetidas vezes, pois elas provavelmente podem ser as causas fundamentais. Por isso a empresa do exemplo utilizou a lista de verificação e o brainstorming. Afinal, é importante que o grupo busque um consenso, encontrando as causas de que ninguém discorda e que provoquem o efeito estudado. Dependendo da situação, outras ferramentas, como o diagrama de Pareto, poderiam ser também aplicadas. A partir desse ponto, passa-se à coleta de dados para determinar a frequência relativa das causas consideradas determinantes do efeito. Histogramas, junto ao diagrama de dispersão, poderiam ser úteis. Observe como as ferramentas se complementam, ora auxiliando na detecção dos problemas, compreendendo- -os, ora auxiliando na identificação de sua forma de ocorrência e das causas raízes, ou mesmo auxiliando na identificação de possíveis medidas de melhoria. Saiba mais sobre a elaboração das 7 ferramentas da qualidade no livro Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de processos (WERKEMA, 2006). As 7 ferramentas são bastante úteis no gerenciamento da melhoria contínua e não necessitam de profundos conhecimentos técnicos para que possam ser implementadas. Dessa forma, elas podem ser aplicadas em todas as organi- zações, com excelentes resultados. As 7 ferramentas da qualidade32 AFONSO, Carla Winter ; FANDINO, A . Gestão de Qualidade em Projetos Públicos. 2008. BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2011. COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em administração. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. COSTA. A. F. B. Controle estatístico do processo. In: MUNIZ JUNIOR, J et al. Administração de produção. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2010. p. 8. GRUPO FORLOGIC. Diagrama de dispersão. 2016. Disponível em: <http://www.ferra- mentasdaqualidade.org/diagrama-de-dispersao/>. Acesso em: 13 mar. 2018. KUME, H. Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. São Paulo: Gente, 1993. MAGRI, J. M. Aplicação do método QFD no setor de serviços: estudo de caso em um restaurante. 2009. 43 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção)-Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009. MARIANI, C. A. Gestão pela qualidade e produtividade: curso de graduação em administração. Apucarana: Faculdade de Apucarana, 2005. MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da qualidade. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. MORETTI, D. C. et al. Implantação do programa 5’S. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRA- ÇÃO, 11., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 2008. Disponível em: <http://sistema. semead.com.br/11semead/resultado/trabalhosPDF/153.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2018. OLIVEIRA, C. C. et al. Manual para elaboração de cartas de controlepara monitoramento de processos de medição quantitativos em laboratórios de ensaio. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2013. Disponível em: <http://www.ial.sp.gov.br/resources/editorinplace/ ial/2016_3_19/manual-carta-controle_ial_2013.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2013. OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, organização & métodos: uma abordagem gerencial. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2013. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e ser- viços. Curitiba: UnicenP, 2007. RAMOS, A. W. CEP para processos contínuos e em bateladas. São Paulo: Edgard Blücher, 2000. RAMOS, E. M. L. S.; ALMEIDA, S. S.; ARAÚJO, A. R. Controle estatístico da qualidade. Porto Alegre: Bookman, 2013. RODRIGUES, M. Fluxograma e layout: mapeamento de processos e configuração de instalação. 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/MardenRodrigues1/ fluxograma-layout>. Acesso em: 13 mar. 2018. SANTOS, João Alberto Neves. Análise e melhorias de Processos. Resende. UERJ, 2009 33As 7 ferramentas da qualidade SÃO PAULO. Secretaria da Saúde. Coordenadoria de Controle de Doenças. Instituto Adolf Lutz. 2013. SILVA, B. W. Gestão da qualidade: operações de produção e de serviços. 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/brauliowilker/gesto-da-qualidade-operaes-de-produo- -e-de-servios-14109719>. Acesso em: 13 mar. 2018. SLACK, N. et al. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. WERKEMA, M. C. C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de processos. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 2006. (Ferramentas da qualidade, 2). Leituras recomendadas CHAMON, E. M. Q. O. (Org.). Gestão integrada de organizações. Rio de Janeiro: Brasport, 2008. CROSBY, P. B. Qualidade é investimento: a arte de garantir a qualidade. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994. CROSBY, P. B. Quality is free: the art of making the quality certain. New York: McGraw- -Hill, 1979. ISAQUE. Kaoru Ishikawa. 2016. Disponível em: <http://uebba.blogspot.com.br/2016/09/ kaoru-ishikawa.html>. Acesso em: 03 mar. 2018. JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto: novos passos para o planejamento da qua- lidade em produtos e serviços. São Paulo: Pioneira, 1992. JURAN INSTITUTE. Quality improvement tools. Wilton, CT: Juran Institute, 1990. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SLACK, N. et al. Administração da produção. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. WERKEMA, M. C. C. As ferramentas da qualidade no gerenciamento de processos. 2. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995. (Ferramentas da qualidade, 1). As 7 ferramentas da qualidade34 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O aumento da complexidade das atividades organizacionais trouxe maior dificuldade na resolução de problemas. Esses problemas exigem uma intervenção multidisciplinar para que sejam solucionados, ou seja, ainda que apenas uma pessoa tenha habilidades e conhecimento, ela não conseguirá resolver problemas organizacionais complexos, gerando a necessidade do trabalho em equipe. Sob essa ótica, as ferramentas da qualidade entram em cena para potencializar as habilidades e as competências das equipes de trabalho, disponibilizando metodologias e técnicas para a identificação de possíveis causas e a descoberta de soluções para os problemas organizacionais. Veja na Dica do Professor a seguir informações sobre o diagrama de causa e efeito, importante ferramenta que visa a estabelecer uma relação de todas as causas e o efeito de um processo e como elaborá-lo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As sete ferramentas da qualidade têm sido muito utilizadas como instrumentos de gestão, contribuindo para a melhoria de processos, produtos e serviços, pois contribuem para a definição, a mensuração, a análise e a proposição de soluções para problemas que impactam no desempenho dos processos de trabalho. Quando se fala em uma ferramenta que permite visualizar as diversas etapas que compõem um processo de trabalho, permitindo a identificação dos pontos que merecem atenção especial, está-se falando de um(a): A) Histograma. B) Fluxograma. C) Diagrama de dispersão. D) Folha de verificação. E) Estratificação. 2) Como é chamada a ferramenta utilizada para avaliar o resultado do processo em andamento, verificando se ele está de acordo com os limites preestabelecidos e sinalizando a ocorrência de problemas? A) Histograma. B) Carta de verificação. C) Carta de controle. D) Gráfico de Pareto. E) Diagrama de dispersão. 3) Como é chamada a ferramenta cuja regra refere-se a 80-20, na qual 80% dos defeitos estão relacionados a 20% das causas potenciais? A) Lista de verificação. B) Diagrama de causa e efeito. C) Gráfico de dispersão. D) Checklist. E) Gráfico de Pareto. 4) O histograma é elaborado em forma de gráfico de barras e apresenta a variação sobre uma faixa específica, permitindo que as características de um processo sejam representadas e conhecidas, ou seja, permite ter uma visão geral da variação de um conjunto de dados. Ao montar o histograma, é(são) inserido(a)(s) sobre o eixo "y": A) Os dados coletados. B) As classes. C) As faixas de frequência. D) A amplitude das classes. E) O intervalo das classes. 5) A ferramenta indicada para identificar, explorar e ressaltar todas as causas possíveis de um problema ou condição específica, na qual cada efeito tem várias categorias de causas, que podem ser compostas por outras causas, é chamada de: A) Lista de verificação. B) Diagrama de causa e efeito. C) Diagrama de correlação. D) Dispersão exagerada. E) Histograma normal. NA PRÁTICA Fabrício é dono de uma empresa do ramo de alimentos, mais especificamente de doces caseiros. Ele utiliza a folha de verificação para realizar um levantamento semanal de produção em uma fábrica de doces. A partir desse ponto, para aprofundar a análise do problema, poderiam ser utilizadas outras ferramentas, como um diagrama de Pareto, para identificar os tipos de reclamações com maior incidência, a técnica de brainstorming (tempestade de ideias), para ajudar no levantamento de possíveis causas, o diagrama de causa e efeito, para estudar as causas levantadas, e o diagrama de dispersão, para verificar a correlação entre potenciais causas e reclamações, entre outras possibilidades. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ferramentas da qualidade: uma abordagem conceitual O presente artigo traz uma abordagem conceitual sobre os principais tipos de ferramentas da qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Proposta de implantação de ferramentas da qualidade no processo produtivo de uma empresa alimentícia O artigo a seguir mostra a importância do uso de ferramentas da qualidade no processo produtivo para que obtenha-se excelência nos produtos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aplicação de ferramentas da qualidade para análise e solução de rupturas em um processo de admissão de estagiários O presente artigo aborda a aplicação de ferramentas da qualidade e, por meio dessas ferramentas, busca a solução de rupturas encontradas após a análise de um processo de admissão de estagiários dentro de uma empresa do ramo de energia no Estado de Alagoas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A Metodologia Seis Sigma APRESENTAÇÃO Nos programas de qualidade, cujo objetivo principal é manter padrões de processos e métodos que assegurem a entrega de satisfação aos clientes, existem algumas ferramentas que contribuem para esses objetivos sejam atingidos. Um deles é o Seis Sigma, um programa que utiliza como referência a letra grega Sigma, que significa o desvio-padrão de uma distribuiçãonormal de valores ou medidas. O programa busca reduzir ao máximo os defeitos e garantir maior qualidade em produtos e processos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os principais atributos do programa Seis Sigma, bem como suas metodologias e processos. Por fim, conhecerá alguns métodos de procedimentos realizados dentro dele, como, por exemplo, o DMAIC. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a importância do Seis Sigma e de sua posição como projeto para reduzir erros em processos. • Analisar o método DMAIC como auxiliar na implementação do Seis Sigma.• Relacionar os sucessos e fracassos do Seis Sigma com as aplicações nas empresas.• DESAFIO A empresa DECORarte atua no mercado há 12 anos, produzindo tintas de serigrafia. Tintas de serigrafia, de forma geral, são compostas por óleo ou resina (que atuam como veículo), pigmento (que atua fornecendo a cor) e alguns outros produtos químicos que evitam reações não desejadas no processo. No setor de formulação, os três compostos entram em ação. É importante que a pessoa responsável pela mistura e aplicação (serígrafo) entenda muito bem sobre o comportamento do produto, identificando, assim, possíveis falhas no processo de fabricação ou necessidade de ajustes em alguma etapa do processo. A empresa DECORarte produz a tinta chamada Epóxi, de base solvente. Esse modelo de tinta é indicado para impressões em metais e vidros, por exemplo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como gestor de qualidade, avaliando o contexto da empresa e os dois métodos acima sugeridos, responda: 1) É possível utilizar os dois métodos deve-se priorizar um deles? Por qual motivo? Se a resposta for sobre utilizar apenas um, responda: 2) Qual deles você priorizaria? Reflita sobre a situação e sobre o conteúdo estudado. INFOGRÁFICO O Infográfico a seguir expressa o Seis Sigma, mostrando seus benefícios, métodos auxiliares e controles necessários para o sucesso na implementação. CONTEÚDO DO LIVRO O método Seis Sigma exige rigor e controle em suas aplicações, podendo ser desenhado em forma de projeto e tendo algumas ferramentas auxiliares para seu desenvolvimento. Uma dessas ferramentas é o método DMAIC, que auxilia na implementação do Seis Sigma. No capítulo A metodologia Seis Sigma, da obra Gestão da qualidade, você verá conteúdos sobre o programa Seis Sigma como sendo uma metodologia para reduzir a variação dos processos, o que gera menos erros e permite a busca mais eficiente pela qualidade total. Por fim, irá verificar casos de sucessos e insucesso. GESTÃO DA QUALIDADE Bruna Melo A metodologia Seis Sigma Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a importância do Seis Sigma e de sua posição como projeto para reduzir erros em processos. Analisar o método DMAIC como auxiliar na implementação do Seis Sigma. Relacionar os sucessos e fracassos do Seis Sigma com aplicações nas empresas. Introdução O Seis Sigma, para que seja eficiente e produtivo, segue regras e proces- sos metodológicos, que, por sua vez, devem ser mantidos dentro dos padrões por todas as pessoas envolvidas no programa, garantindo, assim, os resultados previstos. O programa está relacionado com casos de sucesso e de insucesso. Diversas empresas, principalmente as grandes indústrias, utilizaram o Seis Sigma e obtiveram resultados excelentes, melhorando sobretudo a sua lucratividade. Por outro lado, outras muitas empresas fracassaram na apli- cação, principalmente por não seguirem as exigências do programa, como, por exemplo, disciplina, interação entre equipes e controles das etapas. Para que o Seis Sigma aconteça e atinja os resultados esperados, é necessário que alguns métodos e controles sejam, portanto, rigorosamente aplicados. Um desses métodos, e o mais comum na aplicação do Seis Sigma, é o DMAIC, que significa definir, medir, analisar, melhorar e controlar os processos. É utilizado para criar etapas mais precisas e controláveis na identificação de falhas, no controle e em melhorias nos processos. O conteúdo deste capítulo tem o intuito de elucidar a importância do Seis Sigma para aprimoramento dos processos das empresas e o quão ele pode auxiliar na busca da qualidade total. Porém, todas as empresas que buscam a perfeição e a confiança absoluta de seus clientes precisam submeter-se a regras e métodos. Isso é o que o Seis Sigma propõe em toda sua abrangência. Neste capítulo, você estudará sobre o programa Seis Sigma, que é utilizado para reduzir variações nos processos, primando sempre pelo aprimoramento destes e procurando reduzir os erros a nível zero. Com essa medida, o Seis Sigma preza pela qualidade total dos processos e, consequentemente, pela entrega de maior qualidade e satisfação ao cliente final. Identificando a importância do Seis Sigma Primeiramente, torna-se relevante compreender o signifi cado da termino- logia. Seis Sigma é uma referência para a letra “σ” (alfabeto grego), lida como “sigma”. Esta representação é muito utilizada pela estatística como uma medida de variação. No contexto organizacional, corresponde a um programa de método quantitativo por essência, que visa à redução da va- riação nos processos — ou seja, busca alcançar a qualidade total, por meio de redução de defeitos ao máximo possível, aproximando-se do nível zero (CLETO; QUINTEIRO, 2011). O Seis Sigma é interpretado como sendo um programa estratégico e ope- racional, que possibilita a correta integração de interesses no que tange aos objetivos estratégicos e operacionais. Pelo viés estratégico, o programa está relacionado com o ambiente, sendo necessários a busca por posições com- petitivas, o cuidado nos pontos de trade-offs e a possibilidade de feedbacks estratégicos a partir das metas financeiras que abrangem os projetos. Pelo viés operacional, o programa dá ênfase à melhoria contínua, indo ao encontro das áreas sem a presença de trade-offs. Portanto, na medida em que o Seis Sigma é aplicado dentro das organizações, torna-se necessário o alinhamento cons- tante entre estratégia e operação, garantindo o bom andamento dos processos (SANTOS; MARTINS, 2008). O Seis Sigma pode ser definido como um método de sistema flexível. Em termos organizacionais, torna-se, nesse sentido, flexível para questões de desempenho dos negócios, questões de liderança interna e permite benefícios em diversos âmbitos dentro da organização (PANDE, 2001). Para elucidar o contexto do Seis Sigma, a Figura 1, a seguir, demonstra uma sequência de implementação do método para gerar melhorias organizacionais. A metodologia Seis Sigma2 Figura 1. Método Seis Sigma para melhorias organizacionais. Fonte: Blakeslee Jr. (1999) adaptado por Andrietta e Miguel (2002). No modelo da figura, é possível identificar um processo de melho- ria com a utilização do programa Seis Sigma. Alguns fatores-chave são percebidos dentro e fora da empresa. Fornecedores, entradas, métodos e processos e saídas são componentes de relações internas das empresas, enquanto que o mercado e requisitos críticos do cliente são a conexão entre empresa e cliente. Pande (2001) sustenta que o método Seis Sigma proporciona alguns im- portantes benefícios para as organizações. Vejamos alguns: 1. Desenvolve novas habilidades e revitaliza a empresa, promovendo sucesso sustentado. 2. Por primar pela busca da perfeição, o Seis Sigma auxilia nas metas de desempenho. 3. Por ter foco no cliente final, auxilia na percepção de valor (não financeiro). 4. Permite que as melhorias sejam sempre aprimoradas, a partir da utili- zação de ferramentas de gestão empresarial. 5. Promove aprendizados diversos, pois a lógica do Seis Sigma inclui desenvolver e acelerar o compartilhamento de ideias novas dentrodas equipes das empresas. 6. Auxilia em mudanças estratégicas, pois permite a compreensão deta- lhada de processo e procedimentos internos. Com isso, possibilita, ainda, implementar ajustes simples para mudanças consideradas complexas. 3A metodologia Seis Sigma No Quadro 1, são apresentadas diferentes definições de abordagem esta- tística e estratégica ao programa Seis Sigma. Abordagem estatística Abordagem estratégica “Iniciativa chave que dá suporte à companhia no seu plano de satisfação total do cliente.” (MITCHEL, 1992) “É um processo de negócio que permite à companhia melhorar drasticamente seus limites inferiores, projetando e monitorando diariamente as atividades do negócio de uma maneira que minimizem o desperdício e os recursos enquanto aumentam a satisfação do cliente.” (HARRY; SCHROEDER, 2000) “É um modo de medir a probabilidade de produzir um produto ou criar um serviço com zero defeito.” (TADIKAMALLA, 1994) “É uma maneira de medir a probabilidade de a companhia poder fabricar ou produzir qualquer dada unidade de um produto ou serviço com zero defeito. É a categoria que significa ‘best in class’, com somente 3,4 DPMO”. (BEHARA et al., 1995) “É uma abordagem de melhoria de negócio que busca achar e eliminar causas de falhas e defeitos no processo do negócio, focando sobre as saídas que são de importância crítica para os clientes. É uma abordagem estratégica que trabalha através de todos os processos, produtos, funções da companhia e indústrias.” (SNEE, 2000) “Estratégia que abastece as companhias com uma série de intervenções e ferramentas estatísticas que podem levar a ganhos substanciais em lucratividade e qualidade, tanto para produtos como para serviços.” (HARRY, 1998) “Um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial. É singularmente impulsionado por uma estreita compreensão das necessidades dos clientes, pelo uso disciplinado de fatos, dados e análise estatística e a atenção diligente à gestão, melhoria e reinvenção dos processos de negócios.” (PANDE et al., 2001) “É uma abordagem quantitativa disciplinada para melhoria de métricas definidas em processos de manufatura, serviço ou financeiro.” (HOERL, 1998) Quadro 1. Definições e diferentes abordagens de Seis Sigma. (Continua) A metodologia Seis Sigma4 Fonte: Santos e Martins (2008). Abordagem estatística Abordagem estratégica “É uma abordagem de alto desempenho, direcionada para dados para analisar as causas raízes dos problemas do negócio a fim de resolvê-los. Ela amarra os resultados de um negócio aos requisitos de mercado.” (BLAKESLEE, 1999) “Uma estratégia para melhoria de negócios usada para melhorar a lucratividade do negócio, eliminar refugo, reduzir custo da não qualidade e melhoria a eficiência e eficácia de todas as operações, assim como encontrar, ou mesmo exceder as expectativas e necessidades dos clientes.” (CORONADO; ANTONY, 2002) “É um nível otimizado de performance que se aproxima do zero defeito em um processo de confecção de um produto, serviço ou transação. Ele indica a obtenção e a manutenção de uma performance de alto nível. O Seis Sigma não é uma metodologia. É um fim, não um meio.” (PEREZ-WILSON, 1999) “Para nós, Seis Sigma é mais do que uma metodologia e um conjunto de ferramentas. É também um modo de pensar que possibilita-nos mudar o modo de trabalho para toma-lo mais dirigido aos dados. Seis Sigma afasta-nos da decisão baseada na intuição.” (MOTWANI et al., 2004) “Seis Sigma é baseado nas velhas ideias de engenharia da qualidade destinadas a entender e eliminar as causas de variação e projetar a manufatura.” (DALE et al., 2000) “Hoje, Seis Sigma é uma estratégia abrangente de longo prazo para tomada de decisão mais do que um programa estritamente focado na gestão da qualidade.” (ARNHEITER; MALEIYEFF, 2005) “Seis Sigma é uma poderosa estratégia de negócios que emprega uma abordagem disciplinada para capturar variabilidade dos processos, usando a aplicação de ferramentas e técnicas estatísticas e não estatísticas de forma rigorosa.” (ANTONY, 2004) “Seis Sigma é uma abordagem que impulsiona a melhoria do desempenho do negócio e a valorização da satisfação dos clientes, por meio do enfoque estratégico de gerenciamento; da aplicação do pensamento estatístico em todos os níveis de atividades; da medição de desempenho; da utilização de uma metodologia sistematizada que integre técnicas e métodos científicos para se avaliar e otimizar processos; e da aprendizagem decorrente da capacitação e comprometimento das pessoas.” (SANTOS, 2006) Quadro 1. Definições e diferentes abordagens de Seis Sigma. (Continuação) 5A metodologia Seis Sigma Em termos de gestão de processos, Eckes (2001) aborda o Seis Sigma a partir de elementos considerados essenciais para os negócios. São eles: Criar uma movimentação dentro da empresa, no sentido de afirmar (internamente) que o programa de qualidade obtém maior chance de su- cesso quando encontra o apoio dos envolvidos, sobretudo das lideranças. Desenvolver e identificar processos essenciais, sendo estes aqueles que possuem maior impacto nos objetivos estratégicos dos negócios da empresa. Também acontece para subprocessos-chave (relacionados com um processo essencial) e processos capacitadores (promovem impactos indiretos na satisfação do cliente). Identificar os responsáveis pelos processos. Esses, por sua vez, devem possuir as competências necessárias, habilidades e liderança. Também devem ter um amplo entendimento sobre o negócio da empresa. Seis Sigma como projeto para reduzir erros em processos Para que o Seis Sigma funcione de forma adequada dentro do planejamento e objetivos das organizações, existem alguns princípios determinantes. Tais princípios auxiliam na interpretação do Seis Sigma como projeto. Corro- borando com esse aspecto, Pande (2001) seleciona alguns pontos-chave, como sendo: Foco no cliente, satisfazendo suas necessidades e assegurando melhorias efetivas na entrega de valor. Foco no gerenciamento realizado por meio de dados e fatos, o que elucida a necessidade de regras rígidas de aplicação ao programa Seis Sigma. Foco em processos, gestão e melhorias constantes, pois, para o Seis Sigma, o processo é o centro de todas as ações e, paralelamente, o ponto-chave de sucesso para as organizações. Foco na gestão proativa, pois isso ajuda a prevenir problemas e de- terminar prioridades. Foco no compartilhamento e na colaboração, pois isso permite maior compreensão sobre o todo, sobretudo quanto às necessidades dos clientes. Foco na busca da perfeição e tolerância ao fracasso, pois esse equi- líbrio entre acertos e erros é essencial para o crescimento de todos os A metodologia Seis Sigma6 lados da organização. Este item foca no estímulo constante de novas ideias, de métodos e, até mesmo, na gestão de riscos, primando sempre pela busca da perfeição. Quando uma empresa busca aplicar todos os pontos-chave da metodologia do Seis Sigma, ela permite uma mudança no seu enfoque em diversos elementos de desempenho, a priori, naqueles que envolvem projetos de produtos (pois vai ao encontro dos clientes) e operações comerciais (que reforçam as vendas da empresa) (HAHN; DOGONAKSOY; HOERL, 2000). Um projeto Seis Sigma tem por objetivo reduzir a variabilidade de um processo e aumentar sua capacidade. A implementação parte do uso de métodos estatísticos, que visam a promover a interpretação nas relações de causa e efeito que se relacionam com processos críticos ao negócio. Os projetos Seis Sigma são catalisadores do sistema, permitindo feedback operacional e estratégico. O feedback estratégico auxilia na revisão constante de metas nos médio e longo prazos. Por esse motivo, os resultados influenciamna tomada de decisão de níveis estratégico, tático e operacional (SANTOS; MARTINS, 2005). Tais resultados acarretam em ganhos importantes e tan- gíveis sobre fatores de desempenho organizacional. Os pesquisadores Fernandes e Turrioni (2007) defendem que a seleção adequada dentro do projeto é o que garante sucesso ao Seis Sigma dentro de uma empresa. Para isso, é importante escolher o método adequado para a solução de problemas, que seja compatível com a realidade da empresa (LYNCH; BERTOLINO; CLOUTIER, 2003). Quanto aos métodos a serem escolhidos, apresentam-se aqui algumas opções: M-PCpS (Machine-Process Characterization Study): Estudo para caracterizar e otimizar processos, com o objetivo de eliminar per- das financeiras e de tempo (LYNCH; BERTOLINO; CLOUTIER, 2003). M-PCpS faz delineamento do processo, caracterização de metodologia, determinação da capacidade, otimização e controle. Utiliza-se de um conjunto de ferramentas, técnicas e regras esta- tísticas e matemáticas, sendo, nesse caso, a etapa de “medida” um ponto fundamental. DFSS (Design For Six Sigma): Aplicado no desenho de novos pro- cessos e também na otimização dos já existentes (SANTOS; MAR- TINS, 2010). DMADV (Define, Measure, Analyze, Design, Verify): Inclui as fases de definir, medir, analisar, desenhar e verificar (TAYNTOR, 2003). 7A metodologia Seis Sigma DMEDI: Inclui as fases de definir, medir, explorar, desenvolve e implementar. DMAIC (Define,Measure, Analyse, Improve e Control): Inclui as fases de definir, medir, analisar, melhorar e controlar. Dentre todos os métodos apresentados, o mais utilizado é o DMAIC, que será abordado a seguir. Para relembrar ou aprofundar os seus conhecimentos sobre nível estratégico, tático e operacional procure alguns artigos acadêmicos ou livros de administração e estratégia. Os três níveis possuem uma forma conexão em diversos processos, que envolvem aspectos como planejamento, tomada de decisão e ação. Veja um exemplo em https://goo.gl/GPfHGt O método DMAIC como auxiliar na implementação do Seis Sigma O método DMAIC é composto por cinco etapas, sendo elas: defi nir, medir, analisar, melhorar e controlar. Tais etapas permitem a organização adequada para que a implementação seja feita, o desenvolvimento e a conclusão para os projetos Seis Sigma (ANDRIETTA; MIGUEL, 2007). Pelo histórico de utilizações, há previsão de que o projeto seja realizado em um período de 6 a 12 meses. Este tempo levará em consideração o porte da empresa, o engajamento dos membros das equipes e dos recursos aloca- dos. A Figura 2, a seguir, apresenta o percentual de tempo gasto e algumas características importantes em cada etapa do DMAIC. A metodologia Seis Sigma8 Figura 2. Método DMAIC. Fonte: Adaptado de Pande (2001) e Werkema (2002) apud Franz e Caten (2003). Conforme a figura, é importante perceber o significado de cada etapa para melhores aproveitamento e resultados do DMAIC. Na etapa “definir”, são realizadas definições precisas sobre o escopo do projeto (ocupa 2% do tempo do processo). Na etapa “medir”, determina-se a localização ou o foco central do problema (ocupa 25% do tempo do processo). Na etapa “analisar”, estuda-se e determina-se as causas do problema identificado como sendo prioridade (ocupa 45% do tempo do processo). Na etapa “melhorar”, faz-se a avaliação e a implementação de soluções para um dos problemas que foram priorizados (ocupa 25% do tempo do processo). Por fim, a etapa “controlar” realiza a manutenção constante dos resultados (ocupa 3% do tempo do processo). Assim, o método DMAIC apresenta vantagens interessantes para as em- presas que desejem aplicar o Seis Sigma. 9A metodologia Seis Sigma Você conhece o Poka-Yoke? Poka-Yoke trata-se de um dispositivo que auxilia a evitar falhas. Ele previne defeitos e ajuda a aperfeiçoar processos. Pesquise mais sobre ele e veja como pode ser aplicado de forma complementar ao Seis Sigma. Confira um estudo que apresenta a relação entre os métodos DMAIC e PDCA. O estudo promove, de forma científica e crítica, uma discussão sobre os dois modelos utilizados largamente nas questões estratégicas de controle de qualidade das organizações. Acesse: https://goo.gl/mSxLZ1 Relacionando os sucessos e fracassos do Seis Sigma com aplicações nas empresas Como o programa (metodologia) Seis Sigma é antigo e já foi largamente aplicado em diferentes empresas, é possível observá-lo a partir de casos de sucesso e fracasso. Assim, torna-se importante, nesse caso, mencionar também os fracassos, como forma de aprendizado, pois nem sempre as aplicações enquadram-se em uma empresa, dadas questões internas e de mercado. É de importância mencionar os sucessos da aplicação do programa Seis Sigma, sobretudo para motivar empresas à sua implementação, visando a melhorias nos processos. A General Eletric é um exemplo de uma das empresas com maior proporção de resultados envolvendo os Seis Sigma. O caso é de sucesso não apenas pela dimensão da empresa, mas pela gestão do antigo presidente Jack Welch. Em 1995, a G.E implementou o Seis Sigma, tendo atingido lucros expressivos em 1996, após a aplicação do programa (MAES- TRELLI; MIGUEL, 2001). A metodologia Seis Sigma10 Neste link, você encontra um pouco mais sobre a história de sucesso da GE na aplicação do Seis Sigma. https://goo.gl/p3HhyU Além da General Eletric, outras obtiveram sucesso na implementação do programa: Motorola, Asea Brown Boveri, Black & Decker, Allied Signal, Dupont, Dow Chemical, Johnson & Johnson, Federal Express, Polaroid, Kodak, Siebe Appliance Controls, Sony, Toshiba e muitas outras (PANDE, 2001). Todas empresas mencionadas obtiveram sucesso no programa por terem seguido dois aspectos importantes no programa Seis Sigma: rigor na prática e disciplina (ECKES, 2001). A Figura 3 demonstra os fatores de sucesso na aplicação do Seis Sigma. Figura 3. Fatores de sucesso na implementação do método Seis Sigma. Fonte: Adaptado de Blakeslee Jr., 1999 apud Andrietta e Miguel (2002). 11A metodologia Seis Sigma De maneira prática, as aplicações do Seis Sigma podem considerar fatores, como comprometimento da empresa, treinamentos específicos, sistema de execução e controle de projetos, envolvimento de fornecedores, envolvi- mento de clientes, inclusão de boas práticas de administração no cotidiano, argumentação fundamentada em dados, patrocínios em nível hierárquico e procedimentos de mentoria constantes. Entretanto, para que as empresas obtenham sucesso na implementação do programa Seis Sigma, elas contam com ferramentas eficazes, que, quando aplicadas de forma adequada, proporcionam melhorias constantes e reflexos consideráveis para a gestão da qualidade, o gerenciamento de processos, os sistemas administrativos e de manufatura. Dentre as ferramentas mais utilizadas, encontram-se: Controle Estatístico de Processo (CEP); Gráficos de Controle (auxiliam na identificação de problemas); Provas de Significância Estatística (Qui-quadrado, Teste-T e Análise de Variância), para auxiliar na definição do problema e em análises da causa-raiz; Correlação e Regressão (análise de causas-raiz e previsão de resultados); Planejamento de Experimentos (DOE), para análise das soluções ótimas e validações de resultados; Análise de Modo e Efeitos de Falha (FMEA), para priorizar e prevenir problemas; Dispositivos à Prova de Falhas (POKA-YOKE), para prevenir defeitos e aperfeiçoar processos; Desdobramento da Função da Qualidade (QFD), para produtos, serviços e projetos de processos. Por outro lado, algumas empresas obtiveram fracasso na aplicação do mé- todo do Seis Sigma. Amparado por diversos estudos e pesquisas, o pesquisador Eckes (2001) fez um comparativo entre as informações obtidas e conseguiu destacar as principais possíveis causas para tais fracassos na aplicação. Elas são, então, mencionadas: 1.Empresas que aplicaram apenas visando à redução de custos. 2. As melhorias do processo não foram consideradas como componente importante no trabalho da empresa. 3. A metodologia DMAIC não foi seguida de forma correta e com disciplina. A metodologia Seis Sigma12 4. A liderança da empresa não conseguiu separar variação de causa comum e variação de causa especial. 5. Empresas que não compreenderam a importância do cliente. 6. Empresas em que o papel da liderança não foi compreendido e alguns procedimentos na gestão de processos acabaram sendo negligenciados. Ademais, dois fatores podem favorecer o fracasso na aplicação do Seis Sigma: quando a empresa acredita que o método é um conjunto de projetos e quando o descaso da liderança não permite assumir o comprometimento em todas as etapas de implementação e condução do método. O papel da liderança é fundamental na aplicação do método Seis Sigma. ANDRIETTA, J. M.; MIGUEL, P. A. C. A importância do método Seis Sigma na Gestão da Qualidade Analisada sob uma Abordagem Teórica. Revista de Ciência e Tecnologia, v. 11, n. 20, p. 91-98, 2002. ANDRIETTA, J. M; MIGUEL, P. A. C. Aplicação do programa Seis Sigma no Brasil: resul- tados de um levantamento tipo survey exploratório-descritivo e perspectivas para pesquisas futuras. Gestão da Produção, São Carlos, v. 14, n. 2, p. 203-219, 2007. BLAKESLEE JR., J. A. Achieving quantum leaps in quality and competitiveness: implemen- ting the Six Sigma solution in your company. In: ANNUAL QUALITY CONGRESS OF THE AMERICAN SOCIETY FOR QUALITY, 53., 1999, Anaheim. Anais… Anaheim (CA), [s.n.], 1999. CLETO, M. G.; QUINTEIRO, L. Gestão de projetos através do DMAIC: um estudo de caso na indústria automotiva. Produção Online, v.11, n.1, 2011. ECKES, G. A revolução Seis Sigma: o método que levou a GE e outras empresas a transformar processos em lucros. Rio de Janeiro: Campos, 2001. FERNANDES, M. M.; TURRIONI, J. B. Seleção de projetos Seis Sigma: aplicação em uma indústria do setor automobilístico. Produção Online, v. 17, n. 3, p. 579-591, 2007. FRANZ, L. A. S.; CATEN, C. S. T. Uma discussão quanto à relação entre os métodos DMAIC e PDCA. In: SEMANA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES, 3., 2003, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: UFRGS, 2003. Disponível em: < http://www. oocities.org/br/luisantoniofranz/pe04_franz_03dez.pdf >. Acesso em: 18/02/2018. HAHN, G. J.; DOGONAKSOY, N.; HOERL, R. The evolution of Six Sigma. Quality Engine- ering, v. 12, n. 3, p. 317-326, 2000. HEEMANN, A.; LIMA, P. J. V.; CORRÊA, J. S. Fundamentos para o alcance da colaboração em design. Estudos em Design, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, 2010. Disponível em: < https:// eed.emnuvens.com.br/design/article/view/57>. Acesso em: 27/12/2017. 13A metodologia Seis Sigma LYNCH, D. P.; BERTOLINO, S.; CLOUTIER, E. How to scope DMAIC projects: the im- portance of the right objective cannot be overestimated. Quality Progress, v.36, n.1, p.37-41, jan. 2003. MAESTRELLI, N. C.; MIGUEL, P. A. C. Análise do potencial de aplicação do programa Seis Sigma aos processos de manufatura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO, 1., 2001, Curitiba. Anais... Curitiba, [s. n.], 2001. PANDE, S. Estratégia Seis Sigma: como a GE, a Motorola e outras grandes empresas estão aguçando seu desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. SANTOS, A. B.; MARTINS, M. F. Contribuições do Seis Sigma: estudos de caso em multinacionais. Produção, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 42-53, 2010. SANTOS, A. B.; MARTINS, M. F. Medição de desempenho e alinhamento estratégico: requisitos para o sucesso do Seis Sigma. In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRO- DUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 7., 2005, São Paulo. Anais... São Paulo, SIMPOI, 2005. SANTOS, A. B.; MARTINS, M. F. Modelo de referência para estruturar o Seis Sigma nas organizações. Gestão da Produção, São Carlos, v. 15, n. 1, p. 43-56, 2008. TAYNTOR, C. B. Six Sigma Software Development. Flórida: Auerbach, 2003. WERKEMA, M. C. C. Criando a cultura Seis Sigma. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. v. 1. Leituras recomendadas FRANZ, L. A. S.; CATEN, C. S. T. Uma discussão quanto à relação entre os métodos DMAIC e PDCA. In: SEMANA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES, 3., 2003, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: UFRGS, 2003. VIDOR, G.; SAURIN, T. A. Conceitos e características de sistemas Poka-Yokes: uma revisão de literatura. Produção Online, v.11, n.2, p. 344-368, 2011. A metodologia Seis Sigma14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Para complementar seus conhecimentos sobre o Seis Sigma, esta Dica do Professor abordará alguns níveis de treinamento que acontecem para qualificar pessoas na utilização e aplicação do programa, sendo eles Green Belt e Black Belt. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O Seis Sigma contempla duas premissas principais. A partir disso, escolha a alternativa que completa a frase a seguir corretamente, levando-as em consideração. O Seis Sigma é uma metodologia utilizada para____________. A) realizar cálculos precisos sobre diferentes medidas de qualidade, buscando sempre melhoria nos processos e projetos. B) reduzir variações nos processos de produção, visando melhoria constante e reduzindo os erros a zero. C) reduzir variações nos processos de produção, visando reduzir ao meio as chances de erros de qualidade. D) comparar erros passados e erros atuais, permitindo, assim, compreender onde é possível melhorar. E) realizar medidas quantitativas sobre tempos e processos de produção e, com isso, tomar decisões sobre ajustes estatísticos. 2) Assinale a alternativa que expressa corretamente as informações sobre o Seis Sigma. A) É um método de sistema flexível. B) É um programa com atividades apenas operacionais. C) É um método exclusivamente qualitativo. D) Não se envolve na gestão dos processos. E) Precisa obrigatoriamente utilizar o DMAIC. 3) Quando o Seis Sigma é conduzido como um projeto dentro da empresa, algumas premissas são levadas em consideração e descritas como sendo focos importantes. A partir disso, assinale a alternativa que descreve de forma correta os focos para o Seis Sigma. A) Foco em processos, gestão e melhorias constantes, mesmo que para o Seis Sigma o processo não seja o centro de todas as ações. B) Foco na gestão proativa, pois ajuda a tratar os problemas assim que eles ocorrem, estabelecendo prioridades. C) Foco no cliente, satisfazendo suas necessidades e assegurando melhorias efetivas na entrega de valor. D) Foco no compartilhamento e premiações. Pois isso, permite maior compreensão sobre o todo, principalmente quanto às necessidades dos funcionários. E) Foco apenas nos fins (resultados), pois estes são mais importantes que os meios (processos). 4) O Seis Sigma, para que cumpra seus objetivos, segue alguns métodos específicos, e estes ajudam no controle de variações, nas melhorias e na redução de erros. A partir disso, assinale a alternativa que expressa o método mais utilizado na aplicação do Seis Sigma. A) DMEDI (definir, medir, explorar, desenvolver e implementar). B) DMADV (definir, medir, analisar, desenhar e verificar). C) DFSS (Design For Six Sigma). D) DMAIC (definir, medir, analisar, melhorar e controlar). E) M-PCpS (Machine-Process Characterization Study). 5) Leio o trecho a seguire assinale a alternativa correta. "[...]Entretanto, para que as empresas obtenham sucesso na implementação do programa Seis Sigmas, elas contam com ferramentas eficazes. Tais ferramentas, quando aplicadas de forma adequada, proporcionam melhorias constantes e reflexos consideráveis para a gestão da qualidade, para o gerenciamento de processos, para os sistemas administrativos e de manufatura.". Sobre quais ferramentas o trecho está se referindo?A) Controle Estatístico de Processo (CEP), Provas de Eignificância Estatística e Poka-Yoke. B) Gráficos de Controle, DMAIC e Planejamento de Experimentos (DOE). C) Controle Estatístico de Processo (CEP), Análise de Modo e Efeitos de Falha e DFSS. D) Correlação e Regressão, Análise de Modo e Efeitos de Falha e DMADV. E) Controle Estatístico de Processo (CEP), Gráficos de Controle e M-PCpS. NA PRÁTICA Veja um exemplo de aplicação no uso do DMAIC. Neste Na Prática, você verá a história de Mariana, que procurou o médico para tratar de um problema desconhecido. O médico, por sua vez, atendeu Mariana utilizando-se do método DMAIC. É possível ver o DMAIC funcionando até mesmo no o dia a dia, em diversos processos nos quais se busca resolver problemas, otimizar situações e melhorias constantes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O uso do DMAIC no caso de Mariana não é único. Diferentes profissionais, em seu dia a dia, aplicam o DMAIC. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Este vídeo abrange os conceitos de Seis Sigma. O treinamento de Black Belt em Lean Seis Sigma da Voitto é destinado a estudantes interessados em se tornar referência na solução de problemas e conquistar uma certificação que representa um enorme diferencial no mercado. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Neste vídeo, você verá como a NetFlix usa o Seis Sigma. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Este artigo análisa os métodos, as técnicas e as diretrizes para projeto, operação e manutenção de sistemas poka-yokes. Paralelamente a isto, ele contribui com a apresentação do conceito de poka-yoke e mostra quais as classificações a ele relativas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Este artigo aborda os métodos DMAIC e o PDCA. Desde os primórdios da qualidade vários recursos têm sido sugeridos com o intuito de auxiliar na eliminação de anomalias nos processos e visando o aumento na qualidade no atendimento às necessidades dos clientes. Dentre os recursos existentes para o alcance da qualidade estão esses métodos para análise e solução de problemas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Kanban APRESENTAÇÃO O sistema Kanban foi idealizado pela Toyota na década de 1960 e é amplamente utilizado até os dias de hoje por ter demonstrado ser possível simplificar e agilizar as atividades de programação da produção. O sistema busca movimentar e fornecer os itens de produção à medida que vão sendo consumidos, de forma que os processos sejam puxados, ou seja, nenhum posto de trabalho será abastecido com materiais antes de solicitá-lo ao estágio anterior, evitando assim excessos ou faltas de produtos na linha de produção. Na maioria dos casos, a sinalização visual é feita por meio de cartões Kanban em painéis ou quadros, que demonstram todo o fluxo e andamento do processo produtivo. O sistema Kanban é considerado parte do sistema just-in- time, mas não deve ser confundido com ele. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o conceito do sistema Kanban, os objetivos do método Kanban e as vantagens e desvantagens do sistema. Além disso, perceberá também que é um sistema simples e fácil de ser aplicado no processo produtivo, que reduz desperdícios e tempo de processo. O Kanban é um método que dá condições de melhorar a qualidade e a produtividade de uma empresa, pois visa a maior organização, transparência no processo e priorização de tarefas na produção, tornando os procedimentos mais objetivos e eficientes dentro de uma organização. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o conceito do sistema Kanban.• Reconhecer os objetivos do método Kanban.• Apontar as vantagens e desvantagens do sistema Kanban.• DESAFIO O sistema Kanban parte do pressuposto de produção puxada, de que não se deve produzir nada até que o cliente, interno ou externo, de seu processo solicite a produção desse item. Neste sentido, a ideia de redução de custos é um dos principais objetivos ou a meta mais importante e que move todo o sistema Kanban. Por causa disso, os donos da fábrica decidiram contratar uma consultoria para auxiliá-los a resolver esses problemas, e você é o consultor contratado. A sua tarefa é auxiliar os donos dessa fábrica a melhorarem os seus processos da fabricação, utilizando o Kanban como sistema ou metodologia de trabalho. Lembre-se: descreva com linguagem simples, mas de maneira detalhada, para que seu contratante possa entender. INFOGRÁFICO O Kanban é utilizado, na área da administração, como um cartão sinalizador que faz o controle do fluxo dos processos de produção nas indústrias. Apesar de ter sido criado para ser utilizado no processo produtivo industrial, atualmente é utilizado nos mais diversos tipos de empresas, inclusive na produção de software, para que a cada estágio os envolvidos possam saber o momento certo de agir e tenham informações dos demais estágios por onde a produção tenha passado. Veja o Infográfico a seguir sobre o método Kanban. CONTEÚDO DO LIVRO O sistema Kanban é amplamente utilizado, conferindo simplificação e agilidade às atividades de programação e controle da produção, fazendo com que ela seja movimentada conforme a demanda. Na maioria dos casos, utiliza-se a sinalização visual, feita por meio de cartões Kanban em painéis ou quadros, que demonstram todo o fluxo e andamento do processo produtivo. Leia a seguir o capítulo Kanban, da obra Gestão da qualidade, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem, e veja mais sobre esse método que colabora para a melhoria da qualidade e da produtividade da empresa, pois objetiva a organização, a transparência na execução das atividades e a priorização de tarefas, tornando os processos mais objetivos e eficientes. Boa leitura. Kanban Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o conceito do sistema kanban. � Reconhecer os objetivos do método kanban. � Apontar as vantagens e desvantagens do sistema kanban. Introdução O sistema kanban foi idealizado pela Toyota, na década de 1960, e é ampla- mente utilizado até os dias de hoje. Esse método demonstrou que é possível simplificar e agilizar as atividades de programação da produção. Assim, esse sistema busca movimentar e fornecer os itens de produção à medida que vão sendo consumidos, de forma que nenhum posto de trabalho seja abastecido com materiais antes de solicitá-los ao estágio anterior. Dessa forma, se evitam excessos ou falta de produtos na linha de produção. Como você vai ver, o kanban é um sistema bastante simples e fácil de ser aplicado no processo produtivo. Ele reduz desperdícios e tempo de processo. Além disso, é um método que oferece condições para uma empresa melhorar a sua qualidade e a sua produtividade. Neste capítulo, você vai estudar o conceito do sistema kanban, os objetivos desse método e as suas vantagens e desvantagens. Conceito do sistema kanban A palavra kanban é de origem japonesa e significa “cartão” ou “sinalização”. De acordo com Tubino (2000), o sistema kanban foi desenvolvido na década de 1960 pelos engenheiros da Toyota. Seu principal objetivo era simplificar e agilizar as atividades de programação, controle e acompanhamento de sistemas de produção em lotes, com a utilização de cartões. A Toyota se baseou nas práticas utilizadas nos supermercados, onde os pro- dutos eram dispostos nas prateleiras e os funcionários apenas as reabasteciam quando os itens estavam perto de se esgotar, pois o espaço era limitado. Assim, a Toyota observou que os clientes obtinham somente a quantidade necessária do produto que desejavam e no momento necessário, ou seja, nem mais nem menos. Foram essas observaçõesque fizeram os engenheiros da empresa visualizarem um procedimento que refletia essa prática dentro de um processo produtivo. Ou seja, uma peça começaria a ser produzida quando a anterior a ela já estivesse sendo concluída. A Toyota adotou a utilização de um kanban (um cartão visual) para sinalizar os passos em seus processos de fabricação (Figura 1). A utilização dos cartões permitiu a visualização e a interpretação do processo. A comunicação entre os funcionários também melhorou, ficou muito mais rápida e efetiva. Além disso, todos sabiam exatamente as tarefas que precisavam ser feitas e as que já haviam sido realizadas. Figura 1. Kanban utilizado pela Toyota. Fonte: Aquino (2013). A utilização dos quadros e cartões visuais ajuda no planejamento da pro- dução na indústria e no controle do estoque. Afinal, os kanbans representam a quantidade de peças e itens necessários para o processo produtivo, auxi- liando nas decisões a serem tomadas e priorizando o que é mais importante. Os resultados obtidos com os procedimentos do kanban no fornecimento, na distribuição e na produção trabalham em sintonia com os princípios do sistema just in time (JIT), mas eles não podem ser confundidos. Embora possuam objetivos semelhantes, como a redução dos desperdícios, o kanban Kanban2 é uma parte do método just in time, ou seja, o kanban colabora para que os propósitos da filosofia JIT sejam atingidos. Just in time é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora certa. Just in time é um termo inglês que significa “na hora certa” ou “no momento certo”. Contudo, a filosofia por ele proposta vai ainda além, pretendendo fornecer o produto certo, com a qualidade certa, no momento certo, na quantidade certa. O kanban é considerado por Moura (1989) uma grande alternativa, por ser um sistema barato, de fácil implantação e compreensão, bem como por qualquer empresa poder empregá-lo. Por meio dele, pode-se conseguir maior produtividade evitando gastos com a implantação de sistemas mais sofisticados. Slack et al. (2002) define kanban como um método que organiza o fluxo de produção, no qual os cartões informam os materiais necessários nas ope- rações de movimentação e abastecimento. Assim, todos os estágios recebem a informação sobre a necessidade de mais material a ser enviado. O sistema garante estoque necessário para atender à programação, não havendo exageros ou faltas. Dessa forma, se mantém um fluxo de trabalho constante, em que eventuais paradas na produção podem ser facilmente identificadas e corrigidas. Os cartões no sistema kanban funcionam como sinalizadores dentro do processo de produção: por meio deles, um processo sinaliza para o processo anterior a sua situação atual e assim sucessivamente. Nesse sentido, Tubino (2000) afirma que a finalidade do cartão kanban é “puxar” a produção. Ou seja, a linha de montagem final sinaliza a sua necessidade e o processo an- terior produz, movimenta ou fornece exatamente o que é necessário, quando necessário. Nesse sentido, a produção sempre acompanhará o ritmo de consumo e o giro das mercadorias: se o consumo estiver intenso, a produção vai procurar acompanhá-lo e intensificar o seu ritmo. A mesma lógica será aplicada quando o consumo estiver freado: a produção, nesse caso, irá segurar o seu ritmo. Esse sistema não representa necessariamente menos agilidade, mas certamente representa mais eficiência e, principalmente, um uso mais responsável e 3Kanban sustentável dos recursos da empresa (sejam máquinas, matérias-primas, mão de obra ou próprio capital). O sistema permite que a empresa potencialize seus rendimentos. Por meio de estoques mais enxutos, ela pode evitar diver- sos desperdícios, como recursos financeiros parados nos itens em estoque, custos de manutenção de estoques, descarte de matérias-primas que possam se deteriorar em função do tempo, entre outros. Existem alguns modelos básicos de kanban bastante utilizados nas in- dústrias, mas que podem ser adaptados e aplicados com sucesso no cotidiano empresarial. Esse é o caso do kanban de movimentação e do kanban de pro- dução, que você vai conhecer melhor a seguir. � Kanban de movimentação: também conhecido como kanban de trans- porte, é fixado ao produto e serve para comunicar os setores de produção sobre o momento ideal de realizar uma tarefa ou de aguardar o comando para iniciar a próxima fase da cadeia produtiva. Ou seja, esse kanban autoriza a movimentação física de peças e informa o momento em que devem ser levadas a outro processo ou local, em que os cartões são retirados e voltam à etapa inicial. � Kanban de produção: é o cartão que autoriza o início do processo produtivo de determinada quantidade de um item. Após a produção, os cartões são afixados junto ao produto que segue para a próxima etapa. Lá, eles serão retirados e, em seguida, se reinicia o processo para autorizar a produção e a reposição de novos itens. Os kanbans de produção também podem ser colocados em murais, em um espaço onde possam ser visualizados por todos os funcionários responsáveis por desempenhar ações naquela linha de produção. As informações demonstradas pelos cartões indicam o status de determinada tarefa. Apontam, por exemplo, o que está por ser feito, o que está sendo realizado ou o que já está concluído. Com isso, os murais costumam ser divididos em três seções (Figura 2): � To do (tarefas a serem feitas); � Doing (tarefas sendo executadas); e � Done (tarefas concluídas). Kanban4 Figura 2. Mural para cartões kanban. Fonte: Bakhtiar Zein/Shutterstock.com. Como você deve imaginar, é possível acrescentar seções aos murais de acordo com a especificidade de cada atividade organizada por meio do kanban. Em cada uma dessas seções são afixadas (ou registradas eletronicamente) as ações recorrentes daquela linha de produção. Os cartões ou arquivos costumam conter uma breve descrição da atividade a ser realizada, o horário de entrada e, preferencialmente, um horário limite ou uma referência para a saída, assim como o nome do colaborador responsável por desempenhar aquela função. Além do sistema de cartões e dos painéis, Tubino (2000) cita que existem outras formas diferentes de passar as informações com a mesma eficácia. Como exemplo, você pode considerar o uso de um contenedor, de um quadrado kanban, de um painel eletrônico ou ainda do kanban informatizado. O contenedor é utilizado em casos em que o armazenamento é específico para cada item. Assim, todas as informações necessárias são afixadas nele próprio e, ao ficar vazio, está dado o sinal de reposição. No quadrado kanban, os contenedores são substituídos por quadrados pintados no chão onde ficam armazenados produtos. Quando o quadrado estiver vazio, é hora de fazer a reposição. Esse sistema é bastante utilizado para peças grandes ou com formatos irregulares. O painel eletrônico, por sua vez, utiliza lâmpadas coloridas — normalmente nas cores verde, amarela e vermelha — que substituem a função dos cartões. À medida que as lâmpadas forem acendendo, os itens solicitados devem ser repostos. Já o kanban informatizado utiliza computadores em rede, nos quais são registradas as entradas e saídas das informações conforme o necessário. 5Kanban Para entender como o sistema kanban funciona na prática, considere este exemplo: é feito um pedido de produção de 200 unidades de um modelo de carro. Os processos avançam em séries de 10 em 10, e vai seguindo a demanda do próprio processo produtivo e da movimentação de suas partes. Quando a unidade nº 10 passar pelo primeiro processo, nela haverá um adesivo que solicitará ao profissional responsável que se comunique com o profissional encarregado do setor anterior para que faça a liberação de mais 10 unidades, e assim procederá o setor posterior e todos os outros setores da linha de produção. O princípio do kanban será sempre o mesmo: ao ser