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ENSINO DAS ARTES VISUAIS 
EM DIFERENTES CONTEXTOS – 
CENTROS CULTURAIS E 
PROJETOS SOCIAIS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Fábio de Castilhos Lima 
 
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CONVERSA INICIAL 
Você já parou para pensar sobre a relação entre arte e cultura? Por vezes, 
nos deparamos com opiniões que expressam simplesmente que a arte faz parte 
da cultura de determinada sociedade. E de fato faz. Mas será que essa relação 
é sempre harmônica? 
Para respondermos a essa questão, vamos inicialmente explorar o 
conceito de cultura e alguns de seus desdobramentos. Veremos como as 
políticas culturais fomentam as manifestações artísticas em diferentes contextos. 
O papel desempenhado pela cultura no campo da educação também será objeto 
de discussão ao longo deste material. Abordaremos conceitos que envolvem 
aspectos da cultura na vida social, como a noção de Interculturalidade e 
Transculturalidade. Ao final desta leitura, você poderá estender seus diálogos 
acerca deste tema tão importante em nossa sociedade contemporânea. 
TEMA 1 – IDEIA DE CULTURA 
O que você entende por cultura? Diferentes definições de cultura nos 
fazem compreender esse termo como algo polissêmico. Isso significa que há 
diferentes compreensões e modos de interpretação para o termo cultura. 
1.1 Conceitos de cultura 
O termo cultura abarca sentidos variados. Para citar alguns deles, 
podemos pensar em modos de vida de determinada sociedade, em costumes e 
tradições ensinadas e aprendidas por meio de relações sociais de geração em 
geração, podemos pensar também no sentido de algo que seja tido como erudito 
e até mesmo no conceito de cultura com base na ideia de cultivo controlado de 
determinada espécie. Muitas outras são as possibilidades. Que imagem vem à 
sua mente ao pensar na palavra cultura? 
Ao realizarmos uma busca com o termo cultura em um banco de imagens, 
podemos visualizar, de uma maneira geral, quais imagens são prioritariamente 
relacionadas ao termo. Abaixo, uma pequena amostra de três imagens 
selecionadas revela a diversidade de resultados possíveis. 
 
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Figuras 1, 2 e 3 – Pesquisa de imagens com o termo cultura 
 
Créditos: R. M. Nunes/Adobe Stock; Pololia/Adobe Stock; Somprasong/Shutterstock. 
A Figura 1 mostra, em primeiro plano, uma mulher afrodescendente em 
Salvador, na Bahia, Brasil, vestida com trajes tradicionais das baianas. Ao fundo, 
vemos artigos artesanais expostos. A Figura 2 mostra uma série de guarda-
chuvas dispostos sobre a Rua Petit Champlain, no setor histórico da cidade do 
Quebec, no Canadá. A Figura 3 mostra uma mão com luva para procedimentos, 
segurando uma placa laboratorial de Petri com uma cultura de bactérias. 
Obviamente, a seleção de imagens aqui apontada não pretende esgotar as 
possibilidades, e sim ilustrar o quão multifacetado pode ser o termo. 
Um dos principais nomes, entre os pesquisadores, sobre o conceito de 
cultura é o do pesquisador galês Raymond Williams. O autor dedicou muitos 
anos de sua vida e obra às reflexões sociológicas acerca do conceito de cultura 
e seus desdobramentos. Uma de suas obras fundamentais é Cultura, 
originalmente publicada em 1981 (com tradução para o português em 1992). 
Nesta obra, Williams (1992, p. 11) busca traçar um panorama acerca do 
desenvolvimento histórico do termo, assim como diferentes compreensões dele: 
Podemos distinguir uma gama de significados desde (i) um estado 
mental desenvolvido - como em "pessoa de cultura", "pessoa culta", 
passando por (ii) os processos desse desenvolvimento - como em 
"interesses culturais", "atividades culturais", até (iii) os meios desses 
processos - como em cultura considerada como "as artes" e "o trabalho 
intelectual do homem". Em nossa época, (iii) é o sentido mais comum, 
embora todos eles sejam usuais. 
Isso significa, portanto, que encontraremos diferentes compreensões de 
cultura, dependendo do contexto no qual o termo seja empregado. A seguir, 
veremos outros desdobramentos e implicações desse importante conceito. 
 
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1.2 A centralidade da cultura 
Outro importante pensador no que diz respeito à cultura é o sociólogo 
jamaicano Stuart Hall. Para ele, é fundamental a ideia de centralidade da 
cultura, no qual a cultura teria uma posição central em todos os segmentos da 
sociedade. Nesse contexto, as sociedades se desenvolveriam de uma maneira 
mais justa e igualitária, por considerarem prioritariamente os aspectos culturais 
que as constituem. Segundo Bandeira (2017, p. 17), a "centralidade da cultura é 
um dos fenômenos de maior impacto para as sociedades contemporâneas, pois 
implica conhecer as relações possíveis tanto com as áreas sociais e da 
educação, quanto com a economia, o transporte e o meio ambiente". 
O conceito de “centralidade da cultura”, conforme proposto por Hall, parte 
de suas observações das relações sociais na contemporaneidade e aponta para 
a forma com que os acontecimentos e ambientes sociais são permeados pela 
cultura nas mais diferentes áreas. De forma mais concreta, o conceito pode ser 
testemunhado, por exemplo, de maneira crítica pela forma com que a cultura de 
massa é utilizada para levar o encorajamento ao consumo diretamente aos lares 
pelo mundo. 
As contribuições de Stuart Hall para os estudos da cultura apontam para 
uma mudança de compreensão da linguagem na comunicação (e, portanto, 
também nas artes visuais), chamada de virada cultural. Essa virada consiste na 
ideia de que ao utilizarmos a linguagem para nos referirmos a algo, não apenas 
fazemos uma simples referência a este, mas também contribuímos efetivamente 
para a forma com que este é visto e considerado pela sociedade como um todo, 
influenciando diretamente a própria "coisa" em si. (Hall, 1997). 
Isso significa, portanto, que a forma com a qual comunicamos nossas 
ideias seja expressando-as por meio de linguagem verbal, escrita ou visual, 
exige uma responsabilidade ética, ao mesmo tempo em que sugere um 
empoderamento das linguagens. 
TEMA 2 – POLÍTICAS CULTURAIS 
O que são políticas culturais? Você sabia que as instâncias 
governamentais possuem determinadas responsabilidades na gestão de bens 
culturais e na disseminação de manifestações culturais? De que forma você 
observa as políticas culturais praticadas em sua região? 
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Propiciar o acesso à cultura é um dever do Estado e exercer esse acesso 
é um direito dos cidadãos. Segundo a constituição brasileira, em seu Art. 215. 
“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às 
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das 
manifestações culturais” (Brasil, 1988). E ainda, complementarmente, em seu 
primeiro parágrafo que “o Estado protegerá as manifestações das culturas 
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do 
processo civilizatório nacional'' (Brasil, 1988). 
Isto posto, cabe aos cidadãos exigirem das autoridades competentes que 
sejam propostas políticas públicas para a cultura, o que requer participação ativa 
nas instâncias que permitam consultas e deliberações populares. 
As políticas públicas para a cultura, além de atenderem à legislação 
vigente, também fomentam o desenvolvimento social e econômico dos cidadãos 
envolvidos, que usufruem dos bens públicos e que podem ser beneficiados direta 
ou indiretamente por meio de editais específicos para diferentes áreas da cultura. 
Conforme afirma Bandeira (2017, p. 15): 
O entendimentoda cultura como um direito fundamental das pessoas, 
além de importante vetor econômico e de inclusão social, possibilitou 
ao Estado estabelecer com a sociedade parcerias para elaborar 
políticas públicas que atendam aos interesses da coletividade e 
respeitem a diversidade cultural. 
Para além disso, é importante que o Estado valorize as manifestações 
culturais de seu povo, preservando as tradições que comunicam aspectos 
integrantes dos modos de vida de grupos sociais. 
2.1 Cultura na esfera governamental 
Que órgão é responsável pela cultura na estrutura de governo do nosso 
país? Quais são as diferenças entre ministério e secretaria? Historicamente, os 
planos para a cultura no Brasil sofrem com a falta de continuidade de programas, 
apresentando grande variação entre governos. Veremos a seguir um pouco 
sobre o desenvolvimento das instâncias governamentais acerca da cultura. 
Conforme vimos anteriormente, a cultura desempenha um importante 
papel para o desenvolvimento da sociedade. Diferentes planos de governo 
oferecem condições distintas para o espaço que a cultura possui em suas 
vigências. Acompanhe a seguir as diferentes transformações pelas quais o órgão 
oficial da cultura passou em nosso país (adaptado de Brasil, 2021): 
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● 1953 a 1985: fazia parte do Ministério da Educação e da Cultura (MEC). 
● 1985: tornou-se Ministério da Cultura (MinC), com mais autonomia e 
objetivos mais específicos. Foi tido como um marco da redemocratização 
do país. 
● 1990: foi reduzido a Secretaria da Cultura. 
● 1992: retornou à condição de Ministério da Cultura. 
● 2003: o Ministério teve sua estrutura fortalecida, com diretorias 
específicas para cada área: Gestão Interna, Gestão Estratégica e 
Relações Internacionais, sendo dotada de sete representações regionais 
para ter um melhor panorama das especificidades de cada região e teve 
sua estrutura organizada em seis Secretarias: Fomento e Incentivo à 
Cultura; Políticas Culturais; Cidadania Cultural; Audiovisual; Identidade e 
Diversidade Cultural e Articulação Institucional. 
● 2016: o Ministério foi extinto, reduzido a Secretaria e reestabelecido a 
Ministério após 11 dias de muitos protestos pelo país. 
● 1º de janeiro de 2019: O MinC foi extinto assim como o Ministério do 
Esporte e o Ministério do Desenvolvimento Social. Criou-se uma estrutura 
única para os três ministérios, o Ministério da Cidadania, dentro do qual 
há a Secretaria da Cultura. 
● Novembro de 2019: a Secretaria da Cultura foi transferida do Ministério 
da Cidadania para o Ministério do Turismo, ao qual é subordinada. 
As principais diferenças entre o status de Ministério e Secretaria são, entre 
outras, menor autonomia nas decisões do órgão, diferença de previsões 
orçamentárias, tendo os ministérios maiores orçamentos aprovados que as 
secretarias, uma vez que estas são subordinadas àqueles. Além disso, as 
secretarias não possuem representatividade internacional, ao contrário dos 
ministérios. 
2.2 Plano Nacional de Cultura 
Está previsto na constituição o Plano Nacional de Cultura (PNC), que 
constitui as bases legais para que se realizem as articulações necessárias entre 
as instâncias e os órgãos das esferas públicas para a consecução das melhores 
condições para fomentar a cultura. O intuito do Plano Nacional de Cultura é que 
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se alcancem os seguintes objetivos (Brasil, 1988, incluídos pela Emenda 
Constitucional n. 48, de 2005): 
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; 
II produção, promoção e difusão de bens culturais; 
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas 
múltiplas dimensões; 
IV democratização do acesso aos bens de cultura; 
V valorização da diversidade étnica e regional. 
O Plano Nacional de Cultura estabelece as diretrizes a serem postas em 
prática pelos diferentes órgãos subordinados à cultura em todo o país. 
2.3 Sistema Nacional de Cultura 
O Sistema Nacional de Cultura (SNC) existe para que o Plano Nacional 
de Cultura seja posto em prática pelo Estado nas três diferentes esferas 
(Federal, Estadual e Municipal), contando com a participação da população. 
Segundo nossa Constituição Federal (Brasil, 1988, incluído pela Emenda 
Constitucional n. 71, de 2012): 
O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, 
de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão 
e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e 
permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, 
tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e 
econômico com pleno exercício dos direitos culturais. 
Isso significa que o Estado tem o dever de proporcionar o acesso aos 
bens culturais e às políticas públicas, mas também significa que os cidadãos têm 
a responsabilidade de participar da elaboração das políticas públicas, bem como 
de exigir o cumprimento dessas políticas. 
TEMA 3 – CULTURA E EDUCAÇÃO 
Que papel desempenha a educação na relação entre arte e cultura? É 
importante ressaltarmos que a cultura é mediada em sala de aula, considerando 
a cultura em diferentes sentidos: a cultura local de onde se ensina e aprende, 
que está presente e é praticada pelos alunos, a cultura escolar, incluindo-se aí a 
figura dos professores e suas bagagens culturais e, ainda, a cultura nacional e 
internacional, sempre presentes na relações sociais. Veremos que a educação 
é uma peça-chave nessa relação, sendo utilizada de inúmeras formas para a 
mediação de manifestações artísticas e culturais. 
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3.1 Tridimensionalidade da cultura 
Quando falamos em educação e cultura, é muito importante destacarmos 
o papel dos projetos educacionais fomentados pelas políticas públicas. Qualquer 
projeto educacional que esteja inserido nesse contexto, deve considerar a 
tridimensionalidade da cultura. Conceber a cultura em três dimensões significa 
compreender e praticar, por meio das ações do projeto a que se propõe, a cultura 
em suas dimensões simbólica, cidadã e econômica. Mais detalhadamente, isso 
significa, segundo Brasil (2011, p. 8): 
A dimensão simbólica é aquela do “cultivo” [...] das infinitas 
possibilidades de criação expressas nas práticas sociais, nos modos 
de vida e nas visões do mundo. [...] A dimensão cidadã̃ consiste no 
reconhecimento do acesso à cultura como um direito, bem como da 
sua importância para a qualidade de vida e a autoestima de cada um. 
[...] Na dimensão econômica, inscreve-se o potencial da cultura como 
vetor de desenvolvimento. Trata-se de dar asas a uma importante fonte 
geradora de trabalho e renda, que tem muito a contribuir para o 
crescimento da economia brasileira. 
Portanto, a educação tem o potencial, seja em ambiente escolar, seja em 
outros espaços de arte e cultura, de abordar diferentes aspectos culturais, 
ampliando a consecução de aprendizagens significativas para a vida cotidiana. 
Isso acontece, por exemplo, ao trabalharmos, por meio da expressão 
artística, que símbolos são utilizados em cada linguagem, buscando levantar 
questionamentos acerca do que estes representam e como fazer uso da 
expressão por meio de símbolos culturalmente compreendidos, estamos 
considerando a dimensão simbólica da cultura. 
Ao levantarmos qual seria o papel de cada envolvido nos projetos em 
determinado contexto local, trabalhamos a responsabilidade social desses 
envolvidos, contemplando a dimensão cidadã. E a dimensão econômica realiza-
se a partir do momento em que diferentes envolvidos percebem a possibilidade 
de receita real ou potencial, dentro de cada projeto, e aindaao se desenvolverem 
culturalmente, o que significa desenvolvimento pessoal nas esferas da vida 
social e do mundo do trabalho. 
TEMA 4 – INTERCULTURALIDADE 
Você conhece o termo interculturalidade? Você pode imaginar o sentido 
dessa palavra pensando no sentido de inter, que diz respeito à a relação entre 
algo, neste caso, culturas. Quer dizer que há diferentes culturas que se 
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relacionam entre si? Veremos adiante um pouco mais acerca desse importante 
conceito. 
4.1 Culturas em relação de troca 
O termo interculturalidade sugere uma troca entre diferentes culturas. Mas 
de que forma isso acontece? Quando indivíduos ou grupos de indivíduos se 
relacionam, estão praticando cultura em diferentes níveis de complexidade. A 
interação entre indivíduos e a forma com que estes se relacionam com seus 
ambientes gera modos de vida, modos de relação cotidiana e, portanto, cultura. 
Quando indivíduos pertencentes a diferentes grupos se relacionam, há uma 
troca cultural, a qual podemos chamar de interculturalidade. 
Como sabemos, vivemos em um mundo em constante evolução, em 
diferentes sentidos. Os movimentos populacionais também fazem parte dessa 
evolução e estão presentes em nosso dia a dia. Esses movimentos ocorrem em 
múltiplas escalas, desde quando uma família se muda de um bairro para outro 
dentro da mesma cidade, dentro do próprio estado, de uma cidade para outra, 
de uma região para outra dentro do próprio país, até mesmo movimentos de 
escala global. Observe a Figura 4 e pense sobre as possibilidades de interação 
intercultural entre os indivíduos e a relação entre os objetos e o ambiente que os 
circundam. 
Figura 4 – Interculturalidade 
 
Créditos: Pressmaster/Shutterstock. 
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Os movimentos populacionais possuem diferentes motivações, mas 
ocorrem principalmente como uma busca por melhores condições de vida. Por 
vezes, podemos nos deparar com formas distintas em lidar com uma 
determinada situação, com diferentes formas de comunicar uma ideia e também 
com diferentes manifestações artísticas. Saber respeitar essa diversidade faz 
parte do repertório de qualquer cidadão, seja no convívio social em sua rua, em 
sua casa, em seu trabalho. 
Percebemos outras culturas por meio dos trânsitos populacionais pelo 
mundo, mas não somente. Com o avanço das Tecnologias Digitais de 
Informação e Comunicação, também conhecidas como TDICs, podemos nos 
inteirar de diferentes modos de vida pelo mundo. Entre outros interesses, 
podemos conhecer como diferentes povos lidam com as relações interpessoais, 
com questões ambientais e quais são as manifestações artísticas nas mais 
diferentes linguagens, como artes visuais, música, dança, teatro, cinema, 
apenas para citar algumas possibilidades. 
A cultura de massa também desempenha um papel relevante quando 
falamos de Interculturalidade. Essa cultura é aquilo que é produzido com um 
apelo comercial, para o qual se sabe que haverá público para consumir. Em 
geral, estamos muito expostos a ela, por meio da rádio, da televisão, de revistas, 
da internet, entre outros grandes meios de comunicação. 
Não significa que devemos ignorar essa cultura de massa, mas é 
importante que se saiba identificar e mediar as relações possíveis entre ela e a 
cultura específica do local onde se atua profissionalmente, buscando estar 
atento àquilo que move a curiosidade do grande público e que olhares podem 
ser lançados diante da cultura globalizada. 
Quando atuamos enquanto profissionais do campo da arte, seja como 
artistas, como professores de arte, ou ainda como propositores de projetos 
culturais, o respeito à interculturalidade é fundamental. Para além disso, nossas 
práticas devem não somente respeitar as diferenças, mas também fomentar a 
compreensão da importância desse respeito a outros envolvidos em sua atuação 
profissional. Isso significa respeitar aspectos fundamentais da cultura, conforme 
a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (Unesco, 2002), como o 
respeito à diversidade das culturas, o desenvolvimento dos intercâmbios 
culturais e a evolução das novas tecnologias da informação e da comunicação. 
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TEMA 5 – TRANSCULTURALIDADE 
O que seria a transculturalidade? De que maneira a transculturalidade 
pode ser contemplada por meio do planejamento de ações socioculturais? 
5.1 O trânsito de aspectos culturais 
Com os trânsitos populacionais que geram a percepção de outros modos 
de vida, de outras culturas, conforme anteriormente apresentado em 
Interculturalidade, observamos o fenômeno da transculturalidade. 
Primeiramente, vamos compreender o que é a transculturalidade. Segundo 
Lucchesi e Malanga (2011, p. 75): 
a transculturalidade configura uma nova proposta que consiste em 
perceber o todo (a população mundial, submetida à economia 
globalizada e às redes de informação) e suas relações com as partes, 
que são as culturas, respeitando-as e permitindo que elas dialoguem 
com o todo, na construção de um mundo mais equilibrado em termos 
de troca de conhecimentos. 
Podemos afirmar, portanto, que a transculturalidade é um fenômeno 
decorrente da interculturalidade, no qual ocorre uma troca de aspectos culturais. 
Dessa maneira, no contexto da transculturalidade, apreendemos aspectos de 
outras culturas, como símbolos e/ou modos de vida, ao mesmo tempo em que 
partilhamos de um aspecto de nossa cultura. Isso geraria, por si só, uma situação 
de ensino e aprendizagem, na qual o respeito à outra cultura é um aspecto-
chave. 
Contudo, isso não significa que devemos simplesmente copiar a cultura 
vinda do contexto exterior. Ao comentar a abordagem triangular no ensino das 
culturas visuais, Ana Mae Barbosa (2012, p. XXXI) comenta a negação da cópia: 
Fomos alunos de Paulo Freire e com ele aprendemos a recusar a 
colonizadora cópia de modelos, mas a escolher, reconstruir, 
reorganizar a partir da experiência direta com a realidade, com a 
cultura que nos cerca, com a cultura dos outros e com uma pletora de 
referenciais teóricos, intelectualmente desnacionalizados, como diz 
Bourdieu, por nós escolhidos e não impostos pelo poder dominante. 
A cultura brasileira, de matriz múltipla, é um exemplo de como a 
construção de uma cultura pode ser fundamentada na troca de experiências e 
na recontextualização de costumes e tradições. No contexto da arte, o Manifesto 
Antropofágico, escrito por Oswald de Andrade, publicado em 1928, no ínterim do 
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modernismo, propunha de maneira figurativa "digerir" a cultura estrangeira, para 
transformá-la em algo genuinamente brasileiro. 
Um olhar descolonizado e responsável é, portanto, necessário para a 
atuação profissional no campo da arte, dentre as mais variadas possibilidades 
de criação e mediação de conteúdos. O respeito à diversidade e o protagonismo 
na troca de experiências culturais devem fazer parte do saber das Artes Visuais. 
NA PRÁTICA 
Qual é a cara da cultura de onde você vive? Quais são as tradições e 
costumes regionais? Quais são as influências externas visivelmente presentes 
em sua realidade? Enquanto exercício de aproximação da realidade, 
experimente realizar uma busca por imagens em qualquer ferramenta de busca 
na internet, utilizando a palavra-chave cultura e o nome do local em que você 
vive. 
Com base nas imagens encontradas, é possível lançar diferentes 
questionamentos acerca da compreensão de cultura. Para você, essas imagens 
realmente representam a cultura de onde você vive? Por que essas imagenssão 
os primeiros resultados da sua busca? O que você pode fazer para inserir novas 
compreensões de cultura ao local em que você vive? Com base nesses 
questionamentos, imagine estratégias para promover a cultura em sua região. 
Uma dica valiosa é buscar os editais de arte e cultura pensados para a sua 
região. Se não há, que tal mobilizar outras pessoas que poderiam participar de 
atividades culturais significativas em seu contexto local? 
FINALIZANDO 
Neste material de leitura, levantamos alguns questionamentos acerca da 
relação entre arte e cultura. Vimos que a arte, enquanto linguagem expressiva, 
constitui a cultura de um determinado local. Vimos também, que a arte pode 
apontar para diversos outros questionamentos no complexo campo da cultura. 
Exploramos o polissêmico conceito de cultura, ou seja, que possui vários 
significados e discutimos alguns de seus desdobramentos. Observamos que as 
políticas culturais são um dever do Estado e um direito do cidadão, sendo que 
ambos devem ser complementares para o funcionamento dessa relação. 
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Vimos que a cultura possui um papel importante nas ações educativas. 
Abordamos especificidades contemporâneas da cultura na vida social, por meio 
dos conceitos de Interculturalidade e transculturalidade. Esperamos que você 
tenha aproveitado a leitura, que realize conexões com outros conteúdos de seu 
curso e compartilhe suas experiências com seus pares. Nas referências, estão 
detalhados os materiais utilizados, caso você tenha interesse em aprofundar 
algum conceito aqui trabalhado. 
 
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REFERÊNCIAS 
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