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design cultura e sociedade 2


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DESIGN, CULTURA E 
SOCIEDADE 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Cristiana Miranda 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Esta aula tem como objetivo o estudo do termo cultura, identificando 
seus principais elementos sob o viés das ciências sociais. 
Existem inúmeras variáveis a serem observadas no conceito de cultura, 
como a construção da identidade do indivíduo, a relação entre um indivíduo e 
sua comunidade, bem como entre uma comunidade e outra. Por meio da análise 
de todos os conceitos, espera-se a melhor compreensão do mundo social. Os 
temas abordados serão: 
• O que é cultura? 
• Manifestações culturais; 
• Ambiente cultural; 
• Multiculturalismo; 
• Globalização. 
CONTEXTUALIZANDO 
A palavra cultura tem várias aplicações no nosso dia a dia. Pode significar 
a ação de cuidar da terra e da plantação, a criação de certos animais, como a 
cultura de abelhas, e desenvolvimento de algumas espécies microbianas e de 
células. Naturalmente, não iremos trabalhar com essas abordagens para cultura. 
Também existe o termo cultura organizacional para se referir ao conjunto 
de comportamentos específicos de uma organização, como no exército, na 
escola, na igreja, na indústria automotiva etc. Você perceberá que, apesar de 
não ser o tema da disciplina, vários dos assuntos abordados nesta aula poderão 
ser aplicados (mediante alguma adaptação) à cultura organizacional. 
TEMA 1 – O QUE É CULTURA? 
O termo cultura provém do latim culturae, cujo significado representa 
cultivar. Assim, cultura, nos estudos sociais, pode ser entendida como aquilo que 
é cultivado no indivíduo, aquilo que afeta o seu desenvolvimento pessoal. 
A palavra cultura pode ser utilizada para qualificar o conjunto de 
conhecimento de uma pessoa sobre um ou vários assuntos, geralmente 
relacionado à educação formal: “fulano é muito culto (tem cultura), fala cinco 
idiomas, é doutor em administração, viveu na Europa por 15 anos”. 
 
 
3 
No contexto desta disciplina, cultura é a soma dos comportamentos, 
saberes, técnicas, conhecimentos e valores acumulados por um grupo social ao 
longo do tempo. Complementa esse raciocínio a ideia de que a cultura é algo a 
ser aprendido pelo sujeito, transmitido de geração para geração. Não é algo 
relacionado à natureza fisiológica humana, mas ao processo de socialização. 
Portanto, todas as pessoas têm cultura e não existe uma cultura melhor que a 
outra. O que existem são culturas diferentes. 
Cada cultura tem sua própria e distinta forma de observar e classificar os 
fatos sociais. E com percepções diferentes, teremos manifestações diferentes. 
Entender e respeitar as diferenças entre grupos sociais distintos, seja um grupo 
pequeno, como os torcedores de um time de futebol, ou um grupo grande, como 
a etnia árabe, é o elemento-chave para combater todo e qualquer tipo de 
preconceito. 
O etnocentrismo, que é a propensão de determinada pessoa a considerar 
a sua cultura como superior à cultura do outro, que é diferente, é uma forma de 
preconceito, mas quando sentido com exagero, é o responsável por movimentos 
radicais como a escravidão de povos africanos e indígenas, o Ku Klux Klan, o 
Apartheid, o Nazismo etc. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre Ku Klux Klan, Apartheid e Nazismo, acesse os links 
disponíveis em: <https://escola.britannica.com.br/artigo/Ku-Klux-Klan/481680>; 
<https://escola.britannica.com.br/artigo/apartheid/480627>; 
<https://escola.britannica.com.br/artigo/nazismo/482017>. Acesso em: 26 ago. 
2020. 
Toda pessoa de determinada cultura, quando passar a viver em outra 
(migração temporária ou permanente por motivos de estudo, trabalho, segurança 
pessoal etc.) sente muitas dificuldades em entender e aceitar outros costumes. 
Em alguns casos, não é preciso nem viver em outra região ou país, pois basta 
ter o conhecimento de alguma prática cultural diferente da nossa para provocar 
manifestações de repúdio. 
É fundamental ampliarmos nossa compreensão de outras culturas, 
entendendo que compreensão não significa, necessariamente, aprovação ou 
incorporação daquela característica cultural em nossa atitude pessoal. O que se 
propõe é a relatividade cultural como ação oposta ao etnocentrismo. É o 
 
 
4 
entendimento de que, para “julgar” determinada cultura, devemos analisá-la com 
base nos valores e costumes da cultura em análise, e não dos valores e 
costumes daquele quem julga. 
Conforme Dias (2004), a cultura apresenta cinco características 
fundamentais: 
1. É exclusiva às sociedades humanas: só as sociedades humanas têm 
cultura (na definição dos estudos sócio-antropológicos). Naturalmente, os 
primeiros hominídeos apresentavam quase nenhuma cultura, sendo mais 
evidente com a evolução da espécie humana. 
2. Compreende todas as criações humanas: tudo aquilo que não for uma 
construção da natureza é construção humana, portanto é cultura. Toda 
cultura apresenta elementos materiais (ou tangíveis), resultantes de 
ciência e tecnologia; e elementos imateriais (ou intangíveis) como valores, 
ideologia, mitos etc. 
3. É transmitida pela herança social: os grupos primários (família, amigos) 
transmitem cultura aos indivíduos mais novos através das manifestações 
culturais (como relações interpessoais, vida material, linguagem, visão 
estética, religião, folclore etc.). 
4. Influencia a maneira como a pessoa entende o mundo: a influência ocorre 
pelo processo de socialização, a partir das heranças culturais recebidas 
e comportamentos dos grupos sociais de onde estamos inseridos. A 
cultura também determina os limites da ação social, por exemplo, se uma 
sociedade aceita a emancipação da mulher ou é receptiva com a 
imigração. 
5. É um instrumento de adaptação: considerando que a humanidade é a 
espécie animal que se tornou dominante no planeta em razão da sua 
capacidade de adaptação, transformação da natureza e transmissão de 
conhecimento, a cultura é a ferramenta que possibilita o ato de adaptação. 
Trazendo a cultura (produção da sociedade humana) para o contexto 
pessoal, cada sujeito traz consigo diferentes aspectos culturais, adquiridos em 
momentos distintos ao longo de sua jornada. Desta maneira, a cada nova etapa, 
o mesmo indivíduo será culturalmente diferente do que era antes. Ter 
consciência que essa mudança é natural ao ser humano ajuda entender por que 
nossa identidade cultural não é fixa no tempo. 
 
 
5 
Identidade cultural é a afirmação pessoal das semelhanças e diferenças 
culturais que o indivíduo acredita e incorpora na sua vida, gerando sentimento 
de solidariedade e pertencimento em relação a um grupo cultural. Conforme 
Rodrigues (2020): 
Em outras palavras, a identidade cultural está relacionada com a forma 
como vemos o mundo exterior e como nos posicionamos em relação a 
ele. Esse processo é continuo e perpétuo, o que significa que a 
identidade de um sujeito está sempre sujeita a mudanças. Nesse 
sentido, a identidade cultural preenche os espaços de mediação entre 
o mundo “interior” e o mundo “exterior”, entre o mundo pessoal e o 
mundo público. Nesse processo, ao mesmo tempo que projetamos 
nossas particularidades sobre o mundo exterior (ações individuais de 
vontade ou desejo particular), também internalizamos o mundo exterior 
(normas, valores, língua...). É nessa relação que construímos nossas 
identidades. 
Apesar de identidade cultural ser uma posição pessoal, o termo é também 
usado para se referir ao posicionamento de um grupo cultural, de uma 
comunidade, de uma empresa, de uma nação. 
TEMA 2 – MANIFESTAÇÕES CULTURAIS 
Uma vez que cultura é toda e qualquer produção humana, material ou 
imaterial, as manifestações culturais são categorizadas nos seguintes temas: 
• Relações interpessoais: comportamentos individuais e coletivos, status, 
papéis, grupos e as instituições sociais (como visto em outras aulas); 
crenças, valores, normas e sansões. Crenças (não apenas religiosas, 
mas tambémrelacionadas ao saber popular) são conhecimentos e ideais 
compartilhados entre todos os que têm a mesma cultura e que orientam 
as atitudes. Por exemplo, nas cidades do Sul do Brasil, há a crença de 
que, se chover sobre a geada, o frio será mais intenso. Valores são 
conceitos coletivos sobre o que é bom, certo, desejável (também vale para 
o oposto). Normas são crenças e valores que orientam e regulam o 
comportamento individual, ou seja, especificam o que pode ou não pode 
ser feito pelo indivíduo em determinada cultura. As normas podem ser 
detalhadas com formalidade (Direito) ou de maneira informal, pelos 
costumes socialmente aceitos. Sanções (físicas e/ou morais) são as 
penalidades e gratificações que o indivíduo (ou grupo) recebe por cumprir 
ou não as normas. 
 
 
6 
• Vida material: ciência (matemática, astronomia medicina), tecnologia 
(moinhos, máquinas de guerra, formas de produção) e produção material, 
enfim, todos os elementos relacionados ao conhecimento e à economia. 
• Linguagem: todos os elementos relacionados à comunicação oral e à 
escrita, expressões idiomáticas (por exemplo, “agarrar a oportunidade de 
emprego com unhas e dentes”, gírias etc.), à comunicação pictórica e 
simbólica, aos gestos físicos (que acompanham a fala ou isolados: 
determinado movimento com os olhos ou mãos). 
• Visão estética: conceitos de beleza e arte (pintura, escultura, música, 
literatura), formas de identificação de status social (tipo de carro, roupas, 
relógio que usa). 
• Religião: entendimento e conceituação sobre vida e morte. As crenças 
religiosas influenciam diretamente vários comportamentos socioculturais. 
• Folclore: mitos, roupas e comidas típicas etc. são manifestações no 
presente sobre comportamentos do passado. 
Não existe cultura que não tenham um significado essencial para uma 
determinada comunidade. Sendo assim, entender os aspectos culturais 
contemporâneos somente será possível a partir da análise de todo o processo 
evolutivo daquela comunidade. 
Como podemos perceber no dia a dia, existem diversas subculturas 
dentro de uma cultura maior. A subcultura acontece quando há elementos sociais 
(costumes, alimentação, sotaque, gírias etc.) que são identificados em grupos 
de indivíduos. A cultura baiana, por exemplo, é uma subcultura da cultura 
brasileira. 
Isso ocorre, principalmente, devido à construção social daquela sociedade 
em específico, como as migrações humanas para a região no momento de 
fundação da cidade ou durante os anos seguintes. Entretanto, fatores ambientais 
(clima quente ou frio, períodos de chuvas etc.) e econômicos (produção industrial 
ou agronegócio) também ajudam a formar as subculturas sociais. 
A existência de subculturas não invalida a cultura “maior”, da mesma 
forma que uma mesma pessoa ou grupo pode pertencer a uma ou várias 
subculturas e, ao mesmo tempo, pertencer à cultura mãe. 
Na mesma lógica, a distinção entre cultura mãe e subcultura é contextual, 
pois cada subcultura tem suas próprias subculturas. Por exemplo, a cultura 
 
 
7 
latino-americana tem como subculturas a brasileira, a argentina; a cultura 
brasileira tem como subculturas a mineira, a católica, a flamenguista etc. 
Cada indivíduo é incentivado a agir conforme o comportamento padrão de 
determinada cultura (herança cultural e socialização). E para que esse padrão 
seja respeitado, é imprescindível que a compreensão de um mesmo fato, entre 
os indivíduos de uma mesma cultura, seja o mesmo. Formam-se, assim, os 
signos culturais (representações, linguísticas ou sensoriais, de um determinado 
objeto ou sentimento, são expressões que carregam uma ideia, um significado 
específico). 
Os signos representam épocas e períodos diferentes da humanidade. 
Cada símbolo e seu respectivo significado mudam de acordo com cada 
comunidade. Dentro do aspecto multicultural, os signos nem sempre têm as 
mesmas representações. A suástica, por exemplo, é utilizada como símbolo 
tanto pelo nazismo, com grave conotação, quanto pelo budismo, para 
representar a felicidade. 
Os signos culturais estão em todas as manifestações de uma sociedade. 
Às vezes, são bem evidentes, como nas representações estéticas (na pintura, 
escultura, arquitetura, artesanato e música) ou folclore. Em outras situações, os 
signos culturais são pouco percebidos, como na ciência e sua aplicação. O fato 
de determinada sociedade não permitir a manipulação genética em embriões 
humanos é um signo cultural pouco evidente, mas que caracteriza aquela 
cultura. 
TEMA 3 – O AMBIENTE CULTURAL 
Todo o agrupamento de pessoas forma um ambiente cultural, não 
necessariamente uma sociedade (para que ocorra a efetiva caracterização de 
sociedade, o agrupamento humano deve apresentar os seguintes elementos: 
finalidade social, manifestações de conjunto ordenadas e poder social). 
Independentemente disso, o ambiente cultural apresenta uma estrutura básica 
formada por traço e contexto cultural: 
• Traço cultural: é o elemento cultural básico, que pode distinguir uma 
cultura de outra. O traço cultural não existe isolado, mas interligado a 
outros traços da mesma cultura (ou subcultura, dependendo do contexto 
analisado). Por exemplo, a interjeição "mas báh, tchê” é um traço social 
 
 
8 
identificado como da cultura gaúcha. Determinado traço cultural pode ser 
utilizado em culturas distintas, como falar o português. 
• Contexto cultural: é o conjunto de traços culturais. Seguindo o exemplo 
anterior, o contexto social da cultura gaúcha é a soma do "mas báh, tchê” 
com o sotaque característico, o chimarrão, a fama de fazer bom 
churrasco, as roupas típicas dos Centros de Tradição Gaúcha (CTG), o 
vanerão etc. Importante comentar que, apesar de ser identificado com o 
mesmo nome, dois ou mais contextos culturais podem apresentar 
diferenças, como no caso do Carnaval. O Carnaval é uma tradição 
europeia que chegou ao Brasil com a colonização. O Carnaval do 
Carnaval no Rio de Janeiro (capital) tem traços culturais diferentes do 
Carnaval em Olinda, em Pernambuco. 
 É justamente a “distribuição” de traços culturais de uma cultura em vários 
contextos culturais, que se organizam com traços sociais de outras culturas e 
que se modificam devido a fatores sociais, geográficos e econômicos, o motivo 
de existirem tantas subculturas dentro de uma cultura mãe. 
 No ambiente cultural, as pessoas criam, alteram e transmitem cultura. A 
transmissão da cultura acontece de maneira informal, a partir das relações 
interpessoais nos grupos primários (família, amigos, comunidade, organização) 
e formalmente pelos grupos secundários (livros, revistas, rádio, teatro, cinema, 
jornais). 
Normalmente, os grupos primários transmitem cultura aos indivíduos mais 
novos no ambiente cultural sem grandes alterações na estrutura (traços e 
contexto cultural), o que é chamado de herança cultural. A cultura é produzida e 
consumida pelos participantes do próprio grupo. Quando uma cultura se altera 
abruptamente, geralmente é devido a fatores externos ao grupo cultural, como a 
entrada de um ou vários indivíduos muito influentes e com outras práticas 
culturais; em casos de migrações (principalmente as forçadas); e devido a 
eventos ambientais e econômicos não previstos. 
Nos grupos secundários, a transmissão da cultura pode ser segmentada 
(para atender a determinados grupos culturais) ou em massa. Massa é a 
aglomeração de pessoas formando, em termos socioculturais, um grupo 
heterogênico (com várias subculturas), mas que é tratada como homogênea 
pelos meios de comunicação, indústria, prestador de serviço e governo. 
 
 
9 
A transmissão de cultura em massa acontece, por exemplo, quando o 
veículo de comunicação não tem a preocupação de atender às características 
particulares de subculturas, apenas “nivelando” todos em um mesmo padrão. 
Lembramos de um programa de TV1 “com os maiores sucessos nas rádios 
brasileiras”. Só haviamúsica popular brasileira (MPB), que de popular não tinha 
nada, pois as rádios “ferviam” com música sertaneja e nunca vimos um sertanejo 
se apresentando nesse programa. Podemos encontrar exemplos semelhantes 
em jornais (qual informação é oferecida aos leitores), na produção industrial, na 
educação etc. Lembre-se: tudo o que é produzido pela espécie humana é cultura. 
Provavelmente você está se perguntando como comunicação e a 
produção em massa determina seu padrão para produzir e transmitir cultura. No 
exemplo mencionado, do programa de TV, o padrão cultural estava relacionado 
às classes sociais mais altas, que poderiam comprar os discos dos cantores de 
MPB ou que, assistindo ao programa, davam status a ele. 
No caso da indústria de bens duráveis, critérios como tamanho da 
população e influência de outra cultura “desejável” são direcionadores 
importantes para a produção em massa. Por exemplo: se 70% da população é 
magra, então só vamos produzir roupas para magros; se todas as mulheres 
brasileiras querem ser lindas como as europeias, vamos produzir e vender tintas 
para deixar o cabelo loiro e cremes alisantes. 
Outro tema relacionado ao ambiente cultural é a ideia de cultura erudita 
versus cultura popular. Cultura erudita é aquela produzida e consumida pela 
classe dominante2, ou que significa, para as sociedades ocidentais dos últimos 
300 anos, a cultura europeia (principalmente a originária da Inglaterra, França, 
Alemanha, Itália e Suíça) e/ou norte-americana, considerada como ideal “devido 
ao alto padrão de desenvolvimento artístico, científico, intelectual e econômico” 
– etnocentrismo, porém agora considerando a cultura “do outro” melhor. 
A cultura popular é o conjunto de saberes empíricos3, crenças e valores 
das pessoas e/ou grupos “fora” da classe dominante. Em palavras corriqueiras, 
a cultura do povo que, aos olhos da classe dominante, é subdesenvolvido 
quando comparado à cultura ideal (etnocentrismo). Mas nos últimos 30 anos, a 
 
1 Este programa acontecia a mais de 40 anos - se hoje existem similares, nosso exemplo é pura 
coincidência. 
2 Em aspectos sociais, econômicos, ideológicos e/ou militares. 
3 Saber empírico: é aquele conhecimento adquirido durante toda a vida, no dia a dia. 
 
 
10 
dicotomia4 entre cultura erudita e popular encontrada em tantas sociedades está 
sendo desestruturada, criando diferentes manifestações culturais no ambiente 
cultural. 
Parte dessa desestruturação se deve à indústria da música e os meios de 
comunicação de massa que usam cada vez mais elementos da cultura “popular” 
para comercialização. Assim, a comunicação em massa propaga a música e 
outros elementos da cultura menosprezada, como dança, comportamento, 
moda, culinária etc. por toda a sociedade (pois não há distinção de subculturas), 
diminuindo com os preconceitos sociais e raciais. 
Para finalizar nosso estudo sobre o ambiente cultural, gostaria de 
destacar o folclore, que é o conjunto de manifestações culturais populares, mas 
que aconteceram no passado e que hoje são apropriados pela sociedade, 
reapresentados, relembrados, refeitos. Além da questão temporal (é a cultura 
dos antepassados), devemos ter em mente que, no folclore, alguns ou vários 
componentes culturais foram modificados. Troca-se o tempero antigo pelo atual, 
o tecido das roupas é industrializado, o real objetivo foi esquecido, a cada 
geração, a história “real’ ganha contornos de fantasia e a dança recebe 
movimentos contemporâneos. 
Sendo assim, o folclore deve ser valorizado como expressão e 
identificação da sociedade atual pelas tradições culturais em desuso, mas não 
como representação fidedigna da cultura dos nossos antepassados. 
TEMA 4 – MULTICULTURALISMO 
Antes de falarmos sobre multiculturalismo, vamos rever os conceitos de 
território, Estado e nação. 
Quadro 1 – Território, Estado e nação 
Território É o espaço geográfico apropriado e delimitado por relações de 
soberania e poder. 
Estado É um conjunto de instituições públicas que administra um 
território, procurando atender os anseios e interesses de sua 
população. Dentre essas instituições, podemos citar as escolas, 
 
4 Dicotomia: oposição entre duas coisas, geralmente entre dois conceitos. 
 
 
11 
os hospitais públicos, os departamentos de política, o governo e 
muitas outras. 
Nação Significa uma união entre um mesmo povo com um sentimento 
de pertencimento e de união entre si, compartilhando, muitas 
vezes, um conjunto mais ou menos definido de culturas, práticas 
sociais, idiomas, entre outros. 
Fonte: Pena, 2015. 
 Como você pode observar, não existe Estado sem um território e nação 
não é sinônimo de Estado. Podemos ter um Estado multinacional como a 
Espanha, que tem dentro do seu território a nação espanhola, a basca, a catalã, 
a navarra e outras que lutam para construir seus respectivos Estados. Também 
é possível uma nação, como a curda, que não tem território e, portanto, não tem 
um Estado. 
 Assim, o termo Estado-nação significa que uma nação ocupa um território 
e que se organiza como Estado. Desde o surgimento desse conceito no século 
XVIII, o papel do Estado-nação foi o fortalecimento da própria soberania, através 
do crescimento econômico, poder bélico e identidade cultural. 
 Alguns Estados-nação foram constituídos a partir de uma única 
comunidade cultural, com seus indivíduos compartilhando uma identidade 
cultural fortalecida, sem conflitos internos. Por razões diversas (colonização, 
ocupação do mesmo território por culturas semelhantes, guerra), vários Estados-
nação foram constituídos onde várias comunidades com culturas diferentes 
ocupavam o mesmo território – o multiculturalismo. 
 A maneira com que cada Estado-nação se relaciona com o próprio 
multiculturalismo varia do tempo, conforme situações bem específicas, entre 
elas, forma de governo. Conforme Salaini (2012), podemos identificar vários 
tipos de multiculturalismo: 
• Crítico: valorização e oficialização da cultura da classe dominante (por 
critérios econômicos, políticos e/ou militares) sobrepondo outras culturas, 
muitas vezes majoritária em indivíduos, mas sem poder. Sendo assim, os 
grupos culturais desalinhados com a cultura dominante podem ser 
marginalizados (ignorados) pelo Estado e comunidade cultural dominante; 
e/ou sofrerem impedimentos legais (criados pelo Estado com o apoio do 
grupo social dominante) para manifestar sua cultura; e, em casos 
 
 
12 
extremos, forçados a emigrar ou serem eliminados (genocídio5) sem a 
chance de deixar o país. 
• Conservador: valorização e oficialização da cultura da maioria dos 
indivíduos da sociedade, em que as minorias culturais são marginalizadas 
e/ou sofrem impedimentos legais. 
• Liberal: propõe a integração dos grupos sociais minoritários à cultura e 
sociedade majoritária e, baseando-se na cidadania individual, tolera que 
as manifestações culturais rejeitadas pela maioria sejam realizadas 
apenas no ambiente particular. 
• Corporativo: é possível administrar as diferenças culturais da minoria 
(principalmente aquela que estão em oposição a algum critério da cultura 
majoritária) se isso for de interesse e promover vantagem para a maioria. 
• Comercial: considerando que a diversidade seja reconhecida 
publicamente, se pressupõe que as diferenças culturais são resolvidas 
através das relações privadas, não precisando que os governos adotem 
políticas específicas para intermediar eventuais contratempos ou 
redistribuir o poder. 
• Pluralista: adoção de estratégias e políticas governamentais que 
permitam a manobra de conflitos em potencial e a permissão de 
manifestação igualitária para todas as culturas ali existentes. 
Com base na lista acima, percebemos que os vários tipos de 
multiculturalismo podem ser divididos em duas categorias: a) prática ou 
inclinação a homogeneização cultural – crítico, conservador e liberal; b) prática 
ou inclinação a interculturalidade:corporativo, comercial e pluralista. 
 A interculturalidade surge por meio das relações entre as culturas e seus 
membros, os quais mantêm seus próprios contextos culturais. Por isso é 
fundamental conhecer e preservar as manifestações culturais distintas, para 
impedir que uma pessoa ou grupo cultural determine a identidade cultural de 
outro indivíduo. Nesse cenário, percebe-se a importância da adoção de medidas 
a favor da manutenção histórica da identidade dos povos e nações. O 
rompimento dos vínculos com as gerações anteriores é, historicamente, uma 
medida que levará as gerações futuras a sofrerem com os mesmos erros 
continuamente. 
 
5 Genocídio: extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou 
religioso. 
 
 
13 
TEMA 5 – GLOBALIZAÇÃO E IDENTIDADE CULTURAL 
Nos últimos 70 anos, o papel do Estado-nação como regulador e/ou 
incentivador da economia nacional foi enfraquecido por causa da globalização. 
O termo globalização surgiu nos Estados Unidos da América na década de 1980 
para se referir à produção e comercialização global de produtos e serviços, ou 
seja, um viés totalmente econômico. 
 A globalização surgiu principalmente por dois motivos: abrir novos 
mercados de consumo e baixar os custos de produção. Após o grande 
crescimento econômico entre anos 1950 a 1970, principalmente nos países com 
forte parque industrial, o consumo nos países desenvolvidos diminuiu. Assim, as 
empresas precisavam “entrar” em novos mercados para vender e continuar o 
crescimento econômico, ou seja, precisavam tornar a oferta global. Ao mesmo 
tempo, as indústrias buscavam novas fontes de recursos naturais e mão de obra 
mais barata, itens que não encontravam no país de origem, para serem mais 
competitivas no mercado nacional e internacional. 
 Com o início da globalização da economia, a oferta de bens duráveis 
(carros, computadores, roupas etc.) pelos países industrialmente desenvolvidos 
“abriu” caminho para a oferta de seus outros produtos culturais, como idioma, 
música, alimentação e costumes. Para vários países do oriente, por exemplo, 
globalização significa ocidentalização ou americanização. 
A globalização enfraqueceu o Estado-nação no controle econômico (a 
abertura de empresas estrangeiras, as migrações a trabalho) e incrementou os 
avanços tecnológicos na comunicação. Por isso, ela foi responsável por 
importantes mudanças sociais, dependendo do contexto local: 
• Sociedade com uma única cultura: a identidade cultural era bem 
estabelecida, e a globalização surgiu como uma oportunidade de tornar a 
cultura local conhecida aos outros países e a descoberta de outras 
culturas pela população local. 
• Sociedade multicultural: os diversos grupos culturais, principalmente os 
marginalizados, passaram a ter a oportunidade de se expor, de valorizar 
e reafirmar sua própria identidade cultural, principalmente quando, por 
pressões internas e externas, o Estado-nação eliminou os impedimentos 
legais que promoviam o preconceito e a segregação. 
 
 
14 
 Muitas pessoas consideram que a globalização destrói a cultura local e/ou 
favorece que o indivíduo (ou o grupo) perca a sua identidade cultural devido à 
oferta e consumo de cultura estrangeira massificada, como ciência, tecnologia, 
bens duráveis e não duráveis, serviços, procedimentos, ideologias política, 
econômica e religiosa, literatura, música, cinema etc. 
 No entanto, devemos ter em mente que a base da globalização é o viés 
econômico e não a valorização de uma cultura em específico. Não importa qual 
é a cultura que gerou o produto, mas a aceitação e consumo global, como por 
exemplo, o k-pop. 
 A globalização é um processo complexo e, por vezes, contraditório. Para 
muitas pessoas, globalização significa ocidentalização e massificação de 
produtos (bens e serviços). No entanto, temos exemplos da cultura oriental, 
como música e cinema, sendo consumidos globalmente; assim como há casos 
de vários produtos globais sendo modificados para atender aos consumidores 
locais, como o hambúrguer do McDonald’s, que usa carne kosher em Israel 
(Dias, 2004). 
 Através das inúmeras cargas culturais presentes na sociedade 
contemporânea representadas por imagens, sons, características ou crenças, o 
ser humano é moldado por todos os lados e identifica múltiplas facetas 
comportamentais a serem seguidas. Por meio desse novo processo de 
transformação, rápido, constante, simultâneo e desuniforme, não há como se 
estabelecer uma única identidade cultural global. 
 O que sabemos, pelos últimos anos, é que não existe a aceitação passiva 
de influências externas em um grupo cultural. Ou há resistência ou há a 
integração mediante alterações locais, ambos em diversos níveis, conforme a 
cultura local. Além disso, há a reação de volta, quando a cultura local influencia 
e modifica a cultura externa. Dias (2004) chama esse movimento de interações 
de mão dupla de transculturação. 
Na transculturação, as manifestações culturais não se baseiam em 
herança cultural, mas nas interconexões culturais contemporâneas, na 
apropriação de elementos externo à cultura, para o contexto local, à sua 
conveniência e realidade. É como diria qualquer designer nos últimos 100 anos: 
“vamos oferecer cultura conforme a necessidade e a expectativa do cliente”. 
 
 
 
15 
TROCANDO IDEIAS 
Foi comentado no Tema 4 sobre a Espanha, com várias nações juntas 
sob o mesmo Estado, e o caso dos curdos, que são uma nação e não têm 
território. Pesquise outros casos de Estado-multinacional e nações sem Estado. 
Compartilhe a sua pesquisa com seus colegas no fórum de seu ambiente virtual. 
NA PRÁTICA 
Vamos exercitar relatividade cultural? Siga o passo a passo: 
1. Escolha uma cultura que você gosta ou tem interesse em conhecer, bem 
distante geograficamente, como a cultura alemã ou chinesa ou árabe. 
2. Escolha um tema entre estes: religião dominante e religiões minoritárias, 
alimentação, classes sociais, idioma (s), regime político, regime 
econômico, etnia(s), papel da mulher na sociedade. 
3. Pesquise o tema escolhido, na cultura escolhida: como é hoje e a sua 
evolução histórica. 
4. Depois crie um texto de 500 palavras dizendo por que esta cultura age 
desta forma em relação ao tema que você pesquisou. 
FINALIZANDO 
 Nesta aula apresentamos, pelo olhar da sociologia, o conceito de cultura, 
suas manifestações e ambiente. Sabemos que todas as produções humanas são 
cultura, como ciência, tecnologia, produção de bens, ideologias, comportamento 
individual e coletivo, relações interpessoais, linguagem etc. e não apenas 
aspectos específicos como música, dança, arte ou moda. 
Também conversamos sobre globalização e as possibilidades de criar 
uma cultura global ou da manutenção da diversidade. 
 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
AQUINO, R. S. L. et al. História das sociedades: das sociedades modernas às 
sociedades atuais. Rio de Janeiro: Record, 2001. 
DIAS, R. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson, 2004. 
FARIA, G. G. M. et al. Patrimônio histórico: como e por que preservar. Bauru: 
Canal 6, 2008. 
JOHNSON, G. A. Dicionário de sociologia, guia prático da linguagem 
sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. 
LOPES, R. J. Civilização Amazônica. Povos Indígenas no Brasil, 3 dez. 2015. 
Disponível em: 
<https://pib.socioambiental.org/pt/Not%C3%ADcias?id=158003>. Acesso em: 
25 ago. 2020. 
NETO, E. S.; MALANSKI, L. M. Território, cultura e representação. Curitiba: 
Intersaberes. 2016. 
PENA, R. F. A. Diferenças entre Estado, País, Nação e Território. Mundo 
Educação, 15 jan. 2015. Disponível em: 
<https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/diferencas-entre-estado-pais-
nacao-territorio.htm>. Acesso em: 25 ago. 2020. 
PLÜMER, E. et al. Sociedade e contemporaneidade. Curitiba: Intersaberes, 
2018. 
RODRIGUES, L. de. O. Identidade cultural. Brasil Escola, 29 set. 2015. 
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/identidade-cultural.htm>. Acesso em: 25 ago. 2020. 
SALAINI, C. J. et al. Globalização, cultura e identidade. Curitiba: Intersaberes, 
2012. 
SOBRAL, G. Linguagem, sociedade e discurso. São Paulo: Edgard Blücher, 
2015.

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