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<p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>DIREITO DO TRABALHO II</p><p>Professor Francisco Rossal de Araújo</p><p>01/02/2021</p><p>O tempo no direito do trabalho é uma entidade abstrata no sentido de que é</p><p>uma noção normativa - seja para beneficiar o empregado ou não. Sobre a duração</p><p>de trabalho :</p><p>Art. 58, § 1º, da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho):</p><p>Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer</p><p>atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não</p><p>seja fixado expressamente outro limite.</p><p>§ 1 o Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária</p><p>as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco</p><p>minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários.</p><p>Na Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467 de 2017) foram acrescentados ao § 2º</p><p>do art. 4º da CLT situações que podem ser consideradas um pouco controversas:</p><p>Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o</p><p>empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando</p><p>ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.</p><p>§ 1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de</p><p>indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver</p><p>afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do</p><p>trabalho.</p><p>§ 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será</p><p>computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal,</p><p>ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58</p><p>desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar</p><p>proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más</p><p>condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências</p><p>da empresa para exercer atividades particulares, entre outras:</p><p>I - práticas religiosas;</p><p>II - descanso;</p><p>III - lazer;</p><p>IV - estudo;</p><p>V - alimentação;</p><p>VI - atividades de relacionamento social;</p><p>VII - higiene pessoal;</p><p>VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de</p><p>realizar a troca na empresa.</p><p>A regra geral da duração de trabalho (jornada padrão) encontra-se no art. 7º,</p><p>XIII, da CF/88, que é de 08 horas por dia e 44 horas por semana 1 .</p><p>1 Antes da CF/88 a jornada de trabalho era de 06 dias e 48 horas semanais, sendo que o domingo era</p><p>considerado dia de folga.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que</p><p>visem à melhoria de sua condição social:</p><p>XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e</p><p>quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a</p><p>redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;</p><p>E também está prevista nos arts. 58 e 59 da CLT:</p><p>Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer</p><p>atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não</p><p>seja fixado expressamente outro limite.</p><p>Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras,</p><p>em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção</p><p>coletiva ou acordo coletivo de trabalho.</p><p>A Consolidação de Leis do Trabalho (CLT) considera sábado dia útil e as</p><p>jornadas de 8h diárias e 44h semanais são independentes , sendo que a hora extra é</p><p>contabilizada após a conclusão das 8h diárias, conforme decidiu o Tribunal Superior</p><p>do Trabalho. Isso porque, embora 44h/6d resulte em 07h20min por dia, o trabalhador</p><p>poderá trabalhar 8 horas por 5 dias e no sábado trabalhar as 4h faltantes. O</p><p>adicional de hora extra desses parâmetros (8h diárias e 44h semanais) deverá ser</p><p>pago no mínimo em 50% da hora normal, conforme art. 7º, XVI da CF/88:</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que</p><p>visem à melhoria de sua condição social:</p><p>XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em</p><p>cinqüenta por cento à do normal;</p><p>A lei diz que, no máximo, a duração diária do trabalho poderá ser acrescida de</p><p>duas excedentes (art. 59 da CLT), porém as horas extras trabalhadas a mais das</p><p>permitidas por Lei deverão ser pagas pelo empregador também.</p><p>Súmula nº 366 do TST</p><p>CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE</p><p>ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (nova redação) -</p><p>Res. 197/2015 - DEJT divulgado em 14, 15 e 18.05.2015</p><p>Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as</p><p>variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos,</p><p>observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse</p><p>limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a</p><p>jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador, não</p><p>importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo</p><p>residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc).</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>Além do mais, se a empresa empregadora habitualmente exigir essas horas</p><p>extras não previstas na Lei, ela poderá sofrer sanção administrativa (multas</p><p>administrativas revertidas para a União em razão da fiscalização pelo Ministério</p><p>Público do Trabalho e Auditoria Trabalhista).</p><p>Podem existir categorias profissionais que tenham jornada de trabalho ditada</p><p>por lei especial em tempo inferior a 08 horas diárias, como por exemplo bancários 2</p><p>(06h/dia), jornalistas (05h/dia), músicos (05h/dia), cabineiros de elevador,</p><p>operadores cinematográficos, técnicos em radiologia, etc). Não é comum, mas pode</p><p>acontecer de que por convenção coletiva se estabeleça jornada especial 3 .</p><p>A previsão de pagamento da horas in itinere (art. 58, § 2º, da CLT e Súmula</p><p>90 4 do TST) foram revogadas pela Reforma Trabalhista:</p><p>Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer</p><p>atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não</p><p>seja fixado expressamente outro limite.</p><p>§ 2 o O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o</p><p>seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na</p><p>jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou</p><p>não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução.</p><p>§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a</p><p>efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou</p><p>por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não</p><p>será computado na jornada de trabalho , por não ser tempo à disposição do</p><p>empregador.</p><p>O art. 58-A dispõe sobre o trabalho em regime de tempo parcial, em que, em</p><p>tese, poderia contratar dois trabalhadores para uma função onde cada um</p><p>trabalharia apenas quatro horas, porém na prática é pouco aplicada tal modalidade</p><p>tendo em vista o alto custo (duplo pagamento dos direitos trabalhistas).</p><p>O banco de horas é oriundo da adaptação da sazonalidade do mercado,</p><p>como uma forma de diminuir o passivo trabalhista de horas extras, e está previsto no</p><p>art. 59, § 2º, da CLT. Há serviços que são mais requisitados em certas épocas do</p><p>ano, havendo ociosidade em outras, como por exemplo a indústria da cerveja, da</p><p>malharia, do</p><p>sorvete e do chocolate. Com o banco de horas foi possível compensar</p><p>tais períodos, de modo que não fosse necessário despedir os trabalhadores em</p><p>4 “O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de</p><p>trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é</p><p>computável na jornada de trabalho.” - Súmula 90, “I”, do TST.</p><p>3 Os petroleiros, por exemplo, possuem lei especial para a sua jornada e a convenção específica o</p><p>sistema de realização, como será feito o revezamento, etc.</p><p>2 Se o bancário exercer cargo de confiança a hora extra é computada a partir da 8ª hora diária</p><p>trabalhada. Se gerente, não terá direito à hora extra.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>razão do baixo faturamento, o que geraria mais gastos à própria empresa. Na</p><p>prática, tu faz as horas extras, mas tu não recebe naquele mês, recebe em folga</p><p>compensatória. Por exemplo, eu tenho 60 horas extras e recebo recesso</p><p>remunerado de 01 semana como forma de abatimento, a empresa lucrará 16 horas.</p><p>Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras,</p><p>em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção</p><p>coletiva ou acordo coletivo de trabalho.</p><p>§ 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de</p><p>acordo ou convenção coletiva de trabalho , o excesso de horas em um</p><p>dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de</p><p>maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das</p><p>jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite</p><p>máximo de dez horas diárias.</p><p>O banco de horas deve ter obrigatoriamente a participação do sindicato</p><p>(cláusula de convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho) e deve</p><p>ser compensado no período máximo de 01 ano. A consequência da invalidade é o</p><p>pagamento de todas as horas extras excedentes a 8ª hora. Para garantir que as</p><p>horas extras estão sendo devidamente anotadas no banco de horas, de forma</p><p>fidedigna, foi instituído através da Portaria 1.510/2009 do antigo Ministério do</p><p>Trabalho o ponto eletrônico, que emite um extrato ao funcionário contento as horas</p><p>trabalhadas. As horas extras não compensadas deverão ser pagas pelo</p><p>empregador, ainda que tenha sido rescindido o contrato do empregado (art. 59, § 3º,</p><p>da CLT). Empregados a tempo parcial não podem prestar horas extras.</p><p>A Reforma Trabalhista trouxe outros dois tipos de sistemas de compensação</p><p>de banco de horas, que estão previstos no § 5º (“banquinho” de horas assinado em</p><p>contrato individual) e § 6º do art. 59 da CLT:</p><p>§ 5º O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá ser pactuado</p><p>por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período</p><p>máximo de seis meses.</p><p>§ 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo</p><p>individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês.</p><p>A Reforma Trabalhista permitiu através do art. 611-A da CLT e que a empresa</p><p>flexibilize o ponto eletrônico, pode ser por anotação (folha-ponto), ponto por</p><p>exceção 5 , etc.</p><p>5 O registro de ponto por exceção é uma modalidade de controle que dispensa o funcionário de bater</p><p>ponto todos os dias, na hora que entra e sai do trabalho. Nesse caso, ele apenas marca a exceção,</p><p>ou seja, atrasos, horas extras, faltas e situações semelhantes.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm</p><p>prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:</p><p>X - modalidade de registro de jornada de trabalho;</p><p>A regra de ônus da prova quanto ao registro da jornada de trabalho obedece</p><p>ao disposto na Súmula 338 do TST:</p><p>Súmula nº 338 do TST</p><p>JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas</p><p>as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005,</p><p>DJ 20, 22 e 25.04.2005</p><p>I - É ônus do empregador que conta com mais de 20 (vinte) 10 (dez)</p><p>empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da</p><p>CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera</p><p>presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser</p><p>elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res.</p><p>121/2003, DJ 21.11.2003)</p><p>II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista</p><p>em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ</p><p>nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)</p><p>III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída</p><p>uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da</p><p>prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,</p><p>prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306</p><p>da SBDI-1- DJ 11.08.2003)</p><p>A jornada 12/36 é a jornada dos hospitais e dos vigilantes e está prevista no</p><p>art. 59-A da CLT (acrescentado pela Reforma Trabalhista) e a Súmula 444 do TST.</p><p>Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é</p><p>facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva</p><p>ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze</p><p>horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso,</p><p>observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.</p><p>Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no</p><p>caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso</p><p>semanal remunerado e pelo descanso em feriados , e serão</p><p>considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho</p><p>noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta</p><p>Consolidação.</p><p>Súmula nº 444 do TST</p><p>JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR</p><p>36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 -</p><p>republicada em decorrência do despacho proferido no processo</p><p>TST-PA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012</p><p>É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por</p><p>trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente</p><p>mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho,</p><p>assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O</p><p>empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor</p><p>prestado na décima primeira e décima segunda horas.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>Há no Supremo Tribunal Federal alegação de inconstitucionalidade do § único</p><p>do art. 59-A da CLT, porquanto colide com o direito de gozar os domingos e feriados</p><p>previsto no art. 7º, XV, da CF/88 (em que o pagamento deveria ser realizado em</p><p>dobro), bem como do pagamento do adicional noturno disposto no art. 7º, IX, da</p><p>CF/88 (compreendido pelo pagamento de 20% adicional referente ao período</p><p>trabalhado das 22h às 05h). Caso que a jurisprudência trabalhista chama de salário</p><p>complessivo, ou seja, agrega vários direitos numa única parcela e não permite a</p><p>aferição do que está sendo pago na remuneração - prática a qual é vedada pelo § 2º</p><p>do art. 477 da CLT e pela Súmula 91 do TST, pois as verbas salariais devem ser</p><p>pagas de forma discriminada no</p><p>recibo.</p><p>08/02/2021</p><p>Os turnos de revezamento estão ligados historicamente aos petroleiros (Lei</p><p>5.811/72) e estão previstos no art. 7º, XIV, da CF/88:</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que</p><p>visem à melhoria de sua condição social:</p><p>XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos</p><p>ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva ;</p><p>O primeiro pressuposto é que a atividade empresarial seja ininterrupta</p><p>(24h/dia, 7d/semana), como por exemplo siderúrgicas e polos petroquímicos. O</p><p>segundo pressuposto é a divisão do trabalho em turnos. O terceiro pressuposto é</p><p>alternância de turma nos turnos (ora trabalha de manhã, ora de tarde, ora à noite).</p><p>Se não houver negociação coletiva, as horas extras são além de 06h/dia.</p><p>Súmula 675 do STF</p><p>Os intervalos fixados para descanso e alimentação durante a jornada de</p><p>seis horas não descaracterizam o sistema de turnos ininterruptos de</p><p>revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da Constituição.</p><p>Súmula nº 360 do TST</p><p>TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. INTERVALOS</p><p>INTRAJORNADA E SEMANAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e</p><p>21.11.2003</p><p>A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de</p><p>cada turno, ou o intervalo para repouso semanal, não descaracteriza o turno</p><p>de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto no art. 7º, XIV, da</p><p>CF/1988.</p><p>Súmula nº 391 do TST</p><p>PETROLEIROS. LEI Nº 5.811/72. TURNO ININTERRUPTO DE</p><p>REVEZAMENTO. HORAS EXTRAS E ALTERAÇÃO DA JORNADA PARA</p><p>HORÁRIO FIXO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 240 e 333</p><p>da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>I - A Lei nº 5.811/1972 foi recepcionada pela CF/1988 no que se refere à</p><p>duração da jornada de trabalho em regime de revezamento dos petroleiros.</p><p>(ex-OJ nº 240 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)</p><p>II - A previsão contida no art. 10 da Lei nº 5.811/1972, possibilitando a</p><p>mudança do regime de revezamento para horário fixo, constitui alteração</p><p>lícita, não violando os arts. 468 da CLT e 7º, VI, da CF/1988. (ex-OJ nº 333</p><p>da SBDI-1 - DJ 09.12.2003)</p><p>Súmula nº 423 do TST</p><p>TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. FIXAÇÃO DE JORNADA</p><p>DE TRABALHO MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE.</p><p>(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 169 da SBDI-1) Res. 139/2006</p><p>– DJ 10, 11 e 13.10.2006)</p><p>Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio</p><p>de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos</p><p>ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas</p><p>como extras.</p><p>A compensação dos sábados é semanal e tal negociação deve ser realizada</p><p>por escrito, independente se através de acordo individual ou por acordo ou</p><p>convenção coletiva de trabalho. As horas que eram para ser trabalhadas no sábado</p><p>são divididas entre os 05 dias de segunda a sexta-feira e, embora sejam pagas</p><p>como horas normais, o trabalhador possui a vantagem de não trabalhar no sábado</p><p>(e a indústria não gasta com luz, vale transporte, etc - ao comércio não interessa tal</p><p>compensação, pois desejam vender no final de semana).</p><p>Súmula nº 85 do TST</p><p>COMPENSAÇÃO DE JORNADA (inserido o item VI) - Res. 209/2016, DEJT</p><p>divulgado em 01, 02 e 03.06.2016</p><p>I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo</p><p>individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. (ex-Súmula nº 85 -</p><p>primeira parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)</p><p>II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver</p><p>norma coletiva em sentido contrário. (ex-OJ nº 182 da SBDI-1 - inserida em</p><p>08.11.2000)</p><p>III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de</p><p>jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a</p><p>repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se</p><p>não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo</p><p>adicional. (ex-Súmula nº 85 - segunda parte - alterada pela Res. 121/2003,</p><p>DJ 21.11.2003)</p><p>IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de</p><p>compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem</p><p>a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas</p><p>extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá</p><p>ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ</p><p>nº 220 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)</p><p>V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime</p><p>compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser</p><p>instituído por negociação coletiva.</p><p>VI - Não é válido acordo de compensação de jornada em atividade</p><p>insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva, sem a necessária</p><p>inspeção prévia e permissão da autoridade competente, na forma do art. 60</p><p>da CLT.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>Se o trabalhador trabalhou todas as suas 44h (08h48min de segunda a</p><p>sexta-feira) na semana, mas é requisitado para trabalhar no sábado, ele deverá</p><p>receber todas as horas trabalhadas no sábado com adicional de hora extra. E, caso</p><p>solicitado para trabalhar no domingo, deverá receber o pagamento das horas</p><p>normais em dobro e com adicional de hora extra.</p><p>O regime de compensação foi basicamente pensado para a indústria, vale a</p><p>pena não trabalhar no sábado, sendo realizada a diluição das 04 horas do sábado</p><p>durante a semana (art. 59-B da CLT).</p><p>Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de</p><p>jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica</p><p>a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se</p><p>não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o</p><p>respectivo adicional.</p><p>O trabalho insalubre é outra característica específica da indústria e o para a</p><p>realização do regime de compensação semanal deverá ser requerida prévia</p><p>autorização às autoridades do Ministério do Trabalho (agora Secretário do Trabalho</p><p>ligado ao Ministério da Economia).</p><p>Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos</p><p>quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do</p><p>Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do</p><p>Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser</p><p>acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em</p><p>matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos</p><p>necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de</p><p>trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias</p><p>federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para</p><p>tal fim.</p><p>Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença prévia as jornadas</p><p>de doze horas de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de descanso.</p><p>Antigamente o TST, através da Súmula nº 349, acolheu a tese de que “ A</p><p>validade de acordo coletivo ou convenção coletiva de compensação de jornada de</p><p>trabalho em atividade insalubre prescinde da inspeção prévia da autoridade</p><p>competente em matéria de higiene do trabalho ”. Posteriormente a Súmula nº</p><p>349 foi</p><p>revogada e prevaleceu a tese de que, por se tratar de norma de saúde, higiene e</p><p>segurança do trabalho, é imprescindível a autorização do Ministério do Trabalho.</p><p>Contudo, com o advento da Reforma Trabalhista, foi ressuscitada na prática a</p><p>Súmula nº 349 do TST através do art. 611-A, XIII, da CLT.</p><p>Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm</p><p>prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia</p><p>das autoridades competentes do Ministério do Trabalho;</p><p>O trabalho à domicílio é residual após a Revolução Industrial e está previsto no art.</p><p>6º da CLT. Até a Revolução da Informática, era muito difícil reconhecer um vínculo</p><p>empregatício. Ex: costureira realizava ajustes para peças de loja de roupas, alegando ser</p><p>subordinada em razão de ter que atingir metas, seu pagamento ser mensurado pela sua</p><p>produção, etc.</p><p>Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do</p><p>empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a</p><p>distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de</p><p>emprego.</p><p>Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando,</p><p>controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos</p><p>meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho</p><p>Com o desenvolvimento da internet surgem novas formas de trabalho à</p><p>domicílio, sendo o teletrabalho uma delas (art. 75-B da CLT). O teletrabalho possui</p><p>como características ser realizado preponderantemente fora da empresa e o uso de</p><p>tecnologias da informação e de comunicação que não constituam trabalho externo -</p><p>como por exemplo de trabalho externo a instalação de antenas na rua.</p><p>Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços</p><p>preponderantemente fora das dependências do empregador, com a</p><p>utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua</p><p>natureza, não se constituam como trabalho externo.</p><p>Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para</p><p>a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado</p><p>no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho.</p><p>A grande vantagem do teletrabalho é a redução do tempo destinado ao</p><p>deslocamento e a flexibilidade tanto nos horários quanto no local para realizar o</p><p>trabalho. Contudo, além do problema envolvendo o direito de desconexão, a</p><p>Reforma Trabalhista prevê em seu art. 62, III, da CLT que não poderão ser pagas</p><p>horas extras ao trabalhador em regime de teletrabalho.</p><p>Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:</p><p>III - os empregados em regime de teletrabalho.</p><p>Para que o trabalhador vá para o regime de teletrabalho, deverá a situação</p><p>ser formalmente pactuada através de aditivo contratual, conforme art. 75-C da CLT.</p><p>Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá</p><p>constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará</p><p>as atividades que serão realizadas pelo empregado.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de</p><p>teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em</p><p>aditivo contratual .</p><p>§ 2° Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o</p><p>presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição</p><p>mínimo de quinze dias , com correspondente registro em aditivo contratual.</p><p>Durante a pandemia do COVID-19 havia uma regra especial na Medida</p><p>Provisória 927 que alterava o § 2º do art. 75-C, determinando o prazo de 48 horas</p><p>para o empregador requerer a alteração do regime. Todavia, a MP durou apenas 04</p><p>meses, pois não foi transformada em lei, tendo caducado e prevalecendo, portanto,</p><p>a regra da CLT.</p><p>Um tema polêmico com relação ao teletrabalho é sobre quem é o responsável</p><p>pelo pagamento das despesas com internet, equipamentos, manutenção, estrutura</p><p>adequada para a realização do trabalho, etc. De acordo com o arts. 2º e 75-D da</p><p>CLT, o empregador é quem assume os riscos da atividade econômica e, portanto,</p><p>deve arcar com tais custos, desde que previamente pactuado - ou futuramente</p><p>buscada indenização.</p><p>Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,</p><p>assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a</p><p>prestação pessoal de serviço.</p><p>Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição,</p><p>manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da</p><p>infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem</p><p>como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas</p><p>em contrato escrito.</p><p>Outra questão é o problema das normas de higiene, saúde e segurança do</p><p>trabalho, porque o empregador, por Lei, é responsável pela saúde do empregado, e</p><p>trabalhar com o computador, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento de</p><p>doenças profissionais como a lesão por esforço repetitivo e/ou doenças</p><p>ósteomusculares 6 .</p><p>Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira</p><p>expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar</p><p>doenças e acidentes de trabalho.</p><p>Os artigos 75-A a 75-E poderão ser flexibilizados por negociação através de</p><p>convenção coletiva e/ou acordo coletivo de trabalho, nos termos do art. 611-A, VIII,</p><p>da CLT.</p><p>6 Mais informações sobre na Norma Regulamentadora (guia trabalhista sobre ergonometria).</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>22/02/2021</p><p>O intervalo de trabalho entre duas jornadas de trabalho deverá ser de um</p><p>período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso, nos termos do art.</p><p>66 da CLT. O descumprimento do intervalo entre um dia e outro dá direito ao</p><p>trabalhador de receber o tempo trabalhado a mais como horas extras.</p><p>Entre uma semana e outra, eu preciso ter um descanso semanal de 24 horas</p><p>consecutivas, conforme art. 66 da CLT, art. 7º, XV, da CF/88 e da Lei nº 605 de</p><p>1949 7 .</p><p>Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24</p><p>(vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência</p><p>pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o</p><p>domingo, no todo ou em parte.</p><p>O intervalo diário e o semanal se somam, de modo que deverá dar 35 horas</p><p>de descanso.</p><p>O trabalho aos domingos pelo setor do comércio está regido pela Lei 10.101</p><p>de 2000. No comércio, a cada dois domingos trabalhados, o terceiro domingo tem</p><p>que coincidir com a minha folga (art. 6º da Lei 10.101).</p><p>O trabalho aos domingos está disposto no art. 68 da CLT, que dispõe que “O</p><p>trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do art. 67, será sempre</p><p>subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de trabalho”.</p><p>Sobre o pagamento em dobro:</p><p>Súmula nº 146 do TST</p><p>TRABALHO EM DOMINGOS E FERIADOS, NÃO COMPENSADO</p><p>(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 93 da SBDI-1) - Res.</p><p>121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003</p><p>O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado,</p><p>deve ser</p><p>pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.</p><p>Súmula 461 do STF: É duplo, e não triplo, o pagamento do salário nos dias</p><p>destinados a descanso.</p><p>O trabalho em feriados também é remunerado em dobro, sem folga</p><p>compensatória.</p><p>Art. 70 - Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias</p><p>feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria.</p><p>(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)</p><p>7 Nessa Lei também está disposto o pagamento em dobro das horas trabalhadas em domingos e</p><p>feriados.</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>Os intervalos intrajornadas (dentro da jornada) estão dispostos no art. 71 da</p><p>CLT. Salvo negociação coletiva, quando a jornada superar 6h de trabalho, deverá ser</p><p>concedido ao trabalhador intervalo mínimo de 1h e máximo de 2h. Do contrário, se</p><p>não exceder ao patamar de 6h, o intervalo será de 15min. O intervalo de 1h poderá</p><p>ser reduzido por negociação coletiva em até 30min, conforme art. 611-A, III, da CLT -</p><p>dispositivo o qual colide com a Súmula 437 do TST.</p><p>Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm</p><p>prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:</p><p>III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para</p><p>jornadas superiores a seis horas;</p><p>Súmula nº 437 do TST</p><p>INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO.</p><p>APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações</p><p>Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012,</p><p>DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012</p><p>I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão</p><p>parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a</p><p>empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período</p><p>correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no</p><p>mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art.</p><p>71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito</p><p>de remuneração.</p><p>II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho</p><p>contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este</p><p>constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por</p><p>norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso</p><p>à negociação coletiva.</p><p>III - Possui natureza salarial (agora é indenizatória) a parcela prevista no art.</p><p>71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho</p><p>de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo</p><p>mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no</p><p>cálculo de outras parcelas salariais.</p><p>IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é</p><p>devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o</p><p>empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não</p><p>usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista</p><p>no art. 71, caput e § 4º da CLT.</p><p>Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis)</p><p>horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou</p><p>alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo</p><p>escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)</p><p>horas.</p><p>§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto,</p><p>obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração</p><p>ultrapassar 4 (quatro) horas.</p><p>§ 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do</p><p>trabalho.</p><p>§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser</p><p>reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando</p><p>ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o</p><p>estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não</p><p>estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.</p><p>§ 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada</p><p>mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais,</p><p>implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período</p><p>suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor</p><p>da remuneração da hora normal de trabalho.</p><p>§ 5º O intervalo expresso no caput poderá ser reduzido e/ou fracionado, e</p><p>aquele estabelecido no § 1o poderá ser fracionado, quando compreendidos</p><p>entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora</p><p>trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de</p><p>trabalho, ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais</p><p>de trabalho a que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores,</p><p>fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos</p><p>rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros,</p><p>mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores ao</p><p>final de cada viagem.</p><p>Obs: existem alguns intervalos especiais, sendo dois particularmente</p><p>famosos, quais sejam os serviços permanentes de mecanografia (art. 72 da CLT e</p><p>Súmula 346 do TST) e serviços permanentes de digitação (NR 17).</p><p>O trabalho noturno está disciplinado no art. 73 da CLT e é fixado para os</p><p>trabalhadores urbanos no período das 22h às 05h.</p><p>Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho</p><p>noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua</p><p>remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos,</p><p>sobre a hora diurna.</p><p>Já aos trabalhadores rurais está previsto no art. 7º da Lei 5.889 de 1973 e</p><p>subdivide em agricultura (21h às 05h) e pecuária (20h às 4h).</p><p>No trabalho urbano há redução da hora noturna, de modo que, das 22h às</p><p>05h, cada hora vale 52min e 30s, contabilizando ao final às 8h/dia. O adicional</p><p>noturno de 20% também é contabilizado. No trabalho rural não há redução de hora</p><p>noturna, mas o adicional noturno é de 25%.</p><p>Súmula nº 60 do TST</p><p>ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO</p><p>EM HORÁRIO DIURNO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 6 da</p><p>SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005</p><p>I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do</p><p>empregado para todos os efeitos. (ex-Súmula nº 60 - RA 105/1974, DJ</p><p>24.10.1974)</p><p>II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta,</p><p>devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art.</p><p>73, § 5º, da CLT. (ex-OJ nº 6 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996)</p><p>A escolha do turno de trabalho é direito potestativo do empregador e não</p><p>caracteriza alteração lesiva no contrato de trabalho, conforme Súmula 265 do TST:</p><p>Súmula nº 265 do TST</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO DE TRABALHO.</p><p>POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e</p><p>21.11.2003</p><p>A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito</p><p>ao adicional noturno.</p><p>Jornadas de trabalhos com horário misto são contaminadas</p><p>apenas para</p><p>frente, ou seja, trabalhos que iniciem após às 22h e extrapolam o horário das 05h,</p><p>conforme art. 73, § 5º, da CLT. Projeção do horário noturno para o horário diurno.</p><p>O registro de horário (cartão-ponto, folha-ponto, ponto eletrônico, etc) está</p><p>disciplinado no art. 74 da CLT e teve alteração recente pela Lei nº 13.874 de 2019.</p><p>Art. 74. O horário de trabalho será anotado em registro de empregados.</p><p>§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)</p><p>§ 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será</p><p>obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual,</p><p>mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria</p><p>Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a</p><p>pré-assinalação do período de repouso.</p><p>§ 3º Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos</p><p>empregados constará do registro manual, mecânico ou eletrônico em seu</p><p>poder, sem prejuízo do que dispõe o caput deste artigo.</p><p>§ 4º Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada</p><p>regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva</p><p>ou acordo coletivo de trabalho.</p><p>O art. 74 da CLT se relaciona com a Súmula 338 do TST sobre o ônus da</p><p>prova. O cartão ponto possui presunção relativa, ou seja, admite prova em sentido</p><p>contrário.</p><p>Súmula nº 338 do TST</p><p>JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas</p><p>as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005,</p><p>DJ 20, 22 e 25.04.2005</p><p>I - É ônus do empregador que conta com mais de 20 (vinte) 10 (dez)</p><p>empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da</p><p>CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera</p><p>presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser</p><p>elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res.</p><p>121/2003, DJ 21.11.2003)</p><p>II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista</p><p>em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ</p><p>nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)</p><p>III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída</p><p>uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da</p><p>prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,</p><p>prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306</p><p>da SBDI-1- DJ 11.08.2003)</p><p>Há algumas profissões que o intervalo pode ser móvel e, portanto, não fica</p><p>marcado no cartão ponto, sendo permitida então a pré-assinalação, conforme dispõe</p><p>Direito do Trabalho II</p><p>2020/2 - P1</p><p>a Portaria 3626/91 do Ministério do Trabalho. Exemplo: vigias, médicos, enfermeiros,</p><p>pescadores em embarcações, pois devido a peculiaridade do intervalo não se sabe</p><p>ao certo o momento em que o intervalo vai ser gozado (talvez precisem interromper</p><p>para atender uma emergência).</p><p>A Portaria 1510/09 do Ministério do Trabalho dispõe sobre o ponto eletrônico</p><p>(meio para evitar fraudes, uma vez que possui uma chave de registro privada e uma</p><p>chave pública).</p>