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<p>Processo: 0025451-52.2023.8.16.0017</p><p>Relator:</p><p>Luiz Mateus de Lima</p><p>Desembargador</p><p>Orgão Julgador: 5ª Câmara Cível</p><p>Data de Publicação: 29/08/2024 00:00:00</p><p>Ementa: JULGAMENTO MONOCRÁTICO</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL DE</p><p>CONTRATO DE FINANCIAMENTO.</p><p>ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.</p><p>SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RAZÕES</p><p>RECURSAIS. JUROS REMUNERATÓRIOS QUE</p><p>EXCEDEM, EM MUITO, O DOBRO DA MÉDIA</p><p>DE MERCADO. ABUSIVIDADE IDENTIFICADA.</p><p>LIMITAÇÃO AO DOBRO DA MÉDIA</p><p>DIVULGADA À ÉPOCA DA CONTRATAÇÃO.</p><p>POSSIBILIDADE. RESP REPETITIVO</p><p>1.061.530/RS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.</p><p>CONSEQUÊNCIA JURÍDICA DA DECLARAÇÃO</p><p>DA EXISTÊNCIA DE COBRANÇA INDEVIDA</p><p>DE ENCARGOS. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS</p><p>DA SUCUMBÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E</p><p>PARCIALMENTE PROVIDO.</p><p>Apelação Cível nº 0025451-52.2023.8.16.0017, da Comarca da</p><p>Região Metropolitana de Maringá, Foro Central, 1ª Vara Cível.</p><p>Apelante: Banco Santander (Brasil) S/A.</p><p>Apelado: Alex Crisostemo.</p><p>Relator: Des. Luiz Mateus de Lima.</p><p>JULGAMENTO MONOCRÁTICO</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL DE</p><p>CONTRATO DE FINANCIAMENTO.</p><p>ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.</p><p>SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RAZÕES</p><p>RECURSAIS. JUROS REMUNERATÓRIOS QUE</p><p>EXCEDEM, EM MUITO, O DOBRO DA MÉDIA</p><p>DE MERCADO. ABUSIVIDADE IDENTIFICADA.</p><p>LIMITAÇÃO AO DOBRO DA MÉDIA</p><p>DIVULGADA À ÉPOCA DA CONTRATAÇÃO.</p><p>POSSIBILIDADE. RESP REPETITIVO</p><p>1.061.530/RS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.</p><p>CONSEQUÊNCIA JURÍDICA DA DECLARAÇÃO</p><p>DA EXISTÊNCIA DE COBRANÇA INDEVIDA</p><p>DE ENCARGOS. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS</p><p>DA SUCUMBÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E</p><p>PARCIALMENTE PROVIDO.</p><p>Vistos,</p><p>Banco Santander (Brasil) S/A. se insurge</p><p>em face de sentença que julgou procedente os pedidos</p><p>formulados pelo autor na ação revisional de contrato</p><p>bancário para o fim de: “a) Reconhecer a abusividade das</p><p>taxas de juros remuneratórios, determinando a readequação</p><p>do débito, devendo os juros remuneratórios seguirem a taxa</p><p>média de mercado (22,17% anual e 1,68% mensal); b)</p><p>Determinar a repetição dos valores cobrados indevidamente</p><p>a título de juros remuneratórios acima da taxa média de</p><p>mercado, devidamente atualizados, a ser apurado em</p><p>liquidação de sentença” (seq. 46.1).</p><p>Alega em suas razões, em suma: a) o</p><p>contrato foi firmado por mera liberalidade da parte autora; b)</p><p>há previsão expressa de todos os valores ali atribuídos ao</p><p>negócio jurídico; c) não houve abusividade nos juros</p><p>remuneratórios; d) logo, inexistem valores a serem repetidos;</p><p>e) deve haver revisão da condenação dos honorários.</p><p>Requer o provimento do recurso, com a</p><p>reforma da r. sentença para julgar improcedente a demanda.</p><p>(seq. 51.2).</p><p>Contrarrazões na seq. 54.1.</p><p>É o breve relatório.</p><p>II - FUNDAMENTAÇÃO.</p><p>Presentes os pressupostos recursais de</p><p>admissibilidade, conheço da apelação cível e passo à análise</p><p>do mérito.</p><p>Esta Colenda Câmara Cível, em</p><p>consonância com as orientações firmadas no julgamento do</p><p>Recurso Especial nº 1.061.530/RS, que se deu sob o regime</p><p>de Recursos Repetitivos, possui entendimento de que</p><p>2</p><p>somente é considerada abusiva a taxa de juros</p><p>remuneratórios que exceder consideravelmente o dobro da</p><p>média de mercado à época da contratação.</p><p>A propósito:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E</p><p>APREENSÃO. CONCESSÃO DA LIMINAR EM</p><p>PRIMEIRO GRAU. REQUISITOS PREENCHIDOS.</p><p>JUROS REMUNERATÓRIOS. ENTENDIMENTO</p><p>DESTA 5ª CÂMARA CÍVEL. ABUSIVIDADE</p><p>SOMENTE SE A TAXA EXCEDER</p><p>CONSIDERAVELMENTE O DOBRO DA MÉDIA DE</p><p>MERCADO À ÉPOCA DA CONTRATAÇÃO.</p><p>ENCARGOS ACESSÓRIOS. EVENTUAL</p><p>ABUSIVIDADE QUE NÃO TEM O CONDÃO DE</p><p>DESCARACTERIZAR A MORA. NOTIFICAÇÃO</p><p>EXTRAJUDICIAL ENTREGUE NO ENDEREÇO</p><p>CONSTANTE DO CONTRATO. VALIDADE.</p><p>DISPENSA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL.</p><p>RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR -</p><p>5ª C.Cível - 0039747-04.2021.8.16.0000 -</p><p>Rolândia - Rel.: DESEMBARGADOR LUIZ</p><p>MATEUS DE LIMA - J. 04.10.2021)</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE</p><p>FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. CONTRATO DE</p><p>CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO COM</p><p>ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA</p><p>CELEBRADO EM 02/06/2015. [...] JUROS</p><p>REMUNERATÓRIOS. AUSÊNCIA DE</p><p>ABUSIVIDADE. MANUTENÇÃO DO PERCENTUAL</p><p>CONTRATADO. VALOR PACTUADO INFERIOR</p><p>AO DOBRO DA TAXA MÉDIA DE MERCADO. [...]</p><p>RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E</p><p>PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 18ª C.Cível -</p><p>0004902-98.2016.8.16.0103 - Lapa - Rel.:</p><p>Juíza Luciane Bortoleto - J. 25.11.2019)</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA</p><p>DE CRÉDITO BANCÁRIO GARANTIDA POR</p><p>ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REDUÇÃO DOS JUROS</p><p>REMUNERATÓRIOS À TAXA MÉDIA DE</p><p>MERCADO. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA</p><p>DE ABUSIVIDADE. TAXA DE JUROS</p><p>3</p><p>CONTRATADA QUE NÃO CHEGA A SUPERAR O</p><p>DOBRO DA MÉDIA DE MERCADO.</p><p>PECULIARIDADES DO CASO QUE JUSTIFICAM A</p><p>MANUTENÇÃO DO PERCENTUAL PREVISTO NO</p><p>CONTRATO. [...] RECURSO PARCIALMENTE</p><p>PROVIDO.</p><p>(TJPR - 5ª C.Cível - 0009984-</p><p>58.2018.8.16.0130 - Paranavaí - Rel.:</p><p>Desembargador Carlos Mansur Arida - J.</p><p>12.11.2019)</p><p>Nesse sentido, oportuno é o excerto do</p><p>voto proferido pela Ministra Nancy Andrighi no referido</p><p>julgamento do Recurso Especial:</p><p>"(...) a análise da abusividade ganhou muito</p><p>quando o Banco Central do Brasil passou, em</p><p>outubro de 1999, a divulgar as taxas médias,</p><p>ponderadas segundo o volume de crédito</p><p>concedido, para os juros praticados pelas</p><p>instituições financeiras nas operações de</p><p>crédito realizadas com recursos livres (conf.</p><p>Circular nº 2957, de 30.12.1999).</p><p>As informações divulgadas por aquela</p><p>autarquia, acessíveis a qualquer pessoa</p><p>através da rede mundial de computadores</p><p>(conforme http://www.bcb.gov.br/?ecoimpom -</p><p>no quadro XLVIII da nota anexa; ou</p><p>http://www.bcb.gov.br/?TXCREDMES, acesso</p><p>em 06.10.2008), são segregadas de acordo</p><p>com o tipo de encargo (prefixado, pós-fixado,</p><p>taxas flutuantes e índices de preços), com a</p><p>categoria do tomador (pessoas físicas e</p><p>jurídicas) e com a modalidade de empréstimo</p><p>realizada ('hot money', desconto de</p><p>duplicatas, desconto de notas promissórias,</p><p>capital de giro, conta garantida, financiamento</p><p>imobiliário, aquisição de bens, 'vendor',</p><p>cheque especial, crédito pessoal, entre</p><p>outros).</p><p>A taxa média apresenta vantagens porque é</p><p>calculada segundo as informações prestadas</p><p>por diversas instituições financeiras e, por</p><p>4</p><p>isso, representa as forças do mercado.</p><p>Ademais, traz embutida em si o custo médio</p><p>das instituições financeiras e seu lucro médio,</p><p>ou seja, um 'spread' médio. É certo, ainda, que</p><p>o cálculo da taxa média não é completo, na</p><p>medida em que não abrange todas as</p><p>modalidades de concessão de crédito, mas,</p><p>sem dúvida, presta-se como parâmetro de</p><p>tendência das taxas de juros. Assim, dentro do</p><p>universo regulatório atual, a taxa média</p><p>constitui o melhor parâmetro para a</p><p>elaboração de um juízo sobre abusividade.</p><p>Como média, não se pode exigir que todos os</p><p>empréstimos sejam feitos segundo essa taxa.</p><p>Se isto ocorresse, a taxa média deixaria de ser</p><p>o que é, para ser um valor fixo. Há, portanto,</p><p>que se admitir uma faixa razoável para a</p><p>variação dos juros."</p><p>Dito isto, explorando a Cédula de Crédito</p><p>Bancário em discussão, conclui-se que a taxa de juros</p><p>remuneratórios contratada (57,05% a.a.), que não se</p><p>confunde com o CET, excede, em muito, o dobro da taxa</p><p>média de mercado à época da contratação, que era de</p><p>24,80% a.a., configurando arbitrariedade.</p><p>Destarte, o entendimento recente firmado</p><p>por esta Corte é pela possibilidade de limitação do percentual</p><p>ao dobro da taxa média de mercado, consoante o disposto no</p><p>acórdão proferido no REsp Repetitivo nº 1.061.530/RS:</p><p>“Não se deve afastar, todavia, a possibilidade</p><p>de o juiz, de acordo com seu livre</p><p>convencimento racional, indicar outro patamar</p><p>mais adequado para os juros, segundo as</p><p>circunstâncias particulares de risco envolvidas</p><p>no empréstimo”.</p><p>Nesse sentido:</p><p>5</p><p>APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL DE</p><p>CONTRATO DE FINANCIAMENTO - ALIENAÇÃO</p><p>FIDUCIÁRIA - JUROS REMUNERATÓRIOS</p><p>ANUAIS ACIMA DO TRIPLO DA TAXA MÉDIA -</p><p>ABUSIVIDADE VERIFICADA - RESP REPETITIVO</p><p>Nº 1.061.530/RS - SENTENÇA DETERMINOU A</p><p>INCIDÊNCIA DA TAXA MÉDIA DO MERCADO -</p><p>INSURGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA -</p><p>ACOLHIMENTO PARCIAL - LIMITAÇÃO DOS</p><p>JUROS REMUNERATÓRIOS AO DOBRO DA TAXA</p><p>MÉDIA DE</p><p>MERCADO - PRECEDENTES DESTA</p><p>CÂMARA - REPETIÇÃO DO INDÉBITO DE FORMA</p><p>SIMPLES - SUCUMBÊNCIA PRO RATA -</p><p>RECURSO DE APELAÇÃO PARCIALMENTE</p><p>PROVIDO.</p><p>(TJPR - 5ª C.Cível - 0003019-</p><p>97.2020.8.16.0064 - Castro - Rel.:</p><p>DESEMBARGADOR RENATO BRAGA BETTEGA -</p><p>J. 09.08.2021)</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO BANCÁRIO. AÇÃO</p><p>REVISIONAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO</p><p>COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM</p><p>GARANTIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.</p><p>INSURGÊNCIA RECURSAL DA CONSUMIDORA.</p><p>JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DO DOBRO</p><p>DA MÉDIA PRATICADA PELO MERCADO.</p><p>ABUSIVIDADE CONFIGURADA. LIMITAÇÃO AO</p><p>DOBRO DA MÉDIA DE MERCADO À ÉPOCA DA</p><p>CONTRATAÇÃO. RESTITUIÇÃO SIMPLES DOS</p><p>VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS.</p><p>SENTENÇA REFORMADA. REDISTRIBUIÇÃO</p><p>DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. RECURSO</p><p>PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 5ª C.Cível -</p><p>0062086-46.2020.8.16.0014 - Londrina - Rel.:</p><p>DESEMBARGADOR ROGERIO RIBAS -</p><p>J. 02.08.2021)</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA</p><p>DE CRÉDITO BANCÁRIO GARANTIDA POR</p><p>ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. ADMISSIBILIDADE.</p><p>RAZÕES RECURSAIS QUE REPRODUZEM OS</p><p>ARGUMENTOS APRESENTADOS EM</p><p>CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO</p><p>ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DA</p><p>SENTENÇA. MÉRITO. TAXA DE JUROS</p><p>6</p><p>REMUNERATÓRIOS QUE SUPERA O DOBRO DA</p><p>MÉDIA DE MERCADO. ABUSIVIDADE (ART. 51,</p><p>IV, DO CDC). PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE</p><p>FIXAÇÃO DA TAXA DE JUROS AO PERCENTUAL</p><p>EQUIVALENTE AO DOBRO DA MÉDIA.</p><p>POSSIBILIDADE DE FIXAR OUTRO PATAMAR</p><p>PARA OS JUROS, QUE NÃO A TAXA MÉDIA DE</p><p>MERCADO, SEGUNDO AS CIRCUNSTÂNCIAS</p><p>PARTICULARES DE RISCO ENVOLVIDAS NO</p><p>EMPRÉSTIMO (RESP REPETITIVO</p><p>1.061.530/RS). MANUTENÇÃO DO ÔNUS</p><p>SUCUMBENCIAL. RECURSO CONHECIDO EM</p><p>PARTE E PROVIDO (AP Cível nº 0002038-</p><p>46.2020.8.16.013, Rel. Desembargador Carlos</p><p>Mansur Arida, 5ª Câmara Cível, julgado em</p><p>25/06/2021)</p><p>Com efeito, a repetição de indébito é mera</p><p>consequência jurídica do reconhecimento e declaração da</p><p>existência de cobrança indevida de encargos, e tem por</p><p>fundamento a vedação do enriquecimento ilícito, sendo</p><p>desnecessária a comprovação de erro.</p><p>Aliás:</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM</p><p>RECURSO ESPECIAL. 1. AUSÊNCIA DE</p><p>PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282/STF E</p><p>211/STJ. 2. TARIFA DE ABERTURA DE CRÉDITO.</p><p>CONTRATO POSTERIOR À 30/4/2008.</p><p>IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA. 3.</p><p>REPETIÇÃO DO INDÉBITO. PROVA DO ERRO.</p><p>DESNECESSIDADE. 4. AGRAVO IMPROVIDO.</p><p>1. Da simples leitura do acórdão recorrido,</p><p>observa-se que a tese da violação dos arts. 26,</p><p>28 e 29 da Lei n. 10.931/2004; 6º, inciso III, e</p><p>51, inciso IV, do Código de Defesa do</p><p>Consumidor; e 369, 371, 394, 395, 397,</p><p>411, 876 e 877 do Código de Processo Civil,</p><p>não foi debatida pela Corte estadual,</p><p>carecendo, portanto, do necessário</p><p>prequestionamento viabilizador do recurso</p><p>especial, mesmo após a oposição dos</p><p>7</p><p>embargos de declaração. Incidência dos</p><p>enunciados n. 282 da Súmula do Supremo</p><p>Tribunal Federal, por simetria, e 211 deste</p><p>Tribunal Superior.</p><p>2. É possível a cobrança das tarifas de</p><p>abertura de crédito e emissão de carnê nos</p><p>contratos celebrados até 30/4/2008. Na</p><p>espécie, o contrato bancário foi celebrado em</p><p>9/2/2009. Assim, inviável a cobrança dos</p><p>mencionados encargos.</p><p>3. Nos termos da jurisprudência desta Corte</p><p>Superior, aquele que recebe pagamento</p><p>indevido deve restituí-lo para evitar o</p><p>enriquecimento indevido, independente da</p><p>demonstração do equívoco. Precedentes.</p><p>4. Agravo regimental a que se nega</p><p>provimento. (STJ, AgRg no AREsp nº</p><p>542.761/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,</p><p>Terceira Turma, DJe 04.12.2014)</p><p>Destarte, para fins de prequestionamento,</p><p>a matéria foi devidamente abordada, não havendo</p><p>necessidade de menção a dispositivo legal, uma vez que o</p><p>que se prequestiona é a quaestio juris e não o dispositivo</p><p>legal a ela referente. Em outras palavras, se as questões</p><p>foram suficientemente enfocadas na decisão, fica implícito o</p><p>exame das disposições legais invocadas.</p><p>A propósito:</p><p>AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO</p><p>ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO</p><p>MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO</p><p>RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DOS</p><p>DEMANDADOS. 1. Violação ao artigo 1022 do</p><p>CPC/15 não configurada. Acórdão estadual que</p><p>enfrentou todos os aspectos essenciais à</p><p>resolução da controvérsia de forma ampla e</p><p>fundamentada, sem omissão. O julgador não</p><p>está obrigado a rebater, um a um, os</p><p>argumentos invocados pelas partes, tampouco</p><p>indicar todos os dispositivos legais por elas</p><p>8</p><p>suscitados, quando tenha encontrado</p><p>motivação satisfatória para dirimir o litígio.</p><p>Precedentes. (...) 4. Agravo interno</p><p>desprovido.”</p><p>(AgInt no AREsp nº 1.077.547/RS, Min. Marco</p><p>Buzzi, Quarta Turma, DJe 17/09/2018 -</p><p>destaquei)</p><p>EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO</p><p>CÍVEL. OBSCURIDADE ALEGADA. VÍCIO</p><p>INEXISTENTE. MERA IRRESIGNAÇÃO.</p><p>IMPOSSIBILIDADE. PRETENSÃO DE</p><p>PREQUESTIONAMENTO. DESNECESSIDADE DE</p><p>MENÇÃO EXPRESSA A DISPOSITIVO LEGAL</p><p>PARA TAL FIM. ACÓRDÃO MANTIDO. 1. Inviável</p><p>a utilização dos embargos de declaração a</p><p>pretexto de modificação do teor do julgado,</p><p>em vista da obrigatoriedade de serem</p><p>observados os requisitos do art. 535 caput e</p><p>incisos, do Código de Processo Civil. 2. Não é</p><p>necessário para fins de prequestionamento</p><p>fazer referência expressa aos dispositivos</p><p>legais disciplinadores da questão, uma vez que</p><p>o que se prequestiona é a quaestio juris e não o</p><p>dispositivo legal a ela referente. EMBARGOS</p><p>REJEITADOS.</p><p>(TJPR - 8ª C.Cível - EDC - 1383722-4/01 -</p><p>Guarapuava - Rel.: Francisco Eduardo</p><p>Gonzaga de Oliveira - Unânime - - J.</p><p>17.03.2016 - destaquei)</p><p>Diante do exposto, conheço da apelação</p><p>cível e lhe dou parcial provimento apenas para limitar o</p><p>percentual dos juros remuneratórios ao dobro da taxa média</p><p>de mercado, nos termos da fundamentação.</p><p>Por conseguinte, considerando o parcial</p><p>provimento do recurso, de rigor a redistribuição do ônus da</p><p>sucumbência, condenando-se a parte autora ao pagamento</p><p>de 20% (vinte por cento) e a parte requerida de 80% (oitenta</p><p>por cento) das custas e despesas processuais.</p><p>9</p><p>Com relação aos honorários, o § 2º do</p><p>artigo 85 do Código de Processo Civil dispõe que ‘Os</p><p>honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo</p><p>de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito</p><p>econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o</p><p>valor atualizado da causa”.</p><p>Na hipótese, o valor da condenação é</p><p>claramente irrisório para fins de base de cálculo dos</p><p>honorários de sucumbência, sendo impositiva a fixação por</p><p>apreciação equitativa (§ 8º).</p><p>Desta forma, firmo a verba honorária em</p><p>R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), observada a devida</p><p>proporção. A exigibilidade com relação ao autor fica</p><p>suspensa na forma do artigo 98, § 3º, do Código de Processo</p><p>Civil.</p><p>III - DECISÃO.</p><p>Diante do exposto, conheço da apelação</p><p>cível e lhe dou parcial provimento, nos termos da</p><p>fundamentação.</p><p>Intimem-se. Diligências necessárias.</p><p>Curitiba, 29 de agosto de 2024.</p><p>LUIZ MATEUS DE LIMA</p><p>Desembargador Relator</p><p>10</p><p>Acessado em: 30/08/2024 14:35:05</p>