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<p>UNIDADE I</p><p>Direito Individual do Trabalho -</p><p>Princípios e Direito do Trabalhador</p><p>2</p><p>SUMÁRIO</p><p>PARA INÍCIO DE CONVERSA ...................................................................................... 2</p><p>CONCEITO DO TRABALHO – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS .............................. 3</p><p>NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO E SUA COMPARAÇÃO COM</p><p>OUTROS RAMOS DO DIREITO .................................................................................... 7</p><p>DIREITO DO TRABALHO E DIREITOS HUMANOS ................................................... 11</p><p>1</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de</p><p>qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou</p><p>qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,</p><p>por escrito, do Grupo Ser Educacional.</p><p>Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Slusarenko, Natacha.</p><p>Direito Individual do Trabalho - Princípios e Direito do Trabalhador : Unidade 1 - Recife: Grupo Ser Educa-</p><p>cional, 2018.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Grupo Ser Educacional</p><p>Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro</p><p>CEP: 50100-160, Recife - PE</p><p>PABX: (81) 3413-4611</p><p>2</p><p>DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - PRINCÍPIOS E DIREITO DO TRABALHADOR</p><p>UNIDADE I</p><p>PARA INÍCIO DE CONVERSA</p><p>Olá aluno (a), tudo bem? Vamos começar a nossa disciplina?</p><p>Nesta primeira unidade, vamos abordar conteúdos indispensáveis ao entendimento do</p><p>Direito Individual do Trabalho. Aqui, você aprenderá um pouco sobre o Conceito de</p><p>Direito do Trabalho - Considerações Históricas e Natureza Jurídica, bem como acerca</p><p>de sua comparação com outros ramos do Direito. A partir de agora, vamos começar a</p><p>nossa Unidade I, da disciplina de Direito Individual do Trabalho I.</p><p>Bons estudos!</p><p>ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA</p><p>Prezado (a) estudante, esse material é um guia para auxiliar o estudo da disciplina.</p><p>Além dele, você terá o livro texto para estudo, disponível na plataforma virtual. Tam-</p><p>bém terá acesso a muitos exercícios e leituras adicionais. Sugiro que você fique atento</p><p>a todo o material disponível, referente à disciplina Direito Individual do Trabalho I. Você</p><p>deve fazer a leitura de todos os materiais textuais indicados neste guia de estudo,</p><p>assim como deve assistir aos vídeos sugeridos ao longo deste material. Pronto? Então,</p><p>vamos lá!</p><p>Vamos começar.</p><p>PALAVRAS DO PROFESSOR</p><p>Olá querido (a) aluno (a). Tudo bem com você? Seja bem vindo (a) ao curso de Direito</p><p>Individual do Trabalho I. Este é o primeiro guia de estudos da disciplina e, a partir</p><p>dele, você terá subsídios para compreender o Direito Individual do Trabalho, com en-</p><p>foques legais e doutrinários. Como todos sabem, o Direito do Trabalho vem passando</p><p>por algumas mudanças bastante significativas em razão da Reforma Trabalhista - Lei</p><p>13.467/2017, que entrou em vigor em 11/11/2017. Com isso vamos, também, nos aten-</p><p>tar a tais mudanças e suas recentes discussões no Supremo Tribunal Federal. Prepara-</p><p>do (a)?</p><p>3</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>É muito importante que você, além dos guias de estudo e dos materiais disponíveis em sua biblioteca</p><p>virtual, possua em mãos uma Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) atualizada (neste ponto, vou deixar</p><p>a seu critério – somente observe se o código está de acordo com a Reforma Trabalhista - Lei 13.467/2017).</p><p>Também é importante que você possua boas doutrinas. Por isso, vou lhe indicar alguns livros. Mas antes</p><p>disso, lembre-se:</p><p>Após a vigência da Lei Federal de nº 13.467/2017 – Reforma Trabalhista - que alterou pontos relevantes</p><p>da CLT, alguns dispositivos ficaram incompletos sendo, pois, necessária à complementação legislativa</p><p>para que pudessem gerar efeitos.</p><p>Por isso, em 14/11/2017, foi editada a Medida Provisória (MP) nº. 808/2017. Porém, após o prazo inicial</p><p>de validade da MP 808 - 60 dias - prorrogado por mais 60 dias, não houve a votação necessária pelo</p><p>Congresso Nacional para que tal norma se transformasse em lei. A MP “caiu” e perdeu seu efeito,</p><p>voltando a valer a redação da Lei 13.467/2017.</p><p>Sendo assim, prefira a CLT sem as alterações da MP 808/2017 (somente atualizada de acordo com a Lei</p><p>13.467/2017). No entanto, como a MP 808/2017 é bastante recente, muitos livros, embora atualizados,</p><p>ainda trazem algumas considerações acerca do assunto. Caso se depare com eles, não se preocupe, mas</p><p>atente-se ao que diz a Lei.</p><p>Vamos às indicações:</p><p>- LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. Saraiva, 10ª Ed., 2018.</p><p>- DELGADO. Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. LTr. 17ª Ed., 2018.</p><p>- CASSAR. Volia Bonfim. Direito do Trabalho de acordo com a Reforma Trabalhista. Ed. Método., 16ª</p><p>Ed., 2018.</p><p>CONCEITO DO TRABALHO – CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS</p><p>Antes de tratarmos do conceito de Direito do Trabalho, é importante que você conheça um pouco da his-</p><p>tória, etimologia e morfologia da palavra “trabalho”:</p><p>	 Trabalho - Surgiu do termo latino tripalium, do latim tri (três) e palus (pau), que era uma espécie</p><p>de instrumento romano de tortura, formado por três estacas cravadas no chão na forma de uma pirâmide,</p><p>no qual eram supliciados os escravos, donde surgiu o verbo do latim vulgar tripaliare (ou trepaliare), que</p><p>significava, inicialmente, torturar alguém no tripalium. Mais tarde, o verbo tripaliare veio a dar origem, no</p><p>português, às palavras “trabalho” e “trabalhar.</p><p>4</p><p>Logo, perceba que a ideia inicial de trabalho nos remete à tortura. Antes da Revolução Industrial, o</p><p>trabalho era reservado aos escravos – que eram submissos aos seus senhores, sem qualquer direito ou</p><p>remuneração. Já no período feudal, aos servos – que trabalhavam em troca de proteção política e militar</p><p>- e, na idade média, às corporações, que, com regras rígidas, controlavam o pagamento dos salários, os</p><p>preços aplicáveis e o modo como os produtos seriam colocados em circulação.</p><p>Com a Revolução Industrial - início do século XIX -, o trabalho artesanal passou a ser substituído pelo</p><p>trabalho assalariado e os empresários passaram a utilizar máquinas para a produção. O trabalhador, in-</p><p>clusive mulheres e crianças, eram submetidos a longas jornadas de trabalho, muitas vezes em condições</p><p>precárias – sem segurança, higiene e em troca de baixos salários. Veja: mesmo com a industrialização, os</p><p>direitos dos trabalhadores não eram regulamentados, pois o Estado interferia de forma mínima ou quase</p><p>não interferia na economia.</p><p>Em resposta à revolução tecnológica, que revolucionou a prática da manufatura e às péssimas condições</p><p>de trabalho, os trabalhadores começaram a se reunir e nasceu a ideia do movimento sindical.</p><p>VEJA O VÍDEO!</p><p>Para que você possa compreender melhor a ideia de Revolução Industrial e a forma</p><p>como nasceram os movimentos sindicais, indico-lhes:</p><p>- O filme Germinal, que aborda os movimentos grevistas de um grupo de mineiros no</p><p>norte da França do século XIX contra a exploração de que são vítimas. Entretanto, ao</p><p>se levantarem contra o sistema, passam ser alvos da repressão das autoridades. LINK</p><p>(Dura��ão 1:11:59);</p><p>- O vídeo “Revolução Industrial Inglesa Documentário Completo”, disponível em</p><p>LINK (Duração 25:20).</p><p>Pronto! Agora que você já sabe sobre a história do Direito do Trabalho, sobretudo a Revolução Industrial</p><p>e como surgiram os movimentos sindicais, vamos ao conceito de Direito do Trabalho propriamente dito:</p><p>1.1. Conceito de Direito do Trabalho - Correntes Subjetiva, Objetiva e Mista (e importantes altera-</p><p>ções da Reforma Trabalhista – Lei 13.467/2017)</p><p>Direito do Trabalho é um ramo do direito privado que estuda as relações de trabalho e de emprego. (A</p><p>diferença entre tais relações - trabalho e emprego - será analisada no guia de estudos número IV, ainda</p><p>neste módulo I.) Trata-se de um ramo do Direito Privado, pois as partes, (empregado e empregador), via de</p><p>regra, podem negociar</p><p>livremente - sem interferência do Estado.</p><p>5</p><p>Porém, com relação a algumas normas - aquelas chamadas cogentes, de ordem pública, de observância</p><p>obrigatória - não é possível que haja nenhuma negociação. Neste ponto, é muito importante que você</p><p>conheça o artigo 611 A e 611 B da CLT, introduzido pela Reforma Trabalhista – Lei 13.467/2017. Veja só:</p><p>O artigo 611-A traz um rol exemplificativo de situações em que as partes - mediante Acordo Coletivo de</p><p>Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho -, podem negociar livremente, ainda que a negociação esteja</p><p>em desacordo com a lei, ou, como no texto legal: “A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho</p><p>têm prevalência sobre a lei quando dispuserem sobre (...)”.</p><p>O legislador, no artigo 611-A, deu mais força aos instrumentos normativos (Acordo Coletivo de Trabalho</p><p>e Convenção Coletiva de Trabalho), possibilitando que o negociado entre as partes prevaleça sobre a lei.</p><p>Por sua vez, o artigo 611-B relaciona, num rol taxativo, as normas de ordem pública, que não podem ser</p><p>alteradas, nem mesmo mediante instrumento coletivo. Tais normas reproduzem o artigo 7º. da Constitui-</p><p>ção Federal. Diz o texto legal: Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de</p><p>trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos (...)</p><p>1.1.1. Quem é o trabalhador hipersuficiente?</p><p>Por fim, a Reforma Trabalhista criou a figura do trabalhador hipersuficiente. Ele consegue negociar – nas</p><p>hipóteses do artigo 611 A da CLT – independentemente da presença do sindicato. Sabe por quê? Porque</p><p>esse trabalhador é aquele que tem nível superior e recebe salário igual ou superior a duas vezes o teto do</p><p>INSS. Logo, o legislador não o equiparou aos demais trabalhadores, entendeu?</p><p>PARA RESUMIR</p><p>Veja o esquema que eu criei para facilitar sua memorização:</p><p>	Artigo 611 A - As partes, por meio de ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) ou CCT</p><p>(Convenção Coletiva de Trabalho) negociam livremente e o acordado prevalece sobre</p><p>o legislado.</p><p>	Artigo 611 B - Não é possível negociar, pois tais normas são de ordem pública e</p><p>observância obrigatória.</p><p>	Artigo 444, Parágrafo Único da CLT - Traz a figura do trabalhador hipersuficiente -</p><p>Ele negocia sozinho - sem a necessidade do sindicato – nas hipóteses do artigo 611</p><p>A, pois possui nível superior e recebe salário igual ou superior a duas vezes o teto do</p><p>INSS.</p><p>6</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Neste ponto é muito importante que você faça a leitura dos artigos 611 A, 611 B e 444</p><p>Parágrafo Único da CLT, a fim de compreender e fixar o conteúdo.</p><p>Ainda sobre o conceito de Direito do Trabalho, a doutrina utiliza três correntes para classificá-lo: corrente</p><p>subjetivista, corrente objetivista e corrente mista. Vamos a cada uma delas:</p><p>a) Corrente Subjetivista - Leva em conta os tipos de trabalhadores que seriam albergados por</p><p>esse ramo da árvore jurídica. Para uns, todos os trabalhadores, inclusive os autônomos, o seriam. Para ou-</p><p>tros, apenas uma espécie de trabalhador: o subordinado, denominado empregado. Perfilham esta corrente</p><p>Rodolfo Napoli, Alfredo Huech e Nipperdey (assim como o Direito Comercial é o direito dos comerciantes,</p><p>o direito do trabalho é o direito especial dos trabalhadores).</p><p>b) Corrente Objetivista - Não partem das pessoas que seriam as destinatárias do direito do tra-</p><p>balho, mas da matéria sobre o que ele versa, ou seja, o seu objeto. Assim, há os que sustentam ser esse</p><p>ramo aplicável a todas as relações de trabalho; ao passo que outros asseveram que ele se aplica apenas</p><p>à relação de emprego, excluindo o trabalho autônomo ou qualquer outra atividade humana de trabalho.</p><p>Esposam tal entendimento Asquini, La Loggia, Bayon Chacon, Gama Cerqueira, Messias Pereira Donato.</p><p>c) Corrente Mista - Segundo esta corrente, o direito do trabalho concerne tanto às pessoas quanto</p><p>à matéria. Carlos Henrique Bezerra Leite e Amauri Mascaro Nascimento filiam-se a essa ideia.</p><p>Para Resumir</p><p>Veja o esquema que eu criei para facilitar sua memorização:</p><p>CORRENTE SUBJETIVISTA CORRENTE OBJETIVISTA CORRENTE MISTA</p><p>Leva em conta o sujeito, o</p><p>tipo de trabalhador.</p><p>Leva em conta a matéria. Leva em conta o sujeito e a</p><p>matéria.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Para estudar o assunto de modo mais aprofundado, indico a leitura do Curso de Direito</p><p>do Trabalho, do doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite. (LEITE, Carlos Henrique Be-</p><p>zerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. Saraiva, 10ª Ed., 2018). Bons Estudos!</p><p>7</p><p>NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO E SUA COMPARAÇÃO COM</p><p>OUTROS RAMOS DO DIREITO</p><p>Como vimos no tópico anterior, o Direito do Trabalho tem natureza jurídica de Direito Privado, pois é dada</p><p>às partes (empregado e empregador), a possibilidade de negociarem acerca de determinados direitos,</p><p>respeitando certo limite, que são, justamente, as normas de ordem pública.</p><p>Logo, natureza jurídica nada mais é do que a atividade lógica de classificação, pela qual se integra deter-</p><p>minada figura jurídica no conjunto mais próximo de figuras existentes no universo do direito, mediante a</p><p>identificação e cotejo de seus elementos constitutivos fundamentais.</p><p>E como se classifica o direito? O direito classifica-se em Público (Interno e Externo) e Privado (Interno e</p><p>Externo). No Direito Público, há interesse do Estado. Dentro desse ramo temos: a) Direito Internacional</p><p>Público, b) Direito Constitucional, c) Direito Administrativo, d) Direito Tributário, e) Direito Penal, f) Direito</p><p>Previdenciário, g) Direito Processual.</p><p>Por sua vez, dentro do ramo de Direito Privado, há: a) Direito Internacional Privado, b) Direito Civil, c) Di-</p><p>reito Empresarial, d) Direito do Consumidor e o e) Direito do Trabalho.</p><p>DICA</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre cada um desses ramos e visualizar um esquema</p><p>dessa divisão, acesse o livro texto em sua biblioteca virtual. No nosso guia, vamos</p><p>manter o foco em direito do trabalho e tratar da relação que esse ramo tem com os</p><p>demais ramos do Direito. Preparados?</p><p>1.2. Direito do Trabalho e Direito Constitucional</p><p>Esses ramos estão intimamente ligados. A Constituição Federal relaciona como seus fundamentos (Art.</p><p>1º) os valores sociais do trabalho e a dignidade da pessoa humana - princípio mais importante do Direito</p><p>do Trabalho -, pois um indivíduo sem trabalho não tem dignidade.</p><p>O artigo 5º. XIII trata dos Direitos e Garantias Fundamentais e preconiza que é livre o exercício de qualquer</p><p>trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.</p><p>O artigo 6º traz dentre os direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o</p><p>transporte (...). Ademais, o artigo 7º. relaciona todos os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, dentre</p><p>eles: relação de emprego, protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa; fundo de garantia do</p><p>tempo de serviço; irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; garantia</p><p>de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; dentre outros.</p><p>8</p><p>Vale lembrar – tal como vimos no tópico anterior - que são justamente estas as normas de ordem pública,</p><p>que não podem ser negociadas – nem mesmo com a participação do sindicato – pois foram reproduzidas</p><p>no artigo 611 B. Lembram-se dele?</p><p>1.3. Direito do Trabalho e Direito Internacional Privado</p><p>O Direito Internacional Privado está relacionado com o Direito do Trabalho, pois, com determinadas regras</p><p>internacionais, - tal como a Convenção 189 da Organização Internacional do Trabalho; Recomendação 201</p><p>da OIT - trabalhadores, a exemplo dos domésticos, têm alçado direitos antes não previstos.</p><p>1.4. Direito do Trabalho e Direito Empresarial</p><p>No que diz respeito ao Direito Empresarial, é evidente que este está diretamente relacionado com o Di-</p><p>reito do Trabalho. Isso porque, trata-se do ramo do direito que atua juntamente com o Direito do Trabalho</p><p>para ditar as regras em caso de falência e recuperação judicial, por exemplo. Nessas hipóteses, como o</p><p>trabalhador recebe?</p><p>Além disso, é importante mencionar, neste ponto, a questão de sucessão de empre-</p><p>gadores, prevista nos artigos 10 e 448 da CLT.</p><p>Para isso, vou lhe fazer uma pergunta: Quando ocorre a alteração na estrutura jurídica da empresa ou em</p><p>sua propriedade, o que acontece com os contratos de trabalho? Exemplo: Se fulano trabalha na empresa</p><p>X e esta é vendida para a empresa Z ou, se a Empresa X, que antes era LTDA. passa a ser uma S.A., o que</p><p>acontece com o contrato de fulano?</p><p>A resposta é, Via de regra, nada! O contrato de fulano continuará vigorando normalmente. Isso porque,</p><p>de acordo com os artigos mencionados - 10 e 448 da CLT - mesmo que haja alteração na estrutura jurídica</p><p>(razão social) ou na propriedade da empresa, isso não afetará os contratos de trabalho. É uma forma de</p><p>preservar o trabalhador.</p><p>Entendeu? Fique tranquilo (a) porque esse tema será melhor abordado no assunto empregador. Mas,</p><p>apesar disso, eu quis lhe mostrar como o Direito do Trabalho e o Direito Empresarial estão bastante</p><p>interligados.</p><p>1.5. Direito do Trabalho e Direito Civil</p><p>Quando falamos de Direito Civil, vêm à nossa mente a palavra contrato, não é verdade? - que estabelece</p><p>uma relação privada e de negociação entre as partes.</p><p>De acordo com o artigo 442 da CLT, Contrato de Trabalho é um acordo de vontades, correspondente à</p><p>relação de emprego, pelo qual o empregado coloca seus serviços à disposição do empregador.</p><p>1.5.1. De que modo o contrato de trabalho pode ser ajustado?</p><p>O contrato de trabalho, não necessariamente precisa ser escrito. Pode, também, ser verbal ou até mesmo</p><p>tácito – que ocorre quando o indivíduo começa a trabalhar sem estipular nada antes - ele “vai trabalhan-</p><p>do” e, quando se percebe, já há um vínculo estabelecido.</p><p>9</p><p>O contrato de trabalho pode, também, ser classificado em: prazo determinado, prazo indeterminado ou</p><p>intermitente. O contrato intermitente foi inserido com a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017). Fique tran-</p><p>quilo que todas essas classificações serão estudadas mais adiante. Por enquanto, memorize o esquema</p><p>do professor:</p><p>PARA RESUMIR</p><p>	Tácito ou Expresso</p><p>	Por prazo Determinado; Indeterminado; contrato Intermitente (Lei 13.467/17)</p><p>1.6. Direito do Trabalho e Direito Tributário</p><p>O Direito Tributário apresenta relação com o Direito do Trabalho na medida em que regulamenta os fatos</p><p>geradores de tributos, sua incidência e a contribuição sobre verbas trabalhistas. Como exemplo, temos,</p><p>dentre outros, o Imposto de Renda, a Contribuição Previdenciária e o Fundo de Garantia por Tempo de</p><p>Serviço - FGTS.</p><p>Falando um pouco do FGTS, trata-se de um fundo constituído por recolhimentos mensais, incidentes sobre</p><p>a remuneração do empregado, efetuados em conta vinculada na Caixa Econômica Federal – CEF -,em</p><p>nome do trabalhador. Quanto às alíquotas, o FGTS mensal é devido, em regra, à razão de 8% da remu-</p><p>neração mensal do empregado (art. 15, caput, Lei nº 8.036/1990); Para os aprendizes, a alíquota é de 2%</p><p>sobre a remuneração mensal (art. 15, § 7º).</p><p>Quanto à multa compensatória, devida no caso de dispensa sem justa causa, a alíquota aplicável é, em</p><p>regra, de 40% sobre o montante dos depósitos mensais devidos (art. 18, § 1º).</p><p>1.7. Direito do Trabalho e Direito Previdenciário</p><p>O Direito do Trabalho e o Direito Previdenciário estão intimamente relacionados. Por exemplo: Compete</p><p>ao empregador fazer as anotações corretas na CTPS do funcionário, a fim de que este possa obter benefí-</p><p>cios - inclusive aposentadoria. A omissão de uma anotação ou uma anotação equivocada pode impedir o</p><p>trabalhador de obter os benefícios que lhe são devidos. Compreende?</p><p>Vou te dar outro exemplo: Imagine um funcionário que trabalhou sem registro e sem recolhimentos pre-</p><p>videnciários por 10 anos. Certamente, ele terá dificuldades para se aposentar (possivelmente terá de</p><p>ingressar na Justiça do Trabalho para ter o vínculo reconhecido, e, posteriormente requerer que o INSS</p><p>compute o período reconhecido pelo poder judiciário.</p><p>Além do mais, incidem contribuições previdenciárias sobre as parcelas de natureza salarial, tais como o</p><p>salário propriamente dito, as gratificações, comissões e adicionais (noturno, insalubre, perigoso), além de</p><p>outras parcelas. Se não há recolhimento sobre tais verbas, não há, consequentemente, cômputo de tais</p><p>valores em benefícios previdenciários, sendo o empregado – e o próprio INSS - absurdamente prejudica-</p><p>dos. Compreendeu a relação dos institutos?</p><p>10</p><p>1.8. Direito do Trabalho e Direito Penal</p><p>O código Penal protege as relações de trabalho na medida em que regulamenta a punição de crimes</p><p>ocorridos no ambiente laboral. Essa proteção se encontra no título IV da parte especial do Código Penal e</p><p>está organizada em dez artigos (197 até 207). Mas, fique atento: O Plenário do Supremo Tribunal Federal</p><p>decidiu que a Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ações criminais, ainda que sejam</p><p>decorrentes de relações de trabalho.</p><p>VISITE A PÁGINA</p><p>É importante que você leia, na íntegra, a decisão do STF que tira da competência da</p><p>Justiça do Trabalho o julgamento de ações criminais. Para isso, acesse: LINK Boa</p><p>leitura!</p><p>1.9. Direito do Trabalho e Direito Administrativo</p><p>Neste ponto, é importante que você conheça a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 3395. Por meio</p><p>dela, os ministros do STF decidiram que as causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários</p><p>não devem ser julgadas na Justiça do Trabalho, mas na Justiça Comum, seja federal ou estadual - a de-</p><p>pender do caso. Por sua vez, se o funcionário público for celetista (regido pela CLT), o processo deve ser</p><p>julgado na Justiça do Trabalho – ainda que haja nomeação para cargo de confiança.</p><p>GUARDE ESSA IDEIA!</p><p>Veja as decisões:</p><p>- EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. REGIME ESTATU-</p><p>TÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O vínculo</p><p>jurídico que se estabelece entre a Administração Pública e seus servidores é de Direito Administrativo, e,</p><p>por isso mesmo, não comporta discussão na Justiça do Trabalho.</p><p>Portanto: Neste caso, a competência para julgamento é da Justiça Comum, pois se trata de servidor</p><p>estatutário.</p><p>- NOMEAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA DE LIVRE NOMEAÇÃO</p><p>E EXONERAÇÃO. INALTERABILIDADE DO REGIME JURÍDICO CELETISTA. COMPETÊNCIA DA</p><p>JUSTIÇA DO TRABALHO. É da competência da Justiça do Trabalho o julgamento de ação proposta por</p><p>empregado, competência da Justiça do Trabalho o julgamento de ação proposta por empregado público</p><p>concursado, sob o regime jurídico celetista, mesmo que no curso do contrato de emprego público, regido</p><p>pela CLT, ele também seja nomeado para o exercício de função de confiança.</p><p>11</p><p>Portanto: Neste caso, a competência para julgamento é da Justiça do Trabalho Comum, pois se trata de</p><p>funcionário público celetista (regido pela CLT).</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>É importante que você leia, na íntegra, a decisão do STF acerca da competência da</p><p>justiça comum, para julgar ações movidas por servidores estatutários. Acesse: LINK</p><p>Boa Leitura!</p><p>DIREITO DO TRABALHO E DIREITOS HUMANOS</p><p>Vimos no tópico 2.1 (Direito do Trabalho e Direito Constitucional), que o trabalho está intimamente liga-</p><p>do com o Direito Constitucional e que se encontra no rol de direitos sociais, juntamente com a saúde, a</p><p>educação, o lazer (dentre outros). Por isso, deve ser preservado a fim de garantir a sobrevivência e dig-</p><p>nidade dos indivíduos. Reconhece-se o direito ao trabalho como um Direito Social, contudo a legislação</p><p>trabalhista vai além e visa garantir os direitos humanos dos trabalhadores.</p><p>Os direitos humanos nada mais são do que um conjunto de leis que visa à proteção do trabalhador e, para</p><p>isso, colocam limites ao poder diretivo do empregador. Em outras palavras: O empregador pode sim dar</p><p>ordens aos seus empregados, mas com limites, sob pena de ser condenado a indenizar o trabalhador por</p><p>danos morais (assédio moral), ou de sofrer um pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho (ocorre</p><p>quando há a extinção</p><p>do contrato por culpa do empregador - artigo 483 da CLT).</p><p>É justamente essa preocupação - com os direitos humanos - que nos leva à ideia de garantir um patamar</p><p>civilizatório mínimo no direito do trabalho - ou seja, de não possibilitar que certos direitos sejam diminuídos</p><p>ou negociados. Por exemplo: Uma pessoa que trabalha 8 horas diárias e 44 horas semanais não pode</p><p>receber menos do que um salário mínimo (Art. 7º, CF). Uma pessoa que trabalha por 12 meses não pode</p><p>renunciar o direito às férias. É o mínimo, entende?</p><p>Por isso, mais uma vez, é importante você se recordar do artigo 611 B da CLT - inserido com a Reforma</p><p>Trabalhista. Nele, o legislador reproduz normas de ordem pública (garantias mínimas) para o trabalhador</p><p>e deixa expresso que não haverá possibilidade de negociação nesses casos – nem mesmo com a partici-</p><p>pação do sindicato.</p><p>12</p><p>PARA RESUMIR</p><p>Para compreender bem o assunto, retome o tópico 1.1. deste guia e leia o artigo 611</p><p>A e B da CLT. Veja também os comentários da magistrada e doutrinadora Volia Bonfim,</p><p>acerca dos artigos 611 A e B. (CASSAR. Volia Bonfim. Direito do Trabalho de acordo</p><p>com a Reforma Trabalhista. Ed. Método., 16ª Ed., 2018).</p><p>Por fim, não posso deixar de destacar alguns trechos de normativos importantes. Vamos lá:</p><p>- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789:</p><p>“XVIII - Todo homem pode empenhar seus serviços, seu tempo; mas não pode vender-se nem ser vendido.</p><p>Sua pessoa não é propriedade alheia. A lei não reconhece domesticidade; só pode existir um penhor de</p><p>cuidados e de reconhecimento entre o homem que trabalha e aquele que o emprega”.</p><p>- Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU, em 1948:</p><p>Artigo 23</p><p>I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de</p><p>trabalho e à proteção contra o desemprego.</p><p>II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.</p><p>III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure,</p><p>assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão,</p><p>se necessário, outros meios de proteção social.</p><p>IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.</p><p>Notem como o direito do trabalho é importante para o estudo dos direitos humanos e vice-versa.</p><p>PALAVRAS FINAIS</p><p>Prontinho! Agora você já é capaz de compreender aspectos importantes do Direito do</p><p>Trabalho - como considerações históricas, conceito e natureza jurídica. É capaz, tam-</p><p>bém, de compreender uma das principais alterações da reforma Trabalhista (Artigos</p><p>611 A, B; Artigo 444 Parágrafo Único da CLT), e, ainda, sabe comparar o Direito do</p><p>Trabalho com os demais ramos do Direito, distinguindo, inclusive, questões importan-</p><p>tes de competência. Você conhece, também, a importância do Direito do Trabalho no</p><p>estudo dos Direitos Humanos e normativos importantes, como a Declaração dos Direi-</p><p>tos do Homem e do Cidadão em 1789 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos,</p><p>promulgado pela ONU, em 1948.</p><p>Bons estudos e até a próxima unidade!</p><p>13</p><p>ACESSE O AMBIENTE VIRTUAL</p><p>Lembre-se de acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responder as ati-</p><p>vidades avaliativas. Elas são essenciais para fortalecer o seu aprendizado. Em caso</p><p>de dúvidas, consulte o seu tutor. Ele está à disposição para ajudá-lo (a) no que for</p><p>necessário.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. Saraiva. 8ª Ed., 2017</p><p>- página 39.</p><p>DELGADO. Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho.</p><p>LINK</p><p>Agravo de Instrumento 00037455920138180000 PI 201300010037455. (Poder Judiciá-</p><p>rio do Estado do Piaui - Tribunal de Justiça) - Relator - Des. Hilo de Almeida Sousa.</p><p>Publicação em 22/08/2014.</p><p>Agravo de Instrumento em Agravo de Petição - Processo nº 0001301- 0.2012.5.02.0331</p><p>(Poder Judiciário do Estado de São Paulo). Relator Des. Nelson Nazar. Publicação em</p><p>30/05/2018.</p>

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